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Especialistas em
Certificação de Orgânicos
Daniel Araújo
Luiza Reguse
MÓDULO 2
Produção vegetal orgânica - IN 46/11
Olá aluno(a)!
A partir da sua inscrição, fortalecemos o compromisso em oferecer conteúdos relevantes, desde leituras
complementares, aulas atrativas e atividades para reforçar o aprendizado. Além disso, gostaríamos
de reforçar a importância de seguir o cronograma do curso, disponível em sua biblioteca virtual, para
organizar e acompanhar suas aulas.
O curso desenvolvido envolve os gestores das respectivas empresas, editores, pedagogos, designers
gráficos e especialistas da área de certificação de orgânicos, a fim de garantir um conjunto de
conhecimentos sobre a temática para serem compartilhados e disseminados da melhor forma.
Portanto, os conteúdos e as vídeoaulas a serem trabalhados, bem como todas as reflexões a serem
feitas, possibilita ao estudante compreender questões sobre o processo de certificação orgânica,
embasada na legislação federal vigente e instruções normativas associadas.
Público-alvo
Direcionado a técnicos e profissionais da área, agricultores, gestores e empresas com interesse nos
requisitos para a certificação.
Objetivo
Este módulo tem como objetivo fornecer uma compreensão geral da produção orgânica no campo, de
acordo com as regras estabelecidas pela Instrução Normativa 46 de 2011. A proposta é que o aluno possa
conhecer e interpretar estes requisitos, podendo aplicar os conceitos na prática da agricultura orgânica ou
em um processo de certificação.
Conteúdo
O curso apresentará conceito básicos, requisitos, documentos e práticas obrigatórias para atender a
conformidade da Instrução Normativa 46, visando a certificação da produção vegetal orgânica.
Carga Horária
3 horas
01 03
UNIDADE UNIDADE
Iniciando
a produção
vegetal orgânica
Recebendo
Introdução
a auditoria
UNIDADE 01
Introdução
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
Produção Produção Extrativismo Produção ProcessamentoEoExtrativismo e Produção
vegetal animal e proces- processamento vegetal e
samento animal
B. Descrição geral do projeto de certificação: O que é produzido, se existe somente produção orgânica
na propriedade, quais são os principais canais de venda.
D. Detalhes sobre a produção vegetal: Tamanho da área a ser certificada, cultivos propostos à certificação,
incluindo variedades, origem das sementes ou mudas, época de colheita e produtividade estimada.
E. Manejo e Tratos culturais: Calendário de cultivo contendo informação sobre data de semeadura, tratos
culturais, aplicação de insumos, colheita, entre outros. Descritivo das ações de manejo da fertilidade do solo e de
pragas e doenças.
Definição ........................................................................................................................................................... 15
O período de conversão ............................................................................................................................. 16
A produção paralela, separação, isolamento e proteção da parcela orgânica ................ 18
Origem das sementes e mudas .............................................................................................................. 23
Manejo da Fertilidade do Solo ................................................................................................................ 24
Manejo de pragas e doenças .................................................................................................................. 26
Pontos de interesse social e ambiental ............................................................................................... 29
Definição
Para iniciarmos o processo de certificação de uma propriedade Dessa forma, a agricultura orgânica/produção vegetal orgâ-
produtora, vamos entender o conceito de um sistema orgânico nica pode ser definida como um sistema de produção que busca
de produção: chegar o mais próximo dos processos observados natureza. Por
isso, exclui o uso de agrotóxicos, a aplicação de fertilizantes solú-
veis, utilização de hormônios e qualquer tipo de aditivo químico na
“Os sistemas orgânicos de produção agropecuária
produção. Além disso, devem ser sistemas economicamente pro-
buscam a otimização do uso dos recursos naturais
dutivos, com eficiência na utilização de recursos naturais, respeito
e socioeconômicos disponíveis, mantendo a
ao trabalho, além do reduzido uso de insumos externos ao siste-
integridade cultural das comunidades rurais,
ma, buscando aproveitar ao máximo a ciclagem de nutrientes na
tendo por objetivo a sustentabilidade econômica
propriedade agrícola, integrando cultivos e criações. O objetivo
e ecológica, a maximização dos benefícios sociais,
é produzir alimentos livres de resíduos tóxicos e contaminantes,
a minimização da dependência de energia
mesmo após o processamento. A agricultura orgânica reúne todos
não renovável e a proteção do meio ambiente,
os modelos não convencionais de agricultura biodinâmica, natu-
empregando, sempre que possível, métodos
ral, biológica, permacultura ou agroecológica, para se contrapor
culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição
ao modelo convencional, explorando técnicas e princípios de cada
ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do
uma delas.
uso de organismos geneticamente modificados,
de radiações ionizantes, em armazenamento,
distribuição e comercialização” 3
12 (doze) meses de manejo orgânico na Por exemplo, se um produtor de grãos em conversão para o siste-
produção vegetal de culturas anuais, para ma orgânico realizou uma aplicação de herbicida em janeiro de 2020,
que a produção do ciclo subsequente seja deverá cumprir o prazo de 12 meses de manejo orgânico até que possa
considerada como orgânica; ser considerado como orgânico, o que deverá ocorrer de janeiro 2021
em diante. Ou seja, os cultivos semeados a partir de janeiro de 2021,
18 (dezoito) meses de manejo orgânico na quando colhidos, poderão ser certificados como orgânicos.
produção vegetal de culturas perenes, para que
a colheita subsequente seja considerada como Já para os cultivos perenes - como frutíferas - o período de con-
orgânica; e versão é maior:18 meses pois considera-se que as plantas orgânicas
serão as mesmas que anteriormente estavam sob manejo convencio-
12 (doze) meses de manejo orgânico ou pousio nal. Nesse caso, uma parreira de uva de mesa por exemplo, que teve
na produção vegetal de pastagens perenes. aplicação de fungicida proibido em Janeiro de 2020, poderá ser colhi-
da e certificada como orgânica somente após Julho de 2021, quando
cumpridos os 18 meses de conversão.
Para sementes e mudas, vale lembrar a proibição total do uso de organismos gene-
ticamente modificados (OGM). Ou seja, o uso de sementes transgênicas é vedado em
qualquer circunstância, conforme determina o Art. 101. Caso o produtor cultive espécies
que possuem variedades transgênicas no mercado, como a soja e o milho, deverá apre-
sentar evidências de que a semente utilizada não é OGM - isso ocorre geralmente por
meio da nota fiscal especificando a variedade de semente adquirida.
1. Arsênio
2. Cádmio
20
0,7
Manejo da pragas e doenças
3. Cobre 70 Assim como no caso dos fertilizantes, a agricultura orgânica
4. Níquel 25 depende de uma abordagem holística (ou seja, integral) para o
5. Chumbo 45 manejo das pragas e doenças. Até mesmo o nome praga é discu-
200
tível dentro da agroecologia, já que a os insetos-praga e demais
6. Zinco
organismos fazem parte do agroecossistema, e a infestação aci-
7. Mercúrio 0,4
ma dos níveis de dano econômico (NDE) indicam geralmente um
8. Cromo (VI) 0,0
desequilíbrio no sistema produtivo. Por isso, na agricultura orgâni-
9. Cromo (total) 70 ca, o manejo de pragas e doenças envolve não somente aplicação
10. Selênio 80 de produtos permitidos pela legislação, mas também uma abor-
11. Coliformes Termotolerantes (número dagem preventiva baseada em um Manejo Integrado de Pragas,
mais provável por grama de matéria seca 1.000 ou Manejo Ecológico de Pragas.
- NMP/g de MS)
31. Cobre nas formas de Uso proibido em pós-colheita. Uso como fungicida.
hidróxido, oxicloreto, Necessidade de autorização pelo OAC ou pela
sulfato, óxido e octonoato OCS, de forma a minimizar o acúmulo de cobre no
solo. Quantidade máxima a ser aplicada: 6 kg de
Figura: ACJoaninha (Coccinellidae) comendo pulgões é um exemplo
cobre/ha/ano
famoso de controle biológico de pragas.
Nos sistemas orgânicos de produção, a vegetação local é um Na primeira coluna no anexo, temos a identificação do elemento
fator muito importante para manter o equilíbrio ecológico dos ou substância com a segunda coluna contendo as eventuais restrições
insetos. Por isso a biodiversidade deve ser manejada de forma de uso - nesse caso o uso do cobre está vetado na pós colheita. Quando
correta, para garantir a sobrevivência de uma população de utilizado somente pode ser utilizado como fungicida, devendo ser
antes autorizado pela certificadora. Uma observação importante -
inimigos naturais que possam controlar naturalmente a população
um máximo de 6kg de cobra ao ano pode ser aplicado por hectare.
dos chamados insetos pragas - aqui cabe lembrar a alusão feita
a esses refúgios no tópico anterior, sobre barreiras vegetais. Em Além do cobre temos outros insumos de uso comum na agricultura
relação ao manejo de pragas, nenhum outro aspecto dos sistemas orgânica para controle de pragas e doenças, sendo alguns exemplos
agrícolas proporciona serviços ecológicos fundamentais para os agentes de controle biológico, extratos vegetais, óleos essenciais,
assegurar a proteção de plantas contra insetos-pragas quanto à preparados homeopáticos e biodinâmicos, entre outros.
diversidade da vegetação.
Preparação ................................................................................................................................. 32
A auditoria e suas etapas .................................................................................................... 32
Emissão do Certificado ......................................................................................................... 34
Conclusão .................................................................................................................................... 35
Referências bibliográficas ................................................................................................... 36
O momento da auditoria é quando todas as práticas e princí-
pios da agricultura orgânica serão verificadas in loco. Como vimos Plano de Manejo Orgânico: Preenchido e atualizado
no primeiro módulo, a auditoria pode ser de terceira parte, rea-
lizada por um auditor vinculado a um organismo de certificação Comprovação de origem das sementes
independente e imparcial, ou pode ser realizada em pares quando
se trata de um sistema participativo de garantia. Nesta unidade Certificados de Conformidade dos fornecedores
vamos abordar a auditoria de terceira parte.
Notas fiscais de compra de insumos, sementes
e plântulas
Preparação
Ficha técnica dos produtos utilizados no campo
O dia de auditoria será acordado entre a certificadora, o clien-
te e o auditor - que não deve ter nenhum impedimento ou conflito Caderno de campo preenchido e atualizado
de interesses com o auditado.
Para que a auditoria seja realizada com sucesso, uma boa pre-
paração é essenciaL e começa com o conhecimento dos requisitos
que serão auditados e organização documental. Auditoria e suas etapas
Alguns documentos serão solicitados pelo auditor para evidenciar Reunião de Abertura: A auditoria começa com uma “reunião
as atividades realizadas na propriedade e seus registros. Veja abaixo de abertura” onde serão apresentados os objetivos de auditoria
alguns exemplos de documentos que devem ser preparados: e o plano a ser seguido. É importante a participação de todos os
envolvidos com a produção orgânica - responsáveis de cada se-
tor da propriedade, funcionários-chave, técnicos, entre outros. Na
reunião de abertura são confirmados os escopos da auditoria e o
itinerário a ser seguido.
GLIESSMAN, Stephen R. Agroecologia: processos ecológicos em CUNHA, Eurâimi de Queiroz et al. Sistemas de preparo do solo e
agricultura sustentável. Ed. da Univ. Federal do Rio Grande do Sul, culturas de cobertura na produção orgânica de feijão e milho: I-A-
UFRGS, 2001. >>> Obra extremamente rica do Prof. Gliessman, sin- tributos físicos do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 35,
tetizando muito da pesquisa existente sobre processos ecológicos n. 2, p. 589-602, 2011. >>> Pesquisa que avalia a contribuição de
que interferem na produção agrícola. plantas de cobertura e do seu manejo na manutenção ou melhoria
da qualidade física do solo em áreas sob produção orgânica.
SOUZA, JL de; RESENDE, Patrícia. Manual de horticultura orgânica.
Viçosa: Aprenda Fácil, 2006. >>> Manual contendo várias infor- Vídeos
mações de caráter prático para operações na produção orgânica, https://www.youtube.com/watch?v=03zN6E5oi4s&ab_
voltado para hortaliças. channel=EpagriV%C3%ADdeos - Reportagem que ilustra como
funciona uma propriedade orgânica, os desafios e ganhos
PRIMAVESI, Ana. Manejo ecológico de pragas e doencas. Livraria obtidos pelo produtor rural.
Nobel SA, 1987. >>> Outra obra da Professora Primavesi, dessa vez
abordando estratégias para controlar doenças e pragas através
Sites
do manejo ecológico. http://organicospro.com.br/ - Site da OrganicosPro, contendo lista de
insumos aprovados e a legislação brasileira de produtos orgânicos.