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SARAH TAYNARA BASTOS FRANCO – RESENHA

A presente resenha propõe-se a discorrer sobre o 5° capítulo da obra


“Discurso e (pós) verdade”, administradas por Luzmara Carcino, Vanice
Sargentini e Carlos Piovezabi. O capítulo que servirá como lupa teórica para
este material é intitulado “A vontade da verdade nos discursos: os contornos da
fake News”, pautado nos textos de Michael Foucault, sendo a temática central
as noções de verdade na pós-modernidade.

Logo no início do quinto capítulo é possível encontrar uma


contextualização a respeito do ambiente social que rege as tecnologias surgidas
por volta da década de 90. Esse fenômeno teve forte influência no acesso a
uma capacidade mais livre de se chegar à mídia, isto é, pela primeira vez os
telespectadores não são apenas ouvintes, mas também contribuintes que
podem interferir e interagir com a própria mídia, porém, não foi apenas “lucro”,
pois, o acesso à mídia embora tenha melhorado muitos cenários, também deu
uma força inimaginável as notícias falsas, força esta que consistem em alta
propagação em massa.

A verdade é uma questão subjetiva durante toda linha do tempo de nossa


existência, ou, pelo menos é o que defende os autores deste capítulo, que, com
influência das ideias de Foucault, fundamentam sua teoria da seguinte forma:
Explorando a origem do conceito principal “verdade”, utilizaram uma base para
defini-la pautada na experimentação empírica da realidade, acarretando uma
busca incessante por respostas que nos deparamos ainda hoje, por exemplo,
como compreender o outro e a mim próprio no mundo em que nos cerca. Com o
surgimento e o fortalecimento da fé cristã, o termo “verdade” passou a ser
direcionado para uma singularidade: A verdade da igreja, ou seja, não havia
outra verdade senão aquela dita pela doutrina cristã, resumidamente, uma
verdade pronta, pura, que dispensa questionamentos. Mesmo que a constante
perseguição da igreja tenha privado muitos estudiosos de alcançarem mais de
suas descobertas, faz parte da natureza humana a procura pela verdade.

A verdade não é única. Como afirma Charaudeau, a verdade atenderá o


lado daquele que a enuncia, ou seja, existem inúmeras formas de se produzir
uma verdade, ela não necessariamente tem seu foco de se estabelecer algo
que é verdadeiro, até porque, seu objetivo pode ser outro, no caso das Fake
news: a manipulação. Considerando os fatos aqui citados, faz-se necessário
uma avaliação crítica a respeito da desinformação e como as fake News têm
ganhado tanta força, principalmente nos dias atuais.

Uma das soluções cabíveis que poderia facilmente atuar no combate às


fake News é o ato de ler, não somente ler, mas questionar. O entretenimento
tem ganhado destaque em todos os âmbitos, esse fator levou a banalidade de
muitos setores, isso inclui a escrita uma vez que, se não interessante como “o
babado do Instagram”, não é praticada, desta forma, diminuindo a leitura
saudável e crítica, dando portas escancaradas a desinformação uma vez que a
única preocupação que aqui se estabelece é o entretenimento, ou seja, as
pessoas não possuem mais questionamentos críticos, ou, como os autores
colocam no capítulo: a “incapacidade de diferenciação”. Segundo o capítulo,
para que possamos chegar a uma melhora neste quadro, seria necessário
reconfigurar o sistema, ou seja, no mundo pós-digital onde a desinformação
“corre solta” nas redes social, a mídia precisaria exercer essencial de combate
à desinformação, essa ferramenta tão poderosa deve mostrar que a verdade,
comprovada e apenas esta deve ser aceita, conquanto, tal prerrogativa não
reverbera com ênfase na prática quando se tem este alto nível de fake News,
definitivamente sem controle.

Com as agências responsáveis por esse assunto trabalhando sob a


temática, o assunto ganhou mais visibilidade, entretanto, está longe de acabar
pois, nem mesmo com todos os setores cabíveis a resolver este impasse se
juntando em massa, parece fazer qualquer efeito, afinal, com a luta contra as
fast-checking, esta “batalha” parece ser causa perdida. Um dos fatores que
torna essas ondas de mentiras cada vez piores são as mentiras, que se
apresentam de formas diferentes em cada ambiente. Não há o que chamamos
de “fórmula encaixe”. Claire Wardle, segundo o capítulo parece tentar elaborar
que tenta

compreender a complexa cadeia que é a “complexidade dos ecossistemas da


desinformação” (p. 81) que, assim como explicado acima, se transmuta de
acordo com o ambiente em que é inserida a suposta “verdade”.
Ademais, fica aqui explicito a dificuldade de resolvermos o enigma da
desinformação, sabemos que, mesmo com os setores responsáveis agindo,
ainda sim é necessário um esforço coletivo da sociedade como um todo para
expulsar o nível alarmante de fake News se proliferando todos os dias pelas
redes sociais, podemos e devemos transformar a internet em uma fonte
sustentável e saudável de informação confiável promovendo o senso crítico,
quem sabe assim, possamos finalmente fazer jus à nossa carta magna que
assegura conhecimento de qualidade a todos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SARGENTINI, V.: CARVALHO, P. H. V. de. A vontade de verdade nos discursos:


os contornos das Fake News. In: CURCINO, V.; SARGENTINI, V.; PIOZEVANI,
C. (org.) Discurso e (Pós)verdade. São Paulo: Parábola, 2021. p. 73-85.

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