Este documento discute o princípio da composicionalidade, que afirma que o significado de uma expressão complexa é determinado pelos significados de suas partes e como são combinadas. A primeira seção explica o princípio. A segunda seção argumenta que ele resolve como podemos produzir e compreender um número potencialmente infinito de sentenças com recursos finitos. A terceira seção argumenta que ele explica como entendemos novas sentenças com a mesma estrutura.
Este documento discute o princípio da composicionalidade, que afirma que o significado de uma expressão complexa é determinado pelos significados de suas partes e como são combinadas. A primeira seção explica o princípio. A segunda seção argumenta que ele resolve como podemos produzir e compreender um número potencialmente infinito de sentenças com recursos finitos. A terceira seção argumenta que ele explica como entendemos novas sentenças com a mesma estrutura.
Este documento discute o princípio da composicionalidade, que afirma que o significado de uma expressão complexa é determinado pelos significados de suas partes e como são combinadas. A primeira seção explica o princípio. A segunda seção argumenta que ele resolve como podemos produzir e compreender um número potencialmente infinito de sentenças com recursos finitos. A terceira seção argumenta que ele explica como entendemos novas sentenças com a mesma estrutura.
Departamento de Filosofia, UFMG Contextualismo, 2021/1 I O princípio Princípio de composicionalidade: O significado de uma expressão complexa é uma função dos significados de suas partes e do modo como são combinadas. II A primeira motivação: produtividade Resolver o balanço entre nossa capacidade finita de armazenamento e processamento linguístico e a capacidade de produzir e compreender um número indefinido de sentenças. Esta foca se parece com o tio do cara do apartamento de cima. ◦ Dar com a língua nos dentes; ◦ Procurar cabelo em ovo; ◦ Eu vi minha avó pela greta; ◦ Chegar a roupa ao pelo; A partir de uma base finita (o léxico) e da aplicação de um número restrito de regras (a gramática), pode-se chegar a um número potencialmente infinito de sentenças. The theory must show us how we can view each of a potential infinity of sentences as composed from a finite stock of semantically significant atoms (roughly, words) by means of a finite number of applications of a finite number of rules of composition. It must then give the truth conditions of each sentence (relative to the circumstances of its utterance) on the basis of its composition. [Davidson (1977) 1984: 202] III A segunda motivação: sistematicidade The argument from systematicity states that anyone who understands a number of complex expressions e1,…, en understands all other complex expressions that can be built up from the constituents of e1,…, en using syntactic rules employed in building up their structures. [Szabó 2012: 76] Algumas focas se parecem com o tio do cara do apartamento de cima. O dono da papelaria se parece com o cachorro da minha tia. Algumas mangas são amarelas. Alguns dióspiros são vermelhos. O mecanismo de compreensão vai estritamente de baixo para cima (bottom up), de maneira que as informações necessárias para compreensão das estruturas linguísticas reside estritamente nos átomos linguísticos e na estrutura. Se houvesse um mecanismo de compreensão inverso, top down, a compreensão de uma frase determinada, e.g., ‘algumas mangas são amarelas’, não garante a compreensão de uma outra frase com a mesma estrutura, e.g., ‘alguns dióspiros são vermelhos’. IV Três observações gerais A explicação da produtividade pelo princípio de composicionalidade parece exigir que o significado das palavras seja o mesmo em todas as suas ocorrências. É preciso também oferecer uma teoria sobre o que é a compreensão assim gerada, ou ainda, responder à pergunta: qual o significado de uma expressão complexa, ou pelo menos de um tipo de expressão a complexa. A resposta central é que compreender uma frase é compreender suas condições de verdade. A formulação davidsoniana Uma teoria A sobre uma língua L deve implicar todas as sentenças-T, a partir de um número finito de axiomas e da aplicação finita de regras. A implicação de sentenças-T é a condição de adequação material para a teoria; a geração destas sentenças a partir de uma teoria axiomática é o formato escolhido para a teoria da verdade. A explicação davidsoniana mostra, pelo que ela deixa de especificar, um outro problema: qual a relação entre a teoria e a geração do princípio? Dito de outro modo, aquilo que é gerado na teoria é um espelho do que ocorre na mente humana?