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Enunciação
Parte II - Pragmática
O estudo da pragmática pode ser colocado como uma forma de suprir a insuficiência do modelo
de códigos.
A comunicação existe através de uma série de recursos que não podem ser
considerados parte de um código, como os modos de direcionar o olhar, os movimentos
corporais e até mesmo os ruídos sem valor linguístico.
Temos o sujeito expresso por um pronome pessoal. Para identificar a referência de eu, é
necessário ser capaz de determinar quem é o falante.
A forma (fui) é expressão do pretérito perfeito do ver ir. O verbo ir é um predicado de dois
lugares (alguém sempre vai a algum lugar).
Outra lacuna referencial no exemplo é da ocorrência de uma elipse¹ com um
funcionamento anafórico².
● Bem cedo pode ter domínios temporais diferentes conforme o seu contexto e
conhecimento de mundo.
O intérprete irá escolher (a) em função do sentido dos outros lexemas que compõem o enunciado.
Mas pegar fila não precisa querer dizer entrar em uma fila grande. Ex:
Um segurança de um estádio de futebol que odeie controlar a fila em dia de jogo poderia
proferir o exemplo, querendo dizer que se apresentou cedo no expediente e livrou-se de ter de
cuidar o público na fila de compra de ingressos. A atribuição de sentido a uma palavra ou expressão
depende da consideração de elementos externos ao código.
Enunciados como no exemplo, não ilustram apenas especificações de sentido e
referência.
É comum a conjunção (e) unir duas ideias que estão relacionadas por mais do que uma simples ideia
de adição, ex:
Mas há mais em (1) a ser considerado parte dos sentidos que tendemos a ver como literais, e que
dependem de inferência pragmática. Uma vez identificado o local a que se refere o enunciado
(posto de saúde, estádio de futebol etc.), o intérprete passa a supor a finalidade da fila aludida. Num
posto de saúde, é a mais plausível.
Esse tipo de inferência é chamado de bridging:
A: Tenho que levar o Júnior ao posto pra consultar o pediatra, mas não quero esperar muito
para ser atendido.
Aqui, na perspectiva da Teoria dos Atos de Fala, é executar com seu proferimento, o ato de
aconselhar.
No diálogo abaixo:
A: Conseguiu levar seu filho ao pediatra? Ele está precisando de atendimento médico urgente.
B: Não. Tinha muita fila no posto de saúde. Você levou a Marcinha também, né?
Essa utilização seria mais bem caracterizada como uma crítica ou repreensão.
PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE SENTIDO PRAGMÁTICO DE GRANDE REGULARIDADE
● Os significados pragmáticos decorrentes da ação desses processos são mais regulares no sentido
de sofrerem menos variação de situação para situação.
● A ideia é dar início à apresentação de diversas camadas do que é pragmaticamente veiculado,
procurando identificar a motivação para sua produção.
Uma sentença sempre será uma organização particular, composta por elementos do léxico de uma
língua estruturados a partir de suas regras de combinação (sintaxe). Os três exemplos a seguir são
sentenças diferentes:
Enquanto (a) é uma sentença na voz ativa, (b) é uma sentença na voz passiva. Já (a) e (c) diferenciam-se
pelo código utilizado. Enquanto (a) é uma sentença da língua portuguesa, (c) é uma sentença da língua
inglesa.
PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE SENTIDO PRAGMÁTICO DE GRANDE REGULARIDADE
● Os significados pragmáticos decorrentes da ação desses processos são mais regulares no sentido
de sofrerem menos variação de situação para situação.
● A ideia é dar início à apresentação de diversas camadas do que é pragmaticamente veiculado,
procurando identificar a motivação para sua produção.
Enquanto (a) é uma sentença na voz ativa, (b) é uma sentença na voz passiva. Já (a) e (c) diferenciam-se
pelo código utilizado. Enquanto (a) é uma sentença da língua portuguesa, (c) é uma sentença da língua
inglesa.
No exemplo (2) - O cachorro está no pátio.
É uma sentença com sentido amplo, ou que pode tomar um ou mais sentidos.
Um enunciado (uma sentença proferida, sentença em contexto) expressa uma ideia muito
mais restrita que a expressa como sentença pura (uma unidade abstrata da língua
portuguesa). A sentença usada deixa de expressar uma obviedade, o enunciado é sentido
como informativo. Um enunciado nada mais é que uma sentença em uso.
Quando usada em um dia por uma pessoa que mora em lugar X, pode expressar uma
proposição distinta de outra usada em outro dia no lugar Y.
Uma sentença, antes de ser proferida, apresenta condições-de-verdade, mas que, antes de
ser proferida, não expressa uma proposição efetiva.
Há sentenças que parecem muito próximas de expressar uma proposição completa, como é o
caso de: - Brutus matou Júlio Cesar.
É verdade, um fato histórico. Mas se ela fosse proferida antes do ocorrido, retrataria um
enunciado falso.
Nos leva a compreender que o reconhecimento de uma proposição, na maior parte das vezes,
depende do reconhecimento de suas condições de produção (tempo e espaço
fundamentalmente).
Enriquecimento de conteúdo sentencial proposicional pouco informativo
Se for alguém que convivemos e tem o costume de tomar café; enriquecimento mínimo pois é
uma dedução clara. É sabido que ele(a) toma café;
Se for uma outra pessoa em um país distante que não tem como costume a bebida café; Teremos
um enriquecimento maior do enunciado. Pois, por exemplo, haverá maior espaço para o diálogo,
posto pelo espaço, tempo e interlocutor envolvidos.
RECONHECIMENTO DE INTENÇÕES
Intenções só podem ser atribuídas a entidades com volição e iniciativa, o que é característico dos
seres humanos, estamos o tempo inteiro identificando as intenções de outras pessoas.
Tomamos por exemplo uma parada de ônibus, a intenção de todos é embarcar em direção a
algum lugar. Se parte das pessoas começam a se direcionar ao embarque de um ônibus específico
e uma pessoa não entra no coletivo, somos levados a pensar que ela desistiu de sua intenção
inicial em razão de uma intenção nova, ela qualquer, aqui existe o reconhecimento da intenção.
Temos também as intenções coletivas, em um time de futebol por exemplo, em um rally com o
piloto e o navegador, em situações críticas com o sniper e o observador, ou o médico e o
instrumentador.
Exemplos como esses nos fazem perceber o grau de complexidade da interação, que
envolve intenções, reconhecimento de intenções, planos, reconhecimento de planos,
reconhecimento de elementos contextuais, reconhecimento do caráter mútuo dos elementos
contextuais.
Embora possa haver outras regras, ainda, como a da polidez, por exemplo, no circuito da
comunicação, Grice deixa entender que as quatro categorias citadas são suficientes para
explicar o fenômeno da implicatura conversacional.
A relação entre os interlocutores e o Princípio da Cooperação.
(A) e (B) em diálogo, não estão considerando nenhuma implicatura por violação. Antes, é o
respeito ao Princípio de Cooperação que está gerando significações extralinguísticas.
(A) e (B) em diálogo, não estão considerando nenhuma implicatura por violação. Antes, é o
respeito ao Princípio de Cooperação que está gerando significações extralinguísticas.