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2023
O termo lógica deriva do vocábulo grego “logos” que significa: pensamento, ciência ou razão, isto é, tudo o que se
refere ao saber em ordem à conquista da verdade. A lógica como ciência surge no século IV a.C, seu fundador foi
Aristóteles (filósofo enciclopedista grego/pai da lógica), mas antes dele houve o desenvolvimento do conhecimento
sobre à lógica principalmente com Platão. No entanto, Aristóteles é considerado pai da lógica porque foi ele quem
estabeleceu as primeiras três leis: Lei da Identidade, Lei de Não Contradição e Lei do Terceiro Excluído, e daí o
conhecimento da lógica transformou-se em ciência nas seguintes obras: Categoria, Interpretações, Analítica,
Tópicos e, sobre a Refutação dos sofistas. Estas obras foram publicadas por seu discípulo chamado Andrónico de
Rodes no livro chamado “Organon”.
Definição da lógica
Objecto da lógica
A lógica como uma ciência apresenta um duplo objecto de estudo: objecto formal e objecto material.
• Objecto formal: Preocupa-se com a análise da relação dos elementos envolvidos no enunciado, se estes
são coerentes e não têm nenhuma contradição interna.
• Objecto material: Analisa não só a coerência do enunciado, mas também a sua concordância coma
realidade.
Importância/utilidade da lógica
• Ela ajuda-nos a adquirir competências que nos permitem avaliar a validade dos argumentos que nos são
apresentados, contribuindo assim para desenvolver a autonomia e o espírito crítico.
• Ela proporciona-nos meios que possibilitam a organização coerente dos pensamentos, desenvolvendo
competências argumentativas e demonstrativas, a fim de os podermos comunicar com rigor, coerência e
inteligibilidade.
• Ela permite-nos analisar diversos tipos de discurso, do científico ao político, para nos certificarmos da sua
validade formal.
NB: Não basta que as premissas e a conclusão de um argumento obedeçam somente a validade formal para que o
argumento seja verdadeiro. Caso a validade formal seja falsa automaticamente a material também será falsa. Por
outro lado, se a validade formal for verdadeira a material é indefinido, isto é, pode ser verdadeira ou falsa
dependendo da realidade tida. Entretanto, um argumento é falso ou incoerente quando apresenta contradições
exemplo: (A relva é e não é verde) assim sendo, V.F – F e V.M - F.
Exercícios de aplicação
“Existo e não existo. Chamo-me Pedro e não me chamo Pedro. Sou moçambicano e não o sou. Nesta noite, cheia
de sol, há algumas nuvens brancas espalhadas pelo céu azul. São dez horas e sessenta e três minutos, pelo que só
faltam cinco horas para as onze. Saio de casa, e entro para a cozinha. A chuva cai. É bom caminhar sobre este
piso enxuto. Os cães ladram. O silêncio é total. Como não tenho amigos, vou até à praça para me encontrar com
eles. Já me disseram que sou doido. Mas, se sou doido, então não sou doido”.
Divisão da lógica
Lógica espontânea: É a ordem que a razão humana segue naturalmente nos seus processos de conhecer e nomear
as coisas. É uma forma de pensar intuitiva e informal.
Lógica como ciência: é um campo de estudo formal que se dedica a investigar os princípios e métodos do raciocínio
válido e coerente. Aparece a partir do momento em que o Homem toma os seus processos cognitivos como objecto
de estudo.
Quando afirmamos que a linguagem é o fundamento da condição humana, pretendemos dizer que o uso desta faz
parte essencial do quotidiano e da forma intrínseca de ser e de existir do ser humano. Pois não há actividade
humana que não comporte, na sua essência, o uso da linguagem, facto que resulta da necessidade que o homem tem
de comunicar com os outros.
A linguagem humana é a base de toda a cultura e, consequentemente, o fundamento da humanidade. O choro da
criança à nascença é uma manifestação desta necessidade de comunicar com o mundo exterior, que são os outros
seres humanos.
Linguagem: é um processo de comunicação de uma mensagem entre dois sujeitos falantes pelo menos, sendo um
destinador/emissor, e o outro destinatário/receptor. A linguagem está relacionada à comunicação; onde há
comunicação, há linguagem, assim vice-versa. Podemos encontrar três tipos de linguagem mais usadas: linguagem
oral, gestual e mista.
Comunicação: É o processo de transmissão e recepção de mensagem simples ou complexas por meio oral, escrito
ou gestual. Nos dias actuais a comunicação abrange os meios habituais que resultam de novas tecnologias (Rádio,
TV, Telemóvel, Fax, Internet, etc.). Ela ocorre quando interagimos com outras pessoas utilizando a linguagem;
palavras, gestos, movimentos, expressões faciais.
Roman Jakobson, linguista americano, propôs um modelo de comunicação, que marcou uma época e que continua
a ser estudado até hoje. Para Jakobson os elementos da comunicação são: emissor, mensagem, receptor, contexto,
código e contacto. Assim sendo, ele somente acrescentou os três últimos.
Além de ter acrescentado estes três (3) elementos Jakobson atribuiu uma função de linguagem a cada um dos
elementos da comunicação. Tal como se pode ver o esquema concebido por linguista.
Contexto
(Funçãoreferencial)
Canal/Contacto
(Funçãofática)
Código
(Funçãometalinguística)
• Função referencial/informativa: Está centrada no contexto. Neste tipo de discursos, o emissor (locutor)
centra a sua mensagem de forma predominante no contexto (ou referente). Este tipo de discurso é
caracterizado pela objectividade, neutralidade e imparcialidade, visto que, o emissor pretende transmitir
sempre informações.
Exemplo: As notícias jornalísticas, as informações técnicas e científicas.
• Função emotiva/expressiva: Está centrada no emissor. Predomina neste tipo de discurso, a atitude do
emissor perante o referente(objecto) produzindo, uma apreciação subjectiva. No discurso oral, a tonalidade
da voz do emissor é inconstante, ora sobe, ora baixa, ora é grossa, ora é fina e moderada, dependendo do
que ele deseja do seu interlocutor (convencer, ridicularizar, instruir, demonstrar, etc.).
• Função poética/estética: Está centrada na mensagem. Os emissores por norma mostram-se empenhados
em embelezar e melhorar as suas mensagens. Exemplo: a poesia, algumas publicidades e obras de arte.
• Função fática: Está centrada no contacto/canal. Com estes discursos os interlocutores procuram assegurar,
prolongar/interromper a comunicação ou verificar o seu meio usado funciona.
• Função metalinguística: Está centrada no código. Com os discursos os interlocutores procuram definir ou
clarificar o sentido dos signos para que sejam compreendidos entre si.
A relação entre linguagem, pensamento e discurso é complexa e interdependente. A linguagem é o principal meio
pelo qual expressamos nossos pensamentos e ideias, além de ser uma ferramenta fundamental para o
desenvolvimento do pensamento.
O pensamento, por sua vez, é o processo mental pelo qual organizamos e estruturamos nossas experiências, ideias e
conhecimento. É através do pensamento que atribuímos significados às palavras e construímos conceitos e
argumentos.
O discurso, por sua vez, refere-se à forma como a linguagem é utilizada socialmente para comunicar e interagir
com os outros. É no discurso que expressamos nossos pensamentos e sentimentos, compartilhando informações e
construindo significados coletivamente.
Portanto, a relação entre linguagem, pensamento e discurso é dinâmica e complexa, e seu entendimento nos permite
compreender como a comunicação humana ocorre e como os indivíduos constroem e compartilham conhecimentos
e experiências.
Sintaxe: coordenação das regras combinatória o que significa sequência da palavra dentro do discurso. Assim sendo:
Semântica: é o estudo de relações entre os signos (palavras) com os seus significados (significação) e destes comas
realidades a que dizem respeito (referência). Exemplo: “Teresa era pobre e honesta” poderá semanticamente estar
correcta, desde que efectivamente exista correspondência entre a afirmação e a realidade.
• Linguística: O discurso tem uma dimensão linguística, dado que é um acto individual de fala em que um
emissor enuncia algo numa determinada língua.
• Textual: O discurso efectiva-se sempre num texto escrito ou oral que se constitui como uma sequência de
enunciados ordenados de uma forma coerente.
• Lógico-racional: O discurso é formado com uma dada sequência e encadeamento lógico de proposições.
• Expressiva/subjectiva: O discurso por ser do Homem, é sempre expressão do sentimento, pensamentos,
argumentos, emoções e perspectivas de um dado sujeito.
• Intersubjectiva/comunicacional: o discurso pressupõe sempre a possibilidade de comunicação entre
sujeitos.
• Argumentativa: No discurso, em situação de diálogo, os sujeitos comunicam as suas razões, argumentos e
provas para justificar os seus pensamentos e posições.
• Apofântica: O discurso é sempre um juízo sobre alguma realidade, refere a verdade/falsidade das coisas a
que diz respeito e traduz sempre uma representação real.
• Comunitária e institucional: O discurso é sempre configurativo numa língua que assimilamos à
nascença/que aprendemos depois e que pertença a uma dada comunidade/cultura.
• Ética: Qualquer interveniente numa situação de discurso deve ter(sigilo), deve-se respeitar o código de
discurso (ética da discussão). Deve-se falar sempre a verdade e evitar contradição.
A lógica não é uma disciplina meramente teórica/formal. Ela conhece hoje um campo prático de aplicação que
inclui novas ciências e tecnologia como:
• Cibernética: do grego “kibernéties”, que segundo Platão, significa arte de pilotar navios. Como ciência, a
cibernética remota aos anos trinta do século XX (1948) e deve a sua origem ao matemático americano
Norbert Wiener. Como definição, a cibernética é a ciência de comunicação e do controlo do homem e
máquinas.
• Informática: este conceito provém da combinação de duas palavras: informação e automática. Entretanto,
o termo foi criado em 1962 por Philipe Dreyfus. Como definição a informática é a ciência do tratamento
racional da informação por meio de máquinas automáticas.
As linhas de investigação da inteligência artificial são três (3): simulação das funções superiores da inteligência;
modelização cerebrais explorando dados da anatomia fisiológica ou até da biologia molecular; e reprodução da
arquitectura neuronal de um cérebro humano, de forma a produzir numa máquina condutas inteligentes.
Exercícios de aplicação
1. Poderá o ser humano ser reduzido a um sistema mecânico? Justifique a sua resposta.
2. Refira quais os problemas que os novos domínios da lógica podem suscitar.
3. O que acontecerá quando as máquinas substituírem o ser humano em todas as situações?
Os princípios da razão são fundamentos e garantia de possibilidade da coerência do pensamento. Na ausência dos
mesmos não poderíamos pensar e nem formular qualquer verdade. Assim sendo os princípios da razão são de
capital importância no entendimento da realidade.
• Princípio da identidade
Em termos de coisas:
Uma coisa é o que é.
O que é, é, o que não é, não é.
“A é A”. (“A” designa qualquer objecto do nosso pensamento).
Em termos de proposição: uma proposição é equivalente a si mesma.
Em termos de proposições
Uma proposição não pode ser verdadeira e falsa simultaneamente, segundo uma mesma perspectiva.
Duas proposições contraditórias não podem ser simultaneamente verdadeiras.
Exemplo: Todos os africanos são honestos. Alguns africanos não são honestos.
Em termos de proposições
Uma proposição é verdadeira, ou então falsa; não há outra possibilidade.
• Razão Suficiente: “tudo quanto existe tem razão suficiente em si mesmo ou noutro considerando sua
causa.
Exemplo: A estátua de Samora Machel, foi moldada por uma razão suficiente que é o escultor.
Exercícios de aplicação
Pensar num objecto é diferente ver o objecto. No conceito temos apensas a essência, as características do objecto e
não o próprio objecto. Exemplo: laranja.
Aqui nós percebemos as suas propriedades: redonda, alaranjada, doce. O conjunto destas propriedades oferece a
percepção (imagem concreta do objecto singular).
Entre a extensão e a compressão de um conceito estabelece-se uma relação qualitativa, podendo, por isso, variar na
sua razão inversa: quanto maior for a extensão, menor será a compreensão e, quanto menor for a extensão, maior
será a compreensão.
Ser
Ser vivo
Animal
Racional
Homem
Africano
Moçambicano
Macua
Amina
Extensão Compreensão
Os conceitos que nos servem de exemplo segundo esta sequência: Ser, ser vivo, animal, racional, homem, africano,
moçambicano, Macua, Amina. Estão dispostos por ordem decrescente quanto à extensão e por ordem crescente
quanto à compreensão.
A definição
Definir significa “delimitar ou colocar limites”. Assim, definir um conceito é indicar os seus limites de modo anão
se confundir com os demais conceitos. Neste sentido, a definição é a operação lógica que consiste em determinar
com rigor a compreensão exacta de um conceito.
Exemplo: definir “cão” é evidenciar de forma rigorosa as características que o identificam “ser animal que ladra”,
distinguindo-o, deste modo, de outros.
Final
Operacional
Etimológica
Nominal
Sinonímica
Estipulativa
Os indefiníveis
• Géneros supremos: são indefiníveis por excesso de extensão, por não possuírem os seus géneros mais
próximos por onde se possa incluir.
• Indivíduos: são indefiníveis por excesso de compreensão “características dos mesmos”.
Exercícios de aplicação
Temas transversais
Impactos do alcoolismo e tabagismo no Processo de Ensino e Aprendizagem
Impactos dos desastres naturais para a humanidade;
Importancia da segurança rodoviária
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICA
ALMEIDA, Aires, et.al. A arte de pensar: Filosofia–10ºano. 5ªed. Lisboa: DidácticaEditora,2010.
BORGES, José Ferreira; PAIVA, Marta & TAVARES, Orlanda. Introdução à Filosofia -11ª classe. Maputo: Plural
Editores, 2010.
CORREIA, Fátima & MAGALHÃES, João Baptista. Introdução à Filosofia. Portugal: Edição Contraposto,1984.
DUROZOI, G. & ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia – Dicionários Temáticos. Porto: Porto Editora,2000.
KELLER, Vicente & BASTOS, Cleverson L. Aprendendo à Lógica. 1ª ed. Portugal: Editora Vozes, 2000.