Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
e.g. (a) O aquecimento global é um problema sério. (b) Vou trocar de carro. Através do
conhecimento que temos sobre a contribuição da poluição automóvel para o
aquecimento global, podemos estabelecer uma relação entre as frases (b) e (a).
DISCURSO
É UM OBJETO COMUNICACIONAL É o texto interpretado em contexto e cuja interpretação
invoca mais do que o conhecimento linguístico. Os contextos situacional e extralinguístico são
essenciais para a distinção entre TEXTO e DISCURSO.
Textualidade
Para um texto ter TEXTUALIDADE, tem de formar uma UNIDADE DE SENTIDO. Não basta
aglomerar uma série frases. Por exemplo, a sequência O jantar foi um sucesso. O fulano tal é um
bom escritor. só terá sentido se se considerar que era um jantar de homenagem ao escritor, no
entanto, não é estabelecida esta relação de sentido.
Coerência Textual1 – o que permite as relações serem possíveis
POSSIBILIDADE DE ENCONTRAR SENTIDO E UMA LÓGICA NOS ENUNCIADOS
Assegura que as relações entre as entidades e as situações estão acessíveis aos
falantes, são lógicas para eles e são adequadas ao seu conhecimento do mundo. Um
texto é coerente se, para um dado ouvinte/leitor, é possível conjugar os diferentes
elementos numa única representação geral. A possibilidade de encontrar um sentido e
uma lógica nos enunciados. Coisas como contradições criam incoerência.
PLANO CONCEPTUAL/DE SENTIDO DO TEXTO
1
Coerência textual diz respeito aos processos mentais de apropriação do real que permitem inter-
relacionar sequências textuais
2
Os princípios aqui referidos estão todos relacionados com elementos linguísticos, como cadeias
referenciais (dêiticas e anafóricas), o uso adequado de conectores, os vários níveis de concordância
(número, pessoa, género e número), etc. Estes mesmos elementos linguísticos são da responsabilidade
da COESÃO, sem a qual um texto não pode ser coerente, pois é a COESÃO que estabelece as relações
entre os elementos de um texto através dos mecanismos anteriormente referidos, permitindo que as
relações de sentido possam ser estabelecidas e compreendidas. Se um texto não for coeso, dificilmente
poderá ser coerente, pois as relações existentes estariam prejudicadas.
Recorrência + Progressão: Assim, um texto será coerente se a ordem linear das
sequências acompanhar a ordenação temporal dos factos descritos. O texto será
coerente desde que reconheçamos, na ordenação das suas sequências, uma
ordenação de causa-consequência entre os estados de coisas descritos.
Gramaticalidade
A GRAMÁTICA permite gerar uma combinação infinita de estruturas resultantes da combinação
de um conjunto limitado de elementos. Certas combinações são GRAMATICAIS (estão de
acordo com as regras da língua) e outras são AGRAMATICAIS. As regras de sintaxe não
permitem a organização de palavras em sequências como e verdes furiosamente sem cor
dormem ideias as.
3
Coesão textual diz respeito aos processos linguísticos que permitem revelar a interdependência
semântica existente entre sequências textuais.
4
Se houver algo de errado com um desses elementos, a interpretação destes, e muito possivelmente de
todo o texto, ficará prejudicada.
Anomalia Uma frase é dita anómala se o que nela se predica for o
resultado de uma associação de itens lexicais
incompatíveis entre si
5
Há uma familiaridade associada aos artigos definidos, pois é necessária expressão prévia para entender
os seus referidos.
6
Anáfora – processo de repetição de informação através de uma unidade linguística cuja referência
representa semanticamente um sintagma que surge antes. A identificação é feita através de uma
expressão independente.
7
Dêiticos – palavra cujo significado faz referência à situação, ao contexto e aos interlocutores de ação. A
identificação é feita através da própria situação de enunciação.
informação necessária para compreender a que bola se refere e o porquê deste
enunciado)
Dêixis textual
textos ou partes de um texto e.g. Esse assunto não será aprofundado neste
texto.
Dêixis social
relações sociais formas de tratamento indicativas da relação existente entre
um locutor e um interlocutor (se é uma de igualdade, de hierarquia, de respeito,
etc.) e.g. O Sr. ministro concorda com essa posição?
situações ou eventos (acessíveis a partir do lugar da enunciação) e.g. Não estou
a gostar disto! (isto refere-se a alguma coisa que se esteja a dar no momento de
enunciação)
modos (associados a ações ou objetos sinalizáveis a partir do lugar da
enunciação) e.g. Tens de dar o nó {assim / desta maneira / como eu estou a
fazer}.
quantidades (associadas a ações ou objetos sinalizáveis a partir do lugar da
enunciação) e.g. Quer mais ou chega assim?
– Expressões exclusivamente dêiticas: eu, tu, meu, teu, hoje, esta semana, ...
e.g. “Ontem” só pode ter interpretação dêitica, i.e. só pode ser interpretada
dentro do contexto em que se diz o enunciado, atendendo ao momento em que
este é produzido
(2) a. A Ana adora esse livro! (objeto presente no contexto da enunciação) dêitico
(2) b. A Ana fez um trabalho sobre [O Processo, de Kafka]i. Ela adora [esse livro]i.
anáfora
Dependências referenciais
Atos de fala8
Enunciados performativos – um enunciado é dito performativo se implicar a realização
simultânea, pelo locutor, da ação evocada no dito enunciado.
MÁXIMAS DA DELICADEZA
Lembrar:
MÁXIMA DO TATO MÁXIMA DA GENEROSIDADE
Diminuir o custo sobre o outro Diminuir o benefício do próprio
Face
Positiva
O indivíduo procurar o reconhecimento dos outros, a aceitação e a estima dentro da
sua comunidade.
Negativa (não-limitação do indivíduo)
O indivíduo ter o direito a não ser limitado pelos outros na sua legítima liberdade de
ação.
Ações reparadoras da face
Delicadeza positiva – Quando essa delicadeza vai no sentido de demonstrar
solidariedade para com Y, ou de encorajar ou louvar o comportamento de Y. (e.g.
apelar a uma qualidade que beneficia a imagem do interlocutor)
e.g. Sê um cavalheiro e entrega estas fotocópias ao Pedro.
Delicadeza negativa – Pedir algo a Y e demonstrar que compreende que isso pode
constituir uma obstrução à liberdade de ação de Y. (e.g. acompanhar o pedido de um
pedido de desculpas)
e.g. Podias fazer-me o favor de entregar estas fotocópias ao Pedro?
8
Conhecimento sobre o mundo – e.g. deslocar-se a um local e encontrá-lo fechado é contrário aos
interesses de quem se desloca.
Conhecimento dos atos linguísticos – e.g. avisar alguém acerca de uma situação é dizer-lhe que essa
situação é contrária aos seus interesses.
Inferências
Pressuposição um tipo de informação implícita acerca do mundo cuja verdade é
assumida no discurso (podendo fazer já parte do “conhecimento partilhado” dos interlocutores,
ou ser adicionado por “acomodação”). Sobrevive ao teste da negação9, i.e. pode inferir-se uma
pressuposição de uma frase independentemente de esta ocorrer na afirmativa ou na negativa.
Informação em….
(Não) Admiro o rei de Espanha.
=
Admiras o rei de Espanha?
=
Se ele admirasse o rei de Espanha não o criticaria tanto.
… é a mesma há um rei de Espanha
- verbos factivos (ou outras expressões predicativas factivas – e.g. saber, descobrir,
lamentar, lembrar-se, ser estranho que) – desencadeiam a pressuposição de que a frase
que deles depende é verdadeira. e.g. Os investigadores descobriram que a declaração
foi falsificada. ( acham, acreditam)
9
O “teste da negação” e o “cancelamento” são duas coisas completamente diferentes. O teste de
negação trata-se simplesmente da adição do advérbio de negação “não” de forma a ver se podemos
retirar sempre a mesma informação de um enunciado. O cancelamento é a adição de informação que
elimina uma proposição anterior.
- construções condicionais contrafactuais desencadeiam a pressuposição de que as
situações relevantes (descritas na condicional) não ocorreram. e.g. Se o Trump tivesse
perdido as eleições, o mundo estaria bem melhor agora. (PRESSUPOSIÇÃO: O Trump não
perdeu as eleições.)
- verbos implicativos (e.g. conseguir, esquecer, evitar). e.g. O João conseguiu abrir a
porta. (PRESSUPOSIÇÃO: O João tentou abrir a porta.)
- orações adjetivas não-restritivas. e.g. O Pelé, que foi um grande jogador de futebol,
fez mais de 1000 golos. (PRESSUPOSIÇÃO: O Pelé foi um grande jogador de futebol.)
10
Clivagem é um termo usado na descrição gramatical com referência a uma construção denominada
oração clivada: trata-se de uma única oração dividida em duas partes, cada uma com um verbo.