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CAMPINA GRANDE – PB
2023
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CAMPINA GRANDE – PB
2023
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.…………………………………………………………………………….4
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………………9
REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………..10
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1 INTRODUÇÃO
e, por conseguinte, esse nome representava, ainda, o desprezo dos colonizadores em relação aos
indígenas desse grupo.
Entre os indígenas do grupo Tapuia, estavam o Tapuias Cariris, que habitaram, no início,
o litoral da região Nordeste, entre o Maranhão e a Bahia, até serem expulsos pelos povos do
grupo litorâneo, Tupiniquins e Tupinambás. Em seguida, quando se estabeleceram no interior e
nos sertões nordestinos, estavam divididos entre tribos distintas, dentre as quais pode-se
destacar: os Surucus, os Bultrins, os Arius, os Pegas, os Panatis, os Coremas, os Paiacus, os
Janduís, os Tremembés, os Icós, os Pajokes e os Aponorijons. Diante disso, destacamos, os
Cariris dentre os povos do grupo Tapuia, pelo fato deles serem considerados protagonistas da
"Guerra dos Bárbaros", caracterizada como um conflito realizado entre os colonizadores e os
indígenas, como forma de resistência à exploração.
Em relação ao termo “Guerra dos Bárbaros”, evidenciamos que este explicita a relação
entre os colonizadores e os indígenas, mais especificamente a imagem que os europeus, tanto
os cronistas quanto os participantes desse conflito, tinham dos Tapuias, representando-os como
bravos, ferozes e indomáveis, caracterizando “uma impressão de extrema “primitividade”
(PIRES, 1990, p. 28). De acordo com Pires (1990), esse termo não apenas expressou a
consciência da valentia que os indígenas possuíam para resistirem às invasões europeias, mas
também exprimiu a noção de que a “primitividade” indígena, relacionada a não subordinação
desses povos aos colonizadores, serviria como justificativa para a aniquilação da maioria desses
indígenas.
Para além disso, cabe destacar que os colonizadores utilizaram muitas táticas para
enfraquecer a resistência indígena. Eles se aproveitavam, por exemplo, das discordâncias entre
as tribos indígenas, intensificando-as com o intuito de ocupar o seu território, por meio da
divisão e, consequentemente, da dominação dessas tribos. Pires (1990) menciona como
exemplo disso, a rivalidade entre as tribos dos Paiacu e dos Janduí, tendo em vista que os
colonizadores portugueses intensificaram a violência entre elas para desmobilizá-las do
conflito, a fim de dominá-las.
Nesse cenário, embora muitas tribos tenham resistido aos ataques dos colonizadores,
tanto isoladas quanto aliadas, algumas batalharam contra outros grupos Tapuias, em prol dos
colonizadores, confirmando que os indígenas inseridos no grupo Tapuia não era um todo
homogêneo, como defendiam os colonizadores. Entretanto, Pires (1990) menciona que as
desavenças entre as tribos já existiam antes da chegada dos europeus, mesmo que esses
desentendimentos sejam utilizados contra os próprios grupos. Por outro lado, quando aliadas,
as tribos tiveram a sua resistência ampliada, amenizando suas rixas para combaterem os
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para que os habitantes pudessem construir uma fazenda e lucrarem com a criação de gado.
Nessa lógica, de acordo com Pires (1990), alguns sesmeiros que obtiveram influência, tanto
econômica quanto política, por terem, também, participado da “Guerra dos Bárbaros”, foram
Manuel Alvares de Moraes Navarro, Matias Cardoso de Almeida e Domingos Jorge Velho.
O cedimento das sesmarias, nesse contexto, tinha como propósito, para os
colonizadores, o auxílio dos habitantes para eliminar rapidamente os indígenas. Por isso,
concordamos com Pires (1990), ao dizer que o maior empecilho para a expansão e para o
desenvolvimento da pecuária foi a resistência indígena dos Tapuias, tendo em vista que o
mercado pecuarista só se fortaleceu quando teve fim a “Guerra dos Bárbaros”, sem a presença
dos indígenas, por terem sido “derrotados” neste conflito contra os colonizadores.
No que diz respeito ao alastramento das fazendas de gado, Pires (1990) indica que elas
acompanhavam as margens dos rios, tendo em vista que a água era um elemento essencial para
que houvesse a ocupação do território. Um dos rios referenciados ao se discutir acerca da
“Guerra dos Bárbaros”, além do São Francisco, do Parnaíba e do Jaguaribe, é o Açu, no Rio
Grande do Norte, pois, como indica Pires (1990), foi as margens desse rio que houveram alguns
dos principais confrontos entre os indígenas e os colonizadores, no Nordeste colonial. Por isso,
a “Guerra dos Bárbaros” pode ser denominada, também, como a “Guerra do Açu”.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
PIRES, Maria Idalina da Cruz. “Guerra dos Bárbaros”: resistência indígena e conflitos no
Nordeste colonial. Recife: FUNDARPE, 1990.