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Projeto Diretrizes

Associação Médica Brasileira

Rinossinusite Aguda Bacteriana:


Tratamento

Autoria: Associação Brasileira de


Otorrinolaringologia
Associação Brasileira de Alergia e
Imunopatologia

Elaboração Final: 30 de janeiro de 2012


Participantes: Pádua FGM, Sakano E, Bezerra T, Bezerra
APCA, Romano FR, Neves MC, Veiga F,
Pilan RRM, Sá LCB, Estevão BD, Santos
RP, Kosugi EM, Ortiz E, Roithmann R,
Andrade N, Bolzan TV, Hirai ER, Prata AAS,
Izu SC, Rosário N, Hueb MM, Becker H,
Lubianca J, Araújo E, Lessa M, Tabasnik M,
Menon M, Piltcher O, Cavalcanti PO,
Meirelles R, Almeida W, Castro Jr NP,
Freitas MR, Pignatari S, Weckx LLM
(in memorian), Dolci JEL, Anselmo-Lima WT,
Andrada NC

O Projeto Diretrizes, iniciativa da Associação Médica Brasileira, tem por objetivo conciliar informações
da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico.
As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico,
responsável pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente.

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DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA:


Foram realizadas buscas ativas nas bases de dados MEDLINE, EMBASE, LILACS,
DARE, utilizando os seguintes termos descritores (MeSH terms): sinusitis, rhinitis,
acute disease, bacterial infections, maxillary sinus, maxillary diseases, respiration
disorders, paranasal sinus diseases, paranasal sinuses, sodium chloride, saline,
saline solution, saline solution, hypertonic; therapeutic irrigation, nasal lavage, ir-
rigation, lavage fluid, isotonic solutions, nasal douche, administration, intranasal;
administration, oral; administration, inhalation, saline nasal spray, nebulizers and
vaporizers, therapeutic use*, adverse effets, nasal decongestants, expectorants,
histamine H1 antagonists,anti-allergic agents, loratadine, sympathomimetics, anti-
inflammatory agents, non-steroidal, analgesics, anti-inflammatory, anti-inflammatory
agents, cyclooxygenase inhibitors, naproxen, nimesulide, steroids, glucocorticoids,
budesonide, anti-bacterial agents, anti-infective agents, Streptococcus pneumonias,
Haemophilus influenza, Moraxella (Branhamella) catarrhalis, Bacteria, Anaerobic;
penicillins, amoxicillin, drug therapy, therapeutic use, drug administration schedule,
combined modality therapy, treatment outcome, otorhinolaryngologic surgical pro-
cedures, surgical procedures, minimally invasive; surgery, paracentesis, punctures,
drainage, antrostomy, sinusectomy, sinuplasty, decompression, surgical; endoscopy,
ballon dilatation, video-assisted surgery, video navigation, videotape recording, sur-
gery, computer-assisted; lamina papyracea, basal lamella, debridement, abscess,
abscess/surgery, orbital diseases, severity of illness index, quality of life, complica-
tions, prognosis. Após obtenção do texto completo e avaliação crítica dos trabalhos
recuperados, foram selecionados os artigos relativos às perguntas que originaram as
evidências que fundamentaram a presente diretriz. Para aumentar a sensibilidade da
busca, outras referências foram obtidas de forma não-sistemática, por meio busca
manual de artigos que demonstravam ter importância para a diretriz.

GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA:


A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência.
B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência.
C: Relatos de casos (estudos não controlados).
D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisioló-
gicos ou modelos animais.

Objetivo:
Orientar otorrinolaringologistas e clínicos em atenção primária no tratamento da rinos-
sinusite bacteriana aguda, identificando os benefícios de cada arsenal terapêutico
disponível.

Conflito de Interesse
Os conflitos de interesse declarados pelos participantes da elaboração desta diretriz
estão detalhados na página 21.

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Introdução

A incidência da rinossinusite aguda bacteriana (RSAB) parece


não ser bem definida. As estatísticas americanas demonstram que,
em 2007, 26 milhões de indivíduos foram afetados pela doença,
representando 12,9 milhões de consultas médicas.

Cientes de que 95% das RSAB são precedidas por uma infecção
viral das vias aéreas superiores (IVAS), como gripe e resfriado, e
que 0,5% a 5% das IVAS evoluem para um quadro de RSAB,
podemos prever a alta incidência da mesma; especialmente quando
sabemos que adultos imunocompetentes podem apresentar 3 a 5
episódios de IVAS em um ano, e crianças imunocompetentes 6
a 10 episódios de IVAS em um ano. Nos EUA, as rinossinusites
representam 9% de todas as prescrições de antibióticos em crianças
e 21% de todas as prescrições de antibióticos em adultos.

A preocupação com o uso indiscriminado de antibióticos e a


resistência bacteriana é mundial; e o problema surge quando se
detecta que aproximadamente 50 milhões de prescrições com an-
tibióticos, nos EUA, para a rinossinusite são desnecessárias, uma
vez que são voltadas para infecção viral e não-bacteriana. Esses
dados são confirmados por meta-análises que sugerem história
natural favorável e benefício moderado com uso de antibióticos
para uma RSAB não complicada, com a necessidade de tratar 7
a 15 pacientes para que um tenha benefício. Quando o paciente
segue um algoritmo mais seletivo para tratamento com antibiótico,
o benefício é maior, sendo necessário tratar somente 3 pacien-
tes para que 1 alcance o benefício esperado1,2(A). Dessa forma,
observa-se que o diagnóstico inadequado gera um aumento errôneo
do diagnóstico de RSAB, levando a prescrições desnecessárias de
antibióticos. Esta diretriz discutirá como tratar adequadamente
a risossinusite aguda.

As seguintes perguntas serão respondidas:


1. A solução salina isotônica nasal é efetiva no tratamento da
RSAB?
2. A solução hipertônica nasal é efetiva no tratamento da RSAB?
3. Os mucolíticos são efetivos no tratamento da RSAB?
4. Os anti-histamínicos orais são efetivos no tratamento da
RSAB?

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5. Descongestionantes orais (associados ou não A irrigação nasal é comumente prescrita para


a anti-histamínicos) e tópicos são efetivos pacientes com rinossinusite aguda e crônica e
na RSAB? após cirurgia endoscópica nasal, a fim de me-
6. Os anti-inflamatórios não-hormonais são lhorar a função mucociliar, diminuir o edema
efetivos no tratamento da RSAB? mucoso e mediadores inflamatórios e auxiliar na
7. Os corticoides orais são efetivos no trata- remoção mecânica do muco espesso. Ela provoca
mento da RSAB? o aumento do contato da medicação tópica com
8. Os corticoides tópicos nasais são efetivos no a mucosa, além de melhorar a penetração e
tratamento da RSAB como monoterapia? biodisponibilidade de medicações tópicas3(B). A
9. Corticoides tópicos nasais são efetivos no solução isotônica foi a primeira a ser introduzida
tratamento da RSAB quando associados a para irrigação nasal e, recentemente, a solução
antibióticos orais ou tópicos? hipertônica foi popularizada, ao reduzir o edema
10. Os antibióticos são efetivos no tratamento e melhorar o transporte mucociliar5(A).
da RSAB?
11. Qual é a indicação de cirurgia no tratamento É comum o uso de medicações combinadas
da RSAB? para o tratamento da RSAB. Acredita-se que o
uso de solução salina isotônica nasal pode me-
1. A solução salina isotônica nasal é lhorar a qualidade de vida, diminuir os sintomas
efetiva no tratamento da RSAB? e o uso das medicações na RSAB6(D).

O trato respiratório é protegido das infecções Crianças de 3 a 12 anos (média de 5 anos)


por meio de uma camada do epitélio pseudo- com RSAB não grave, diagnosticadas clínica e
estratificado ciliado e uma camada de muco radiologicamente, foram separadas randomica-
(gel e sol) que reveste a cavidade nasossinusal. mente em um grupo que utilizou (sem definição
Partículas estranhas são presas na camada de de tipo, dose e tempo) antibiótico, mucolítico
muco e propelidas para nasofaringe. O clearance e descongestionante nasal associados à lavagem
mucociliar é o primeiro estágio do mecanismo nasal com seringa de 15 a 20 ml com solução
de defesa do hospedeiro e desempenha um isotônica, 1 a 3 vezes ao dia. Outro grupo
importante papel na proteção contra infecção e utilizou o mesmo tratamento, sem o uso da
estímulos externos. O transporte mucociliar é lavagem nasal. Após 3 semanas, foi observado
regulado pela quantidade e propriedades reoló- que o grupo que usou a lavagem nasal isotônica
gicas do muco e pela atividade ciliar. Disfunção associada apresentou melhora significativa em
no transporte mucociliar agrava ou precipita o relação ao questionário de qualidade de vida,
desenvolvimento de várias doenças nasais3(B). da rinoconjuntivite pediá­trica, especialmente
nos sintomas de rinorreia diária, congestão
Há mais de um século a solução isotônica nasal noturna, tosse, coceira na garganta e na
salina é utilizada pelos médicos ocidentais como qualidade do sono, sem alterações significantes
parte do tratamento das doenças nasossinusais. na radiografia de seios paranasais. A realização
É um meio que enxagua a cavidade nasal com de novos estudos com populações maiores e
solução salina, facilitando sua limpeza4(A). maior tempo de seguimento seria ideal1(A). Há

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autores, no entanto, que consideram que não há não apresenta efeitos adversos importantes8(D).
benefício na lavagem nasal com soro fisiológico
0,9% em crianças7(B). 2. A solução hipertônica nasal é efetiva
no tratamento da RSAB?
A solução de NaCl 0,9% isotônica admi-
nistrada por meio de uma seringa (4 ml/narina) Acredita-se que a solução isotônica melhore
,duas vezes ao dia, no adulto com rinossinu- o transporte mucociliar, principalmente pela
site aguda, acarretou aumento do batimento limpeza mecânica, enquanto que a solução
mucociliar, além de melhorar os sintomas de hipertônica exerce o seu efeito ao diminuir o
obstrução e congestão nasal, o que poderia ser edema e melhorar o transporte mucociliar, por
um benefício para o paciente3(B). Como existem meio da estimulação do batimento ciliar, da
poucos dados de ensaios clínicos controlados fluidificação do muco e da supressão da infla-
em adultos, o real benefício dessa prescrição mação. Entretanto, não há padronização ou
baseia-se mais na decisão pessoal do médico6(D), protocolos para a irrigação nasal3(B) e nem o
e pelo fato de não apresentar efeitos adversos quanto que a diferença da concentração do sódio
importantes8(D). pode modificar esses resultados5(A).

Não se sabe ao certo o mecanismo pelo O uso diário, durante 6 meses, de irriga-
qual a lavagem nasal possa trazer benefícios ao ção nasal com solução salina hipertônica em
paciente com RSAB. Acredita-se que a mesma pacientes com rinossinusites frequentes não
não atue na melhora da rinossinusite aguda melhora significativamente a qualidade de vida,
especificamene, mas sim nos sintomas nasais mas permite aumentar em 10% o índice de
associados à afecção, promovendo a limpeza me- deficiência decorrente da rinossinusite (Rhino-
cânica do muco, reduzindo o edema da mucosa, sinusitis Disability Index - RSDI), beneficiando
melhorando a função mucociliar e reduzindo os uma pessoa a cada duas tratadas (NNT=2)5(A).
mediadores inflamatórios4(A)3(B). Esses resultados podem não ser reprodutíveis em
pacientes com RSAB.
Recomendação
Recomenda-se a solução salina isotônica em O uso de solução nasal hipertônica em pa-
crianças com RSAB para lavagem nasal com cientes com resfriado comum ou rinossinusite
seringa de 15-20 ml, 1 a 3 vezes ao dia, pois leva aguda (não devidamente diferenciada se viral
a melhora significativa na qualidade de vida, nos ou bacteriana) não apresenta efeito mensurável
sintomas de rinorreia diária, congestão nasal no- na duração ou gravidade dos sintomas nasais.
turna, tosse, coceira na garganta e na qualidade Menos da metade dos pacientes usaria a so-
do sono4(A). O uso de solução salina isotônica lução novamente e um terço relatou irritação
em adultos para lavagem nasal com seringa de nasal9(A).
4 ml em cada narina, 2 vezes ao dia, aumenta o
batimento mucociliar, melhorando os sintomas Para estudos dos efeitos da irrigação nasal
de obstrução e congestão nasal3(B). Deve-se com soluções isotônicas e hipertônicas no trans-
lembrar que o uso de solução salina isotônica porte mucociliar, em casos de rinite alérgica,

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rinossinusite aguda e crônica e medindo o tempo hipertônica na perviedade nasal e na atividade


de transporte mucociliar por meio do teste do mucociliar, pelo teste da sacarina e de rino-
clearance da sacarina; os pacientes randomi- metria acústica. Esse estudo avaliou pacientes
camente usaram solução salina isotônica ou com rinossinusites e concluiu que os dois tipos
hipertônica a 3%, por 10 dias. Não houve perda de solução melhoram a atividade mucociliar e
de pacientes durante o acompanhamento, nem proporcionam alívio sintomático. Observou-
efeitos colaterais que exigissem a interrupção se, também, que a solução isotônica melhorou
do tratamento. Antes da irrigação, o tempo de consideravelmente a perviedade nasal e que a
transporte mucociliar nos casos de rinossinusite solução hipertônica causou irritação/queimação
aguda, crônica e rinite alérgica esteve retardado da mucosa nasal1(B).
em relação aos casos controles. Após irrigação
com solução hipertônica, o tempo de transporte Recomendação
mucociliar melhorou nos casos de rinossinusite Até o momento, não há evidências que a so-
crônica, não se alterando nos casos de rinos- lução hipertônica deva ser usada com benefícios
sinusite aguda ou de rinite alérgica. Com a em pacientes portadores de RSAB9(A), podendo
solução isotônica, houve melhora nos casos de causar irritação ou queimação da mucosa nasal,
rinossinusite aguda e rinite alérgica, e nenhuma sem melhorar a perviedade nasal1(B), apesar de
melhora nos casos de rinossinusite crônica. Nos melhorar a atividade mucociliar3(B).
casos controles, nenhuma das soluções alterou
o transporte mucociliar3(B).
3. Os mucolíticos são efetivos no trata-
Concluiu-se que a solução salina hipertônica mento da RSAB?
não altera o transporte mucociliar em pacien-
tes com rinossinusite aguda ou rinite alérgica. O edema inflamatório agudo da mucosa
Nesses pacientes, a quantidade e as proprie- do nariz e dos seios paranasais pode promover
dades reológicas das secreções provavelmente obstrução dos óstios de drenagem dos seios
atrapalham mais o transporte mucociliar. Esse paranasais, dificultando a drenagem da secreção
estudo indicou que a irrigação com solução retida nos seios. Assim, facilita a instalação da
salina isotônica é mais efetiva em melhorar rinossinusite aguda, com aumento da quanti-
o transporte mucociliar nos pacientes com dade e viscosidade da secreção nasossinusal2(A).
rinossinusite aguda, já que promove limpeza
mecânica sem nenhum gradiente osmótico, O uso associado dos mucolíticos no tra-
e diminui os mediadores inflamatórios, pela tamento da rinossinusite aguda em uso de
remoção de substâncias irritantes e secreções. antibióticos ainda se mantém controverso.
São necessários outros estudos e protocolos Com o objetivo de reduzir a viscosidade da
para o uso seletivo de soluções salinas nas várias secreção nasal, por apresentar atividade mu-
doenças nasossinusais3(B). corregulatória, promove fragmentação das
fibras de mucopolissacapídeos ácidos (AMPS)
Estudo randomizado e duplo-cego compa- e, consequentemente, facilita o transporte mu-
rou os efeitos das soluções salinas isotônica e cociliar na eliminação da mesma do nariz e dos

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seios paranasais10(C). Quando associados aos rinossinusite aguda diagnosticada clinicamente.


antibióticos, podem facilitar a penetração e ação Foram randomizados pacientes e separados em
do mesmo no processo inflamatório da mucosa 2 grupos onde os pacientes de um utilizaram
dos seios paranasais2(A). Muitos estudos na oxetetraciclina (250 mg 4x/dia) enquanto o
literatura em relação à ação dos mucolíticos no outro grupo utilizou a oxetetraciclina (250 mg
tratamento da rinossinusite aguda são abertos 4x/dia) associada à bromexina oral (8 mg/dia)
ou revisionais, com mucolíticos administrados por 5 dias. Pacientes que utilizaram a associação
via oral ou intranasal. Apesar de quatro estu- do antibiótico com o mucolítico tiveram menor
dos, que serão expostos a seguir, apresentarem necessidade do uso de analgésicos quando com-
nível de evidência Ib, recomendação A, não parados ao outro grupo (p<0,001), assim como
descrevem com clareza o tempo e a gravidade da apresentaram melhora superior de seus sintomas
rinossinusite e, portanto, seus resultados devem (p<0,001) e de seu estado sistêmico11(A).
ser analisados com cautela.
Em contraposição, crianças (idade 8,5 ±
Dois estudos demonstraram que a bromexina 3,2 anos) com rinossinusite aguda que utiliza-
via oral associada a antibióticos se mostrou supe- ram erdosteína oral (5-8 mg/kg/dia) não tiveram
rior na melhora dos sintomas da rinossinusite agu- melhora superior de seus sintomas quando
da, tanto em crianças como em adultos, quando comparadas ao grupo que utilizou placebo, após
comparados ao uso isolado do antibiótico2,11(A); 14 dias12(A).
outro estudo mais recente concluiu que a erdostei-
na não afeta diretamente o sucesso do tratamento Mucolíticos via inalatória (acetilcisteína
da rinossinusite aguda12(A). diluída em 4 ml de solução fisiológica) asso-
ciados a antibióticos tópicos nasais (tianfenicol
Crianças (3,5-12 anos) com rinossinusite 250 mg) administrados 2x/dia com o uso de
aguda, diagnosticadas clinicamente e com ra- um nebulizador específico por 5 dias também
diografia de seios paranasais, que fizeram uso da se mostraram superiores ao placebo (solução
bromexina oral 16 mg 3x/dia por 8 dias, associada nasal fisiológica) no tratamento da rinossinusite
à amoxicilina 50 mg/kg/dia dividida em 3 doses, aguda em crianças de 3 a 6 anos13(A). Das 94
foram comparadas a um grupo controle onde o crianças do estudo, 90 completaram o mesmo,
antibiótico (amoxicilina 50 mg/kg/dia dividida sendo 60 no grupo da associação do antibiótico e
em 3 doses) foi associado ao placebo. O uso adju- mucolítico e 30 no grupo placebo. Houve maior
vante da bromexina mostrou ser estatisticamente redução de todos os sintomas, estatisticamente
superior ao grupo que não a utilizou, com me- significante, no grupo que utilizou a associação
lhora na redução da secreção nasal, da hiperemia de medicamentos; melhora para rinorreia e
da mucosa nasal, dos sintomas de rinite, da dor e obstrução nasal; para tosse, para secreção nasal
da febre, sem diferença estatística nos parâmetros posterior, para dor de garganta e para a nega-
laboratoriais entre os grupos2(A). tivação da cultura de rinofaringe no grupo que
fez uso do mucolítico associado a antibiótico.
Os mesmos resultados foram observados O único sintoma que não apresentou diferença
em adultos (idade média de 30,2 anos) com estatisticamente significativa entre os grupos foi

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a febre; p=0,5613(A). Alguns efeitos colaterais ramente essa relação; estima-se que 25% dos
citados com o uso do spray tópico nasal foram pacientes com rinossinusite aguda apresentem
ardor e crises esternutatórias, aliviadas com re- rinite alérgica16(B).
dução do número de jatos administrados a cada
vez, e reintrodução gradual da dose padrão14(C). Essa correlação pode ser explicada pelo ede-
Não foram relatados efeitos colaterais durante ma de mucosa nasal nos pacientes atópicos que
a administração oral2,11,12(A). leva a obstrução dos óstios de drenagem dos seios
paranasais, redução da ventilação dos mesmos,
Recomendação levando à retenção de muco e propiciando a
O uso oral de bromexina 16 mg 3x/dia em infecção sinusal17(D).
associação com a amoxicilina 50 mg/kg/dia, em
crianças com rinossinusite aguda, mostra redu- Nessa linha de raciocínio, os anti-histamíni-
ção dos sinais e sintomas da doença mais rapi- cos poderiam ser uma alternativa no tratamento
damente que o grupo controle9(A). Assim como da RSAB. Sabe-se do papel determinante dos
o uso da mesma (bromexina oral 8 mg/dia) por antibióticos e do efeito adicional propiciado
5 dias associada à oxitetraciclina (250 mg 4x/ pelos corticosteroides. Entretanto, a função dos
dia) em adultos com rinossinusite aguda11(A). anti-histamínicos ainda é incerta. Em pacientes
A apresentação tópica nasal da acetilcisteína sem rinossinusite e não alérgicos tratados com
associada ao tianfenicol (250 mg) aplicados 2x/ loratadina há inibição dos efeitos da histamina
dia, por 5 dias, mostrou-se eficaz na melhora em fossas nasais e seios paranasais18(B). Na
dos sintomas de crianças com rinossinusite literatura atual existe apenas um estudo ade-
aguda13(A). Em contraposição, crianças com quado que avaliou a eficácia da loratadina como
rinossinusite aguda que utilizaram erdosteína tratamento adjunto da RSAB em pacientes
oral (5-8 mg/kg/dia) não tiveram melhora quan- adultos com rinite alérgica diagnosticada cli-
do comparadas ao grupo que utilizou placebo, nicamente e pelo PRICK TEST ou RAST.
após 14 dias12(A). Atenção deve ser tomada na Um grupo utilizou amoxicilina-clavulanato
indicação da medicação, uma vez que nenhum (14 dias) + prednisona (10 dias) + loratadina
estudo classificou a gravidade da rinossinusite (28 dias), enquanto o grupo controle utilizou
aguda em questão, o que nos leva a concluir amoxicilina-clavulanato (14 dias) + prednisona
que mais estudos devem ser realizados para (10 dias) + placebo (28 dias). Verificou-se que
elucidação de sua precisa indicação. a loratadina teve efeito aditivo no tratamento
da rinossinusite aguda em pacientes alérgicos
4. Os anti-histamínicos orais são efetivos quando comparada ao placebo (p=0,0125).
no tratamento da RSAB? Os pacientes apresentaram maior redução dos
sintomas associados à alergia, particularmente
A relação entre rinossinusite e alergia é espirros (p=0,003), após 14 dias de tratamento,
discutida há anos, com vários artigos de re- e obstrução nasal (p=0,002), após 28 dias de
visão sugerindo que a atopia predisponha a tratamento19(A). Todos os pacientes incluídos
rinossinusite15(D). No entanto, são escassos no estudo apresentavam rinite alérgica e, portan-
os estudos prospectivos que demonstrem cla- to, não podemos afirmar que o anti-histamínico

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agiria de forma positiva em pacientes não alér- Crianças (1-18 anos) com RSAB diagnos-
gicos com RSAB. ticadas clínica e radiograficamente (radiografia
de seios paranasais) foram randomicamente
Os efeitos anticolinérgicos de alguns anti- separadas em um grupo que utilizou amoxicilina
histamínicos de primeira geração podem causar em 3 doses diárias (de acordo com a idade e peso)
espessamento das secreções e ressecamento da associada à combinação do anti-histamínico e
mucosa nasal, dificultando a drenagem dos descongestionante sistêmico e descongestio-
seios paranasais; esse efeito, no entanto, não nante tópico nasal (2 mg bromofeniramina +
é observado nos anti-histamínicos de segunda 12,5 mg fenilpropanolamina + oximetazolina
geração20(D); como exemplo, a loratadina, que spray 0,05% 2 gotas em cada narina 2x/dia,
é bloqueador dos receptores H1, tem efeitos por 3 dias) e comparadas a crianças que utiliza-
antialérgicos e não apresenta o efeito adverso ram amoxicilina em 3 doses diárias (de acordo
supracitado19(A). com a idade e o peso) associada a placebo. Em
ambos os grupos, os sintomas foram reduzidos
Recomendação nos primeiros 3 dias, não havendo diferença
O uso da loratadina como adjunto no tra- significativa entre os grupos na melhora clínica
tamento das RSAB pode ser recomendado em ou radiográfica23(A).
pacientes adultos alérgicos e quando os sintomas
relacionados à alergia forem importantes19(A). O uso de descongestionante oral (pseudo-
Em pacientes não alérgicos e portadores de efedrina 120 mg) não se mostrou efetivo em
RSAB, até o momento, não há estudos que descongestionar as conchas nasais inferiores,
demonstrem benefícios com o uso de anti- ao contrário do vasoconstritor tópico (xilome-
histamínicos para RSAB. Não há estudos com tazolina 0,1%), sendo que ambos ocasionam
uso de anti-histamínico com antibióticos para modificações evidenciadas pela ressonância
crianças com rinossinusite aguda. magnética apenas na mucosa nasal, sem efeito
na mucosa sinusal22(A)24(B).

5. Descongestionantes orais (associados O descongestionante tópico é utilizado com


ou não a anti-histamínicos) e tópicos o intuito de reduzir o edema da mucosa nasal,
são efetivos na RSAB? facilitar a drenagem da secreção, a ventilação dos
seios e promover a melhora da obstrução nasal.
Não existem evidências de que desconges- Não há estudos que comprovem o benefício da
tionantes orais ou tópicos nasais sejam efetivos utilização de descongestionantes tópicos nasais na
no tratamento isolado ou como adjuvantes ao RSAB, porém há evidência da melhora subjetiva
tratamento da rinossinusite aguda. Os descon- e objetiva da obstrução nasal em pacientes com
gestionantes nasais administrados por via oral rinossinusite viral (resfriado) com o uso de xilo-
foram analisados em grande parte em estudos metazolina 0,1%, em menos de uma hora, com
que evidenciaram sua eficácia no tratamento do efeito durador até 10 horas (1 spray 3x/dia, por
resfriado comum com melhora da coriza e da 10 dias, com p<0,05)21(A), e nos pacientes com
patência nasal21,22(A). rinite alérgica, nos quais a melhora significativa

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do fluxo nasal inspiratório foi de 20 (IC 95% em crianças23(A) quanto em adultos24(B); não
11,4 – 31,0) com uso de xilometazolina 0,1% (1 há indicação de uso de descongestionantes
spray em cada narina) quando comparada a fluxo nasais (vasoconstritores tópicos) isoladamente
nasal inspiratório de 9,6 (IC 95% 3,2 – 15,8) no tratamento da RSAB 27(B). No caso de
para a mometasona (200 µg/dia)25(A). pacientes que apresentam RSAB como compli-
cação de rinite persistente, poderá haver alívio
Entretanto, a utilização da oximetazolina a da obstrução nasal21(A) e aumento do fluxo
longo prazo (28 dias) promove uma sensação de nasal inspiratório25(A). Mesmo nessa restrita
congestão nasal induzida por alterações da reati- população (RSAB como complicação de rinite
vidade nasal26(A)27(B). A vasoconstrição seguida persistente) deve-se pesar, na prescrição, as
de vasodilatação rebote e congestão nasal com complicações decorrentes de interação medica-
o uso prolongado dessa medicação são capazes mentosa com outras drogas, além de descon-
de promover mudanças histológicas na mucosa troles de hipertensão arterial, glaucoma, DM,
nasal, sugestivas do desencadeamento de rinite tireoidopatia, retenção urinária e hiperplasia
medicamentosa26(A). prostática benigna24(B).

A utilização de descongestionante tópico 6. Os anti-inflamatórios não-hormonais


nasal em lavagem nasal com 25 ml de oximeta- são efetivos no tratamento da rinos-
zolina na concentração de 0,25 mg/ml 2x/dia, sinusite aguda?
por 4 dias, em pacientes com sinusite maxilar
aguda, não diminuiu os sintomas subjetivos de Anti-inflamatórios não-hormonais (AI-
congestão nasal e dor local, nem acelerou a me- NES), em curto prazo, são frequentemente
lhora radiológica quando comparada a pacientes utilizados em doenças otorrinolaringológicas,
que utilizaram soro fisiológico28(B). em particular em infecções agudas, porém não
existem trabalhos específicos sobre a ação dos
Deve-se ter cautela na prescrição de descon- AINES no tratamento da RSAB.
gestionantes orais. Eles podem apresentar graves
interações com outras drogas e levar a efeitos Há diversas composições químicas de
adversos em pacientes com hipertensão arterial AINES que apresentam como característica
sistêmica, glaucoma, diabetes mellitus (DM), comum a ausência de estrutura esteroidal em
tireoidopatia, retenção urinária e hiperplasia sua fórmula. Apresentam efeito analgésico,
prostática benigna24(B), assim como podem antipirético e anti-inflamatório e atuam
reduzir crises convulsivas em crianças menores na inibição dos prostanoides (tromboxane
de 2 anos. e prostaglandinas) por meio da redução da
atividade das ciclo-oxigenases (COX-1 e
Recomendação COX-2)29(D).
Prescrever descongestionantes orais isolados
ou associados aos anti-histamínicos para os Pacientes com processo inflamatório de
pacientes com RSAB não modifica significati- orelha, nariz ou garganta (rinossinusite, rinite,
vamente a melhora clínica ou radiológica tanto otite ou outros diagnósticos) tiveram melhores

10 Rinossinusite Aguda Bacteriana: Tratamento


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resultados em relação à dor (p<0,05), edema da RSAB há poucos trabalhos publicados


(p<0,05) e cefaleia (p<0,01) quando utilizaram que o utilizam por curto prazo no início do
nimesulida (100 mg 2x/dia, por 10 dias) em tratamento (3 – 5 dias) e sempre associado à
comparação com benzidamida (75 mg 2x/dia, antibioticoterapia32,33(A).
por 10 dias)30(B). No entanto, os autores não
definem adequadamente a população estudada, Pacientes adultos com diagnóstico de
não havendo descrição dos critérios diagnósti- rinossinusite aguda, apresentando dor
cos de RSAB nesse benefício que foi descrito. craniofacial e rinorreia purulenta, tiveram
Assim, poderá ter estudado rinossinusite viral significativa melhora da dor no início do
e/ou bacteriana na mesma população. tratamento (avaliados no 4o dia) com o uso
de corticoide oral (metilprednisolona 8mg 3x/
Os efeitos adversos dos anti-inflamatórios não- dia, por 5 dias) associado à antibioticoterapia
hormonais são frequentemente relatados (epigas- (amoxicilina-clavulonato 500 mg/125 mg
tralgia, náusea, dispepsia), principalmente quando 8/8h, por 10 dias) em comparação aos pacien-
utilizados em períodos superiores a 7 dias. Deve-se tes tratados apenas com antibioticoterapia.
levar em consideração as potenciais complicações Entretanto, quando reavaliados no 14 o dia de
gastrointestinais (úlceras, hemorragias digestivas) tratamento, não houve diferença significativa
e renais, além de indução de broncoespasmo na sintomatologia e na falha terapêutica32(A).
em pacientes asmáticos e portadores de polipose O uso de metilpredinisolona comparado a
nasal29,31(D). placebo levou à redução da dor com RRR=
31% (IC 95% 6 – 56%), RRA= 0,109 (IC
Recomendação 95% 0,022 – 0,196) e beneficiando 1 pa-
Apesar da redução significativa da dor e da ciente a cada 9 tratados, com NNT=9 (IC
cefaleia em uso de nimesulida em pacientes 95% 5 - 45). Porém o uso desse corticoide
portadores de processo inflamatório agudo de não melhorou a obstrução nasal, com RRR=
orelha, garganta e seios paranasais30(B), não se 5% (IC 95% -21 a 31%), RRA= 0,017 (IC
recomenda a prescrição de anti-inflamatórios 95% - 0,074 a 0,108) e NNT= 59 (IC 95%
não-hormonais isolados para tratamento de 9 até o infinito)32(A).
RSAB. Como o paciente terá que receber
antibioticoterapia, nos quadros moderados ou Pacientes com queixa de dor facial uni-
graves, há aumento dos efeitos adversos da lateral persistente acompanhada de rinorreia
associação de antibióticos e anti-inflamatórios purulenta e/ou obstrução nasal homolateral e
não-hormonais29,31(D). com diagnóstico de rinossinusite aguda maxi-
lar, apresentaram redução da dor, melhora da
7. Os corticoides orais são efetivos no obstrução nasal e diminuição do consumo de
tratamento da RSAB? analgésicos (paracetamol) quando medicados
com prednisona (0,8 a 1,2 mg/kg 1x/dia, por 3
O corticoide oral é utilizado em inú- dias) associado à antibioticoterapia (cefpodoxime
meras doenças otorrinolaringológicas pelo 100mg 12/12h, por 10 dias). Essa melhora foi
seu efeito anti-inflamatório. No tratamento significativa na reavaliação dos sintomas ao final

Rinossinusite Aguda Bacteriana: Tratamento 11


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do 3o dia do tratamento. Entretanto, ao término 8. Os corticoides tópicos nasais são efe-


do 10o dia de tratamento, não houve diferença tivos no tratamento da rinossinusite
significativa em comparação aos pacientes aguda como monoterapia?
submetidos a antibioticoterapia e placebo33(A).
A dor foi medida pela escala analógica visual, São escassos os estudos de monoterapia
inicialmente de 73,0 ± 14,1 e com melhora com corticoides tópicos nasais no tratamento da
estatisticamente significativa em 3 dias a favor rinossinusite aguda como monoterapia35-36(A).
do uso de prednisona, com diferença média da Comparando o uso do furoato de mometasona
intensidade da dor de -4,82 (IC 95% -9,25; spray nasal com a amoxicilina e o placebo na me-
-0,40, com p=0,03). Também houve melhora lhora dos sintomas de pacientes com diagnóstico
significativa da obstrução nasal de – 5,0 (IC clínico de rinossinusite aguda não complicada,
95% -9,1; -0,8 e p=0,02) e menor consumo observou-se que os pacientes em uso de furoato
de paracetamol, com p=0,0333(A). de mometasona spray nasal 200 µg pela manhã e
noite, por 15 dias, como monoterapia, apresen-
Mesmo em curto prazo de corticoterapia tam melhora superior de seus sintomas quando
oral deve-se atentar para os potenciais efeitos comparados ao grupo que utilizou amoxicilina
colaterais, como hiperglicemia, hipertensão 500 mg 3x/dia, por 10 dias, assim como ao que
arterial, efeitos gastrointestinais (úlcera, san- fez uso do furoato de mometasona spray nasal
gramento digestivo, gastrite), supressão do na dose de 200 µg como dose única pela manhã
eixo hipotalâmico-hipofisário, e mudanças e ao grupo que utilizou placebo35(A).
comportamentais34(D).
A superioridade foi observada a partir do
Recomendação segundo dia em relação ao escore de sintomas
Recomenda-se o uso de corticoides orais principais (rinorreia, gotejamento posterior,
para pacientes adultos com RSAB que apre- congestão/obstrução nasal, dor sinusal, dor/pres-
sentam intensa dor facial, desde que não são facial à palpação); sendo significantemente
apresentem contraindicação para o uso dessa superior ao placebo (p<0,001) e amoxicilina
medicação32,33(A). O corticoide oral deve ser (p=0,002). Esse achado representa uma re-
utilizado somente por 3-5 dias, nos primeiros dução clínica significante de aproximadamente
dias do quadro agudo, e sempre associado à 46% em relação a todos os sintomas basais e
antibioticoterapia, abreviando o quadro da algia de 9% em relação ao placebo35(A). A resposta
facial em um paciente em cada nove tratados global ao tratamento no seguimento de 14 dias
(NNT=9)32(A) e diminuindo o consumo de foi semelhante entre mometasona e amoxacili-
analgésicos convencionais33(A). Avaliação em na, sem alteração significativa (p=0,13), mas
10-14 dias de tratamento finalizado demonstra mometasona foi melhor que o placebo, com
que não há diferença significativa na resolução p=0,00135(A).
dos sintomas ou de falha terapêutica quando se
compara o tratamento com antibioticoterapia Em relação ao escore de sintomas totais
isolada com o tratamento combinado de anti- (soma-se a tosse à média dos sintomas prin-
bioticoterapia com corticoides orais33(A). cipais), o furoato de mometasona spray nasal

12 Rinossinusite Aguda Bacteriana: Tratamento


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200 µg divididos em duas doses foi superior ao Esses achados podem ser explicados pela ação
placebo (p<0,001) e à amoxicilina (p=0,012). do corticoide nos receptores de glicocorticoides,
Apesar de significantemente superior ao placebo, inibindo a transcrição de mediadores proinfla-
o furoato de mometasona spray nasal 200 µg matórios durante a resposta inflamatória37(D).
em dose única não foi superior à amoxicilina.
A superioridade em relação à amoxicilina Dessa forma, o uso do corticoide tópico nasal
e ao placebo também foi significantemente nos quadros rinossinusais pode ser justificado
observada em relação a 4 de 6 sintomas indi- a fim de aliviar os sintomas do paciente, sem
vidualmente: rinorreia (p≤0,001) congestão a necessidade da utilização indiscriminada do
nasal (p≤0,001), dor sinusal (p≤0,01), dor/ antibiótico, reduzindo o risco de aumento da
pressão facial (p≤0,05). O início da melhora resistência bacteriana. Sintomas que sugerem
dos sintomas ocorreu a partir do segundo dia manifestação intensa da doença, como dor facial
de tratamento35(A). importante ou temperatura corpórea maior que
37,8ºC, devem ser tratados com a associação de
Esse estudo foi realizado em pacientes a antibióticos36(A).
partir de 12 anos, com sintomas discretos a
moderados (VAS 0-3 e > 3-7, respectivamen-
Recomendação
te) de rinossinusite aguda não complicada; não
Pacientes com rinossinusite não complicada
podendo-se excluir a presença ou não de rinos-
e sintomas discretos ou moderados (VAS 0-3 ou
sinusite viral; uma vez que não foram realizados
3-7, respectivamente)35(A), sem febre ou dor in-
exames laboratoriais para sua comprovação
tensa facial36(A), beneficiam-se com a utilização
etiológica35(A).
de corticoides tópicos nasais como monoterapia
(furoato de mometasona spray nasal na dose de
Análise estatística comparando duas doses
400 µg divididos em duas doses por dia, por 15
diferentes de mometasona spray nasal (MFNS)
demonstrou que usar 200 µg 2x/dia é melhor dias) na abordagem da RSAB, pois alivia os sin-
que somente 1x/dia, com redução do risco ab- tomas de rinorreia (p≤0,001), congestão nasal
soluto de RRA=5,6% (IC 95% 0,9 – 10,3%), (p≤0,001), dor sinusal (p≤0,01), dor/pressão
beneficiando 1 em cada 18 pacientes tratados facial (p≤0,05), com redução significativa do
(NNT=18 com IC 95% 10-109). MFNS na risco absoluto de 5,6% e beneficiando 1 paciente
dose de 200 µg 2x/d é melhor que placebo, com a cada 18 tratados35(A). A utilização de corti-
redução do risco absoluto de RRA=6,0 (IC 95% coide tópico nasal em quadros de rinossinusite
1,3-10,7%), com benefício de 1 pessoa a cada não complicada evita a utilização indiscriminada
17 tratadas (NNT= 17 com IC 95% 9-76). de antibióticos, reduzindo o risco de resistência
Não foram encontradas diferenças significativas bacteriana36(A).
no uso de MFNS 200 µg/1x/d em relação ao
placebo, com NNT=250 (17 ao infinito). Tam- 9. Corticoides tópicos nasais são efetivos
bém não foi encontrada diferença significativa no no tratamento da rinossinusite aguda
uso de amoxacilina 500 mg 3x/dia em relação ao quando associados a antibióticos
placebo, com NNT=29 (12 ao infinito)35(A). orais ou tópicos?

Rinossinusite Aguda Bacteriana: Tratamento 13


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O tratamento da RSAB foca dois principais com rinossinusite aguda associado ao spray nasal
objetivos: eliminar a infecção e reduzir a inflama- de budesonida (2 vezes ao dia), com melhora
ção. Sabe-se que as rinossinusites, normalmente, significativa da tosse e da rinorreia, quando
são precedidas pela inflamação da mucosa na- comparado ao uso isolado de amoxicilina/cla-
sossinusal, seja por infecção viral ou por reação vulanato (p<0,05)41(A).
alérgica, o que pode gerar obstrução ostial, retenção
de secreção e, consequentemente, infecção38(D). Maiores de 12 anos com rinossinusite aguda,
confirmada por tomografia computadorizada,
Os corticoides intranasais são drogas de foram tratados por 21 dias com amoxicilina/
primeira linha no tratamento da rinite alérgica, clavulanato (875 mg duas vezes ao dia) associa-
eficazes na redução da inflamação e do edema do ao spray nasal de furoato mometasona (400
mucoso. A ideia do uso de corticoides tópicos µg/dia divididos em 2 vezes ao dia) apresentou
nasais na rinossinusite aguda reside em suas redução no escore geral de sintomas e nos es-
propriedades anti-inflamatórias. Teoricamente, cores individuais para cefaleia, congestão e dor
ao se reduzir a resposta inflamatória, esses facial, quando comparado ao grupo que utilizou
agentes promovem drenagem e melhoram a o antibiótico associado ao placebo43(A).
aeração dos seios paranasais, o que acelera o
restabelecimento da função nasossinusal. Além Maiores de 12 anos com rinossinusite aguda,
do mais, como já mencionado, a rinite alérgica confirmada por tomografia computadorizada,
é um antecedente comum e fator de risco para foram tratados com amoxicilina/clavulanato asso-
o desenvolvimento da rinossinusite aguda38(D). ciado à mometasona spray nasal (200 µg/dia) ou à
mometasona spray nasal (400 µg/dia) ou a placebo.
Por essas razões e por serem drogas com re- Considerou-se como resultado favorável, a melhora
lativa segurança, alguns estudos têm enfatizado no escores do “total symptom score” (TSS), que
os benefícios do uso dos corticosteroides intra- consiste na soma dos escores de sintomas (rinor-
nasais como medida adjunta ao tratamento reia purulenta, congestão, gotejamento pós-nasal,
antimicrobiano nas rinossinusites agudas em cefaleia, dor facial e tosse). O TSS diminuiu em
adultos e crianças39(B)40-45(A). 50% após o tratamento com mometasona 200 µg,
comparando-se com 44% do placebo e 51% da
Pacientes com rinossinusite aguda ou mometasona 400 µg. Adicionalmente, os escores
crônica foram randomizados para receber amo- individuais dos sintomas também demonstraram
xicilina/clavulanato associado ao spray nasal de melhora significativa com o grupo que utilizou
flunisolida ou ao placebo, por 3 semanas, segui- spray nasal de mometasona44(A).
do pelo uso isolado de flunisolida ou placebo,
por mais 4 semanas. O tratamento adjunto com Em contraposição, adultos com rinossinu-
flunisolida demonstrou melhora significativa site aguda, utilizando a budesonida spray nasal
do edema e da obstrução nasal (p=0,04)39(B). (200 µg 1 vez ao dia, por 10 dias) como terapia
adjunta a amoxicilina/clavulanato (500 mg 3
O mesmo antibiótico (amoxicilina/clavula- vezes ao dia, por 7 dias), não apresentaram
nato) foi utilizado por 3 semanas em crianças melhora significativa para o tratamento da ri-

14 Rinossinusite Aguda Bacteriana: Tratamento


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nossinusite aguda quando comparado ao grupo os estudados (flunisolida, budesonida, furoato


que não fez uso da associação46(A). Esse artigo de mometasona, e propionato de fluticasona)
é o único que não demonstrou efeito benéfico apresentam benefícios.
do uso de corticosteroides nasais como terapia
adjunta. Nessa dose, já foi demonstrado que Não existem estudos até o momento sobre
monoterapia é semelhante ao placebo35(A), o uso do corticoide tópico nasal em gotas (dexa-
o que pode ser justificado pela dose baixa de metasona) associado ao antibiótico tópico nasal
budesonida (utilizada dose recomendada para o (gentamicina) isoladamente ou como adjuvante
tratamento de rinite alérgica ou para o tratamen- no tratamento da rinossinusite aguda. Pacientes
to de rinossinusite aguda em crianças)41,42,47(A). já submetidos à sinusectomia por rinossinusite
crônica em uso de 30 mg de gentamicina em cada
As cefalosporinas também foram utilizadas narina com pressão positiva (80 mg/L) duas vezes
em associação aos corticoides tópicos nasais. ao dia, durante cerca de 5 a 334 dias (média=69
A associação de cefaclor ao spray nasal de bu- dias), apresentam absorção sistêmica da medica-
desonida foi comparada com o uso isolado do ção, alcançando níveis comparáveis ao da admi-
descongestionante pseudoefedrina, sendo que o nistração endovenosa em 33% dos pacientes48(B).
tratamento combinado apresentou melhor taxa
de recuperação42(A). Acetilcefuroxima (250 mg, Recomendação
2 vezes ao dia por 10 dias) associada ao spray Os corticoides tópicos nasais podem ser re-
nasal de proprionato de fluticasona (200 µg em comendados em associação à antibioticoterapia
cada narina uma vez ao dia) ou a placebo por oral adequada, quando se deseja um alívio mais
21 dias demonstrou recuperação significante- rápido dos sintomas da rinossinusite, principal-
mente mais rápida dos pacientes que utilizaram mente congestão e dor facial40-45(A). Entretanto,
a associação de antibiótico e corticoide tópico a dose e o tempo ideais de tratamento ainda
nasal; com redução do risco absoluto de 20% precisam ser melhor determinados41-44(A). Não
(IC 95%, 6,3%- 35,1%), levando benefício a se recomenda o uso de gentamicina tópica asso-
1 paciente para cada 5 tratados45(A). ciada à dexametasona tópica em gotas para os
pacientes com rinossinusite aguda bacteriana,
Na maioria dos estudos houve tendência em além do risco dos possíveis efeitos colaterais
se afirmar que corticoides tópicos nasais associa- dessa associação48(B).
dos à antibioticoterapia apropriada resultam em
alívio mais rápido dos sintomas gerais e especí- 10. O antibiótico é efetivo no tratamento
ficos de rinossinusite, acelerando a recuperação da RSAB?
do paciente, apesar da não melhora significativa
na imagem radiológica39(B)43,44(A). Entretanto, Recente meta-análise que avaliou, por meio
a dose e o tempo ideal de tratamento ainda pre- de rígidos parâmetros internacionais, os artigos
cisam ser melhor estabelecidos41-44(A). disponíveis sobre o tema, somente conseguiu
selecionar 13 artigos dos 725 disponíveis na
Não há estudos que comparem os vários literatura49(A). Muitos estudos são realizados
tipos de corticoides nasais existentes, entretanto, em unidades de atendimento primário, excluin-

Rinossinusite Aguda Bacteriana: Tratamento 15


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do pacientes com febre > 38oC e dor na face nos primeiros 10 dias, baseado na história clínica,
intensa, que atualmente acredita-se que sejam no exame físico e nos exames radiológicos, como
os principais pacientes com indicação para o uso demonstrado na Diretriz de RSAB: diagnóstico.
de antibióticos38(D). Os pacientes com menos de 10 dias de sintomas
leves que não se enquadram nos critérios mencio-
O antibiótico é efetivo para o tratamento nados no primeiro parágrafo, devem ser tratados
da RSAB em pacientes com piora após uma com medidas adjuvantes e sem antibiótico, pois
melhora inicial do quadro clínico, pacientes se espera que a RSAV seja resolvida em 10 dias.
com sintomas intensos (febre maior que Algumas vezes, a RSAB leve também pode ser
37,8OC e dor intensa em face) e pacientes resolvida espontaneamente nos primeiros 10
imunocomprometidos38(D). O uso de anti- dias55(B). Após os primeiros 10 dias de sintomas
biotico é uma estratégia custo-efetiva para o leves existem duas opções para tratamento: a ob-
tratamento da RSAB quando baseada nesses cri- servação e o tratamento com antibiótico empírico.
térios clínicos, nunca deve ser feito simplesmente A observação é considerada viável em recorrência
como tratamento sintomático, tendo-se seu uso da alta taxa de resolução espontânea em pacientes
indiscriminado50(A). Os resultados de uma meta- com rinossinusite aguda não complicada comuni-
análise sugerem história natural favorável e bene- tária, como evidenciado por ensaio clínico56(A).
fício moderado com uso de antibióticos para uma Cerca de 65% dos pacientes considerados como
RSAB não complicada, com a necessidade de portadores de RSAB apresentaram resolução clí-
tratar 7 a 15 pacientes para que um tenha benefí- nica espontânea54(A). Se não houver melhora após
cio. Quando o paciente segue um algoritmo mais 14 dias de tratamento com medidas adjuvantes
seletivo para tratamento com antibiótico, o bene- ou os sintomas estiverem se acentuando, deve-se
fício é maior, e são necessários tratar 3 pacientes considerar o início do antibiótico ou o encami-
para que 1 alcance o benefício esperado49,51(A). nhamento para um otorrinolaringologista. Os
Os antibióticos estavam associados à alta taxa pacientes com sintomas intensos (febre >37,8ºC,
de cura e melhora de sintomas comparados ao dor importante em face e imunodeprimidos)
placebo, mas a magnitude de efeito foi moderada devem iniciar antibiótico independente do tempo
(77% vs. 68%). Apesar dos 9% de diferença na da doença8(D).
taxa de cura encontrada, encontrou-se aumento
de 8% nos efeitos adversos52(A). Há trabalhos Considerando-se custo-efetividade, a amo-
com taxa de melhora de 90% e 80%, respecti- xicilina é o antibiótico de primeira escolha para
vamente, em duas semanas53(A). Uma limitação RSAB50,56(A), especialmente em pacientes com
importante dos ensaios clínicos realizados para baixa probabilidade de apresentar S. pneumoniae
análise da eficácia dos antibióticos é que o grande penicilino-resistente. A eritromicina tem eficá-
tamanho da amostra necessária diminui a rigidez cia comparável e é indicada para pacientes com
dos critérios de inclusão adotados para facilitar o alergia a β-lactâmicos36(A).
recrutamento de pacientes54(D).
A inclusão do antibiótico no tratamento
É difícil distinguir completamente um quadro da RSAB é indicada para eliminar a infecção e
de rinossinusite aguda viral (RSAV) de RSAB prevenir complicações. Os ensaios clínicos rea-

16 Rinossinusite Aguda Bacteriana: Tratamento


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lizados para análise da eficácia dos antibióticos resolução espontânea, atividade microbiológica in
são planejados na sua maioria para demonstrar a vitro, farmacocinética e farmacodinâmica como
não inferioridade de uma droga perante a outra demonstrado no Quadro 164(D). No mesmo
e não a sua superioridade54(D). Os antibióticos local há descrições das doses de cada um dos
de largo espectro (que não as amoxicilina), como antibióticos. Atenção deve ser tomada em relação
claritromicina, amoxicilina com clavulanato, à associação trimetoprima/sulfametoxazol para
acetilcefuroxima, fluoroquinolonas, entre ou- o tratamento de rinossinusite aguda no Brasil;
uma vez que a resistência do S. pneumoniae a essa
tros, não são significativamente melhores que
associação é de aproximadamente 60-70%; não
os de curto espectro em pacientes com RSAB
sendo recomendada para a população brasileira.
não complicada57-62(A)63(D).
É importante considerarmos os patógenos
Assim, na tentativa de observar a eficácia mais comuns para não estarmos utilizando
dos mesmos para o tratamento das rinossinu- um antibiótico mais potente sem necessidade e
sites agudas bacterianas, foi criada uma tabela promovendo seleção bacteriana. A sua escolha é
baseada em um modelo matemático que leva em quase sempre empírica e baseada nos patógenos
consideração a distribuição do patógeno, taxa de mais prováveis em cada paciente e a sua respec-

Quadro 1
Eficácia clínica dos antibióticos na RSAB64(D). Adultos Crianças
Fluoroquinolonas: 90 – 92% 91 – 92%
  Levofloxacino 500 mg/d VO 7 dias
  Moxifloxacino 400 mg/d VO 7 dias
Ceftriaxone 1-2 g/d IV ou IM 5 dias
Amoxicilina/clavulanato 1,75 g/250 mg/d VO 7 – 10 dias
Amoxicilina/clavulanato 4 g/250 mg/d VO 7 – 10 dias
Amoxicilina 1,5 g/d VO 7 – 10 dias 83 – 88% 82 – 87%
Amoxicilina 4 g/d VO 7 – 10 dias
Proxetil cefpodoxima 400 mg/dia CO 7 – 10 dias
Acetilcefuroxima 500 mg/d VO – 10 dias
Cefexima
Cefdinir
Sulfametoxasol/Trimetoprima 1600/320 mg/d VO 7 – 10 dias
Doxiciclina 77 – 81% 78 – 80%
Clindamicina
Azitromicina/claritromicina/eritromicina
Telitromicina
Cefprozil (crianças)
Cefaclor 65 – 66% 67 - 68%
Loracarbef
Cura espontânea prevista 62% 63%

Rinossinusite Aguda Bacteriana: Tratamento 17


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tiva suscetibilidade, levando em consideração a tico, evitando-se o uso indiscriminado de anti-


provável resistência bacteriana, as comorbidades bióticos, que levará à resistência bacteriana50(A).
e a gravidade do quadro. No Quadro 236(A), são
apresentados alguns indicativos que aumentariam O uso de antibióticos está indicado nos casos de
a resistência do S. pneumoniae, o que poderia ser RSAB moderada ou grave, uma vez que RSAB leve
sugestivo do tratamento com outro antibiótico ou não complicada o tratamento deve ser iniciado sem
de maior espectro, que não seja a amoxicilina. antibióticos, com corticoides tópicos nasais35,36(A),
exceto nos pacientes que não apresentam melhora
Os antibióticos considerados de “segunda com tratamento adjuvante; assim como nos pacientes
escolha”, amoxicilina-clavulanato, levofloxacino, com sintomas intensos (febre >37,8ºC, dor impor-
moxifloxacino, acetilcefuroxima, e claritromici- tante em face) e em pacientes imunodeprimidos,
na, são os usados em estudos com desenho mais independente do tempo da doença38(D). Os estudos
consistentes na literatura para uso em rinossinu- mostram tempo de tratamento variável, variando de
site aguda, por serem antibióticos mais recentes, 7 a 10 dias para a maioria dos antimicrobianos e 14
o que não significa que drogas mais antigas não dias para claritromicina.
tenham atuação nesta doença.
A amoxicilina é considerada o antibiótico de
O tempo de tratamento da maioria dos primeira escolha para o tratamento da RSAB
artigos disponíveis na literatura é variável, com em centros primários, por sua eficácia e baixo
eficácia demonstrada para maioria das drogas custo. A eritromicina tem eficácia comparada a
com cerca de 7-10 dias, e claritromicina com amoxicilina e está indicada para pacientes com
14 dias. alergia aos β–lactâmicos36,50,56(A).

Recomendação Nos casos de suspeita de S. pneumoniae


O uso de antibióticos não está indicado nos resistente às penicilinas, nos casos graves e/ou
casos de rinossinusites virais, uma vez que não associados a comorbidades, antimicrobianos
altera o curso da doença55(B). Nunca deve ser de espectro mais amplo que a amoxicilina são
feito simplesmente como tratamento sintomá- indicados.

Quadro 2
Fatores que sugerem maior chance de falha terapêutica com o uso de amoxicilina e
que justificam o uso de antibióticos de maior espectro no tratamento da RSAB36(A).
Alta Suspeita de Resistência Bacteriana ao S. pneumoniae
  pacientes < 2 anos
  pacientes > 65 anos
  doença grave
  uso prévio de antibióticos nos últimos 3 meses
↑ gravidade do quadro clínico (que não permite falha terapêutica)
Pacientes não responsivos ao 1º antibiótico
Sinusite frontal e esfenoidal (> chance de complicação)

18 Rinossinusite Aguda Bacteriana: Tratamento


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11. Há indicação de cirurgia no trata- ca, que dificultaria o controle do sangramento


mento da RSAB? durante a cirurgia endoscópica nasossinusal
tradicional. Além disso, cirurgias em vigência
A cirurgia não costuma ser o tratamento de de RSAB costumam apresentar sangramento
escolha nas RSAB. Porém, em situações espe- mais abundante devido à inflamação aguda da
cíficas, a cirurgia parece desempenhar papel em mucosa nasossinusal. A punção maxilar com
seu tratamento. Discutiremos a seguir algumas lavagem antral parece desempenhar papel signi-
dessas situações, levando em consideração que ficativo no tratamento dos pacientes em estado
são escassos na literatura estudos duplo-cego grave com RSAB, pois melhora o quadro febril
controlados e randomizados realizados em pa- e permite coleta de material para cultura, sem
cientes cirúrgicos. necessidade de transporte do paciente para a
sala operatória66(C). Porém, esse procedimento
A rinossinusite aguda de repetição (RSAR) pode apresentar índice considerável de falha
caracteriza-se por quatro ou mais episódios de terapêutica, pois atua apenas no seio maxilar,
sendo que há acometimento associado do seio
RSAB em um ano, com melhora completa
esfenoidal em cerca de 90% dos casos. Portanto,
entre os episódios. Diferentemente da rinos-
a punção esfenoidal associada à punção maxilar
sinusite crônica (RSC), a RSAR costuma ser
parece ser uma alternativa viável para o manejo
primariamente relacionada às alterações do
cirúrgico inicial nesses pacientes67(C). Nesse
complexo óstio-meatal, portanto, a cirurgia
mesmo cenário, a sinuplastia por balão poderia
endoscópica nasossinusal parece desempenhar
auxiliar, pois dilataria os óstios sem resseção mu-
papel importante em seu tratamento. A cirurgia
cosa, além de permitir aspiração de secreção para
costuma ser menos extensa que na RSC e os cultura e lavagem dos seios acometidos68(C). Em
pacientes apresentam melhora comprovada por caso de persistência de febre após punção, a ci-
questionários de qualidade de vida e também rurgia endoscópica funcional nasossinusal pode
pela diminuição no uso de medicações após a desempenhar papel no tratamento da RSAB nos
cirurgia65(B). pacientes em estado grave69(C).

Pacientes em estado grave em unidades As complicações de RSAB podem ser clas-


de terapia intensiva (UTI) ou imunocompro- sificadas em orbitárias, intracranianas e ósseas,
metidos com RSAB formam um grupo de sendo que as complicações orbitárias são muito
manejo desafiador, pois podem apresentar falha mais frequentes que as outras duas. O papel da
terapêutica mesmo após tratamento clínico cirurgia dos seios paranasais nas complicações de
agressivo, devido à imunossupressão primária RSAB ainda permanece controverso na literatu-
ou secundária. Cuidados especiais devem ser to- ra, havendo uma tendência maior de indicação
mados diante de neutropenia grave (neutrófilos nos casos de complicações intracranianas e
<500). Desse modo, caso permaneçam febris ósseas do que nas orbitárias70(B). A cirurgia
após tratamento clínico, tornam-se candidatos endoscópica funcional nasossinusal parece ser
à cirurgia. Porém, pacientes em estado grave uma alternativa segura e eficaz nas complicações
ou imunocomprometidos podem apresentar de RSAB, reservando os acessos externos nos
trombocitopenia e menor atividade hemostáti- casos de osteomielite71(C).

Rinossinusite Aguda Bacteriana: Tratamento 19


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A cirurgia dos seios paranasais pode ser frontal com irrigação, resguardando a cirurgia
evitada nos casos de complicações orbitárias endoscópica funcional dos seios paranasais como
de RSAB, desde que respeitados os seguintes tratamento eletivo em caso de cronificação75(C).
critérios: Como a disseminação costuma ser hematogênica,
1. Ausência de alteração da acuidade visual, não é surpreendente que a abordagem dos seios
da pupila ou da retina; não produza melhora imediata da complicação
2. Ausência de oftalmoplegia em uma ou mais intracraniana. Nos casos de evidência de dissemi-
direções; nação direta, a cirurgia parece desempenhar um
3. Pressão intraocular de até 20 mmHg; papel melhor, principalmente se o defeito ósseo
4. Proptose de até 5 mm; estiver próximo do abscesso74(C). Mesmo assim,
5. Largura do abscesso de até 4 mm na tomo- alguns autores preconizam o tratamento cirúrgico
grafia computadorizada. nasossinusal de rotina em casos de complicação
intracraniana de RSAB76,77(C), provavelmente na
Porém, caso o paciente não preencha os cri- tentativa de excluir o foco primário de infecção.
térios acima, apresente piora clínica a qualquer
momento ou ausência de melhora clínica após 48
A rinossinusite fúngica invasiva aguda
horas de tratamento clínico adequado, a cirurgia
(RSFIA) é uma doença grave, rapidamente
dos seios paranasais deve ser realizada72(B). O
progressiva e acomete pacientes que apresentam
tratamento cirúrgico das complicações orbitárias
imunossupressão ou DM descontrolado. Os
de RSAB baseia-se na cirurgia funcional endos-
fungos que causam a RSFIA são saprófitas da
cópica nasossinusal nos seios acometidos71,73(C).
cavidade nasal e faringe, porém tornam-se pato-
Na presença de abscesso subperiosteal, a necessi-
gênicos devido à doença imunossupressora78(B).
dade de orbitotomia externa associada dependerá
da localização do abscesso (lateral, superior ou O prognóstico da doença depende do diagnóstico
inferior). Os abscessos subperiosteais mediais e do tratamento precoces, com debridamento ci-
podem ser drenados por via endonasal, durante rúrgico agressivo e terapia antifúngica sistêmica.
a etmoidectomia73(C). O debridamento cirúrgico promove:
1. Diminuição da progressão da doença, dan-
Nas complicações intracranianas de RSAB, do tempo à recuperação da medula óssea;
o papel da craniotomia está bem estabelecido, 2. Redução da carga fúngica que, por sua
porém o papel da cirurgia dos seios paranasais vez, reduz a carga sobre os neutrófilos em
não está bem claro ainda. A realização precoce recuperação;
da cirurgia endoscópica nasossinusal não pareceu 3. Prevenção do crescimento fúngico sobre o
alterar o curso da complicação intracraniana de tecido desvitalizado;
RSAB, resultando em necessidade de cranio- 4. Aumento da capacidade dos antifúngicos
tomia, mesmo em lesões pequenas74(C). Além em atingir áreas infectadas;
disso, a RSAB de base costuma ser resolvida 5. Facilidade na irrigação nasal e na monitori-
com o tratamento clínico, mas, nos casos de zação pós-operatória da doença recorrente;
complicação intracraniana, pode-se lançar mão 6. Fornecimento de espécimes para cultura e
de técnicas pouco invasivas, como trefinação exame histopatológico.

20 Rinossinusite Aguda Bacteriana: Tratamento


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Porém, apesar da cirurgia desempenhar Nycomed; recebeu honorários por apresentação,


papel importante no tratamento da RSFIA, o conferência e palestra patrocinada pela empresa
principal fator prognóstico parece ser a recupe- Recrett; recebeu honorários para organizar ativi-
ração da imunidade, já que as causas de morte, dade de ensino patrocinado pela empresa Bayer.
na maioria das vezes, são por consequência da
doença de base e não da RSFIA79(C).
Lubianca Neto JF: recebeu honorários por
palestras, produção de material impresso, artigos
Apesar do debridamento clássico por via
de revisão para Educação Médica Continuada
externa ter sido muito utilizado no passado,
o debridamento por via endoscópica parece e evento científico patrocinados pela empresa
também ter seu papel no tratamento cirúrgico MSD; Ministrou palestras patrocinada pela
da RSFIA. A cirurgia por via externa não mos- AstraZeneca.
trou vantagem sobre a cirurgia endoscópica em
termos de sobrevivência78(B). O debridamento Weckx LLM: recebeu honorários por mi-
endoscópico é adequado nos pacientes diagnos- nistrar aulas patrocinadas pela empresa GSK.
ticados em estágios iniciais da doença. Além
disso, promove uma opção menos traumática Hueb MM: recebeu honorários para or-
nesses pacientes que já têm condição de saúde ganizar eventos científicos patrocinados pela
mais precária. O debridamento por via externa é
empresa MSD.
preferível nos casos de extensão orbitária, palatal
e/ou intracraniana78(B).
De Freitas MR: recebeu reembolso por com-
Recomendação parecimento a conferências patrocinadas pelas
A cirurgia não é o tratamento de escolha empresas GlaxoSmithKline e Sanofi Aventis.
nas RSAB, mas deve ser considerada em situa-
ções específicas: RSAR65(B); nas complicações Lessa MM: recebeu reembolso por com-
orbitárias (ainda controverso), intracranianas e parecimento a conferências patrocinadas pela
ósseas (também controverso)70,72(B); diante de empresa MSD.
RSFIA rapidamente progressiva em pacientes
com imunossupressão como HIV ou DM Neves M: recebeu honorários por consul-
descontrolado78(B). toria médica patrocinada pela empresa Libbs
Farmacêutica.
Conflito de interesse
Pádua FGM: consultora em atividades de
Piltcher OB: Recebeu honorários por
educação médica continuada para Janssen-
Cilag, GSK, MSD, Bayer; participando como apresentação em palestras patrocinadas pelas
palestrante e/ou escrevendo material didático empresas AstraZeneca e MSD.
impresso. Kosugi EM: palestrante pela MSD.
Roithmann R: recebeu reembolso por
Araujo E: recebeu reembolso por compareci- comparecimento a simpósio patrocinado pelas
mento a simpósios patrocinados pelas empresas empresas Nycomed e MSD.

Rinossinusite Aguda Bacteriana: Tratamento 21


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