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Antropólogo, com formação pela antiga União Soviética, cientista político e professor da
PUC-GO afirma que lulopetismo levou o Brasil ao atraso e garante: “Lula é carta fora do
Para professor, 13 anos de PT no poder levaram a educação brasileira ao atraso | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção
Wilson Ferreira Cunha é daqueles professores que não têm medo de opinar e que gostam de
basear suas opiniões no conhecimento adquirido ao longo dos anos. E, como historiador,
antropólogo e cientista político, é possível dizer que conhecimento não lhe falta.
Nesta entrevista, o professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) faz duras
críticas à educação brasileira e diz que os 13 anos da era PT à frente do governo federal levaram a
Educação brasileira que pode ser comparado ao que viu quando estudou na União Soviética
“Começa pelos reitores das instituições federais de ensino e até das universidades particulares,
que são atrelados aos programas obsoletos do Ministério da Educação. Há um “puxa-saquismo”
geral nos meios da Educação. É preciso tirar isso, o que será muito difícil, porque é um sistema
orgânico inserido na Educação brasileira, que vai levar uns 50 anos”, diz.
indignação, mas a indignação com a corrupção do PT não teria de ser muito maior?
O PT está perdendo o foco principal, que é a ladroagem, a corrupção. Claro que o juiz Sérgio Moro
e a Polícia Federal não tinham conhecimento da gravidade da saúde da mulher de Guido Mantega,
e o juiz mandou soltá-lo imediatamente após reconhecer esse fato. Só que isso não tira a
ilegalidade da posição do ex-ministro durante sua gestão, tanto que já foram bloqueados R$ 10
milhões das contas dele. O PT, como sempre, tenta desvirtuar o principal foco do problema que é
a corrupção, a ladroeira que ocorreu neste país nos últimos 13 anos. Isso é uma estratégia de
pessoas que têm uma imaginação totalitária de únicos detentores da verdade, os únicos que
Euler de França Belém – Como o sr. interpreta a atitude do ex-presidente Lula, que nessa
história toda parece não viver no Brasil, e parece, sobretudo, que está acima das leis?
Não é só Lula, o PT se acha privilegiado, acima de todos os brasileiros, acima da lei. Tanto que ele
também fica indignado, bravo com o que foi noticiado como se fosse uma pirotecnia. Maior
pirotecnia é o roubo de toneladas de dinheiro das instituições públicas como nunca aconteceu em
outra parte do planeta. Esse é o principal problema. Lula e todo o lulopetismo estão identificados
com o poder e não com a administração do poder, e para isso, desde 2002, começaram a ter essa
estratégia de como permanecer per saecula saeculorum no poder ao longo de sua administração.
Euler de França Belém – O sr. estudou na União Soviética no período brejneviano [Leonid
Ilitch Brejnev liderou o país entre 1964 e 1982], marcado por muita corrupção. Mas parece
que a corrupção da esquerda soviética foi muito menor do que a que ocorreu agora no
Todos nós nos surpreendemos, porque o PT tinha um discurso de ética, de moralismo com a coisa
pública e fez exatamente o contrário; aliás, pior que os outros partidos tradicionais.
Cezar Santos – O sr. diria, então, que o PT montou uma mecânica para domínio total das
E isso começou nos primeiros meses do governo Lula, em que foram se apropriando das
instituições públicas, com o objetivo de cooptar, conciliar com os outros partidos, principalmente
com o PMDB, para ter uma permanência duradoura no poder. E para isso eles precisavam de
dinheiro, e tiraram o dinheiro das instituições públicas, como Petrobrás, BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social), fundos de pensão, Caixa Econômica Federal etc. Eles
mundial inédito, porque nunca houve no mundo tamanha usurpação do dinheiro público por
Cezar Santos – Além do roubo em si, qual consequência essa escalada de corrupção
Isso é triste para o País porque despolitiza a política. Política não é roubalheira, política deve ser
movimento para construir e desenvolver um país. Mas não é só na área financeira que o PT fez um
que vivi na ditadura socialista de Brejnev, que foi um dos últimos ditadores soviéticos. Há uma
militância que se diz a favor dos pobres e oprimidos, dos não acolhidos, e isso reflete no ensino,
tanto fundamental quanto médio e principalmente no terceiro grau. Há uma baixaria enorme na
área educacional que a gente não pensaria ser possível numa democracia republicana.
Começa pelos reitores das instituições federais de ensino e até das universidades particulares,
geral nos meios da Educação. É preciso tirar isso, o que será muito difícil, porque é um sistema
orgânico inserido na Educação brasileira, que vai levar uns 50 anos. Crianças que nasceram em
2002, atravessaram os 13 anos de petismo no poder, e aqueles que tinham 15 anos, quer dizer, a
geração que menos 35 anos não tem outra imagem do Brasil a não ser a dos governos petistas.
brasileiro.
Euler de França Belém – O sr. é historiador, antropólogo, cientista político. Na sua avaliação,
Vai ficar muito ruim, será uma marca desastrosa. Com o PT erigiram-se alguns paradigmas na
Educação brasileira que precisam ser destruídos. Por exemplo, criou-se o pensamento de que
trabalho em grupo é que movimenta o ensino no País. Ora, trabalho em grupo justifica a imagem
do ensino brasileiro.
Outro dano é a postura crítica, entre aspas, que se sobrepõe à absorção do conhecimento. A
crítica é só para aquele que pensa o contrário, não é a crítica que constrói o conhecimento. Outro
que isso não existia nem na ditadura, época em que pelo menos os alunos procuravam adquirir
conhecimento. Hoje, temos o analfabeto virtual dentro da universidade, que não sabe escrever
Outros absurdos (Wilson consulta um texto que trouxe): a prioridade das atividades chamadas
sociais; os trabalhos fora do estudo persistente, que é ajudar a incluir. Essa lengalenga de ajudar a
justiça social, entre aspas, se tornou quase um padrão de direcionamento da política educacional
mestrado e doutorado de excelência no Brasil não chegam a 2%, isso é constatado pelo próprio
MEC. Gente que fez mestrado e doutorado por fazer, como se fosse uma indústria, sem nenhuma
Por último, a palavra metodologia virou assim um suprassumo da sapiência, um mantra. Fala-se
de metodologia e está tudo resolvido, em detrimento dos conteúdos. Não se pode ter
metodologia sem conteúdo, senão vai haver esse tipo de aluno que é o pior tipo de estudante não
só no terceiro grau, mas também nos ensinos fundamental e médio. (enfático) Tanto que o MEC,
agora sob nova gestão, dobrou a carga horária no ensino médio; de 800 passou para 1,6 mil horas
e, nos três últimos anos, o aluno terá de escolher uma das áreas de interesse dele. Já é uma
Marcos Nunes Carreiro – O sr. diz que, no período petista, a educação brasileira foi posta a
serviço do partido?
Educação deveria ser uma das políticas prioritárias de qualquer partido que chega ao poder,
porque não se faz um país sem educação de qualidade. Aliás, a educação no Brasil virou uma
praticamente o mesmo número de universidades federais no País que havia nos 100 anos
anteriores. O resultado é baixa qualidade e o malefício maior se dá principalmente na área da
saúde. Há diversas faculdades de medicina que não têm estrutura adequada para proporcionar
um ensino de qualidade. Nem precisa ir às universidades para ver, basta ir aos hospitais, ao SUS.
Ao lulopetismo interessa aquele reitor alinhado e aliado ao governo federal. Na eleição de Dilma
Rousseff, todos os reitores de universidades federais manifestaram apoio a ela. Isso despolitiza e
deixa desânimo na população, que está percebendo isso no bolso, no dia a dia.
Na educação, deve durar cinco décadas, porque são novas gerações que terão de vir para limpar
esmagadora maioria dos professores de história. Os livros e até as questões do Enade são
tendenciosas.
Cezar Santos – Sobre isso, há livros didáticos aprovados pelo MEC para alunos do ensino
fundamental que trazem críticas ao governo Fernando Henrique Cardoso e elogios à gestão
de Lula.
Isso é uma estratégia política de permanência no poder a qualquer custo. A corrupção do PT veio
Cezar Santos – A história desse período só vai poder ser lida com mais realidade quando
Claro, e observo que os não petistas hoje são perseguidos. Há uma patrulha enorme sobre as
pessoas que contestam esse sistema de interesse político esquerdista, e são poucos historiadores
e antropólogos que discutem isso abertamente. Quando fazem isso são imediatamente
destroçados, alijados do processo. Para se ter uma ideia, o Departamento de História da PUC tirou
do currículo a disciplina antropologia. E por quê? É uma postura ideológica, porque a antropologia
não se filia a nenhuma corrente, é uma concorrente ao marxismo-leninismo, é uma disciplina que
não interessa a isso. Aliás, não existe neutralidade em nenhuma disciplina. O grande historiador
judeu francês Marc Bloch (1886-1944), que foi fuzilado pela Gestapo de Hitler, propõe uma história
na busca de problemas, uma história problemática, digamos. Esse é o foco da história: levantar os
socialistas que foram colocadas na prateleira. Hoje, nem os próprios russos as defendem, nem os
chineses; sobram aí o Vietnam do Norte, a Coreia do Norte, Cuba e talvez Equador, Venezuela.
Tudo isso querendo se contrapor a um
obsoletas.
período da ditadura. Então, esse foi um argumento usado para penetrar na população e, até certo
ponto, deu certo, porque tem gente que repete esse discurso. Eles não têm mais o governo
federal nas mãos, mas ainda têm esses núcleos militantes, que são fortes.
umbigo. Tanto que essas eleições serão uma amostra do que será a vida do PT pós-impeachment:
em São Paulo, nas eleições passadas, eram mais de 9 mil candidatos a vereador e, hoje, não são 4
mil. Aliás, os candidatos do PT não têm coragem sequer de mostrar a sigla do partido junto com a
sua foto. A estrelinha está o menor possível. Eles mesmos estão envergonhados de si, pois,
Euler de França Belém – Qual será o Brasil após esse período conturbado? Estamos vendo a
cara dos nossos políticos, empresários e dos nossos intelectuais, mas vemos também as
A perspectiva não é a do avanço de um regime totalitário, apesar de que a briga atual, não apenas
no Brasil mas no planeta, é das posições totalitárias contra as posições abertas. E é claro que a
esquerda defende, com arrogância, ser a única dona da verdade e consegue ter adeptos, porque é
a narrativa de uma utopia acerca de algo que poderia acontecer e que foi visto por Rousseau ou
Marx, nos séculos XVIII e XIX. Quer dizer, o mundo já está caminhando para outro lado e o Brasil,
que não é um país como Equador ou Venezuela, deve se beneficiar desse novo quadro. O Brasil
tem uma sociedade mais evoluída e um capitalismo presente, mesmo que muitos empresários
tenham sido cooptados pelo governo federal e agora estão presos. Então, o País pode, por meio
da Lava Jato, que é uma nova leitura jurídica dos ilícitos corridos no Brasil, dar mais valor aos fatos
“propinocracia”, palavra criada por Deltan [Dallagnol, procurador Ministério Público Federal e co-
ordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato]. Isto é, o “governo da propina”, que realmente
foi instituído no País. Quem participou ficou indignado quando a denúncia foi feita, mas não ficou
indignado com o uso da propina. Agora, denúncia não significa acusação. A acusação foi aceita e o
processo foi iniciado. Os méritos do processo, os fatos, é que são inquestionáveis. Veja o caso de
Mantega, que teve a prisão decretada exatamente porque há fatos concretos mostrando que ele
pegou propina.
Euler de França Belém – Muitos acreditam que Lula já ficou no passado e deve ser debatido
como figura histórica. O sr. acredita que Lula tem algum futuro político?
Não deveríamos acreditar nisso, porque Lula é uma carta tirada do baralho a nível político
nacional. Mas quem vai referendar essa conclusão é o eleitor brasileiro e, provavelmente, nem
será candidato em 2018. Essa já é uma aposentadoria, porque a marca do governo petista foi,
desde 2003, corrupção. E os demais partidos, sobretudo o PMDB, assim como os empresários,
também são culpados disso. E outra coisa: há um conluio para barrar a Lava Jato. No Congresso,
na calada da noite, absolver aqueles que estavam envolvidos em esquemas de caixa dois, isto é,
dar aos políticos evolvidos nisso, anistia. Caixa dois é algo usado até hoje. Nessas eleições, o
próprio Tribunal Superior Eleitoral já denunciou quase 20 mil casos, no País inteiro, de mortos e
pessoas que recebem Bolsa Família doando quantidades grandes de dinheiro. Esse é o jeitinho, a
antropológico brasileiro.
Euler de França Belém – O sr. acha que a política exterior do Brasil já melhorou com José
Serra?
Claro. Isso trouxe oxigênio ao País, o que é bom politica e economicamente, porque há certa
engraçado que as pessoas do governo passado não assumem o que é atribuído a ele, mas
Marcos Nunes Carreiro – O sr. não vê nada de positivo nos governos da última década?
O que esses governos trouxeram de positivo foi o entendimento de que não se pode confiar em
político. Quem disse isso pela primeira vez foi Maquiavel, de que política se faz com humanos e
não com santos, com messias. E humanos são capazes de prejudicar pessoas e também o País.
Então, isso é um aprendizado. O prejuízo foi que o lulopetismo misturou o público e o privado.
O Brasil foi patrimônio dos portugueses durante 400 anos e patrimônio do lulopetismo durante 13
anos, como se a “coisa pública” pertencesse àquele partido que chegasse ao poder. Por isso, a
população deve se indignar com a ladroagem que aconteceu nesses 13 anos, porque foi dinheiro
público, fruto de impostos que a população pagou, que foi direcionado a empresas privadas,
partidos políticos e até para o bolso particular de uma quantidade enorme de políticos. Então, o
A democracia tem que ser reavaliada sempre, pois é muito vulnerável. Todos participam e vemos
pessoas desonestas participando e que estão ali para atender a interesses pessoais. E também é
uma oportunidade de a população perceber quem está falando a verdade, tanto que o melhor
político hoje, no sentido de ganhar voto, é aquele que fica em cima do muro. É o genérico da
política e quanto menos atitudes e posições ele tiver, melhor. Tanto que os políticos só faltam
exemplo, é uma cidade moderna, mas que tem um candidato como Iris Rezende, que não
tem uma visão moderna de cidade. Por que existem, no Brasil, figuras retardatárias como
essa?
Iris deve ser o último populista que nós temos, cheio de proselitismo e retóricas tradicionais. Mas
a culpa disso está na discussão política que começa na escola e na universidade e que foi
aplacada durante esses 13 anos. Então, não se viu surgir novas lideranças no País. Por isso, temos
E Iris não é único. Existem muitos “Iris” espalhados pelo Brasil, assim como muitos “Lulas”, pessoas
que se veem em uma missão messiânica, de chamamento para resolver os problemas de uma
cidade que é muito complexa, da saúde ao transporte público. Os candidatos não têm coragem de
colocar sobre a mesa ideias, propostas e planos viáveis com o orçamento da cidade, afinal,
existem limites. Veja que tem candidato propondo colocar videomonitoramento em todas as
Então, esse discurso se mantém porque não houve renovação durante 13 anos. Essa cooptação
do governo federal em todas as áreas atrasou o Brasil por décadas. Se fosse um país verdadeira,
que discutisse a realidade das cidades, dos Estados e do País, não teríamos esse atraso. Nós
permaneceram. Então, essa eleição pode mudar a forma de fazer política para as próximas
eleições. Como? Uma reforma política que extinga o fundo partidário, que é uma aberração. Tem
partido que vive só pelo fundo partidário, que chega a garantir de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões por
ano. Isso é uma loteria esportiva. (enfático) São partidos nanicos e que têm meia dúzia de
Cientista político Wilson Ferreira da Cunha: “Política eleitoral não é tudo numa sociedade. Quem faz sociedade é a
própria sociedade. Os próprios moradores que vão fazer a cidade” | Foto: Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção
Euler de França Belém – O sr. tem notado o eleitor de Goiânia perceptivo? Parece que o
Sim. Ele examina quantas vezes, por exemplo, Iris deixou a Prefeitura. Iris não termina um
mandato. A perspectiva de ele se colocar como candidato foi praticamente no último minuto do
segundo tempo. Ele não era candidato. Quando percebeu que o PMDB não tinha preparado um
nome para ter visibilidade e densidade eleitoral, ele se apresentou como candidato.
Foi ingenuidade nossa acreditar que não seria candidato. Claro que ele tinha a possibilidade de
relação a Vanderlan, provavelmente graças à sua campanha, ele foi subindo nas pesquisas, que
não é a eleição. Pesquisa é o retrato do momento, não é resultado eleitoral. Isso pode parar
tendo mais votos, os 40% que vêm aí vão desembocar na urna a favor desse mais favorito.
Sim.
Marcos Nunes Carreiro – Essa é a primeira eleição após essa minirreforma eleitoral, que não
Esperando é melhor, mas já é possível falar alguma coisa. Vimos a diminuição do marketing.
marqueteiro fazia isso e ganhava a eleição com esse raciocínio de que os 40% seguem aquele
mais vitorioso. Mas haverá a possibilidade de ter uma reforma política e mudar o jeito de votar.
Talvez com a intenção dos próprios candidatos. Porque eles estão vendo que é muito mais difícil
chegar ao eleitor.
Se houvesse distribuição dos eleitores por distrito, dos votos, o contato seria mais presente e mais
eficiente, com o número delimitado de eleitores que iria votar naquele candidato. Eles vão sentir
isso lá na frente. Não precisa fazer uma reforma política, basta mudar o voto proporcional
Outra coisa é acabar com as coligações e depois implantar um mínimo necessário como existência
para partido político. Ele pode continuar a ser da política, mas não como partido político.
E sem dinheiro do fundo partidário. Não vai proibir que haja manifestação, pois na democracia
você tem o livre direito à manifestação, mas não entrar na composição político-jurídica do País. Aí
você vai filtrar mais e ter partidos com mais representatividade de ideias, de projetos e vai haver
Política eleitoral não é tudo numa sociedade. Quem faz sociedade é a própria sociedade. Os
Outra coisa é deixar de ser obrigatório o voto. Tanto que nas eleições dos Estados Unidos nem
50% dos eleitores comparece no dia da votação. E o país deslancha. A gente dá muita atenção e
poder àquele profissional político. Precisamos diminuir o papel do político profissional na
sociedade, diminuir o papel do governo, do Estado. Aí você terá menos interferência na vida da
E vai aflorar indivíduos com mais compromisso e responsabilidade quando se apresenta como
candidato. E não como salvador da pátria, como Messias, insubstituível. Praticamente quase todos
os candidatos se creem insubstituíveis. Se não for ele, outro não presta. Com isso você terá
estão no poder.
Você administra em uma gestão pública para o município. E não para aquele partido. Então você
descaracteriza essa marca partidária e põe um gestor público, que é o que mais interessa ao
município, Estado e União. Nós temos que pensar um novo pacto federativo.
Será que o Brasil suporta 5.770 municípios? Não. Mais de 3 mil municípios são dependentes do
governo federal e estadual. Nessas eleições deveria ser discutido isso. Eu acredito que isso seja a
primeira pauta da agenda dos municípios brasileiros. Discutir o novo pacto federativo e uma nova
forma de implantar municípios. Município é um lugar que deve ter autonomia econômica,
autonomia financeira, gestão própria para sustentar os três poderes. É uma discussão muito
Aqueles 3 mil municípios dependentes serão colocados como distritos ou povoados. Se ele
alcançar uma autonomia, que é feito pelos moradores daquele povoado ou distrito, onde as
pessoas crescem, enriquecem e sobe de degrau para distrito ou município. Essa discussão ela está
não está sendo colocada em nenhum Estado brasileiro. Nem os candidatos estão colocando isso
Cezar Santos – Não se fala de uma política de maior alcance, só se trata das coisas
pequenas.
Existe mais um populismo demagógico, proselitismo, não há discussão política. Isso desqualifica a
política municipal. Isso é gravíssimo. É um dos momentos mais importantes para se colocar em
pauta.
Política se faz escolhas de ideias e posições, de doutrinas. A democracia precisa se reavaliar
sempre. Não significa que isso será um ponto final na discussão política. Não há terminalidade.
Todas as gestões públicas só devem ser avaliadas depois de terminadas essas gestões. No
processo se houver algum desvio, como no caso da trapalhada da Dilma, você interferir. Está aí a
existência dos três poderes autônomos. As regras democráticas exigem que cada um dos poderes
Um caso interessante é analisar os candidatos a vereador, e mesmo a prefeito. Eles têm que saber
reconhecer qual o terreno deles. Goiânia, por exemplo, termina ali na primeira rua em contato
com Aparecida de Goiânia. Ele acha que vai sair da Câmara Municipal algum decreto para resolver
• 8 Comments
1
É esse tipo de gente que deve ser ouvida. Fala o que vivenciou. Não inventa.
Cinquenta anos, mas com uma ressalva. Levaremos cinquenta anos se todo brasileiro de bom
senso falar, falar muito, escrever muito, digitar muito.... Caso contrário, essa catástrofe de
ideologia ainda poderá prevalecer e poderemos não mais sairmos disso indefinidamente.
Portanto, é necessário que cada brasileiro com um pingo de discernimento fale, escreva, digite
incessantemente até vencermos essa catástrofe.....
Entrevista maravilhosa!