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REVESTIMENTOS
Porto Alegre
2006
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 2
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 5
19
DURABILIDADE
2 3 4 5
Mecanismos de transporte
8 9
Deterioração do Deterioração da
concreto armadura
10 11 12
20
DESEMPENHO
15 16
13
Condição
Rigidez
Resistência superficial
14 18
Segurança Aparência
autor, é a interação existente entre o material e as suas condições de utilização é que vai
determinar a durabilidade do mesmo.
O conceito de durabilidade pode ser difícil de ser quantificado e usado de maneira
corrente, no dia-a-dia. Isto leva à introdução do conceito de vida útil como um termo operacional
que aborda de forma quantitativa a questão da durabilidade das estruturas. Segundo a ASTM
(1982), vida útil é o período de tempo após a instalação de um material, componente ou sistema,
em que as propriedades do mesmo ficam acima de valores mínimos aceitáveis. Admite-se que
um material atingiu o fim da sua vida útil quando suas propriedades, sob dadas condições de uso,
deterioram a tal ponto que a continuação do uso deste material é considerada insegura ou
antieconômica.
Desta forma, a durabilidade de uma estrutura pode ser representada pelo binômio
desempenho/tempo, conforme pode ser observado na Figura 2, extraída do CEB (1992) e de
HELENE (1992). No momento de se projetar uma estrutura, já deve-se ter uma definição tanto
da vida útil exigida para a mesma - que é função das características do material, do meio
ambiente circundante e das condições de utilização - quanto dos critérios de desempenho
especificados para esse período. Tais critérios podem ser resumidos a um valor de desempenho
mínimo, conforme indicado na Figura 2.
Desempenho
Manutenção
Pequenos Reparos
Grandes Reparos
Reforços
Custo de
Correção
Desempenho Mínimo
Desempenho da
Estrutura
Tempo
Vida Útil
Figura 2 Fases do desempenho de uma estrutura durante a sua vida útil [Adaptada do
CEB (1992) e HELENE (1992)]
Quando a estrutura começa a perder a sua funcionalidade em função de algum tipo de
deterioração, pode haver a necessidade da realização dos reparos ou reforços, dependendo da
gravidade da degradação. Cabe salientar que, à medida que os danos evoluem, os custos
necessários para as correções dos mesmos aumentam exponencialmente, através da chamada Lei
de Sitter ou Lei dos Cinco (SITTER, 1986). Segundo o autor, cada dólar gasto por unidade de
área construída empregado corretamente na etapa de projeto das estruturas corresponde a 5
dólares gastos nas atividades de manutenção. No caso de reparos em pequenas extensões tal
valor sobe para 25 dólares e, no caso dos grandes reforços, substituições e/ou demolições o valor
chega a 125 dólares. Apesar de tais valores de custos terem caráter genérico e aproximado, tal lei
é aceita como indicativa do potencial de gastos que podem ser evitados quando se previnem os
danos desde as primeiras etapas do processo construtivo.
Atualmente, toda a comunidade científica está preocupada em tentar determinar a vida
útil das estruturas com um máximo de confiabilidade, principalmente aquelas que desempenham
funções importantes dentro de uma determinada situação e onde são gastos grandes volumes de
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recursos para a sua construção e manutenção, como é o caso das pontes, barragens e estruturas
off-shore. Segundo HELENE (1993), o prognóstico de tal conceito nada mais é do que a previsão
da deterioração das estruturas baseados em três aspectos: nas características dos materiais, nas
condições de exposição e nos modelos de deterioração. O primeiro modelo utilizado para a
determinação da vida útil das estruturas foi proposto por TUUTTI, citado por ANDRADE et. al.
(1988), que realizou os seus estudos considerando a degradação devida ao fenômeno da corrosão
das armaduras. Segundo a autora, tal modelo é extremamente qualitativo, porém apresenta uma
grande utilidade para a formulação conceitual dos diversos fenômenos de degradação. Observa-
se que a maioria dos trabalhos relacionados à deterioração das estruturas levam em consideração
tal modelo, em função da sua extrema simplicidade descritiva.
Os modelos atualmente propostos consideram que a degradação das estruturas ocorrem
em duas etapas (CEB, 1993):
• período de iniciação: durante tal fase não há perda da funcionalidade das estruturas, mas
alguma barreira de proteção foi quebrada pela penetração dos agentes agressivos no interior
dos elementos. Como exemplo pode-se citar o avanço da frente de carbonatação, penetração
de cloretos, acúmulo de sulfatos e lixiviação do concreto;
• período de propagação: nesta fase os fenômenos de degradação agem de maneira efetiva,
promovendo os diversos tipos de manifestações patológicas atualmente verificadas nas
estruturas.
Dentro desta concepção, HELENE (1993) apresenta quatro tipos de vida útil que as
estruturas podem apresentar (Figura 3):
Desempenho
Colapso ou perda
inaceitável da funcionalidade
Tempo
(a)
(b)
(c)
(d)
Iniciação Propagação
Figura 3 Vida útil das estruturas [adaptado do CEB (1993) e HELENE (1993)]
• vida útil de projeto (a), que é também chamado período de iniciação. Nesta etapa, os agentes
agressivos ainda estão penetrando através da rede de poros do cobrimento do concreto, sem
causar danos efetivos à estrutura. O valor usualmente adotado para tal vida útil nas estruturas
de concreto armado convencionais é de 50 anos, enquanto que para pontes tal período pode se
estender para 100 ou até 200 anos, no caso das barragens;
• vida útil de serviço ou de utilização (b), onde os efeitos dos agentes agressivos começam a se
manifestar, como fissuração do concreto por ataque químico ou manchas devidas à corrosão
de armaduras. Esta vida útil é muito variável de caso para caso, pois em certas estruturas não
se admitem determinados tipos de manifestações - como manchas ocasionadas pela lixiviação
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Vida Útil = f (m1, m2, ..., mn; a1, a2, ..., an; n1, n2, ..., nn; T), onde:
Existe uma grande quantidade de problemas nas argamassas que podem ter origens
específicas ou agentes que atuam simultaneamente. Assim, as principais origens dos danos que
ocorrem nas argamassas encontram-se sumarizadas na Figura 4.
ORIGENS
Modo de Tipo de
Materiais Traço Externas
aplicação pintura
Argamassas Aderência à
Agregados Umidade
de cimento base
Aplicação da
Cal
argamassa
3.2.1 Agregados
Já a matéria orgânica pode causar a formação de vesículas, onde no seu interior pode-se
observar a presença de partes mais escuras. A mica reduz a aderência do revestimento à base ou
duas camadas entre si. Efeito similar pode ser observado quando há uma grande quantidade de
finos na areia, onde areias muito finas podem causar uma elevada retração em relação às areias
mais grossas.
3.2.2 Cimento
3.2.3 Cal
Para entender algumas manifestações patológicas que ocorrem nas argamassas devido à
presença da cal, é interessante apresentar o chamado ciclo de tal produto, conforme observado na
Figura 5.
Calcário ou Argamassa
dolomito endurecida
Carbonatação
Calcinação
(CO2) H2O de
hidratação
CO2
Argamassa
Cal virgem
fresca
H2O de
hidratação Amassamento
Extinção
(H20 + areia)
Cal extinta
ou hidratada
A hidratação (ou extinção) da cal virgem é um processo relativamente lento, que pode
não ocorrer completamente durante as operações de fabricação. Assim, essa extinção pode
continuar após o ensacamento, amassamento e até após a aplicação da argamassa. Esse processo
é normalmente chamado de hidratação retardada de cales, que acarreta um aumento de volume
pela incorporação de moléculas de água na composição do material.
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As cales podem ser divididas basicamente em dois grandes grupos: as dolomíticas, onde
o ceor de CaO é normalmente maior que 75%; e as magnesianas, onde o teor de MgO é maior
que 20%. Existindo CaO livre na forma de grãos grossos, a expansão pode não ser absorvida
pelos vazios da argamassa e o efeito é o de formação de vesículas logo após os primeiros meses
de aplicação do reboco. Por ser mais lenta, a hidratação do MgO ocorre simultaneamente à
carbonatação, acarretando descolamento do emboço. Um fato interessante: era de se esperar que
em uma área feita com a mesma argamassa houvesse o mesmo nível de desagregação em toda a
parede. Contudo, avaliações do IPT mostraram que os problemas ocorriam com maior incidência
quando as áreas estavam submetidas à uma fonte de calor (sol, fogões, aquecedores, entre outros)
(CINCOTTO, 1988).
Tal ponto é de fundamental importância, pois deve-se garantir que o sistema construtivo
alvenaria (material cerâmico + argamassa de revestimento + argamassa de assentamento)
trabalhe homogeneamente. Essa aderência ocorre devido à penetração da nata do aglomerante
pelos boros do substrato, com posterior endurecimento e intertravamento. Assim, tal propriedade
vai depender das características do substrato, como a textura, rugosidade e a porosidade.
Um dos problemas que podem ocorrer é devido à presença de óleos, graxas ou material
pulverulento no substrato. Tais materiais minimizam a aderência, impedindo que a nata do
aglomerante penetre nos poros do substrato. Como exemplo pode-se citar uma superfície de
concreto impregnada de desmoldante ou o chapisco contendo algum produto hidrofugante.
Durante a execução de uma argamassa de cimento deve-se ter cuidado para garantir que
tanto o emboço quanto o reboco trabalhem homogeneamente. Caso contrário, a retração que
ocorre no emboço pode gerar fissuras – com uma configuração mapeada – na camada superior.
Já nas argamassas com elevado teor de cal, o desempeno excessivo pode fazer com que
uma pequena quantidade de nata de cal atinja a superfície do material, formando uma película
carbonatada que age como uma barreira à penetração do CO2 nas partes mais internas do
material, impedindo assim o seu endurecimento.
No caso de argamassas ricas em cal, as tintas a óleo ou à base de borracha clorada e epóxi
promovem uma camada impermeável que dificulta a difusão do CO2 pela argamassa. Caso a
pintura for aplicada prematuramente, o grau de carbonatação atingido não é suficiente para
conferir à camada de reboco a resistência suficiente e este acaba por descolar-se do emboço.
4.1 Vesículas
As vesículas podem ser definidas como empolamentos que ocorrem na argamassa, onde
nas partes internas das mesmas pode-se observar diversas colorações que caracterizam a origem
do problema, onde um resumo está apresentado no Quadro 1.
Neste caso, a superfície do reboco descola do emboço formando bolhas, cujos diâmetros
aumentam progressivamente. Ao ser percutido, o reboco apresenta um som cavo, indicando a
perda de aderência com o emboço. Tal manifestação patológica ocorre devido à entrada de
umidade entre o emboço e o reboco e/ou em função da hidratação retardada do óxido de
magnésio da cal.
Neste caso, deve-se retirar a camada de reboco, impermeabilizar o ambiente e realizar
uma nova pintura a fim de eliminar o problema.
4.4 Bolor
Esse problema ocorre principalmente em locais com umidade constante, como banheiros,
cozinhas e áreas de serviço. Contudo, também podem aparecer em áreas onde não há uma
estanqueidade adequada (Figura 6). Sendo assim, o primeiro passo seria a eliminação da
umidade incidente, seguido de uma lavagem do local e, caso necessário, uma recomposição do
revestimento.
4.6 Eflorescências
4.7 Retração
Evaporação da água
com formação de
eflorescências na
superfície
Água + sais
contidos no solo
Essa água, em uma elevada proporção dos casos, vem contaminada com sais solúveis
que, ao cristalizarem no interior do material podem causar expansões, levando a uma degradação
sistemática dos rebocos.
Para tratar problemas dessa natureza, pode-se empregar a técnica de injeção com
cristalizantes na base da parede. Esse cristalizante é um impermeabilizante líquido à base de
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silicatos e resinas que, por efeito de cristalização, colmata a porosidade das alvenarias,
bloqueando a umidade ascendente. Para a aplicação, deve-se retirar todo o reboco da área a
tratar, desde o piso até uma altura de 1 a 1,2 m. Executa-se 2 linhas de furos, a primeira a 10 cm
do piso e a segunda 20 cm distanciados 15 cm entre si, na mesma linha, aplicando-se o produto,
conforme apresentado na Figura 11.
Para evitar a ocorrência desses problemas, podem ser empregados pequenos detalhes
construtivos. Um deles é o emprego das mantas, desenrolando-as e alinhando-as sobre o
baldrame (Figura 13). Nas emendas, deve-se efetuar um transpasse de 30 cm ou soldar as
mesmas com maçarico a gás, com sobreposição de 10 cm. Aplica-se uma nova camada de
argamassa de cimento e areia, iniciando-se a execução das paredes de alvenaria.
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Contudo, caso a alvenaria seja heterogênea, onde há uma baixa aderência entre as juntas e
os componentes, existe uma maior propensão ao aparecimento de fissuras nas interfaces desses
elementos. Nesses casos, as fissuras manifestam-se como linhas quebradas ou acompanhando as
fiadas (Figura 17).
MAGALHÃES (2004) cita que existe uma diferença entre trincas e fissuras, onde a
fissura é a ruptura ocorrida no material sob ações mecânicas ou físico-químicas com até 0,5 mm
de abertura, enquanto que as trincas são rupturas cuja abertura seja superior a 0,5 mm.
Normalmente as fissuras com aberturas inferiores a 0,1 mm são chamadas capilares e
consideradas insignificantes, não causando prejuízos à durabilidade das estruturas. Neste
trabalho será empregado o termo fissura como uma forma de padronização.
As fissuras nas alvenarias podem ser classificadas de acordo com diferentes critérios: a
abertura, a atividade, a forma, as causas, a direção, as tensões envolvidas, entre outras conforme
apresentado no Quadro 3.
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Quadro 3 Critérios de classificação das fissuras (ELDRIDGE, 1982; DUARTE, 1998; THOMAZ, 1989)
Classificação Características
Abertura Finas e < 1,5 mm
Médias 1,5 < e < 10 mm
Largas e > 10 mm
Atividade Ativas Apresentam variações de temperatura em um determinado período de tempo
Inativas, estabilizadas ou passivas Fissuras que não apresentam variações de abertura ou comprimento ao longo do tempo
Forma Isoladas Fissuras com causas diversas que seguem uma direção predominante
Disseminadas Fissuras que apresentam uma rede de fissuras, sendo comuns em revestimentos
Movimentações térmicas
Movimentações higroscópicas
Sobrecargas
Deformabilidade excessiva de
Causas estruturas Apresentadas nos itens posteriores
Recalques de fundação
Retração de produtos de base
cimento
Alterações químicas dos materiais
de construção
Detalhes construtivos incorretos
Direção Verticais
Horizontais Ideal para uma análise prévia no processo de diagnóstico
Inclinadas
5.2 Configurações típicas de fissuras em alvenarias
Esse tipo de problema ocorre quando há uma ruptura por compressão dos componentes,
da junta de argamassa ou dos septos dos tijolos e blocos de furos horizontais em função de
carregamento excessivo da parede ou solicitações de flexocompressão – que normalmente são
causadas por carregamentos excêntricos, gerando fissuras horizontais na face tracionada, como
pode-se observar na Figura 67(b) – (THOMAZ, 1989). Esse tipo de ruptura é extremamente
importante, pois fornece dados sobre a incapacidade de resistência dos materiais, onde uma
configuração típica está apresentada na Figura 19.
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Figura 20 Fissuras verticais e/ou inclinadas em apoio de viga sem coxim com sobrecarga
(DUARTE, 1998)
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Nas lajes de cobertura geralmente observa-se a presença de fissuras nas arestas da parede
adjacente, em função da dilatação que ocorre em dois sentidos no material e das diferenças de
aderência existente entre os elementos constituintes da alvenaria, apresentando a configuração
típica indicada na Figura 28.
Figura 28 Fissuras nas paredes provocadas pela expansão térmica da laje de cobertura
(THOMAZ, 1989)
Neste caso, a dilatação da laje gera tensões horizontais de tração, provocando a fissura
vertical na parede de alvenaria. A mesma tende a apresentar uma maior abertura no topo da
parede, junto à laje, e tende a ser mais comum em paredes de alvenaria com tijolos de furos
verticais, que apresentam baixa resistência à tração na horizontal (DUARTE, 1998). Uma
configuração típica desse tipo de fissura está apresentada na Figura 29.
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Tal problema patológico ocorre principalmente nas extremidades das edificações pelo
efeito combinado de retração da laje e expansão da alvenaria. Também podem ocorrer entre as
paredes de alvenaria e as vigas de fundação, pelo mesmo fenômeno (DUARTE, 1998).
É a movimentação diferencial entre a estrutura e a alvenaria que pode causar essa fissura
na base de paredes, interface entre parede e a laje ou outro elemento da estrutura (Figura 34).
Essa configuração pode resultar em um destacamento da alvenaria, com movimentação no
sentido de expulsá-la do cato da edificação podendo, inclusive, causar fissuras na própria
estrutura de concreto.
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Expansão da
alvenaria
Retração da
laje
Esse dano ocorre em paredes de vedação apoiadas em vigas nos prédios estruturados.
Nesta configuração, a viga inferior que apóia a alvenaria deforma-se, gerando fissuras
horizontais na base da parede e/ou fissuras na forma de arco, sendo características de paredes
sem aberturas (Figura 35). Podem ocorrer também quando a deformação da viga inferior é maior
que a deformação da viga superior (THOMAZ, 1989; DUARTE, 1998).
Essas fissuras ocorrem pela deformação conjunta das vigas superior e inferior, formando
fissuras inclinadas nos cantos inferiores das paredes, conforme observado na Figura 36.
Figura 36 Fissuras em parede de vedação por deformação das vigas de apoio e superior
(DUARTE, 1998)
Essas fissuras ocorrem quando o recalque diferencial das fundações se aplica fora dos
eixos de simetria da edificação (um canto, por exemplo). Neste caso, a edificação é submetida a
esforços de torção, onde uma configuração típica de fissuras está apresentada na Figura 41.
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O descascamento pode acontecer quando uma pintura for executada sobre caiação, sem
que se tenha preparado a superfície (Figura 42). A aderência da cal sobre o substrato geralmente
não é muito boa, constituindo-se de uma camada pulverulenta. Assim, qualquer tinta aplicada
sobre caiação este sujeita a descascar rapidamente. Além disso, tal problema patológico pode
acontecer quando, na primeira pintura sobre o reboco, a primeira demão não foi bem diluída ou
havia excesso de poeira no substrato. Nesse caso, recomenda-se que a primeira demão seja bem
diluída (1:1, água e tinta).
Para evitar tal problema, antes de pintar sobre caiação é necessário eliminar as partes
soltas ou mal aderidas, raspando ou escovando a superfície. Depois emprega-se uma demão de
fundo preparador de paredes diluído na proporção 2 : 1.
demão com a diluição recomendada pelo fabricante para uma melhor aderência. Usar somente
produtos específicos para madeira, levando em consideração se o seu uso é para exteriores ou
interiores.
Tal problema ocorre devido à perda de aderência do filme da tinta ao metal, causada
principalmente pela presença de ferrugem ou outros contaminantes. Para evitar esse tipo de
manifestação patológica, deve-se usar um primer adequado ao tipo de metal e ao acabamento
escolhido, limpar bem a superfície, removendo óleos, graxas e partículas soltas.
A solução consiste em remover completamente a pintura através de lixamento ou
emprego de removedores de ferrugem. Em seguida, passar um produto do tipo zarcão para
proteger a superfície e repintar, de acordo com o sistema recomendado.
6.4 Eflorescências
6.5 Desagregação
6.6 Saponificação
Esse problema é causado pela alcalinidade natural da cal e do cimento que compõem o
reboco. Essa alcalinidade, quando em contato com um certo grau de umidade, reage com a
acidez característica de alguns tipos de resina, causando a saponificação. Para evitar esse
problema, deve-se aguardar que a secagem e a cura do reboco por aproximadamente 30 dias.
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Esse problema ocorre quando se trata de pingos isolados, em paredes recém pintadas. Os
pingos isolados, ao molhar a pintura, trazem à superfície os materiais solúveis da tinta, dando
origem às manchas. Contudo, se cair efetivamente uma chuva contínua e não apenas pingos
isolados, a probabilidade da ocorrência das manchas é pequena. Para eliminá-las, basta lavar a
superfície com água, sem esfregar.
6.8 Bolhas
Em paredes externas, geralmente são causadas pelo emprego da massa corrida PVA, que
é um produto geralmente indicado para áreas internas (Figura 45). Nesse caso, a massa corrida
deve ser removida, aplicando-se em seguida uma camada de fundo preparador de paredes de
base água, corrigir as imperfeições com massa acrílica e repintar.
Em paredes internas podem ocorrer quando, após o lixamento da massa corrida, a poeira
não foi eliminada ou quando a tinta não foi devidamente diluída. O emprego de massa corrida
com pouca resina também pode provocar o aparecimento de bolhas.
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 44
A correção deve ser feita com a raspagem das partes afetadas, com o posterior emprego
de uma demão de fundo preparados de paredes, corrigir as imperfeições com massa corrida
adequada e repintar.
Essa manifestação patológica também pode ocorrer quando a nova tinta aplicada
umedece a película de tinta anterior (de qualidade inferior), causando a sua dilatação.
6.9 Enrugamento
Esse problema ocorre quando a camada de tinta se torna muito espessa devido a aplicação
excessiva do produto, seja em uma demão ou sucessivas demãos, quando a temperatura no
momento da pintura se encontrava alta ou, ainda, quando emprega-se um solvente inadequado
(Figura 46).
A correção exige a remoção de toda a tinta aplicada com espátula, escova de aço ou
removedor apropriado. Em seguida, deve-se limpar a superfície com aguarrás, para eliminar
vestígios do removedor.
7. PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS ESTRUTURAS DE
CONCRETO ARMADO
Existem algumas estatísticas sobre a origem dos danos nas estruturas. DAL MOLIN
(1988) realizou um levantamento de danos nas obras no Estado do Rio Grande do Sul, onde as
principais manifestações patológicas observadas estão apresentadas na Figura 47.
Detalhes
construtivos Fundações
11% 6%
Eletrodutos
14%
Sobrecargas
14% Assentamento
plástico
1%
Retração por
secagem
11%
Corrosão de
armaduras Dessecação
11% superficial
2%
Gradiente térmico
30%
Infiltrações Outros
Recalque diferencial 1% 8%
2%
Ataque químico
2%
Desagregação do
concreto
2%
Detalhes
construtivos
5%
Problemas
estruturais Corrosão de
16% armaduras
64%
Uso
Uso (imprevisíveis)
(previsíveis) 4%
7%
Planejamento/
Projeto
43%
Execução
42%
Materiais
4%
dano se originou, pois uma mesma manifestação patológica pode ter mais de uma causa, que teve
origem em uma das etapas do processo construtivo.
Para proceder tal análise, emprega-se a classificação apresentada por ARANHA (1994),
que realizou um trabalho minucioso de catalogação das causas dos diversos tipos de danos,
associando-as com a etapa do processo construtivo onde os mesmos podem ocorrer. Tais
informações estão sumarizadas no Quadro 4 (origem atribuída às etapas de planejamento/projeto
e materiais) e no Quadro 5 (origem atribuída às etapas de execução e utilização).
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Quadro 4 Causas das manifestações patológicas atribuídas às etapas de planejamento/projeto e materiais do processo construtivo (ARANHA, 1994)
Planejamento/Projeto Materiais
a) Avaliação inadequada das condições de utilização da estrutura: a) Cimento:
- fck incompatível; a.1) Compra e recebimento: falta de controle das características físicas, químicas e mecânicas limitadas por
- cobrimento insuficiente da armadura; normas;
- abertura excessiva de fissuras; e - não obtenção das resistências mecânicas à compressão estabelecidas nas normas aos 3, 7 e 28 dias.
- tipo de cimento inadequado. a.2) Armazenamento inadequado, propiciando o início do processo de hidratação.
b) Especificações: b) Agregado miúdo: compra, recebimento e armazenamento
- escolha inadequada da cor da superfície do concreto; - excesso de material pulverulento (> 3% em concretos submetidos a desgaste superficial e > 5% nos demais
- abatimento incompatível; e tipos de concreto)
- ausência de especificação quanto ao tipo de aditivo empregado. - excesso de torrões de argila (>1,5%) e materiais friáveis;
c) Sobrecarga: - excessos de impurezas orgânicas (>300 ppm);
- má concepção do projeto e - excesso de materiais carbonosos (>0,5% em concreto aparente e > 1% nos demais tipos de concretos);
- avaliação incorreta das cargas atuantes/erros de cálculo. - excesso de sais solúveis (principalmente sulfatos e cloretos) (>2 %);
d) Detalhes construtivos: - deficiência de materiais finos; e
- ausência de ressaltos ou pingadeiras; - armazenamento deficiente, permitindo contaminação dos materiais.
- presença de zonas que permitam o acúmulo de água; c) Agregado graúdo:
- ausência de detalhamento: passagem de dutos e eletrodutos; e - excesso de material pulverulento (partículas de silte e argila) (> 1%);
- juntas de concretagem e de dilatação (falta de previsão ou previsão inadequada). - excesso de torrões de argila e materiais friáveis (>1% em concreto aparente, >2% em concreto submetido a
e) Composição do concreto: desgaste superficial e > 3% nos demais casos);
- alto ou baixo consumo de cimento; - excesso de materiais carbonosos (>0,5% em concreto aparente e > 1% nos demais tipos de concretos);
- alta relação água/cimento; - dimensão máxima característica incompatível com a densidade da armadura, dimensão de formas e sistema de
- alta proporção de agregados finos; transporte do concreto;
- alta finura do cimento; - granulometria deficiente; e
- cimento com alta proporção de C3A e C3S; - armazenamento deficiente.
- deficiência granulométrica dos agregados; e d) Aço: compra, recebimento e armazenagem
- sistema de cura inadequado. - aço com resistência à tração inferior à especificada em projeto; e
f) Definição das armaduras: - estocagem em local e de maneira inadequada.
- concentração excessivas de barras; e) Madeira: compra, recebimento e armazenagem
- barras de diâmetro elevado; - tábuas ou pranchas deformadas;
- disposição inadequada de barras de armaduras; - madeira absorvente em demasia;
- cobrimento insuficiente de emendas por transpasse; - fôrmas de baixa qualidade, com número excessivo de nós; e
- ausência de armaduras para absorver momentos volventes; e - estocagem deficiente, permitindo a contaminação e empenamento das
- armaduras insuficientes em zonas de mudança de direção dos esforços. peças.
g) Definição de fôrmas: f) Água:
- cargas subestimadas; - pH fora dos limites recomendados entre 5,0 e 8,0;
- projeto incompleto ou execução incorreta devido à ausência de projeto; e - excesso de matéria orgânica (expresso em oxigênio consumido > 300 mg/l);
- não previsão de ações a serem estabelecidas nas operações de desforma. - excesso de sulfatos (expresso em íons SO4 > 300 mg/l);
h) Fundações: - excesso de açúcar (> 5 mg/l); e
- falta de investigação do subsolo; - excesso de cloretos (expresso em íons Cl- > 500 mg/l).
- tipo de fundação inadequada à situação; e
- adoção de diversos tipos de fundação na mesma estrutura.
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Quadro 5 Causas das manifestações patológicas atribuídas às etapas de execução e utilização do processo construtivo (ARANHA, 1994)
Execução Utilização
a) Execução das armaduras: a) Ações Previsíveis:
a.1) Dobramento: ângulo de dobramento das barras inferior ao mínimo admissível - ausência de planos de inspeção e manutenção;
a.2) Montagem das armaduras: - presença de agentes agressivos; e
- pouco cuidado quanto à disposição das barras; - sobrecargas excessivas (quando pela ausência de
- deficiente instalação das barras; informação nos projetos e/ou inexistência de manual
- baixa qualidade dos espaçadores (espessura variada, traço diferente do traço de concreto da estrutura e baixa resistência à compressão); de utilização ocorre carregamento além do
- ausência ou distanciamento excessivo dos espaçadores; estabelecido em projeto).
- troca de bitola da armadura; b) Ações Imprevisíveis:
- falta de proteção das armaduras (deslocamentos, deformações); e - alteração das condições e exposição da estrutura;
- utilização de barras corroídas. - incêndios;
b) Execução das fôrmas - abalos provocados por obras vizinhas;
b.1) Montagem: - paralisação da obra por longo período; e
- armação inadequada nos cantos; - choques acidentais.
- espaçamento inadequado entre gravatas;
- deficiente contraventamento das escoras;
- escora fora de prumo ou excessivamente esbelta;
- apoio inadequado de escoras;
- utilização de fôrmas danificadas ou deformadas; e
- falta de estanqueidade das fôrmas.
b.2) Desforma:
- ausência de produto anti-aderente (desmoldante);
- alteração do diagrama de solicitações;
- falta de planejamento quanto à manutenção do escoramento parcial em lajes;
- desforma precoce; e
- desforma violenta.
c) Execução do concreto
c.1) Dosagem:
- ausência de dosagem; e
- medição incorreta dos materiais.
c.2) Mistura:
- ordem inadequada de colocação dos materiais;
- tempo de mistura dos materiais insuficiente ou excessivo e/ou ordem inadequada de colocação dos mesmos na betoneira; e
- betoneira com volume de materiais além de sua capacidade ótima.
c.3) Transporte:
- equipamentos e/ou velocidade de transporte inadequados; e
- transporte inadequado.
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 50
Quadro 6 Causas das manifestações patológicas atribuídas às etapas de execução e utilização do processo construtivo (ARANHA, 1994)
(Continuação)
c.4) Lançamento:
- altura de lançamento excessiva;
- lançamento inadequado, provocando movimentação das armaduras;
- lançamento em pontos localizados, sobrecarregando excessivamente as fôrmas;
- temperatura ambiente muito baixa (< 4ºC);
- baixa umidade relativa do ar e/ou vento excessivo na superfície do concreto e/ou temperatura ambiente elevada, sem cuidados
especiais;
- interrupção da concretagem de forma inadequada; e
- desobediência a planos de concretagem.
c.5) Adensamento:
- vibração das armaduras, provocando deslocamento das barras em relação ao concreto já adensado, propagando esforços à massa de
concreto adjacente, já adensado;
- vibração excessiva pelo uso de equipamento inadequado, duração excessiva ou aplicação de procedimentos incorretos de operação; e
- vibração insuficiente causada por espaçamento excessivo entre pontos de penetração, duração insuficiente ou falta de interpenetração
entre as camadas.
c.6) Cura:
- falta de proteção da superfície do concreto contra a perda da água de amassamento; e
- adoção do sistema de cura inadequado ao tipo de exposição da estrutura.
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 51
São fissuras provocadas pela restrição à sedimentação das partículas sólidas do concreto
quando encontram algum tipo de obstáculo, como as armaduras ou agregados com diâmetros
maiores. A configuração típica dessas fissuras está apresentada na Figura 53.
Armadura
Agregado
São fissuras que ocorrem quando há uma perda excessiva da água de amassamento do
concreto. A formação de fissuras para tal caso está diretamente relacionada com a velocidade de
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 53
Fissuras
Deformação
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 54
Segundo CANOVAS (1988), as retrações térmicas produzem uma redução dos elementos
estruturais que se converterão em tensões de tração, levando ao aparecimento de trincas e/ou
fissuras, dependendo do grau de deformabilidade do elemento.
Existem basicamente dois tipos de movimentação térmica. O primeiro é chamado de
movimentação térmica interna, sendo gerada no processo de hidratação do cimento (pelo uso de
aglomerantes com elevados teores de C3A ou pela adoção de grandes teores de cimento por m3
de concreto). A fissuração térmica interna é mais facilmente observada em elementos estruturais
massivos (base de vertedouros em barragens, pontes, entre outros), onde a taxa de calor de
hidratação gerada no núcleo do elemento é maior que a capacidade de dissipação para uma dada
seção, podendo levar ao aparecimento de microfissuras internas.
As movimentações térmicas diferenciais podem ocasionar problemas superficiais, como
conseqüência de um resfriamento superficial mais rápido que no restante da massa de concreto.
Para tal caso as fissuras ocorrerão sempre que as tensões ocasionadas pela retração superem à
resistência à tração do próprio concreto. Esse problema ocorre geralmente em lajes de edifícios
ou em qualquer elemento estrutural onde a relação entre a área exposta e o volume do elemento
estrutural seja elevada.
O segundo tipo de movimentação térmica é chamado de externa, sendo diretamente
associado às mudanças das condições ambientais. Tal fenômeno está relacionado com as
propriedades físicas dos materiais e com a intensidade de variação da temperatura. Já a
magnitude das tensões desenvolvidas é função da intensidade da movimentação, do grau de
restrição imposto pelos vínculos a tal movimentação e das propriedades elásticas do material
(THOMAZ, 1989).
Um exemplo de fissura provocada por movimentação térmica externa está apresentado na
Figura 56.
Parede de
alvenaria Concreto
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 56
Figura 58 Fissuras na alvenaria e no concreto causadas pela expansão dos tijolos pela
umidade
Nível do piso
Deformação da nervura
(flecha não excessiva)
(b)
(a)
Fissuras na interface
nervura/bloco
(c)
Outro fator que contribui para que não ocorra uma perfeita monoliticidade ao conjunto é
o procedimento de desforma que é empregado na execução das nervuras. As fôrmas metálicas
geralmente são impregnadas com óleo queimado, para minimizar a aderência entre as mesmas e
as nervuras. Desta forma, as nervuras, além de apresentar uma superfície bastante lisa, ficam
com uma fina camada de óleo aderida na superfície. Tais fatores ocasionam uma perda de
aderência entre os elementos, o bloco cerâmico e a argamassa usada para preenchimento entre os
dois componentes, sendo assim um ponto preferencial à ocorrência de fissuração por ação de
cargas, por menores que sejam.
Geralmente nos encontros dos elementos em uma determinada estrutura são produzidas
tensões de tração nas faces internas e tensões de compressão nas faces externas. Os cantos
devem ser reforçados conveniente e adequadamente, pois são zonas submetidas a fortes tensões,
com distribuição complexa em função da mudança de direção dos esforços. Algumas
configurações de posicionamento inadequado e adequado das armaduras para tais locais estão
apresentadas na Figura 62.
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 58
(a) (b)
(a) (b)
(a) (b)
Figura 62 Detalhes construtivos relacionados ao empuxo (CÁNOVAS, 1988): (a)
posicionamento inadequado; (b) posicionamento adequado
As fissuras que são geradas pela ação de cargas nos elementos estruturais localizam-se,
na maioria das vezes, nas seções onde desenvolvem-se os esforços atuantes. Caso haja um
acréscimo de cargas no elemento estrutural, ou ocorram problemas relacionados à execução do
elemento, os danos costumam aparecer com relativa frequência. Um processo de fissuração em
uma estrutura pode ter as mais variadas causas, onde deve-se observar cuidadosamente a
configuração típica apresentada (distribuição no elemento, abertura, extensão e profundidade).
A ocorrência de fissuras em um determinado componente em concreto armado provoca
uma redistribuição de esforços ao longo do componente fissurado, bem como nos elementos
vizinhos, de maneira que a solicitação acaba sendo absorvida de forma globalizada pela estrutura
ou por parte dela. Contudo, deve-se deixar bem claro que tal abordagem não pode ser adotada
indiscriminadamente, pois existem casos onde não há a possibilidade de redistribuição de
tensões, em função das características dos materiais de construção, pelo nível de tensões
desenvolvidas ou pelo comportamento do sistema estrutural adotado.
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 59
Uma peça que apresenta fissuras oriundas de esforços de tração apresenta uma
manifestação típica similar à representada na Figura 63.
Tais danos costumam aparecer no apoio das vigas, progredindo até as armaduras e
atingindo o ponto de aplicação das cargas. Tal processo ocorre rapidamente, devendo-se tomar
providências imediatas para solução do problema.
As fissuras resultantes do esmagamento do concreto apresentam geralmente a morfologia
apresentada na Figura 66.
M
(a) (b)
(a) (b)
100
80
60
40
20
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Temperatura (ºC)
Nas vigas, os danos aparecem em forma de fissuras provocadas por retração, flexão ou
esforço cortante. As de retração são ocasionadas pela dilatação e posterior esfriamento e
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 64
O2, T, UR
CO2, Cl−
Iniciação Propagação
Vida Útil
Figura 75 Modelo de vida útil para estruturas atacadas pela corrosão de armaduras
(ANDRADE, 1992)
O2 Cl- CO2
Eletrólito
Concreto + poros + água
+ agentes agressivos
Cobrimento
Fe++ 2(OH)-
Armadura
2e-
Na Equação 3 está descrita a reação que forma o hidróxido de ferro [Fe(OH)2]. Contudo,
através de reações similares, são formados também o hidróxido de ferro expansivo [2Fe(OH)3] e
o óxido de ferro hidratado [Fe2O3.H2O], que também é altamente expansivo.
Os produtos de corrosão têm uma coloração marrom-avermelhada, são pulverulentos e
ocupam volumes de 3 a 10 vezes superiores ao volume ocupado originalmente pela armadura.
Tal aumento de volume causa tensões internas de tração no concreto, podendo atingir valores da
ordem de até 15 MPa.
7.3.6.1 Carbonatação
∂C ∂ 2C Equação 5
= −D 2
∂t ∂x
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⎛ x ⎞ Equação 6
C ( x, t ) = Ci + (Cs − Ci )erf ⎜ ⎟
⎝ 4tD ⎠
Onde:
Quando o concreto está exposto em um ambiente com um elevado teor de umidade, pode
ocorrer a retirada do hidróxido de cálcio presente na massa de concreto através de um fluxo de
água, em um fenômeno conhecido por lixiviação.
Neste caso, em estruturas como caixas d’água, cisternas, tanques e outras onde o concreto
esteja sujeito a tal fluxo, é comum se observar a presença de manchas brancas na superfície do
material, chegando a formar pequenas estalactites, dependendo das condições da superfície.
Neste caso ocorre lixiviação do material, onde a reação característica do fenômeno pode ser
representada pela Equação 7.
CO2 + Ca(OH)2 → CaCO3 + H2O Equação
7
Sabe-se que o hidróxido de cálcio presente no concreto endurecido é o elemento mais
agredido por soluções externas. Quando em contato com um fluxo de água, os concretos que
apresentam uma elevada porosidade (ou que apresentem algum tipo de fissura) tendem a liberar
o Ca(OH)2 que, ao entrar em contato com o dióxido de carbono existente na atmosfera, forma o
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 72
carbonato de cálcio. Tal produto é insolúvel e fica depositado na superfície do elemento. Com a
saída do hidróxido de cálcio, há uma perda de alcalinidade do concreto, tornando-o vulnerável à
ocorrência de outros fenômenos patológicos, como a corrosão de armaduras.
A gipsita formada pode entrar em contato com o aluminato tricálcico (C3A) existente no
concreto, formando o trissulfoaluminato de cálcio hidratado, ou etringita (C3A.3CaSO4.32H2O),
de acordo com a Equação 9.
Assim, com a lixiviação dos produtos de hidratação do cimento que são diretamente
responsáveis pela resistência do concreto, há uma gradativa perda de resistência do material,
onde tal processo pode levar ao colapso do elemento ou da estrutura.
Os fatores que influenciam no ataque por sulfatos são:
- A quantidade e a natureza do sulfato presente;
- o nível d’água e a sua variação sazonal;
- o fluxo de água subterrânea e a porosidade do subsolo;
- a forma da construção; e
- a qualidade do concreto.
Quando o ambiente apresenta teores elevados de sulfatos, uma forma adequada de
proteção seria limitar o teor de C3A no concreto. Algumas pesquisas mostraram que o ideal seria
empregar um cimento que tivesse um teor de tal elemento inferior a 5%. Algumas
recomendações com relação ao nível de agressividade por sulfatos foram feitas pelo ACI
Building Code 318-93, que classifica o ataque em 4 categorias (MEHTA e MONTEIRO, 1994):
- Ataque negligenciável: Quando o conteúdo de sulfatos está abaixo de 0,1% no solo
ou abaixo de 150 ppm (mg/l) na água não deve haver restrição quanto ao tipo de
cimento e à relação a/c.
- Ataque moderado: Quando o conteúdo de sulfatos no solo está entre 0,1 e 0,2%, ou de
150 a 1500 ppm na água, devem ser utilizados cimentos pozolânicos ou cimentos com
escória resistentes à sulfatos, com uma relação a/c menor que 0,5 para concretos
convencionais.
- Ataque severo: Quando o conteúdo de sulfatos no solo está entre 0,2 e 2%, ou de 150
a 10000 ppm na água, devem ser utilizados cimentos pozolânicos ou cimentos com
escória resistentes à sulfatos, com uma relação a/c menor que 0,45.
- Ataque muito severo: Quando o conteúdo de sulfatos no solo está acima de 2%, ou
acima de 10000 ppm na água, devem ser utilizados cimentos pozolânicos ou cimentos
com escória resistentes à sulfatos, de preferência com adições, com uma relação a/c
menor que 0,5 para concretos convencionais.
nas gotículas de água do ar úmido e na própria água das paredes das galerias e tanques,
condensando-se e liberando enxofre. Esse elemento favorece o desenvolvimento da micro-flora
bacteriana que, por sua vez, secretam ácido sulfúrico (H2SO4), que reagem com o Ca(OH)2 e o
C3A presentes no concreto, deteriorando-o conforme explicado no item 7.3.8.
Existe uma quantidade significativa de bactérias que podem promover a deterioração do
concreto, onde aquelas que estão presentes nos diversos ambientes e que agridem
significativamente o concreto estão apresentadas no
Quadro 8.
Quando existe o risco deste problema, a estratégia de prevenção deve incluir uma
avaliação das condições ambientais em conjunto com a suscetibilidade dos materiais
componentes da estrutura. É fundamental conhecer as características da obra, possíveis fontes de
nutrientes, condições físicas e químicas do material e do meio ambiente, assim como a inter-
relação com a população de microrganismos existentes.
Além disso, dada a natureza do problema, um estudo prático de biodeterioração envolve
uma equipe multidisciplinar, com capacitação em Microbiologia, Química, Materiais de
Construção Civil e outras áreas de Engenharia. Somente a integração destes conhecimentos torna
possível a correta interpretação dos complexos fenômenos envolvidos.
- fissurômetro;
- extensômetro (mecânico ou elétrico);
- furadeira elétrica;
- pacômetro;
- esclerômetro;
- equipamentos de acesso (escada, cavalete, entre outros); e
- equipamento de proteção individual (EPI).
Inspeção Preliminar
Avaliação
Prognóstico
Maiores Diagnóstico
Não
Informações? Recomendações
Sim
Levantamento de
Danos
Inspeção Detalhada
Plano de Trabalho
Levantamento de
Informações
Maiores
Sim
Informações?
Não
DIAGNÓSTICO
8.1 Antecedentes
8.2 Vistoria
Em tal etapa deve-se realizar uma inspeção cuidadosa da estrutura, buscando observar as
regiões com deterioração aparente e zonas onde há a possibilidade de serem encontradas
anomalias, mesmo que estas não sejam aparentes. Devem ser realizadas as seguintes observações
e medições:
a) Realizar um registro fotográfico das manifestações patológicas mais evidentes, como
deformações, manchas de corrosão, fissuras e destacamento do concreto;
b) Identificar a atmosfera aonde a estrutura está localizada;
c) Estimar a agressividade do ambiente, em nível de microclima, levando-se em
consideração o grau de umidade, ciclos de molhagem e secagem, e a presença de
agentes agressivos;
d) Retirar o cobrimento de concreto em regiões corroídas e não corroídas, registrando a
espessura de cobrimento, a redução máxima e média de redução de seção de
armadura, aspecto e cor dos produtos de corrosão e aspectos internos do concreto;
e) Medir e registrar a frente de carbonatação com fenolftaleína ou timolftaleína;
f) Medir e registrar a umidade superficial do concreto, as aberturas de fissura, extensão
e localização das mesmas;
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 78
Essa fase tem como objetivo principal coletar dados aprofundados sobre o problema
patológico encontrado, a fim de estabelecer um diagnóstico e um prognóstico correto. Como o
nível de ensaios realizados depende do tipo de dano verificado, serão apresentados como
exemplo as informações que devem ser coletadas quando uma estrutura apresenta sinais de
corrosão de armaduras.
a) Ensaios e determinações no concreto:
- espessura de carbonatação;
- reconstituição do traço de concreto;
- teor de cloretos;
- teor de umidade de equilíbrio;
- teor de sais solúveis;
- resistividade elétrica;
- absorção e volume de vazios;
- natureza e distribuição dos poros;
- resistência à compressão;
- módulo de deformação longitudinal;
- pH da solução presente nos poros do concreto; e
- concentração de cloretos e hidroxilas.
b) Ensaios e determinações na armadura:
- Bitola e tipo;
- redução do diâmetro;
- perda de massa;
- composição química; e
- resistência à tração.
c) Ensaios no sistema concreto-armadura-meio ambiente:
- Potencial de eletrodo ou de corrosão; e
- Resistência de polarização.
Exemplos da realização de inspeções e avaliações em estruturas que apresentaram danos
devido à corrosão de armaduras podem ser encontrados em CASCUDO et. al. (1995) e em
ANDRADE et. al. (1999). No Anexo 1 encontra-se apresentado uma exemplo de relatório de
vistoria realizado em uma edificação residencial.
9.1 Esclerometria
9 impactos 16 impactos
9.2 Gamagrafia
A gamagrafia é um ensaio não destrutivo que visa obter uma imagem radiográfica do
concreto, indicando o posicionamento e a natureza dos elementos imersos no material (vazios,
armaduras, bainhas de protensão, entre outros). Emprega-se a emissão de radiação gama para tal
fim, preferencialmente a produzida pelo Cobalto 60 (Co60).
Essa técnica pode ser empregada em uma das seguintes aplicações:
- Verificação da presença de fissuras, cavidades internas ou objetos estranhos na massa
de concreto;
- análise das condições das obras em concreto protendido (verificação de amassamento,
quebra de bainhas, aderência, corrosão e condições da injeção em determinados
locais);
- corrosão de armaduras;
- qualidade das juntas de concretagem;
- verificação do diâmetro e da bitola de armaduras em uma seção;
- localização de eletrodutos dentro da massa de concreto;
- reconstituição de ferragens em obras antigas;
- determinação prévia dos locais de extração de corpos-de-prova; e
- verificação da boa penetração de resinas em obras de recuperação.
Vazio
Barra de aço
Concreto
De acordo com CAMPAGNOLO et. al. (1999), na análise de projeto de estruturas devem
ser verificadas as deformações que são impostas a um determinado elemento estrutural quando o
mesmo é submetido à ação das cargas de projeto. Para se medir as deformações unidimensionais
em elementos fletidos são empregados os sensores de deformação, ou extensômetros.
O extensômetro elétrico de resistência é um elemento sensível que transforma pequenas
variações dimensionais em variações equivalentes da sua resistência elétrica. Ainda segundo
CAMPAGNOLO et. al. (1999), fazendo o controle da variação da resistência com um circuito
elétrico de alta precisão, pode-se deduzir qual a deformação imposta ao sensor. Como o conjunto
está rigidamente ligado à peça estrutural, a deformação de ambas será igual e, sabendo-se
comprimento original do extensômetro, pode-se calcular a deformação específica, que representa
a variação percentual de uma dimensão.
Algumas aplicações da extensometria elétrica podem ser resumidas nos seguintes itens:
- Verificação de falhas de concretagem;
- análise da estabilidade de estruturas;
- monitoramento de trincas ou fissuras; e
- estimativa do módulo de deformação e das tensões admissíveis no concreto.
Os componentes básicos de um extensômetro estão apresentados na Figura 84.
Elemento sensível
(grade metálica) Base
Extensômetro Proteção
Armadura
9.4 Pacometria
9.5 Ultra-Som
Gerador de Registrador
pulsos de tempo
Um gerador de pulsos envia um sinal com baixa freqüência (ultra-som) que é enviado ao
concreto através de um transdutor emissor, sendo captado por um receptor. O tempo decorrido
entre a emissão e a recepção do pulso é medido através de um registrador de tempo. Sabendo-se
tal parâmetro e determinando-se a distância entre os transdutores, pode-se calcular a velocidade
de propagação de onda através da Equação 12.
L
V= Equação
t 12
Onde:
Transdutor Transdutor
emissor receptor
fcj
h/3
Através deste ensaio procura-se medir a profundidade de penetração (em mm) de um pino
padrão no concreto, após o mesmo ser lançado com uma determinada energia cinética. Tal
ensaio fornece informações a respeito da penetração da resistência superficial do concreto, sendo
adequado para comparar concretos de diferentes qualidades com um referencial.
CREMONINI (1994) cita dois ensaios que são empregados para a avaliação da
resistência pela penetração de pinos: o Windsor Teste e o New Pine Penetration, sendo
diferenciados pelo diâmetro, comprimento do pino, energia de propulsão e campo de aplicação,
onde o primeiro é normalizado pela ASTM (ASTM C308, 1982).
Perfuração ou moldagem
do orifício
Concreto
5
O groute é um material fuido e auto-adensável no estado
recém-misturado, formulado para preencher cavidades e
Groutes subsequentemente tornar-se aderente, resistente e sem retração no estado
endurecido. Para recuperação estrutural são mais utilizados os groutes de
base epóxi ou base cimento
Tal tipo de material é comumente empregado para a realização de uma grande maioria
dos reparos superficiais nas estruturas de concreto. Podem ser empregadas argamassas
tradicionais compostas por cimento Portland, areia e água. Contudo, em função das
características de desempenho exigidas para um material de recuperação, geralmente as
argamassas são produzidas com traços especialmente formulados e acrescenta-se alguns aditivos
e/ou adições. Tais produtos são empregados principalmente para melhorar as resistências
mecânicas iniciais, minimizar a retração por secagem e a permeabilidade, proporcionar leves e
controladas expansões e elevar a aderência ao substrato.
A melhoria dessas propriedades é alcançada através do emprego de aditivos e/ou adições,
como plastificantes, redutores de água, impermeabilizantes, sílica ativa, escórias e cinza de casca
de arroz.
Desta forma, o emprego de argamassas do tipo industrializadas é geralmente mais
aconselhável, em função do controle tanto da qualidade dos materiais empregados quanto da
dosagem das mesmas para uma determinada aplicação. As características do ambiente, o tipo de
problema detectado e o tipo de uso da estrutura são pontos que devem ser observados no
momento da escolha do tipo de material a ser empregado em um reparo deste tipo.
agitados.
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 91
média de 20.000 m2/kg, sendo extremamente maior que a do cimento Portland (entre 350 e 600
m2/kg) e de qualquer outra adição utilizada em concretos. Desta forma, a sílica ativa restringe os
espaços onde os produtos de hidratação podem crescer, gerando um grande número de pequenos
cristais, ao invés de cristais grandes de pequena quantidade, onde ocorre o refinamento da
microestrutura.
Já o efeito pozolânico ocorre em função da sua constituição essencialmente silicosa não
cristalina, além da sua elevada área específica. É capaz de se combinar rapidamente com o
hidróxido de cálcio [Ca(OH)2], formando o silicato de cálcio hidratado (C-S-H) secundário, que
é o elemento responsável pela resistência mecânica nos concretos e argamassas.
10.1.1.5 Resinas
10.1.1.6 Grautes
Os grautes (ou grouts) são argamassas previamente preparadas, que têm como principais
propriedades a fácil aplicação, a elevada resistência mecânica e química e a ausência de retração.
O graute de base mineral é formado por cimento, agregados miúdos, quartzos, aditivo
superplastificante e aditivo expansor (pó de alumínio). Na obra, deve-se misturar o material com
água e aplicar o mesmo, segundo as especificações fornecidas pelo fabricante. Já o graute de
base orgânica é formulado com resinas orgânicas, cuja aglomeração e resistência se dá através
das reações de polimerização e endurecimento das resinas, sem a presença de água.
São materiais fluidos e auto-adensáveis no estado recém-misturado, com a principal
aplicação no preenchimento de cavidades, em locais densamente armados ou regiões de acesso
difícil.
• sobre a superfície limpa, seca e isenta de nata de cimento, óleo e graxa, aplicar a ponte de
aderência; e
• deve-se guardar um prazo de secagem do material (variável entre as marcas disponíveis
no mercado) para recomposição da seção.
3. Injeção de fissuras
5. Selagem de juntas
O emprego das técnicas de reforço estrutural se faz necessário no momento que se deseja
repor as condições de estabilidade da estrutura, que pode ter sido perdida devido à ação de cargas
excessivas e/ou quando a deterioração do elemento chega a níveis críticos, comprometendo a
segurança estrutural. Os principais tipos de reforços empregados nas estruturas estão
apresentados na Figura 93.
2
É uma técnica que consiste na incorporação de chapas coladas e/ou perfis
5
Chapas metálicos solidarizados aos elementos estruturais, através de resina epóxi.
Coladas/Perfis Exige uma mão-de-obra especializada para a sua execução, além de
Metálicos equipamentos adequados.
2
Aumento da capacidade portante dos elementos estruturais através de um
5 acréscimo das seções de aço e concreto. Tal técnica apresenta um baixo
Concreto
custo, se comparada com as demais formas utilizadas para o reforço de
Armado
estruturas, além de ser largamente difundida. Porém cuidados especiais
Convencional
devem ser tomados, principalmente com relação à retração que pode
ocorrer na união entre o concreto novo e o velho
2
5
Processo de colocação do concreto sob pressão. A grande força do
Concreto
choque causa um impacto sobre a superfície do concreto velho,
Projetado
melhorando assim a condição de aderência com o substrato.
2
5 Em função do seu alto custo não é muito utilizado como reforço. Porém,
em virtude das suas características de alta resistência inicial, elevada
Grautes
fluidez e aderência e baixas retrações, seu uso é justificado em situações
onde há a necessidade de um reforço urgente do elemento estrutural
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 96
Tais tipos de recuperação são recomendadas principalmente para situações onde não são
permitidas grandes alterações na geometria dos elementos estruturais e/ou onde exige-se uma
urgência na execução da recuperação.
O seu emprego ocorre nos casos onde observa-se problemas de flexão excessiva em vigas
e lajes, geralmente ocasionadas pela atuação de sobrecargas e/ou devido à falhas no projeto
(deficiências de armadura, fck inadequado) ou na execução das estruturas (posicionamento
incorreto). Ocasionalmente também podem servir para solucionar problemas de torção ou de
esforço cortante nas vigas.
Os pilares costumam ser reforçados com o uso de cantoneiras metálicas em seus quatro
cantos, sendo unidos lateralmente entre si por presilhas soldadas. A parte superior e inferior do
reforço terminam em um capitel e em uma base metálica, que geralmente são também compostos
por cantoneiras.
As principais vantagens desse tipo de recuperação são:
- Rapidez executiva;
- ausência de vibração e baixo nível de ruído;
- não necessita de instalações auxiliares importantes; e
- não utilização de materiais molhados;
O sistema de reforço composto pelas chapas ou perfis metálicos colados é composto pela
chapa metálica propriamente dita, pela resina (de preferência de base epóxi) e pela presença
adicional de chumbadores, segundo o esquema apresentado na Figura 94.
Elemento
de concreto
Resina
Chumbadores
Chapa
metálica
(a) (d)
(b)
(f)
(c)
(e)
Figura 95 Esquemas de reforços com chapas metálicas (HELENE, 1992)
O caso (a) apresenta um reforço de uma viga com as chapas dispostas longitudinalmente
ao elemento. A colocação de estribos externos (ou presilhas) ao longo da mesma viga (b) faz
parte do sistema de reforço mostrado em (a). Para o caso de reposição da armadura negativa em
lajes e/ou balanços, as chapas são utilizadas com o posicionamento mostrado no caso (c). A
adequada colocação de cantoneiras nos vértices de um pilar e a vista lateral do mesmo com a
disposição dos estribos externos estão apresentados nos casos (d) e (e), respectivamente. A
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 98
Laje
Chapa de
Capitel continuidade
Chapa de
continuidade
Núcleo de
concreto
(a) (b)
Figura 96 Continuidade do reforço metálico com peças laminadas de aço (CÁNOVAS,
1989)
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 99
Desta forma, deve-se tomar bastante cuidado com relação à adequada escolha do adesivo
epóxi a ser empregado, com o estado das superfícies a serem unidas e as propriedades dessas
superfícies. As características das chapas de reforço também têm uma importância fundamental
no processo de recuperação, onde deve-se escolher adequadamente a chapa a ser empregada para
tal fim.
Armadura de
reforço
Substrato
Novo estribo
Concreto de
reforço
Pilar original
Armadura de
reforço
Concreto de
reforço
Figura 99 Esquema de reforço em pilares com concreto convencional
3
Baseado em CÁNOVAS (1988)
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 101
Concretagem
Laje
Nos casos de reforço em concreto, deve-se escolher uma trabalhabilidade adequada para
o material, a fim de que o mesmo preencha todas as cavidades com o mínimo de vibração
possível. Assim, aconselha-se dosar um concreto com abatimento (slump) entre 18 e 20 cm.
Além disso, a dimensão máxima do agregado deve ser de, no máximo, 20 mm, a fim de que não
ocorra a formação de ninhos de concretagem nas peças recuperadas.
Geralmente tal perda é da ordem de 15 a 30% nas paredes verticais, de 25 a 50% em tetos e de 5
a 15% em pisos.
Tal tipo de recuperação está sendo paulatinamente difundida no meio técnico, em função
das elevadas características de desempenho apresentados. De acordo com CAMPAGNOLO et.
al. (1999), os polímeros reforçados com fibras (fibre reinforced polymers – FRP) vêm sendo
empregados nas indústrias aeroespacial, automotiva e naval, em função principalmente da sua
elevada resistência, baixo peso próprio, grande durabilidade e facilidade de assumir formas
complexas. São geralmente constituídas a partir de fibras de alta resistência (vidro, Kevlar,
carbono, entre outras) inseridas em uma matriz polimérica de resina. Um exemplo de reforço
com tal tipo de material está apresentado na Figura 101.
Em virtude do seu excelente desempenho, tal técnica representa uma alternativa a outras
técnicas de reforço empregadas atualmente. O baixo peso próprio e a pequena espessura dos
tecidos em fibra de carbono permitem que o aumento da seção transversal e na carga sobre as
fundações sejam minimizadas. O aumento da rigidez nas vigas reforçadas é evidente, podendo-
se verificar uma sensível diminuição nos deslocamentos e nas deformações específicas da
armadura e do concreto, além de uma efetiva diminuição nas aberturas de fissuras.
Segundo CÁNOVAS (1988), tal tipo de reforço pode ser empregado quando um
elemento horizontal (vigas e/ou lajes) atingiu limites extremos de deterioração, comprometendo
a sua estabilidade estrutural. Segundo o autor, tal técnica pode ser empregada sobre elementos
deformados e submetidos às cargas de serviço, sem necessidade de descarregar os elementos e
eliminar deles as deformações existentes. Com a protensão consegue-se fazer uma transposição
de esforços do elemento estrutural para os cabos de protensão, de tal forma que os esforços
indesejáveis de uma área da estrutura sejam canalizados para outra área mais adequada e
resistente, capaz de absorvê-los.
A protensão é empregada basicamente em lajes e vigas altamente deterioradas, com o uso
de tirantes formados por barras de aço rosqueadas em suas extremidades, postas em trabalho por
meio de porcas que transmitem a tensão para ancoragens adequadas, conforme esquematizado na
Figura 102 e na Figura 103.
Tirante
Cabo
Em casos muito especiais pode-se suprimir um pilar (Figura 104), sempre que os
elementos próximos sejam capazes de absorver as tensões causadas por essa supressão.
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 104
F
Cabo
Pilar a ser
suprimido F
O reforço de elementos através de protensão é uma técnica que exige do engenheiro uma
sólida e aprofundada formação em análise estrutural e um conhecimento adequado das
características dos materiais empregados. Além disso, a mão-de-obra para a realização de
trabalhos dessa natureza é extremamente qualificada, pois qualquer erro de projeto ou execução
pode levar à problemas de colapso dos elementos reforçados.
a) Preparação da superfície:
• Remoção da camada de nata de cimento deteriorada ou frágil;
• exposição da matriz de concreto;
• regularização da superfície (disco diamantado, jato d’água ou jato de areia);
• aplicação de argamassa epoxídica; e
• arredondamento dos cantos vivos.
b) Imprimação do substrato:
• Aplicação da ponte de aderência entre a superfície do concreto e o adesivo (com pincel
ou rolo);
c) Aplicação do reforço:
• Corte do tecido nas dimensões desejadas;
• aplicação da camada inferior de resina de impregnação sobre a superfície imprimada;
• aplicação do tecido de reforço;
• retirada do ar aprisionado através da aplicação de rolo de borracha;
• retirada do excesso de resina;
• aplicação da camada superior de resina;
• se necessário, aplicar nova camada de tecido; e
• após a cura, a camada pode receber reboco, proteção contra o fogo ou pintura de qualquer
natureza.
11
Refo rço de
Fundação
12 13
14 15 16 17
20
20
C o ncreto S im ples:
18
T ubulão T ubulão
A licerce
B loco 21
A licerce M egas:
B loco 19
de C oncreto
C o ncreto C icló pico : M etálicas
A licerce
B loco 25
C o nvencio nais:
M adeira
C oncreto
M etálica
R aiz
Figura 106 Classificação das técnicas de reforço das fundações (ARANHA, 1994)
SOUZA, V.; RIPPER, T. Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto. Ed. PINI,
São Paulo, 1998. 255p.
THOMAZ, E. Trincas em Edifícios: Causas, Prevenção e Recuperação. Ed. PINI, São Paulo,
1988. 194p.
Danos nas Edificações − Prof. Dr. Jairo José de Oliveira Andrade 110
ANEXO 1
RELATÓRIO TÉCNICO
EDF. RITZ
Este relatório tem como objetivo a realização de uma análise das manifestações
patológicas encontradas na estrutura e áreas adjacentes ao Edf. Ritz, localizado em Jardim
Atlântico, Olinda.
2. DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA
3. METODOLOGIA DE INSPEÇÃO
4. DANOS OBSERVADOS
- Apartamento 01
-
No momento da realização da vistoria tal unidade encontrava-se desocupada, onde
observou-se nenhum tipo de problema tanto nas paredes quanto no teto do apartamento.
- Apartamento 02
Deformação da nervura
(flecha não excessiva)
(b)
(a)
Figura 107 Disposição das nervuras na laje do apartamento tipo (a); esquema de
deformação da nervura (b); fissura devido à flecha (admissível) (c)
Vale salientar que tais fissuras não oferecem riscos à segurança das lajes, pois não se
apresentam transversalmente nas nervuras, o que caracterizaria fissuras de flexão nas mesmas,
podendo chegar ao colapso.
Outro fator que contribui para que não ocorra uma perfeita monoliticidade ao conjunto é
o procedimento de desforma que é empregado na execução das nervuras. As fôrmas metálicas
geralmente são impregnadas com óleo queimado, para minimizar a aderência entre as mesmas e
as nervuras. Desta forma, as nervuras, além de apresentar uma superfície bastante lisa, ficam
com uma fina camada de óleo aderido na superfície. Tais fatores ocasionam uma perda de
aderência entre o bloco cerâmico e a argamassa usada para preenchimento entre os dois
Jairo José de Oliveira Andrade 114
Eng. Civil, M.Sc.
componentes, sendo assim um ponto preferencial à ocorrência de fissuração por ação de cargas,
por menores que sejam.
A Construtora realizou uma pequena intervenção no pavimento superior (apartamento
102) em setembro de 2000, onde não se verificou a reincidência de tal problema.
- Apartamento 03
Verificou-se a presença de uma fissura paralela à direção das nervuras da laje de teto na
entrada do apartamento. A origem da mesma está relacionada aos mesmos motivos apresentados
para o caso do apartamento 02 (deformação de uma das nervuras da laje), onde a mesma não
apresenta perigo algum para a estrutura. Não observou-se nenhum tipo de alteração nas paredes
da unidade.
- Apartamento 101
Não observou-se nenhum tipo de dano nem nas paredes nem no teto do apartamento.
- Apartamento 102
Em tal unidade observou-se a presença de uma fissura que começa no corredor, passando
pelo banheiro e pelo quarto de serviço, seguindo paralela à posição de colocação das nervuras da
laje. Observou-se que a mesma prolonga-se pela parede do quarto subindo até o nível da janela.
Tal ocorrência está relacionada à deformação de uma das nervuras individuais que compõem a
laje, segundo o mesmo mecanismo observado para o caso do apartamento 02.
De acordo com o morador, tal problema começou em março de 2000, sendo resolvido em
setembro do mesmo ano, quando a Construtora colocou uma malha de armadura na superfície da
laje, recompondo posteriormente o revestimento. Esse procedimento tornou mais monolítico o
conjunto, onde o processo de deformação foi totalmente contido.
- Apartamento 103
23
Apartamento 2
9,0
Apartamento 01 Apartamento
03
Circulação
A
Locais de fissuração
Muro
B
Vista Vista BB’
A A’
As paredes são bastante sensíveis aos esforços de tração gerados pelo recalque, que
podem causar uma ruptura nos elementos, principalmente próximo às aberturas, que são os
pontos mais frágeis do painel. Já que o recalque consiste em um pequeno deslocamento angular a
partir do nível do solo, as fissuras nos pavimentos superiores apresentariam uma maior abertura
que aquelas localizadas nos pavimentos inferiores. Para o caso do Edf. Ritz, caso a hipótese de
recalque fosse confirmada, seriam observadas fissuras com tal tipologia principalmente nos
apartamentos 01 e 101 que estão na área afetada. Contudo, não foram observados danos dessa
natureza (interna ou externamente) com essa configuração nessas unidades.
Além disso, tem-se que problemas de recalque ocorrem basicamente quando a capacidade
resistente do solo é menor que as cargas atuantes. Como o nível de tensões que são transmitidas
ao terreno pela estrutura são baixos em função da pouca carga existente (apenas 1 pavimento
superior), a hipótese de recalque por excesso de cargas deve ser descartada.
Segundo a análise realizada, a origem dessas fissuras está relacionada com um pequeno
deslocamento que ocorreu na base do muro próximo à edificação, conforme esquematizado na
Figura 110 (vista do corte AA apresentado na Figura 108).
Jairo José de Oliveira Andrade 117
Eng. Civil, M.Sc.
Fissuras
P D
Aterro 60 cm
E
Através das análises realizadas verificou-se que a estrutura encontra-se em perfeito estado
de conservação. Não observou-se a presença de danos que pudessem vir a comprometer a
segurança estrutural da edificação. As poucas fissuras existentes em algumas das unidades
relacionadas à deformação diferencial das nervuras das lajes foram os danos incidentes. Através
da verificação das condições de movimentação das fissuras (ativas ou passivas), providências
distintas devem ser estabelecidas.
Verificou-se que as fissuras existentes no piso da área externa são causadas por um
assentamento posterior do aterro, devido à uma pequena deformação ocorrida no muro adjacente
à construção. Desta forma, as mesmas não têm implicações sobre a estabilidade e/ou segurança
da estrutura.
Vale salientar que toda e qualquer modificação que seja necessária nas paredes da
estrutura deve ser acompanhada de um profissional qualificado, onde a possibilidade da abertura
de vãos e/ou remoção completa de paredes deve ser estudada com bastante critério, pois tais
alterações modificam o esquema de transferência de cargas para as paredes, gerando
descontinuidades nos painéis.
Também é importante colocar a importância das atividades de manutenção que deve ser
dada no prédio. As recomendações para manutenção de prédios em alvenaria estrutural já foram
apresentadas pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de
Pernambuco (CREA/PE) sob a forma de uma apostila, onde os principais pontos estão colocados
no próximo item.
• Infiltrações nas esquadrias de fachadas, nas paredes, nos tetos, nas varandas e nos
reservatórios superiores;
• deformações em peças estruturais, a exemplo de lajes e alvenaria, ocasionando algumas
fissuras e rachaduras;
• deterioração das peças estruturais com exposição das armaduras, no caso das vigas e pilares
em concreto armado;
• vazamentos nas canalizações de água e esgoto;
• curtos-circuitos e incêndios provocados por deficiência nas instalações elétricas;
• choques elétricos e queima de aparelhos eletrodomésticos; e
• deficiência e até ausência do sistema de prevenção e combate a incêndios (extintores);
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS