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Correlação do uso do celular e dor cervical em influencer digital

do litoral leste do Ceará

Correlation of cell phone use and cervical pain in digital


influencer of the east coast of Ceará

DOI: 10.54022/shsv3n3-007

Recebimento dos originais: 05/05/2022


Aceitação para publicação: 01/07/2022

Maria Vanessa dos Santos Costa


Graduação em Fisioterapia
Instituição: Centro Universitário do Vale do Jaguaribe (UNIJAGUARIBE)
Endereço: Rodovia CE-040, Km 138, S/Nº, Aeroporto, Aracati – CE
E-mail: vanessasantos00052@gmail.com

Lílian Tayná da Silva Raulino


Graduação em Fisioterapia
Instituição: Centro Universitário do Vale do Jaguaribe (UNIJAGUARIBE)
Endereço: Rodovia CE-040, Km 138, S/Nº, Aeroporto, Aracati – CE
E-mail: liliantayna13@gmail.com

Jorge Luiz da Silva


Graduação em Fisioterapia
Instituição: Centro Universitário do Vale do Jaguaribe (UNIJAGUARIBE)
Endereço: Rodovia CE-040, Km 138, S/Nº, Aeroporto, Aracati – CE
E-mail: jorge3luiz3@gmail.com

Ana Luzia Ferreira Amaral


Graduação em Fisioterapia
Instituição: Centro Universitário do Vale do Jaguaribe (UNIJAGUARIBE)
Endereço: Rodovia CE-040, Km 138, S/Nº, Aeroporto, Aracati – CE
E-mail: annamaral45@hotmail.com

Reniely Tavares Silva


Graduação em Fisioterapia
Instituição: Centro Universitário do Vale do Jaguaribe (UNIJAGUARIBE)
Endereço: Rodovia CE-040, Km 138, S/Nº, Aeroporto, Aracati – CE
E-mail: nielyzinha11@gmail.com

Larissa de Oliveira Mendes


Graduação em Fisioterapia
Instituição: Centro Universitário do Vale do Jaguaribe (UNIJAGUARIBE)
Endereço: Rodovia CE-040, Km 138, S/Nº, Aeroporto, Aracati – CE
E-mail: larissamendes141996@gmail.com

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Roque Ribeiro da Silva Júnior
Mestrando em Saúde e Sociedade
Instituição: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)
Endereço: R. Atirador Miguel Antônio da Silva, S/N°, Aeroporto, Mossoró – RN
E-mail: roquejunior@alu.uern.br

José Ossian Almeida Souza Filho


Mestre em Bioquímica
Instituição: Centro Universitário do Vale do Jaguaribe (UNIJAGUARIBE)
Endereço: Rodovia CE-040, Km 138, S/Nº, Aeroporto, Aracati – CE
E-mail: ossian@fvj.br

RESUMO
Atualmente, existem 3,4 bilhões de usuários de smartphones em todo o mundo.
Trata-se de equipamentos mais sofisticados, com um sistema operacional mais
avançado, que oferecem várias conveniências, tais como diversos software e
aplicativos. O uso inadequado destes smartphones, por longos períodos, pode
provocar problemas posturais, sendo a flexão do pescoço o mais comum, além
disso são comuns os quadros álgicos, em que a dor cervical tem destaque.
Estima-se que esta seja a quarta principal causa de morbidade e incapacidade
global, podendo ser atribuída a comportamentos do dia a dia. Neste contexto
tecnológico, surge a figura do digital influencer, que utiliza a internet para divulgar
produtos e serviços, influenciando seguidores ao consumo de forma mais natural.
Assim, o presente trabalho tem como objetivo correlacionar a incidência de dor
cervical em digital influencer do litoral leste do Ceará. Trata-se de um estudo
transversal, descritivo, observacional, com abordagem quantitativa, o qual foi
realizado nas cidades de Cascavel, Beberibe e Aracati. O instrumento usado para
a coleta dos dados foi o questionário eletrônico NDI, a fim de avaliar a
incapacidade funcional dos influencers, além da escala EVA, que avalia a
intensidade da dor. Com os resultados obtidos, ficou evidente que as dores
cervicais são incidentes em digitais influencers, uma vez que 50% da amostra
obtiveram dor cervical associada a dores de cabeça. Ficou evidente que as dores
cervicais são incidentes em digitais influencers, podendo estas serem
correlacionadas ao uso do celular no exercício de tal atividade laboral.

Palavras-chave: digital influencer, cervicalgia, smartphone.

ABSTRACT
Currently, there are 3.4 billion smartphone users worldwide. These are more
sophisticated equipment, with a more advanced operating system, which offers
several conveniences, such as various software and applications. The
inappropriate use of these smartphones, for long periods, can cause postural
problems, with neck flexion being the most common. In addition, pain conditions
are common, where neck pain stands out; it is estimated that this is the fourth
leading cause of morbidity and global disability, which can be attributed to day-to-
day behaviors. In this technological context, the figure of the digital influencer
appears, who uses the internet to promote products and services, influencing
followers to consume in a more natural way. The present work aims to correlate
the incidence of neck pain in a digital influencer from the East Coast of Ceará. This

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is a cross-sectional, descriptive, observational study with a quantitative approach,
which was carried out in the cities of Cascavel, Beberibe and Aracati. The
instrument used for data collection was the NDI electronic questionnaire, in order
to assess the influencers' functional disability, in addition to the VAS scale, which
assesses pain intensity. With the results obtained, it was evident that cervical pain
is incident in digital influencers, since 50% of the sample had cervical pain
associated with headaches. In the analysis of the NDI questionnaire, 67.70% of
the surveyed public had their functional capacity preserved; however, in the
Person correlation between the NDI and VAS variables, it was evidenced that there
is no correlation between disability and pain intensity. It was evident that cervical
pain is incident in digital influencers, which can be correlated to cell phone use in
the exercise of such work activity.

Keywords: digital influencer, neck pain, smartphone.

1 INTRODUÇÃO
Atualmente, existem 3,4 bilhões de usuários de smartphones em todo o
mundo. Em relação a telefones em geral, os smartphones são bem mais
sofisticados, modernos e com um sistema operacional mais avançado, oferecendo
várias conveniências e diversos softwares e aplicativos. Desse modo,
preocupações com distúrbios musculoesqueléticos são, frequentemente,
associadas à crescente popularidade desses dispositivos e seu uso intenso.
(NAMWONGSA et al., 2017).
O uso de smartphones, de forma inadequada e por longos períodos, pode
provocar problemas posturais, dentre estas, a flexão do pescoço é a mais comum.
Estudos apontam que usuários de smartphones relatam dor no pescoço, ombros,
mãos e dedos, tendo um aumento significativo da dor com a utilização frequente
dos dispositivos. (LEE; KANG; SHIN, 2014). Neste contexto tecnológico, surge a
figura do digital influencer, alguém que utiliza a internet para divulgar produtos e
serviços, capaz de influenciar multidões de seguidores, com objetivo principal de
influenciar o consumo de usuários da rede de forma mais natural.
Além disso, os influenciadores, também, são empreendedores por
excelência, uma vez que fecham parcerias com marcas e, através de conteúdos
criativos, impulsionam suas vendas. Ainda, possuem seguidores altamente
engajados, que interagem com o conteúdo criado, curtindo, comentado e
compartilhando, influenciando, também, no comportamento e no estilo de vida.

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Neste ínterim laboral, são comuns os quadros, especialmente devido ao
uso exacerbado dos smartphones, sendo a dor cervical a principal queixa. Trata-
se da quarta principal causa de morbidade e incapacidade global, a qual pode ser
atribuída a comportamentos do dia a dia. Além disso, variados são os fatores de
risco que estimulam o desenvolvimento da cervicalgia, incluindo genética, trauma,
psicopatologia, posturas viciosas no trabalho e práticas de atividade física.
(POPESCU; LEE, 2019).
Nesse sentido, as inúmeras variáveis da dor cervical podem ser
classificadas e estão associadas a outro fator específico ou não. Deste modo, a
classificação mais significativa separa a dor cervical em radicular, que tem origem
em um dano neurológico a nível de tecido nervoso (nervos e gânglios), e o não
radicular, que são lesões relacionadas a outros tecidos, como muscular, articular
e ósseo. (COHEN; HOOTEN, 2017). Em países de primeiro mundo, a taxa de
cervicalgia é ciclópica, com isso, cerca de 7,6% da população mundial terá um
episódio patológico relacionado a esta disfunção. Indivíduos do sexo feminino e
de meia idade têm maior predisposição a ter a enfermidade supramencionada,
sem falar que, nos Estados Unidos, é um dos fatores que mais afasta profissionais
do mercado de trabalho, gerando, assim, despesas bilionárias aos cofres públicos.
(COHEN; HOOTEN, 2017).
Segundo Landenfeld et al. (2015), é possível classificar a dor cervical
conforme 4 graus, sendo eles: Grau I – Sem indicativo de patologia e nenhuma
intervenção nas atividades de vida diárias; Grau II – Ausência de patologia, mas
com interferência nas atividades de vida dirias; Grau III – Presença de dor no
pescoço com sinais e sintomas neurológicos; e Grau IV – Dor no pescoço com
indicativo de patologia principal. O presente estudo justifica-se por ter poucos
estudos relacionados a este público de abrangência. É notório o crescente uso de
smartphones para vários fins, inclusive como ferramenta de trabalho para
influenciadores digitais. Dessa forma, a temática será fundamental para elucidar
aos usuários em geral que o uso demasiado de smartphones pode provocar má
postura, associada a distúrbios musculoesqueléticos e cervicalgia.
Com o crescente número de usuários de dispositivos móveis no Brasil e
com o advento da profissionalização de influenciadores digital, há a necessidade

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de conhecer quais disfunções cervicais podem estar ligadas ao seu uso bem como
traçar, de forma clínica, as alterações cervicais em digitais influencers.
Portanto, o presente estudo tem como objetivo correlacionar a incidência
de dor cervical em digitais influencers do litoral leste do Ceará.

2 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal, descritivo, observacional, com
abordagem quantitativa. O estudo transversal tem como objetivo o levantamento
e a análise de dados em que o pesquisador não interage com o grupo, senão por
dados coletados e observados na avaliação. Suas características essenciais são:
a definição a população de interesse, o estudo da população através de amostras
ou censo, a decisão da presença ou ausência do desfecho e a exposição de cada
indivíduo estudado. (BASTOS; DUQUIA, 2007).
Desse modo, os estudos observacionais podem ser descritivos ou
analíticos, os quais definem uma população de interesse e avaliam, de forma
individual ou global, aquele grupo investigado, analisando a ligação entre fatores
e desfechos sem intervir de maneira direta na relação analisada. Os estudos
descritivos são imprescindíveis quando há pouco conhecimento sobre
determinado assunto. A abordagem quantitativa utiliza-se de técnicas estatísticas,
que verificam hipóteses adquiridas na coleta de dados quantificáveis, as quais
serão classificadas e analisadas. (ARAGÃO, 2011).
A pesquisa foi realizada durante o mês de abril de 2022, na macrorregião
do litoral leste do Ceará, que é composta por 3 cidades: Cascavel, Beberibe e
Aracati. Antes de iniciar a coleta dos dados da pesquisa, foi realizada uma reunião
com os digitais influencers, explicando como esta iria ser executada e os seus
objetivos. Em seguida, foi entregue para cada indivíduo um termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE), sendo sanadas todas as dúvidas dos
participantes. A pesquisa somente foi realizada mediante a assinatura do termo,
em duas vias, em que uma ficou com o participante, e a outra foi entregue para o
pesquisador. O participante teve um prazo de 10 dias para entregar o referido
termo.
Posteriormente, os participantes informaram ao pesquisador o e-mail que
desejam contato para, com isso, serem avaliados através de dois formulários,

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aplicados de forma remota, através do Google forms.
Dessa forma, como instrumentos para avaliação, foram aplicados dois
formulários. Um deles foi elaborado pelo pesquisador, denominado de “Formulário
de Cervicalgia para Digitais Influencers (FCDI)”, com tópicos, como idade, sexo,
horas que passa usando o celular bem como informações socioeconômicas e
laborais desses indivíduos. Já do ponto vista clínico e álgico, os indivíduos
passaram pela aplicação de um segundo formulário, denominado Neck Disability
Index (NDI), o qual contém questionamentos sobre a intensidade de dor, cuidados
pessoais, hábitos, como levantar objetos, leitura, cefaleias e trabalho. Tal
questionário foi elaborado e validado, no Brasil, por Cook e Chad (2006).
Como critério de inclusão, era necessário ser digital influencer da região
leste do Ceará, com 4 mil seguidores ou mais, na rede social Instagram. Por sua
vez, os critérios de exclusão foram: digitais influencers que não tenham um
número significativo de engajamento nas redes sociais, aqueles que já haviam
sido denunciados por não seguir as regras éticas estabelecidas pela plataforma
Instagram e que não tenham residência fixa na região litoral leste do Ceará.
Este estudo atendeu às normas e parâmetros éticos em estudos com seres
humanos, com aprovação no Comitê de Ética em pesquisas humanas da
Faculdade do Vale do Jaguaribe – FVJ, sob o número de CAAE
56221822.0.0000.9431 e com parecer 5.296.291, com status de aprovado no dia
17 de março de 2022.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A amostra foi composta por 12 participantes, que responderam à pesquisa.
Apresentaram idade média e desvio padrão iguais a 24 ± 5, sendo a maioria do
sexo feminino, representando 66,70%. Além disso, dentre os digitais influencers,
66,70% dos participantes recebem dinheiro por suas atividades, sendo 83,30%
aqueles que recebem permutas por suas atividades.
Quanto à média de horas de uso diário do celular, aqueles que utilizaram
de 3 a 6 horas representam 16,70% do total; os influenciadores que fazem uso do
aparelho cerca de 6 a 12 horas por dia correspondem à maioria do público
participante, com a porcentagem de 75%; e mais de 12 horas de uso equivale a
8,30%, sendo está a menor porcentagem. Quanto aos graus de movimento

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cervical durante o uso do celular, a posição de 0° e 60° corresponde à
porcentagem de 8,30%, 15° representa 16,70% e 30° corresponde a 66,70% dos
influencers.
Os dados supracitados foram organizados e apresentados na tabela 1

Tabela 1: Dados socioeconômicos dos influencers digitais.


24±5
Idade/Média e Desvio Padrão 5
Sexo
Masculino n=4 33,30%
Feminino n=8 66,70%
Recebe Dinheiro Por Suas Atividades
Sim n=8 66,70%
Não n=4 33,30%
Recebe Permuta Por Suas Atividades
Sim n=10 83,30%
Não n=2 16,70%
Média de Horas Usando o Celular
3 a 6 horas n=2 16,70%
6 a 12 horas n=9 75%
> 12 horas n=1 8,30%
Graus de Movimento Cervical Durante Uso do Celular
0° n=1 8,30%
15° n=2 16,70%
30° n=8 66,70%
60° n=1 8,30%
Fonte: Autores da pesquisa (2022).

Assim, tais dados são corroborados pelo estudo de Nunes et al. (2021), que
teve como objetivo o uso do smartphone e sua relação com as dores cervicais,
contando com 96 indivíduos. Ficou evidente que o público jovem é o maior usuário
do devido equipamento, uma vez que este estudo apresentou uma média de idade
e desvio padrão /21±2. Ainda, ficou notório que o público feminino é predominante,
sendo 67% da amostra quanto ao uso do smartphone.
Além disso, o estudo de Souza (2019), que teve objetivo análogo ao
supracitado, contou com uma amostra de 48 indivíduos. Ficou evidente,
novamente, que o público jovem representa um maior quantitativo, apresentando
média de idade e desvio padrão de 24±5, de modo semelhante à presente
pesquisa. Por outro lado, quanto ao sexo, foi evidenciado, neste estudo, que a
população masculina foi maioria, sendo composta por 54% da amostra.
De modo semelhante à pesquisa, quanto à permuta e aos recursos
pecuniários, foi observado, nos estudos Gonçalves et al. (2020), que sua amostra
ou recebe permuta ou dinheiro sobre suas atividades em redes sociais, sendo que

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as permutas foram mais frequentes e em maior porcentagem. Por outro lado,
Nunes et al. (2021) constataram que, em sua amostra, é mais evidente a
remuneração financeira pelas atividades exercidas no âmbito de redes sociais.
Nesse contexto, Ribeiro et al. (2019), os quais contaram 25 com
indivíduos no seu estudo, observaram se o tempo de uso do smartphone tinha
relação com aparecimento de dor cervical. De modo análogo aos dados do
presente estudo, foi constatado que a maioria da amostra (65%) utilizava o celular
por volta de 5 a 12 horas durante o dia. Já a pesquisa de Karling, El Haijar e Souza
(2021), que teve objetivo semelhante e contou com uma amostra de 147
indivíduos, mostrou que a minoria da amostra anteriormente citada (19%) faz o
uso por mais de 11 horas do equipamento. Em ambos os estudos, a angulação
cervical durante o uso foi de 30°, indo ao encontro dos dados da presente
pesquisa.
Os dados obtidos mediante a escala de dor EVA – Escala Visual Analógica,
que consiste em auxiliar na avaliação da intensidade da dor do paciente,
apresentam a média e desvio padrão correspondente a 4.5± 2. Em relação à dor
cervical associada, dentre os digitais influencers que participaram da pesquisa, 3
participantes (25% da amostra) não têm associação de fator dor; outros 3
participantes sentem dor irradiada para o membro; por outro lado, os resultados
revelaram diferença significante, sendo que 50% dos digitais influencers (6 dos
participantes) relataram a presença de dor cervical, associada a dores de cabeça.
Com relação à coleta de dados desta pesquisa, foi utilizado o NDI, que tem
como finalidade avaliar a incapacidade em pacientes com dor cervical. Diante dos
dados obtidos, 66,70% dos participantes apresentaram capacidade funcional
preservada, enquanto 33,30% relataram incapacidade funcional leve.
A correlação Person entre a EVA e a média de horas de uso do celular, em
que p: 0.10, mostra que não há correlação entre os dois fatores, visto a análise
dos dados que, independentemente do tempo de uso do celular, não há
associação com dor. A correlação da EVA com os graus de movimento cervical
durante o uso do celular, onde p: 0.05, mostra que o posicionamento cervical,
enquanto se faz o uso do smartphone, não é indicativo de dor. Quando aplicado
à correlação de Person entre as variáveis NDI e EVA, ficou evidente que não há
correlação, pois p: 0.10; ficaram próximo ao zero e, quanto mais próximo de zero,

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menos correlação haverá.
Os dados supracitados foram organizados e apresentados na tabela 2.

Tabela 2: Perfil da capacidade funcional e álgico de influencers digitais


EVA / Média e Desvio Padrão 4.5± 2
Dor Cervical Associada
Não Tem Associação de Fator n=3 25%
Com Irradiação Para o Membro n=3 25%
Com Dores de Cabeça n=6 50%
NDI
Capacidade Funcional Preservada n=8 66,70%
Incapacidade Funcional Leve n=4 33,30%
Incapacidade Funcional Moderada n=0
Incapacidade Funcional Grave n=0
Correlação Person
EVA + Média Horas - p: 0.10
EVA + Graus de Movimentos Cervical Usando Celular - p: 0.05
NDI + EVA - p: 0.10

Fonte: Autores da pesquisa (2022).

Nesse sentido, Prestes et al. (2019) realizaram um estudo com crianças e


adolescentes do ensino fundamental e médio, com uma amostra de 124
indivíduos, avaliando o uso do celular relacionado à dor. De forma contrária ao
visto na tabela 2, a pesquisa apresentou uma média de dor entre os participantes
de 7 na escala visual analógica; além disso, 52% da amostra referiram dor cervical
associada ao aparecimento de cefaleia, com 32%, apresentando, assim,
incapacidade funcional leve quando avaliado pelo Neck Disability Index.
Já os estudos conduzidos por Andrade et al. (2020) contaram com uma
amostra de 16 indivíduos. Quanto à média de dor, foi observado que ficou 3 na
escala EVA; quanto à associação, a maioria da amostra apresentou apenas dor
local ou sem fator associado, não apresentando diminuição da capacidade
funcional da região cervical.
Por fim, o estudo de Correia et al. (2021), que teve como finalidade saber
a relação do uso celular com dores cervicais, contou 582 indivíduos entre 18 a 52
anos. Neste, foi encontrada uma média de dor na escala EVA de 4, sem fatores
associados à dor cervical; ainda, demostrou-se que 88% da amostra não
apresentou nenhum tipo de incapacidade funcional. Com isso, os autores
concluíram que o tempo de uso do celular não tem relação com aparecimento de
dor, muito menos com incapacidades funcionais oriundas do uso do equipamento.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo, ficou evidente que as dores cervicais são incidentes em
digitais influencers, podendo estas estarem correlacionadas ao uso do celular no
exercício de tal atividade laboral. Observou-se, ainda, que 50% da amostra
apresentaram dor cervical associada a dores de cabeça. Além disso, é notório que
o público jovem representa o maior quantitativo de usuários de smartphones,
sendo a maioria dos participantes do estudo do sexo feminino.
Na análise do questionário NDI, 67,70% do público pesquisado possuem
capacidade funcional preservada. No entanto, na correlação Person entre as
variáveis NDI e EVA, ficou evidenciado que não há correlação entre incapacidade
e intensidade da dor.
Portanto, é de grande importância a realização de novos estudos com o
intuito de investigar os fatores que influenciam as dores cervicais no público
pesquisado, o que contribuirá para a prevenção de tal condição, proporcionando,
assim, uma melhor qualidade de vida.

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graduação em Ciências da Reabilitação, Universidade Federal de Santa Catarina,
Araranguá, 2019. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/215583. Acesso em: 10 abr. 2022.

Studies in Health Sciences, Curitiba, v.3, n.3, p. 1352-1363, jul./sep., 2022 1363

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