Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO À LÓGICA
1. Surgimento da lógica
Aristóteles (384-322 a.C.), filósofo grego, dedicou especial atenção à análise do
pensamento, procurando estabelecer as bases de um instrumento seguro que permitisse distinguir
a verdade do erro. Neste sentido, escreveu uma série de tratados conhecidos pela designação
geral de Organon, nome que significa precisamente instrumento. Foi assim que Aristóteles criou
uma ciência nova, de capital importância na reflexão filosófica – a Lógica.
1º 2º 3º
Domínio da Lógica Lógica do Conceito Lógica do Juízo Lógica do Raciocínio
Expressão Verbal Termo Proposição Argumento
1Entre diversas interpretações a dialéctica é entendida como a síntese dos opostos por meio da determinação
recíproca.
Modelos de comunicação
Alguns modelos de comunicação conheceram uma enorme divulgação, é o caso dos
modelos de C. Shannon e W. Weaver:
Este modelo (simples) de comunicação sofreu críticas (de Riley Riley, Norbert Wiener e Roman
Jakobson) por excluir duas noções fundamentais no processo da comunicação:
o contexto: os homens (o emissor e o receptor) são seres sociais com normas e valores
dos seus grupos de pertença, na perspectiva de Riley;
A noção de feedback (retroacção) é introduzida por Norbert Wiener, para ele a
comunicação não é unidireccional, linear, isto é o emissor e receptor não desempenham
papéis fixos, portanto, a comunicação é circular ou seja, designa a reacção do receptor à
mensagem emitida e o seu regresso ao emissor, havendo, portanto a inversão de papéis.
Roman Jakobson acrescentou aos três elementos (emissor, mensagem, receptor) outros
três aos quais atribui igual importância: a comunicação acontece sempre num dado
contexto, usa determinado código e visa estabelecer contacto entre os interlocutores.
Mas a grande originalidade de Jakobson reside no facto de ter atribuído uma função a
cada um dos seis elementos do processo, assim:
CONTEXTO
(F. Referencial)
CONTACTO
(F. Fática)
CÓDIGO
(F. Metalinguística)
Dimensão ética: qualquer interveniente numa situação de discurso deve respeitar aquilo
que Karl Otto Apel e Jurgen Habermas chamam de “código deontológico do discurso”.
Eis alguns princípios que devem vigorar no discurso:
Semântica: encontra a sua raiz no grego “semantiké” (tékhne) que significa a arte da
significação ou ciência do significado.
- Para Michel Meyer a semântica trata da relação dos signos som o seu significado, logo, com o
mundo.
- Segundo Karl-Otto Apel a semântica diz respeito à relação dos signos com os factos
extralinguísticos designados.
- A semântica trata das relações dos signos (as palavras, as frases) com os seus significados
(significação) e destes com a realidade a que dizem respeito (referência).
4. Divisão da Lógica
A lógica divide-se em duas partes:
Lógica formal (teórica, pura ou dialéctica);
Lógica material (aplicada, especial ou metodologia).
a) Lógica formal interessa-se pelas formas mais gerais do pensamento – conceito, juízo e
raciocínio – procurando apenas que o pensamento seja coerente consigo mesmo. A lógica pura
estuda as condições formais do pensamento válido (estudo das condições da verdade formal).
b) Lógica material trata das relações do pensamento com a realidade objectiva, isto é, estuda
os métodos gerais das ciências em busca da verdade. A lógica aplicada examina as condições de
concordância do pensamento com a realidade (verdade material).
Desta divisão da lógica, infere-se que os enunciados podem ter validade formal ou material:
Tem validade formal – quando os elementos que constituem um enunciado formam um
todo coerente, sem contradição interna e quando os seus elementos são compatíveis.
Exemplo: Hoje é sábado.
5. Lógica do Conceito
Já atrás referiu-se que a lógica formal abrange três domínios: a ideia (ou conceito), juízo
e raciocínio.
Esta primeira etapa ocupar-se-á na abordagem da lógica do conceito.
Conceito e Termo não se confundem: um conceito pode ser expressado por vários termos.
Exemplo: o conceito de “Rei” é por este termo expressado em português, por Hosi em
xichangana, Koenig em alemão, Nan’golo em ximakonde, Rex em latim, Anwene em ximakwa.
A grande maioria dos lógicos distingue termo mental e termo oral ou termo escrito:
Termo mental é o termo enquanto pensado, equivalendo ao conceito; e
Termo oral ou escrito2 é a palavra falada ou escrita que exprime o termo mental – o
conceito.
Segundo a Claros quando suficientes para fazer reconhecer o objecto falante (o homem)*
PERFEIÇÃO B
Obscuros quando insuficientes para fazer reconhecer o objecto 4 lados (o quadrado)*
COM QUE
REPRESENTA quando permitem distinguir bem um objecto de Faca de cozinha – que
M Distintos outros serve para cortar
O OBJECTO alimentos*
C
quando não permitem distinguir bem um objecto de Química – ciência do
Confusos outros estudo de fenómenos
naturais*
2
Neste grupo está incluso outros tipos de termos, tal é o caso dos termos gestuais, simbólicos, sinaléticas, etc.
Ser
EXTENSÃO
Ser vivo
Animal
Vertebrado
Mamífero
COMPREENSÃO Racional
Clésio
Observação: Quando duas ideias (conceitos) estão relacionadas entre si, chama-se género à de
maior extensão. No exemplo, atrás citado, animal (género) em relação a homem (espécie); no
entanto, será espécie (animal) em relação a ser vivo (género), visto ter maior extensão este último
conceito.
Espécie é o conceito geral que engloba muitos indivíduos semelhantes.
Exemplo: Triângulo é a espécie que convém ao triângulo recto, triângulo isósceles e
escaleno.
Diferença específica é o conceito geral que se junta ao género (próximo) para distinguir
uma espécie de outra do mesmo género.
Exemplo: A espécie humana distingue-se das restantes do mesmo género (animal) pelo facto
de ser racional. Racional é, pois, neste caso a diferença específica.
Propriedade é o conceito geral que assinala uma qualidade que, embora não pertença à
essência do objecto, é inseparável deste, acompanhando-o necessariamente.
Exemplo: A faculdade de rir no homem.
Acidente é o conceito geral atribuível a um sujeito, mas que não pertence à sua essência,
isto é, o sujeito permanece o mesmo, afirmando ou negando essa qualidade contingente
(acidental).
Exemplo: O homem não deixa de ser homem pelo facto de ser ateu ou crente.
Definição é a operação lógica que consiste em analisar um conceito sob ponto de vista da sua
compreensão; quer dizer: é a operação que consiste em decompor uma ideia nas características
que a constituem, apontando as notas peculiares ou essenciais que caracterizam a ideia (ou seja, é
dizer o que uma coisa é e distingui-la do que não é).
Toda a definição apresenta dois elementos:
O Definiendum (o definido) é o que se define ou pretende definir; e
O Definiens (a definição) termo ou grupo de termos usados para explicar ou dar o
significado do definiendum. No exemplo: Triângulo é um polígono de três lados:
“triângulo” é o definiendum (o definido); e
“um polígono de três lados” é o definiens (a definição).
É aquela que define segundo o étimo original da língua primitiva; serve apenas
para precisar o sentido do termo utilizado.
Etimológica
Exemplo: Democracia vem de demo (povo) e cracia (poder) e significa
governo do (e pelo) povo.
Faz-se mediante um termo com o mesmo significado (sinónimo) mais
Sinonímica
NOMINAL conhecido (usual).
(ou Usual)
Exemplo: Um trilátero é um triângulo.
É aquela que define recorrendo ao símbolo, termo, sinal convencionado (ou
atribuído) ao definiendum. Este subtipo de definição é muito usado nas ciências
Estipulativa
naturais.
Exemplo: H2O é água.
1ª Regra: A definição deve ser mais clara do que o definido. Por isso:
não deve conter o termo a definir; deve evitar palavras da mesma família.
Exemplo: Evitar definir a justiça como a qualidade do que é justo.
deve ser elaborada em termos rigorosos, claros, distintos, precisos.
Exemplo: Evitar definir peixe como sendo animal que nada.
deve ser breve (se possível definir usando somente o género próximo e diferença
específica);
não pode ser negativa, excepto nos conceitos privativos.
Exemplo1: Evitar definições do tipo quadrado não é rectângulo.
Exemplo2: Mas define-se analfabeto como sendo o indivíduo que não sabe ler nem escrever.
INTRODUÇÃO À LÓGICA I