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A estrutura do conhecimento nas universidades

ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os


quatro genocídios/epistemicídios do longo século
XVI.
RAMÓN GROSFOGUEL
Sobre o artigo: É uma versão modificada da revista:
Sociedade e estado. 2016.

Foi escrito originalmente pelo sociólogo Ramón Grosfoguel


que é professor do departamento de estudos Étnicos da
Universidade de Califórnia.
Introdução
•O cânone do pensamento

"Como é possível que o cânone do pensamento em todas as


disciplinas da ciência sociais e humanidades nas
universidades ocidentalizadas (Grosfoguel, 2012) se baseie no
conhecimento produzido por uns poucos homens de cinco
países da Europa ocidental ( Itália, França, Inglaterra,
Alemanha e Estados Unidos) ?"
Filosofia Cartesiana
•O elo perdido entre :
"Penso longo existo" e " conquisto logo existo"
• O ego coquiro, ego cogito e os quatros genocídios/ epistemicidios ao longo do século
XVI.
1. Contra os muçulmanos e judeus na conquista de AL-Andalus em nome da "pureza do
sangue;
2. Contra os povos indígenas do continente americano, primeiro e depois, contra os
aborígenes da Ásia ;
3. Contra africanos aprisionados em seus territórios e, posteriormente escravizados no
continente americano; e
4. Contra as mulheres que praticavam e transmitiam o conhecimento indo-europeu na
Europa, que foram queimadas vivas sob a acusação de serem bruxas. "
A conquista de AL-Andalus: genocídio/epistemicídio
contra os muçulmanos e os judeus
•Conquista de Al-Andalus fim do século XV;

•Limpeza étnica no território de Al-Andalus


produziu um genocídio físico e cultural contra
muçulmanos e judeus;

•“Pureza do Sangue”.
A conquista das Américas e a conquista de Al-Andalus:
genocídio/epistemicídio contra povos indígenas, marranos, mouriscos e
africanos

•Relação entre a conquista de Al-Andalus e a conquista das Américas;


•Genocídio e epistemicídio caminharam juntos no processo de
conquistas das Américas e de Al-Andalus;
•A conquista da América afeta a conquista dos mouriscos e marranos;
•Novo imaginário, nova hierarquia racial;
•Caracterização dos indígenas por Colombo como “Povos sem
religião”;

•Racismo religioso é o primeiro elemento racista do “sistema-


mundo patriarcal, eurocêntrico, cristão, moderno e
colonialista”;

•O conceito de “Pureza de sangue” adquiriu um novo


significado;

•Os velhos discursos discriminatórios transformaram-se na


dominação racial moderna;
Julgamento de Valladolid, em 1552
Bartolomé de Las Casas Gines Sepúlveda

Os "índios" têm alma, mas são Os “índios” eram seres “sem


bárbaros a serem cristianizados alma”

Discurso racista cultural Discurso racista biológico


"primitivos as serem civilizados" "povos sem biologia humana"
•O racismo institucional consolidou-se como princípio organizador da
divisão internacional do trabalho e da acumulação capitalista em
escala mundial.

•Substituição dos “índios” pelos africanos no trabalho escravo;

•O racismo religioso foi complementando, ou substituído, pelo


racismo de cor;

•Epistemicídio foi inerente ao genocídio;


A conquista da mulher indo-europeia:
genocídio/epistemicídio contra a mulher
•A perseguição dessas mulheres começou na Baixa Idade Média,
mas intensificou-se nos séculos XVI e XVII com o advento das
estruturas “modernas, coloniais, capitalistas e patriarcais” de poder.
•“Os “livros” eram os corpos das mulheres e, de modo análogo ao
que aconteceu com os códices indígenas e com os livros
muçulmanos, elas foram queimadas vivas”.
Consequência dos quatro genocídios/espistemicídios para as estruturas globais
de conhecimento: a formação de estruturas epistêmicas sexistas e a esperança
por um mundo futuro transmoderno

•As universidades internalizaram as estruturas racistas/sexistas


criadas pelos quatro genocídios/epistemicídios do século XVI.

• Transmodernidade de Dussel;

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