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EXAME INFORMÁTICA
PARA QUEM GOSTA DE TECNOLOGIA

ABRIL 2023 ○ N.° 334 ○ MENSAL ○ ANO 27 ○ €4,10 ○ PORTUGAL CONTINENTAL

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334 ABRIL 2023

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QUE A VERSÃO ULTRA? (CONT.)
PODE REVOLUCIONAR A COSMOLOGIA

PARA QUEM GOSTA DE TECNOLOGIA
44
22 Teste de grupo a máquinas de
café: Delta Q Rise, Nespresso
Vertuo Plus, Phillips Lattego
EP5444, De’Longhi Primadonna
Soul, Nespresso Creatista Pro,
Sage Barista Touch e De’Longhi
Eletta Explore Titanium
30 Samsung Galaxy S23 e S23+
32 Xiaomi Redmi Smart Band 2,
uma pulseira desportiva
acessível
34 Há um novo dobrável no pedaço:
Oppo Find N2 Flip
36 Lenovo ThinkBook Plus G3,
portátil com dois ecrãs
38
40
HP Z25xs G3 Dreamcolor
Zenbook Pro 14 Duo,
inovação by Asus
42 Muito poder em pouco espaço:
HP Z2 Mini G9
43 Sony DualSense Edge, comando
personalizável para PS5
44 Huawei Watch Buds:
a definição de 2-em-1
46 Xiaomi 13 Pro
49 Hisense 65U8HQ
50 A sismóloga Ana Ferreira
recolheu dados do manto
terrestre entre Açores,
Madeira e Canárias
04.2023
34
ESTILO E VERSATILIDADE
COM O SMARTPHONE DOBRÁVEL
FIND N2 FLIP DA OPPO
50
VISITA AO FASCINANTE
INTERIOR DA TERRA COM A
SISMÓLOGA ANA FERREIRA
53 A expansão do universo
explicada por buracos negros
56 Os novos drones da Marinha
58 HERA e o avião do futuro
60 Ferryboat elétrico
made in Portugal
58
62 Como a tecnologia pode ajudar
a comprar e vender casas
A EUROPA QUER CONSTRUIR
O AVIÃO DO FUTURO E PORTUGAL
TEM UMA PALAVRA A DIZER
65 Cibersegurança
80 Tudo o que precisa de saber
para fazer a transição
para a mobilidade elétrica
em segurança
88 Nissan Ariya E-4orce
DIGITAL
90 Por dentro do rali Novas COMO ACEDER
Energias Se é assinante digital da Exame Informática
tem direito a aceder à edição
da revista (presente e passadas) em
exameinformaticadigital.exameinformatica.pt.
92 Como esconder o endereço IP Tem ainda a possibilidade de ler os conteúdos
94 Consultório: resposta exclusivos que vamos antecipando para os
assinantes no site exameinformatica.pt.
aos leitores Caso não se encontre registado,
por favor contacte-nos através
do Apoio ao Cliente.
95 Atomic Heart
96 Horizon Call of the Mountain 21 870 50 50
(dias úteis das 9h às 19h)
97 Wild Hearts Custo de chamada para a rede fixa,
98 LOL: Ctrl+Alt+Del, de acordo com o seu tarifário
Tiro ao Lado e Erro de Sistema loja.trustinnews.pt
3
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 EDITORIAL
SÉRGIO MAGNO | DIRETOR
SR. RUI,
O GRANDE EMPREENDEDOR
R
ui Nabeiro morreu alguns dias antes do fecho desta edição.
Fundou a Delta, uma das empresas mais respeitadas no
mercado do café. E qual a razão para mencionar o Sr. Rui,
como era conhecida em Campo Maior, na Exame Informática?
Porque Rui Nabeiro foi um verdadeiro empreendedor. Há mais
de 50 anos, quando criou a primeira empresa, ‘não existiam’
empreendedores, mas sim empresários. Na verdade, os dois
termos são, em larga medida, sinónimos – infelizmente, a palavra
empresário ganhou uma conotação negativa em Portugal, mas
essa é outra discussão. Mas quando se analisa o que significa
empreendedorismo , percebemos que Rui Nabeiro, que nunca
conheci, foi, certamente, um dos maiores empreendedores
portugueses. Foi, desde o início, inovador. Como é típico das
tecnológicas de sucesso e startups, investiu constantemente em
pesquisa e desenvolvimento. E, muito importante, aplicou uma
política de recursos humanos de vanguarda. Uma valorização das
pessoas complemente atípica para a época e para as indústrias
tradicionais. Estas duas características justificam, certamente, o
crescimento da Delta quando tantas outras empresas nacionais
ficaram estagnadas até desaparecem. Rui Nabeiro soube ler os
sinais, antecipar tendências e adaptar-se rapidamente às neces-
sidades do mercado. Uma forma de ser e estar que, parece-me,
transmitiu aos sucessores. Veja-se, por exemplo, como a Delta
conseguiu responder ao fenómeno das cápsulas. A marca por-
tuguesa não foi, neste aspeto, pioneira. Mas é impressionante
analisar a forma como reagiu rapidamente. Para, numa segunda
fase, passar ao ataque, inovando num mercado onde, pouco tempo
antes, nem concorria. Há vários exemplos, desde as cápsulas com
alto teor de materiais recicláveis ao sistema Q Rise – máquina
que foi analisada nesta edição, num teste de grupo em que Rui
da Rocha Ferreira foi ao detalhe. Na verdade, a Delta é um caso
raro de uma marca nacional de relevância internacional. In-
cluindo na área da eletrónica de consumo, desde que apostou em
concorrer diretamente com gigantes como a Nestlé (Nespresso).
Aliás, que outros testes de grupo a produtos tecnológicos que
poderíamos fazer com máquinas de marca portuguesa? Poucos.
Se Rui Nabeiro tivesse nascido 40 ou 50 anos mais tarde, tal-
vez fosse hoje um magnata da tecnologia. Uma coisa é certa, o
empreendedor Sr. Rui é um exemplo para muitos empresários.
Incluindo para jovens empreendedores na área da tecnologia.
Foi, claramente, um homem à frente do seu tempo.
smagno@exameinformatica.pt facebook.com/sergio.magno
4
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
Proprietária/Editora: TRUST IN NEWS, UNIPESSOAL LDA.
Sede: Rua da Fonte da Caspolima – Quinta da Fonte nº 8, 2770-190, Paço de Arcos
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Filipe Passadouro e Cláudia Serra Campos
Composição do Capital da Entidade Proprietária: 10.000,00 euros,
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Redação: Paulo Belchior de Matos (Coordenador) pmatos@exameinformatica.pt
Sara Sá ssa@exameinformatica.pt
Rui da Rocha Ferreira rferreira@exameinformatica.pt
Arte: Hugo Filipe (Coordenador)
Colaboradores: José Carlos Carvalho, Marcos Borga e Luís Barra (Foto)
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 INSTANTÂNEOS FACEBOOK.COM/
EXAMEINFORMATICA
O ensaio da versão com ‘PAI’ DA INTERNET
ALERTA SOBRE
tração integral do Nissan
INVESTIMENTOS
Ariya, o e-4force, veio FEITOS EM SISTEMAS
demonstrar, uma vez COMO O CHATGPT
mais, as vantagens Antero Carvalho Concordo
plenamente, até pq vem aí a
evidentes dos motores revolução nos algoritmos
elétricos no controlo de avançados de IA, sem
tração. Ao ponto de a necessidade de modelos
predictivos, muitos mais
neve quase parecer exatos e rápidos em
alcatrão. processos de
aprendizagem. Como, por
Sérgio Magno
p88 exemplo, o nosso algoritmo,
para o cálculo - “desvio
padrão", algo que mudará
para sempre a ciência e
tornará obsoleta a
Todos os motivos são bons estatística. Deixaremos de
para ir a Tróia. Aprecio necessitar de "adivinhar", o
especialmente quando é para que para áreas como, o
tratamento do cáncer, é
falar de gente empreendedora fundamental para chegar a
e capaz, como é o caso da uma vacina eficaz.
equipa Beyond Vision, cujo 16/2 às 23:28 ○ Reações ○ 0

crescimento temos vindo a

acompanhar e que acabou de ROBÔS PODEM
celebrar o seu primeiro SUBSTITUIR
contrato com a Marinha. HUMANOS EM
p56 40% DAS TAREFAS
Sara Sá
DOMÉSTICAS AINDA
ESTA DÉCADA
Carla Patrícia Cardoso
Esta edição foi bastante A verdade é que podem a
tecnologia consome tanta
profícua: tirei um pequeno materia prima e causa tanto
curso em gestão imobiliária impacto ambiental, que vai
(o que vem mesmo a calhar...) ser nossa sentença de
"morte".
e terminei com um mestrado 24/2 às 19:37 ○ Reações ○ 1
em ciência do café (porque
nunca se sabe o que a vida
COMO ATRAIR AS
nos reserva...). Trabalhar na
MULHERES PARA AS
EI é melhor do que andar na ÁREAS TÉCNICAS?
Escola da Vida! NINGUÉM SABE, MAS
p22
Rui da Rocha Ferreira HÁ MUITA GENTE A
TENTAR
André Sabino Valente Reflexo
da mesma percentagem do
Se dissessem ao eu de 7 numero de estudantes no
anos que a minha profissão acesso aos cursos que
proporcionam esse tipo de
passaria por estar com um carreira. #drama
arco e flechas virtuais a 8/3 às 16:42 ○ Reações ○ 0
disparar contra máquinas
futuristas, acho que teria “COMO INFELIZMENTE
dito: “O quê?! Não percebi, NOS LEMBROU O
mas quero...” Então toma lá SISMO NA TURQUIA,
o Horizon Call of the OS SISMOS POR SI
NÃO MATAM. O QUE
Mountain, miúdo. MATA SÃO AS MÁS
p96
Paulo Belchior de Matos CONSTRUÇÕES E
AS DENSIDADES
POPULACIONAIS
MUITO ELEVADAS”
Carlos Marxo Dias É urgente
ESTAMOS EM TODOS também implementar
NOVO sensores que detectem
OS DISPOSITIVOS testes eletromagneticos.
As teorias de conspiração
A Exame Informática
sobre o HAARP não podem
está disponível para
ser simplesmente
smartphones, tablets e PCs em descartadas.
exameinformaticadigital.exameinformatica.pt 7/3 às 17:47 ○ Reações ○ 0

6
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 altice.pt

Tecnologia
para liderar
o futuro
De Portugal para o Mundo, continuam a nascer ideias à frente do tempo, tecnológicas.
A Altice Portugal vai continuar na frente da transformação digital no nosso país,
liderando em Investigação & Desenvolvimento nas áreas do 6G, Comunicações
Quânticas, Wi-Fi Sensing, e-Health & Home Care e Home IoT.
Juntos, vamos viver os avanços tecnológicos de amanhã.
Sem limites, lideramos o futuro.

Altice has no limits

DOBRA E
DESDOBRA
Honor Magic Vs
€1599
As 7,9 polegadas do ecrã interior do Magic
Vs tornam este um dos smartphones com
maior área de trabalho. Uma vantagem
importante para quem pretende usar o

A oferta de smartphones com ecrãs smartphone para trabalhar. Neste aspeto,

a bateria de grande capacidade é uma
dobráveis está a aumentar consideravelmente. mais-valia importante. A qualidade de

Estes são os mais promissores construção pareceu-nos convincente e a

Honor garante que o mecanismo permite
Texto: Sérgio Magno Fotos: D.R. abrir e fechar o ecrã 400 mil vezes, o
equivalente a 10 anos de utilização.

N
o Mobile World Congress, a maior feira do mundo dedicada à tecno- Ambos os ecrãs são OLED, o que garante
elevados níveis de contraste e saturação
logia móvel, difícil era encontrar uma marca de smartphones sem
de cor. Por enquanto, o Honor Magic Vs
um modelo com ecrã dobrável. Um sinal claro que esta tecnologia não está disponível em Portugal, mas é
está a popularizar-se. Apesar de a Apple, a marca que conseguiu colocar possível que chegue ao nosso mercado até
8 modelos no top dos 10 mais vendidos em 2022, ainda não ter entrado no final do ano. O preço elevado é justificado
segmento dos dobráveis, no mundo Android a tendência para esta tecno- pela marca pela tecnologia incluída, com
logia é clara. E se foi a Samsung que criou, na prática, o segmento, com as destaque para o processador Snapdragon
séries Galaxy Fold e Flip, que já chegaram à quarta geração, tudo indica que 8+ Gen 1, sistema de câmaras (três
serão as marcas chinesas que vão democratizar o acesso a esta tecnologia. traseiras, de 54, 50 e 8 megapíxeis, e uma
frontal de 16 MP) e bateria de 5000 mAh
Infelizmente, alguns dos novos smartphones com ecrãs dobráveis ainda só
(carregamento até 66 watts). A separação
estão disponíveis no mercado chinês, mas outros estão já a chegar à Europa. da Honor da Huawei permite que os Magic
Aqui fica a nossa seleção dos dobráveis que experimentámos na edição de Vs, bem como outros modelos da marca,
2023 do Mobile World Congress e que, acreditamos, vão dar que falar nos inclua todos os serviços Google para uma
próximos tempos. „ experiência Android completa.

8
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 Xiaomi Mix Fold 2
CERCA DE €1500
Um dos concorrentes diretos do Honor
Magic Vs é o novo smartphone desdobrável
da Xiaomi. O MIX Fold 2 tem um ecrã ainda
maior que o Magic Vs, ultrapassando, por
pouco, as 8 polegadas quando aberto. O
ecrã exterior também impressiona com
6,5 polegadas, uma área que permite uma
experiência de utilização das apps muito
satisfatória, o que evita a necessidade
de recorrer ao ecrã interno. Uma das
características mais impressionantes é a
reduzida espessura para um desdobrável:
apenas 11 mm quando fechado. Este
número pode não dizer muito, mas ficámos
verdadeiramente impressionados quando
pegámos no smartphone. As câmaras foram
desenvolvidas em pareceria com a Leica, o
que se nota nos perfis de cor disponíveis na
aplicação da câmara. O Mix Fold 2 já está
disponível em alguns mercados europeus,
mas não há garantia que chegue oficialmente
a Portugal. Mas, a acreditar nos rumores, é
possível que o Mix Fold 3 seja apresentado
no verão e que esse modelo tenha um
lançamento mais abrangente na Europa,
Portugal incluído.
Oppo Find N2
€N.D.
Este smartphone não deve ser
confundido com o Find N2 Flip testado
nesta edição. Ambos são dobráveis, mas
o Find N2 (sem Flip) é para um segmento
superior. Este aparelho aposta num
formato um pouco mais compacto que
os anteriores, com ecrã principal de
7,1 polegadas, complementado por um
ecrã traseiro de 5,54 polegadas. Um
formato que nos pareceu adequado,
já que facilita muito o transporte – o
Find N2 cabe em qualquer bolso – ao
mesmo tempo que oferece uma área
de ecrã interior generosa q.b. para
tarefas de produtividade. Na fotografia,
destaque para a marca Hasselblad nas
lentes que cobrem as três câmaras
traseiras. Sendo que a câmara principal,
de 50 megapíxeis, tem estabilizador
ótico sofisticado para evitar fotos e
vídeos tremidos. A Hasselblad, um dos
fabricantes históricos da fotografia,
terá, ainda, ajudado a marca chinesa no
desenvolvimento do processamento de
imagem, de modo a se obter cores mais
realistas.
Phantom V Fold
€990
A Tecno Mobile é um fabricante chinês
ainda pouco conhecido na Europa. Algo que
a marca quer mudar usando o Phantom V
Fold como demonstração das capacidades
deste fabricante. E, de facto, este aparelho
pareceu-nos bem construído. O ecrã dobrável
tem quase 8 polegadas de diagonal e uma
resolução de 2000x2296 píxeis, atingido os
120 Hz. E ficámos impressionados com as
molduras muito reduzidas, tanto no interior
como no exterior. Há três câmaras traseiras
de elevada resolução, destacando-se a
câmara principal com sensor de 1/1,3”, e
uma bateria de 5000 mAh. O processador é
um Mediatek Dimensity 9000+, um chip que
já demonstrou estar próximo dos melhores
Snapdragon da Qualcomm. Gostámos
particularmente da textura traseira, que
permite um melhor agarrar e é livre de
marcas de impressões digitais. Mas a grande
vantagem deste dobrável é o preço. Segundo
fomos informados, o Phantom V Fold terá
um preço inferior a €1000, incluindo em
Portugal. Teremos de esperar para ver se
estas informações se confirmam, mas é
promissor.

ENROLAR EM VEZ DE DOBRAR

A Motorola fez sensação no Mobile World Congress com dois protótipos de dispositivos
com ecrã enrolável: um portátil, o Rollable Laptop Concept, e um smartphone, o
Rollable Phone. Aparelhos que permitem aumentar e reduzir a área do ecrã através
de um mecanismo que desenrola e enrola o painel flexível. Um sistema que é mais
impressionante no smartphone devido às limitações óbvias de dimensão. O incremento
da área é feito em altura e o ecrã é enrolado da frente para a traseira. A adaptação
automática do ecrã ao conteúdo é apenas um dos muitos truques deste smartphone.
Outro é a possibilidade de ativar a câmara abanando o aparelho, o que até permite
usar a parte enrolada do ecrã na traseira para ajudar no enquadramento de selfies ou
apresentar uns bonecos animados para fazer as crianças sorrirem quando estão as ser
fotografadas. Por enquanto, a Motorola não tem qualquer plano para transformar este
protótipo num smartphone comercial, mas a marca garantiu-nos que as tecnologias
demonstradas deverão ser aplicadas em futuros modelos deste fabricante.

9
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 PESSOAS

“Basicamente, peguei
em todo o meu valor líquido e
apostei nestas duas empresas”
SAM ALTMAN
O cofundador da OpenAI investiu
180 milhões de dólares na Retro
Biosciences, que quer aumentar a

MICROSOFT TRAZ COPILOTO

esperança média de vida em 10 anos,
e 375 milhões na Helion Energy,
dedicada à fusão nuclear

DE IA PARA O OFFICE 365

z MIT Technology Review

“A nossa hipótese é que
ainda é mais fácil construir
confiança pessoalmente e que
essas relações nos ajudam
a trabalhar mais eficazmente”
MARK ZUCKERBERG
O líder da Meta
não é fã do trabalho remoto
z CNBC
A parceria com a OpenIA continua a dar
frutos para a Microsoft. A empresa de Red-
mond anunciou o Microsoft 365 Copilot,
uma ferramenta de Inteligência Artificial
que combina três aspetos diferentes: o po-
der dos grandes modelos de linguagem
(LLMs), popularizados com o ChatGPT,
com as apps do Microsoft 365 (Word,
Teams, Powerpoint, Excel e Outlook) e
informações do utilizador presentes em
emails, ficheiros, reuniões, chats, calen-
dários e contactos.
Na prática, isto significa que o utilizador
pode elaborar um email no Outlook em
que basta escrever uma frase de síntese
sobre o que pretende, com o Copilot a ela-
borar um esboço mais aprofundado com
base nas informações transmitidas e nos
dados a que conseguiu aceder. O mesmo
princípio pode ser replicado no Word e
no Powerpoint, permitindo ao utilizador
poupar tempo e ficar com o poder de edi-
ção. Já no Excel é possível fazer a análise
de tendências e criação de visualizações
de dados com um visual profissional em
segundos. No Teams, o Copilot pode re-
sumir os principais pontos de discussão
a partir da transcrição das chamadas e
sugere pontos de atuação, em tempo real,
durante uma reunião. E no Power Platform
ajuda a automatizar tarefas repetitivas e a
criar chatbots. P.B.M.

“Sei que isto é parte É FAZER AS CONTAS

da indústria, mas não é isso

60
que queremos fazer”

PHIL SPENCER
O responsável da Xbox
não quer fazer a Call of Duty
o que a PlayStation fez a Hogwarts
Legacy, com a disponibilização
de missões exclusivas para PS
z Eurogamer
39%
Das tarefas domésticas deverão ser
efetuadas por robôs ainda esta década
Autocarros
em substituição dos humanos, segundo
elétricos movidos um estudo publicado na Plos One
a hidrogénio da

4500
CaetanoBus,
conhecidos por Postos de carregamento
H2.CityGold, para veículos elétricos da
estarão a circular na portuguesa Miio já estão
Alemanha até 2026 a funcionar em Espanha

850 milhões
“Gastei 50 mil dólares em três
meses no Clash of Clans e ainda
olho para isso com vergonha”
BERNARD KIM
O CEO do Match Group confessou
embaraço pela verba despendida
em micro-transações no jogo De dólares foram as receitas provenientes das vendas de 12 milhões
z The Verge de unidades do jogo Hogwarts Legacy durante as duas primeiras semanas

12
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 A OpenAI vai lançar uma
interface de programação
(API) que permitirá integrar
o GPT-4 numa grande
variedade de aplicações
APPS

E-Taco
Uma alternativa
ao tacógrafo que
comunica com um
GRATUITO sistema de telemática
ANDROID instalado na viatura
através de Bluetooth.
Está certificada pela
eiC ET 06, Sistema
Informático para
Publicidade dos
Horários de Trabalho.

SoundID
Uma forma de
tentar rentabilizar o
potencial dos seus

GPT-4: MAIS FUNÇÕES

GRATUITO auscultadores ao
ANDROID proporcionar uma
iOS personalização
do áudio que vai

E MENOS ALUCINAÇÕES
além do tradicional
equalizador.

Recover
Athletics A OpenAI anunciou em meados de mar- facto de agora ser multimodal – é capaz de
Integrada no universo
Strava, visa ajudar
ço o GPT-4, a nova versão do sofisticado interpretar texto e imagens. Por exemplo,
GRATUITO na recuperação de modelo de Inteligência Artificial que é ca- pode tirar uma fotografia aos produtos
(COMPRAS
INTEGRADAS)
atletas, aliviando paz de escrever texto com uma qualidade que tem no frigorífico e pedir ao modelo
ANDROID dores e prevenindo próxima à de um humano. E fá-lo cada para gerar receitas com base naquilo que
iOS lesões. Os programas vez melhor. A startup revela que o novo está a ver.
criados têm em conta
o corpo do utilizador
modelo linguístico é capaz de passar, com O novo GPT-4 sofre ainda menos “aluci-
e o tipo de treino que um desempenho muito acima da média, nações”. Este é um termo que, no mundo
faz. Dá para criar em diferentes exames de ensino que são da IA, significa que o modelo inventa uma
favoritos para aceder realizados nos EUA. Num desses exames, informação para a qual não tem justifi-
mais rapidamente às enquanto o GPT-4 figurou entre os 10% dos cação. Segundo a OpenAI, o GPT-4 tem
rotinas.
melhores resultados, o GPT-3.5 (a versão 40% menos alucinações do que o GPT-3.5.
Retro Mode – anterior e aquela que está por trás do fa- Apesar dos avanços anunciados no mo-
Icon Pack (Light) moso sistema de conversação ChatGPT) delo linguístico, a OpenAI ressalva que o
Criada pelo só conseguiu figurar entre os 10% piores. GPT-4 tem muitas limitações e que “ainda
artista Moertel em Num outro teste de desempenho, focado não é totalmente confiável”. “Deve-se ter
€1,99 Hamburgo, fornece na eficácia de produção de texto em inglês, muito cuidado quando se usam resultados
ANDROID mais de 1900
ícones num estilo
o GPT-4 conseguiu uma classificação de de modelos linguísticos, particularmente
minimalista de 1 85,5% contra os 70,1% do GPT-3.5 e os em contextos de alta importância”, subli-
bit. O conceito é 69,3% do PaLM (um modelo linguístico nha a startup norte-americana.
igualmente aplicado da Google). Além da melhor capacidade O GPT-4 está acessível através do Cha-
a widgets como o na geração de texto, a grande novidade é o tGPT, mas apenas na versão paga. R.R.F.
relógio e o calendário.
Inclui também 9
wallpapers.

Calculadora
Aerotermia RUMOR
Thermor
Permite calcular
GRATUITO
ANDROID
a poupança que
pode ser obtida
INTEL E MICROSOFT PREPARAM WINDOWS 12
iOS com a instalação Fugas de informação indicaram que a plataforma Meteor Lake da Intel está a ser
de equipamentos
aerotérmicos. A desenvolvida com suporte para Windows 12. Este chip está previsto para 2024, deverá
análise pode ser feita
para equipamentos conter 20 faixas PCIe Gen5 e um design chiplet, com componentes separados para os
de água quente núcleos de CPU, gráficos integrados e input/output. Estas características deverão ser
doméstica e/ou
aquecimento. importantes para lidar com a IA que terá um peso maior no futuro sistema operativo.
13
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 Mark Zuckerberg
diz que “esta
realidade
económica pode
continuar durante

TWEETS muitos anos”

TikTok: 1h por dia!

#Castigo O TikTok vai passar
a exigir uma decisão ativa para
que os menores de 18 anos
possam ver mais do que uma
hora de ecrã por dia. Ao fim de
60 minutos, os utilizadores que
queiram continuar a ver têm de
colocar um código de acesso.

Carro elétrico da Xiaomi

arranca em 2024
#PedalAFundo Lei Jun,
líder da Xiaomi, confirmou
que a empresa completou com

AMAZON E FACEBOOK
sucesso os testes de inverno
do carro elétrico que está a
desenvolver. A produção dos

VOLTAM A DESPEDIR
primeiros veículos deverá
arrancar na primeira metade
do próximo ano.

WhatsApp: conversas
com prazo de validade
#Limpinho Na versão beta do
WhatsApp para iOS está a ser
testada a possibilidade de se
criarem grupos que expiram
passado o prazo definido
inicialmente. O objetivo é
facilitar a criação de grupos
com fins específicos, como um
jantar ou uma festa, mantendo
depois a organização dentro
da app, sem que o utilizador
fique sobrecarregado.
CTT lança cripto selo
#Filatelia Os CTT – Correios
de Portugal aliaram-se à
startup estoniana StampsDaq
para criar o primeiro cripto selo
português que chega em
formato físico e de NFT ao
mercado. O ‘Caravela’ vai ter
uma emissão total de 40 mil
exemplares, com um valor
facial de €9,90: 30 mil
em formato físico com
o seu gémeo digital;
e outros dez mil em formato
exclusivamente digital.
Continua a sangria de trabalhadores nas
grandes tecnológicas. A Amazon, que
já tinha despedido 18 mil funcionários
em novembro, naquele que foi um dos
maiores cortes de trabalhadores entre
as ‘big tech’, anunciou no final de mar-
ço o despedimento de mais nove mil
pessoas, elevando para 26 mil o total
de trabalhadores afetados pelos cortes
na gigante do comércio eletrónico. A
nova onda de despedimentos afetou so-
bretudo os departamentos de serviços
cloud Amazon Web Services, as equipas
de recursos humanos e publicidade, e
também a plataforma de transmissões
em direto Twitch. Outro dano colateral
dos despedimentos da Amazon é o fe-
cho da DPReview (agendado para 10 de
abril), considerada como a publicação de
referência na área da fotografia. "Dada a
incerteza económica que atravessamos,
e a incerteza que existe para o futuro
BUZZWORD
próximo, escolhemos simplificar os nos-
sos custos e número de trabalhadores",
justificou Andy Jassy, diretor executivo
da Amazon, numa nota enviada aos tra-
balhadores.
Também a Meta, empresa que detém
as plataformas Facebook, Instagram e
WhatsApp, executou uma segunda ronda
de despedimentos. No caso da tecnoló-
gica liderada por Mark Zuckerberg, os
cortes vão afetar 10 mil trabalhadores, o
que adicionado aos 11 mil despedimentos
já efetuados em novembro, elevam para
21 mil o total de pessoas que viram os seus
postos de trabalho desaparecer. “Taxas
de juro mais altas levam a uma economia
mais contida, mais instabilidade geopo-
lítica leva a uma maior volatilidade, e
a maior regulação leva a um abranda-
mento no crescimento”, escreveu Mark
Zuckerberg no comunicado enviado aos
funcionários. R.R.F.

BOLD GLAMOUR
E o elétrico do ano é…
#Dobradinha O Megane
E-Tech ganhou a categoria
Elétricos do Seguro Directo
Carro do Ano/Troféu Volante
de Cristal. O Prémio Tecnologia
e Inovação foi atribuído
É um novo filtro de beleza em realidade aumentada disponível no TikTok.
ao sistema e-Power da Nissan Ganhou destaque por duas razões: cria um efeito de maquilhagem hiperrealista,
e o vencedor geral do prémio
Carro do Ano foi para o híbrido
mesmo quando parte da cara do utilizador está tapada; e há críticas sobre o
Renault Austral. impacto que o seu efeito persistente tem na automestima dos jovens.

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ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
SOBE & DESCE FIGURA DO MÊS
Estaminais combatem
cancro da próstata
São a grande promessa da
medicina regenerativa e
agora também do tratamento
das neoplasias. Estudo
de investigadores do i3S,
publicado na Human Cell,
mostrou que as células
estaminais mesenquimais do
cordão umbilical e o plasma
do sangue do cordão são ricos
em fatores de crescimento e
em anti-inflamatórios, úteis
no combate ao cancro da
próstata, o segundo mais
comum nos homens.

Apple esmaga
concorrência no Top10
Os dados da Counterpoint
referentes aos 10
smartphones mais vendidos no
mundo em 2022 não deixam
margem de dúvidas sobre
o domínio da Apple: há oito
modelos de iPhone na lista

(com o iPhone 13 a conquistar
a liderança). Só a Samsung
consegue intrometer-se,
colocando o Galaxy A13 na 4ª
posição e o A03 no 10º lugar.
Hardware falsificado
A técnica de vender ‘gato
por lebre’ não é nova, mas
notícias recentes indicam
que têm surgido mais
componentes falsificados
à venda. Vários utilizadores
queixaram-se de terem
recebido SSD Samsung
980 Pro falsos em compras
online em sites chineses. As
unidades são, fisicamente,
idênticas aos aparelhos
reais, mas, na verdade, são
SSD de baixa qualidade.
E a revolução do 5G?
Depois de anos de
expectativa e de meses de
'sangue' entre operadores
de telecomunicações e
regulador (Anacom), os
dados mostram que a
revolução do 5G ainda está
por acontecer. Testes feitos
na plataforma Net.mede
mostram velocidades médias
de 185 Mbps/download e
34 Mbps/upload em 5G,
em Portugal, pouco acima
dos 144 Mbps/upload e 20
Mbps/download em 4G.
REFORMA ANTECIPADA
Não sabemos se os chinelos nos pés eram da marca Havaianas. Mas
a paisagem e o figurino não enganam. Poucos dias após o colapso
do Sillicon Valley Bank (SVB), o seu CEO, Gregory Becker, foi visto
com um perfeito ar de férias, a passear com a mulher pela ilha ha-
vaiana do Mauí. Nem as denúncias que têm vindo a público, nem o
despedimento, nem a ansiedade dos clientes do banco americano e
nem sequer a investigação em curso pelo Departamento de Justiça
americano pareciam afetar a tranquilidade do gestor.
Terá sido precisamente esta atitude descontraída e frontal a contri-
buir para o despencar do banco, conhecido por financiar empresas
tecnológicas, em particular as startups. É que o gestor de 55 anos e
trinta de experiência na banca não se coibiu de falar das dificulda-
des financeiras que o SVB atravessava, ainda antes de garantir que
conseguiria o apoio para o salvar. Claro, o resultado logo no dia a
seguir às declarações prestadas foi a corrida
aos levantamentos e à venda de ativos, que
acabaram por ascender aos 1,8 mil milhões de B.I.
dólares de prejuízo.
Logo a seguir a ter sido despedido pela agên-
GREGORY BECKER
Aos 55 anos, e com
cia governamental reguladora do mercado fi-
trinta de experiência,
nanceiro, FDIC, e antes de partir para o paraíso o CEO do falido
no Pacífico, o executivo ainda enviou um vídeo Sillicon Valley Bank,
motivacional aos colaboradores. Depois, foi só banco vocacionado
para tecnológicas e
apanhar a limousine até ao aeroporto de São startups da Baía de São
Francisco, mergulhar no assento da primeira Francisco, foi despedido
classe e rumar à casa adquirida em 2018, in- pela agência reguladora
serida num condomínio com várias piscinas e do setor, FDIC. Está
sob investigação do
campos de ténis. Pai de um casal, Greg Becker Departamento de
é casado em segundas núpcias com Marilyn Justiça americano.
Bautista, especialista em legislação relacio-
nada com falências. S.S.

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ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
5G: ACELERAR PORTUGAL

POR ESSE
MUNDO FORA ...
O corredor secreto da
Grande Pirâmide de Gizé
Duas equipas de investigadores

5G: PREMEIAM-SE IDEIAS

independentes usaram métodos
de imagética de muões distintas
para mapear um corredor inédito,
de nove metros, na Grande
Pirâmide de Gizé, no Egito,
O IoT Challenge, um dos eventos de inovação tecnológica e que leva a uma sala
ainda desconhecida.
mais reconhecidos do País, dá lugar este ano ao 5G
Challenge. Mas o objetivo do concurso organizado pela Altice
IA passa no exame
Empresas desde 2016 continua a ser o mesmo: encontrar,
da Ordem dos Advogados
dinamizar, premiar e apoiar soluções que ajudem na O GPT-4, o mais recente
transformação digital das empresas portuguesas. modelo de Inteligência Artificial da
Em declarações à Exame Informática, Inês Ferreira, diretora OpenAI, conseguiu 297 pontos no
de produto ICT da Altice Empresas, justifica a mudança exame de admissão à Ordem dos
Advogados nos Estados Unidos.
de nome e o foco no 5G: “Estamos numa era em que cada
Este resultado coloca o sistema
tecnologia, como o IoT, ganha valor quando conjugada com artificial no percentil 90
outras tecnologias, como a cloud, a realidade virtual ou, dos alunos e é o suficiente
até, o blockchain. E sabemos que o 5G acaba por ser o fio para poder exercer advocacia
condutor, que dá mais valor a estas tecnologias”. Como tal, na maior parte dos estados.
este ano, os participantes serão convidados a apresentar
soluções inovadoras que utilizem o 5G em áreas tão variadas
como big data, realidade virtual e Internet das Coisas.
Além dos prémios, que incluem passes para a próxima
edição da Web Summit e oportunidades de divulgação das
inovações, os vencedores vão ter o apoio técnico da Altice
no desenvolvimento e comercialização das soluções. Inês
Ferreira relembra que a Altice Empresas tem mais de três
mil projetos relacionados com a Internet das Coisas (IoT)
implementados em Portugal e “muitos desses projetos
utilizam soluções que passaram pelo IoT Challenge”. Uma Tribunal no metaverso
O tribunal administrativo de
forma de a responsável demonstrar a importância que o
Magdalena, na Colômbia, realizou
concurso pode ter para as empresas que participarem no um julgamento no metaverso.
evento, que, naturalmente, é especialmente apelativo para O caso era referente a uma
startups. Os interessados em participar no 5G Challenge já querela no trânsito e a sessão
podem fazer a inscrição online na página web do evento, em durou duas horas, com os
participantes a surgirem como
www.altice-empresas.pt. A final vai decorrer em setembro
avatares num tribunal virtual.
e os vencedores serão escolhidos por um júri após A magistrada responsável referiu
apresentação das diferentes soluções em concurso. que a experiência teve contornos
mais realistas do que uma
videochamada por Zoom.
UMA PARCERIA

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ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 CONTEÚDO PATROCINADO

com dados adquiridos na Dark Web ou

400 000 clientes
recorrem à Microsoft
para:
Colaborar de forma segura
Em 2020, 30 biliões de ameaças
enviadas por email foram bloqueadas
pelo Defender para Office 365
30 biliões de cartas standard
pesam quase o mesmo do que
100 Seattle Space Needles
Proteger dispositivos
2,5 biliões de sinais suspeitos
detetados em ambiente cloud
bloquearam quase 6 biliões de
ameaças em endpoints em 2020
6 biliões de quilómetros
permitem viajar da Terra a Plutão
Garantir Compliance
Mensalmente, as soluções
de compliance classificam
mais de 5 biliões de documentos
Services, e de outras plataformas cloud
São quase 2000 por segundo, ou
24 vezes mais rápido do que o bater
de asas de um pássaro beija-flor
Proteger Identidades
Diariamente são processados mais
de 30 biliões de autenticações
pelos 425 milhões de utilizadores
Azure Active Directory
30 biliões é três vezes o número
de donuts consumidos anualmente
nos Estados Unidos
Detetar ameaças
O Azure Sentinel analisa mais de
4 petabytes de dados mensalmente
a partir do Azure, da Amazon Web
São 211 000 vezes o tamanho
da Wikipedia, todos os meses
numa ação de phishing ou engenharia
social. As pessoas continuam a ser o ‘elo
mais fraco’ na cadeia de ataque, sendo
responsáveis por 61% das violações, um
número de incidências que poderá ser
reduzido através de uma maior aposta das
empresas na capacitação dos seus cola-
boradores, preparando-os para identificar
as ameaças mais sofisticadas.
Segundo dados da Microsoft, 98% dos
ataques devem-se à falta de higieniza-
ção das organizações, que inclui o fator
humano, mas também práticas como a
fraca adoção de medidas de “Confiança
Zero”, nomeadamente ausência de imple-
mentação de soluções de duplo fator de
autenticação, a inexistência de soluções
avançadas de anti-malware, a reduzida
frequência de atualização dos sistemas
e soluções críticos, ou o deficit na defi-
nição e implementação de estratégias na

PORTUGAL
temática de proteção da informação. Estas
práticas contribuem para o aumento dos
custos do negócio em caso de ciberataque,
e explicam o valor recorde de 4,35 milhões

SOFRE, EM MÉDIA,
de dólares verificado, a nível global, em
2022, de acordo com o relatório do Po-
nemon Institute, ‘Cost of a Data Breach’.

927 CIBERATAQUES
DETETAR RÁPIDO,
RESPONDER DEPRESSA
Para reduzir os custos de um ciberata-
que, a prevenção será sempre o melhor

POR SEMANA
remédio. No entanto, nenhuma empresa
consegue estar permanentemente à frente
nesta corrida de ‘gato e rato’. É, por isso,
fundamental que possua as ferramentas
adequadas para uma rápida identificação
Os dados referem-se a 2022, e a tendência é de crescimento. das ameaças e que assegure a redução do
tempo de resposta, prevenindo a expansão
Os ciberataques estão a aumentar em volume, velocidade e do ataque.
sofisticação, e as pessoas são o principal vetor de investida A proteção clássica do perímetro da
rede já não é suficiente, pelo que são ne-

O
contexto geopolítico ajudou a
impulsionar a tendência de cres-
cimento nos ciberataques que já
se verificava desde o início da pandemia.
Com a guerra na Ucrânia, este ritmo ace-
lerou, com Portugal a ser um dos países
da Europa com maior crescimento anual,
na ordem dos 30%, segundo dados do
Centro Nacional de Cibersegurança. Ao
longo de 2022, o país registou 25 inciden-
tes graves, e o ransomware foi o tipo de
ataque que mais cresceu, tendo duplicado
neste período.
Além do volume, os ciberataques são
igualmente mais rápidos na sua execução,
mais sofisticados, e já não são apenas di-
recionados a setores específicos. Qualquer
empresa pode ser alvo de um ataque, in-
dependentemente da sua área de negócio
ou dimensão, apesar de se verificar uma
tendência para ameaças perpetradas por
grupos organizados que escolhem em-
presas de telecomunicações ou serviços
TI, que podem ser uma porta de entrada
para outras, suas parceiras, e com sistemas
ligados aos do alvo principal. Grupos de
ataque estatais (hacking as a service, con-
tratação de grupos de ataque com intuito
de destruir organizações governamentais
e críticas às nações), ativistas, ciberespaço
económico (exfiltração de informação
para monetizar o ataque com venda de
informação, e encriptação para resgate)
são também cada vez mais frequentes.
Os métodos usados têm evoluído, sendo
cada vez mais complexos, mas continuan-
do a aproveitar as lacunas mais comuns.
Ou seja, o comprometimento poderá ser
via email, diretamente ao controlo dos
dispositivos, mesmo que não sejam os uti-
lizados no acesso aos recursos, aplicações,
informação empresarial; ou via identidade
cessárias novas abordagens que protejam
toda a cadeia de valor da organização,
permitindo uma visão em tempo real e
eficiente do que está a acontecer. A solu-
ção Microsoft Security é disso exemplo,
através da gestão integrada e potenciali-
zada com inteligência artificial e machine
learning, que analisa e correlaciona 73
triliões de sinais por dia, oriundos dos
diferentes dispositivos, aplicações, pla-
taformas e endpoints, sintetizando-os
em incidentes que contêm toda a história
do ataque.
Adicionalmente, a solução da Micro-
soft permite garantir a proteção total dos
vetores de ataque, através de equipas de
suporte rápido a incidentes e de recupera-
ção de ambientes comprometidos, acesso
a analistas de segurança, e a especialistas
com foco em capacitar os clientes a atingir
maiores níveis de maturidade.
 As novidades foram
apresentadas na sede
da Sony no Reino Unido,
num evento no qual
a Exame Informática
marcou presença

DIRECTIONS

COMIDA
AO DOMICÍLIO
As previsões da IDC indicam
que, dentro de dois anos, os
jovens vão ser responsáveis
por 65% das encomendas
realizadas através dos mais
variados serviços de entrega
de comida. De acordo com o
IDC's Retail Consumer Insights
Survey de 2022, 39% dos
consumidores a nível mundial
confessam estar a encomendar

VEM AÍ UM MULTIVERSO
mais entregas de comida
ao domicílio ou através de
takeaway. Nos últimos anos, os

DE TELEVISORES SONY
consumidores adaptaram-se às
opções de entrega e passaram
também a utilizar aplicações
móveis ou a encomendar online
para fazer as suas refeições
diárias, o que ajudou a resolver
A nova gama de televisores da Sony tem televisor. E neste ano estará disponível
alguns problemas de longa
data que os restaurantes
de tudo e para todos os gostos, sobretudo em 55, 65 e 75 polegadas.
tinham com a perda de lucros na tipologia de ecrãs. A coqueluche da Já a linha de televisores com ecrãs
para aplicações de entrega de marca é o modelo Bravia XR A95L, um OLED é a A80L, que estará disponível
terceiros, tais como UberEats e sucessor direto do A95K apresentado em em tamanhos de 83, 77, 65 e 55 polega-
Deliveroo. Mas os consumidores 2022. O destaque é o ecrã Quantum Dot das. Por sua vez, os televisores com ecrãs
raramente estão cientes do
impacto que esta decisão tem
OLED (QD-OLED). Esta tecnologia com- Mini LED pertencem à linha X95L e vão
nos resultados financeiros dos bina as características únicas dos painéis estar disponíveis em 85, 75 e 65 pole-
restaurantes. OLED – pretos profundos, cores vibrantes, gadas. Os modelos Mini LED têm duas
contrastes de alto nível – com as proprie- tecnologias adicionais, devido à tipologia
De acordo com o dades do Quantum Dot – uma camada de de ecrã que usam: a XR Backlight Master
Inquérito à IDC Future
nanopartículas que garante uma maior Drive e a XR Contrast Booster que, na
Consumer Agenda
Survey 2022, 20% dos capacidade de brilho e um maior volume prática, controlam com maior precisão
consumidores norte- de cor. Segundo a marca, o novo modelo a retroiluminação do ecrã e garantem
-americanos preferem tem um brilho máximo 200% superior contrastes mais apurados. Os novos te-
encomendar produtos ao do ano passado. A A95L vem ainda levisores estreiam ainda um menu dedi-
de serviços de terceiros
equipada com um novo processador XR, cado para videojogos e a EcoDashboard,
e 14% não têm preferência.
Dos que preferem encomendar capaz de converter qualquer conteúdo uma interface para gerir as opções de
através de aplicações móveis para uma resolução 4K, através de uma energia e que permitem reduzir em 32%
de terceiros, 43% dizem nova tecnologia apelidada de XR Clear o consumo energético dos televisores.
preferir o método porque Image, um sistema criado para ‘limpar’ Não foram ainda revelados preços, nem
pensam que os prazos de
a imagem que está a ser reproduzida no datas de chegada ao mercado. R.R.F.
entrega são mais rápidos
e 35% apreciam que a sua
informação seja armazenada,
tornando o processo de
encomenda mais simples.
Também os restaurantes
estão a abraçar e a promover
RUMOR
uma dinâmica contínua na
entrega/aprovisionamento,
com as principais cadeias a
ELON MUSK PREPARA RIVAL DO CHATGPT
mudarem o layout das lojas e a
desenvolverem conceitos só de
Elon Musk fez parte da equipa fundadora da OpenAI, startup responsável pelo
entrega, também conhecidos famoso ChatGPT, mas abandonou o projeto numa fase inicial (2018). Agora, o CEO da
como “cozinhas fantasmas”.
Tesla e da SpaceX tornou-se num crítico da estratégia seguida pela startup e estará,
Gabriel Coimbra
IDC Group Vice President & Country Manager
segundo a Reuters , interessado em passar das palavras à ação: o multimilionário
tem contactado vários investigadores com o objetivo de criar um rival do ChatGPT.
18
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 Publicidade

MERRELL – #GOODTHINGS COME TO THOSE WHO HIKE

Nesta estação a MERRELL
dá foco a duas novidades,
uma para eles e outra para
elas, os masculinos Nova
3 e os femininos Antora 3.
Os Nova 3 apresentam o
conforto de uns ténis casuais
e a durabilidade semelhante
à de uma bota de montanha,
ideais para qualquer situação.
Já os femininos Antora 3
apresentam gáspeas mais
duradoras, sola intermédia
mais reativa com FloatPro
Foam™ e um novo design de
sola para maior aderência.

MARCA SUÍÇA ON SUPERA-SE A SI PRÓPRIA

ESTA PRIMAVERA-VERÃO
Para uma marca de excelência como a suíça On, superar-se a si própria está
CONHEÇA MENSALMENTE no seu ADN e a no coleção Primavera-Verão é uma prova disso, inovando em
TODAS AS NOVIDADES QUE todas as categorias. Trata-se de uma coleção de excelência, inspirada na vida
ESCOLHEMOS PARA SI! desafiante dos atletas, impulsionada pela engenharia suíça e pelo desejo de
conforto e performance de todos os que abraçam uma vida ativa. Cada vez
mais robusta e diversificada, a marca de running de elite, marca pontos em várias
vertentes, seja a linha especificamente criada para corredores (Performance
CAMPANHA ALWAYS ON SIDE DA NEW ERA Running), atá às propostas para usar durante todo o dia (Performance All Day),
sem esquecer a nova coleção Outdoor (Performance Outdoor).
APRESENTA COLEÇÃO INSPIRADA
NO ESTILO DESPORTIVO RETRO
Em jeito de celebração de mais de um século de história
como marca global de lifestyle, a New Era lança a sua
maior coleção de sempre em nome próprio. Juntamente
com o lançamento da sua campanha sazonal Always On
Side, a marca americana traz de volta para a ribalta o seu
emblemático logótipo da bandeira.
Com uma inspiração marcadamente retro, a mais recente
linha de chapéus inclui bonés 9TWENTY e bucket hats
descontraídos, em cores tonais e com diversos apliques
desportivos bordados com várias referências à cidade
natal da New Era, Buffalo, no estado de Nova Iorque.
Por fim, e dando mais foco à marca New Era, a linha
Always On Side introduz uma série de bonés clássicos
9TWENTY que completam a coleção com o logótipo
vintage em itálico da New Era.
SWATCH – A COLEÇÃO DE MARÇO
A nossa série de lançamentos mensais monthly drops disponibiliza novas
histórias e estilos a cada mês. Vê o que está no radar e despacha-te, pois estes
relógios não vão ficar disponíveis por muito tempo.

ELÉTRICO PARA FAMÍLIAS NUMEROSAS
A Kia apresentou as primeiras imagens do EV9, o SUV da marca com três
filas de bancos, que conjuga um estilo arrojado com tecnologia avançada
ESTILO LOUNGE
Há três filas e o EV9
deverá estar disponível
com disposição de 6 ou 7
lugares. E ao contrário do
que tantas vezes acontece
em SUVs, a terceira fila tem
espaço para transportar
adultos confortavelmente.
Os passageiros da primeira
e da segunda fila podem
reclinar os bancos e os
da segunda fila podem,
ainda, ser rodados 180
graus para os ocupantes
ficarem virados para os
passageiros na terceira fila.
COMPRIMENTO
4 ,93 2 ,06 1 ,78 +400
METROS
TEXTO: SÉRGIO MAGNO FOTOS: D.R.
ZOOM
IRMÃO MAIOR
O EV9 utiliza a mesma
plataforma (E-GMP) que
já é usada pelo EV6 e pelo
Hyundai Ioniq 5. Espera-se,
por isso, uma arquitetura de
carregamento de 800 volts,
capaz de potências bem
acima dos 200 kW. O que
deverá permitir carregar
IMPONENTE de 10 a 80% em menos
de meia hora. É provável
O EV9 é um carro grande e destina-se a um segmento que as motorizações sejam
de mercado ainda com pouca oferta no que diz respeito similares às do EV6, pelo
a 100% elétricos. As formas da carroçaria são muito que esperamos uma versão
vincadas, com uma linha de cintura elevada. Apesar da GT com tração integral e
imponência, a Kia garante que o EV9 foi concebido dando mais de 500 cavalos de
prioridade à eficiência energética. Incluindo em aspetos potência.
relacionados com a aerodinâmica.
LARGURA ALTURA AUTONOMIA
METROS METROS KM
TECNOLÓGICO… CLARO
No habitáculo, o painel de instrumentos panorâmico estende-se do volante
até ao centro conjugando dois ecrãs táteis de 12,3 polegadas, integrados
com um visor segmentado de cinco polegadas. Naturalmente, o ecrã central
é tátil, mas há botões físicos diretos para as funções mais utilizadas.
Incluindo um género de botões virtuais ocultos. O sistema Highway Driving
Pilot permite que o carro assuma a condução em autoestrada.
20
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 Em parceria com a Agência
Espacial do Reino Unido, a
Rolls-Royce está a desenvolver
um mini reactor nuclear

PLASMA
DE PLÁSTICO
São cerca de vinte os blocos construtores
da vida na terra. Milhares de combinações
de aminoácidos resultam nas proteínas que
compõem cada ser vivo, formando ossos,
músculo e mediando comportamentos fi-
siológicos e até as emoções e o pensamento.
Mas será que para a vida ser possível são
necessárias estas duas dezenas de moléculas
base? A investigadora da Universidade de

ENERGIA NUCLEAR NA LUA

Berkeley, Califórnia, Ting Xu, quis saber qual
a resposta a esta pergunta e aparentemente
é não. Ou seja, é possível substituir algumas
proteínas por material sintético que tudo
continua a funcionar perfeitamente. O que
a investigadora fez, descreve o Eurekalert, foi
criar uma forma de imitar funções específi-
cas das proteínas naturais, com apenas dois,
quatro ou seis blocos construtores, usados
no plástico, por exemplo. Estas novas molé-
culas funcionam tão bem como as proteínas
verdadeiras, com a vantagem de que são
mais fáceis de sintetizar do que as naturais.
Apoiada por sistemas de inteligência artifi-
cial e machine learning, Ting Xu criou uma
versão do plasma sanguíneo e verificou que
este continuava a cumprir a sua função de
transporte de proteínas, tornando-as até
mais resistentes a altas temperaturas. “Po-
demos usar esta forma de gerar polímeros
até a um ponto em que o sistema biológico
deixa de ser capaz de reconhecer se é um
polímero ou uma proteína. Basicamente,
enganamos a Biologia.” S.S.
Viver e trabalhar na Lua há muito que deixou de ser um sonho de lunáticos.
Mas para que a realidade venha, mais uma vez, superar a ficção, é preciso
ultrapassar uma série de desafios tecnológicos. O primeiro deles é o abas-
tecimento de energia, do qual dependerá tudo o resto. Com financiamento
do Governo britânico, a Rolls-Royce está a desenvolver um mini reator
nuclear, que deverá estar pronto já em 2029. Será pequeno e leve e para o
responsável pela Agência Espacial do Reino Unido, Paul Bate, representa
“uma oportunidade única de apoiar tecnologias inovadoras e fazer crescer
o setor do nuclear, da ciência e da engenharia espacial”, além de “lançar as
bases para a manutenção de uma presença contínua de humanos na Lua”.
O projeto envolve ainda uma série de universidades, incluindo a muito
inglesa Universidade de Oxford, e representa o reforço de um investimento
anterior. A investigação estará focada em três aspetos essenciais, como a
geração de calor, a transferência deste calor e a conversão em energia. O
passo seguinte será preparar o mini reator para resistir ao ambiente lunar.
Com uma fonte de energia nuclear disponível, é possível aumentar o alcance
dos projetos em solo lunar, que até agora estão dependentes do fotovoltai-
co.“Permitirá que os futuros astronautas, rovers e experiências científicas
comuniquem, partilhem grandes quantidades de dados, incluindo vídeos
em alta-definição, e naveguem em segurança”, lê-se em comunicado. S.S.

VER MAIS À FRENTE

iPHONE DOBRÁVEL MOBI.E ACELERA GALAXY FOLD 5 PREÇOS DE

EM 2023 EXPANSÃO EM AGOSTO GRÁFICAS EM ALTA

7%
PORQUE
Há muitos rumores,
mas ainda não é possível
produzir ecrãs dobráveis
ao ritmo necessário para
os números de vendas
do iPhone. E será difícil
antes de 2025.
55 %
PORQUE
O crescimento das vendas
de 100% elétricos está
a tornar o negócio dos
carregamentos cada vez mais
atrativo. E há investimentos
planeados pelas próprias
marcas de automóveis.
66 % 82 %
PORQUE PORQUE
O aparecimento de O ‘colapso’ na mineração
novos dobráveis no mercado de criptomoedas levou
não deixa espaço para a à descida do custo dos
Samsung ‘dormir à sombra processadores gráficos. Mas o
da bananeira’. A marca deverá efeito ChatGPT veio aumentar
manter o ritmo e lançar a procura por chips Nvidia
novos dobráveis no verão. e os preços voltaram a subir.

21
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 FA L A M O S E S P E C I A L I S TA S

ERA UM
CAFÉ,
SE FAZ
FAVOR!
MÁQUINAS DE CAFÉ

Cimbalino, bica ou expresso.

Curto ou cheio. Duplo ou longo.
Chávena fria ou escaldada.
Sem princípio. Ou com cheirinho.
Há muitas formas de servir
café e com as máquinas que
aqui testamos, pode fazê-las
todas no conforto de casa.
Mais cappuccino, latte macchiato
e até cold brew. Prepare-se,
pois há novas tecnologias para
conhecer no mundo do café e no
final destas páginas corre o sério
risco de se tornar num barista
Textos Rui da Rocha Ferreira

22
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA

O M AN U
AÇÃ T EN
ILIZ
Ç
UT
ÃO
VA R I
ED A DE BEBID A S
I NS TA LA ÇÃ O
P ER
SO
IA
NC NAL
I ST Ê IZ A R
C ON S C A FÉ
DESAFIAR AS LEIS DO CAFÉ
DELTA Q RISE €279
A portuguesa Delta atreveu-se a
reimaginar a extração do café. Na
Rise, o café não verte de cima para
baixo, ‘nasce’ de baixo para cima.
Os copos têm um pequeno orifício
fechado na base e quando fazemos
o encaixe do copo na máquina, a
rotação feita para o prender abre, ao
mesmo tempo, o orifício – isto cria
um canal através do qual o café flui
diretamente da máquina para o copo.
Já quando ‘desatarraxamos’ o copo,
estamos a fechar de novo o orifício, o
que impede a bebida de verter.
E funciona? Muito bem, na realidade.
Por um lado, tem um impacto visual
forte – o borbulhar e o crescendo do
café no copo quase parece o efeito
de um vulcão em erupção. E a marca
garante que intensifica o sabor do
café (esta questão, sempre subjetiva,
abordamos no nosso ‘teste cego’ na
p. 29). O que podemos já afirmar é
que o café extraído fica com uma
camada fina de creme, consistente
e aveludado, mas que perde corpo
Tanto a máquina Rise
como os copos próprios
foram desenhados
pelo designer francês
Philippe Starck
com alguma rapidez. Já a extração de
um café cheio produz um creme mais
duradouro.
SIMPLICIDADE
A configuração da Rise é
extremamente simples. Na primeira
vez que usar a máquina, só tem de
encher o depósito de água até ao
limite máximo, ligá-la e carregar no
único botão que naquele momento
estará a verde, o do expresso (a
máquina tem mais duas opções
de extração, que são café cheio
e café longo). Em menos de um
minuto, o processo estava concluído
IDEAL PARA…
QUEM GOSTA DE CAFÉ E VALORIZA A
EXPERIÊNCIA DIFERENCIADORA DE
EXTRAÇÃO. HÁ ASPETOS NEGATIVOS
(COMO OS COPOS ESPECIAIS) QUE
TORNAM A RISE MENOS COMPETITIVA
23
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
NOTA FINAL
3,3
pt.mydeltaq.com
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
BENCHMARKS
Aquecimento de água: 43,22 s z
Expresso: 17,98 s (extração), 70°
(temperatura), 63 dB (ruído), 1152
W (consumo energético) z Preço
estimado por café: 28 cêntimos (pack
mythiQ, 80 cápsulas, €22,99)
e a máquina pronta a usar. Outro
elemento positivo é que a máquina
desliga-se, sozinha, ao fim de apenas
três minutos sem ser usada. Já
quando o café acaba de ser extraído,
as cápsulas caem automaticamente
para um compartimento na base.
Mas a inovação da Rise tem os
seus ‘quês’. O depósito de água, de
apenas 300 mililitros, parece-nos
manifestamente pequeno. Aliás, se
gostar de cafés longos, encher o
depósito vai ser um hábito comum.
E o mesmo poderia ser dito para
o depósito das cápsulas – bastam
cinco, seis, para a máquina já não
funcionar até que o depósito seja
descarregado. O lado positivo destas
‘poupanças’ é que a máquina, de todas
deste teste de grupo, é aquela que
ocupa menos espaço, o que se torna
numa opção ideal para quem tem
cozinhas pequenas ou quer colocá-la
num ‘cantinho’ na sala de estar.
Depois, o sistema único de extração
da máquina obriga à utilização de
copos próprios, compatíveis com
o sistema Rise. Quando compra a
máquina, estão incluídas quatro
unidades. Mas se quiser tirar um café
longo ou se quiser servir cafés num
jantar que faça lá em casa, então os
copos incluídos já não são suficientes
– cada conjunto de quatro copos
(quatro pequenos ou dois pequenos
e dois grandes) custa 35 euros. É
o preço a pagar para ser diferente.
E por falar em preço, parece-nos
cara para uma ‘simples’ máquina de
cápsulas.
Tudo considerado, a Rise funciona
como prometido, o café extraído tem
uma consistência boa, requer uma
baixa manutenção, e é muito fácil de
usar. E claro, é única no mercado.
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CAFÉ VERTIGINOSO
NESPRESSO VERTUO PLUS €179
A Nespresso também tem máquinas
com um novo método de extração de
café, as Vertuo. Se nas máquinas de
cápsulas ‘tradicionais’ o que acontece
é uma simples injeção de água, que
mediante a pressão exercida na
cápsula faz sair o café, aqui há um
‘twist’ – literalmente. É que além de
injetar água na cápsula, o sistema
Vertuo gira a cápsula para tirar
mais do café moído (centrifusão). As
cápsulas são diferentes: mais largas
e mais achatadas. Na parte inferior da
cápsula, na borda metálica, existe um
código de barras que, depois de lido,
faz com que a máquina saiba, sozinha,
como deve servir aquela bebida
específica: a quantidade de líquido e
as rotações a exercer.
Quando colocamos a cápsula e
iniciamos a extração do café, o som
que ouvimos faz lembrar o de um
disco a girar num leitor de DVD. Da
primeira vez que a cápsula gira, só
está a ser feita a leitura do código de
barras (a máquina tem um laser para
Na traseira da Vertuo
está um depósito
grande para o qual
caem as cápsulas
depois de usadas
o efeito). A água é depois injetada
na cápsula, que começa a girar
novamente, podendo chegar às 7000
rotações por minuto. Vertiginoso!
Daquilo que observamos nos nossos
testes, o grande ganho do sistema
Vertuo está na quantidade de creme
extraído. Nota-se logo, enquanto o
líquido está a fluir para a chávena,
uma cor caramelo e um aspeto
mais cremoso. De facto, o nível de
creme obteve nota máxima no nosso
‘teste cego’ e a máquina o melhor
desempenho na extração de café.
Além disso, uma das bebidas que
mais nos impressionou ao longo de
IDEAL PARA…
QUEM QUER A CONVENIÊNCIA
DAS CÁPSULAS E APRECIA UM
ELEVADO NÍVEL DE CREME. É CAPAZ
DE PRODUZIR EXPRESSOS, CAFÉS
LONGOS E DE CANECA (MUG)
24
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
NOTA FINAL
3,8
nespresso.com/pt
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
BENCHMARKS
Aquecimento de água: 41,79 s z
Expresso: 62,68 s (extração), 77°
(temperatura), 63 dB (ruído), 1239 W
(consumo energético) z Preço por café:
46 cêntimos (unidade de café Altissio)
todo o teste de grupo foi o café duplo
(80 ml) e que ficou com dois dedos
de creme. Este é um creme muito
arejado, com microbolhas, quase a
fazer lembrar espuma de leite.
De destacar que por causa do efeito
de rotação aplicado à cápsula, a
extração de café é mais lenta. Não é
uma eternidade, mas se precisar de
tirar oito cafés seguidos num jantar lá
em casa, vai demorar. E só é possível
tirar uma bebida de cada vez, pois só
existe uma bica de café.
DIRETA AO ASSUNTO
O processo de instalação é muito
simples. Temos de encher o depósito
de água (1,2 litros de capacidade) e a
máquina vai escoar mais de meio litro
enquanto limpa o circuito interno. Por
isso, tenha um recipiente à mão para
não começar com um ‘transbordo’.
Um elemento que apreciamos é que
o depósito, além de grande, pode
ser ajustado na posição: à esquerda,
atrás ou à direita da máquina.
A Vertuo Plus só tem um botão, na
parte superior, para iniciar/parar a
extração do café, o que significa
que, em termos de experiência de
utilização, mais simples é difícil. Mas
ganha à Rise da Delta por não exigir
copos próprios e por dar mais folga na
manutenção, graças aos depósitos de
maior capacidade. Uma última nota
positiva para o suporte, localizado na
parte frontal, que podemos ajustar em
quatro níveis diferentes de altura.
Apesar de não ter a ‘magia’ da
extração invertida de café da Rise,
há um fator de finesse nesta Vertuo.
Basta um toque no botão central para
a tampa abrir ou fechar sozinha. Nos
nossos testes, o mecanismo mostrou-
se fiável e robusto.

TIQUES DE BARISTA
PHILIPS LATTEGO EP5444 €729,99
As instruções para a instalação
são mostradas, passo a passo, no
ecrã incorporado na parte frontal
da máquina, o que é uma excelente
ajuda para garantir que estamos a
fazer tudo bem. E começar a usar
esta Philips também é relativamente
simples, muito graças à ajuda dos
botões com bebidas pré-configuradas
e às informações mostradas no ecrã.
Em termos de utilização, os botões
no mostrador são táteis, mas o ecrã
não é. Por isso a navegação nos
menus tem de ser feita através das
quatro teclas incluídas: cima, baixo,
retroceder e avançar.
Um dos elementos que mais
apreciamos nesta Philips são os perfis
de utilizador. É possível criar quatro
perfis e ter ainda um extra para
convidados. Isto permite que cada
pessoa possa guardar na máquina a
forma de extração preferida de um
expresso ou de um cappuccino. Um
elemento que não apreciamos tanto
é o facto de a máquina assumir que
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Esta Philips é
'desmontável' em várias
peças, o que permite
uma boa manutenção
ao nível da limpeza
qualquer alteração que façamos, na
extração de uma bebida, é isso que
pretendemos daí para a frente.
É possível personalizar cada bebida
em três parâmetros: quantidade de
café utilizado; quantidade de líquido
que será extraído do café; ou a
quantidade de leite nas bebidas que
o levam. O café propriamente dito
pode ser ajustado em seis níveis de
quantidade (o máximo chama-se extra
shot) e a quantidade de água pode
ser ajustada em cinco níveis (de 30
ml a 90 ml). Mas esta máquina tem
um problema de comunicação. Por
exemplo, se pedirmos para fazer latte
IDEAL PARA…
QUEM VALORIZA BEBIDAS COMO
CAPPUCCINO OU LATTE MACCHIATO,
POIS FAZ ESPUMA DE LEITE
COM MUITA QUALIDADE. É AINDA
MUITO COMPLETA PARA O PREÇO
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ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
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4,2
ÃO
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ED A DE BEBID A S
philips.pt
P ER
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IZ A R DESEMPENHO
C A FÉ
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
BENCHMARKS
Aquecimento de água: 64,01 s z
Expresso: 34,49 s (extração), 66°
(temperatura), 77 dB (ruído), 1320 W
(consumo energético) z Preço estimado
por café: 10 cêntimos (unidade de café
Sical Clássico, 35 doses/€3,59)
macchiatto com 40 ml de café e 200
ml de leite – os valores indicados pela
própria Philips no visor –, na realidade
só são usados 100 ml de leite dos
200 ml que colocamos no depósito.
Ou seja, um processo que ganha por
ser automático, perde por os valores
não serem assertivos.
Mas o que lhe falta em capacidade de
comunicação sobra em capacidade de
criação de espuma de leite. Na caixa
vem um depósito acessório (LatteGo),
que encaixamos na máquina quando
queremos bebidas com leite à
mistura. E o nível de espuma obtido
é muito bom. Um latte macchiato,
p.ex., fica com três dedos, densos e
consistentes, de espuma que quase
podemos comer à colherada. Aliás,
em termos de criação de espuma de
leite, foi a nossa máquina preferida.
MOER O CAFÉ
Esta Philips pertence à categoria
bean to cup, pois tem incluído
um moinho de café e, quando
selecionamos a opção de um
expresso, a máquina faz o processo
todo – moagem, aquecimento de
água e extração. Os resultados
são convincentes. Admitimos que
os primeiros cafés tirados eram
aguados, mas com o passar dos
dias a máquina ‘afinou’ e os cafés
passaram a ser tirados com corpo e
uma camada satisfatória de creme – é
densa e persistente, mas não bate
os outros modelos automáticos.
Além da moagem direta na máquina,
existe ainda um compartimento
separado para usar café já moído
ou descafeinado. A Philips Lattego
EP5444, em termos de possibilidade
de criação de bebidas, é muito boa e
uma das mais completas deste teste.
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C ON S C A FÉ
A MÁQUINA DO FUTURO
DE’LONGHI PRIMADONNA SOUL €1499
O primeiro elemento que destacamos
é o ecrã tátil. Tudo é controlado a
partir deste painel, desde a seleção
da bebida à navegação pelos menus.
E funciona muito bem, sobretudo na
velocidade de resposta do software
aos nossos toques. Já vimos
smartphones a comportarem-se pior.
No ecrã principal podemos
escolher uma das várias bebidas
pré-configuradas existentes na
máquina. E são muitas (19), desde
bebidas de café às que têm leite
misturado. Ou seja, em termos de
variedades de bebidas para fazer
em casa, é bastante completa e só é
superada pela congénere Eletta.
Podemos definir quatro comprimentos
(quantidade de líquido) para o café e
cinco níveis de aroma (que é quanto
café é usado). Ou seja, em termos de
personalização das bebidas, recebe
nota máxima. A máquina permite
ainda algum controlo sobre o sistema
de moagem. Ao todo temos sete
níveis diferentes de moagem (menos
Tanto o depósito
de água como o
de leite são muito
generosos em
tamanho, ideais
para famílias
numerosas
do que os 12 proporcionados pela
Philips) e podemos escolher ainda
um sistema de moagem automático,
que detalhamos mais abaixo. A
Primadonna Soul tem igualmente a
funcionalidade de diferentes perfis de
utilizador, que permite que a máquina
consiga personalizar bebidas ao gosto
de diferentes pessoas.
A ‘BIMBY’ DOS CAFÉS
A componente tecnológica desta
máquina vai além do ecrã tátil
e da personalização do café. O
equipamento suporta ligação Wi-Fi
para uma conexão ao smartphone.
IDEAL PARA…
QUEM QUER UMA MÁQUINA
AUTOMÁTICA QUE TIRA CAFÉS
COM A QUALIDADE DE UMA MÁQUINA
MANUAL. TEM MUITA TECNOLOGIA E
BEM EXECUTADA
26
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
NOTA FINAL
4
delonghi.com/pt
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
BENCHMARKS
Aquecimento de água: 46,47 s z
Expresso: 37,84 s (extração), 77°
(temperatura), 75 dB (ruído), 1400 W
(consumo energético) z Preço estimado
por café: 10 cêntimos (unidade de café
Sical Clássico, 35 doses/€3,59)
Para quê? Por várias razões, na
realidade. Uma delas, e a nossa
preferida em termos de fator de
diferenciação, chama-se Bean
Adapt. Basicamente definimos na
app a origem do café (arábica ou
mistura de arábica e robusta), o nível
de torrefação e depois a máquina
aplica a temperatura e o processo
de moagem mais indicado àquele
grão. Mais do que palavreado, os
resultados convencem mesmo – das
máquinas automáticas com moinho
de grão, foi aquela que extraiu os
melhores expressos, de espuma
consistente, praticamente sem bolhas
e com uma cremosidade que persiste
na chávena inclusive depois do café
ter sido bebido. E fá-lo café após café,
pelo que no capítulo da consistência
(muito valorizado pelos amantes do
café) esta máquina também recebe
nota máxima.
Ainda através do smartphone,
podemos literalmente mandar tirar o
café enquanto estamos sentados no
sofá. Que luxo!
Esta De’Longhi vem ainda com
um enorme depósito de leite para
preparar as bebidas mistas. E
foi aqui que já ficamos um pouco
desapontados. Se por um lado o
sistema é muito fácil de usar, não
nos deu, mesmo com a opção no
nível máximo, a melhor espuma num
latte macchiato ou num cappuccino.
Ficou menor em volume e menor
em consistência. Além disso, uma
máquina de 1500 euros não é para
todos. Só faz sentido se quiser uma
‘Bimby dos cafés’ que lhe permite
beber, de forma simples e com
boa qualidade, aquelas bebidas
que normalmente só encontra num
estabelecimento.

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A ARTE DA ESPUMA
NESPRESSO CREATISTA PRO €749
Temos a sensação que, nos últimos
anos, as máquinas manuais têm
‘roubado’ clientes às máquinas
de cápsulas – à medida que se
ganha mais experiência no café,
os utilizadores procuram um maior
controlo e variedade de bebidas.
Consciente de que há quem queira
mais do que um simples expresso, a
Nespresso tem na linha Creatista uma
forma de acomodar os dois mundos
– manter a simplicidade de utilização
das cápsulas e alargá-la à arte de
fazer espuma de leite.
Esta máquina pode não ter a
imponência visual de uma De'Longhi
ou de uma Sage (ainda que,
curiosamente, seja produzida pela
Sage), mas tem uma elegância
assinalável e que se destaca por
misturar metal escovado com metal
brilhante. Além disso, tem bons
pormenores de design: a gaveta de
suporte das chávenas e o depósito
para cápsulas já usadas estão ambos
escondidos no corpo da máquina e
Depois de fazer a espuma
de leite, quando largamos
o vaporizador, inicia uma
limpeza automática
podem ser 'puxados'. O processo
de configuração também é simples
e direto. Em menos de um minuto,
estava pronta a tirar cafés.
Apesar de ser uma máquina de
cápsulas, dá ao utilizador o poder de
fazer as suas próprias bebidas, ao
incluir um vaporizador para o leite.
Na prateleira das pingas está ainda
integrado um sensor de temperatura,
para que seja possível ajustar a
extração do leite ao nosso gosto.
O processo para fazer bebidas
com leite é muito simples. Isto
porque o tamanho do jarro, as
medidas recomendadas e o próprio
IDEAL PARA…
QUEM NÃO ABRE MÃO DA
SIMPLICIDADE DOS SISTEMAS DE
CÁPSULAS, MAS QUER FAZER BONS
CAPPUCCINO EM CASA E COM
SABORES EXÓTICOS DE CAFÉ
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ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
NOTA FINAL
3,3
nespresso.com/pt
DESEMPENHO
QUALIDADE/PREÇO
BENCHMARKS
Aquecimento de água: 7,17 s z
Expresso: 12,29 s (extração), 75°
(temperatura), 67 dB (ruído), 1160
W (consumo energético) z Preço
estimado por café: 44 cêntimos
(unidade de café Arpeggio)
posicionamento da boca para fazer
espuma, estão todos pensados ao
pormenor para exigir o mínimo de
interação da nossa parte. Basta
colocar o jarro fornecido na posição
indicada e a máquina trata de
atingir o nível de espuma e o nível
de temperatura que indicamos nas
opções da máquina.
Os latte machiato que fizemos
ficaram com três dedos de espuma
cremosa. Neste aspeto, fica ‘taco
a taco’ com a Philips. Enquanto o
processo decorria, víamos aquelas
microbolhas a formarem-se e o leite a
ficar com um aspeto mais aveludado.
De sublinhar que, antes de fazermos
a nossa primeira bebida, a máquina
guia-nos, através de imagens
mostradas no ecrã, por um processo
passo a passo.
WHAT ELSE?
A inclusão de um ecrã tátil, a cores,
dá-lhe um ar mais tecnológico
e moderno. Basta deslizar, para
cima e para baixo, para escolher a
bebida que queremos tirar: ristretto,
expresso, café longo, americano, flat
white, cappuccino, café latte, latte
macchiato ou apenas aquecer o leite.
Também é possível tirar apenas água
quente. Ou seja, dá-nos uma boa
variedade de bebidas, mas a lista não
é tão extensa quanto a das rivais.
Já em termos de café, usa as
cápsulas tradicionais da Nespresso
e o resultado depende um pouco
da cápsula usada – no nosso caso
experimentamos com Arpeggio, que
nos dá uma espuma densa, ainda que
ligeiramente arejada.
Apesar do charme inegável desta
máquina, parece-nos pouco
competitiva no preço.

I NS TA LA ÇÃ O
SUOR DO MEU TRABALHO
SAGE BARISTA TOUCH €1249
Não deixa de ser curioso que, no
mundo do café, uma experiência
premium quer-se menos automática
e mais manual – ninguém vai a
uma loja especializada beber um
expresso de máquina automática,
mas sim preparado por um barista.
Esta Sage combina um pouco dos
dois mundos: por um lado tem muito
de trabalho manual, por outro, tem
uma componente tecnológica que
simplifica a criação de bebidas.
A afinação manual não é tão simples
quanto pode parecer. Não é uma
inconfidência se dissermos que
precisamos de tirar cerca de 15
expressos até começarmos a acertar
na consistência correta do café (com
mais creme e uma boa combinação de
cores). Isto porque para encontrar o
ponto perfeito entre nível de moagem
e tempo de extração são necessárias
várias tentativas/erros. Neste modelo,
recomendamos uma moagem entre
os níveis 8 e 11. Dito assim, até
parece que nos tornamos em baristas
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C ON S C A FÉ
profissionais, mas o objetivo destas
máquinas é mesmo esse, dar ao
utilizador o poder de criar o café
exatamente como gosta.
SERVIDO A GOSTO
Os ajustes de moagem (há 30 níveis
disponíveis) são feitos num disco
lateral e no ecrã aparece o valor
correspondente. A prensa de café
tanto pode ser usada diretamente
na máquina como podemos retirá-
la para fazer a pressão à mão.
Preferimos o segundo método,
pois sentimos que controlamos
melhor a pressão que está a ser
IDEAL PARA…
QUEM QUER TIRAR UM CAFÉ
DE ALTA QUALIDADE E APRENDER
MAIS SOBRE ESTA BEBIDA.
O SISTEMA DE ESPUMA DE LEITE
É MUITO EFICAZ
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NOTA FINAL
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SO sageappliances.com/eu/pt
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DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
BENCHMARKS
Aquecimento de água: 3,64 s z
Expresso: 55 s (extração), 82°
(temperatura), 75 dB (ruído), 1280 W
(consumo energético) z Preço estimado
por café: 10 cêntimos (unidade de café
Sical Clássico, 35 doses/€3,59)
feita. Se juntarmos a isto o tempo
de moagem personalizado, os nove
níveis de temperatura de extração,
a variação de temperatura do leite
entre 45 e 75 graus, e também
vários níveis de espuma em bebidas
com leite, temos uma elevadíssima
capacidade de personalização. Esta
máquina também tem um sensor
de temperatura integrado na base,
que ajuda a conseguir os melhores
A máquina tem
ainda uma saída
resultados em latte e cappuccino.
dedicada de É tudo muito bonito no papel…
água quente para e resultados? Pode dar mais
aquecimento trabalho, mas compensa. Esta Sage
das chávenas (ou
fazer chá) foi responsável pelos segundos
expressos preferidos do ‘teste cego’
– a cor caramelo do café enquanto
está a ser extraído, a tonalidade de
tons castanhos que produz ao cair no
copo, o bom nível de creme que fica…
A Primadonna Soul é igualmente boa
(os dois cafés, lado a lado, são difíceis
de distinguir). Mas a Sage dá-nos
aquela sensação de recompensa de
termos sido nós a definir e a criar um
expresso (quase) perfeito. Também
gostamos bastante do sistema de
criação de espuma e aquecimento do
leite. É só colocar o jarro metálico na
posição correta e deixar a máquina
tratar do resto. Gostamos muito da
espuma produzida, mais ‘fofa’ do que
a das máquinas automáticas, ainda
que não tão consistente.
Apesar de permitir uma grande
personalização, parece-nos que a
seleção de bebidas a extrair com
ajuda da máquina é pobre – seria
bom ter mais auxílio ‘passo a passo’
no ecrã para conseguirmos fazer um
cappuccino perfeito. Além disso, o
ecrã é tátil e os nossos toques até são
reconhecidos com precisão, mas o
software é lento e atabalhoado.

OS MANOS
MAIS NOVOS
SAMSUNG GALAXY S23 (128 GB) €989,90
SAMSUNG GALAXY S23+ (256 GB) €1249,90
Como é apanágio da linha Galaxy S,
os topos de gama da Samsung chegam em
grupos de três. Na edição passada testámos
a versão Ultra, que foi elogiada como “o melhor
smartphone de sempre”. Agora colocamos
à prova os manos mais novos, S23 e S23+,
que têm uma bitola elevada para seguir
Textos Paulo Belchior de Matos
30
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
O QUE OS UNE
Diferentes do Ultra, principalmente, a
nível de câmaras e tamanho de ecrã,
os S23 e S23+ têm muitos pontos em
comum entre si e é esses que vamos
começar por analisar. A nível de design,
ambos contam com um rebordo de
alumínio e um chassis que recorre a
películas de vidro e PET recicladas,
sendo que a utilização de Gorilla Glass
Victus 2 à frente e atrás visa assegurar
maior proteção contra quedas acidentais.
Na mão têm um toque premium e
valorizamos o facto de a traseira não
ficar marcada por dedadas. Além disso,
possuem certificação IP68, o que
garante resistência à água (durante
um máximo de 30 minutos e uma
profundidade de 1,5 m).
Outro aspeto que valorizamos são as
diferentes cores à escolha. No mercado
nacional, além dos clássicos preto e
branco, a Samsung aposta igualmente
nos tons lavanda e verde azeitona. Pode
parecer um pormenor, mas depois de
andarmos uns dias com o S23+ verde
achamos mesmo que a cor é um fator
diferenciador e que ajuda a transmitir
uma sensação de posse por ser ‘fora da
caixa’. Infelizmente, a marca coreana
insiste em não fornecer carregador,
alegando motivos ambientais, embora o
cabo USB-C esteja incluído.
A nível de componentes, há 8 GB de
RAM para explorar, mas acaba por ser
o processador Snapdragon 8 Gen 2
de 4 nanómetros que mais se destaca.
A Samsung refere que o chip da
Qualcomm dos novos S23 é até uma
versão específica concebida para estes
Galaxy – recorrem a overclock, ou seja,
CPU e GPU funcionam a uma velocidade
de relógio mais elevada – e a verdade é
que os smartphones bateram recordes
nos nossos benchmarks. A fluidez foi
uma constante tanto no campo da
produtividade como na de lazer. Aliás,
o bom desempenho gráfico garante um
elevado processamento de fotogramas
por segundo, o que irá agradar aos fãs de
jogos. E ficámos impressionados com o
resultado da autonomia. A capacidade das
baterias até fica abaixo dos 5000 mAh
que se estão a tornar standard nos topos
de gama, mas a eficiência energética
proporcionada pelo Snapdragon
impressiona, que, como aludimos, é uma
versão otimizada para a linha Galaxy S.
No que diz respeito ao sistema operativo,
estamos perante terminais com Android
13, personalizados com a interface
gráfica One UI 5.1. É um software que
segue a linha tradicional da Samsung,
que visa garantir uma navegação intuitiva
e que tenta não abusar no chamado
‘bloatware’ (programas pré-instalados
de pouca utilidade e que só acabam por
ocupar espaço). Além disso, dispõem da
funcionalidade DeX, que agora até permite
ligar o smartphone a uma Smart TV sem
recorrer a qualquer fio, e da proteção
ponto-a-ponto Knox. E a Samsung
garante suporte para quatro gerações
de atualizações de sistema operativo e 5
anos de atualizações de segurança.
O QUE OS SEPARA
Vistas as semelhanças, entremos
agora no campo das diferenças. A
mais óbvia é, claro, o tamanho. O S23
conta com um ecrã de 6,1 polegadas,
enquanto o S23+ ‘cresce’ para as 6,6
polegadas. A resolução é a mesma em
ambos (2340x1080) e a qualidade
de imagem destes painéis AMOLED é
excelente, com cores vivas e bons níveis
de contraste. A área de visualização é,
obviamente, diferente, mas, o rácio corpo/
ecrã é praticamente idêntico: 86,8%
no S23 versus 87,6% no S23+. Como
na nossa experiência de utilização não
considerámos que a meia polegada tenha
um impacto significativo, confessamos
que gostámos mais de andar com o
S23. É, acima de tudo, uma questão
ergonómica, já que é o mais confortável
na mão. Fez-nos lembrar até o ‘toque’ de
um iPhone 14 Pro (o mais refinado que já
experimentámos) – ainda não está nesse
ponto, mas anda muito perto.
Outro aspeto em que o S23 leva
vantagem é no preço. Acima de tudo
por conseguir ficar abaixo da barreira
psicológica dos mil euros. Não é barato,
mas tendo em conta o desempenho
soberbo, as poucas cedências que
faz e o preço dos concorrentes, acaba
por destacar-se. Só gostávamos
de um pouco mais de espaço de
armazenamento, mas a versão de 256
GB já custa €1049,90. Em contraponto,
o preço do 23+ parece-nos excessivo
e penalizador. É que, como referimos,
excetuando a meia polegada a mais
no ecrã, o hardware e as câmaras são
exatamente iguais, pelo que se torna
difícil justificar tantos euros de diferença,
até porque já se aproxima do S23 Ultra
e não possui tantas características
diferenciadoras. E esta é a versão base,
pois há ainda uma com 512 GB de
armazenamento por €1369,90.
O PACOTE
DE IMAGEM
O S23 Ultra cativou-nos pela excelência
GALAXY S23 fotográfica, mas os dois Galaxy que
analisamos aqui têm um módulo de
câmaras diferentes. Diferentes em
relação ao Ultra, mas iguais entre si.
4,3
NOTA FINAL DESEMPENHO
Assim, na traseira, o S23 e o S23+
contam com três câmaras: a principal de
CARACTERÍSTICAS
50 MP, f/1.8, 85˚; a ultra grande angular
de 12 MP, f/2.2, 120˚; e a telefoto de
QUALIDADE/PREÇO
10 MP, f/2.4, 36˚ e zoom ótico de 3x.
samsung.com/pt As selfies ficam a cargo de uma de 12
MP, f/2.2 e 80˚. Se não ligar muito aos
CARACTERÍSTICAS
Ecrã FHD+ Dynamic AMOLED 2X de 6,1” (2340x1080,
aspetos técnicos e quiser saber como
120 Hz, HDR10+) ○ CPU Snapdragon 8 Gen 2 for é que fica o resultado final, podemos
Galaxy com Adreno 740 ○ 8 GB de RAM ○ 128 GB de adiantar que as fotografias estão no
armaz. ○ Bat. de 3900 mAh ○ Cams.: traseiras de 50 +
10 + 12 MP; e frontal de 12 MP ○ Android 13 com One pódio das melhores que já captámos. Tons
UI 5.1 ○ 146,3x70,9x7,6 mm ○ 168 g vivos, sem resvalar para a artificialidade,
e elevado grau de detalhe – por exemplo,
CONSTRUÇÃO CÂMARAS ECRÃ AUTONOMIA
nos pelos finos de um gato ou na textura
Muito Bom Excelente Excelente Excelente de um molho no prato. A Samsung acerta
ainda em dois aspetos que os utilizadores
valorizam. O primeiro é o dos retratos e
BENCHMARKS
Antutu 1172982 z CPU 264132 z GPU 554478 selfies, em que estes Galaxy privilegiam
z Memória 174613 z UX 179759 z 3D Mark Wild o realismo do motivo, sendo que é fácil
Life Extreme 3865 (23,1 fps) z Geekbench 1948
aplicar efeitos relacionados com o
Single / 5100 Multi z PCMark Work 3.0 15439 z
Autonomia (PCMark) 16 h 2 m desfoque do fundo (a interface é similar à
do iPhone). O segundo é o modo Noturno,
em que estes S23 se revelaram eficazes
a rentabilizar as parcas fontes de luz
de um cenário escuro para conseguir
apresentar uma imagem com um alcance
dinâmico que surpreende. Conseguimos
tirar à noite fotografias em que parecia
que tínhamos estado a montar focos de
iluminação para que o enquadramento
saísse favorecido. Já no zoom demos
conta de algum ruído quando puxámos
por ele. O que não é difícil, já que o ótico
se fica pelos 3x, enquanto o digital chega
às 30x. Uma nota positiva: o modo Expert
Raw, permite, tal como no modo Pro,
ajustar manualmente muitos parâmetros
GALAXY S23+ (equilíbrio de brancos, exposição, ISO,
etc.) e gravar ficheiros em formato RAW,
que guarda mais dados e torna uma
4
NOTA FINAL DESEMPENHO
edição posterior mais rica por parte dos
profissionais da imagem. Por fim, uma
CARACTERÍSTICAS breve referência ao vídeo, onde é possível
gravar em 8K a 30 fotogramas por
QUALIDADE/PREÇO segundo com a câmara traseira ou a 4K a
60 fps com a frontal.
samsung.com/pt
CARACTERÍSTICAS
Ecrã FHD+ Dynamic AMOLED 2X de 6,6” (2340x1080,
120 Hz, HDR10+) ○ CPU Snapdragon 8 Gen 2 for
Galaxy com Adreno 740 ○ 8 GB de RAM ○ 256 GB de
armaz. ○ Bat. de 4700 mAh ○ Cams.: traseiras de 50 +
10 + 12 MP; e frontal de 12 MP ○ Android 13 com One
UI 5.1 ○ 157,8x76,2x7,6 mm ○ 195 g
CONSTRUÇÃO CÂMARAS ECRÃ AUTONOMIA
Muito Bom Excelente Excelente Excelente
BENCHMARKS
Antutu 1236090 z CPU 267428 z GPU 550479
z Memória 239801 z UX 178382 z 3D Mark Wild
Life Extreme 3869 (23,2 fps) z Geekbench 2048
Single / 5349 Multi z PCMark Work 3.0 15506 z
Autonomia (PCMark) 18 h 21 m
31
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
CHEGA E SOBRA
XIAOMI REDMI SMART BAND 2 €34,99 „ Para a gama de preço em que insere, a estética da Smart Band
2 é uma boa surpresa. Muito leve, é confortável no pulso durante

A
Xiaomi ganhou reputação por apresentar uma todo o dia (e noite). A bracelete em poliuretano termoplástico
(TPU) ajusta-se ao pulso através de um mecanismo de encaixe
fortíssima relação qualidade/preço na maioria
e o facto dos espaçamentos serem muito próximos permite que
dos produtos que fazia chegar ao mercado. Com se adapte bem a diferentes tamanhos de mãos. A pulseira é
a Smart Band 2, a marca volta a apostar num custo de comercializada nas cores preta ou branca, embora seja depois
aquisição tentador. Será o desempenho igualmente possível adquirir, à parte, braceletes de outros tons: rosa, verde,
azul e azeitona. Refira-se ainda que esta Redmi tem certificação
recomendável? Paulo Belchior de Matos
5 ATM, o que significa que possui uma resistência à água que lhe
permite ser usada em piscinas e águas pouco profundas. Convém,
contudo, evitar duches de água quente, saunas e mergulho.
„ A Smart Band 2 é eficaz na monitorização dos ‘serviços
mínimos’. Em termos de exercício, há mais de 30 opções
à disposição, desde os mais tradicionais caminhada, „ O ecrã retangular de 1,47 polegadas
corrida e ciclismo até a sugestões mais fora da oferece muito brilho e é fácil ver os
caixa como Pilates, badminton ou patinagem, por conteúdos exibidos, mesmo perante uma
exemplo. Durante a prática, é possível consultar exposição solar mais forte. A interação
rapidamente a duração do exercício, o ritmo é totalmente tátil, não há nenhum botão,
cardíaco e as calorias queimadas. Há, contudo, e demos conta que a Band 2 não se dá
a grande lacuna de não incorporar GPS, uma bem com uma navegação apressada.
funcionalidade muito valorizada pelos fãs do É que, como as opções não possuem
exterior. É igualmente possível monitorizar a um tamanho grande, acabámos por
saturação de oxigénio no sangue (SpO2), embora tocar várias vezes em áreas que não
o processo tenha de ser manual, e o sono. Os pretendíamos, o que nos forçou a voltar
dados recolhidos foram fiáveis, embora nos atrás e repetir o processo com mais
pareça que haja uma tendência para exagerar na calma. Há duas faces de ecrã pré-
distância em, por exemplo, caminhadas e que a instaladas, sendo que a predefinida é
monitorização dos ciclos de sono REM tenha de uma das piores que já vimos devido à
ser ativada ‘à unha’ na app. falta de leitura. É possível recorrer à app
para pesquisar, descarregar e instalar
uma das mais de 100 faces disponíveis
„ A Xiaomi aponta para uma autonomia de 14 dias gratuitamente, mas o dispositivo só tem
perante uma utilização típica, que consiste, entre espaço de armazenamento para mais
outros parâmetros, por: frequência cardíaca aferida uma. Na prática, quando quiser trocar,
a cada minuto; monitorização avançada do sono; 200 vai ter de desinstalar a terceira que
notificações diárias; pulso levantado para interagir com instalou (as duas predefinidas não podem
o ecrã da Band 500 vezes por dia; sincronização de dados ser eliminadas) e só depois ver como fica
com a app uma vez por dia; duas medições diárias do SpO2; e a nova opção, o que é penalizador em
90 minutos de exercício por semana. No nosso teste, conseguimos termos de experiência de utilização.
até ultrapassar esta autonomia, já que o nosso ritmo de notificações
era menor. Se fizer uma utilização bem intensiva, deverá conseguir
que a bateria aguente cerca de seis dias, já que o sistema operativo é
leve e não fornece muitas opções, apenas as básicas como localizar
o telemóvel ou obturador remoto. O carregador magnético tem uma
conexão proprietária ‘pogo pin’ e liga-se a uma porta USB-A, sendo que
levámos quase duas horas para fazer a bateria passar dos 0 aos 100%.

„ Com um sistema operativo leve, a Xiaomi

delega muitas das opções de software na
app Mi Fitness. Assim, é no smartphone
que vai definir, por exemplo, a frequência
da monitorização ao ritmo cardíaco (a
cada minuto, a cada 10 minutos, a cada
30 minutos ou automático) ou a ativação UMA PULSEIRA DESPORTIVA COM UM PREÇO APELATIVO
da monitorização avançada do sono, E QUE CUMPRE, COM DISTINÇÃO, OS ‘SERVIÇOS MÍNIMOS’
aspetos que irão influenciar a autonomia
da Smart Band 2. A interface é apelativa,
proporciona uma navegação intuitiva e dá

4,3
acesso a mais dados de treino, muitos sob DESEMPENHO NOTA FINAL CARACTERÍSTICAS
Ecrã TFT de 1,47” (172x320, 247
a forma de gráficos. Pegando no exemplo PPI) ○ Bracelete em TPU ○ Nível de
da corrida, é possível saber a duração, CARACTERÍSTICAS resist. à água: 5 ATM ○ Bluetooth 5.1
número de passos, ritmo por quilómetro, BLE ○ Bateria de 210 mAh ○ Auton.
anunc.: 14 dias ○ Tempo de carreg.:
frequência cardíaca, calorias gastas,
QUALIDADE/PREÇO cerca de 2 h ○ Comp.: Android 6.0
tipo de treino (leve, aeróbico, intensivo, ou superior, iOS 12 ou superior ○
anaeróbico, VO2 máximo) e cadência. Para xiaomistore.pt 42,81x25,42x9x99 mm ○ 26,4 g
os utilizadores amadores, dados mais
do que suficientes e que dispensam a ECRÃ CONSTRUÇÃO MONITORIZAÇÃO AUTONOMIA
aquisição de equipamentos mais caros com Muito Bom Bom Bom Excelente

funcionalidades que não irão rentabilizar.

32
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 PREMIUM
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DOBRAR
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OPPO FIND N2 FLIP €1099,99
D
epois de lançar os seus primeiros
dispositivos dobráveis apenas no
mercado chinês, a Oppo avança
agora para a internacionalização com
o Find N2 Flip. Para os portugueses,
este é um smartphone que chega para
concorrer com o Samsung Flip4, já que
ambos dobram em concha e têm um
preço similar. Mas a Oppo marca pontos
num aspeto que, às vezes, negligencia-
mos: a elegante caixa traz lá dentro um
carregador (67 W). E, já agora, também
duas capas transparentes (uma para cada
‘metade’ do terminal).
Um dobrável em concha tem, por si
só, uma estética diferenciadora e a Oppo
optou por deixar o formato brilhar, cha-
mando atenções para o ecrã exterior.
O chassis conta com um rebordo em
alumínio e conjuga plástico e vidro re-
sistente a impressões digitais na traseira
e frente. O botão de energia tem embu-
tido um sensor biométrico e também é
possível recorrer a desbloqueio facial,
tanto com a câmara traseira como com
a frontal. Com um peso abaixo dos 200
gramas e uma espessura aceitável, é
fácil de transportar e dá até para abrir
e fechar apenas com uma mão. Dis-
ponível em preto ou roxo, gostámos
particularmente desta última cor – um
smartphone invulgar merece um tom
‘fora da caixa’.
Um aspeto fulcral em qualquer do-
brável é… a dobradiça. O Find N2 Flip
recorre à Flexion Hinge de segunda ge-
ração. Quando o telefone está fechado,
o mecanismo em forma de gota de água
faz com que as duas faces fiquem com-
pletamente encostadas – por um lado
protege o ecrã interior do pó, mas, por
outro, se o painel já tiver alguma poeira
pode levar a riscos; quando está aberto,
o vinco é subtil (tem uma profundida-
de inferior a 0,15 mm), embora ainda
seja percetível tanto ao toque como à
vista. Entendemos, porém, que não
prejudica a experiência de utilização.
A resistência é menor do que já vimos
em concorrentes, o que significa que
abrir e fechar este Oppo é um processo
mais fluído e a fabricante assegura que
foi testado para aguentar mais de 400
mil dobragens. Paulo Belchior de Matos
34
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
A Oppo garante 4
anos de atualizações
ao ColorOS e 5
anos de updates de
segurança
O ecrã exterior vertical
de grandes dimensões é
diferenciador em relação a
outros dobráveis em concha
ANIMAÇÕES ANIMAIS
Um dobrável em concha tem no ecrã
exterior um dos seus chamarizes e esta
afirmação faz ainda mais sentido no caso
do Find N2 Flip, que aposta num painel
secundário em formato vertical e com
uma dimensão bem acima do que estamos
habituados a ver. As 3,26 polegadas
permitem, por exemplo, que sejam exibidas
em simultâneo até seis notificações. E
também facilita a resposta rápida às
mensagens, sem sequer ter de abrir o
smartphone – há uma série de hipóteses já
predefinidas, mas o utilizador também pode
criar as suas e adicioná-las ao leque de
opções (desde texto a emojis).
Gostámos muito da funcionalidade
Mascotes Interativas, em que podemos
escolher um de cinco animais digitais
(pássaro, hamster, coelho, gato ou cão) e
tê-lo como companheiro no ecrã exterior.
Na prática, são disponibilizadas uma série
de animações em que o animal até pode
acompanhar as atividades do utilizador – se
tiver usado a câmara ou escutado música,
ele aparecerá a fazer o mesmo. Simples,
divertido e diferente. É igualmente possível
escolher, nas Definições, quais os widgets
que aparecem no painel da capa: câmara,
meteorologia, eventos, temporizador,
auriculares sem fios e gravador. Optámos
por recorrer a todos, com exceção para o
dos auriculares, já que a funcionalidade
só funciona com alguns Oppo e OnePlus,
e achamos que mais opções fazem falta.
Saliente-se que o widget da câmara permite
selecionar entre foto, retrato e vídeo,
embora durante a utilização quotidiana até
tenhamos recorrido mais ao atalho de tocar
duas vezes no botão de volume para abrir
logo a câmara (a opção tem de ser ativada
nas definições da aplicação da câmara). O
ecrã sempre ligado (ou AOD, de Always On
Display) também pode ser personalizado
de diferentes formas, mas aqui o processo
já não é tão simples, pois se quiser usar o
Bitmoji vai ter de instalar a app e até GIFs
implicam autorizações de monitorização
contínua que pode considerar intrusivas.
 A versatilidade do
modo FlexForm
permite transformar
o telefone numa
camcorder

Quando aberto, o Find N2 Flip

presenteia-nos com um ecrã AMOLED de
6,8 polegadas. Pode achar o rácio de 21:9
algo estranho de início, mas, no nosso
caso, a adaptação foi rápida e gostámos
de consumir conteúdos neste painel. É
que a qualidade de imagem é muito boa,
BENCHMARK com doses ajustadas de brilho e contraste.
ANTUTU
Temos de referir, todavia, que ao usar o
ecrã principal com o smartphone aberto
800000
752545 788578
acabámos por tocar várias vezes com o
dedo no ecrã secundário, o que deixou
OPPO FIND SAMSUNG
GALAXY Z algumas marcas de dedadas na zona.
N2 FLIP
FLIP4 (256 GB)
€1029,90
REPOR ENERGIAS
O hardware costuma ser um tópico sensível
nos dobráveis em concha que temos
O BOM testado e sucede o mesmo com o Find N2
Flip. Se fizermos a análise num vácuo, o
Confortável na mão e no bolso. Capacidade
desempenho é constantemente fluído e
de tirar fotos de múltiplos ângulos espicaça
a imaginação. Animações do ecrã exterior. mais do que suficiente para quem utilizar
Carregamento rápido este smartphone não só para lazer (jogos
incluídos) como para produtividade. Contudo,
se esmiuçarmos a performance e olharmos
e a ultra grande angular de 8 MP, f/2.2,
112°. A frontal fica a cargo de uma com
32 MP, f/2.4, 90°. A Oppo fez ainda uma
parceria com a Hasselblad para proporcionar
uma experiência mais parecida com a
das câmaras clássicas da marca sueca.
Na prática, isto repercute-se desde a
disponibilização do som do obturador ao
formato Xpan, passando por três filtros
Master Style (Esplendor, Serenidade,
Esmeralda). Pequenos pormenores que
não fazem uma diferença significativa na
experiência de utilização, embora seja
justo referir que gostámos de brincar um
pouco com o Xpan, cujo formato encaixa
perfeitamente nas 6,8” do ecrã 21:9, o que
permite fazer um enquadramento mais amplo
e cinematográfico. Num cômputo geral, as
imagens captadas são equilibradas, mas
com um alcance dinâmico que gostávamos
que fosse maior. O caso melhorou um pouco
quando ativámos a opção Alta Resolução,

O MAU
Merecia um CPU mais poderoso
para o preço pedido. As câmaras não
competem com as dos topos de gama
E O VILÃO
Precisa de mais apps
que suportem o modo FlexForm
para os benchmarks obtidos, constatamos
que os valores ficam aquém de outros topos
de gama, alguns deles até mais baratos.
A nível de componentes, temos à
disposição 8 GB de RAM e 256 GB de
armazenamento, pelo que a escolha mais
invulgar que a Oppo fez foi a nível de
processador, que é um Dimensity 9000+.
O desempenho deste MediaTek é, que
fique bem claro, muito satisfatório, mas
não chega ao patamar do que de melhor
faz a Qualcomm com os mais recentes
Snapdragon. Por outro lado, a autonomia foi
em que se recorre aos 50 MP, mas, ainda
assim, a saturação das cores e o contraste
não atingem a bitola do que registamos em
topos de gama como os recentes Samsung
S23, apenas para dar um exemplo. Até com
recurso ao NPU MariSilicon X, o mesmo pode
ser dito em relação ao modo Noite, em que a
exposição nos parece curta. E convém não
abusar do zoom para não ser brindado com
ruído. São, globalmente, bons resultados,
mas há smartphones da mesma gama de
preço que fazem melhor.
Assim, onde o Find N2 Flip se distingue

4
NOTA FINAL DESEMPENHO
uma agradável surpresa. A capacidade da é no denominado modo FlexForm, isto
bateria não é impressionante (4300 mAh), é, na capacidade de se dobrar para tirar
CARACTERÍSTICAS
mas conseguimos, sem dificuldades, ter fotos com a câmara principal de ângulos
carga para um dia de utilização intensiva. criativos. Para começar, é possível pousá-
QUALIDADE/PREÇO
E a Oppo disponibiliza aqui suporte para lo numa superfície (o que funciona logo
oppo.com/pt carregamento SuperVOOC de 44 W (apesar como estabilizador) e ativar o obturador
CARACTERÍSTICAS
de vir com o já mencionado carregador de à distância com a palma da mão. A
Ecrã principal AMOLED FHD+ de 6,8” (2520x1080, 67 W), o que faz com que se consiga repor possibilidade de tirar selfies com o sensor
120 Hz, 21:9, HDR10+) / Ecrã exterior de 3,26”
(720x382, 60 Hz) ○ Proc. Dimensity 9000+ ○ 8 GB energia a bom ritmo. de 50 MP e até pré-visualizá-las no ecrã
de RAM ○ 256 GB de armaz. ○ Câmaras traseiras exterior é outra mais-valia, sendo que este
de 50 e 8 MP; e frontal de 32 MP ○ Bateria de
princípio pode ser aplicado se estiver a
BRINCAR AOS FOTÓGRAFOS
4300 mAh ○ 166,2x75,2x7,45 mm (aberto) e
85,5x75,2x16,02 mm (fechado) ○ 191 g tirar um retrato a outra pessoa, com ela a
conseguir ter uma noção do resultado no
CONSTRUÇÃO CÂMARAS ECRÃ AUTONOMIA A fotografia é uma característica que painel de 3,26”. Acabámos por nos divertir
Muito Bom Muito Bom Muito Bom Muito Bom
apaixona no Find N2 Flip. E não é bastante a explorar as possibilidades
necessariamente pela qualidade das proporcionados pela utilização entre os 45
BENCHMARKS
imagens obtidas. Já lá vamos. Este dobrável e os 110° de inclinação e, a nível de vídeo, é
Antutu 752545 z CPU 140016 z GPU 361827 z
Memória 130175 z UX 120527 z 3D Mark Wild Life conta com duas câmaras na ‘traseira’ (junto possível gravar em 4K a 30 fotogramas por
Extreme 2649 (15,9 fps) z Geekbench 937 Single /
3261 Multi z PCMark Work 3.0 12402 z
ao ecrã secundário): a principal com um segundo ou a 1080p a 30 fps, valores que
Autonomia (PCMark) 14 h 48 m sensor Sony IMX890, 50 MP, f/1.8, 86°; pecam por escassos.

35
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA

O ecrã principal
de 17,3” tem um
rácio 21:10, o
que significa que
disponibiliza muita
área horizontal
Este estilete
está embutido no
chassis e serve
para interagir com
o ecrã secundário
LIVRO
DE ESTILO
LENOVO THINKBOOK PLUS G3 IAP €3075
D
esde que foi criada em 2020, a
linha ThinkBook Plus apostou
sempre em trazer algo de inova-
dor ao campo dos portáteis. A versão Gen
2, por exemplo, incluía um ecrã secun-
dário com e-Ink e a recém-anunciada
Gen 4 aposta num ecrã rotativo. Mas,
para já, concentremos atenções no Gen
3 que recebemos no nosso laboratório e
que conta com um ecrã secundário de 8
polegadas ao lado do teclado.
Pensado primordialmente para utiliza-
dores profissionais, o ThinkBook aposta
num design sóbrio, com o recurso a dois
tons na tampa a ser o único apontamento
diferenciador. Quando pegamos neste
Lenovo, há dois aspetos que impressio-
nam imediatamente. Por um lado, a es-
pessura reduzida e, por outro, a enorme
largura – na mão, parece um retângulo
gigante. Como estamos a falar de um
portátil de 17,3 polegadas, a dimensão
pode ser um óbice no transporte, mas
o peso ronda os 2 quilos, pelo que não
irá afetar-lhe muito as costas se tiver
de o levar numa mochila de um lado
para o outro.
A qualidade de construção é refina-
da e o chassis é robusto. As dobradiças
permitem inclinar o ecrã até um nível
perto dos 180° e a Lenovo apostou em
colocar praticamente todas as portas
de conetividade na traseira. Esta op-
ção tem caído em desuso, mas é um
fator importante para se conseguir a
tal espessura reduzida. Achamos que
a opção acaba por compensar, embora
confessemos algum desconforto em ter
de recorrer à traseira para inserir uma
pen numa das portas USB-A ou para
rentabilizar o Thunderbolt 4 presente
na USB-C. O carregamento é feito por
36
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
É possível
selecionar as
aplicações mais
utilizadas para as
tornar facilmente
acessíveis neste
ecrã de 8”
USB-C, sendo que, neste caso, podemos
igualmente recorrer à porta que está na
lateral, ao lado da entrada combinada
de auscultadores/microfone. Por fim,
um pormenor que até começou por nos
passar despercebido. Num dos cantos da
traseira está guardado o estilete que po-
demos usar no ecrã secundário. Um bom
detalhe de engenharia, que já tínhamos
visto em outra máquina da Lenovo no
passado, e que serve igualmente para
carregar o utensílio quando não está a
ser utilizado.
DOIS EM UM
O ecrã principal, como já referimos,
tem umas generosas 17,3 polegadas e é
provável que vá estranhar inicialmente
o rácio 21:10, porque disponibiliza uma
área horizontal muito vasta em contra-
posição à vertical que acaba por parecer
escassa. A resolução é 3K (3072x1440)
e a qualidade de imagem é boa, com a
replicação de tons realistas e contrastes
equilibrados, algo que é ajudado pelo
suporte para Dolby Vision. Lida bem
com reflexos, o brilho pode atingir os
400 nits e a taxa de atualização chega
aos 120 Hz. A Lenovo disponibiliza até
uma combinação de teclas – Fn + R –
para alternar rapidamente entre os 60
Hz e os 120 Hz. A funcionalidade podia
ser particularmente interessante para o
cenário de jogos, mas o ThinkBook não
possui gráfica dedicada, pelo que não é
vocacionado para gaming. Saliente-se
que este ecrã é tátil e a Lenovo oferece
um estilete (sim, outro) para que se possa
interagir com ele.
O ecrã secundário é igualmente tátil e
possui 8 polegadas, com uma resolução
de 800x1280. A colocação na vertical
ao lado do teclado acaba por ser a prin-
cipal diferença quando o comparamos
com o que a Asus costuma fazer com o
ScreenPad, em que aproveita a área do
touchpad para disponibilizar um painel
extra. A dimensão do ecrã secundário
do ThinkBook acaba por ser generosa e
demos por nós a recorrer com frequência
ao estilete que está embutido no chassis
para interagir com ele, embora este aces-
sório seja muito fino e pequeno e tenha
uma autonomia escassa.
A grande questão acaba por ser: o que
se pode fazer com este ecrã mais peque-
no? A resposta curta: muitas coisas. Para
começar, é um incentivo à produtividade
e ao multitasking com a disponibilização
de uma área de trabalho extra. É o pró-
prio ecrã secundário que oferece todas
as opções à escolha. É possível selecio-
nar as aplicações que mais se utiliza e
tê-las disponíveis através de um botão
de atalho para as conseguir iniciar mais
rapidamente nesta área. Também dá para
fazer espelhamento, sendo que ele pode
ser feito de duas formas: passar o que está
no ecrã secundário para o principal, o que
é útil quando queremos copiar conteúdo;
ou selecionar uma zona do principal e
passá-la para o secundário.
A nossa funcionalidade preferida foi a
denominada Prancheta, que é uma es-
pécie de tela em branco para podermos
desenhar ou tomar notas. Além disso, há
O clássico obturador
de webcam da Lenovo
marca presença
Quase todas as portas
de conectividade estão BENCHMARK
localizadas na traseira, junto PCMARK 10 EXTENDED
às áreas de dissipação térmica
6000
5604
um trabalho específico feito pela Lenovo
4723 LENOVO
na disponibilização dos painéis de con-
trolo para programas específicos: Pho- ASUS THINKBOOK
ZENBOOK PLUS G3 IAP
toshop, Premiere e After Effects. E nas
14X OLED
definições podemos escolher se quere- UX5400
mos desativar a função de toque no ecrã €1599,99
secundário ou até desligar qualquer um
dos dois painéis. O brilho também pode
ser ajustado separadamente ou herdar as O BOM
definições do ecrã principal. Inovação inerente ao conceito dos
Em termos de experiência de utili- dois ecrãs. Qualidade de construção.
zação, a navegação entre os dois ecrãs Inclusão de dois estiletes. Hardware
assegura boa performance
com o ponteiro do rato faz-se como num
setup de dois monitores. Em algumas
ocasiões demos por uma certa latência
nos nossos comandos e, de início, os O MAU
atalhos podem criar alguma confusão. Experiência de utilização do software
E a colocação deste ecrã à direita força do ecrã secundário pode ser refinada.
Preço exorbitante perante produtos
um deslocamento do teclado, sendo que
do género da concorrência
o processo de escrita acaba por ser pena-
lizado a nível de ergonomia (principal-
E O VILÃO
mente a mão esquerda) por as teclas não
estarem na tradicional posição central.
O problema repete-se com o touchpad. O rácio 21:10 causa estranheza.
Escrita no teclado acaba
por ser pouco ergonómica
HARDWARE DE TRABALHO
Em termos de desempenho, esta é uma
máquina competente. A Lenovo faz uma
3,7
NOTA FINAL DESEMPENHO
aposta declarada no hardware e incorpo-
ra um processador Core i7 de 12ª geração CARACTERÍSTICAS
e 16 GB de RAM. Para o preço pedido,
esperávamos, contudo, um pouco mais QUALIDADE/PREÇO
de espaço de armazenamento no SSD. O lenovo.com
ThinkBook Plus não correu o nosso tra-
CARACTERÍSTICAS
dicional benchmark para a autonomia, Ecrã principal tátil LCD 3K de 17,3” (3072x1440,
21:10) e secundário tátil LCD de 8” (800x1280)
mas a nossa experiência de utilização ○ Processador Core i7-12700H com GPU Iris Xe
disse-nos que não devemos esperar valo- ○ 16 GB de RAM ○ SSD de 512 GB ○ USB-C com
Thunderbolt 4, USB-C 3.2 Gen 2, 2x USB-A 3.2
res elevados da bateria de 70 Whr – uma Gen 1, HDMI, jack de 3,5 mm, Wi-Fi 6E, Bluetooth
consequência de ter um ecrã grande e um 5.2 ○ 410x228x17,9 mm ○ 2 kg
segundo painel adicional. Experimentá-
mos puxar pelo grau de exigência das PRODUTIVIDADE ECRÃ JOGOS AUTONOMIA
Excelente Muito Bom Fraco Satisfatório
tarefas e até ativámos manualmente o
modo de funcionamento Turbo para BENCHMARKS
aferir a resposta do sistema de dis- PCMark 10 Extended: 5604 z Essenciais 11010
z Produtividade 7683 z Criação Conteúdo Digital
sipação. Revelou-se eficaz a evitar o 7063 z Jogos 4461 z 3DMark: Time Spy 1991 z
sobreaquecimento e não faz um ruído Night Raid 20345 z Cinebench R23 1738 Single
Core / 12395 Multi Core z PCMark 10 Autonomia
excessivo. Paulo Belchior de Matos (Produtividade) Não correu
37
ABRIL 2
2023 EXAME INFORMÁTICA
FERRAMENTA
CRIATIVA
HP Z25XS G3 DREAMCOLOR €565,80

S
egundo os dados da HP, 80% dos profissionais criativos
pretendem continuar a apostar no trabalho remoto
com o final da pandemia. Essa é uma das razões pelas
quais a marca americana está a apostar naquilo que chama
de Create Ecosystem, que são soluções e ferramentas para
„ Tornou-se prática comum da HP ter nos seus produtos
trabalhar a partir de qualquer ambiente. A nova geração de
materiais reciclados pós-consumo e plásticos que estavam
monitores DreamColor insere-se nesta oferta e o Z25xs G3 destinados aos oceanos. O Z25xs não é exceção, mas tal não
é primordialmente vocacionado para designers, fotógrafos, impede que a estética seja premium, até a traseira é um mimo
ilustradores e diretores artísticos. Paulo Belchior de Matos visual. O design aposta em linhas elegantes, com uma base de
suporte que apresenta uma pegada reduzida. E a ergonomia
é surpreendente, já que é possível fazer ajustes em todos os
parâmetros: altura em 15 cm; inclinação entre -5° e 20°; rotação
entre -45 e 45°; e até pivot entre -90° e 90°.
„ As características técnicas do Z25xs G3 comprovam a ideia de que
este é um monitor vocacionado para profissionais ligados à área da
criatividade. Quer exemplos? Comecemos pelo suporte para sRGB a
99% e DCI-P3 a 95% com cores calibradas de fábrica. A isto junta-se
a validação Pantone num painel de 10 bits (tecnicamente 8 bits + 2
FRC). Tudo características que só serão devidamente rentabilizadas
por um utilizador que necessite de uma fiabilidade de cores imaculada.
E apreciámos bastante a possibilidade de alternar facilmente entre
diferentes tipos de perfis predefinidos, consoante a necessidade
profissional: web design (sRGB D65), design de impressão (sRGB
D50), fotografia (DCI-P3 D65) ou vídeo HD (BT.709)…

„ …Mas, então, e o utilizador comum, que precisa de um monitor

para um uso mais quotidiano? Bem, ficará servido com um painel
plano IPS de 25 polegadas com resolução QHD e molduras
reduzidas. À primeira vista, pode ser tentado a achar que o
Z25xs peca pela falta de brilho, mas quanto mais o usámos mais
apreciámos o realismo das cores. A qualidade de imagem é, assim,
de uma fiabilidade apreciável, mas, se não vai necessitar dela a
nível profissional, é natural que os seus olhos se prendam mais
nos tons vivos disponibilizados por monitores mais baratos. E
este não é um bom painel para jogar, já que a taxa de atualização
se fica pelos 60 Hz e o tempo de resposta é demorado.
„ A maioria das portas da conetividade encontram-se na
traseira e o acessório presente no suporte vertical ajuda na
gestão de cabos (um aspeto particularmente relevante para
um monitor com uma estética tão aprumada). Importa destacar
que a USB-C dessa zona pode fornecer energia até 100 W,
pelo que dá para carregar, por exemplo, um portátil. E refira-se
que na lateral há duas portas mais facilmente acessíveis ao
utilizador – uma USB-A e uma USB-C –, o que é muito prático.

UM MONITOR PREMIUM DE 25
POLEGADAS FEITO A PENSAR NOS
PROFISSIONAIS DA CRIATIVIDADE,
COMO DESIGNERS E FOTÓGRAFOS, E
QUE PRIVILEGIA CORES REALISTAS

4
DESEMPENHO NOTA FINAL CARACTERÍSTICAS
Ecrã IPS QHD de 25” (2560x1440,
16:9, 60 Hz) ○ Brilho: 266 nits
CARACTERÍSTICAS ○ Tempo de resposta: 14 ms ○
sRGB a 99%, DCI-P3 a 95%,
DisplayHDR 400, validação
QUALIDADE/PREÇO Pantone ○ 2x USB-C, HDMI 2.0a,
„ A navegação pelos menus é efetuada através do joystick que DisplayPort 1.4, 3x USB-A 3.2 Gen
se encontra na lateral. É fácil e intuitivo explorar as diferentes hp.com/pt 1 ○ 569x518x205 mm ○ 6,2 kg
opções oferecidas e a HP conta com o português como uma
das 10 opções de línguas disponíveis. E apreciámos bastante IMAGEM ERGONOMIA CONSTRUÇÃO INTERFACE
a presença de dois botões, junto ao canto inferior direito, para Muito Bom Excelente Excelente Muito Bom

ajustar o brilho rapidamente.

38
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 ANOS

A VER O MUNDO

O B R I G A D O P O R FA Z E R PA R T E D E S TA H I S T Ó R I A

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O ecrã principal OLED
impressiona pela
qualidade de imagem,
sobretudo pela
vivacidade das cores
Teclar nesta máquina
é uma tarefa
desconfortável
devido à falta de
apoio para os pulsos
ARTE
E ENGENHO
ASUS ZENBOOK PRO 14 DUO UX8402Z
€2999,99
O
s Duo da Asus já têm alguns
anos, mas ainda continuam a
apresentar, em larga medida,
um formato exclusivo num mercado
carregado de portáteis com arquitetura
‘concha’ convencional. Naturalmente,
a real funcionalidade do segundo ecrã
varia muito de acordo com o perfil de
utilização. Mas uma coisa é certa: estas
máquinas continuam a impressionar na
componente de engenharia. E o novo
Zenbook Pro Duo representa a melhor
implementação, até ao momento, da
arquitetura de ecrã duplo.
IMAGENS IMPRESSIONANTES
As melhorias são várias. A começar
por ecrãs maiores, com margens finas,
que permitem uma melhor experiência
multi-ecrã. Quando se abre o portátil, o
painel junto ao teclado sobe graças a um
mecanismo bem conseguido, ficando
numa posição que dá continuidade ao
ecrã principal. Os ângulos de visuali-
zação também estão bem melhores, o
que assume particular importância neste
sistema porque, evidentemente, os dois
ecrãs apresentam-se ao utilizador com
níveis de inclinações bem diferentes.
Nesta versão, conseguimos sempre uma
boa visibilidade do conteúdo de ambos
os ecrãs.
O painel principal é do tipo OLED e,
como já tínhamos verificado em outros
portáteis Asus com esta tecnologia, a
qualidade de imagem é verdadeiramente
impressionante. O recorte de imagem,
contraste e vivacidade de cores quase
que dão profundidade à imagem apre-
sentada. Como a taxa de atualização é
de 120 Hz, a fluidez é garantida. Quanto
ao brilho, normalmente a caracterís-
tica menos impressionante do OLED,
é suficiente para uma utilização con-
40
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
BENCHMARK
CINEBENCH R23
15000
13029
ASUS
7872 ZENBOOK
PRO 14 DUO
HUAWEI UX8402Z
MATEBOOK
X PRO
€2199
O segundo ecrã pode
ser usado para atalhos
e ferramentas úteis –
neste caso, apresenta
a calculadora
fortável mesmo no exterior. Por outro
lado, o típico acabamento brilhante dos
painéis do OLED pode prejudicar muito
a experiência nestas condições. Neste
aspeto, o acabamento mate do segundo
ecrã, com painel IPS, é melhor. Embora
esta diferença de acabamento prejudi-
que a tal continuidade já referida entre
os ecrãs, consideramos que se trata de
uma boa opção porque, naturalmente,
um ecrã que está virado para cima fica
mais exposto a fontes de luz, que criam
os tais reflexos.
ESPAÇOS CRIATIVOS
Ambos os ecrãs são táteis e funcionam
com o estilete incluído. O que abre mui-
tas possibilidades artísticas. É fácil dese-
nhar ou pintar com este estilete. Neste
aspeto, o segundo ecrã faz toda a dife-
rença em termos de ergonomia porque
nos permite usar o estilete numa posição
mais natural. E como várias aplicações
de criatividade possibilitam espalhar
janelas por mais que um ecrã, é possível,
por exemplo, usar o estilete para facilitar
o recorte em edição de imagem.
Mas nem temos de estar dependentes
só das capacidades das aplicações. Isto
porque a Asus adicionou algumas fun-
cionalidades para melhor aproveitar as
capacidades do estilete. Funcionalidades
que podem ser ativadas a partir do menu
flutuante disponível no segundo painel.
Por exemplo, o Handwriting apresenta
uma janela onde podemos escrever com
o estilete (manuscrito) e o texto é con-
vertido para digital e transferido para a
aplicação que estiver aberta. Há, ainda,

„ O estilete é fornecido com diferentes
pontas, uma mais-valia para quem
quer desenhar ou pintar livremente.
O carregamento é feito por cabo
USB – preferíamos que fosse feito de
modo wireless – e não há uma zona
para transportar este acessório que,
felizmente, está incluído no preço.
„ As muitas formas de se utilizar o
ScreenPad representam vantagens
evidentes em termos de produtividade.
Podemos usar este segundo ecrã para, por
exemplo, ter o e-mail sempre aberto ou um
feed das notícias que mais nos interessam.
Gostámos da possibilidade de criar botões
virtuais de atalho para as funcionalidades
que mais usamos nos programas.
„ Esta máquina é fornecida com dois
acessórios curiosos: uns ‘elevadores’ que
se podem colar na parte inferior traseira
do portátil, que servem para aumentar
a inclinação quando usamos a máquina
numa secretária. Uma solução não
tecnológica, mas inteligente.
„ A abertura criada pela subida do
ScreenPad quando se abre o portátil é
usada para melhorar a circulação de ar,
aumentando a capacidade de refrigeração
dos componentes. Relacionado com isto,
podemos optar por três modos de utilização,
sendo que o mais silencioso limita o
desempenho para garantir um nível de ruído
quase inaudível. O modo Performance, pelo
contrário, coloca as ventoinhas a trabalhar
no máximo, o que se ouve e bem!
PAIXÕES
Desempenho recorde
para um ultraportátil
Funcionalidade do Screenpad
Nível de personalização
Qualidade dos ecrãs
utilitários como um teclado numérico
ou botões flutuantes para atalhos mais
usados. Esta última funcionalidade é de
grande valor para profissionais na área
da criatividade porque podemos criar os
nossos botões de atalho e associá-los a
determinadas aplicações. Muito prático,
sem dúvida.
O MAU
Há, de facto, muitas vantagens em ter-
mos de produtividade na arquitetura
Duo. Como já referido, a evolução tem
sido notória, tanto no hardware como
na implementação do software da Asus.
Mas esta arquitetura continua a ter uma
consequência negativa importante na
ergonomia. Referimo-nos à falta de apoio
para o pulso e a posição do touchpad.
Tentámos, até de forma insistente, usar o
teclado e touchpad deste portátil num dia
de trabalho ‘normal’ e o desconforto foi
evidente. A solução passa por adicionar
uma base junto ao teclado para apoiar o
pulso ou, claro, usar um teclado e um rato
externos. Ambas as soluções penalizam
a mobilidade.
DESEMPENHO
O Core i9 com 12 núcleos, os 32 GB de
RAM, o SSD de 1 TB e gráfica GeForce
RTX 3050 Ti resultam num ‘pacote’ ex-
plosivo. Se considerarmos esta máquina
um ultraportátil, então estamos peran-
te o ultraportátil mais poderoso que já
testámos. E até consegue competir, em
desempenho puro, com portáteis do seg-
mento do gaming e criatividade. Só não
é, ainda, mais competitivo porque a placa
gráfica, apesar de até permitir jogar a um
bom nível, não é de topo. Provavelmente
porque os engenheiros da Asus não con-
seguiram encontrar espaço e/ou energia
para uma gráfica mais poderosa (e res-
petivo sistema de refrigeração). Até por-
que, se a capacidade de processamento
impressiona, a autonomia nem por isso.
Realisticamente falando, é de esperar
umas quatro horas de trabalho com a
máquina desligada da tomada elétrica.
Um pouco mais se formos poupados, mas
também pode ser bem menos quando a
41
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
IRRITAÇÕES
Ergonomia do teclado
e touchpad
Ranhura para
MicroSD na traseira
Autonomia baixa
3,7
NOTA FINAL DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
asus.com/pt
CARACTERÍSTICAS
Ecrãs 14” OLED (2880x1600, 120 Hz), 12,7” IPS
(2880x864, 120 Hz) ○ CPU Core i9-12900H (14
núcleos, 20 threads) ○ 32 GB DDR5 ○ SSD 1 TB M.2 ○
GPU GeForce RTX 3050 Ti 4 GB ○ Wi-Fi 6E, Bluetooth
5.0 ○ 1x USB A 3.2, 2x Thunderbolt 4, HDMI 2.1, LAN,
microSD ○ 324x225x18-20 mm ○ 1,75 kg
JOGOS PRODUTIVIDADE CRIATIVIDADE AUTONOMIA
Bom Bom Muito bom Fraco
BENCHMARKS
PCMark 10: 6999 z Essenciais 9621 z Produtividade
8480 z Criação conteúdo digital 8581 z Jogos
9264z 3DMark: Time Spy 5164 z GeekBench 5 CPU
1743/12144 (Single/Multi) z OpenCL 61489 z Cinebench
R23 13029 (single core: 1679) z PCMark 10 Autonomia
(Produtividade) 4h38 m
usar aplicações mais exigentes. Uma das
opções para ‘esticar’ a vida da bateria é
desativar o segundo ecrã, mas, claro,
perde-se a vantagem desta arquitetura
diferenciadora.
VEREDICTO
A nova versão do Zenbook Pro Duo com
ecrã de 14” representa uma melhoria sig-
nificativa na experiência de utilização e
no desempenho. Mas esta continua a ser
uma máquina para utilizadores que va-
lorizam as vantagens do segundo ecrã ao
ponto de aceitarem concessões. Como o
preço elevado, ergonomia pouco conse-
guida e o peso extra (para um ultraportá-
til). E são estas limitações que nos levam
a questionar a validade desta proposta.
Isto porque um ultraportátil quer-se leve,
com boa autonomia e fácil de usar em
viagem… Coisas onde este Asus falha.
Parece-nos que os Duo com ecrã de 15”
e 16” são melhores opções. Isto porque
são mais poderosos, têm ecrãs maiores, o
que importa muito para criativos… E se a
experiência não for boa em mobilidade,
então que seja melhor na secretária. De
outro modo, o formato Duo é interessante
para portáteis transportáveis, substitutos
de PC de secretária. Mas é um formato
limitado no contexto dos ultraportáteis.
Não significa que não existam utilizado-
res para os quais o Zenbook faça sentido.
Mas não serão muitos. Sérgio Magno
CONCENTRADO
DE PERFORMANCE
HP WORSKTATION Z2 MINI G9 €3145
„ A HP permite diferentes configurações, mas a máquina
que testámos veio com um poderoso processador Core i9
com 16 núcleos de processamento, muita memória RAM e

O
formato compacto do HP Z2 Mini G9 pode levar-nos a
acreditar que se trata de um PC de secretária de baixo
desempenho. Uma daquelas máquinas criadas para
executar aplicações de produtividade em escritórios. Mas é, na
verdade, uma workstation. Ou seja, um computador de elevada
performance, capaz de executar aplicações exigentes em áreas
como edição de vídeo de alta definição e design 3D. Um sistema
adequado, por exemplo, a gabinetes de arquitetura ou engenharia
que valorizam o design dos computadores. Sérgio Magno
uma placa gráfica profissional RTX A2000. Componentes
que ‘encaixam’, sem dúvida, no conceito de workstation.
Esta placa é capaz de acelerar muitos efeitos gráficos em
aplicações profissionais e, até, algoritmos de Inteligência
Artificial. Uma solução certificada e otimizada para
os programas profissionais na área da criatividade,
engenharia e design. No segmento das workstations,
a placa gráfica até pode ser considerada da gama
média/baixa da Nvidia, mas atinge níveis de desempenho
elevados. E é a mais poderosa entre as gráficas compactas.

21
,8 „ Para uma máquina compacta, a
„ Ao contrário do que é habitual em CM
conectividade está em alta. Há várias
sistemas compactos, é fácil aceder ao portas USB, incluindo USB 3.2 (tipo C e
interior desta workstation. Nem é preciso A) de 20 Gbps na lateral para mais fácil
qualquer parafuso para remover a tampa. acesso, porta de rede de 10 Gbps e
Uma vantagem evidente para manutenção múltiplas saídas para monitores. Com a
e possíveis upgrades. Por exemplo, é placa gráfica fornecida, é possível controlar
possível trocar a placa gráfica ou aumentar até quatro monitores. Uma vantagem
a capacidade de armazenamento (há dois importante em, por exemplo, aplicações do
slots M.2) ou memória RAM. Mas há uma tipo CAD e modelação 3D, onde é habitual
ranhura Kensington Lock para impedir o trabalhar-se com várias vistas do modelo
acesso ao interior e a BIOS até pode ser que se está a criar. A placa principal
configurada para bloquear o acesso se a (motherboard) tem duas saídas DisplayPort,
máquina for aberta. Aliás, como tem sido mas estas apenas permitem a ligação ao
hábito na HP, a segurança está em alta, processador gráfico integrado no Core i9.
com várias funcionalidades para garantir a
21 CM

integridade do sistema a partir do nível do

firmware (BIOS).

„ Uma das vantagens permitidas pelo formato

compacto é a compatibilidade com suportes
VESA, o que possibilita, por exemplo, que esta
máquina seja instalada atrás de um monitor.
Quando se liga o Z2 Mini G9, o nível de ruído
é tão baixo que nem parece que o computador
está a funcionar. E mantém-se assim com a
maioria das aplicações. No entanto, quando se
executam aplicações mais exigentes, o ruído
NENHUMA OUTRA WORKSTATION
torna-se audível. Uma coisa é certa: mesmo APRESENTA TANTO DESEMPENHO
depois de várias horas de testes intensivos, a
temperatura no interior da máquina manteve-se EM TÃO POUCO ESPAÇO NUM
bem dentro dos valores recomendados. SISTEMA COM ELEVADO NÍVEL DE
SEGURANÇA E FÁCIL DE MANTER
6,9 CM

4,2
DESEMPENHO NOTA FINAL CARACTERÍSTICAS
Processador Core i9-12900K
(16 núcleos, 24 threads) ○ 32
CARACTERÍSTICAS GB RAM DDR5 ○ Placa gráfica
Nvidia RTX A2000 12 GB ○
SSD de 1 TB ○ Porta Ehernet 10
„ Como seria de esperar considerando os componentes, o QUALIDADE/PREÇO Gbps, 2x USB-C (20 Gbps), 4x
USB-A (10 Gbps), 2x DP, 4x Mini
HP Z2 Mini G9 atinge um desempenho muito elevado. Nos hp.com DP ○ 21,1x21,8x6,9 cm ○ 2,4 kg
nossos testes, demonstrou estar à altura das expectativas
dos utilizadores profissionais na área da criatividade digital e
JOGOS PRODUTIVIDADE CRIATIVIDADE RUÍDO
desenho 3D. Uma das vantagens da escolha de um sistema Core Satisfatório Muito bom Muito bom Satisfatório
versus um sistema Xeon é que não é necessário usar o sistema
operativo Windows for Workstations, o que reduz o custo sem,
BENCHMARKS
na verdade, reduzir a funcionalidade. Nos benchmarks, esta
PCMark 10 Extended: 8825 z Essenciais 11083 z Produtividade 10219 z Criatividade
máquina demonstrou ser o computador compacto mais rápido 12179 z Jogos 11885 z GeekBench 5 CPU 1963 (Single) / 17352 (Multi) z OpenCL 81517
que já testámos, ultrapassando máquinas muito maiores. z Cinebench CPU 2011 (Single) / 20049 (Multi)

42
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 Se, a longo prazo, os
manípulos sofrerem de
‘drift’, é fácil trocá-los
ARTILHADO
ATÉ AOS DENTES
SONY DUALSENSE EDGE €239,99
P
ouco a pouco, a Sony vai expan-
dindo a pegada no campo do har-
dware para gaming. Depois dos
monitores e headsets da linha Inzone,
agora, o DualSense Edge. Este coman-
do para PlayStation 5 herda muitas das
características do periférico original da
consola. Desde logo a nível de design,
onde as semelhanças são evidentes, já
que partilham o mesmo ‘form factor’. O
Edge é ligeiramente mais pesado – 325 g
versus 280 g –, mas a diferença é prati-
camente impercetível quando se está a
jogar. Esteticamente, as diferenças mais
visíveis são a alternância entre os tons
pretos e brancos de algumas áreas – por
exemplo, no Edge os botões e o painel
tátil são agora pretos. Menos notório à
vista, mas mais agradável ao tato são os
punhos interiores antiderrapantes, que
melhoram a ergonomia.
LEVAR A PERSONALIZAÇÃO
AO EXTREMO
O Edge mantém o feedback háptico e
os gatilhos adaptativos do DualSense
original, características tantas vezes elo-
giadas por nós em jogos que tiram partido
destas funcionalidades. Mas, como fator
diferenciador, adiciona-lhe botões adi-
cionais. Os que saltam mais à vista são
os Fn, que se encontram abaixo dos ma-
nípulos direito e esquerdo. Estes não são,
todavia, botões de jogo, já que, tal como
no teclado de um computador, servem
para serem usados em combinação com
outros: com o botão de cima/baixo ajus-
tam o volume dos auscultadores; com
o botão de esquerda/direita ajustam o
Os controlos deslizantes
permitem ajustar o
curso dos gatilhos
equilíbrio do áudio; com o botão Opções
personaliza um perfil; e com os botões
de ação alternam entre perfis.
A parte de personalização de diferentes
perfis de jogo é uma grande mais-valia.
Na primeira vez que ligamos o DualSense
Edge à consola por cabo somos brindados
com um tutorial para o procedimento
(curiosamente, quando fizemos o teste,
parte de alguns menus ainda estavam em
inglês). O processo é intuitivo e permite
remapear facilmente botões ou ajustar
a intensidade da vibração ou do efeito
gatilho. Mas mais interessante é a pos-
sibilidade de calibrar a sensibilidade e
zona inativa dos manípulos ou a zona
inativa dos gatilhos.
A nível de hardware também há mar-
gem para personalização. A começar pe-
los manípulos, pois, além das coberturas
padrão, são fornecidas mais duas arre-
dondadas (umas altas e umas baixas).
A SONY PEGOU NUM EXCELENTE
COMANDO E TORNOU-O AINDA MELHOR
AO DISPONIBILIZAR FUNCIONALIDADES
QUE OTIMIZAM A EXPERIÊNCIA DE JOGO.
A (GRANDE) FALHA ESTÁ NO PREÇO
43
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
3,8
NOTA FINAL DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
playstation.com/pt
CARACTERÍSTICAS
Cabo trançado USB com carcaça do conector ○
2 coberturas standard, 2 coberturas arredondadas altas,
2 coberturas arredondadas baixas, 2 botões traseiros meio
arredondados, 2 botões traseiros de alavanca ○ Caixa de
transporte ○ Bateria de 1050 mAh ○ 325 g
ERGONOMIA FUNCIONALIDADES CONSTRUÇÃO AUTONOMIA
Muito Bom Excelente Excelente Satisfatória
Para trocá-las basta puxar e encaixar
depois as eleitas. Simples e rápido. É até
possível trocar o manípulo por completo,
embora tenha de adquirir o substituto à
parte (à venda por €25). Para tal, basta
deslizar a patilha Release que está na
traseira, remover a proteção dianteira e
levantar a alavanca de libertação que se
encontra junto ao manípulo.
Na traseira há lugar para dois botões,
colocados numa posição para serem usa-
dos pelos dedos médios. Há dois tipos de
botões fornecidos para esta área. Come-
çámos por usar os de alavanca, pois a
ergonomia parecia-nos mais cativante.
Contudo, na prática, foram os arredon-
dados que preferimos em ambiente de
jogo. Mas confessamos que gostávamos
que houvesse forma de os usar como ma-
cro, isto é, em que fosse possível conjugar
dois ou três comandos num único toque.
Por fim, ainda na traseira, há controlos
deslizantes que permitem ajustar o curso
dos botões R2/L2, com três níveis à dis-
posição – curto, médio e longo.
NÃO HÁ BELA SEM SENÃO
Depois de umas horas (valentes) de jogo,
ficámos rendidos ao Edge. Contudo, a
Sony ‘carregou’ demasiado no preço. A
autonomia também é menor do que no
DualSense original. Algo que pode ser
contornado de duas formas. A primeira
é jogar com o cabo trançado forneci-
do ligado à PS5. Tem mais de 2,5 m de
comprimento e é possível bloquear o
cabo USB no comando com o conec-
tor fornecido para assegurar que não se
desencaixa – mais depressa o coman-
do vai cair da sua mão do que o cabo
se desencaixar se o fio for puxado de
forma inadvertida. A segunda forma é
carregar o Edge quando o tem arrumado
na elegante e robusta (e de organização
imaculada) caixa de transporte incluída.
Basta levantar o velcro da tampa traseira
e encaixar o cabo. Paulo Belchior de Matos

DOIS POR UM
HUAWEI WATCH BUDS €499,99
E
ste é um daqueles gadgets que
parece saído de um episódio do
Inspetor Gadget – assim que car-
regamos no botão que faz abrir o mos-
trador do relógio e revela, por baixo, dois
auriculares, os olhos de quem está a ver
arregalam-se. Mas o charme, por si só,
vale pouco. É preciso o produto mostrar
que tem o que é preciso, do ponto de
vista da execução, para convencer os
utilizadores.
VIVER COM ESTILO
O Watch Buds parece um relógio inte-
ligente como tantos outros. A Huawei
volta a apostar forte na qualidade de
construção do dispositivo – aqui temos
uma caixa em aço de toque suave e aca-
bamento brilhante, acompanhado de
uma pulseira em pele. Robusto e com
finesse. Gostamos também da sensação
de toque no vidro, que é curvo nas ex-
tremidades, apesar de considerarmos
que este dispositivo tem uma moldura
de ecrã excessiva.
Se abrir a caixa, mas não tirar
os auriculares, o relógio vibra
a alertá-lo para que o feche
Mas o facto de ser mais do que um
relógio (servindo como caixa para os
auriculares) tem influência no tamanho.
Este relógio é bem mais grosso do que um
smartwatch comum. Tem 15 milímetros
de espessura, contra os 10, 11 milímetros
típicos da concorrência. Pode não pa-
recer, mas nesta escala representa um
aumento de quase 50% na espessura.
Os auriculares são iguais e pode usá-los
em qualquer orelha – basta um acenar
com a cabeça para a calibração dos
canais auditivos (esquerdo e direito) ser
feita de forma automática
44
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
Os auriculares estão fixados
com um sistema magnético no
interior da tampa do relógio
Se a nível visual não se ‘sente’ tanto, na
utilização no dia-a-dia sente-se, sobre-
tudo com a utilização de camisas, casacos
e camisolas de manga comprida, com
as roupas a prenderem muito mais no
relógio. E é ainda pesado (66 g).
Aquele que para nós, enquanto reló-
gio, é o elemento em maior destaque é
mesmo o ecrã. É grande, a resolução é
elevadíssima, tem muito brilho e co-
res repletas de saturação. Tudo o que é
mostrado neste relógio é feito de forma
visualmente apelativa e identificamos
mais rapidamente a informação que é
do nosso interesse.
Já em termos de software, tem as fun-
cionalidades essenciais de um relógio
inteligente, há mostradores em bom
número, mas poucas aplicações exter-
nas, tem sensores de boa precisão para
medir o ritmo cardíaco e o sono, tem um
GPS também de boa precisão e fixação
rápida, e juntamente com a aplicação
para smartphone dá-nos informação
detalhada sobre os exercícios físicos. A
interface é fluída, a resposta aos nossos
toques rápida, pelo que o desempenho é
garantido em muito bom nível.
AURICULARES SEMPRE À MÃO
A maior surpresa, na realidade, acabou
por ser a qualidade sonora dos pequenos
auriculares. O primeiro elemento que se
destaca é a capacidade de reprodução
de graves. Sentimos perfeitamente as
batidas das músicas e a sonoridade ganha
um corpo que por vezes não ouvimos
inclusive em auriculares ‘dedicados’.
Além disso, a reprodução de agudos e
médios é bastante equilibrada. Não estão
ao nível dos melhores do mercado (falta
maior amplitude sonora e melhor can-
celamento de ruído), mas a experiência
global é muito boa.
O elemento que menos nos convenceu
foi a ergonomia. Temos de ‘enterrar’ os W
Buds (nome dos auriculares) com alguma
profundidade na orelha para sentirmos

Tic-tac
Segundo os nossos testes,
uma hora de utilização dos
auriculares, com supressão de
ruído ativa, reduzem em 30%
a autonomia, pelo que pode
contar com duas horas e meia a
três horas e meia de utilização.
Já o relógio garante-nos aquela
autonomia de excelência que
estamos habituados num
smartwatch da Huawei –
facilmente conseguimos chegar
aos 10 dias de utilização. No
entanto, se usar os auriculares
com regularidade, a autonomia
vai baixar significativamente
(porque a bateria do relógio
carrega os auriculares). Nesse
caso, conte com três, quatro
dias de autonomia.
uma fixação firme e mesmo isso não é
suficiente – é preciso rodá-los um pouco
para encontrarmos a posição que nos dá
melhor qualidade de som e isolamento
sonoro.
Já um ponto claramente negativo é o
facto de não conseguirmos controlar, de
forma alguma, o volume (uma definição
essencial num equipamento de música)
diretamente nos auriculares. Podemos
usar o relógio ou o smartphone, mas não
nos parece a forma mais simples e direta
de o fazer. Já a qualidade de áudio nas
chamadas cumpre perfeitamente. Ou
seja, na componente sonora, apesar de
não termos o melhor desempenho do
mercado, a experiência de utilização
também não fica a perder simplesmen-
te porque o formato do equipamento é
diferente.
MUITO PRÁTICOS
O relógio é muito bom e os auriculares
também são bastante convincentes. Mas
funcionam bem em conjunto? Ao início
sofremos de alguma inércia em ‘confiar’
O botão
misterioso
Há, na lateral, um botão físico,
texturizado, que facilita a interação com
o equipamento. Apesar de ter o aspeto
de coroa e de rodar como uma, a verdade
é que essa rotação nada faz em termos
de interação com o software, o que é,
no mínimo, estranho. Fica a dica para a
próxima: permitir controlar o volume dos
auriculares rodando a coroa.
Mexer
nas orelhas
Uma surpresa agradável é a
capacidade dos auriculares
reconhecerem toques na própria
orelha. Podemos tocar duas vezes
no trago ou na parte superior do
canal interno para parar ou iniciar
a música. Sim, também podemos
tocar nos próprios auriculares, mas
quanto maior a zona de ‘impacto’,
menor a probabilidade de não
conseguirmos efetuar a ação que
pretendemos.
nestes pequenos auriculares, admiti-
mos, mas no final dos nossos testes já
reconhecemos o lado pragmático de ter
4
NOTA FINAL DESEMPENHO
um equipamento dois-em-um. Está a
cozinhar e quer atender uma chamada
CARACTERÍSTICAS
de forma rápida? É só tirar os auriculares.
QUALIDADE/PREÇO
Vai dar uma corrida, mas não quer ir
carregado com caixas e caixinhas? Então
consumer.huawei.com/pt
o Watch Buds é para si.
CARACTERÍSTICAS A Huawei pode muito bem estar no
Ecrã AMOLED 1,43”, 466x466 p ○ Monitorização:
batimentos cardíacos, oxigénio (SpO2), sono, stress ○ caminho de algo novo com a aposta
Caixa aço inoxidável ○ Resistente a salpicos (IP54) ○ BT
5.2, NFC, GPS ○ Bracelete: pele ○ Bateria 410 mAh ○
nos Watch Buds. A qualidade e a con-
Software: HarmonyOS 3.0 ○ Relógio: 47×47,5×14,99 mm veniência estão lá, mas falta algo mais – a
○ 66,5 g ○ Auriculares: 21,8×10,3×10,3 mm ○ 4 g
acessibilidade do preço. O elemento que
nos parece mais desajustado, em termos
CONFORTO MONITORIZAÇÃO SOM AUTONOMIA
Muito bom Muito bom Muito bom Muito bom de competitividade, é mesmo o valor.
Pelo mesmo preço, é possível comprar
o Huawei Watch GT3 Pro e os Freebuds
Pro 2, em separado, e com claros ganhos
pelo menos na componente de som. Se a
ESTE DISPOSITIVO TEM UM marca conseguir ‘limar’ uns milímetros à
MUITO BOM DESEMPENHO TANTO espessura do relógio na próxima geração
DO PONTO DE VISTA DO RELÓGIO, e nos der uma experiência sonora mais
rica nos auriculares, porquê andar com
COMO DOS AURICULARES. dois produtos quando podemos andar
MAS O PREÇO PARECE-NOS ELEVADO com apenas um? Rui da Rocha Ferreira
45
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 A colaboração
da Leica é evidente
na tonalidade
das fotos e
no controlo
de exposição
ATAQUE
AO LÍDER
XIAOMI 13 PRO €1399,99
B
asta olhar para o preço para
percebermos que o objetivo do
Xiaomi 13 Pro é competir com
os melhores premium do mercado, com
destaque para os Galaxy S23 Ultra e iPho-
ne 14 Pro. O processador Snapdragon
8 Gen 2 é, como já sabíamos de testes
anteriores, o mais poderoso chip para
smartphones do momento. E como há 12
GB de memória RAM (a única opção para
o Pro em Portugal), a fluidez é garantida.
Repetimos o que dissemos aquando do
teste do S23 Ultra: o desempenho extra
do 8 Gen 2 relativamente ao antecessor
não se sente na esmagadora maioria das
apps que usamos diariamente. Mas no-
ta-se um acréscimo de desempenho im-
portante, que até pode chegar a 30/40%,
quando realizamos tarefas complexas no
smartphone. E nem estamos a falar de
jogos, mas sim de tarefas como a edição
de vídeo. Isto significa que o desempe-
nho extra do 13 Pro vai ser sentido, por
exemplo, por youtubers e outros criado-
res que usam o smartphone não só para
captar as imagens, mas, também para
editar e exportar os conteúdos.
O 8 Gen 2 é, ainda, um dos mais efi-
cientes chips, o que é notório na medição
de autonomia. Não é difícil usar o 13 Pro
durante dois dias sem carregar e mesmo
numa utilização intensiva, com muitas
fotos e alguns jogos, normalmente basta
ligar à tomada à noite. E, quando exage-
ramos, alguns minutos de carregamento
com o adaptador de 120 watts fornecido
permitem recuperar horas de autonomia.
Neste aspeto, bate a concorrência: tem
uma autonomia um pouco inferior à do
S23 Ultra, mas carrega mais rapidamente
e, muito importante, o carregador rápido
é fornecido na caixa. Sérgio Magno
46
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
ECRÃ E DESIGN
A construção está à altura de um verdadeiro
topo de gama. Os dois painéis, frontal e
traseiro, do resistente Gorilla Glass Victus
‘ensanduicham’ a moldura em alumínio. As
margens laterais do ecrã são arredondadas,
o que, além de reforçar o aspeto premium,
garante um agarrar mais confortável. Mas,
também é verdade que não há nada de
particularmente inspirador no design. O
gigantesco planalto traseiro, onde estão as
três câmaras, é muito proeminente e ‘obriga’
à utilização de uma capa. O ecrã OLED
de 6,73 polegadas é, sem dúvida, um dos
trunfos deste aparelho. Pareceu-nos o mais
luminoso que já testámos, permitindo uma
boa visualização mesmo em dias de sol.
Gostámos, ainda, da afinação das cores e
do contraste. Aliás, a Xiaomi disponibiliza
um vasto leque de personalização das cores
e tecnologia para melhorar as imagens de
baixa resolução através de algoritmos de IA.
Quanto à implementação do Android 13 da
Xiaomi, o MIUI 14, gostamos das pastas
grandes no home screen, que permitem
Este é o painel
mais luminoso
que já vimos num
smartphone. E
um dos ecrãs com
melhor qualidade
 RETRATO
BRANCO
agrupar apps mantendo-as visíveis, e de
algumas funcionalidades relacionadas
com a privacidade e segurança. Como a
possibilidade de ocultar vídeos e fotos ou
bloquear o acesso a apps – controlo com
palavra-passe.
CÂMARAS COM LEICA
A Leica não faz sensores, mas terá
ajudado na componente ótica (lentes) e nos
algoritmos de processamento de imagem.
E nota-se, muito, a presença da Leica, a
começar pelos dois perfis de cor gerais
disponíveis na câmara: Vibrant e Authentic.
O primeiro satura um pouco as cores e o
contraste, um perfil que será mais popular
nas redes sociais. O Authentic apresenta
cores naturais e é mais representativo da
assinatura de imagem Leica. O mesmo se
pode dizer dos filtros monocromáticos, que
se tornam um ‘vício’.
O nível de detalhe está entre os melhores
do mercado. A câmara principal tem o maior
sensor disponível para smartphones, o IMX
989, com 8,2x13,2 mm. Um sensor muitas
vezes referido abusivamente como sendo
de 1 polegada. Na verdade, a diagonal deste
sensor é de cerca de 13 mm – a referência
a 1” (25,4 mm) deve-se a razões históricas,
relacionadas com os tubos catódicos
usados nas câmaras de vídeo.
A grande área do sensor também ajuda no
intervalo dinâmico, ou seja, na capacidade
de reter detalhe nas zonas mais escuras
e mais claras da imagem. Sobretudo, lá
está, no modo Authentic, onde as sombras
são bem reproduzidas sem se tornarem
pesadas. Também gostamos do modo
de retrato 75 mm. O algoritmo desfoca
mais o fundo para fazer sobressair a face
do retratado, mas não é perfeito, já que
verificámos que muitos cabelos soltos e
partes da roupa são considerados parte do
fundo, acabando desfocados.
Uma das vantagens do sistema de câmaras
do 13 Pro é a uniformidade de resolução, já
que as três câmaras traseiras são de 50 MP.
Mas isto não significa que a qualidade seja
equivalente. Aliás, a câmara de zoom (3,2x
nativos) não nos impressionou. Faz um bom
trabalho na exposição e detalhe, mas fica,
claramente abaixo, do que vimos tanto com
S23 Ultra como no Huawei P50.
PRETO E NOTURNO
BENCHMARK
ANTUTU
1500000
1215078 1274289
GALAXY XIAOMI
S23 ULTRA 13 PRO
€1449
PRÓS
Ecrã de grande qualidade e luminoso
Quanto às fotos noturnas, a câmara Qualidade de construção
principal, uma vez mais, consegue boa
Câmara principal e cores Leica
exposição e cores realistas. Mas o nível de
ruído fica acima dos concorrentes S23 Ultra Carregamento rápido
e iPhone 14 Pro. Por outro lado, até achamos
que o ruído acrescenta alguma textura
apelativa em fotos noturnas a preto e branco.
Quanto ao vídeo, é possível gravar a 8K e
CONTRAS
a compressão de vídeo pareceu-nos bem
Design pouco arrojado
conseguida, mantendo um bom nível de Câmara de zoom abaixo das expectativas
detalhe. Mas, uma vez mais, fica um pouco Preço
aquém da qualidade dos concorrentes
diretos, sobretudo quando há pouca
luz ambiente. Em movimento usando o
4,2
NOTA FINAL DESEMPENHO
estabilizador, a imagem tende a ser fluida,
mas, de vez em quando, surgem uns CARACTERÍSTICAS
‘saltos’ inestéticos.
QUALIDADE/PREÇO
VEREDICTO xiaomistore.pt
CARACTERÍSTICAS
Ecrã AMOLED 6,73” (1400x3200, 120 Hz, HDR+)
Em termos de desempenho e de construção, ○ CPU Snapdragon Gen 2 (8 núcleos), GPU Adreno
o Xiaomi 13 Pro vai diretamente para o topo. 740 ○ 12 GB de RAM e 256 GB de armaz. ○ Câmaras
50 MP (f/1.9), 50 MP zoom 3,2x, 50 MP ultrawide,
Mas consideramos que o design poderia ser 32 MP selfie ○ Bateria 4820 mAh ○ USB-C, WiFi 6E,
um pouco mais diferenciador. Quanto ao 5G ○ Android 13 ○ 163x75x9 mm ○ 229 g
sistema de câmaras com assinatura Leica,
os resultados são muito bons. A câmara CONSTRUÇÃO CÂMARAS AUTONOMIA ECRÃ
Muito bom Muito bom Muito bom Excelente
principal apresenta um nível de detalhe
impressionante, ao ponto de até ‘aguentar’
BENCHMARKS
impressões em formatos grandes. E ficamos
AnTuTu 1274289 z CPU 265497 z GPU 577695
fãs dos filtros e das tonalidades Leica, z UX 187123 z Memória 243974 z 3DMark
Wild Life Extreme 3726 (22 fps) z PCMark Work
sobretudo a preto e branco. Mas também 3.0 15506 z Autonomia 14h45 z Geekbench
é verdade que o sistema de câmaras não 2048(Single) / 5349 (Multi)
atinge a qualidade do Galaxy S23 Ultra ou
do iPhone 14 Pro em fotos noturnas e em
vídeo. O novo topo de gama da Xiaomi é um
dos melhores smartphones do mercado,
mas não ao ponto de conseguir levar a
melhor aos concorrentes indicados. Se
tivesse um preço mais baixo, a proposta de
valor seria bem mais atrativa. Mas, ao preço
pedido, será difícil roubar utilizadores à
Apple ou à Samsung.
ZOOM
É possível ‘puxar’
digitalmente o
zoom do 13 Pro
até às 70x, mas
a pixelização
torna-se muito
evidente
47
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA

A MEIO CAMINHO
HISENSE 65U8HQ €1299
O
entusiasmo de experimentar
um televisor Hisense de 65
polegadas esmorece sempre
um pouco na fase de instalação. É que,
quando comparado com a concorrência,
o processo costuma ser mais demorado
e fastidioso, tal o número de parafusos
com que temos de lidar. E também obriga
a ‘puxar pelo cabedal’, já que o peso é
considerável, algo que seria expetável
para uma TV tão grande, mas que é re-
forçado pela base metálica.
Além de não ser leve, a 65U8HQ tam-
bém não é particularmente fina. Tem,
todavia, as portas de conectividade fa-
cilmente acessíveis a partir da lateral.
Destas merecem particular destaque as
duas HDMI 2.1, que suportam VRR (taxa
de atualização variável) e ALLM (modo
automático de latência reduzida), carac-
terísticas que permitem jogar com maior
fluidez na imagem se tiver uma consola
de nova geração.
O QUE VALE O MINI-LED?
O ecrã de 65 polegadas tem molduras
reduzidas em três lados, sendo que em
baixo está uma área com um ‘look’ de
barra de som. A Hisense dota a 65U8HQ
de um painel com tecnologia Mini-LED,
que trabalha em conjunto com a Full Ar-
ray Local Dimming Pro para controlar in-
dividualmente 160 zonas do ecrã. Como
é que isto resulta na prática em termos
de qualidade de imagem? Digamos que a
meio caminho entre o mais clássico LCD
LED e o OLED. Há bons níveis de brilho
– a tecnologia Quantum Dot também
marca presença –, a resolução 4K ajuda
à visualização de um grau de detalhe
As molduras são
reduzidas em três lados,
com a zona inferior a
ficar dedicada ao áudio
refinado e as cores são equilibradas. Po-
rém, nota-se que falta profundidade aos
negros e que surge o efeito de manchas
de luz em cenas escuras, especialmen-
te quando comparado com televisores
OLED (e já se encontram alguns de 55”
nesta gama de preço no mercado), em
que cada pixel é o seu próprio emissor
de luz, o que permite um controlo mais
granular das zonas escuras e, conse-
quentemente, do contraste. Além disso,
numa sala com luzes fortes foi notório o
aparecimento de alguns reflexos. Global-
mente, a qualidade de imagem é boa, mas
recomendamos que explore, mais do que
os diferentes perfis de utilização prede-
finidos, o ajuste manual de parâmetros
como a luminosidade, contraste ou sa-
turação de cor para obter um resultado
o mais personalizado possível.
Já o áudio revelou-se uma boa surpre-
sa. Não porque o intervalo dinâmico seja
assombroso, mas sim porque consegue
4
NOTA FINAL DESEMPENHO
atingir uma potência considerável, com
CARACTERÍSTICAS o subwoofer (de 20 W) a marcar pontos.
Aqui tem impacto não só os 70 W totais
QUALIDADE/PREÇO como o suporte para Dolby Atmos e DTS
hisense.pt Virtual:X. Começámos por privilegiar
esta última tecnologia, que oferece uma
CARACTERÍSTICAS
Ecrã ADS Mini-LED ULED 4K de 64,5” (3840x2160, 120 maior sensação de surround, mas com o
Hz, 8 ms) ○ Processador MT9900 ○ HDR10+, Dolby Vision, decorrer do teste mudámos para o Dolby
HLG, Quantum Dot, FreeSync Premium ○ 4x 10 W + 20 W
+ 2x 5 W, Dolby Atmos, DTS Virtual:X ○ 2x HDMI 2.1, 2x Atmos por ter uma reprodução menos
HDMI 2.0, 2x USB, RJ45, Wi-Fi, BT 5.0 ○ VIDAA U6.0 ○
1452x300x914 mm ○ 31,5 kg artificial. Tal como no campo da imagem,
há vários perfis predefinidos – desporto,
IMAGEM SOM CONSTRUÇÃO INTERFACE
noturno, voz, música, auditório e padrão.
Muito Bom Muito Bom Bom Bom
E apreciámos a funcionalidade ‘Apenas
Áudio’, em que a imagem é eliminada
– útil para, por exemplo, poupar ener-
gia quando está a usar a TV para apenas
ouvir música.
O CALCANHAR DE AQUILES
A Hisense tem feito um bom trabalho na
melhoria do sistema operativo VIDAA.
Nesta versão U6 a navegação está mais
intuitiva e a interface mais apelativa.
Contudo, a aposta num SO próprio acar-
reta alguns riscos e um deles prende-se
As duas portas HDMI com o catálogo de apps. Por exemplo,
2.1 permitem jogar
os fãs de streaming irão, seguramente,
com maior fluidez
se tiver uma PS5 ou sentir falta da HBO Max. Por outro lado,
Xbox Series X é possível criar um perfil pessoal para
cada elemento do agregado familiar e
há suporte para Alexa, VIDAA Voice e
Google Assistant. O comando, apesar
de estreito, é comprido e tem botões de
UMA TV 4K DE 65” QUE RECORRE cima a baixo. Este excesso prejudica a
À TECNOLOGIA MINI-LED. A QUALIDADE ergonomia e vários deles parecem-nos
completamente desnecessários, como os
DE IMAGEM É BOA, MAS O SOM atalhos para NBA League Pass ou Deezer,
ACABA POR DESTACAR-SE MAIS por exemplo. Paulo Belchior de Matos
48
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 CONTEÚDO PROMOCIONAL
O QUE É A REDE MOBI.E?
A
Rede Mobi.E, ou Rede de Mobilidade Elétrica,
é a rede nacional que agrega o conjunto das re-
des de carregamento privadas e que permite o
acesso universal, interoperável e centrado no utilizador,
abrangendo a totalidade dos municípios portugueses,
incluindo Açores e Madeira.
Atualmente, a rede conta com mais de 3.300 postos de
carregamento de acesso público em todo o país, sendo
mais de 1.150 de carregamento rápido ou ultrarrápido,
isto é, a sua potência é superior a 22 kW.
Além dos postos de acesso público, a rede integra também
os postos de acesso privado ligados por opção do DPC
(Detentor de Posto de Carregamento), que pode ser uma
empresa, um hotel, restaurante, condomínio ou outro.
COMO CARREGAR?
Para carregar em qualquer posto da rede Mobi.E, basta
ter um contrato com um CEME (Comercializador de
Eletricidade para a Mobilidade Elétrica).
Existem atualmente mais de 20 empresas no mercado.
Selecionada a empresa e contratado o serviço, tal como
fazemos com a eletricidade para a nossa casa, é forne-
cido ao utilizador um cartão que permitirá efetuar os
carregamentos. Alguns CEME já disponibilizam apps,
que dispensam a formalidade de um contrato prévio,
permitindo que o mesmo seja feito no momento do carre-
gamento, o que facilita, por exemplo, que os estrangeiros
possam carregar facilmente em Portugal.
Com o cartão ou app, o utilizador só tem de se dirigir a
um posto de carregamento disponível e seguir as ins-
truções no visor:
– Passar o cartão ou usar a app para ativar o serviço;
– Escolher a tomada;
– Carregar o carro;
– Passar novamente o cartão ou usar a app para terminar
o carregamento.
A fatura é enviada mensalmente pelo CEME e deve dis-
criminar os montantes devidos por: carregamento do
veículo, utilização do ponto de carregamento e taxas
e impostos.
TIPOS DE POSTOS
Os postos da rede Mobi.E são classificados da seguinte
forma, consoante a potência:
– Normais: a potência é inferior a 7,4 kW;
O carregamento é adequado a zonas habitacionais onde
não existam garagens ou parqueamentos. Útil para car-
regar, por exemplo, durante a noite, já que pode demorar
mais de 8 horas.
– Semirrápidos: de 7,4 kW a 22 kW, inclusive;
Este tipo de tomadas pode estar também em zonas habita-
cionais, de maior rotatividade, já que o carregamento dura
até 4 horas. Pode também ser utilizado, por exemplo, numa
ida às compras, onde se demora pelo menos uma hora.
– Rápidos: a potência é superior a 22 kW e pode chegar
aos 150 kW;
Este carregamento é adequado a zonas comerciais, onde
os utilizadores demorem cerca de uma hora, mas também
a vias rápidas, que permite ao utilizador parar para uma
pausa e carregar parte da bateria.
– Ultrarrápidos: iguais ou superiores a 150 kW.
Este carregamento é utilizado em autoestradas e vias
rápidas. É importante referir que a potência destes pos-
tos só pode ser aproveitada na sua plenitude por alguns
modelos 100% elétricos (de gama mais elevada).
MOBI.E
A MOBI.E é uma empresa pública que atua, desde 2105,
como Entidade Gestora da rede de Mobilidade Elétrica,
monitorizando a rede em termos de fluxos energéticos,
de informação e financeiros. A MOBI.E tem também um
papel dinamizador e facilitador no âmbito do processo
de transição para a mobilidade sustentável em Portugal.
CURIOSIDADES:
– A rede Mobi.E está presente na totalidade dos 308
municípios portugueses
– Cerca de um terço dos postos de carregamento da rede
Mobi.E são rápidos ou ultrarrápidos, estando localiza-
dos nas principais vias do país
– Os veículos plug in não devem utilizar postos rápidos
ou ultrarrápidos, já que o carregamento não se torna
eficiente (estará a pagar mais para carregar sem estar
a utilizar toda a capacidade do posto)
– Em caso de anomalia ou problema com o carregamento,
o utilizador deverá contactar o OPC (Operador de Ponto
de Carregamento) cujo número deve estar visível no
posto (atendimento 24 horas e gratuito)
“COMO INFELIZMENTE
NOS LEMBROU O SISMO
NA TURQUIA E NA SÍRIA,
OS SISMOS POR SI NÃO MATAM.
O QUE MATA SÃO AS MÁS
CONSTRUÇÕES, AS DENSIDADES
POPULACIONAIS MUITO ELEVADAS.”

50 50
ABRILABRIL
20232023
EXAME
EXAME
INFORMÁTICA
INFORMÁTICA
 ANA FERREIRA
SISMÓLOGA
RAIO-X AO
INTERIOR DA TERRA
Num trabalho hercúleo, a cientista recolheu dados do manto
terrestre, na região atlântica entre os arquipélagos dos Açores,
Madeira e Canárias. Nunca tinha sido feito nada assim
Texto Sara Sá Fotos Wolfram Geissler
M
eticulosa e atenta ao mais ínfimo detalhe, Ana Fer-
reira preparou o trabalho de campo do projeto UP-
FLOW- Upward mantle flow from novel seismic
observations, no qual se analisa, pela primeira vez, a estrutura
do fluxo ascendente do magma na região do Atlântico, na
região dos Açores, Madeira e Canárias, de tal forma que nem
o caprichoso mar dos Açores lhe deu a volta aos planos. A
missão era gigantesca: espalhar pelo fundo do oceano, em
profundidades que atingiram os cinco mil metros, 50 estações
sísmicas e recolhê-las um ano depois, com os cartões de me-
mória intactos. A preparação do trabalho, financiado com uma
bolsa do Conselho Europeu de Investigação (ERC), no valor de
2,84 milhões de euros, exigiu tramitações com a Alfândega,
a partilha de material de vários institutos de investigação
portugueses e estrangeiros e a coordenação de uma grande
equipa de cientistas e marinheiros. A ponto de uma semana
antes de partir para o mar, a bordo do navio Mário Ruivo, do
IPMA, pensar “no que é que me fui meter”, confessa. Mas
ainda bem que foi. Os resultados desta epopeia serão úteis para
perceber melhor a ocorrência de sismos e vulcões, mas também
os movimentos de migração dos cetáceos e até o impacto do
ruído feito pelos navios na vida marinha em profundidade.
Quando se fala em estudo de sismos pensamos logo na
possibilidade de os prever. Como estamos neste capítulo?
Infelizmente prever sismos ainda não é possível. Mas é possível
fazer alertas rápidos e neste sentido o Japão [um país com o qual
mantém colaboração] está muito à frente. Existe um sistema
muito avançado em que, por exemplo, depois de dado o alerta
os comboios param. E depois há toda a parte da engenharia
sísmica em que também estão muito avançados. Não só pela
legislação, mas também por a fazer cumprir. Muitas vezes é este
o problema, há legislação, mas depois não se cumpre. Como
infelizmente nos lembrou o sismo na Turquia e na Síria, os
sismos por si não matam. O que mata são as más construções,
as densidades populacionais muito elevadas.
51
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
Mas mesmo no Japão já ocorreram sismos que mataram
muitas pessoas.
Sim, mas o que acontece sistematicamente no Japão é que a
mortalidade e a destruição em relação à magnitude do sismo
costumam ser inferiores às registadas noutras partes do mundo,
menos bem preparadas. O sismo de 2011, com o tsunami que
se lhe seguiu, foi terrível! É uma região que está muito exposta.
Graças ao trabalho dos japoneses, a região do Pacífico
está muito bem estudada. Mas no Atlântico o seu trabalho
é pioneiro. Quais são as principais diferenças entre as duas
regiões?
A grande diferença é que no Japão temos aquilo a que chamamos
subducção, com placas tectónicas oceânicas muito antigas que
estão a mergulhar debaixo do continente, da Ásia, enquanto no
Atlântico, na zona dos Açores, da Madeira, Canárias, acontece o
contrário, temos placas a nascer. E também temos aquilo a que
chamamos vulcanismo intraplaca, na Madeira e nas Canárias -
material do manto que está a subir, possivelmente de grandes
profundidades, pensamos nós. Com o meu projeto, queremos
perceber estes movimentos de ascensão do manto terrestre,
que não estão bem estudados e não são ainda compreendidos.
A subducção, no Japão, é um processo muito diferente, de
destruição da placa, e está muito mais bem estudada.
Esta subida de magma significa que haverá um vulcão na
região?
Não conseguimos prever, mas um dos objetivos finais do projeto
é construir imagens sísmicas de alta resolução do interior do
planeta, à escala global, com mais destaque para esta zona dos
Açores, Madeira e Canárias. Já foi feito um trabalho semelhante
no Havai. Mas o Havai é apenas um arquipélago. Aqui temos
três o que se torna mais interessante, pela questão da eventual
interação em profundidade entre os três arquipélagos.
Três arquipélagos e três placas…
Exatamente! Temos esta complexidade acrescida. O grande
objetivo é detalhar os fenómenos que dão origem às ilhas e

eventualmente perceber se existirão ilhas novas, mais atividade
vulcânica no futuro ou se a atividade está a diminuir. Vamos
fazer isto a partir destas imagens do interior do Planeta e
que são uma espécie de Raio-x ou TAC e vão até aos dois mil
quilómetros de profundidade. É importante acentuar que o
objetivo não é fazer previsões numa escala mais curta, mas
num horizonte temporal de milhões de anos.
No arquipélago dos Açores, as ilhas das Flores e Corvo,
na placa americana, estarão então a afastar-se, tendo em
conta que está a ser formado novo material entre as placas.
À escala geológica sim, está a haver afastamento. Flores e
Corvo aproximam-se dos EUA enquanto as outras sete ilhas
estão a aproximar-se da Europa. No barco [do IPMA, durante a
instalação e recuperação dos equipamentos] quando passamos
para a placa americana fizemos uma festa. Outro dos pontos
da nossa investigação é verificar se há diferenças nas placas.
Para já, parece haver menos atividade sísmica nas Flores e no
Corvo. Mas também pode ser por termos menos observações.
Quando começaram a analisar os dados, perceberam que
tinham captado o canto de baleias. Como perceberam que
correspondia ao som destes animais?
As vocalizações ocorrem em frequências muito específicas e
há catálogos que indicam as frequências em função da espécie.
Esperamos fazer um catálogo detalhado das diferentes espécies
que detetámos e até dos comportamentos a que correspondem.
Registámos um sinal muito claro, na banda dos 20 Hz, muito
forte no inverno. Quando olhámos ficamos sem perceber
bem o que seria. Até que colegas especialistas em baleias nos
disseram que se tratava sem dúvida de baleias. E vimos que há
uma dependência relativamente às estações do ano. As baleias
passam ali sobretudo no Inverno, o que estará relacionado com
os padrões de migração das baleias.
Também apanharam o naufrágio de um navio que naufragou
com milhares de carros de luxo a bordo.
Sabemos exatamente onde afundou e, portanto, quem quiser
ir à procura de Porsches e Lamborghinis…(risos)Também sa-
bemos que ocorreram várias explosões durante o naufrágio.
A maior parte dos equipamentos estava instalado a cinco
quilómetros de profundidade. É importante quantificar o ruído
em profundidade associado aos navios, para percebermos até
que ponto terá impacto nas espécies marinhas.
Partiu para este trabalho com um objetivo. No entanto,
acabou por diversificar muito.
Exato! Nunca pensei que quando fosse falar do meu trabalho
iria envolver navios a afundarem ou sequer a erupção do Tonga
[um dos maiores vulcões de que há memória, ocorrido no ar-
quipélago da Polinésia, em janeiro de 2022]. Foi uma surpresa!
Que tipo de dados recolheram?
Sismogramas. Apanhámos sismos distantes, no Alasca, nas
Ilhas Sandwich, no Tonga, Japão. Registámos tudo, sobretudo
52
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
ANA FERREIRA
Foi durante o terceiro ano do curso de
Engenharia Física e Tecnológica, no Técnico,
que Ana Ferreira começou a interessar-se pelas
áreas da biofísica e geofísica. Um estágio de
investigação no Instituto de Física da Terra, em
Paris, ajudou a reforçar os temas escolhidos
para o doutoramento. Atualmente é professora
de sismologia no University College de Londres.
a partir de magnitude cinco. Mas também os mais regionais,
na zona da Islândia os locais, relacionadas com a crise sísmica
de São Jorge, a crise de La Palma, Falha Glória. O que nós que-
remos é usar os registos de toda esta atividade para reconstruir
o que se passa no interior da Terra. E também registamos as
ondas sísmicas resultantes da pressão que resulta das ondas
oceânicas, uma fonte persistente de pressão que acaba por
causar ondas sísmicas.
Devem ter uma gigantesca quantidade de dados para ana-
lisar agora.
Sim! Precisaremos de pelo menos um ano para o fazer. Quando
recuperávamos os OBS a primeira coisa que fazíamos era tirar
logo a pen onde estavam guardados os dados. Recebemos cem
amostras por segundo e temos um ano de dados! Em alguns
casos até temos 250 amostras por segundo.
Onde estão a ser armazenados todos estes dados?
Na maneira tradicional de operar recuperam-se os dados,
colocam-se nos servidores, fazem-se backups e depois ficam
guardados nas instituições. Mas quisemos fazer de maneira
diferente. Estamos a trabalhar com um centro de dados na
Alemanha que faz parte do centro de dados europeu EIDA - um
centro de dados que se ocupa da distribuição de todo o tipo de
dados sísmicos, sobretudo os de terra e para os quais existem
protocolos muito claros. A minha intenção é partilhar os nossos
dados com toda a comunidade científica. São dados muito
preciosos! O nosso grupo vai ter quatro anos em exclusividade
para publicar trabalhos científicos. Passado este tempo estarão
disponíveis. Obviamente que isto nos trará trabalho extra, para
ter os dados no formato específico.
Como funcionava o sistema de alimentação?
Este é um ponto muito importante. Tivemos de usar baterias
de lítio, muitas. E estas não são fáceis de adquirir. Como os
instrumentos estavam a cinco quilómetros de profundidade,
aonde nenhum humano consegue chegar, tivemos de usar
tubos de titânio, que resistem à pressão e à corrosão, para
guardar baterias de lítio. Também é bastante perigoso, porque
se começa a arder não se consegue apagar. Foi preciso ter muito
cuidado durante o processo de preparação, armazenamento
nos tubos, para garantir que estavam estanques. Outro grande
cuidado a abrir. É tudo muito delicado e muito caro. O próprio
transporte foi uma complicação!
Em que sentido?
A Alfândega em Lisboa não tinha a mínima ideia de como lidar
com os nossos instrumentos. Uma semana antes de começar a
campanha pensei “porque é que eu me meti nisto?”
Mas a missão não poderia ter sido mais bem-sucedida.
A tripulação era tão boa, tão motivada. Se havia um problema,
toda a gente tentava encontrar forma de o resolver. Na Ale-
manha não é assim. Cada pessoa faz aquilo que lhe compete
e nada mais. „
 INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

BURACOS NEGROS
E EXPANSÃO DO UNIVERSO,

UMA RELAÇÃO
(IM)POSSÍVEL

Há uma força misteriosa que afasta todos os objetos do Universo, a

uma velocidade cada vez maior. Chamam-lhe energia escura porque
não se conhece a sua natureza. Grupo de cientistas, no qual se inclui
um português, relaciona-a com os buracos negros, classificando
esta teoria como “revolução” na Cosmologia. Mas há quem lhe
detete falhas graves e vaticine que não fique para a história
Texto: Sara Sá Fotos: NASA e D.R.

53
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 / TENDÊNCIAS
O QUE É UM
BURACO NEGRO
GRANDE QUANTIDADE DE MATÉRIA
NUM ESPAÇO REDUZIDO
O DESTINO FINAL
DE ESTRELAS GIGANTES
MONSTROS NO CENTRO
DAS GALÁXIAS
TÃO DENSOS QUE TODA
A MATÉRIA É PUXADA PELA
GRAVIDADE E NEM A LUZ ESCAPA
FONTE: INSTITUTO DE ASTROFÍSICA
E CIÊNCIAS DO ESPAÇO
P
ara os cosmólogos, os buracos
negros, estes pontos no espaço
com a gravidade de milhares de
milhões de sóis e de onde nada escapa,
nem a luz, é uma grande complicação.
Uma aberração matemática, como uma
divisão por zero - “queremos que vão
embora”, diz num vídeo de divulgação
científica o cientista Chris Pearson, do
Laboratório Rutherford Appleton (RAL
Space), no Reino Unido, e coautor de um
artigo científico no qual se avança com
uma visão radicalmente diferente destes
mistérios da física. Afinal, estes objetos,
previstos há mais de cem anos por Eins-
tein, não são o fim, o nada. Mas a origem,
o motor da expansão do Universo, de-
fende-se no trabalho apresentado nas
publicações científicas The Astrophysical
Journal e The Astrophysical Journal Letters.
E mais. A gravidade e os buracos negros
sozinhos são a fonte da energia escu-
ra que os cientistas procuram há duas
décadas, desde que as observações do
Telescópio Espacial Hubble mostraram
que o Universo afinal entrou em expan-
são acelerada, pouco depois do Big Bang.
Voltemos então atrás, ao princípio de
tudo. Há 13,5 mil milhões de anos, a ma-
téria começou a viajar pelo espaço, em-
DA ORIGEM DO UNIVERSO”
purrada pela força da grande explosão.
E até às observações feitas pelo Hubble
em 1998 pensava-se que a velocidade
de expansão diminuiria com o tempo.
Só que não foi isso que os astrónomos
constataram. Pelo contrário, a dada al-
tura, ainda o universo era praticamente
um recém-nascido em idade cósmica,
a expansão começou a acelerar, para
nunca mais abrandar. Para explicar este
paradoxo, os cientistas avançaram com
uma hipótese: uma forma de energia,
dominante no cosmos, a que se chamou
energia escura, estaria a empurrar estre-
las e galáxias, afastando-as, em lugar de
as aproximar. Uma espécie de pressão
negativa que estará por todo o lado, mas
que ainda ninguém conseguiu perceber
realmente do que se trata.
No trabalho agora publicado, no qual
participaram 17 investigadores de nove
países, incluindo Portugal, sob a lide-
rança da Universidade do Havai, compa-
rou-se a taxa de crescimento de buracos
negros em galáxias distantes e concluiu-
-se que estes têm oito a 20 vezes mais
“TEMOS TIDO massa do que seria de esperar. Na origem
desta dispersão estará a energia escura.
DIFICULDADE EM “Propomos que os buracos negros sejam
a fonte da energia escura”, disse Duncan
EXPLICAR A EXISTÊNCIA Farrah, astrónomo da Universidade do
Havai, citado pelo jornal The Guardian.
DE BURACOS NEGROS “Esta energia escura é produzida quando
SUPERMASSIVOS a matéria normal é comprimida durante
a morte e colapso de grandes estrelas.”
MUITO PRÓXIMO Uma anunciada revolução na Física, cor-
roborada pelo investigador do Instituto
de Astrofísica e Ciências do Espaço e
JOSÉ AFONSO professor na Faculdade de Ciências da
INVESTIGADOR DO INSTITUTO Universidade de Lisboa, José Afonso,
DE ASTROFÍSICA E CIÊNCIAS DO ESPAÇO que participou no trabalho, baseado em
54
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA

observações do telescópio James Webb
de buracos negros localizados no centro
de galáxias. “Temos tido dificuldade em
explicar a existência de buracos negros
supermassivos muito próximo da origem
do Universo”, diz José Afonso, acrescen-
tando que as duas vias conhecidas para a
engorda são a junção de material novo,
como gás, que está por ali, à volta das
galáxias, ou a colisão com outras galáxias
e outros buracos negros. “Não é suficien-
te para explicar a existência de buracos
negros supermassivos”, que continuam
a crescer mesmo quando a sua galáxia
já está em fim de vida. Uma explicação
possível, agora avançada, é que o buraco
negro cresça à medida que o Universo se
expande, o que tem o mesmo efeito que
a energia escura na geometria do espaço
e no comportamento de todos os tipos
de matéria, explica-se na página do RAL
Space. “O que isso significa, porém, não é
que outras pessoas não tenham proposto
fontes para a energia escura, mas este é
o primeiro artigo em que não estamos
a adicionar nada de novo ao Universo
como fonte de energia escura: os buracos
negros previstos pela teoria da gravidade
de Einstein são a energia escura”, disse
DE QUE É FEITO O UNIVERSO
68% 27% 5%
ENERGIA NEGRA MATÉRIA NEGRA
FONTE: INSTITUTO DE ASTROFÍSICA E CIÊNCIAS DO ESPAÇO
No centro das galáxias está um buraco
negro supermassivo que se formou
quando o Universo ainda era jovem
“O ARTIGO PROVOCOU-ME
UMA INDIGESTÃO, A MIM
E A MUITOS COLEGAS, PORQUE
A PREMISSA SOA ERRADA”
VÍTOR CARDOSO
PROFESSOR NO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO
Duncan Farrah, da Universidade do Ha-
vai, principal autor do estudo.
SAÍDO DA CARTOLA
Só que como disse o astrónomo Carl Sagan
“alegações extraordinárias exigem provas
extraordinárias” e já vários físicos vieram
dizer que este não parece ser o caso. O
físico Vítor Cardoso, professor no Instituto
Superior Técnico e no Instituto Niels Bohr,
em Copenhaga, é um dos cientistas que
não aceita as deduções apresentadas. “O
artigo provocou-me uma indigestão, a
mim e a muitos colegas, porque a pre-
55
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
MATÉRIA CONHECIDA
O estudo parte das imagens de
galáxias elípticas, captadas pelo
telescópio espacial James Webb
missa soa errada”, diz, apresentando as
suas razões. “Há dois anos foi publicado
um artigo em que os autores analisaram
exatamente os mesmos dados e as con-
clusões a que chegaram foi que a relação
entre a massa das estrelas e a dos buracos
negros é consistente com aquela que já
conhecíamos, em objetos próximos de
nós, apesar de estarmos agora a falar de
sistemas muito mais distantes. Isto é, não
viram nada de especial na forma como a
massa do buraco negro evoluiu. As con-
clusões são praticamente as opostas às
apresentadas agora pelo Farrah, apesar
de estarem baseadas nos mesmos dados.”
Além disso, reforça, assumindo a re-
lação agora defendida, entre massa do
buraco negro e a expansão do universo,
seria então possível prever a massa dos
buracos negros conhecidos em função da
idade do universo. Ora este exercício já
foi feito aqui e com dois candidatos, com
conclusões paradoxais. “Se esta relação
for verdadeira, então os buracos negros
nasceram, com muita probabilidade,
com uma massa abaixo daquilo que seria
exigido no modelo padrão de colapso
gravitacional”, resume Vítor Cardoso.
“A relação dada entre massa de buraco
negro e expansão do universo é retirada
da cartola. Não vem de princípios funda-
mentais. Contudo, o Farrah argumenta
que é verdadeira, mesmo com dados que
normalmente estão associados a uma
alta incerteza.” José Afonso admite que
este é apenas um ponto de partida e que
a investigação terá de continuar “nos
próximos anos.” Resta aguardar pelas
cenas dos próximos capítulos. „
 / PORTUGAL FAZ BEM

C
omeçou por ser uma empresa de
fabrico de drones utilizados na
agricultura para monitorização

EM TERRA
das colheitas. Mas em poucos anos de
atividade chegou à inspeção de postes de
média e alta tensão, ao acompanhamento
de obras e às operações da Defesa – “mas
não bélica” – apressa-se a esclarecer o
fundador e CEO da Beyond Vision, Dário
Pedro.

E NO MAR
A Marinha Portuguesa é o mais recente
cliente da startup fundada por um gru-
po de alunos da Faculdade de Ciências
e Tecnologia da Universidade Nova de
Lisboa. Deste concurso público, no valor
de 600 mil euros, resulta a entrega de
12 veículos – seis hexacópteros HEIFU
e seis VTOL - que irão equipar o Centro
de Experimentação Operacional da Ma-
rinha (CEOM).
Marinha Portuguesa adquire 12 drones É de prever que pelo menos parte dos
novos equipamentos venha a integrar
à Beyond Vision e aumenta capacidade a já habitual manobra da NATO, RE-
de resposta a manobras da NATO. Clientes PMUS (Robotic Experimentation and
particulares também poderão usar instalações Prototyping Augmented by Maritime
Unmanned Systems), que acontece há
e equipamentos de experimentação, 14 anos na Península de Troia e que é “o
mediante o pagamento de uma quota maior exercício de drones do mundo”,
sublinha o responsável do CEOM, An-
Texto: Sara Sá Fotos: D.R. jinho Mourinha. Durante uma semana,

56
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
Os seis hexacópteros HEIFU
e seis VTOL irão equipar o
Centro de Experimentação
Operacional da Marinha
(CEOM), em Tróia

em setembro, cerca de duas mil pes-

soas, de mais de duas dezenas de países
membros da NATO, cientistas, milita-
res, empreendedores, reúnem-se na foz
do Sado para participar num enorme
exercício de testes. Foi na última edição
do evento que a Beyond Vision pôde
exibir o seu know how e impressionar.
“Tivemos uma muita boa aceitação,
sobretudo por parte da Alemanha”, diz
Dário Pedro, revelando o objetivo de
levar a tecnologia portuguesa a outros
países membros da Organização. Neste
que é o primeiro contrato da empresa
na área da Defesa, já foram seguidas
as diretrizes da NATO, o que implica
testes de força com cargas específicas
e a utilização de um software de simu-
lação certificado.
Criado em 2019, numa situação geo-
gráfica muito particular, com mar, rio,
uma baía protegida (e belas praias ali à
volta!), o CEOM possibilita a investiga-
ção em quatro domínios – terra, mar à
superfície, mar profundo e ar. A jun-
tar a isso, a atribuição no ano passado
do estatuto de Zona Livre Tecnológica
(ZLT), o que simplifica os procedimen-
tos em situação de testes a tecnologia
e pode ser utilizado quer por outras
marinhas, quer por investigadores ou
empreendedores.
TESTE À GUERRA
ELETROMAGNÉTICA
“Temos de nos focar em áreas de nicho,
de qualidade e de futuro”, sublinha An-
jinho Mourinha, em jeito de justificação
desta aposta e da aquisição dos novos
drones, financiada pelo PRR. “Não será
na construção naval que nos vamos dis-
tinguir, não temos forma de competir
“TEMOS TIDO MUITO
BOA ACEITAÇÃO FORA DE
PORTUGAL, EM PARTICULAR
NA ALEMANHA”
DÁRIO PEDRO
CEO DA BEYOND VISION
com países como a Alemanha ou a In-
glaterra”, observa.
Os termos de utilização das instala-
ções, equipamento e estatuto ZLT do
CEOM ainda não estão totalmente de-
finidos, mas o modelo de operação de
um ginásio é um bom comparativo. Cada
utilizador/entidade paga uma quota, a
Na construção dos drones
foram cumpridos os
requisitos da NATO
que podem ser acrescidos honorários
para determinadas utilizações. “A ideia é
ser autossustentável. Mas não lucrativo”,
avança Anjinho Mourinha.
Está, por exemplo, a ser avaliada a
hipótese de Troia servir de banco de
ensaios à guerra eletromagnética, como
as manobras de jamming, que provo-
cam interferências nas comunicações,
e de spoofing, em que se baralham os
sistemas de posicionamento geográfico.
“Prevemos que estes ensaios venham
a ser feitos cá [por conta da NATO] a
partir do próximo ano”, antecipa o res-
ponsável.
Também se espera que os drones
venham a ser usados em operações de
busca e salvamento e apoio a outras ati-
vidades civis que necessitem de apoio
no mar. É claro que no contexto atual
não é de descartar a utilização destes
equipamentos em cenário de guerra. Até
porque “os drones usados na guerra estão
alinhados com os que desenvolvemos. A
diferença está na carga”, observa Dário
Pedro, que assegura o foco da empre-
sa em atividades não bélicas. A guerra
do futuro, sublinha Anjinho Mourinha,
“será feita de forma muito diferente.” „

DE ALFRAGIDE PARA A ARÁBIA SAUDITA

É anunciada como uma revolução no urbanismo e tudo nela ressoa a futuro.
Totalmente alimentada a energia verde, sem carros nem estradas, a megacidade
The Line, patrocinado pelo Reino da Arábia Saudita, começou a ser construída no
ano passado, sob a vigilância dos drones da Beyond Vision. O contacto chegou
através do Linkedin e o equipamento está a ser usado para a construção de um
gémeo digital quer permita aos construtores e clientes irem acompanhando a obra.
“Os sauditas estão muito interessados em comprar tecnologia europeia”, diz o
CEO, Dário Pedro. Totalmente fabricados em Alfragide, nas instalações da Beyond
Vision, os drones da startup portuguesa também estão a inspecionar linhas de alta
tensão na Alemanha, a pulverizar explorações agrícolas no Uruguai e, com o auxílio
de um braço robótico, a recolher amostras na Antártida. Só em Portugal parece ser
difícil convencer as empresas acerca do benefício de adotar esta tecnologia. “Já
me esforcei bastante, mas as empresas [de inspeção aos postes de alta tensão]
preferem soluções mais caras e mais arriscas, como os helicópteros.”

57
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 / TENDÊNCIAS

Destinado a voos
regionais, o projeto
HERA tem um orçamento
de 35 milhões de euros

EUROPA QUER
CONSTRUIR O AVIÃO
DO FUTURO Projeto HERA junta 48 empresas (algumas delas
concorrentes diretos) no desenvolvimento de um avião
regional híbrido-elétrico.Portugal é um dos países
participantes, através do ISQ, AlmaDesign e INEGI
Texto: Sara Sá Fotos: D.R.

A
utocarros, aviões, carruagens
do alfa pendular e até um car-
rinho de bebé. Há de tudo em
exposição por cima dos armários e se-
cretárias no escritório da AlmaDesign,
em Paço de Arcos. Tudo em miniatura,
claro! Por melhores e mais realistas que
sejam os programas de desenho assistido
por computador, um projeto de design
só está mesmo acabado quando do la-
boratório da empresa saem os modelos
e se testam verdadeiramente os encaixes
e a funcionalidade de cada peça. Daqui
a algum tempo, a aeronave híbrido-e-
létrica da União Europeia também terá
ali o seu lugar. Apresentada no início do
ano, a HERA – de Arquitetura Regional
Híbrido-Elétrico – representa o futuro
do setor da aviação, que a Europa quer
escrever em tons de verde.
Os números do projeto, integrado no
programa Clean Aviation, deixam bem
claro que esta ideia de andar de avião
sem contribuir para o aquecimento do
Planeta está a ser levada muito a sério:
35 milhões de euros, 48 parceiros que
deverão entregar até 2035 uma aeronave
com sistema de propulsão híbrido-elé-
trica, com baterias ou células de com-
bustível, e uma componente térmica
alimentada a SAF (combustível sus-
tentável) ou hidrogénio. Mais do que os
números, há um facto muito curioso que
evidencia a particularidade do projeto.
A coordenação está a cargo do fabri-
cante italiano Leonardo, mas o “rival”
francês Airbus também integra a lista
participantes, que inclui a Rolls-Roy-
ce, a Siemens, Thales ou a Fraunhoffer.
“Nesta fase trata-se ainda de explorar
os princípios de funcionamento dos sis-
temas de propulsão e armazenamento
de energia”, sublinha o fundador e CEO
da Alma, José Rui Marcelino, um dos
três participantes portugueses, a que se

58
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA

compatibilidade eletromagnética entre
os diferentes sistemas do avião. O que
será feito num laboratório do ISQ
juntam o ISQ e o INEGI. “Está a ser feito
um esforço gigante no desenvolvimento
de várias tecnologias de descarboniza-
ção”, sublinha.
EM NÚMEROS
Na página do projeto, justifica-se a
escolha pelos circuitos regionais, que
representam 40% do total de partidas e
cerca de 36% das horas voadas. “Há uma
grande mobilização à volta deste proje-
to”, antecipa o gestor de projeto para a
área dos transportes, espaço e defesa do
ISQ, Nelson Matos, do qual resultará uma
aeronave “disruptiva”. A começar pelas
instalações de abastecimento em terra,
operações de armazenamento, manu-
tenção e distribuição do hidrogénio em
que o ISQ irá colaborar.
Também será na parte do hidrogénio
que o terceiro participante português
estará envolvido. Em particular ao ní-
vel dos requisitos para os tanques de
armazenamento de hidrogénio gasoso
ou líquido, a muito baixas temperatu-
ras. E não haverá forma de responder às
exigências sem passar pelo desenvolvi-
mento de novos materiais compósitos
que devem respeitar vários requisitos,
como baixo peso, capacidade de aguen-
tar altas pressões e temperaturas muito
baixas. “Todos os setores que requerem
movimento acabam por ir parar aos
compósitos”, observa a investigadora
do INEGI Maria Ariño. No Instituto de
Ciência e Inovação em Engenharia Me-
cânica e Engenharia Industrial estão a
ser estudados novos materiais, tendo
em conta questões como a redução do
tempo de fabrico e do custo. “Procura-
mos ajudar a indústria a fabricar peças
de forma mais rápida e a um custo mais
baixo”, diz a investigadora.
EQUILÍBRIO INSTÁVEL
“Uma maneira de reduzir as emissões, é
reduzindo o peso do veículo, o que passa
por substituir o metal por compósito”,
detalha Maria Ariño. Um caminho que
também a indústria automóvel está a
palmilhar e que levanta dois problemas,
nota a investigadora: o custo e a carência
produtiva. É que atualmente uma peça
Será necessário testar a
em material compósito pode demorar
três dias a fazer. E se na aeronáutica es-
O HERA tamos a falar de 600 aviões por ano, nos
carros, fazem-se também 600, mas por
dia. Para reduzir os tempos de produção
estão a ser pensadas formas de automa-
ção e diferentes processos de fabrico,
menos exigentes a nível energético. “No
CAPACIDADE MÁXIMA
100
fabrico dos tanques teremos de ter em
atenção as altas pressões, a criogenia, na
ordem dos -250 graus Celsius e o volume
do tanque que estará a bordo do avião”,
detalha Maria Ariño.
PASSAGEIROS
A questão do volume ganha neste
projeto uma importância fundamental
já que estamos perante um avião que
combina duas formas de propulsão. “O
DISTÂNCIA MÁXIMA
500
hidrogénio deverá ser o combustível
primário, com o auxílio das baterias na
descolagem”, diz Nelson Matos. Além
da desafiante gestão do espaço dentro da
aeronave, esta duplicidade de sistemas
energéticos torna-se crítica em termos
KM eletromagnéticos, com o risco de ocorrer
interferência entre os dois sistemas. “Na
aeronave têm de coexistir tanto o sistema
INÍCIO DA ATIVIDADE
2035
energético habitual, como o vocacionado
para a propulsão, com tensões bem mais
elevadas, à volta de 50 vezes mais”, nota
Nelson Matos.
Estes testes de compatibilidade se-
rão realizados nas instalações do ISQ,
no Taguspark, em Oeiras, no LabCEM,
REDUÇÃO DAS EMISSÕES também na indústria automóvel, para
ATÉ 90
verificar se os sistemas instalados num
veículo não influenciam os sistemas re-
lacionados com a segurança dos passa-
geiros. Por um lado, interessa eliminar os
materiais metálicos para reduzir o peso,
POR CENTO por outro pode ser imprescindível usar
malhas metálicas para blindar as ondas
eletromagnéticas e proteger a eletrónica
a bordo.
PARTICIPANTES
48
“Para já, está tudo em aberto. Mas
seguramente que precisaremos de di-
ferentes soluções, tendo em conta o
tipo de avião/distância [para cumprir
os objetivos europeus de emissões zero
ENTIDADES na aviação]”, sublinha José Rui Marce-
lino. E é isto que torna este período tão
“fascinante.” „
59
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 / PORTUGAL FAZ BEM
NAVEGAR
EM MODO
ELÉTRICO
As águas da Ria de Aveiro receberão este ano
um ferryboat verde. Salicórnia está a ser construído
no Seixal, num projeto pioneiro, 100% português
Texto: Sara Sá Fotos: D.R.
N
ão foi fácil chegar a consenso
acerca do nome para o novo
ferryboat que a Câmara Mu-
nicipal de Aveiro pretende ter a fun-
cionar já este verão. Mas depois de
encontrado, é difícil imaginar melhor:
Salicórnia, a erva daninha que cresce
nas salinas, reabilitada pela cozinha
moderna como substituto, mais sau-
dável, do sal. “Uma coisa que era velha
e má, transformou-se em algo bom”,
resume o presidente da câmara, Ribau
Esteves, durante uma visita ao estaleiro
no Seixal, onde a embarcação está a ser
construída. Por “velho e mau”, enten-
da-se os atuais ferrys que emitem cerca
de 300 toneladas de CO2 por ano, por
“bom”, o novo barco 100% elétrico que
irá fazer o percurso de quinze minutos
entre as praias de São Jacinto e Forte da
Barra, na zona da Ria de Aveiro.
Será o primeiro ferryboat totalmen-
te elétrico a operar em Portugal e até
mesmo o primeiro a sul da Europa –
exceção feita para os já habituais países
nórdicos, garante a autarquia. Outro
ponto que o autarca gosta de reforçar
é a origem exclusivamente nacional,
desde o design, a cargo da Alma, até à
construção, por conta do Grupo ETE.
“É o nosso primeiro projeto de um na-
vio com propulsão elétrica e o primeiro
de uma empresa portuguesa”, nota
Francisco Barbosa, diretor-geral, da
empresa de construção naval e opera-
ções portuárias, o Grupo ETE.
Apesar de ainda estarem montados
os andaimes, pode dizer-se que o navio
está já bastante composto, prevendo-se
que não haja derrapagens relativamente
ao prazo de construção de 18 meses. No
interior, os funcionários da ETE tratam
dos acabamentos, como as proteções
térmicas e antifogo. O facto de se tratar
de um navio que funciona a baterias não
traz grande diferença ao nível da cons-
trução e até mesmo do projeto. No fundo,
é tudo uma questão de fazer contas: ao
número de passageiros, carga, veículos
transportados, distância percorrida e au-
tonomia necessária. “Em qualquer barco
Ribau Esteves, Presidente da Câmara
é preciso estudar a operação e analisar os
de Aveiro, visita periodicamente
requisitos, como o número de viagens, os estaleiros do Seixal, onde o
os percursos e o os cais de atracamento. navio está a ser construído
Mediante estas particularidades faz-se o
dimensionamento, com um projetista da nia está atracado carrega. Em terra está
parte naval”, explica Francisco Barbosa. o macho, no barco está a fêmea do siste-
“Aqui tem a particularidade de ser ne- ma elétrico. Durante a noite, as baterias
cessário acrescentar à parte de constru- são carregadas completamente. Só para
ção naval a parte do dimensionamento esta parte do projeto – que corresponde
energético do navio – dimensionado ao a mais de um milhão de euros, num total
número de viagens que faz e às condições de sete milhões - foi necessário recor-
no local”, continua. rer a empresas estrangeiras. O sistema
de carregamento vem da Noruega, as
VERDE, SILENCIOSO baterias de uma empresa alemã. “Toda
E COM BOAS VISTAS esta estrutura e depois a forma como o
Em ambos os cais há um posto de carre- sistema comunica a energia ao sistema
gamento instalado e enquanto o Salicór- de propulsão, as duas hélices que o navio
60
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA

tem, tudo isto é inovador”, entusias-
ma-se Ribau Esteves que trocou, em
jovem, o percurso de oficial da marinha
pelo “bichinho” da política.
O novo navio, que deverá estar ope-
racional no próximo verão, irá subs-
tituir o velhinho ferryboat, com se-
tenta anos, uma pegada de carbono
gigantesca e um motor de muito baixo
rendimento. Em troca, os passageiros
recebem um percurso silencioso, boas
vistas e maior capacidade de carga,
de 14 para 19 viaturas e de 120 para
250 passageiros, transportados numa
embarcação totalmente simétrica de
SALICÓRNIA
EM NÚMEROS
CAPACIDADE
250
PASSAGEIROS
O grupo ETE é a primeira
empresa portuguesa a construir
19
um ferryboat elétrico
forma a não ser necessário dar a volta
a cada viagem.
Além desta aposta ambiental e de
conforto, Ribau Esteves admite que a
substituição dos velhos motores a com- VIATURAS
bustão por soluções elétricas, verdes, é
também uma questão de marketing e
de educação ambiental. Em linha com PROPULSÃO
100%
a rede de 27 moliceiros elétricos opera-
cionais desde 2021 e nos quais o motor
de combustão foi substituído, repre-
sentando uma poupança de emissões
da ordem das 400 toneladas por ano.
Por altura da apresentação pública
do projeto, em março de 2021, Luís
ELÉTRICO
Figueiredo, acionista e administrador
do Grupo ETE, mostrava-se confiante TEMPO DE PERCURSO
15
de que este fosse apenas “um primeiro
passo que alavancará o mercado da
mobilidade elétrica”. Em comunicado,
Luís Figueiredo sublinhou que “a cons-
trução e a exploração do 1º ferryboat
elétrico de Portugal posiciona-nos na
vanguarda da engenharia, permitindo-
MINUTOS
-nos dar resposta a um desafio pioneiro
na área da mobilidade.”
INÍCIO DA ATIVIDADE
2023
O projeto, cofinanciado pelo Fundo de
Coesão, prevê ainda a colheita de dados
em tempo real nas estações de carrega-
mento, tais como o consumo de eletrici-
dade e poupança de emissões de CO2. „
61
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 / PORTUGAL FAZ BEM

A ARTE E
SUBTIL
se lhe dissessem que é possível
vender a sua casa mais rápido
do que todas as outras na vizi-
nhança? Ou que pode conseguir baixar o
preço daquele apartamento que mantém

DE VENDER
debaixo de olho há tanto tempo? Como?
Quem tem dados, tem (quase) tudo.
Cada vez mais, os anúncios de casas
são analisados por ferramentas automá-
ticas de indexação (crawlers em inglês).
É a forma mais eficaz de as empresas

E COMPRAR
do ramo imobiliário manterem registo,
acompanharem e fazerem ‘sentido’ dos
mais de oito milhões de anúncios que
existem em dezenas de sites da especiali-
dade. “A tecnologia não vende casas, mas
torna o processo muito mais eficiente e

CASA
conveniente, tanto para o cliente, como
para nós”, diz Ana Villanueva, diretora
da Tiko, startup espanhola que faz parte
das chamadas ibuyers, empresas de base
tecnológica que usam um grande ma-
nancial de dados para analisar o mercado
imobiliário, mas com o objetivo de com-
prar diretamente a casa aos utilizadores.
E quanto melhor perceber como fun-
O mercado imobiliário está difícil – subida acentuada dos cionam estes algoritmos de análise aos
preços das casas, maior pressão nos créditos à habitação e anúncios de casas, melhor pode criar
muita procura para uma baixa oferta. Não há fórmulas um anúncio que vai destacar-se perante
mágicas para contrariar a situação, mas há formas de esses mesmos algoritmos. “Existe o que
minimizá-la. Que é como quem diz, vender bem e comprar os clientes querem ouvir, aquilo que os
profissionais querem mostrar e existe
ainda melhor. Tudo com um pouco de ajuda da tecnologia a realidade crua dos dados”, sublinha
Texto: Rui da Rocha Ferreira Fotos: D.R. também Hugo Venâncio, diretor execu-

62
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA

“A TECNOLOGIA
NÃO VENDE CASAS,
MAS TORNA O PROCESSO
MUITO MAIS EFICIENTE E
CONVENIENTE,
TANTO PARA O CLIENTE,
COMO PARA NÓS”
ANA VILLANUEVA
COFUNDADORA E DIRETORA-GERAL DA TIKO IBÉRIA
tivo da Reatia, empresa que tem uma das
maiores plataformas de dados imobiliá-
rios em Portugal. O software da Reatia,
uma ferramenta usada por milhares de
angariadores e vendedores em Portugal,
usa processamento de linguagem natural
(NLP na sigla em inglês) para analisar o
texto e as informações nos anúncios dos
imóveis, e usa um sistema de reconheci-
mento de imagens (visão computacional)
para analisar as fotografias das casas,
criando um ‘bilhete de identidade’ dos
imóveis. Ou seja, uma casa pode estar
listada em 20 sites imobiliários que, para
quem usa a Reatia, toda a informação es-
tará reunida numa única página. A star-
tup de Leiria faz para os anúncios imo-
biliários o mesmo que a Google faz para
toda a internet – analisa uma quantidade
gigante de informação, para que depois
seja mais fácil pesquisá-la. O que signi-
fica que os utilizadores devem otimizar
os seus anúncios para estes motores de
pesquisa. Quanto mais rica e detalhada
for a descrição da sua casa, mais poderá
corresponder exatamente àquilo que o
agente imobiliário está à procura nestes
softwares – e melhor ficará posicionado
no ranking de venda.
DÊ ASAS À INFORMAÇÃO
O software da Reatia não está disponí-
vel para o utilizador final, mas isso não
impede o seu criador de revelar como o
leitor pode destacar a casa num sistema
que já é usado por mais de 12 mil agentes
imobiliários. “O intuito de quem coloca
a casa à venda, é que seja vendida o mais
rápido possível pelo melhor preço pos-
sível”, lembra Hugo Venâncio.
Primeiro, o registo fotográfico. É es-
sencial ter boas fotografias da casa e das
divisões, pois a primeira impressão faz
muita diferença neste mercado. “Gastem
100 euros e contratem uma empresa.
Ou deixem a imobiliária fazer o registo
[fotográfico], eles investem muito nessa
captação”, detalha o CEO da Reatia. Boas
fotos não só tornam a casa mais apelativa,
como facilitam aos algoritmos identifi-
63
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
VENDER
MELHOR
Há várias ferramentas
disponíveis online que fazem
uma primeira avaliação, em
poucos minutos, sobre o
potencial preço da sua casa
ou da casa que pretende
comprar. Se nas diferentes
simulações o preço for
sempre inferior ao preço
pedido pelo vendedor, tem
margem negocial.
TIKO
A avaliação feita pela startup
vem com uma proposta de
compra (após uma vistoria ao
imóvel)
IDEALISTA
Basta inserir algumas
informações sobre o imóvel
para obter um intervalo de
preço de venda/compra
car melhor a sua casa entre as 500 mil
propriedades que estão à venda no País,
segundo dados da empresa.
Outro aspeto essencial é que as áreas
da casa, na descrição do imóvel, sejam o
mais corretas possível. Tanto as de cons-
trução, como as áreas úteis, como por
divisões (incluindo garagens, varandas e
anexos). E vá mais longe. Qual é a orien-
tação solar? Há elevador no prédio? Qual
o ano de construção? E o estado do imó-
vel? “Vai ter um impacto muito grande
no preço por metro quadrado”, defende o
empreendedor leiriense. Quando se trata
de fazer um anúncio de uma casa, toda a
informação nunca é demais. “Boas fotos
e boa informação vão ainda baixar o tem-
po de venda”, garante Hugo Venâncio.
FAZER CONTAS À VIDA
O preço ainda é o elemento mais impor-
tante na compra ou venda de uma casa.
Mas qual o preço certo? Além disso, to-
dos querem maximizar o valor do imóvel,
ainda que isso acabe por ser, em mui-
tos casos, contraproducente. “Apren-
des muito rápido que o preço pedido e o
preço de venda são muito distantes. Há
um desvio de cerca de 20%”, diz Ana
Villanueva.
 / PORTUGAL FAZ BEM
“EXISTE O QUE OS
CLIENTES QUEREM
OUVIR, AQUILO QUE OS
PROFISSIONAIS QUEREM
MOSTRAR E EXISTE
A REALIDADE CRUA
DOS DADOS”
HUGO VENÂNCIO
DIRETOR-EXECUTIVO DA REATIA
Para perceber o real valor das casas, a
Tiko usa uma análise dos imóveis atuais
no mercado, assim como um registo his-
tórico dos preços praticados no passado.
A isto junta-lhe também informação
reunida a partir de ferramentas como o
Google Maps sobre pontos de interesse
nas redondezas. “Podem ser escolas,
restaurantes, coisas que estão à volta da
casa e isso tem impacto na avaliação”,
diz. Se por um lado ter estes elementos
por perto ajudam a valorizar a casa, se
faltarem junto a uma casa na qual está
interessado, pode usar como argumento
para negociar, em baixa, o preço.
E no imobiliário, fazer as coisas no
tempo certo é melhor do que esperar
pelo momento que poderá trazer mais
dinheiro. “Às vezes reduzir o valor [da
casa] em 10 mil euros é o suficiente para
se destacar do restante mercado. Isto é
uma vantagem competitiva. Pode ser
sinónimo de em vez de estar três meses
a vender, ficar apenas 30 dias ou três
semanas”, diz Hugo Venâncio.
AVALIAÇÕES INSTANTÂNEAS
Mas quando se trata de tempo de venda,
é difícil bater a Tiko. A startup nasci-
da em 2018, em Espanha, entrou em
Portugal no verão de 2021. Ana Villa-
nueva não diz quantas casas a empresa
já comprou e vendeu em Portugal, mas
diz qual é o recorde da empresa – desde
que um utilizador meteu a sua morada
no site da startup até ao momento em
que a venda foi concluída, passaram três
dias. “Uma das partes mais complica-
das [na venda da casa] é encontrar um
comprador, o processo também é muito
longo e envolve muita burocracia, mas
encontrar o comprador é a parte mais
difícil. E nós somos o comprador”, diz.
A média, em Portugal, para a Tiko con-
cluir a compra de um imóvel é de três
semanas. Ou seja, com esta empresa
pode ter uma proposta em 24 horas e o
processo de venda concluído em menos
de um mês.
Mas há um último elemento que in-
fluencia o preço no processo de compra e
venda de uma casa. “Temos informação
64
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
COMPRAR
MELHOR
O preço de uma casa não
pode ser apenas definido
pela sua área em metros
quadrados, mas é na
sua maioria influenciado
por este valor. Use os
preços de referência para
maximizar o valor da sua
casa ou para tentar obter
o melhor preço numa
compra.
IDEALISTA
Em idealista.pt/maps,
consegue ver o preço
do metro quadrado para
centenas de zonas no País.
GOOGLE MAPS
Escreva a morada da casa
que pretende analisar. Do
lado esquerdo, selecione
a opção ‘Imediações’. Vai
surgir um novo campo para
refinar a pesquisa: escreva
escola, restaurantes,
centro de saúde, lojas,
e o Maps mostra-lhe
os principais pontos de
interesse por perto.
sobre a procura, quantas pessoas estão
interessadas naquele ativo. Podemos ter
uma casa com uma única pessoa inte-
ressada e outra casa pode ter 100 pes-
soas interessadas. No final, o preço da
casa é aquilo que alguém está disposto
a pagar”, salienta a CEO da Tiko. E se a
lei dos grandes números estiver do seu
lado, ganhará mais com a venda ou a
compra da casa. „
 DOSSIER PROMOCIONAL

SEGURANÇA 65
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
DOSSIER PROMOCIONAL

À PROCURA DA MELHOR
DEFESA, COM O INVESTIMENTO
MAIS SUSTENTÁVEL
Empresas a nível global reconhecem risco de cibersegurança como uma das maiores
ameaças para 2023. O aumento do cibercrime é uma realidade incontornável
cujo combate apenas será eficaz através de uma estratégia de segurança
bem definida, e com uma aposta muito forte na promoção de literacia digital

F
ace à experiência dos últimos três anos ninguém
tem dúvidas sobre a importância da cibersegu-
rança. Pelo caminho ficam mitos como a ideia
de que os ciberataques só acontecem aos outros,
ou que apenas as grandes organizações estão na
mira dos cibercriminosos. Segundo o estudo
‘2022 CIO Leadership Perspectives’ da Gartner,
as estratégias de cibersegurança aparecem como a priori-
dade número um dos CIOs, pois o aumento do cibercrime
continuará a ser uma ameaça eminente para organizações
de todas dimensões. A questão não é se uma empresa
será atacada, mas quando será. Uma certeza que deixa os
gestores mais alerta, mas, em muitos casos, com muito
mais dúvidas sobre a forma como devem preparar-se
para esta ‘guerra’ que não está a dar tréguas.
Só em Portugal, segundo o relatório ‘Riscos & Conflitos de
2022’ do Centro Nacional de Cibersegurança, os incidentes
de cibersegurança aumentaram 26% em 2021, quando
comparados com o ano anterior. Em 2022, esta percenta-
gem continuou a crescer, colocando o país entre os mais
atacados da Europa (no quarto lugar). Isto acontece, por
um lado, fruto da digitalização acelerada que, nos últimos
anos, expôs as empresas e alargou o seu perímetro de se-
gurança - exponenciando a superfície de ataque -, sem que
estivessem preparadas para uma (r)evolução desta dimensão
e, por outro, graças ao aumento das vulnerabilidades. De
acordo com o ‘Hacker-Powered Security Report 2022’ do
HackerOne foram descobertas 65.000 vulnerabilidades
em 2022, mais 21% do que em 2021.
PORTUGAL A DUAS VELOCIDADES
É certo que a maturidade digital das organizações tem
vindo a crescer, mas ainda existe um mundo a duas ve-
locidades a este nível. Portugal não é diferente, com um
cenário em que algumas empresas – maioritariamente
de grande dimensão – estão devidamente preparadas,
enquanto outras estão ainda a dar os primeiros passos,
apesar de arrastadas pelo crescente nível de digitalização
dos negócios que as obriga a entrar neste mundo.
No entanto, a questão dos custos continua a ser um
entrave para que mais empresas reforcem a sua ciberse-
gurança. Aliás, para 47% dos inquiridos para a elaboração
do “Relatório Cibersegurança em Portugal | Economia”,
publicado pelo Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS)
em maio de 2022, esta é a ainda a principal barreira à
melhoria dos níveis de cibersegurança nas organizações.
O segundo fator mais referido, por 26% dos inquiridos,
é a escassa cultura de cibersegurança dos colaboradores.
Um obstáculo que não está a ser devidamente aborda-
do, uma vez que o mesmo relatório revela que 56% das
empresas não tem ações de formação e de sensibilização
em cibersegurança.

66
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 OS DESAFIOS
DA CIBERSEGURANÇA
EM 2023
No ano da incerteza, como muitos lhe chamam, que ‘pedras’
podem os gestores encontrar no seu caminho rumo a
uma segurança mais eficiente que garanta o essencial:
prevenção, deteção, proteção e recuperação?
Conheça as tendências segundo os especialistas.
Contexto geopolítico
Inflação, guerra na Ucrânia, eventos políticos voláteis,
ou disrupção nas cadeias de abastecimento são fatores
perturbadores da ‘paz cibernética’ e podem potenciar os
riscos de cibersegurança. Os ataques a infraestruturas
críticas e governamentais tenderão a crescer neste
contexto, o que exige igualmente uma maior
preparação por parte das empresas.
Ransomware, a maior ameaça
Este é o tipo de ameaça que mais tem crescido a nível
global, uma tendência que já se mostrava antes da
pandemia, mas que ganhou músculo nos últimos dois anos.
Só em 2022 foram vários os ataques que assumiram algum
mediatismo em Portugal, o que demonstra que ninguém está
imune. As campanhas de ransomware estão cada vez mais
profissionais e sofisticadas tendo, muitas vezes, o patrocínio
de governos ou de grupos terroristas. Há uma ciberguerra
em curso, e este tipo de ataques serão cada vez mais usuais.
Recursos escassos
Se a escassez de talentos tecnológicos especializados era
uma realidade há mais de uma década, o cenário tem vindo
a agravar-se com a crescente necessidade de perfis
técnicos. Na área da cibersegurança esta escassez
está a tornar-se ainda mais relevante, e colocar novos
especialistas no mercado não acontece ao ritmo desejado.
Requalificar é um dos caminhos.
Segurança móvel
A proteção dos dispositivos móveis – telemóveis, tablets,
wearables, etc. – continua a ser desvalorizada. No entanto,
estes dispositivos armazenam dados valiosos que, em
caso de ataque informático, podem causar graves danos a
indivíduos e empresas. Os ataques de phishing e de malware
são os mais comuns e a falta generalizada de literacia digital
contribui para a sua proliferação.
5G e IoT
A velocidade e a utilização mais ampla de ligações sem
fios estão a criar desafios de segurança acrescidos às
novas redes de telecomunicações. Criar ataques de maior
dimensão é um dos problemas que se coloca. Segundo a
Insider Intelligence, estima-se que existam 64 mil milhões de
dispositivos IoT em todo o mundo nos próximos cinco anos.
O impacto da Inteligência Artificial (IA)
A influência positiva que esta tecnologia tem, e pode ter no
futuro, nos negócios é diametralmente oposta ao impacto
negativo da sua utilização com propósitos criminosos.
A tecnologia deepfake é cada vez mais utilizada para
manipular informações e destruir credibilidade, com efeitos
significativos no terrorismo e no cibercrime.
67
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
Por outro lado, esta falta de empenho das empresas no
reforço da literacia dos seus colaboradores continua a ser
a principal razão para a concretização de muitos ataques
informáticos, uma vez que a principal porta de entrada
continua a ser o erro humano. Mais de 80% dos incidentes
ocorrem devido à abertura indevida de links e à insta-
lação inadvertida de malware que chega habitualmente
através de esquemas de phishing. Este problema reflete
igualmente o nível de literacia digital da sociedade em
geral, e a solução passa, como defendem os especialistas
no tema, pelo reforço das ações de divulgação nas escolas
desde o ensino básico, mas também junto das empresas.
Um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo CNCS,
que conta com um conjunto de iniciativas a este nível.
COLOCAR AS TRANCAS À PORTA
Com o aumento do cibercrime, aumenta também a con-
corrência na oferta de soluções de proteção. Mas, se o
potencial de crescimento para as empresas especializadas
na área é muito elevado, a responsabilidade de ‘educar’
o mercado e de se apresentarem como parceiros para
este tema sensível também está a crescer. Apresentar
soluções credíveis e que possam ser integradas numa
estratégia global é essencial, bem como garantir que o
investimento tem um impacto real na atividade. Im-
plementar uma abordagem holística da cibersegurança,
ou seja, transversal a todo o negócio é, cada vez mais,
uma tendência. Prevenir, proteger, detetar e recuperar
são considerados os pilares determinantes para uma
boa estratégia de cibersegurança que, mais do que um
investimento elevado, exigem um trabalho de parceria e
uma relação de longo prazo com o fornecedor.
Os seguros são outro dos mecanismos para gerir os
riscos derivados da segurança da informação e das con-
figurações em rede. Estes instrumentos podem gerar
fortes incentivos para que os indivíduos e as organiza-
ções adotem as medidas de segurança mais adequadas
em cada caso, recomenda o “Relatório Cibersegurança
em Portugal | Economia”. De acordo com aquela fonte,
um mercado robusto de ciberseguros pode dar origem a
benefícios significativos para a sociedade. Em primeiro
lugar, as companhias de seguros podem retribuir os
investimentos em segurança, reduzindo os prémios para
os agentes mais avessos ao risco. Em segundo lugar, dado
que as companhias de seguros baseiam a sua vantagem
competitiva na diferenciação dos prémios ajustada pelos
níveis de risco, as seguradoras têm incentivos para re-
colher dados sobre incidentes de segurança, quando são
reportados para efeitos de ativação dos seguros. Desta
forma, os ciberseguros são frequentemente apontados
como uma solução para os desafios informacionais que
condicionam os investimentos em cibersegurança. Por
último, tal como noutras modalidades de seguros, os
ciberseguros podem contribuir para que as empresas
suavizem os seus resultados financeiros, dado que ao
contratar um seguro deste tipo estão a trocar um custo
presente de montante relativamente reduzido e de caráter
fixo, o prémio do seguro, por perdas futuras potencial-
mente elevadas e de caráter incerto.
DOSSIER PROMOCIONAL

Rui Ferrão,
CTO da Academia
de Código

CIBERSEGURANÇA
RETRATO
NACIONAL

98%
Dos ataques informáticos resultam da
falta de higienização das organizações
devido à reduzida adoção de medidas
“Confiança Zero”, nomeadamente,
ausência de implementação
de soluções de duplo fator de

AMEAÇAS ESTÃO MAIS

autenticação, à inexistência de
soluções avançadas de anti-malware,
e ao baixo nível de atualização dos
sistemas e soluções críticos

COMPLEXAS E EFICAZES
C
om a proliferação de dispositivos ligados em rede, serviços
online e cloud computing as ameaças tornam-se mais so-
fisticadas, persistentes e potencialmente devastadoras e o
desafio da cibersegurança é cada vez maior. Os incidentes de
cibersegurança podem levar ao roubo de informação sensível,
28%
É a percentagem de empresas
que possuem uma estratégia,
procedimentos e estruturação de
prejuízos económicos e até danos físicos, e é esperado que este desafio
políticas de cibersegurança
se intensifique nos próximos anos.

56%
Segundo o relatório ‘Riscos & Conflitos de 2022’ do Centro Nacional
de Cibersegurança, em 2021 verificou-se em território nacional um
incremento de 26% no número de incidentes de cibersegurança face
a 2020. Uma tendência que continuará a crescer com o número de
vulnerabilidades e a superfície de ataque a aumentar.
De acordo com o ‘Hacker-Powered Security Report 2022’ do Hacke-
rOne foram descobertas 65.000 vulnerabilidades apenas em 2022, mais
Das empresas nacionais não
21% do que em 2021, o que demonstra que hackers e cibercriminosos promove internamente ações de
continuam a encontrar novas formas de explorar vulnerabilidades em formação e sensibilização em
sistemas e redes. Com o aumento de ameaças persistentes avançadas cibersegurança

30%
(APTs) e o uso de tecnologias de Inteligência Artificial que permitem
aos criminosos criarem ataques sofisticados, dificultarem a deteção
e criarem campanhas de phishing extremamente eficazes, torna-se
imperativa uma reflexão sobre estes temas e uma postura proativa
por parte das empresas e organizações.
Este cenário pode ficar ainda mais preocupante devido à falta de
profissionais na área. De acordo com o ‘(ISC)2 Cybersecurity Workforce
Study’ de 2022, no final do ano existia uma falta de profissionais de Crescimento anual médio dos
ciberataques em território nacional
cibersegurança que se refletia em 436,080 postos de trabalhos nos

4
Estados Unidos e 3.4 milhões a globalmente. “Criar uma força de
trabalho qualificada em cibersegurança e investir em programas de
treino e educação é essencial para enfrentar os desafios do futuro, ga-
rantindo conhecimento para encontrar talento para preencher funções
críticas na área”, afirma Rui Ferrão, CTO da Academia de Código. E
é precisamente com esta missão que aquela academia de formação
apresenta uma oferta formativa e corporativa em parceria com a Code
Lugar de Portugal no ranking
Fellows, entidade norte-americana reconhecida pela sua experiência dos países europeus com mais
nas áreas técnicas e que a Academia de Código representa na Europa. ciberataques em 2022

68
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
DOSSIER PROMOCIONAL
XDR: A EVOLUÇÃO
DA DETEÇÃO
E RESPOSTA
A AMEAÇAS
Trata-se de uma evolução natural
da deteção e resposta de endpoints
(EDR), integrando a proteção numa
gama mais vasta de produtos, incluindo
endpoints, rede, email e muito mais
H
á já alguns anos que falamos de eXtended De-
tection and Response (XDR), mas, apesar de ser
uma palavra-chave na indústria, permanece uma
questão fundamental: do que é que estamos real-
mente a falar? Segundo a Gartner, que definiu o
termo pela primeira vez em 2020, XDR é uma ferramenta
de deteção de ameaças e resposta a incidentes específica,
que integra nativamente múltiplos produtos de segurança
num sistema de operações de segurança coeso.
A tecnologia de deteção e resposta alargada do XDR
aborda especificamente a necessidade de novos níveis
de agregação, correlação e análise de telemetria de se-
gurança, para proteger uma superfície de ataque cada
vez mais diversificada e lidar com um panorama onde
as ameaças se estão a tornar mais complexas de detetar.
A integração de capacidades XDR na infraestrutura de
uma organização significa que os eventos de segurança de
diversas fontes e ativos podem ser analisados e correla-
cionados para determinar que atividades estão a ter lugar.
O XDR partilha conhecimentos de uma única plataforma
de segurança para respostas rápidas e automatizadas, que
reduzem a carga de trabalho do pessoal de segurança.
A PROPOSTA DA WATCHGUARD: THREATSYNC
A correlação já estava presente na primeira versão do
ThreatSync da Watchguard: um motor baseado na cloud
que analisava dados de eventos de Host Sensores e Fi-
reboxes para identificar comportamentos maliciosos.
69
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
A SEGURANÇA NUM
PATAMAR MAIS ELEVADO
Novas caraterísticas da solução ThreatSync
reforçam a sua capacidade de proteção.
Configuração Zero - Como componente chave da
abordagem de Segurança Unificada da WatchGuard,
o ThreatSync fornece uma plataforma com múltiplos
produtos, totalmente integrada, reduzindo os custos
associados à configuração e integração de soluções de
múltiplos pontos internamente.
Segurança Abrangente - O XDR ThreatSync aproveita
as capacidades de Segurança de Rede e de EDR da
WatchGuard para proporcionar múltiplas deteções,
que são recolhidas e transformadas em informações
acionáveis em tempo real, através de uma única
consola.
Visibilidade Unificada de Ameaças - Reúne e exibe
deteções de múltiplos produtos em computadores,
servidores e firewalls a partir de uma única consola,
eliminando a necessidade de os administradores
aprenderem e utilizarem múltiplas consolas, e
permitindo-lhes responder e deter ameaças avançadas
mais rapidamente.
Deteção Unificada de Ameaças - Proporciona
capacidades de deteção alargadas, através da
correlação de dados de diferentes camadas de
proteção do portfólio de soluções de segurança, que
indicam a presença de agentes de ameaça. Permite
uma rápida contenção global do impacto, gravidade e
alcance.
Orquestração unificada de resposta a ameaças
- O ThreatSync reduz o tempo médio de resposta
(MTTR) ao permitir ações de resposta automatizadas
para neutralizar as ameaças nas organizações, num
processo mais simples e rápido, reduzindo o risco e
oferecendo maior precisão.
Contudo, a antiga solução Threat Detection and Res-
ponse (TDR) só utilizava a telemetria de endpoint para
detetar ficheiros maliciosos e responder a ações iniciadas
na cloud, correlacionando eventos de rede com ficheiros
e processos individuais no endpoint.
Agora, o ThreatSync evoluiu para se tornar uma solução
XDR, integrando soluções de segurança do endpoint e
da rede numa única plataforma, que pode correlacionar
informações de deteção de ameaças de diferentes cama-
das de proteção e orquestrar a resposta das ferramentas.
DOSSIER PROMOCIONAL
PREVENÇÃO
SÓ É POSSÍVEL
COM MAIOR
LITERACIA
DIGITAL
INCM CyberPod na Nova SBE é a arena
onde se treina para evitar e responder
a ciberataques. Ofertas de formação
prática e imersiva estão disponíveis
para empresas e organizações no
campus de Carcavelos
É
uma sala de aula dedicada a formações em ci-
bersegurança que proporciona aos participantes
uma experiência imersiva de aprendizagem nesta
matéria. Numa parceria que junta a Nova SBE (Nova
School of Business & Economics), o CyberGymIEC,
e a Imprensa Nacional e Casa da Moeda (INCM), o INCM
CyberPod é o primeiro do género em Portugal, e está
aberto a colaboradores no geral, sem background técnico,
gestores e executivos, havendo também um conjunto de
programas de natureza mais técnica para as empresas
que entendam ser relevante reforçar os conhecimentos
das suas equipas de IT e Cibersegurança.
A aposta nesta oferta formativa surge num contexto em
que a cibersegurança ganhou uma enorme relevância,
nomeadamente, devido ao crescimento exponencial
nos ataques informáticos nos últimos dois anos. Em
entrevista, Marta Pimentel, Diretora da Formação de
Executivos da Nova SBE, Tiago Godinho, Responsável
do Nova SBE Digital Experience Lab, e Ricardo Zózimo,
Diretor Académico do Mestrado Executivo em Inovação
& Empreendedorismo da Nova SBE explicam quais são os
principais desafios com que as organizações se debatem
ao nível da cibersegurança, qual o estado de maturidade
das empresas nacionais, e de que forma se combatem, de
forma efetiva e eficaz, as vulnerabilidades.
A cibersegurança ganhou protagonismo com a acelera-
ção da digitalização das empresas durante a pandemia.
Quais os principais desafios atuais das organizações
a este nível?
Marta Pimentel (MP): A humanidade reproduz online o
70
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
(DA ESQUERDA PARA A DIREITA)
Marta Pimentel, Tiago Godinho e Ricardo Zózimo
modelo de funcionamento do mundo físico, existem por
isso um bom e mau uso do espaço virtual. A legislação
em cibersegurança está ainda em constituição, com o
desafio de articulação e alinhamento das perspetivas de
cada país e região do globo. O aumento exponencial de
uso de ferramentas digitais, associado a uma baixa litera-
cia em cibersegurança arrastaram muitas organizações,
empresas e pessoas para um aumento da exposição e do
risco a ciberataques. Importa dizer que a porta de entrada
de muitos destes ataques acontece via comportamentos
individuais, na maioria das vezes por descuido ou mesmo
desconhecimento. A melhor forma de atuação é a atenção
e prevenção, o que implica apostar na formação, dando
a todos os colaboradores a fluência necessária para lidar
com potenciais ataques no seu dia a dia.
Em Portugal, os ataques informáticos aumentaram
exponencialmente nos últimos dois anos. A que se
deve este aumento e porque o país é atualmente o
quarto mais atacado da Europa?
MP: O mundo inteiro tem, na verdade, sido impactado
com o aumento significativo de ciberataques. Hoje, o
“negócio” de ciberataques é uma operação do tamanho
do PIB da França e a perspetiva é de crescimento. Meta-
foricamente há quem afirme tratar-se de um novo país,
o Ciberquistão. A Europa em particular tem sido alvo de
muitos ciberataques até por força da guerra da Ucrânia que
hoje acontece no terreno e no espaço. Portugal está dentro
deste contexto a sofrer o mesmo impacto de toda a Europa.
Qual o nível atual de maturidade digital das empresas
nacionais?
Tiago Godinho (TG): Nos últimos meses temos conversado
com várias organizações e temos recebido testemunhos
que revelam uma grande assimetria no grau de prepara-
ção e investimento nesta área. Há um conjunto alargado
de organizações com maturidade significativa, que têm
investido na tecnologia, mas também no estabelecimento
dos processos necessários à utilização dessa tecnologia
e na capacitação dos seus colaboradores. Mas temos
depois um elevado número de empresas que ainda têm
muito trabalho a fazer. O tecido empresarial português
é constituído sobretudo por PMEs que, segundo temos
vindo a perceber, estão, no geral, num nível de maturi-
dade ‘ciber’ muito incipiente.
Sendo o fator humano a maior vulnerabilidade nas
organizações, de que forma podem elas prevenir e
resolver este problema?
TG: Desenvolvendo uma cultura de ‘ciberatenção’, que se
consegue através da sensibilização e da formação. O termo
cultura não é por acaso: é preciso que tornemos o discer-
nimento e o espírito crítico em matéria de cibersegurança
parte estrutural da maneira como nos relacionamos com
a tecnologia. As componentes de processos e tecnologia
são muito importantes, mas fundamentalmente, no meu
entender, impõe-se a necessidade de capacitar as pessoas
para saber tomar as decisões que na sua vida profissional
e pessoal melhor mitigam os riscos ‘ciber’.
É neste contexto que surge o CybergymIEC? Qual a
sua missão?
TG: Precisamente. Enquanto escola de negócios voltada
para o futuro, temos a convicção de que devemos ajudar
as empresas e as suas lideranças a entender e refletir so-
bre o tema da cibersegurança. No mundo cada vez mais
digital em que vivemos, em que a tecnologia é um fator
de competitividade, entendemos que a cibersegurança
deve ser encarada por quem decide como um risco de
negócio. O CyberGymIEC, com quem temos uma par-
ceria em conjunto com a INCM, da qual nasceu o INCM
CyberPod, uma sala de aula para formação e sensibilização
imersivas em temas de ciberliteracia no campus de Car-
cavelos, é um parceiro importante no nosso portfolio de
formação nesta matéria. Através das suas metodologias
de ensino e infraestrutura, conseguimos demonstrar e
simular contextos de ataque e defesa ‘ciber’, colocando
os participantes no centro da ação, o que se traduz em
experiências de aprendizagem e sensibilização muito
poderosas.
Que benefícios terão as empresas em frequentar estas
ações formativas?
TG: As empresas encontram na Nova SBE uma visão de
negócio sobre a cibersegurança. Muito para além da sua
71
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
dimensão técnica, a dimensão de risco para o negócio,
de matéria de decisão, que procuramos trazer para as
nossas jornadas formativas nesta área.
Que feedback tiveram das primeiras ações?
TG: Temos tido muito bom feedback dos programas
entregues até agora. A parceria com o CyberGymIEC
permite-nos colocar os participantes perante situações de
incidentes ‘ciber’ em tempo real, o que se tem traduzido
no desenvolvimento de uma grande empatia pelo tema,
quer por quem já o trabalha no seu dia a dia, como por
outros participantes cujas funções estão mais distantes
desta área. A vantagem de podermos demonstrar em
que é que se materializa um ataque informático, num
ambiente controlado, permite criar memórias que são
muito importantes para o estabelecimento desta cultura
de discernimento e espírito crítico que mencionava acima.
Fala-se hoje do Trauma Organizacional após um ataque
informático. Em que se traduz e de que forma pode
ser ultrapassado?
Ricardo Zózimo (RZ): O trauma organizacional após um
incidente de cibersegurança grave é uma realidade nas
empresas. Este trauma cria três tipos de tensões no futuro
imediato das organizações. A primeira é a tensão de um
novo ataque. Criar uma cultura que previna um novo ata-
que é fundamental, mas ao mesmo tempo esta cultura não
pode restringir demasiado a liberdade dos colaboradores,
sob pena de eles sentirem que estão verdadeiramente a
ser penalizados pelo ataque. A segunda tensão tem a ver
com o lembrar ou esquecer o trauma. Por um lado, as
organizações têm de lembrar os seus colaboradores para
procedimentos de cibersegurança. Por outro lado, estar
constantemente a lembrar vai criar uma sensação “pedro
e o lobo” onde de tantas vezes que são chamados à atenção
os colaboradores deixam de prestar atenção, abrindo no-
vas possibilidade de novos ataques. Por último, o trauma
organizacional afeta os novos projetos e a forma como a
inovação colaborativa com parceiros pode ser implemen-
tada. A empresa tem de continuar a conseguir inovar,
mas ao mesmo tempo proteger os seus recursos. Como
resultado deste trauma pode a organização fechar-se e
assim perder oportunidades de inovação fundamentais
para o mundo de hoje.
DOSSIER PROMOCIONAL

“A CIBERSEGURANÇA
É UMA MARATONA SEM FIM”
Conhecer bem as técnicas de defesa e de ataque é fundamental para garantir a
segurança nas empresas, independentemente da sua dimensão e setor de atividade.
Para ganhar esta corrida é preciso criar uma cultura de conhecimento na sociedade

O tema da cibersegurança ganhou relevância com a
pandemia e com uma maior digitalização das empresas
e dos processos. Enquanto consultora de IT, como
avalia a Crossjoin o atual panorama da cibersegurança
nas empresas em Portugal?
Portugal não tem sido exceção no que toca ao aumento
de investimento na cibersegurança. Com a Covid-19, as
empresas foram forçadas a adaptarem-se a uma nova
realidade, reinventando como trabalham e como se re-
lacionam. Este novo normal potencializou riscos, muitas
vezes negligenciados, e introduziu desafios às operações,
tal como a massificação do trabalho remoto, adoção de
ferramentas colaborativas, software/infrastructure as
a service (SaaS/IaaS), Cloud Computing, entre outras.
Com o aumento da exposição e a escalada de ameaças
virtuais, tem existido uma tendência de aumento da vi-
sibilidade da população em relação aos perigos no uso da
tecnologia, uma maior atenção aos riscos de vazamento e
perda de informações, especialmente à luz de regulamen-
tações como o RGPD, e o impacto que poderá haver nos
negócios. Isso justifica, em parte, o aumento da procura
de profissionais de segurança da informação,
especialmente na área de cibersegurança, bem
como a adoção de padrões internacionais como
referência de boas práticas, por exemplo a ISO/
IEC 27001, que é uma norma de referência in-
ternacional para a gestão da segurança da informação.
A Crossjoin entende que é imperativo proteger-se contra
riscos cibernéticos e de segurança da informação e, por este
motivo, investimos em melhorias com a adoção de uma
cultura de segurança da informação, demonstrada com as
contínuas auditorias no âmbito da nossa certificação ISO/
IEC 27001. Além disso, reforçamos esta necessidade junto
aos nossos clientes e parceiros, de modo que é percetível
um aumento nos investimentos nesta área, mas ainda
insuficientes contra o nível de ataques a que estão sujeitos.
Há nas organizações uma consciência crescente dos
perigos e uma maior aposta e investimento em soluções
de cibersegurança?
Consideramos que tem havido avanços no autoconheci-
mento da sociedade, fruto da experiência como vítimas
de ataques/burlas informáticas, mas também graças ao
aumento de cobertura dos media aos ataques informá-
ticos. No entanto, em geral, a sociedade ainda não está
devidamente consciente dos cuidados a ter relativamente
à exposição e à transmissão de dados, nem do impacto
que certos ataques de cibersegurança podem
causar nas suas vidas. Por este motivo, ainda
vemos imensos casos por falta de atenção ou
descuido. Infelizmente, muitas empresas não
prestam a devida atenção ao tema da ciberse-

72
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
(DA ESQUERDA PARA A DIREITA)
Fernando Ohana, Pedro Ribeiro,
Tiago Alcobia e Afonso Gaipo,
Information Security SIG da Crossjoin
gurança, privacidade dos dados e/ou não têm capacidade
financeira para se instruírem ou preparar para as ameaças,
por exemplo, de exposição de dados críticos de clientes.
Está ultrapassado o mito de que os ataques informá-
ticos só acontecem nas grandes empresas?
Ataques às grandes empresas acabam por ganhar maior no-
toriedade nos media pelo impacto direto, visto nos valores
financeiros e utilizadores afetados. Por outro lado, pequenas
empresas não são imunes, sofrem com ataques em escala
e tornam-se escolha de estratégia por parte de atacantes
oportunistas que exploram vulnerabilidades técnicas,
especialmente com a falta de capacidade de investimento
em tecnologia, bem como ataques de engenharia social e
com a falta de uma cultura de segurança da informação.
Portugal tem sido um dos países do mundo com mais
ataques informáticos. Porque é que isto acontece?
Em 2022, Portugal foi o terceiro país da Europa com
mais ataques informáticos tendo, os de maior impacto,
a finalidade de exfiltração de informação. Isto deve-se a
uma soma de vários fatores, entre os principais a falta de
consciência dos cuidados a ter relativamente à exposição
e à transmissão de dados ou dos seus impactos por parte
dos portugueses. Além disso, software desatualizados ou
descontinuados/sem manutenção ou com manutenção
desadequada, aumenta a superfície de ataque. No entanto,
não foi apenas o nosso país que foi alvo de um aumento
de ataques informáticos, na verdade, observou-se esse
fenómeno mundialmente.
Fala-se muito da falta de literacia dos utilizadores que
continuam a ser o ‘elo mais fraco’ nos ciberataques. O
que pode e deve ser feito para alterar este panorama?
A verdade é que grande parte dos ciberataques são decor-
rentes de engenharia social, como ataques de phishing.
Estes ataques têm uma elevada taxa de sucesso, pois a
sociedade digital não está suficientemente preparada para
reconhecê-los. Apesar de o investimento necessário para
mitigar este tipo de ataques ser baixo, se comparado a
outros tipos de ataque, é uma ação que exige a criação de
uma cultura de cuidado com segurança da informação,
na qual as preocupações são diárias e contínuas. Desta
forma, a melhor defesa para os ataques de engenharia
social, mais especificamente o phishing, é a sensibilização
e consciencialização.
Mas este cuidado não se deve restringir aos ambientes
corporativos e empresas. A consciencialização sobre
princípios de segurança da informação, navegação segura,
segurança em redes sociais, bem como as possíveis amea-
ças, os tipos de ataques e efeitos, devem começar o mais
cedo possível. A exposição à internet e ao mundo digital
começa cada vez mais cedo, de modo que os cuidados
e sensibilização deveriam começar com os mais jovens,
na sociedade púbica, nas escolas, universidades, etc.
Que apoio pode a Crossjoin dar às empresas nesta
vertente?
Da mesma forma que a tecnologia está constantemente
73
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
a evoluir, forçando a uma rápida resposta no que toca à
cibersegurança, os serviços fornecidos nesta área também
evoluem. Evoluímos continuamente os nossos serviços
de segurança da informação e cibersegurança, de modo
a incorporarmos esta componente em qualquer tipo de
projeto. Assim, ajudamos os nossos clientes com uma
abordagem de Information Security By Default & By
Design, com a integração de segurança da informação
nos processos, bem como as auditorias e consultoria de
segurança em desenvolvimento, com integração de se-
gurança no fluxo aplicacional. Com as tendências atuais,
também podemos auxiliar na integração de soluções SaaS
e Cloud, com análise e diagnóstico de ‘Cloud Security’,
bem como um serviço dedicado à gestão da segurança da
informação (‘Information Management Security Check’).
Internamente, a Crossjoin tem um Centro de Com-
petências em segurança. Qual o papel deste centro?
Internamente temos o nosso próprio Centro de Compe-
tências de cibersegurança (SIG = Special Interest Group)
que nos permite uma constante atualização e melhoria
em temas de cibersegurança, tanto para consumo interno
como para os nossos clientes, tendo como responsabilida-
des a segurança das nossas informações, investindo numa
equipa altamente especializada nesta área, sensibilizando
os nossos colaboradores e prevenindo contra ameaças,
com o objetivo de minimizar os riscos de possíveis ataques
e os seus respetivos impactos.
O que diferencia a vossa oferta num setor tão com-
petitivo como este?
A nossa oferta distingue-se do resto do setor na metodo-
logia e a cultura que define a aproximação aos problemas.
Definimos o objetivo, o que nos falta para atingir esse
objetivo e, posteriormente, o caminho para o objetivo,
nunca fazendo assumptions. Esta abordagem permite-
-nos chegar à solução mais viável e conseguir resolver
problemas considerados impossíveis por muitos outros
no nosso setor.
Quais os vossos desafios internos, e quais os que se
colocam às organizações em geral no que se refere a
cibersegurança?
Os nossos desafios são os mesmos que os de todas as
outras organizações: manter-nos atualizados sobre as
novas tecnologias desenvolvidas todos os dias, e manter
todos os nossos colaboradores preparados para possíveis
tentativas de ataque.
Que alertas deixaria aos empresários sobre o tema
da segurança?
Os alertas que deixamos é estar sempre em alerta e em
contínua evolução. A cibersegurança é uma maratona
sem fim, na qual basta o nosso adversário ultrapassar
nos por um milímetro, uma vez, para a ganhar. Temos
de estar sempre aptos e sempre em alerta ao utilizar o
ciberespaço. Por isso é necessário estar sempre atualizado
em relação às novas tecnologias e aos novos métodos de
defesa e de ataque que são desenvolvidos.
DOSSIER PROMOCIONAL
CIBERSEGURANÇA
NÃO É APENAS
TECNOLOGIA
Prevenção e proatividade são essenciais, e
resultam de parcerias eficazes encaradas
como um investimento e não um custo
C
have da equação para uma estratégia de segurança
eficiente assenta na prevenção, proteção, deteção e
recuperação. João Pinheiro, administrador executivo
da ITGest Infraestruturas e Segurança, e Flávio Car-
pinteiro, diretor executivo de inovação tecnológica e
desenvolvimento de software explicam a visão da empresa,
especialista em sistemas e TIC, para a cibersegurança.
A cibersegurança é um desafio cada vez maior para as
organizações. De que forma pode a IT GEST ajudar as
empresas a proteger o seu negócio?
João Pinheiro (JP) Temos as competências, a experiência e
a tecnologia para endereçar esses desafios, cada vez mais
complexos. Constatamos uma maior frequência, quer na
regularidade das ameaças quer na gravidade dos seus efeitos.
É por isso que desenvolvemos uma oferta que endereça a
cibersegurança, não apenas com uma resposta tecnológica,
mas com uma forte componente de serviços transversal, em
constante atualização, e que nos permite estar ao lado dos
nossos clientes, mitigando riscos e defletindo ameaças. A
forma como propomos soluções, preventivas e/ou reativas,
está sempre enquadrada na realidade do negócio do cliente.
Além disso, temos uma equipa certificada e trabalhamos
diretamente com os maiores fabricantes deste setor, com
uma oferta completa de infraestruturas e segurança, o que
reforça a nossa capacidade de interpretação do tema de
uma forma mais holística.
E têm também um produto próprio.
JP Sim. Trata-se de uma oferta desenvolvida dentro do
Grupo, que endereça de forma automática temas como
a identificação de vulnerabilidades, com base numa cor-
relação inteligente de fontes de conhecimento em tempo
real, o Pen Testing, e a tipificação de alarmes. Esta solução
permite a integração direta com todos os agentes que
participam na segurança do cliente, gerando mapas de
diagnóstico acessíveis aos responsáveis de segurança que
podem responder de forma proativa, sustentada e mais
completa contra a atual proliferação de ameaças.
Quais as preocupações que as empresas não podem
descurar ao nível da segurança?
JP. Devem evitar o “Casa roubada, trancas à porta!” e não
pensarem que só acontece aos outros. A resposta está na pre-
venção e proatividade e, para isso, devem procurar parceiros,
com quem possam estabelecer uma verdadeira relação de
74
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
(DA ESQUERDA PARA A DIREITA)
Flávio Carpinteiro e João Pinheiro
proximidade, de partilha e trabalho conjunto, encarando a
segurança como um investimento. Para tal têm de conhecer
os seus ativos, as suas riquezas e com base nessa equação
avaliar risco e medir o investimento que podem e devem
fazer. Sempre que possível devem procurar por empresas
especialistas, manterem-se atualizadas e, sobretudo, pen-
sarem nas principais fases: prevenção, proteção, deteção e
recuperação. E é aqui que reside a chave da equação.
Qual a importância de uma abordagem através destas
fases?
Flávio Carpinteiro (FC). A prevenção é importante porque
ajuda a evitar e mitigar ataques, mas o ideal é mesmo ante-
cipar as ameaças. Isso inclui a implementação de medidas de
segurança, como firewalls, antivírus, atualizações regulares
de software e capacitação e consciencialização para a segu-
rança das infraestruturas e dos utilizadores /colaboradores,
ou seja, para a componente da política de segurança. Já a
proteção é importante porque ajuda a proteger os dados e
sistemas de uma organização contra os ataques. Isto inclui
o uso de autenticação de utilizadores, criptografia de dados,
segregação de funções, backups regulares e políticas de
segurança rigorosas. Mas é fundamental que estas medi-
das sejam complementadas com a deteção, a identificação
rápida de um ataque em andamento ou uma violação de
segurança. Para fazê-lo é preciso implementar ferramentas
de monitorização e análise de logs, que permitam identificar
atividades suspeitas, e a realização de testes regulares de
penetração para identificar vulnerabilidades no sistema.
Nestas fases a ITGest disponibiliza o X-SIC, que combina
a deteção de ataques multivetor, com a investigação auto-
mática, análise forense e uma resposta adequada e rápida
numa plataforma integrada na infraestrutura de segurança,
possibilitando a monitorização em tempo real de forma proa-
tiva. A recuperação, acaba por ser o efeito que não se deseja.
Temos de minimizar o impacto de um ataque e isto inclui
a implementação de planos de continuidade de negócios e
de recuperação de desastre, a fim de minimizar o tempo de
inatividade e os danos causados por um ataque cibernético.
DOSSIER PROMOCIONAL
OPINIAO
JOÃO
GEORGE
DIVISÃO
CIBERSEGURANÇA
– MINITEL NEXT
E CYSA+
O QUE É QUE
SE PASSA COM A
CIBERSEGURANÇA
NAS PMEs
EM PORTUGAL?
D
evia ser preocupante para todos nós, que tanto o
número de incidências como o valor dos danos
causados por ciberataques em PMEs sejam os
mais elevados da história, num país onde mais
de 80% do emprego vem destas empresas. O
caso piora quando, em contraste com o que seria ex-
pectável e, apesar de toda a cobertura dada às noticias
de ataques graves a estruturas complexas (Vodafone,
Grupo Imprensa, Grupo Germano de Sousa,...), os
provedores de TI das PMEs portuguesas continuem a
reportar dificuldades na sensibilização das empresas
sobre a necessidade de alocar recursos para a segurança
das suas operações sendo que, a maioria passa de não
querer ouvir até ser alvo de um ataque, para depois só
querer garantir que nunca mais acontece...
Mas, afinal, o que é que se passa com a cibersegurança
nas PMEs portuguesas para que as ameaças estejam a
crescer em termos de frequência e valor de dano, não
estando o investimento em cibersegurança a aumentar
na mesma proporção?
O aumento do valor e número dos ataques é explicado
pela combinação dos traços caraterizadores das PMEs
75
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
em Portugal - a reduzida capacidade de investimento,
a ausência de profissionais de TI nos quadros, e a simi-
laridade de sistemas em empresas da mesma escala,
mesmo em indústrias diferentes -, com o aumento da
sofisticação destas ameaças e dos meios de difusão das
mesmas, tornando as PMEs num alvo fácil para ameaças
automatizadas (as que mais crescem nesta fasquia).
Basta ver a evolução dos esquemas de ransomware ou
de phishing, onde os utilizadores passaram de emails
genéricos sobre lotarias ou realeza estrangeira e anexos
com aspeto duvidoso para contactos por parte de bancos
ou transportadoras munidas de dados reais, websites
de empresas fantasma com produtos do seu interesse,
atualizações de aplicações ou até deep-fakes.
Nesta conjetura, como pode o investimento em ciber-
segurança nas PMEs não estar a aumentar?
Existe, infelizmente, uma ideia de que os gestores
não investem ou os utilizadores caiem em ataques por
desconhecimento, contudo, precisamos de aceitar
que as PMEs Portuguesas enfrentam vários desafios
em contraste com empresas de países vizinhos, suas
concorrentes no mercado global. A volatilidade da
economia e a diferença em termos de volume de fac-
turação traduzem-se numa postura de investimento
mais cautelosa e o menor número de colaboradores
resulta num défice de competências tecnológicas que
retira às empresas a capacidade de compreender como,
de uma forma directa, a incorporação de tecnologias
ou a adopção de práticas ou protecções contribuirá
quer para tanto para a mitigação de riscos como para
a melhoria das operações e resultados, traduzindo-se
em não-investimento.
Considerando os avanços dos últimos anos,é natu-
ral que existam lacunas na capacidade de perceber e
explicar de forma clara a adequabilidade das stacks
tecnológicas, mas, no fim do dia, se as PMEs Portu-
guesas têm menos meios, necessitam de ser mais in-
teligentes na forma como os alocam, não conseguindo
ter competências em todas as áreas. Desta forma, em
complemento do investimento na informação dos
utilizadores e da disponibilização de mais mecanismos
de investimento, terá de haver uma aproximação e um
refinamento dos diferentes stakeholders na cadeia de
distribuição ( fabricantes, distribuidores, integradores,
MSPs, formadores, empresas). Apenas quando todos
perdermos o medo de expôr as nossas fragilidades e
solicitar ajuda, procurar a partilha de competências
e não a eliminação adversarial, poderemos criar uma
maior capacidade de resiliência do tecido de PMEs
nacionais. Enquanto não o fizermos, vamos continuar
a perder esta guerra!
DOSSIER PROMOCIONAL
GARANTIR
A SEGURANÇA DA
PRODUÇÃO DE
ENERGIA ELÉTRICA
É ESSENCIAL
A Finerge é a maior produtora
de eletricidade renovável com
base no vento em Portugal,
e os seus sistemas de gestão
remota das centrais de produção
asseguram a proteção da rede
E
stá no mercado da produção de energia elétrica
há mais de 25 anos e, desde 2010, utiliza apenas
fontes renováveis. A Finerge, com sede em Ma-
tosinhos, opera 70 centrais eólicas e 17 parques
solares, em mais de 47 concelhos em Portugal e
três províncias em Espanha. No total, são mais de 780
aerogeradores e milhares de módulos fotovoltaicos
que recolhem a energia do vento e captam a energia
do Sol. Paulo Abreu, Head of Information Technology
da Finerge, explica, em entrevista, quais os desafios de
fazer a gestão da sua rede industrial.
Esta é uma rede complexa, multi-site e com muitos
locais remotos. Quais os desafios?
Para a monitorização dos projetos, a Finerge tem no
seu escritório de Matosinhos um Centro de Despacho,
que trabalha 24h/7 dias por semana, e que liga todos
os ativos do portfólio à REN. A gestão das centrais
remotas é um processo complexo pois os sites encon-
tram-se em locais dispersos, e com cobertura de rede
deficiente. O processo de integração de uma central
numa rede é, só por si, complexo, pois é necessário
encontrar a melhor opção técnica, que seja resilien-
te, escalável e segura, em locais com acessibilidades
reduzidas. Esta arquitetura de rede assenta em alguns
pilares definidos internamente, sempre com o foco em
garantir segurança e alta disponibilidade, pois todas
as centrais estão a ser monitorizadas remotamente e
contribuem através da produção da energia elétrica,
para o sistema elétrico nacional. Na concessão desta
rede, a Finerge trabalha em conjunto com o seu par-
ceiro Wavecom para projetar, implementar e garantir
a sua monitorização e manutenção, permitindo a alta
disponibilidade nas comunicações e assegurando
toda a proteção da rede dentro dos parques eólicos
e fotovoltaicos, e destes até ao Data Center, salva-
76
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
Paulo Abreu,
Head of Information
Technology
da Finerge
guardando-se também toda a superfície da rede OT
(Operational Technology).
Que equipamentos são estes?
Nas centrais electroprodutoras existem diversos equi-
pamentos OT (Operational Technology), que podem
ser atuadores ou sensores. Estes são mais limitados
em termos de funcionalidades de segurança, pois não
foram concebidos para tal, mas possuem um papel
muito importante nas atividades diárias. Por outro lado,
por desconhecimento, muitas vezes os equipamentos
OT são confundidos com equipamentos/sistemas IT
(Information Technology) e são efetuadas abordagens
de segurança que expõem esses equipamentos OT a
possíveis ataques para os quais não possuem qualquer
mecanismo de defesa.
Qual o impacto da solução desenvolvida em parceria
com a Wavecom no vosso negócio?
Na Finerge definiu-se que uma rede com equipamentos
OT deve ser apenas constituída por equipamentos mais
próximos dos comandos/sensores da central, e devido
a esta criticidade da sua função, são adotadas medidas
adicionais de segurança, por forma a isolá-los da rede,
e claro, a garantir a visibilidade de todo o tráfego.
Esta abordagem apenas é possível com a utilização de
equipamentos de segurança, e um conhecimento dos
fluxos de comunicação entre os diversos dispositivos
e sistemas, para garantir a granularidade das comu-
nicações. Desta forma, a Finerge tem a garantia de
que os sistemas estão a desempenhar a sua função e
de que todos os dispositivos OT estão protegidos com
mais uma camada de segurança.
DOSSIER PROMOCIONAL

OPINIAO O trabalho em rede, orientado para a segurança, per-

mite aos integradores oferecer aos seus clientes níveis
maiores de proteção enquanto expandem os seus próprios
negócios.
Ajudar os clientes a convergir a rede e a segurança
RUI PINHO
PINH também dá aos integradores uma forma de demonstrar
CHANNEL AC
ACCOUNT valor, fornecendo orientação quando endereçam desafios
FORTINET
MANAGER, FO híbridos de TI.
Entre as razões para adotar e recomendar uma abor-
dagem convergente de segurança e rede destacamos:

INFRAESTRUTURA HÍBRIDA
Hoje, as empresas dependem da cloud e dos centros de
dados para realizar negócios, dando origem a ambientes
informáticos híbridos. Mesmo que um cliente esteja
focado na cloud, ainda tem ‘endpoints’ que devem ser
protegidos, especialmente com a adoção do trabalho

A CONVERGÊNCIA
remoto em larga escala. Para enfrentar estas mudanças,
os integradores devem moldar as suas ofertas de soluções
e serviços em torno deste tipo de convergência.

DA REDE ORIENTADA FLEXIBILIDADE

A flexibilidade é uma componente chave da rede orien-

À SEGURANÇA
tada para a segurança. Com infraestruturas flexíveis, as
organizações podem adaptar-se rapidamente às mu-
danças no panorama das TI, permitindo-lhes fornecer
serviços de ponta e manter-se à frente da concorrência.

A
E porque os clientes esperam soluções rápidas e eficazes,
s organizações e os seus funcionários exigem a segurança deve corresponder à velocidade da rede.
cada vez mais o acesso imediato aos recursos da
rede, independentemente de estarem a trabalhar PERFORMANCE
remotamente ou num escritório. Como resultado, Em geral, a rede orientada à segurança pode dar aos
os perímetros tradicionais da rede estão a expan- clientes o desempenho de que necessitam sem sacrificar
dir-se e continuarão a fazê-lo com afluência de novas a segurança.
tecnologias e opções de trabalho remoto.
Os padrões de consumo de cloud estão a mudar de- Em última análise, as redes modernas estão a tor-
vido à maior disponibilidade e viabilidade das redes 5G, nar-se cada vez mais complexas, tanto em termos de
ambientes de trabalho remotos, e sistemas inteligentes extremos de rede como no alcance e capacidades da
resultantes da inovação digital. Isto criou redes mais cloud. Os cibercriminosos sabem disto e aproveitaram
complexas, o que apresenta novos desafios, incluindo a a mudança dos ecossistemas de rede para encontrar e
rápida expansão da superfície de ataque, a alteração das explorar vulnerabilidades. À medida que as TI híbri-
configurações da rede, e a necessidade de rastrear dados das se tornam uma realidade para mais empresas, as
através da cloud. soluções de segurança tradicionais são incapazes de
Num ambiente onde a segurança deve ser entregue a proteger os ativos críticos. Embora ainda não esteja
qualquer pessoa em qualquer lugar, as soluções menos a ser praticada em todas as organizações, a conver-
atuais lutam para satisfazer as exigências das empresas gência de segurança e redes, permite-lhes satisfazer
modernas. todas as exigências de cibersegurança em termos de
As organizações necessitam de acesso a soluções de se- desempenho e proteção.
gurança adequadas aos seus ambientes de rede e requisitos
empresariais únicos. A convergência de infraestruturas de
rede e segurança desempenha um papel importante no
sucesso empresarial, sendo a adoção de uma abordagem
de “Security-Driven Network” mais crucial do que nunca.
Esta estratégia integra a arquitetura de rede e de segu-
rança de uma organização, permitindo que a segurança
funcione como o principal motor nas operações empre-
sariais. Ao adotar uma abordagem orientada para a segu-
rança das redes, as empresas podem abraçar a inovação
digital sem expor ativos críticos a riscos.

77
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
DOSSIER PROMOCIONAL
OPINIAO
NEUZA ALCOBIO
NEUZ
DIRETOR DE MARKETING
DIRETORA
COMUNICAÇÃO, LOGICALIS
E COMU
PT.LOGICALIS.COM
OS MAIORES DESAFIOS
DO IT EM 2023
O
ano arrancou revestido de volatilidade eco-
nómica, de instabilidade geopolítica e das
já habituais interrupções no supply chain,
continuando a forçar as organizações a adap-
tarem-se à medida que as prioridades vão
mudando.
Novas tecnologias chegam diariamente ao
mercado, os consumidores são cada vez mais exigentes
quanto às suas experiências com as marcas, e como se
toda esta dinâmica não bastasse, mantém-se a escassez
de talento no sector.
É, portanto, indispensável que as organizações e con-
sequentemente os seus líderes tecnológicos estejam cada
vez mais atentos às tendências e aos desafios de mercado,
nomeadamente:
A NECESSIDADE CONTÍNUA DE TRANSFORMAÇÃO
E A VISÃO DE SUSTENTABILIDADE
No período pré-pandemia os processos de transformação
digital ocorriam de forma incisiva e num horizonte tem-
poral “confortável”. Atualmente, e na sequência de todo o
esforço de digitalização que as organizações imprimiram,
acabam por estar lançadas as bases para transformações
mais avançadas e oportunidades de continuidade. Ou
seja, acaba por haver não apenas uma maior noção de
que tudo está interligado no negócio, mas também uma
pressão e foco para que a transformação seja mais “trans-
versal e sustentável”. A tecnologia e a inovação, quando
78
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
alinhadas com as prioridades empresariais, poderão de
facto conduzir a ganhos de eficiência e a redução de custos
de diversas ordens.
EXPERIÊNCIA DO CLIENTE
Embora a experiência do cliente não seja responsabili-
dade exclusiva dos CIOs, estes precisam, em geral, de
promover uma maior integração da Customer Experien-
ce (cx) nos produtos de IT, tratando o tema como uma
prioridade multifuncional. Os níveis de intermediação
entre o cliente e o IT precisam de ser reduzidos, para
que o desenvolvimento de produtos e serviços das or-
ganizações seja cada vez mais ágil e verdadeiramente
centrado no utilizador.
O AUMENTO DO CIBERCRIME
Segundo o estudo ‘2022 CIO Leadership Perspectives’
da Gartner, as estratégias de cibersegurança aparecem
como a prioridade número um dos CIOs, pois o aumento
do cibercrime continuará a ser uma ameaça primordial
para organizações de todas dimensões. No entanto,
com a recessão iminente e a subsequente turbulência
económica, muitas empresas serão tentadas a apertar o
cinto e a cortar orçamentos para esta área, expondo-se
assim como alvos fáceis. O desafio da cibersegurança
em 2023 será manter e melhorar a defesa cibernética,
assegurando ao mesmo tempo uma abordagem rentá-
vel. A chave é a eficiência, que envolve simplificação.
Este ano, veremos mais empresas a procurar e tirar
partido das competências e vasta experiência dos es-
pecialistas na área para reduzir esses pesados custos
de IT, e melhorar a sua postura de segurança.
A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO CORRETA DOS DADOS
A segunda maior prioridade dos CIOs, de acordo com
o mesmo estudo, é a análise de dados e a forma como
o correto avanço na sua utilização organizacional será a
chave para a concretização de vários objetivos corpora-
tivos. Atualmente não chega medir os KPIs, é necessário
averiguar e medir que outros tipos de dados gerados pelo
negócio são cruciais, para potenciar otimizações e testes
de hipóteses que conduzam à tão desejada inovação.
ESTRATÉGIAS CLOUD E MODELOS
BASEADOS EM CONSUMO
Atualmente existem muito poucas estratégias tecnológicas
que não contemplem a cloud. O estudo ‘Pulse 2022’ da
PwC refere que 54% das organizações já estão a investir
em cloud, e que 35% estão a migrar de data centres
convencionais para a cloud. Esta transição é uma forma
comumente utilizada para a “otimização de budgets”, pois
representa uma despesa operacional que poderá ser ajus-
tada conforme a necessidade da organização. Encontrar
um bom parceiro de Managed Services será fundamental
para apoiar a jornada de transição para a cloud, ajudando
as organizações a otimizar performance, ROI e a obterem
uma fundação que permita escalabilidade, eficiência de
custos e um blueprint para a inovação contínua.
GEOPOLÍTICA DIGITAL
E AS DIFICULDADES NO SUPPLY CHAIN
Ao mesmo tempo que os CIOs avançam para a cloud e
promovem uma utilização mais evoluída dos dados cor-
porativos, um número crescente de executivos depara-se
com novas políticas e regras governamentais que afetam
ambas as áreas. A Gartner alerta inclusivamente para o
crescimento do nacionalismo, mudanças de poder cul-
tural e instabilidade como pontos de alerta para os boards
das organizações. Alguns acontecimentos como, por
exemplo, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, e recentes
diretrizes acabam por fazer com que os CIOs alterem
partes das suas estratégias, movendo stacks tecnológicos
para diferentes regiões, tendo obviamente em conta as
“linhas ocidente-oriente”.
As dificuldades ao nível do supply chain integram
outra porção das preocupações geopolíticas, com alguns
fabricantes a preverem que a escassez de componentes
tecnológicos se mantenha até 2024. Esta situação faz com
que as organizações, tanto quanto possível, tenham de
ser flexíveis na aceitação dos equipamentos que estejam
disponíveis e aos preços do mercado.
A DISPUTA PELO TALENTO EM IT
As empresas tecnológicas há muito que enfrentam di-
ficuldades para reter e recrutar recursos, pois simples-
79
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
mente há mais oferta do que pessoas qualificadas. E
esta escassez de talentos tornou o recrutamento mais
competitivo do que nunca. Os candidatos têm agora a
vantagem de procurar organizações (tanto local, como
globalmente) que ofereçam melhor equilíbrio entre
vida pessoal e profissional, trabalho flexível e melhor
remuneração. As organizações vêem-se agora pressio-
nadas para desenvolver talentos internos, reconverter
colaboradores e também subcontratar IT Solutions Pro-
viders/MSPs que disponibilizem recursos para algumas
funções específicas.
REDUÇÃO DE BUDGETS
E COMO ULTRAPASSAR A INCERTEZA
Os CIOs reconhecem que o IT sempre esteve encarregue
de encontrar formas de utilizar a tecnologia para reduzir
custos e aumentar a produtividade, mas também indicam
que o foco nessa tarefa varia de acordo com o panorama
económico geral. A inflação e a antevisão de uma possí-
vel recessão levam os líderes organizacionais a repensar
prioridades, budgets e em muitos casos a tomar medidas
imediatas de contenção.
Continuam, contudo, a existir oportunidades para que
as organizações e os seus CIOs possam dar seguimento a
projetos inovadores e a resolverem os seus problemas de
negócio, uma vez que a tecnologia é crucial para alavancar
a criação de novos produtos/serviços e a evolução dos
próprios modelos operacionais.
Neste ponto, o que os líderes tecnológicos poderão
fazer para retirarem o máximo valor de budgets poten-
cialmente apertados, é:
„ Manterem ou desenvolverem uma visão tecnológica
clara e completamente alinhada com as prioridades
máximas do negócio;
„ Avaliarem continuamente as suas infraestruturas
e projetos, com a ajuda de parceiros tecnológicos
especializados e que disponibilizem know-how e
recursos on-demand e de forma flexível.
„ Adotar uma abordagem faseada aos projetos, adqui-
rindo apenas as ferramentas/serviços que a organi-
zação efetivamente necessite e utilize.
A título de conclusão e pela análise efetuada, facilmente
conseguimos perceber que o ritmo de mudança e incer-
teza ao qual assistimos no ano passado irá certamente
continuar em 2023.
Alguns dos desafios referidos e das resumidas best
practices indicadas poderão ajudar os líderes de IT a
estarem mais atentos e a melhor planearem as suas
ações, a fim de tentarem maximizar os seus investi-
mentos e resultados empresariais, mesmo sob cenários
de instabilidade.
A Logicalis enquanto Provider líder Global em IT Solu-
tions & Cloud Managed Services, ajuda as organizações a
navegarem neste mercado em constante evolução, trans-
formando a incerteza em sucesso; oferecendo soluções
tecnológicas e de gestão de projetos eficazes, bem como
apoio e consultoria contínuos.
 O MEU
PRIMEIRO
ELÉTRICO
É provável que já tenha decidido que o seu próximo
carro vai ser elétrico, mas também é provável que
ainda não conheça as características e fatores
que deve considerar na sua escolha. Neste guia
explicamos conceitos fundamentais para selecionar
o elétrico mais adequado às suas necessidades
Textos Sérgio Magno

80
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
S
e, ao pedir ajuda para
escolher um veículo
elétrico (VE), ouvir
“os elétricos são car-
ros como os outros”,
desconfie de quem o
aconselha. É verdade
que muitas das carac-
terísticas são comuns
entre carros com motores de combustão
ou carros 100 elétricos (BEV – Battery
Electric Vehicle). Não nos vamos debru-
çar sobre aspetos como conforto a bordo,
dinâmica e qualidade de construção,
que podem ser analisados em qualquer
veículo de modo similar. Vamos, antes,
analisar um vasto leque de características
específicas dos VE, como tudo o que está
relacionado com a bateria e carregamen-
to. E outras características que, não sen-
do exclusivas destes veículos, assumem
maior relevância nos VE, como é o caso
do sistema de infoentretenimento.
O objetivo deste guia é simples: dar-
-lhe o conhecimento necessário para
escolher o seu próximo veículo 100%
elétrico de modo informado.
TENDÊNCIA EVIDENTE
A anunciada proibição de venda de auto-
móveis ligeiros com motor de combus-
tão na União Europeia a partir de 2035
é mais um sinal claro que aponta para a
eletrificação dos automóveis. A maioria
dos estudos antecipa que o crescimento
das vendas de veículos 100% elétricos
continue a bom ritmo. A Volkswagen, o
maior fabricante automóvel do mundo,
anunciou, pouco antes do fecho des-
ta edição, que prevê que “cerca de 80
por cento dos Volkswagen entregues na
Europa deverão ser totalmente elétricos
em 2030”.
O público também está recetivo a esta
tendência, sobretudo em Portugal: um
estudo realizado pela BEI revelou que
os portugueses são, na UE, os mais in-
teressados em comprar elétricos. Uma
ideia reforçada por um outro inquérito da
ACAP (Associação Automóvel de Portu-
gal), em que um em cada dois portugue-
ses respondeu que o seu próximo carro
será híbrido ou elétrico.
Os valores reais de venda de veículos
ligeiros de passageiros parecem confir-
mar as indicações dadas pelos estudos,
já que os recordes de vendas têm vindo
a ser batidos constantemente. Os mais
recentes dados, referentes a fevereiro,
apontam para uma quota superior a 16%
81
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
para os veículos 100% elétricos (BEV),
valor que sobe para cerca de 27% quando
se incluem os híbridos plug-in (PHEV),
que podem circular em modo 100% elé-
trico e cuja bateria pode ser carregada a
partir de uma tomada. Aliás, fevereiro
deste ano vai ficar na história como o
primeiro mês em que foram vendidos
em Portugal mais 100% elétricos que
veículos a gasóleo.
Uma curva de crescimento evidente,
que até poderia ser maior se não fos-
sem as limitações relacionadas com a
produção e logística, que ainda se vi-
vem na indústria automóvel. A Exame
Informática apurou, junto de algumas
marcas, que a procura por VE tem sido
superior à oferta disponível. O que tem
vindo a criar, em várias casos, períodos
de espera de meses entre a encomenda
e a entrega do carro. „
O FENÓMENO TESLA
A forte descida de preços anunciada pela Tesla logo
no início do ano, bem como o aumento da capacidade
de produção do fabricante californiano, muito em
consequência da abertura das fábricas na Alemanha
e na China, teve impacto direto no mercado. A marca
de Elon Musk tem estado a liderar o mercado europeu
e nacional. A Tesla vendeu, em Portugal, 1106 carros
em janeiro e fevereiro. E, destes, 876 foram vendidos
em fevereiro, mais que a soma das restantes quatro
marcas do top 5 nos BEV: BMW, Volkswagen, Mercedes
e Citroën. Um valor que é ainda mais impressionante
quando se considera que o Tesla mais acessível, o
Model 3 SR (Standard Range), tem um preço base
de cerca de 45 mil euros. E que esta marca tem uma
cobertura nacional ainda reduzida: todos os carros
tiveram de ser levantados em Lisboa ou no Porto.

FAÇA (BEM) AS CONTAS
Num estudo recente do ACP (Automóvel
Club de Portugal), mais de metade dos
inquiridos responderam estar interessa-
dos em mudar para um veículo ‘verde’.
Mas o mesmo relatório também apontou
o preço dos VE como principal entrave
para a transição. O que é mais evidente
nos segmentos mais baixos do mercado.
Atualmente, o BEV mais acessível em
Portugal é o Dacia Spring, com um preço
base de €20.400. Quase o dobro do pre-
ço do Dacia com motor a gasolina mais
acessível, o Sandero (desde €11.650).
Mas nunca devemos considerar apenas
o preço de aquisição de um veículo, mas
sim o custo total de propriedade, muitas
vezes referido por TCO (sigla em inglês
para Total Cost of Ownership). Ou seja,
devemos incluir nas nossas contas os
consumos energéticos (combustível ou
energia elétrica), a manutenção, os segu-
ros, os impostos e a desvalorização (dife-
rença entre o valor de aquisição e o valor
de venda). Devemos ainda considerar
custos que podem ser importantes para
utilizadores específicos, como custos
de estacionamento – isto porque alguns
municípios têm condições especiais para
VE. Um bom cálculo de TCO indicará o
custo total de ter um veículo, desde que
o compramos até nos desfazermos dele.
Ora, quando fazemos bem as contas, os
VE tornam-se mais competitivos do que
aparentam. Não só devido às poupan-
ças com os combustíveis, mas também
porque têm custos muito menores em
termos de manutenção e carga fiscal.
Isto significa que os VE têm sempre um
TCO mais baixo que os veículos equi-
valentes com motor a combustão? Não,
vai depender muito do perfil de cada
utilizador, o que só reforça a importância
de fazer bem as contas de acordo com o
seu perfil. Mas em boa parte dos perfis, os
cálculos demonstram que as poupanças
conseguidas ao longo da utilização do
veículo mais que compensam o preço
extra inicial.
MAIS COMPETITIVOS NOS
SEGMENTOS SUPERIORES
Não é verdade que os BEV são sempre
mais caros na aquisição que os carros
equivalentes com motores a combustão.
Nos segmentos superiores, onde o peso
relativo do custo da bateria é menor (os
carros têm melhores equipamentos) e a
carga fiscal sobre os motores a combustão
é maior (motores com maior cilindrada e
maiores emissões), é comum que opção
100% elétrica até seja a mais acessível.
Vamos a exemplos. O elétrico BMW i5
M50 (544 cavalos, 0-100 km/h em 3,9
segundos) tem um preço base de cerca
de 79 mil euros. O mais próximo com
motor a combustão, o BMW M4 Coupé,
começa em cerca de 120 mil euros para a
versão com 480 cavalos (aceleração dos
0-100 km/h em 4,2 segundos). Outro
exemplo: o Audi Q8 e-tron (elétrico)
começa nos 80 mil euros, enquanto a
versão com motor a gasóleo (híbrido)
custa cerca de 113 mil euros.
Nem sempre é possível fazer compara-
ções diretas. Por exemplo, quais os carros
com motor a combustão comparáveis
O Estudo Mobilidade 2023 da
LeasePlan, relativo ao cálculo dos
custos totais de propriedades dos
carros nas empresas, concluiu que os
veículos elétricos são a melhor opção
em 87% dos perfis de utilização
82
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
ECONOMIAS
NUM VEÍCULO
ELÉTRICO
Consumo energético (vs combustíveis)
Menor manutenção
Isenção de Imposto Único de Circulação
Desconto ou isenção
no estacionamento em alguns municípios
Possibilidade de recuperação
do IVA (empresas)
Dedução total do IVA associado
às despesas com os VE, incluindo
consumos energéticos (empresas)
Isenção de taxa de tributação autónoma
para veículos até €62500 (empresas)
Tendência para menor desvalorização
Possibilidade de receber apoio do Estado
de €4000 na compra de um VE até €62.500
NOTA:
INCENTIVOS E BENEFÍCIOS FISCAIS ASSOCIADOS
À COMPRA E UTILIZAÇÃO DE UM VEÍCULO ELÉTRICO EM
WWW.MOBIE.PT/MOBILIDADE/BENEFICIOS-INCENTIVOS
ao Tesla Model Y, cujo preço base é 47
mil euros? Se a análise centrar-se na
tecnologia, os carros tradicionais mais
próximos são mais caros. Um BMW X3
a gasóleo, por exemplo, custa mais de
64 mil euros (preço base).
Ou seja, tudo depende de como se
fazem as comparações. Mas os factos
demonstram que a ideia que os BEV são
sempre mais caros do que os equivalentes
a combustão é, simplesmente, um mito.
EMPRESAS: ESCOLHA É ÓBVIA
Devido à fiscalidade verde, a vantagem
em termos de TCO dos veículos elétricos
para as empresas é significativamente
mais evidente comparativamente aos
privados. De acordo com o Estudo Mo-
bilidade 2023 da LeasePlan, os carros
100% elétricos são os mais económicos
para as empresas em 87% dos perfis de
utilização da matriz utilizada. Esta ma-
triz considera nove classes de carros,
desde os utilitários aos pequenos fur-
gões, e sete níveis de quilometragem
por ano (de até 10.000 a até 40.000 km/
ano). Mais, a opção gasóleo só ganha nos
pequenos furgões que façam até 35 mil
quilómetros por ano. „

ESTUDE O MERCADO
Felizmente, o mercado dos BEV tem evo-
luído no que diz respeito à variedade de
opções. Se há uns anos havia segmentos
onde não existia opção 100% elétrico,
hoje há desde citadinos compactos, como
o Dacia Spring, a grandes SUV, como o
Tesla Model X, passando por desportivos
como o Porsche Taycan ou limusines de
luxo como o Mercedes EQS. O que signi-
fica que é muito provável que exista uma
opção 100% elétrica para o segmento
que procura.
Não se foque apenas nas característi-
cas do carro propriamente dito. Procure
saber que ofertas ou opções comple-
mentares estão disponíveis. Por exem-
plo, nem todas as marcas ‘oferecem’ o
cabo Type 2 (Mennekes), essencial para
carregar nos Postos de Carregamento
Normal (PCN) públicos. Este acessório
pode custar mais 200 euros, pelo que
é importante que seja fornecido com o
carro. Em alguns casos – mais raros –,
nem é fornecido o adaptador de carre-
gamento (cabo) para tomadas elétricas
domésticas comuns, outro elemento que
consideramos fundamental. Natural-
mente, a falta destes acessórios deve,
também, ser verificada se optar por um
veículo usado.
Algumas marcas e empresas de cré-
dito/leasing têm feito campanhas que
incluem a oferta de uma wallbox, o que
pode representar um valor de várias cen-
tenas de euros, mais ainda se incluir a
instalação.
Procure, ainda, saber se há ofertas
relacionadas com o carregamento. Por
exemplo, os Teslas dão acesso a uma
grande rede de carregamento inter-
nacional, com destaque para os postos
ultrarrápidos (Supercharger). Carrega-
mentos que são incluídos na navegação
de modo inteligente. Se, por exemplo,
usarmos o sistema de navegação de um
Tesla para uma viagem Lisboa – Paris, o
sistema automaticamente vai indicar o
melhor percurso, bem como os tempos
de paragem necessários em cada esta-
ção Supercharger, de modo a otimizar
o tempo de viagem. Como a conta do
utilizador está associada ao carro, nem
é preciso usar cartões ou apps para car-
regar um Tesla num posto da mesma
marca. Outras marcas oferecem acesso
em condições especiais (menor custo)
à rede de postos ultrarrápidos Ionity,
também já presente em Portugal. Estas
duas redes podem fazer toda a diferença
para quem planeia fazer viagens longas,
sobretudo para fora do país.
Há, ainda, insígnias automóveis com
outras vantagens de acesso às redes de
carregamento, como é o caso da BMW
Charging, que até pode ser usado via a
app My BMW. Este serviço, exclusivo
para clientes da marca, tem a vantagem
de incluir um serviço de roaming e a
opção de ‘flat rate’, o que, na prática,
significa que pode carregar em diferentes
redes de diferentes países com as mesmas
condições e custo. „
83
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
WALLBOX
VS TOMADA
DOMÉSTICA
Os carros elétricos normalmente são
fornecidos com um adaptador/cabo que
permite carregar a bateria usando uma
tomada elétrica doméstica convencional
(“Schuko”). Segundo os standards
atuais, as tomadas domésticas devem
estar dimensionadas para suportar uma
intensidade máxima de 16 amperes. Como
a potência útil resulta da multiplicação da
intensidade da corrente pela tensão elétrica
(voltagem), que é fixa (230 volts), a potência
máxima permitida pelas tomadas comuns
é de cerca de 3,7 quilowatts (230 volts x
16 amperes = 3680 watts, cerca de 3,7
kW). No entanto, por razões de segurança,
não é recomendável ‘puxar’ 16 amperes de
uma tomada elétrica doméstica de modo
contínuo. Por esta razão, normalmente os
cabos/adaptadores fornecidos com os
carros elétricos para carregar em tomadas
comuns estão limitados a 10 amperes (13
A em alguns casos). O que significa que a
potência máxima real usando uma tomada
doméstica costuma ser de cerca de 2,3
kW (230 V x 10 A). Ora, com esta potência,
10 horas de carregamento durante a noite
resultará numa transferência de cerca
de 23 kWh (2,3 kW x 10 h) para a bateria.
Para um carro que, por exemplo, tenha um
consumo energético de 15 kWh/100 km,
10 horas a carregar numa tomada elétrica
comum (a 10 A) permitirá recuperar cerca
de 150 km de autonomia. Isto significa que
para uma grande parte dos utilizadores,
o carregamento através de uma tomada
elétrica doméstica será suficiente para o
dia-a-dia. Até porque, em casos excecionais
e viagens maiores, é sempre possível
recorrer à rede pública, com destaque para
os postos rápidos. No entanto, uma ‘tomada
dedicada’ para veículos elétricos tem
vantagens importantes, com destaque para
a segurança acrescida e maior velocidade
de carregamento. É aqui que entram as
wallboxes ou os carregadores portáteis
de maior potência – estes têm a vantagem
de poderem ser transportados no carro.
Existem muitos dispositivos deste tipo no
mercado e a potência máxima pode chegar
aos 22 kW. O que resulta de uma corrente
trifásica com 32 amperes de intensidade
(230 V x 32 A x 3 fases = 22.080 watts,
equivalente a cerca de 22 kW). Mas, além
do custo deste carregador (wallbox ou
carregador portátil), há que verificar se
há condições na casa ou na empresa para
fornecer a potência extra e para fazer a
instalação. Na maioria das casas, a corrente
é do tipo monofásica e, como tal, a potência
máxima que se pode instalar é, na prática,
de cerca de 7 kW (230 V e 32 A). Até porque
muitos dos carros elétricos estão limitados
a esta potência quando a carregar em
corrente alternada (AC). Ainda assim, a 7 KW,
10 horas já permitem carregar, em teoria,
70 kWh, um valor superior à capacidade
da bateria presente na maioria dos carros
elétricos em comercialização.
VELOCIDADE DE
CARREGAMENTO
Nem sempre é fácil compreender as dife-
renças técnicas entre potências e tipos de
carregamento. Em resumo, o que precisa
de saber é quais as potências de carre-
gamento em cada tipo de carregador,
desde a tomada lá de casa até aos postos
de carregamento rápidos. Em regra, as
marcas indicam quais as potências má-
ximas, em quilowatts (kW), suportadas
pelos diferentes tipos de carregamento,
informação que permite ter uma ideia da
velocidade de carregamento.
Os carregamentos podem ser feitos
usando corrente alternada – AC, o tipo
de energia elétrica que chega às nossas
casas – ou em corrente contínua (DC).
Como as baterias usam corrente DC, os
carregamentos em AC têm de passar por
um carregador interno do carro para
fazer a conversão para DC, o que resulta
na limitação da potência. Os carrega-
mentos em DC são ‘diretos à bateria’,
o que permite maiores velocidades de
transferência de energia.
As maiores potências de carregamento
usam corrente DC, como é o caso dos
Postos de Carregamento Rápido (PCR)
e Ultrarrápidos (PCUR). Os Postos de
Carregamento Normal (PCN) e wallboxes
usam corrente AC.
Verifique quais as potências máximas
suportadas pelos VE em cada um destes
casos (AC e DC). Se, por exemplo, planeia
instalar e usar, sobretudo, uma wallbox
em ambiente empresarial, então deverá
valorizar carros com elevada potência
de carregamento em AC (11 ou mesmo
22 kW). Ou seja, carros com carregado-
res internos de maior potência. Se, por
outro lado, vai carregar em casa, onde
normalmente há maiores limitações de
fornecimento de energia elétrica, uma
potência de carregamento em AC de 7
kW é satisfatória. Alguns modelos ofere-
cem 7 kW de carregamento AC de base,
mas com opção, no ato de compra, para
equipar o carro com carregador interno
mais potente (11 kW, por exemplo).
Se vai fazer viagens longas com re-
gularidade ou planeia carregar muitas
vezes em postos rápidos, então deverá
valorizar uma elevada potência de car-
regamento em DC. Acima de 100 kW já
é uma boa referência, mas há modelos
que até carregam acima dos 200 kW.
Apesar de ter existido alguma confu-
são inicial com formatos e standards de
carregamento, atualmente os padrões já
foram estabelecidos. A grande maioria
dos carros elétricos novos comercializa-
dos na Europa disponibiliza apenas uma
tomada, o CCS2 (Combined Charging
System 2). Como o nome indica, tra-
ta-se de uma tomada combinada, que
junta o formato Type 2 (“Mennekes”),
para carregamentos em AC, com pinos
para carregamento rápido em DC. Carros
sem carregamento rápido normalmente
usam apenas a tomada Type 2 conven-
cional. Modelos mais antigos vindos da
Coreia do Sul e Japão, caso do Nissan
Leaf, usam uma porta Chademo para
o carregamento rápido. Felizmente, a
maioria dos postos rápidos da rede pú-
blica nacional (Mobi.E) disponibilizam
este formato, mas a longo prazo tenderá a
desaparecer – a própria Nissan já adotou
o CCS2 para o Ariya.
CONHEÇA A CURVA
DE CARREGAMENTO
Infelizmente, a potência máxima de
carregamento (DC) pode não ‘contar a

Neste gráfico com várias curvas de carregamento de
diferentes carros é possível ver, por exemplo, como apesar
de o Tesla Model 3 LR ser muito mais rápido a carregar que
o Audi e-tron 5 entre os 10 e os 45%, a partir deste último
valor é o carro alemão que carrega mais rapidamente
Neste gráfico de curvas de carregamento é possível ver como a
capacidade da bateria pode influenciar a potência de carregamento.
Para o mesmo carro (VW ID.3), veja-se como a versão com bateria
de 77 kWh de capacidade atinge os 125 kW, enquanto a versão
com bateria de 58 kWh de capacidade não ultrapassa os 100 kW.
Não menos importante, esta curva também permite perceber como
ambas as versões carregam à mesma velocidade quando o posto
está limitado a 50 kW de potência

84
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 O LIMITE ESTÁ NO CARRO OU NO CARREGADOR?
Em ambos. A potência máxima de carregamento, que define a velocidade máxima de carregamento, tanto pode
ser limitada pelo posto como pelo carro. Se um carro suportar uma potência máxima de carregamento DC de 50
kW, então será este o valor máximo, mesmo que seja ligado a um posto rápido de 150 kW. O inverso também é
verdade: um carro que suporte uma potência máxima de 150 kW ficará limitado a carregar a 50 kW num posto
com esta potência máxima. Há ainda outras variações que complicam esta análise mais simples. No caso dos
carregamentos em AC (Postos de Carregamento Normal e wallboxes), há que considerar o número de fases. Um
carro com carregador interno de 7,2 kW (monofásico de 32 amperes) pode carregar a apenas 3,6 kW no posto
trifásico de 11 kW, se este apenas disponibilizar 16 amperes por fase. Quanto aos carregamentos rápidos e
ultrarrápidos, podem existir diferenças relacionadas com a voltagem suportada (400 ou 800 volts, por enquanto).

história toda’. Isto porque a potência va-

ria em função de diferentes parâmetros,
como temperatura da bateria e percen-
tagem de carga. Faz-se muitas vezes a
comparação da entrada de público num
teatro. Quanto há muitos lugares va-
zios, as pessoas entram mais depressa
porque é mais fácil encontrar lugares.
Mas quando começam a faltar lugares,
o fluxo de pessoas reduz-se. Nas baterias
acontece o mesmo: em percentagens de
carga menores é possível aplicar mais
potência, aumentando a velocidade de
carregamento. Pelo contrário, à medida
que a percentagem de carga aproxima-se
dos 100%, a velocidade baixa. Daí ser
comum recomendar-se parar de car- KIA EV6
regar em postos rápidos e ultrarrápidos
quando a bateria chega aos 80% de carga.

A comparação com o teatro também é
válida para percebemos as diferenças
entre baterias: é mais fácil aplicar po-
tências elevadas em baterias de maior
capacidade (‘com mais lugares’) do que
em baterias de menor capacidade (‘com
menos lugares’).
Como, devido a uma série de fatores
técnicos, a gestão do carregamento da
bateria é variável de marca para marca
e até de modelo para modelo, a potên-
cia máxima pode dar uma ideia errada.
É preferível analisar a curva de carre-
gamento, onde é possível conhecer a
variação da potência de carregamento
em função da percentagem de carga da
bateria. Carros que anunciam uma maior
potência de carregamento, mas com cur-
vas de carregamento em pico (com po-
tência máxima disponível durante menos
tempo) podem acabar por demorar mais
tempo a carregar que carros com potência
máxima menor, mas com uma curva de
carregamento mais suave. „
CONSUMO E EFICIÊNCIA
Os carros elétricos consomem energia elétrica, medida em quilowatts hora
(kWh). Nos VE, ainda é muito comum analisar-se apenas a autonomia e
não o consumo energético. O que é um erro. Aliás, basta considerarmos
que pouca gente se preocupa com a autonomia de um carro a gasolina,
mas praticamente todos analisam o respetivo consumo. Consumos de
energia mais baixos, um valor normalmente expresso em kWh/100 km
(o equivalente dos elétricos a litros/100 km dos veículos tradicionais),
representam, naturalmente, menos custos.
Mas há outras vantagens em gastar-se pouca energia: maior autonomia
para a mesma capacidade de bateria e potencial para carregar mais depressa.
Isto porque se um carro elétrico consumir 15 kWh/100 km e carregar a
uma potência média de 30 kW, uma hora ligado ao carregador permitirá
recuperar 30 kWh (30 kW x 1h), o que representa 200 km de autonomia para
o consumo indicado. Mas se o mesmo carro consumir apenas 10 kWh/100
km, então na mesma hora será possível recuperar 300 km de autonomia.
Esta característica é tanto mais importante porque os testes têm demons-
trado que há diferenças grandes de eficiência entre modelos. Os consumos
podem ser obtidos através dos dados WLPT anunciados pelas marcas e,
para valores mais realistas, no site EV Database. „

85
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
Os carros criados de raiz
para serem elétricos –
não adaptados de outras
plataformas – têm
vantagens no
aproveitamento
de espaço
TIPOS
DE BATERIA
As baterias podem ser criadas usando
uma grande variedade de tecnologias e
arquiteturas. Informação muito técnica
que, em regra, não aparece na listagem
de características dos VE. Mas há uma
característica importante para utili-
zadores mais intensivos, ou seja, para
quem planeia fazer muitos quilóme-
tros por dia: o sistema de refrigeração.
Quanto melhor for o sistema de con-
trolo térmico da bateria, melhor será,
à partida, a capacidade para a bateria
suportar uma utilização mais exigente
durante mais tempo. Uma utilização
mais intensiva, como velocidades mais
elevadas (autoestrada), mais carrega-
mentos rápidos ou acelerações fortes
frequentes, leva ao sobreaquecimento
da bateria se esta não estiver equipada
com um bom sistema de controlo da
temperatura. Felizmente, é cada vez
mais comum que os VE usem baterias
com sistemas de refrigeração avança-
dos, muitas vezes com base em circuitos
de líquidos.
Mais atual é a diferenciação em fun-
ção da química da bateria, já que co-
meçaram a ser mais habituais os carros
elétricos com baterias LFP (Lithium
Iron Phosphate) em vez das baterias
NMC (Lithium Nickel Manganese Co-
balt). As diferenças entre estas baterias
estão no material usado no cátodo, o
terminal positivo das células que cons-
tituem a bateria. Ambas as químicas
têm vantagens e desvantagens. As
NMC permitem uma maior densidade
energética, ou seja, mais capacidade
de bateria em menos espaço e volu-
me. É por esta razão que este é o tipo
de bateria escolhido para os gadge-
ts, como computadores portáteis ou
smartphones. E, em regra, permitem
maiores potências de carregamento em
temperaturas mais baixas.
Mas as baterias LFP têm vantagens
importantes, como menor custo de
produção, suporte para temperaturas
de funcionamento mais elevadas e mais
ciclos de carga/descarga (maior longevi-
dade). Outra vantagem desta química é
degradarem menos a capacidade quando
mantidas com percentagens de carga
elevadas. É por isto que, para aumentar
a vida útil das baterias NMC, é habi-
tual recomendar-se o carregamento até
80/90%, só carregando até 100% quan-
do se prevê viagens longas. Em baterias
LFP não é necessário preocuparmo-nos
tanto com esta regra.
Estas recomendações são evidentes
nos Tesla, marca que comercializa car-
ros com os dois tipos de bateria. Atual-
mente, os Tesla Model 3 e Y com menor
capacidade de bateria (versão SR) são
vendidos com baterias LFP, enquanto
as versões com baterias de maior ca-
pacidade usam células NMC – a maior
densidade energética permite maior
autonomia usando uma bateria de di-
mensão similar.
Qual a melhor química? Como per-
cebeu, vai depender do seu perfil de
utilização. Mas consideramos que, para
os perfis de utilização mais típicos, as
baterias LFP são preferíveis. „
86
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
Mitos
Há muitas ideias erradas preconcebidas
e informação falsa sobre veículos
elétricos, que levam os interessados a
desistir da aquisição de um VE.
Preço demasiado elevado
Os veículos elétricos são, muitas vezes,
mais caros que os equivalentes com
motor a gasolina ou gasóleo. Mas as
contas devem ser feitas considerando
todos os custos associados. E há que ter
cuidado nas comparações. Muitas vezes
comparam-se VE com características
avançadas com carros CI (combustão
interna) mais parcos em desempenho e
tecnologia.
As baterias duram pouco
Há uma série de mitos sobre baterias.
Um dos mais repetidos é que as baterias
de iões de lítio viciam, o que é falso.
Muitas vezes utiliza-se a expressão
“viciar” como sinónimo de “degradar”,
conceitos bem diferentes. Em regra, nos
VE a capacidade da bateria mantém-se
próxima da original durante vários anos e
é raro ser necessário substituir a bateria
durante o período de vida do veículo.
Aliás, alguns estudos demonstram que
a probabilidade de trocar um motor de
um carro a combustão é maior que a
probabilidade de trocar a bateria de um
carro elétrico.
O desempenho é baixo
O binário instantâneo e elevado dos
motores elétricos faz com que estes
veículos tenham uma aceleração muito
forte. Na verdade, mesmo os elétricos
menos poderosos podem ser mais
rápidos a acelerar nos primeiros metros
que alguns desportivos com motor de
combustão. Esta disponibilidade também
torna a utilização mais confortável e
como os VE não têm caixa de velocidades
e embraiagem, são mais rápidos a
responder aos nossos comandos sem
perdas de potência intermédias.
Carregamentos muito lentos
Carregar totalmente uma bateria de um
VE numa tomada comum pode demorar
mais de um dia. Mas em utilização
comum, raramente se descarrega
por completo a bateria e, mesmo nas
tomadas domésticas, basta uma noite de
carregamento para recuperar pelo menos
100 km de autonomia (o suficiente para
o dia seguinte). Ora, esta velocidade pode
ser facilmente duplicada ou triplicada
se se instalar um carregador doméstico
(wallbox) ou se usar um carregador
portátil mais potente. Situação em que
uma noite poderá ser mais que suficiente
para adicionar 200 ou 300 km de
autonomia à bateria. Depois há os postos
de carregamento rápido e ultrarrápido.
Nestes últimos, 10 minutos poderão ser
suficientes para ganhar mais de 100 km
de autonomia.
TECNOLOGIA
Sistemas de apoio à condução avançados, streaming de
música, navegação inteligente, ecrãs generosos, assistentes
digitais, suporte para Android Auto e Apple CarPlay… Todas
estas (e outras) tecnologias são bem-vindas e, em regra,
são mais comuns em veículos elétricos. Temos as nossas
preferências, com destaque para os sistemas de infoentrete-
nimento dos Tesla e dos carros com sistema operativo Google
(Renault, Volvo e Polestar). Mas estas não são tecnologias
intrínsecas aos VE.
Na ótica da análise da componente puramente elétrica,
o que mais importa verificar é como a tecnologia ajuda o
utilizador a gerir a energia. Por isso recomendamos que dê
prioridade a carros em que o sistema de navegação considera
os carregamentos, com informação em tempo real sobre a
disponibilidade dos postos. Esta característica é ainda mais
importante para quem faz viagens mais longas regularmente
por razões óbvias. Uma boa gestão dos carregamentos pode
levar a reduções importantes no tempo de viagem e a uma
condução mais despreocupada. Felizmente, cada vez mais
carros têm esta funcionalidade, diretamente e/ou através
da app para smartphone.
Outro fator importante prende-se com a gestão dos carre-
gamentos. Pelas razões já referidas sobre os tipos de química,
a capacidade de escolher qual o nível de carregamento má-
ximo pode aumentar a longevidade da bateria. Mais, é útil
agendar os carregamentos para aproveitar os períodos em
que a energia elétrica é mais barata. Ainda neste capítulo, a
possibilidade de ativar/agendar a climatização antes de entrar
no carro permite poupar energia da bateria – por exemplo,
ativar o ar condicionado 10 minutos antes de sairmos de casa
enquanto o carro ainda está a receber energia da rede. „
87
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
FAÇA UM
TEST DRIVE
Comprar um carro sem um test drive pode levar a
arrependimentos. Algumas marcas permitem test
drives mais longos, por vezes de dias. Mas a maioria
só permite testes de minutos. Uma das opções é
alugar um carro similar durante um fim de semana,
tempo q.b. para identificar trunfos, mas, também,
irritações. Isto porque há características que não têm
qualquer importância para alguns utilizadores, mas
que são considerandos fundamentais para outros.
No que diz respeito, especificamente, aos elétri-
cos, preste atenção aos ruídos aerodinâmicos, mais
audíveis em autoestrada, e aos ruídos de circulação,
mais evidentes em maus pisos. A ausência de ruído
de motor torna estes sons mais presentes.
Experimente a travagem por regeneração, so-
bretudo se existirem vários níveis. Use, muito, o
sistema de infoentretenimento e a app de acesso
remoto. Procure fazer percursos habituais e meça
os consumos energéticos para ter uma ideia, mais
realista, do consumo energético do veículo. „
 CONFIANÇA
EXTRA
NISSAN ARIYA E-4ORCE DESDE €66 300
O
teste ao Nissan Ariya com tração
frontal, por enquanto a única
versão disponível em Portugal,
deixou-nos bem impressionados. Repe-
timos, sobretudo para quem não leu a
nossa primeira análise: consideramos o
Ariya um dos melhores carros do merca-
do. Na verdade, em termos de qualidade
de construção e conforto, com destaque
para o excelente isolamento acústico, o
Ariya não fica a dever nada a modelos
mais caros de marcas premium. Pelo
contrário: o design exterior tem linhas
simples e consensuais, transmitindo a
sensação de solidez – a integração das
óticas e da ‘grelha’ frontal na carroçaria
faz com que o carro quase pareça ser
feito de uma única peça. Ficámos ainda
mais fãs do interior. O conceito mini-
malista japonês foi muito bem aplicado,
criando uma grande sensação de espaço
e de qualidade de vida a bordo. Há vá-
rios detalhes bem conseguidos, como: a
distribuição dos pontos de luz suaves; a
consola central espaçosa e flutuante (e
que pode ser movida eletricamente); a
‘prateleira’ que se pode estender a partir
do tablier; o conforto dos bancos; a con-
tinuidade (e posicionamento) dos dois
ecrãs; e os botões táteis do tablier, sem
relevo relativamente à superfície onde
estão integrados, com feedback háptico.
Aliás, no que diz respeito aos controlos,
a Nissan conseguiu um bom equilíbrio
entre minimalismo e funcionalidade, não
caindo na tentação de tornar a interfa-
ce homem/máquina demasiadamente
dependente do ecrã tátil. Aqui é fácil
88
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
alterar o volume da música – há um botão
rotativo para o efeito – ou a temperatura
do ar condicionado.
Quanto ao sistema de infoentreteni-
mento, é completo, a interface gráfica
dividida em zonas (estilo ‘tiles’) mostra
várias informações em simultâneo, re-
ponde bem e tem uma boa integração
dos serviços Google. Mas o grafismo
parece-nos um pouco antiquado, o que
contrasta com o resto do carro. Aliás,
considerando que a Nissan tem uma
aliança com a Renault, parece-nos que
o Ariya tinha tudo a ganhar se tivesse
integrado o sistema Google como a Re-
nault fez com o Mégane E-Tech.
DINÂMICA
Não se pode dizer que o Ariya de tração
frontal ofereça uma condução entusias-
mante. Houve, claramente, uma opção
de dar prioridade ao conforto. Mas aca-
ba por ser mais rápido do que aparenta
porque esse mesmo conforto, que faz
com que, em boas estradas, pareça que
estamos a conduzir um género de tapete
voador, ‘esconde’ a verdadeira velocida-
de. Se olharmos para o painel de instru-
mentos ou para o Head-Up Display, per-
cebemos que a aceleração e a velocidade
em curva são, regra geral, superiores ao
que a nossa perceção nos diz.
Esta sensação também é válida, em
parte, na versão dual motor. Mas, claro,
A tração integral do sistema
e-4orce demonstrou grande
eficiência na neve graças a um
controlo muito rápido do binário
aplicado em cada roda
os dois motores com mais de 300 cavalos
de potência total fazem-se sentir. E não
apenas na aceleração, já que a tração
integral também aumenta muito a ca-
pacidade em curva. O conforto, esse, é
semelhante à versão de tração frontal,
mas a dinâmica é claramente superior.
O que mais impressiona é mesmo a
forma como o Ariya consegue colocar
a potência no chão. Uma demonstração
das vantagens dos motores elétricos,
que permitem um controlo muito mais
rápido que os sistemas de transmissão
tradicionais. Até 10.000 vezes mais rá-
pido, segundo os engenheiros da Nis-
san. Esta velocidade de resposta em
conjugação com o binário elevado em
qualquer regime de rotação permite um
controlo apuradíssimo. De outro modo,
o sistema consegue evitar que as rodas
escorreguem, mesmo quando o condutor
exagera: o binário (força) é distribuído
pelas quatro rodas de modo inteligente
em função das condições do piso.
SERÁ MESMO NEVE?
Este controlo apuradíssimo torna mui-
to mais segura a condução em estradas
com piso muito irregular ou em dias de
forte chuva. Nestas situações, rapida-
mente ganhamos confiança extra para,
por exemplo, fazer uma ultrapassagem
numa zona um pouco mais apertada ou
curvar em estradas molhadas a uma ve-
O teste incluiu algumas voltas no
Circuito de Andorra, a pista de corridas
permanente mais alta do mundo
O interior minimalista, confortável
e espaçoso é uma das melhores
características do Ariya
locidade superior ao habitual. Foi o que
verificámos nos mais de 500 km acumu-
lados com o Ariya e-4orce nas zonas de
Toulouse, Barcelona e, sobretudo, nas
montanhas dos Pirenéus. Apanhámos
chuva, estradas sinuosas de montanha,
gelo e neve. É verdade que o carro testado
estava equipado com pneus de inver-
no, mas foi notória a vantagem do Ariya
para outros veículos, muitos deles 4x4,
que ultrapassámos nas montanhas de
Andorra. Enquanto outros escorrega-
vam e tinham dificuldade em lidar com
a neve que tinha caído nessa manhã, o
Ariya demonstrou ser capaz de responder
perfeitamente aos nossos comandos. Por
mais que uma vez vimos carros a ter de
parar, por não conseguirem progredir
na neve fresca, enquanto avançávamos
sem problemas.
Ainda mais revelador das capacidades
da tecnologia e-4orce foi a nossa curta,
mas intensa, experiência no Circuito de
Andorra, uma pista de neve e gelo. Nestas
condições, foram ainda mais evidentes as
vantagens do sistema de tração integral
elétrico desenvolvido pela Nissan. É um
pouco, mas não muito, exagerado dizer
que a neve quase que parecia alcatrão.
Isto porque, naturalmente, ao garantir
que o carro segue a linha pretendida, o
sistema e-4orce limita a velocidade. De
outro modo, não conseguimos andar à
mesma velocidade que andaríamos no
alcatrão (claro!), mas conseguimos man-
ter o carro na trajetória pretendida. Isto,
claro, com todas as ajudas ligadas. Na
pista, por razões de segurança, não nos
deixaram desativar os apoios eletrónicos
mas, confessamos, fora de pista, ainda
em estradas com neve, fizemos algumas
89
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
experiências onde foi possível verificar
que, nestas condições, o Ariya pode ser
bem divertido de conduzir.
PARA QUANDO?
Já é possível configurar o Ariya e-4orce
no site da Nissan Portugal. O preço base
já inclui toda a tecnologia. Na verdade, o
único opcional (+ €3000) é o pack sport,
que adiciona jantes de 20” e bancos em
“pele nappa”. Mas, segundo informação
que obtivemos junto da marca japonesa,
a versão e-4orce ainda não está dispo-
nível para entrega em Portugal. Nem há
uma data exata prevista para a chegada
do Ariya mais potente, sendo provável
que aconteça nos próximos meses.
O preço é, claro, uma barreira para o
Ariya e-4orce. Ainda mais após a descida
acentuada dos Tesla, que tem um con-
corrente direto, o Model Y Long Range,
com melhor performance, mais espaço e
melhor velocidade de carregamento por
muito menos (desde 54 mil euros). A au-
tonomia dos dois concorrentes é similar
(entre os 450 e 500 km), apesar de a bate-
ria do Ariya até ser maior. Por outro lado,
a qualidade de vida a bordo do Ariya e a
rede de suporte são vantagens importantes
para o modelo da Nissan. Sérgio Magno
NOTA FINAL
4,2
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
nissan.pt
CARACTERÍSTICAS
Motores 225 kW (306 cavalos) ○ Acel. 0-100 km/h 5,7
segundos ○ Vel. Máxima 200 km/h ○ Bateria 91 kWh (87
kWh usáveis), autonomia 500 km (WLTP) ○ Potência de
carregamento 7,4 kW (AC) e 130 kW (DC)
AUTONOMIA INTERFACE COMUNICAÇÕES APOIO À CONDUÇÃO
Muito bom Bom Excelente Muito bom
 RALI SEM FUMO
E POUCO RUÍDO
Há um campeonato nacional de ralis discreto,
até porque os carros não têm tubos de escape,
mas que antecipa o futuro da competição automóvel
Texto: Sérgio Magno Fotos: Bernardo Lúcio
O
Campeonato de Portugal de No-
vas Energias (CPNE) vai entrar
na terceira edição, com a primei-
ra prova da nova época, o Oeiras Eco Rally,
entre 28 de abril a 1 de maio, seguido por
ralis em Gaia, Açores, Proença-a-Nova,
Madeira, Lisboa e Alentejo Central.
Nestes ralis não há rugidos de motores,
nem ‘pops e bangs’ provocados pela ex-
plosão de gasolina nos escapes. Na verda-
de, não há gasolina, nem escapes, porque
neste campeonato só podem participar
carros 100% elétricos. E também não
há, exceto em alguns eventos especiais
de demonstração, grandes velocidades.
Não porque os carros não o permitam,
mas porque estas são provas de regulari-
dade, em que são usados carros elétricos
de série, sem alterações para melhorar
a performance ou reforçar a segurança.
Curiosamente, este campeonato,
onde participam alguns dos carros mais
avançados do momento, recupera o tipo
de regras dos primeiros ralis, onde os
pilotos e navegadores tinham de nave-
gar por percursos, em estrada aberta,
num determinado tempo (ou veloci-
dade média). Este ‘regresso ao passado’
também é evidente na camaradagem
e entreajuda que se sente nas provas,
muito ao estilo dos ‘gentleman’s club’,
que estiveram na origem dos ralis. A
Exame Informática participou em cinco
das seis provas da edição de 2022 para
conhecer esta competição ‘por dentro’
e podemos atestar que, apesar da com-
petitividade, é normal ver-se pilotos e
navegadores das diferentes equipas a
partilharem conhecimento. Graças à
camaradagem dos mais experientes,
fomos recebendo formação ao longo
das provas sobre as técnicas usadas para
se conseguir as médias e tempos pedi-
dos pela organização. Ao ponto de até
já termos conseguido ganhar algumas
(poucas) classificativas ao volante dos
Alexandre Berardo, José Carlos Figueiredo,
Eduardo Carpinteiro Albino e Nuno Serrano
dominaram as duas primeiras edições
ao volante dos Renault ZOE
90
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
A Exame Informática participou
na maioria das provas da edição
de 2022 do Campeonato
de Portugal de Novas Energias
Peugeot e-208 e e-2008 que usámos na
época de 2022.
Outra diferença deste campeonato de
ralis é que, basicamente, qualquer pessoa
com um carro elétrico pode participar.
Os requisitos são simples – pode conhe-
cê-los em www.cpnovasenergias.pt/
media/2216/faq.pdf.
OS CAMPEÕES
A duas primeiras edições do campeonato
foram dominadas pela equipa Renault-
-Prio, com dois Renault ZOE. Nuno Ser-
rano (piloto) e Alexandre Berardo (na-
vegador) venceram em 2021, a primeira
edição do CPNE, ainda com três provas.
Em 2022, com seis provas, a vitória foi para
os colegas de equipa Eduardo Carpinteiro
Albino e José Carlos Figueiredo. Em decla-
rações à Exame Informática, as duas duplas
mostraram-se muito satisfeitas por terem
optado por competir no CPNE. Eduardo
Carpinteiro Albino não esconde o orgulho
de “estar entre os pioneiros nas competi-
ções com carros elétricos”. Mas, apesar do
domínio nos primeiros anos, José Carlos
Figueiredo garante “que o campeonato
está cada vez mais competitivo”, adicio-
nado que “é impressionante a evolução
de algumas equipas”.
Hugo Barbosa, diretor de comunicação
da Renault Portugal, sublinha a impor-
tância destas provas: “Como pioneiros
na mobilidade elétrica não podíamos
deixar de estar presentes nestas compe-
tições, pois são mais uma oportunidade
de contactar com o grande público, criar
maior atratividade e empatia para com os
automóveis elétricos e reforçar todas as

mensagens de sustentabilidade ambiental
associadas a esta forma de mobilidade”.
Ainda assim, Hugo Barbosa tem al-
gumas críticas à organização: “lamen-
tavelmente, continuamos a ter desafios
de eficiência energética, que levam os
concorrentes a percorrerem estradas e
autoestradas a velocidades ridiculamente
baixas, o que constitui uma má publici-
dade para os automóveis elétricos”. Uma
referência à componente da eficiência
pontuada nestas provas, que leva, como
a Exame Informática verificou durante o
campeonato, a algumas equipas a foca-
rem-se nos consumos em detrimento da
componente de regularidade.
Talvez esta tenha sido uma das razões
que levou a Renault a não participar,
enquanto equipa oficial, em 2023. Mas
as duas duplas que dominaram em 2022
ao volante dos ZOE vão voltar em 2023,
desta vez com a equipa Kia/Prio/ACP/
Fidelidade. Para João Seabra, diretor da
Kia Portugal, o CPNE “parece ser o veículo
ideal para mostrar as qualidades técni-
cas muito avançadas dos nossos modelos
100% elétricos (Kia EV6 e Kia Niro EV) e
permite-nos demonstrar que a mobilida-
de elétrica pode ser divertida, entusias-
mante e segura, tudo valores que a marca
Kia quer fazer passar para o mercado”.
DOS CLÁSSICOS
PARA OS ELÉTRICOS
Durante as provas em que a Exame In-
formática participou, notámos que se
ouvia constantemente um nome: Pau-
lo Almeida. O também presidente do
Classic Clube de Portugal é o promotor
Paulo Almeida, promotor
do CPNE, com Carlos Ferraz,
Diretor da Mobilidade Elétrica
da Prio, patrocinadora
principal do campeonato
delegado pela Federação Portuguesa de
Automobilismo e Karting (FPAK) para o
CPNE. E foi, segundo o que ouvimos de
equipas e organizadores das diferentes
provas, o grande impulsionador deste
‘campeonato verde’. Paulo Almeida par-
tilha a responsabilidade do lançamento
do CPNE: “A FPAK percebeu que tinha de
estar na linha da frente deste movimento
e apresentar em Portugal um campeonato
com estas características”. O responsável
admite que, inicialmente, não foi fácil
convencer “pessoas do meio, demasiado
arreigadas aos conceitos do passado”,
recordando que “em 2021 tivemos apenas
três eventos, sendo um deles em parce-
ria com a Associação de Utilizadores de
Veículos Elétricos (UVE), mas em 2022
outros clubes quiseram organizar eventos
e hoje temos muitos outros a solicitar a
integração de provas neste campeonato”.
E a missão é, para Paulo Almeida, clara:
“Queremos que as pessoas adiram a este
campeonato para, em primeiro lugar, se
sentirem parte de um movimento que
acredita num futuro onde a tecnologia
ajudará a evoluir os sistemas de mobi-
lidade na direção da sustentabilidade”.
Objetivos que, considerando a nos-
sa experiência enquanto participantes,
parecem estar a ser conseguidas. Por
exemplo, verificámos que alguns con-
correntes que usaram carros elétricos
pela primeira vez para participar neste
campeonato ficaram convencidos. In-
cluindo campeões de ralis de velocidade.
Tanto Rui Madeira, como Bruno Maga-
lhães, que participaram no Eco Rally
Lisboa, confessaram à Exame Informática
terem ficado surpreendidos pela perfor-
mance e autonomia dos carros elétricos.
Rui Madeira, que pilotou um Kia Niro
EV, foi efusivo na análise: “os carros são
muito melhores do que pensava, muito
rápidos e fáceis de conduzir”. „
Rui Madeira foi um dos campeões
dos ralis de velocidades que
participou no Eco Rally de Lisboa
91
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
AO DÉCIMO
DE SEGUNDO
Num rali de regularidade, o objetivo
não é o ser mais rápido, mas sim
o mais preciso na navegação e
nos tempos de passagem (ou
médias) indicados no roadbook
cedido pela organização. A
complexidade é elevada devido às
constantes mudanças de objetivos
dentro de cada prova especial
de classificação. Em poucos
metros, os participantes podem
ser controlados várias vezes
com intervalos de apenas alguns
segundos e com alterações de rota
à mistura. A comunicação entre
piloto e navegador é constante
e, no nosso caso (falta de
experiência), demos por nós muitas
vezes a perceber que não havia
tempo para essa comunicação, o
que levou a enganos que geram
fortes penalizações. Garantimos
que, ao fim de algumas dezenas
de quilómetros e meia dúzia de
provas especiais de classificação,
é muito fácil ficar ‘de rastos’.
Quanto à competitividade,
basta analisar os resultados.
Por exemplo, na última prova do
CPNE 2022, a diferença entre
primeiro e quinto foi de 27 pontos,
o que, neste caso, representa 27
segundos, e a diferença entre os
dois primeiros foi de apenas 2
segundos. Os primeiros da tabela
passam exatamente ao segundo
pedido nos pontos de referência,
que são centenas. Ora, imaginem
o que é fazer provas com vários
quilómetros, em estrada aberta,
com referências de controlo muitas
vezes escondidos, ‘armadilhas’ de
navegação e, mesmo assim, passar
na grande maioria dos controlos
no segundo exato! Estamos a falar
de níveis de precisão de décimas
de segundo e de metros em
classificativas de quilómetros.
 INTERNET DIFICULDADE MÉDIA

COMO (E PARA QUÊ)

ESCONDER O ENDEREÇO IP
Se mexe em computadores e Internet é
inevitável que já tenha ouvido falar em
endereços IP. Estas sequências numéricas
(do género 192.168.1.15) servem como
uma espécie de bilhete de identidade
do utilizador no mundo online, já que, de
cada vez que faz algo na Internet, o seu
endereço IP indica aos servidores para
onde devem enviar a informação que
solicitou. O problema é que muitos sites
registam este endereço para efetuar
uma espécie de espionagem, já que vão
recolhendo informações sobre o utilizador
para conseguir fornecer publicidade mais
direcionada (como veremos melhor mais
à frente), pelo que é compreensível que 1
tenha vontade de restringir este acesso.
Mas vamos por partes.
Todos os dispositivos ligados a uma rede
– computadores, tablets, smartphones,
câmaras, etc. – necessitam de um
identificador único para que os outros
equipamentos saibam como chegar
até eles. No mundo online, esse
identificador é o endereço IP (sigla
2
inglesa de protocolo de Internet). Se,
por exemplo, quiser saber o endereço
do seu computador, abra uma linha de diretamente (os dispositivos e redes 2 Não chega à granularidade de

comandos (basta pesquisar na barra do
Windows) e, na janela que abre, escreva
ipconfig. Será então presenteado com
uma série de dados, onde se incluem os
endereços tanto para o protocolo IPv4,
como para o mais recente IPv6.
1 Estes números podem parecer um
conceito algo abstrato, até porque
raramente terá de lidar com eles
tratam de tudo automaticamente
nos ‘bastidores’), mas são capazes
de fornecer mais informação sobre a
localização física do equipamento do
que julga. Além de indicarem qual é
o fornecedor de serviços de Internet
(também conhecida pela sigla inglesa
ISP), conseguem dizer qual o país,
concelho e localidade onde se encontra.
identificar a sua casa, mas ainda assim
são informações que os websites podem
usar para vender sem a sua permissão
expressa, já que são valiosas para os
anunciantes.
AS RAZÕES
É comum associar a ideia de esconder o
IP a atos de pirataria. E há quem o faça,

92
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 3
de facto, não adianta escamotear essa
realidade. Mas há igualmente muitas
outras razões válidas para que deseje
esconder a sua identidade online. Para
começar, para fazer com que seja mais
difícil de rastrear. Como já aludimos, de
cada vez que acede a um site, o servidor
regista o seu endereço IP e associa-lhe
informação: onde clica, quanto tempo
esteve na página, hábitos de navegação,
zona geográfica onde está… Estes dados
podem depois ser vendidos a empresas
de publicidade que tentam direcionar
anúncios para o seu perfil de utilizador.
Esconder o IP também pode ser uma
forma de contornar alguns bloqueios.
Por exemplo, os serviços de streaming
não disponibilizam o mesmo catálogo
em todas as geografias, pelo que fazer
com que o seu endereço seja de um
país diferente pode dar acesso a uma
biblioteca mais rica de um serviço que
subscreva. E, claro, serve para combater
a vigilância governamental. A China, por
exemplo, é conhecida pela censura que
faz à Internet com a sua Grande Firewall
(um jogo de palavras para comparar a
Grande Muralha da China com os muros
que se encontram online). Nesses casos,
abdicar do IP verdadeiro pode permitir
contornar restrições e aceder a sites
bloqueados.
AS SOLUÇÕES
Há várias formas de esconder o IP. Uma
das principais é recorrer a um servidor
proxy, que funciona como um servidor
intermediário para o qual o tráfego é
direcionado antes de chegar a si.
3 Assim, os servidores da Internet apenas
têm acesso ao endereço IP do proxy e não
do utilizador. Contudo, é preciso ter muito
cuidado, já que vários destes serviços
são de qualidade duvidosa e alguns
acabam por ser um veículo para infetar o
computador de quem pretende aceder a
um servidor proxy.
Uma solução mais razoável é o recurso a
4
uma VPN. Sigla inglesa de rede privada
virtual, esta tecnologia é mais segura.
Quando liga um dispositivo a uma VPN,
ele passa a comportar-se como se
estivesse fisicamente nessa rede local.
Isto significa que o utilizador pode aceder
a recursos mesmo que esteja fisicamente
nos antípodas.
4 Além disso, a ligação é encriptada,
o que reforça as componentes de
segurança e privacidade. A chave nestes
casos é fazer com que o endereço IP
assuma uma localidade diferente daquela
onde o utilizador está fisicamente.
Podemos partilhar a nossa experiência de
recorrer à Proton VPN numa viagem de
trabalho à China para conseguir aceder
a sites que estavam bloqueados quando
tentávamos aceder localmente através
das redes nesse país. Escolhemos o
país do servidor a que nos queríamos
ligar entre os disponibilizados pela
Proton e conseguimos contornar as
restrições, embora a ligação perdesse,
naturalmente, velocidade. Outra
vantagem das VPNs é o facto de
poderem ser aplicadas a praticamente
todos os ambientes: Windows, Mac,
Android e iOS. O principal obstáculo é o
facto de a maior parte da oferta gratuita
não ser de confiança, pelo que deverá ter
de investir numa subscrição. Contudo,
alguns serviços oferecem um período
gratuito de experimentação ou uma
versão mais básica grátis para quem
não precisa de muitas funcionalidades.
Se quiser duas referências, Proton VPN
e ExpressVPN estão entre as mais
populares.
Outra opção para esconder o IP é o The
Onion Router, mais conhecido por Tor.
5 6
93
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
5 Este browser permite redirecionar a
ligação, de forma similar ao que a VPN
faz. A diferença é que, em vez de recorrer
a um servidor gerido por uma empresa,
usa um dispositivo, chamado nó,
configurado por um voluntário. Se nunca
usou o Tor, é provável que o considere
lento. É que, ao contrário de uma VPN, a
ligação não é encriptada, o que faz com
que tenha de ‘saltar’ algumas vezes para
garantir que não está a ser rastreada.
Por outro lado, como é uma rede
primordialmente gerida por entusiastas,
é de utilização gratuita.
Uma ferramenta que está a ser
desenvolvida para tentar combinar as
melhores características das VPNs
com as do Tor são as intituladas VPNs
descentralizadas, também conhecidas
como dVPN, P2P VPN ou até DPN.
Resumidamente, é uma solução que, em
vez de se ligar a um servidor proprietário,
recorre a um nó, que tanto pode ser um
servidor como um smartphone ou um
computador, oferecendo créditos a quem
fornecer acesso aos seus dispositivos
– de forma simplista, é como se o José
deixasse a Maria redirecionar o tráfego
através do computador dele, enquanto ela
deixa-o fazer o mesmo pelo smartphone
que tem consigo. Contudo, para o
utilizador típico, temos uma sugestão
mais simples: instalar o Opera.
6 Este browser incorpora uma VPN
que pode ser ativada com um simples
clique num botão. Funciona tanto em PC
como em Android, não requer extensões,
logins ou subscrições na versão gratuita
(a Pro custa €3,99/mês), disponibilizando
três localizações gerais – Europa,
Américas e Ásia. Paulo Belchior de Matos

CONSULTÓRIO
DE: PAULO F. M.
O 22 ULTRA CHEGA?
Caríssimos. Estou comprador de
um bom smartphone para vídeo,
que vou usar na minha atividade
profissional para complementar
câmaras fotográficas. Trata-se
de uma utilização relativamente
específica onde, ao contrário do que
acontece com as fotos, não preciso de
uma qualidade profissional. Apenas
de bons vídeos para documentar a
fotografia. Optei por um smartphone
porque facilita muito a transferência
digital dos vídeos, a edição rápida
no próprio terminal e, sobretudo, a
publicação em redes sociais. É esta
independência do computador que
mais me atrai no smartphone, visto
que já tenho de passar muitas horas
a trabalhar as fotos. Tenho usado um
iPhone 11, mas a qualidade deixa um
pouco a desejar e a bateria já só dura
algumas horas. A minha dúvida é
objetiva: vale a pena o custo extra do
S23 Ultra relativamente ao S22?
Sei que não é a resposta que gostaria
de ouvir, mas a escolha depende
muito das suas prioridades e tipo
de utilização. Se os vídeos forem
feitos com boas condições de luz, a
diferença entre o S22 Ultra e o S23
Ultra é baixa. Ou até mesmo quase
inexistente sob o ponto de vista das
redes sociais. Por outro lado, quando
as condições de luz são más, a
câmara principal do S23 Ultra faz um
trabalho significativamente superior
à câmara principal do S22 Ultra. Mais
ainda em vídeo, onde a diferença na
qualidade de estabilização também é
evidente. Considerando o seu ponto
de partida, é provável que o S22 Ultra
deixe-o perfeitamente convencido.
Mas se planeia filmar em zonas com
pouca luz ambiente e/ou se vai filmar
em movimento (com o smartphone
na mão), então o custo extra do S23
Ultra será justificável.
DE: FILIPE GOUVEIA
ONDE ESTÃO
OS 15 GB
GRATUITOS
DO OUTLOOK?
Começo por agradecer o vosso
trabalho. Sou assinante há quase
dois anos e a chegada da Exame
Informática é um dos melhores
momentos do mês. Leio a revista
da primeira à última página, desde
as notícias ao Erro de Sistema,
incluindo a secção Soluções. E agora
é a minha vez de pedir-vos ajuda.
Deixei de conseguir enviar mails da
minha conta gratuita da Microsoft
com a indicação que estou a usar 14
GB de 5 GB do Microsoft Storage. Mas
no site da Microsoft está indicado:
“A Microsoft oferece 15 GB de espaço
de armazenamento de e-mail por
conta de Outlook.com gratuita”. Já
verifiquei que não tenho ficheiros
no OneDrive e que os 14 GB vêm do
94
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
POR: SÉRGIO MAGNO
ENVIE AS SUAS
DÚVIDAS PARA
consultorio@exameinformatica.pt
Envie o e-mail com «Consultório»
no Assunto. Descreva
pormenorizadamente a dúvida
e a configuração do hardware
Outlook. Como posso voltar a ter
os 15 GB gratuitos no Outlook, até
porque nunca usei o OneDrive para
guardar ficheiros?
Muito obrigado pelas suas palavras.
Esperamos continuar a merecer
a sua preferência e confiança.
Quanto à sua dúvida, a mudança
recente da política da Microsoft
no que diz respeito à gestão do
espaço de armazenamento na cloud
leva a confusões. É verdade o que
a Microsoft diz relativamente ao
Outlook: o espaço continua a ser
de 15 GB. O problema é que esta
capacidade é referente apenas aos
mails propriamente ditos. No site de
suporte da Microsoft também pode
encontrar a seguinte informação “A
partir de 1º de fevereiro de 2023, o
armazenamento em nuvem usado em
Microsoft 365 aplicativos e serviços
incluirá Outlook.com, dados de
anexos e dados de OneDrive. Todos
os dados continuarão protegidos
com o conjunto abrangente de
recursos de segurança da Microsoft”.
O Português não é o melhor mas,
basicamente, os anexos e imagens
embutidas nos mails do Outlook.
com contam para os 5 GB do espaço
do OneDrive. Daí ter deixado de
conseguir enviar mails.
A solução passa por aumentar
a capacidade do OneDrive,
subscrevendo uma das opções pagas,
ou remover os mails com anexos mais
pesados. Felizmente, é fácil fazer esta
seleção: no Outlook Live, na coluna
com a listagem dos mails, clique em
Filtros > Ordenar e escolha Tamanho
e Maiores no início. Deste modo
poderá visualizar rapidamente quais
os mails com anexos ‘mais pesados’,
facilitando a escolha dos mails que
pode eliminar. Infelizmente, na
versão Web do Outlook não é possível
remover os anexos sem remover o
mail propriamente dito – operação
permitida na versão do Outlook
para desktop (que se instala nos
computadores).
ATOMIC HEART €59,99
O JOGO QUE A UCRÂNIA PROIBIU
Atomic Heart desilude na jogabilidade, mas não deixa de impressionar
pelos ambientes gráficos de um futuro alternativo controlado pelos russos
N
o que diz respeito à originalidade, Atomic
Heart não surpreende. Está longe de ser o
primeiro jogo sobre um futuro alternativo,
em que a Segunda Grande Guerra ou a Guerra Fria
tiveram resultados diferentes, com robôs que nos
querem aniquilar. Mas a originalidade não é um
fator essencial para se criar um bom jogo. E a pri-
meira meia hora deixou-nos entusiasmados, com a
apresentação de um mundo atrativo, carregado de
‘vida’, detalhe e cor. Mesmo num PC com já alguns
anos, o grafismo impressiona, com texturas ricas,
bons jogos de luz e sombras e fluidez. O mundo é
muito bonito, com edifícios e monumentos im-
pressionantes, máquinas retrofuturistas detalhadas
e ilhas flutuantes. A forma dinâmica como somos
introduzidos à história, num futuro utópico onde
o conhecimento científico foi a base da criação de
uma sociedade soviética de (aparente) sucesso, está
bem conseguida. Nestes primeiros minutos do jogo,
estamos constantemente a ser (bem) surpreendidos
à medida que percebemos que a nossa personagem
é um género de superagente, com algumas capa-
cidades sobre-humanas, graças a uma luva com
IA com ligação direta ao sistema nervoso (e não
só) do herói. Percebemos nesta introdução que a
sociedade avançada retratada, que levou a Ucrânia
a considerar que este é um jogo de propaganda
russa, está a viver um momento importante: uma
atualização à rede neural que liga todos os robôs,
anunciada como revolucionária pelas autoridades.
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
ALTOS E BAIXOS
Claro, o resultado é que os robôs, que até a essa +
altura eram os melhores amigos dos humanos, se
O mundo utópico,
viram de forma coordenada contra os criadores. muito rico,
É a partir deste momento que começa a correr dá gosto de ver
mal. E não apenas sob o ponto de vista da história,
em que o paraíso utópico se transforma num inferno Um início muito
de violência e destruição. Começa a correr mal en- forte, com narrativa
envolvente
quanto experiência. As lutas têm bons momentos,
sobretudo graças às capacidades especiais dadas
pela luva, como colocar os inimigos em câmara
lenta ou atacar com ‘raios’ de gelo. Mas há falta de Muitos puzzles
e combates
profundidade e muita repetição. E há bugs irritantes,
incluindo momentos em que a nossa personagem
Enredo cheio
ficou, simplesmente, presa e incapaz de reagir a ata- de ‘buracos’
ques mortíferos. Atomic Heart também tem muitos
puzzles. Mas, uma vez mais, sentimos que muitos Ação repetitiva
só servem para ‘encher’ e empatar a progressão.
Finalmente, os diálogos são básicos e repetitivos.
A sensação de pouca profundidade é reforçada com
a falta de resposta a muitas perguntas que surgem
ao longo do jogo. A narrativa tem vários ‘buracos’
e é pouco consistente.
Talvez estejamos a ser um pouco exigentes de-
NOTA FINAL
mais, mas sentimo-nos defraudados depois do
3,5
início muito forte. Com isto queremos dizer que
Atomic Heart também tem alguns bons momentos.
Como as batalhas com o que se podem considerar
os robôs bosses, os momentos assustadores, alguns PC (testado), PS4/5,
Xbox One/Series X/S
dos puzzles, missões secundárias e, repetimos, a
beleza do mundo. Sérgio Magno
95
HORIZON CALL OF THE MOUNTAIN €69,99
O ALPINISTA ENJOADO
O spin-off do universo Horizon explora o que de melhor a Realidade Virtual da
PS5 tem para oferecer. Muito movimento, mas ainda com margem para melhorar
A
nunciado como primeiro grande jogo a ti-
rar real partido do novo equipamento de
realidade virtual da PlayStation, Horizon
Call of the Mountain começa forte e causa uma boa
primeira impressão. Spin-off do universo Horizon,
aqui não jogamos com Aloy e sim com Ryas, um
antigo soldado Carja desonrado que está em busca
de redenção. A cena inicial coloca-nos como um
prisioneiro num barco e, mesmo algemados, po-
demos começar por ‘tocar’ na água, nos ramos das
árvores ou simplesmente olhar em 360° e ficarmos
deslumbrados com a imponência das montanhas ou
das máquinas que se deslocam ao nosso redor. É, de
facto, um bom mergulho na Realidade Virtual, até
porque em pouco tempo estamos a nadar, a escalar
e a disparar um arco. A isto junta-se a possibilidade
de interagir com diferentes objetos do cenário. Quer
exemplos? Acender uma tocha ou comer uma peça de
fruta – sim, levamos a maçã à boca e ela é trincada.
Tivemos possibilidade de dar a experimentar
o início deste jogo a várias pessoas e não houve
ninguém que não ficasse bem impressionado. Até
porque o áudio é 360°, o próprio capacete é capaz
de vibrar e os comandos possuem gatilhos adapta-
tivos, uma funcionalidade que se faz sentir quando
estamos prestes a disparar uma seta.
“ALOY, QUERES CASAR COMIGO?”
Porém, passado o impacto inicial, a ação acaba por
ser algo repetitiva e limitada. Escalamos muito,
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
ALTOS E BAIXOS
demasiado até, saltamos, lutamos e… acabamos +
enjoados. Sabemos que é uma possibilidade, mas
Uau, que início…
nunca nos tinha acontecido a jogar em Realidade Água, vertigens,
Virtual – o intensificar de vertigens sim, enjoos disparar um arco
não. Inicialmente, pensámos que poderia ser por virtual – estou
rendido
termos feito uma sessão de jogo longa com muitos
movimentos. Tivemos mesmo de parar. Mas o caso
Ver a Aloy em 3D à
repetiu-se em vezes seguintes. Achamos que é o
minha frente fez-me
excesso de movimentos: subir montanhas, descer ajoelhar e declarar
em estilo rapel, pular, disparar o arco, desviar dos a minha paixão pela
inimigos… Conseguimos, todavia, minimizar o ruiva das sardas
problema quando jogámos em pé (anteriormente
estávamos a privilegiar o jogo sentado).
Inevitavelmente, ao longo do jogo deparámo-nos Este fabrico
com alguns bugs, sendo o mais gritante aquele em de objetos é um
pesadelo… Sinto-me
que chegamos a uma parte onde nos é dito que temos de volta às aulas de
um arco à nossa frente e não há nada em redor… Trabalhos Manuais
Tivemos de sair e voltar a carregar o jogo para tudo
voltar à normalidade. E a impossibilidade de fazer O inevitável bug:
gravações manuais é penalizadora. o caso do arco
‘invisível’
Pela positiva, gostámos da funcionalidade de
rastreamento ocular para navegar pelos menus. E
ver as figuras humanas à nossa frente, a interagir em
3D, mexe connosco pelo realismo que isso acarreta. NOTA FINAL
3,7
Mesmo que os gráficos não rocem a perfeição. Os
fãs anteriores de Horizon Zero Down e Horizon For-
bidden West valorizarão ainda mais a exploração
de todo este ambiente – há algumas personagens
PS VR2
que regressam… –, embora não seja pré-requisito
essencial para desfrutar dele. Paulo Belchior de Matos
96
WILD HEARTS €79,99
ÉPOCA DE CAÇA
Lutas prolongadas e desafiantes, que nos obrigam a puxar pela
imaginação à procura da forma mais eficaz para matar – e não morrer
C
omeçamos com um conselho importante –
vai precisar de nervos de aço para atravessar
a primeira hora de jogo. Não há sustos à es-
preita, nem decisões que nos fazem questionar a nos-
sa humanidade. Simplesmente é de baixa qualidade.
Há muito tempo que não sentíamos isto num jogo
que, em teoria, é uma produção madura – se assim
não fosse, então não custaria 80 euros. Gráficos que
deixam a desejar, bugs grosseiros (como um dos pri-
meiros animais que temos de aniquilar a ficar ‘preso’
no cenário de jogo) e uma série de diálogos insossos.
‘Mas onde é que nos viemos meter?’, pensamos.
Esta introdução pouco lisonjeira é sobre Wild
Hearts, um título desenvolvido pelo estúdio Omega
Force (mais conhecido pela série Dinasty Warriors)
e editado pela Electronic Arts. A forma mais fácil de
classificar este jogo é como uma tentativa de criar
um concorrente à ultrapopular série Monster Hunter.
Ou seja, é um jogo de ação no qual o nosso objetivo
é viajar por um mapa amplo e caçar monstros.
Em Wild Hearts, somos transportados para um
mundo chamado Azuma, com ares de Japão feudal.
Nós assumimos o papel de um caçador que tem como
missão ajudar diferentes regiões a não sucumbirem
perante os kemono, nome das criaturas que vagueiam
por aquele mundo e são capazes de moldar a natureza
à sua volta (p.ex., encher tudo de gigantes raízes
com espinhos ou fazer cair uma neve incessante).
CAÇA COM TIROLESA
Wild Hearts é relativamente simples nos seus ob-
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
jetivos – temos, missão após missão, de caçar um ALTOS E BAIXOS
monstro específico. O jogo traz-nos, no entanto, +
um elemento diferente relativamente a Monster
Os karakuri vêm
Hunter. Aqui temos os chamados karakuri, uma mesmo a calhar:
tecnologia ancestral que nos permite invocar/criar salta aqui, sobe ali,
estruturas físicas no mundo de jogo. E estas estru- mata acolá
turas tanto podem ser torres de caixas, pequenos
trampolins ou até tirolesas. Pode não parecer uma Um javali gigante
cheio de espinhos?
adição muito relevante, mas faz toda a diferença
Top!
na hora de dar maior espetacularidade e dinâmica
aos combates.
Se empilharmos três caixas, podemos subi-las
O diálogo não é o
e executar um ataque aéreo contra os kemono ponto forte das
(cujo design é um dos pontos fortes do jogo). Ou gentes de Azuma...
podemos espalhar trampolins pela área de jogo
para saltarmos de forma rápida para fora do raio A luta até
do ataque do monstro. Já a tirolesa permite-nos entusiasma, os
unir dois pontos de alta elevação e a partir daí gráficos nem por isso
executar o ataque. Ou seja, temos mais hipótese
de estratégia do que simplesmente atacar e rebo-
lar para fugir às investidas adversárias. Podemos
ainda explorar diferentes tipologias de armas, que
nos obrigam a assumir um estilo de combate mais
próximo ou à distância.
NOTA FINAL
Apesar de se tornar, com o tempo, num jogo
3,5
estimulante e divertido – prepare-se para passar
quase uma hora para conseguir resolver algumas
missões de caça –, é difícil ignorar os gráficos
‘pálidos’ e os diálogos pobres. E se é para fazer Xbox X|S (testado),
PC, PS5
algo que outros já fazem e bem, então o melhor é
que seja bem feito. Rui da Rocha Ferreira
97
 LOL

CTRL + ALT + DELETE

QUALQUER SEMELHANÇA COM A REALIDADE É PURA COINCIDÊNCIA ERRO DE SISTEMA

NRP MONDEGO É CASO DE ESTUDO EM IOT

Várias empresas que desenvolvem software de manutenção preventiva de
infraestruturas, uma área em voga no segmento da Internet das Coisas
(IoT), ofereceram os seus serviços à Marinha portuguesa. “O NRP Mondego
é a plataforma ideal para testarem as novas versões do software, nunca
viram tantas avarias por metro/quadrado”, disse uma das fontes que ficou
em terra. "Até desenvolveram um novo algoritmo para incluir o impres-
sionante consumo de 18 litros de lubrificante que o navio faz por dia". QUE BODA!
Sheel Mohnot e Amruta

APPLE VAI VENDER IPHONE SEM BATERIA Godbole optaram por casar na
Decentraland, uma plataforma
virtual. Esta boda no metaverso
Nos corredores de Cupertino corre o boato de que Tim Cook considera
foi patrocinada pelo Taco Bell e
os administradores da Transtejo/Soflusa um grupo de génios e pretende os convidados puderam assistir à
replicar o conceito, tendo dito em reunião interna: “Vamos começar por transmissão online.
vender iPhones sem baterias, mas o nosso objetivo é expandir a ecrãs https://bit.ly/42hPaK6
e câmaras no futuro. O consumidor pode depois comprar estes itens à
parte por ajuste direto.”

O VISIONÁRIO DO ACP
O Ctrl+Alt+Delete sabe que Tesla, BMW e Volkswagen são alguns dos fa-
bricantes interessados em contratar Carlos Barbosa para consultor depois
de o presidente do ACP ter garantido, em declarações à CNN Portugal, que
“os motores de combustão não vão acabar”, adicionando que “os meus
trinetos ainda vão andar com carros a combustíveis fósseis”. Contra a
opinião dos “burocratas da CEE”. “Certamente saberá alguma coisa que
não sabemos”, terá dito um responsável de uma grande marca europeia. BARCOS ELÉTRICOS
COM BATERIAS À PARTE
A Transtejo comprou nove navios
elétricos sem baterias por €52,4
TIRO AO LADO milhões. As baterias seriam
adquiridas por ajuste direto num
negócio de €15,5 milhões. O
Tribunal de Contas considerou o
negócio "irracional".
https://bit.ly/3LwA6T8

MUSK E O PROGRAMA
A TRÊS NO WC
‘BÉSAME MUCHO’… MAS À DISTÂNCIA Um engenheiro da Twitter
revelou que Elon Musk está
sempre acompanhado por dois
O Changzhou Vocational Institute of Mechatronic Technology guarda-costas na sede da empresa,
criou um dispositivo capaz de simular beijos à distância entre utilizadores. em São Francisco. Os seguranças
acompanham o bilionário
O equipamento recorre a lábios de silicone quentes e imita a pressão
até nas idas à casa de banho.
e o movimento de um beijo real. O objetivo é permitir que casais afastados https://bit.ly/3ZU7ZS3
fisicamente continuem a partilhar uma espécie de intimidade.

98
ABRIL 2023 EXAME INFORMÁTICA
 JOGA.
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