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Livros Didáticos

Digitais pelo Mundo 2.0


Detalhamento das experiências com
materiais didáticos digitais de três países
(Coreia do Sul, Estônia e Holanda), com foco
no desenho de iniciativas de livros didáticos
digitais, na forma de produção, na lógica de
implementação e monitoramento do uso
desses materiais.

Livros Didáticos Digitais pelo Mundo


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Índice
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1 Apresentação 3

2 Introdução 6

3 Justificativas 8

4 Objetivos 12

5 Metodologia 14

6 Países 19

Holanda 50 Estônia 37

Coreia do Sul 20
Síntese das análises
7 e considerações para
o contexto brasileiro 67

8 Conclusão 77

9 Referências 82

10 Anexo 92

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1
Apresentação

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1. Apresentação

A presente pesquisa tem o objetivo de contribuir para o aprimoramento da produção e do uso


de livros didáticos digitais no Brasil. A relevância desta pesquisa para o contexto brasileiro se
dá pelo crescente papel que os livros didáticos digitais estão ocupando nos editais do PNLD,
bem como pelas perspectivas de contribuir para a ampliação da influência desses recursos na
implementação da BNCC e para a melhoria da qualidade da aprendizagem dos estudantes
brasileiros.

Para tanto, a pesquisa analisou as experiências da Coreia do Sul, da Estônia e da Holanda,


investigando aspectos do desenho das iniciativas para livros didáticos digitais nesses países, da
forma de produção desses materiais, incluindo a interação entre os diferentes atores envolvidos
no processo, da lógica de implementação dos livros didáticos digitais e do monitoramento de
uso destes materiais.

Entre os principais achados da pesquisa, destacam-se:


i) os diferentes papéis desempenhados pelos governos locais no desenvolvimento de
iniciativas para livros didáticos digitais (centralização na Coreia do Sul, orientação e incentivo
na Estônia, articulação da cadeia na Holanda);

ii) a presença de formatos variados de livros didáticos digitais, devido tanto às particularidades
das editoras privadas, quanto às orientações determinadas pelos órgãos públicos (livro na
Coreia do Sul, site na Estônia e plataforma na Holanda);

iii) a adoção de modelos distintos de distribuição e de comercialização de livros didáticos


digitais (modelo de assinatura na Estônia, modelo License-Folio “LiFo”, venda de licença
anual para acesso, na Holanda);

iv) a percepção compartilhada de que os livros didáticos digitais são atrativos para os alunos
e favorecem a personalização do ensino, mas dependem do estabelecimento de uma
infraestrutura tecnológica adequada e da realização de ações de formação de professores
para garantir o seu uso.

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Diferentes papéis Modelos distintos
desempenhados pelos de distribuição e de
governos comercialização

PRINCIPAIS
ACHADOS DA
PESQUISA
Visão compartilhada
do potencial dos Livros
Formatos variados Didáticos Digitais para
de Livros Didáticos apoiar a relação de
Digitais ensino e aprendizagem

Espera-se, assim, que a análise dos processos de produção, de implementação e de uso de


livros didáticos digitais nos três países pesquisados possa contribuir para o avanço das políticas
públicas desses materiais no contexto brasileiro. O Instituto Reúna oferece este estudo, portanto,
como um insumo para apoiar governo e editoras no desafiador processo de incorporação do
digital nos livros didáticos.

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2
Introdução

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2. Introdução

Em 2022, o Instituto Reúna lançou a pesquisa Livros Didáticos Digitais pelo Mundo , que
mapeou experiências de utilização de livros didáticos digitais na educação básica em diferentes
países (INSTITUTO, 2022). A pesquisa foi desenvolvida com base em três premissas: i) a
relevância dos livros didáticos para apoiar a qualidade do ensino e aprendizagem e o potencial
que as transformações tecnológicas podem proporcionar nesse sentido; ii) a importância da
utilização das tecnologias digitais como etapa fundamental para a incorporação da Cultura Digital
no cotidiano escolar, em alinhamento com a Competência Geral 5 da BNCC; iii) e a necessidade
de oferecer referências que contribuíssem para a estruturação dos editais do PNLD (2024 e
2025) no olhar pedagógico para as inovações digitais.

Com base na análise de diversos documentos, foi produzido um relatório para cada um dos 11
países da amostra, com um histórico resumido das principais políticas públicas sobre educação
digital; dos dados encontrados a respeito das suas políticas públicas para implementação de
livros didáticos digitais; dos principais aspectos desses materiais e do alinhamento deles aos
documentos curriculares locais; das estratégias adotadas pelo país durante a pandemia acerca
do uso de livros didáticos digitais; e dos resultados das pesquisas de acompanhamento sobre o
uso de livros didáticos digitais feitas pelo governo ou por outras instituições.

Analisando as múltiplas dimensões que os países que compuseram a pesquisa viveram em


seus processos de implementação de políticas públicas voltadas ao livro didático digital, foram
identificadas semelhanças em relação ao caminho que o Brasil está traçando em seu próprio
processo, como a preocupação com a garantia de alinhamento dos livros didáticos digitais aos
documentos normativos curriculares; a atenção para a presença de elementos de acessibilidade
nos materiais; e a estratégia de planejar um processo de mudança gradativo, com a adoção
inicial de recursos digitais no PNLD avançando para uma transição progressiva do livro digital
em PDF para uma versão interativa aprimorada.

A análise das experiências de outros países também evidenciou aprendizados a serem


considerados no planejamento da expansão do uso de livros didáticos digitais no Brasil,
como a possibilidade de adoção de um processo de implementação escalonado, iniciando
o uso de livros didáticos digitais por algumas séries e componentes e utilizando dados
de monitoramento sobre a utilização desses recursos para tomar decisões a respeito
de possíveis avanços; a elaboração de programas de formação de professores para o
uso de recursos digitais; o desenvolvimento de parcerias público-privadas, envolvendo
edtechs na disponibilização dos livros didáticos digitais; e a importância de padrões de
conectividade e de infraestrutura adequados para apoiar o uso de TICs nas escolas.

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3
Justificativas

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3. Justificativas

A partir da divulgação dos resultados da pesquisa, foi possível observar a existência de uma
grande demanda sobre o assunto por parte dos atores envolvidos no processo de planejamento
e implementação do uso de livros didáticos digitais no país, como órgãos do governo, editores e
autores de materiais didáticos. Neste sentido, a receptividade encontrada pelo Instituto Reúna
nas apresentações feitas a esses atores, inclusive com o convite feito pela Abrelivros para a
apresentação da pesquisa no Fórum Internacional de Editores, realizado na Bienal Internacional
do Livro 2022, comprovou a relevância e o interesse pela temática no contexto brasileiro.

Um fator determinante para esse crescente interesse no tema dos livros didáticos digitais
foi a divulgação do Edital 2024 do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD),
realizada em março de 2022 (BRASIL, 2022a). Como já havia sido preconizado pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o texto desse edital trouxe a inovação
de solicitar que os livros didáticos e os manuais do professor participantes do programa sejam
inscritos obrigatoriamente nas versões impressa e digital interativa, que deve ser uma versão
em HTML do livro impresso que contenha ferramentas de interatividade. Neste sentido, o edital
estabelece que, para todas as coleções inscritas, a versão digital-interativa deverá apresentar,
no mínimo, carrossel de imagens e infográficos e, especificamente para as coleções de Língua
Inglesa e Arte, também recursos em áudio para atividades voltadas ao desenvolvimento das
competências e habilidades dessa língua estrangeira, da música e da dança.

A divulgação desse edital teve um impacto direto no mercado brasileiro de livros didáticos,
pois suscitou nas editoras participantes do PNLD uma série de questionamentos não apenas
em relação às expectativas do governo quanto à produção e ao uso dos livros didáticos digitais,
como também das melhores estratégias para adaptarem seus modelos de produção e de
negócio às novas exigências do programa, impulsionando, desta maneira, a demanda por
estudos e referências sobre o assunto.

Outro fator que também aponta para a importância de aprofundar o conhecimento e o


debate público sobre a temática dos livros didáticos digitais é a recente aprovação da Lei nº
14.533 (BRASIL, 2023), que instituiu a Política Nacional de Educação Digital, tendo como
eixos estruturantes e objetivos: a inclusão digital, a educação digital escolar, a capacitação e
especialização digital e a pesquisa e desenvolvimento (P&D) em Tecnologias da Informação e
Comunicação (TICs).

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Segundo a lei, o eixo de educação digital escolar tem como objetivo garantir a inserção da
educação digital nos ambientes escolares, em todos os níveis e modalidades, a partir do estímulo
ao letramento digital e informacional e à aprendizagem de computação, de programação, de
robótica e de outras competências digitais, o que pode ser fomentado, entre outras ações,
pelo uso de livros didáticos digitais nas escolas. Também o eixo de inclusão digital traz entre
suas estratégias prioritárias a implantação e integração de infraestrutura de conectividade
para fins educacionais, por meio da universalização da conectividade das escolas à internet
de alta velocidade, do uso de equipamentos adequados para acesso à internet nos ambientes
educacionais, da promoção de uma política de dados, inclusive de acesso móvel, para
professores e estudantes, e do fomento ao ecossistema de conteúdo educacional digital, todos
esses fatores essenciais para a implementação de políticas públicas de livros didáticos digitais,
como evidenciado na análise das experiências de outros países.

É interessante notar, no entanto, que a lei traz como vetado o art. 10, que, segundo o projeto
de lei 4513/20 (BRASIL, 2022b), propunha a alteração da redação da Política Nacional do
Livro (BRASIL, 2003) para que a definição de livro passasse a compreender a publicação de
textos em formato digital, magnético ou ótico, o que poderia ajudar a ampliar as bases jurídicas
para a implementação de políticas públicas de educação digital que envolvessem a produção e
uso de livros didáticos digitais como parte de suas estratégias. Como demonstrou a experiência
de outros países registrada na pesquisa “Livros Didáticos Digitais pelo Mundo”, a existência
de políticas públicas de educação digital é um ponto fundamental para o desenvolvimento e
sucesso das estratégias de implementação de programas voltados para o livro didático digital.

Considerando, então, as premissas que embasaram a realização da pesquisa “Livros Didáticos


Digitais pelo Mundo”, assim como o cenário de grande demanda por novos conhecimentos
por parte dos atores envolvidos na temática do livro didático digital no país; e, os avanços e
questionamentos trazidos pelo Edital 2024 do PNLD, além das discussões sobre educação
digital impulsionadas pela recente aprovação da Lei nº 14.533, o Instituto Reúna identificou a
necessidade de ampliar a pesquisa “Livros Didáticos Digitais pelo Mundo”.

Esse primeiro estudo teve como proposta a realização de um mapeamento inicial do tema.
Agora, o Instituto Reúna apresenta a realização da segunda fase da pesquisa, que desenvolverá
uma investigação mais detalhada das experiências de determinados países, como forma de
explorar aprendizados significativos que possam contribuir para o processo que o Brasil está
vivendo e fornecer dados relevantes para apoiar a ação dos diversos atores envolvidos nesse
processo.

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Por fim, além da importância que a ampliação da pesquisa “Livros Didáticos Digitais pelo
Mundo” apresenta, pelos fatores aqui mencionados, o Reúna também valoriza o incremento de
produções com o olhar para outros países, buscando a internacionalização de suas produções,
assim como articulações de pesquisas sobre o Brasil com o mundo. O campo de materiais
didáticos digitais tem se apresentado, no contexto nacional e internacional, uma área bastante
aberta ao debate e compartilhamento de experiências, o que sugere, por consequência, que
este seja um espaço de atuação mais favorável à implementação de mudanças que ajudem a
fortalecer o cenário educacional brasileiro e a aprimorar a qualidade do ensino.

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4
Objetivos
Objetivo geral da pesquisa 13

Objetivos específicos da pesquisa 13

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4. Objetivos

Considerando a justificativa apresentada, a presente pesquisa objetiva, de forma geral e


especificamente:

OBJETIVOS DA PESQUISA

Contribuir com o aprimoramento da produção e do uso de livros didáticos digitais


OBJETIVO no Brasil por meio do levantamento de experiências exitosas em outros países,
GERAL a fim de ampliar a influência desses recursos na implementação da BNCC e na
qualidade da aprendizagem dos estudantes brasileiros.

• Detalhar a experiência de implementação de iniciativas ou políticas direcionadas


à produção e ao uso de livros didáticos digitais no ensino básico em três países,
a fim de contribuir para os avanços das políticas públicas desses materiais no
contexto brasileiro.

OBJETIVOS • Identificar aspectos relevantes das experiências vivenciadas pelos países da


ESPECÍFICOS amostra no processo de elaboração de políticas públicas para o livro didático
digital que possam contribuir para a formulação dos próximos editais do
Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).

• Mapear o processo de produção de livros didáticos digitais nos países


pesquisados, observando aspectos positivos e principais entraves que possam
servir como referência para orientar as editoras brasileiras nas suas produções.

Fonte: Elaboração própria

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5
Metodologia

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5. Metodologia

A segunda etapa da pesquisa “Livros Didáticos Digitais pelo Mundo” foi realizada com uma
amostra de três países: Coreia do Sul, Estônia e Holanda. Para a composição dessa amostra, o
primeiro critério estabelecido foi o de que os três países fossem selecionados entre os 11 países
participantes da amostra da primeira fase da pesquisa, pela compreensão de que esses países
já tiveram mapeadas as suas políticas públicas para educação digital e para livros didáticos
digitais e que, portanto, existiam dados disponíveis para analisar se as políticas de tais países
despertavam o interesse de um estudo mais aprofundado, diante do objetivo proposto para a
segunda etapa da pesquisa.

Como a seleção dos três países foi definida pela Metodologia adotada na primeira pesquisa,
importante relembrar e destacar alguns pontos do processo de seleção da amostra dos 11
países. O procedimento foi divido em duas fases, na primeira foram identificados países com
destaque na temática da incorporação de ferramentas e serviços digitais no funcionamento do
governo; a partir desses, na segunda etapa, foram selecionados países que tivessem, de fato,
políticas voltadas para a implementação de recursos digitais na educação. Fica claro, portanto,
que o intuito do Reúna foi buscar países líderes, tentando encontrar experiências que pudessem
servir de inspiração e revelassem boas práticas.

Ao longo da investigação da pesquisa “Livros Didáticos Digitais pelo Mundo” foi possível
observar que, em alguns casos, as experiências desenvolvidas pelo país estavam mais voltadas
para a produção de recursos educacionais digitais (REDs), como aplicativos, softwares,
programas e websites, do que propriamente para a implementação de livros didáticos digitais.
Em outros, constatou-se que as políticas públicas direcionadas aos livros didáticos digitais
ainda estavam em um estágio muito inicial de implementação ou que haviam sido suspensas
em favor de outras políticas educacionais¹. Desta maneira, tendo em vista o objetivo central
da segunda etapa da pesquisa, foi estabelecido como critério para a composição da nova
amostra que o país selecionado apresentasse políticas públicas ou iniciativas significativas
voltadas especificamente para o livro didático digital, que estivessem em processo efetivo de
implementação.

Ainda em relação à composição da amostra, a fim de ampliar as possibilidades


investigativas,buscou-se que a seleção dos países proporcionasse a análise de contextos de
implementação diversos, considerando as características dos países em questão.

¹ Para entender melhor a diferença entre recursos educacionais digitais e livros didáticos digitais convidamos o leitor a acessar a primeira
pesquisa, Livros Didáticos Digitais pelo Mundo .

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Finalmente, de um ponto de vista prático, além dos critérios mencionados anteriormente,
foi necessário considerar na composição da amostra a seleção de países que tivessem
disponibilidade e interesse em participar da pesquisa, com acesso aos órgãos governamentais
e aos demais atores envolvidos no processo, como editoras e edtechs.

Quanto aos aspectos metodológicos, a pesquisa “Livros Didáticos Digitais pelo Mundo 2.0”
foi qualitativa, com base em estudos de caso, por meio das técnicas da entrevista parcialmente
estruturada – isto é, baseada em um roteiro de perguntas abertas preparado antecipadamente,
mas que concede ao entrevistador a liberdade de alterar a ordem das questões, retirar perguntas
ou mesmo improvisar novas perguntas caso julgue necessário, a fim de esclarecer ou detalhar
as respostas do entrevistado (LAVILLE; DIONE, 1999) – e da análise de documentos, como
leis, decretos, políticas públicas para educação digital, planos de governo para o uso de livros
didáticos digitais, documentos normativos curriculares, pesquisas sobre implementação,
produção, avaliação e uso de livros didáticos digitais, relatórios de instituições internacionais,
sites de editoras privadas, sites dos países e de seus respectivos Ministérios da Educação,
artigos, entrevistas e reportagens em veículos de mídia locais, entre outros.

Para a realização das entrevistas, foi produzido um relatório inicial (briefing) sobre cada país,
com o levantamento dos principais atores locais relacionados à produção e à implementação
de livros didáticos digitais. Com base nessa análise, foram selecionados três atores, um de
cada país, que foram contatados por meio dos canais de comunicação disponíveis. Após o
contato, foram agendadas e realizadas entrevistas on-line com: i) duas representantes do Korea
Education and Research Information Service (KERIS), órgão responsável pela implementação
da política de livros didáticos digitais na Coreia do Sul, ligado ao Ministério da Educação; ii) uma
representante do Ministério da Educação e Pesquisa da Estônia, responsável pelas políticas
para livros didáticos digitais do país; e iii) um representante da Associação Holandesa de
Editoras Educacionais, Profissionais e Científicas (MEVW). Diante das informações levantadas
nestas conversas, foram escolhidos novos três atores, um de cada país, para a realização de
uma segunda fase de entrevistas. Nessa etapa, foi realizada a entrevista com um representante
da Opiq, a principal plataforma de produção, distribuição e acesso a livros didáticos digitais da
Estônia.

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ENTREVISTAS REALIZADAS

PAÍS INSTITUIÇÃO PAPEL DA INSTITUIÇÃO

COREIA DO SUL
Korea Education and Research Responsável pela implementação
Information Service (KERIS) da política de livros didáticos digitais

Responsável pela implementação


Ministério da Educação
da política de livros didáticos digitais

ESTÔNIA

Plataforma privada de produção,


Opiq distribuição e acesso a livros
didáticos digitais

Associação Holandesa de Editoras


HOLANDA
Órgão que representa os editores
Educacionais, Profissionais e
de livros didáticos digitais
Científicas (Media voor Educatie,
Vak en Wetenschap − MEVW)

Fonte: Elaboração própria

Por fim, com o intuito de apoiar a operacionalização da pesquisa, o objetivo geral e os


objetivos específicos foram desdobrados em questões de investigação, que traduziram as
principais dimensões desses objetivos em perguntas tangíveis, que poderiam ser observadas
na realidade. O quadro a seguir traz, então, as perguntas gerais de pesquisa, que orientaram:
i) as entrevistas, para que estas fornecessem dados concretos e relevantes para a pesquisa; ii)
a análise dos dados encontrados, para que esta fosse feita de forma coerente com os objetivos
estabelecidos e permitisse, assim, alcançar os resultados esperados²; e iii) a escrita do relatório
de pesquisa, no qual os capítulos dedicados à apresentação dos dados de cada um dos países
da amostra foram subdivididos em quatro tópicos, seguindo a estrutura das perguntas gerais
de pesquisa.

² As perguntas gerais de pesquisa foram, ainda, desdobradas em perguntas norteadoras, que serviram de base para a construção dos roteiros
das entrevistas. As perguntas norteadoras podem ser consultadas no Anexo A.

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PERGUNTAS GERAIS DE PESQUISA

DESENHO
De que maneira as iniciativas de livros didáticos digitais foram estruturadas nos
países em questão?

PRODUÇÃO
Como se dá a produção dos livros didáticos digitais nos países em questão,
incluindo a interação entre os diferentes stakeholders envolvidos nesse processo?

Como é o uso dos livros didáticos nos países em questão, incluindo a lógica
IMPLEMENTAÇÃO de implementação desses instrumentos junto aos players relevantes dessas
iniciativas?

MONITORAMENTO
Existem dados de monitoramento em relação ao uso desses livros e avaliações
sobre a influência que exercem na aprendizagem dos estudantes?

Fonte: Elaboração própria

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6
Países
Coreia do Sul 20

Estônia 37

Holanda 50

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Coreia
do Sul

RESUMO DOS MARCOS RELACIONADOS AOS LIVROS DIDÁTICOS DIGITAIS

• 2007: Lançamento do “Plano para a Comercialização do Livro Didático Digital”

• 2011: Lançamento da política pública de educação digital SMART Education | Produção


dos primeiros livros didáticos digitais para os componentes de Matemática e Língua
Coreana, usados em uma pequena amostra de escolas

• 2012: Livros didáticos digitais passam a ter caráter jurídico de livros didáticos

• 2013: Ampliação da produção de livros didáticos digitais para as áreas de Ciências da


Natureza, Ciências Sociais e Língua Inglesa

• 2014: Ampliação do projeto de testagem do uso de livros didáticos digitais para uma
amostra maior de escolas | Lançamento da comunidade on-line Wedorang, que permite a
formação de grupos de estudos, a colaboração em projetos em grupo e o envio de tarefas

• 2017: Início da produção de novos livros didáticos digitais para as áreas de Ciências da
Natureza, Ciências Sociais e Língua Inglesa, de acordo com o currículo reformulado de
2015

• 2018: Ampliação do uso de livros didáticos digitais para todas as escolas do país

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Desenho

As políticas públicas para o desenvolvimento e uso de livros didáticos digitais na Coreia do


Sul são lideradas pelo Ministério da Educação. As ações relacionadas a esses materiais são
implementadas, principalmente, pelo Korea Education and Research Information Service
(KERIS) , uma instituição pública vinculada ao Ministério da Educação que promove projetos
e pesquisas sobre Tecnologias da Informação e Comunicação na educação. O KERIS é
responsável por apoiar e desenvolver a revisão dos livros didáticos digitais e por estabelecer
e operar o sistema de serviço de livros didáticos digitais para as escolas. O órgão também
desenvolve ações para fortalecer as competências dos professores relacionadas aos livros
didáticos digitais e apoiar as escolas que os utilizam, além de realizar consultorias para os
editores e de fornecer orientações sobre os padrões de tecnologia mais recentes.

De acordo com os relatórios anuais do KERIS (KERIS, 2007 a 2021), a primeira política
nacional para o desenvolvimento de livros didáticos digitais na Coreia do Sul foi lançada em
2007, quando o Ministério da Educação anunciou o Plano para a Comercialização do Livro
Didático Digital (디지털교과서 상용화 추진 방안). O projeto tinha como objetivos superar os
limites dos livros didáticos impressos e colaborar de forma efetiva com a mudança para uma
sociedade mais tecnológica. Para tanto, o plano estava baseado em seis propostas centrais:
i) o desenvolvimento de livros didáticos digitais para 25 cursos³, que seriam testados em 100
escolas experimentais até 2011; ii) a realização de programas de formação de professores
para o uso desses materiais; iii) a construção do ambiente educacional necessário, com o
fornecimento de um tablet para cada aluno das escolas experimentais e a instalação de uma
lousa digital em cada sala; iv) o estabelecimento de um sistema de gestão de distribuição e
de qualidade, baseado em padrões técnicos desenvolvidos por institutos especializados; v) a
melhoria das leis e dos regulamentos necessários para promover o desenvolvimento e o uso
de livros didáticos digitais; e vi) o estabelecimento de um sistema de pesquisas para estudar
sistematicamente os efeitos e a eficiência do uso desses materiais.

A promulgação desse plano deu início à etapa inicial do projeto de criação de livros didáticos
digitais no país, que consistiu em uma fase de conceituação e de formação do sistema
tecnológico necessário. Entre os anos de 2007 e 2010, foram elaborados protótipos de livros
didáticos digitais e de plataformas integradas para uso e hospedagem desses materiais.

³ Um curso corresponde ao conteúdo de uma disciplina para um ano escolar (ex.: curso de Ciências Sociais do 3º ano do ensino primário). O
plano previa a criação de livros didáticos digitais para 20 cursos do 5º e 6º ano do ensino primário, 3 cursos do 1º ano do ensino secundário e
2 cursos do ensino médio.

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Em 2011, o governo lançou o SMART Education, uma política pública de educação digital
voltada para a construção de um sistema de ensino inteligente e customizado para fomentar as
competências necessárias para o século 21, por meio de métodos de aprendizagem autodirigidos
(self-directed), motivados (motivated), adaptativos (adaptive), enriquecidos por recursos
(resource-enriched) e com tecnologia incorporada (technology embedded)⁴, que permitissem
a expansão do tempo, do espaço e dos materiais didáticos para além dos limites das salas
de aula (KERIS, 2021). Entre as principais tarefas elencadas para a promoção da SMART
Education estavam o desenvolvimento e o uso de livros didáticos digitais, com a previsão de
uma implementação total desse tipo de material até 2014.

Nesse sentido, ainda em 2011, livros didáticos digitais de Língua Coreana e de Matemática
para 5º e 6º anos da escola primária⁵ foram produzidos, avaliados, revisados e usados de
forma experimental em 63 escolas-modelo. Em 2012, o governo realizou uma alteração na
legislação para garantir o caráter jurídico de livro didático aos livros didáticos digitais. Além
disso, o Ministério da Educação sul-coreano anunciou a produção de livros didáticos digitais de
Ciências Sociais, Ciências da Natureza e Língua Inglesa para o 3º e 4º ano da escola primária
e de Ciências Sociais e Ciências da Natureza para o 1º ano da escola secundária, que foram
produzidos, avaliados e revisados ao longo de 2013.

O ano de 2014 marcou o início da ampliação do projeto de testagem do uso de livros didáticos
digitais. Nesse ano, 163 escolas-modelo (81 escolas primárias e 82 escolas secundárias)
começaram a utilizar os livros didáticos digitais produzidos em 2013, que foram desenvolvidos
com base nos livros didáticos impressos, mas com recursos multimídia, dicionários e também
uma comunidade on-line para usuários do livro didático digital (Wedorang), que permitia que
os estudantes formassem grupos de estudos, colaborassem em projetos em grupo, enviassem
suas tarefas e recebessem o retorno dos professores.

Em 2015, o governo sul-coreano permitiu o uso de livros didáticos digitais para as escolas
que desejassem, com a condição de que tivessem a capacidade de implementar o uso desses
materiais de forma autônoma. Assim, além das 134 escolas designadas para participar do
projeto-piloto, outras 1.458 escolas aderiram voluntariamente ao uso de livros didáticos digitais.
Nesse mesmo ano, o currículo nacional passou por uma grande reformulação, o que fez com
que, em 2016, o Ministério da Educação divulgasse um novo plano para a elaboração de livros

⁴ A sigla SMART Education é um acrônimo destes conceitos em inglês.


⁵ A educação básica obrigatória na Coreia do Sul compreende a escola primária, que é organizada em seis anos (1º ao 6º), para estudantes de
6 a 11 anos, e pela escola secundária, que é organizada em três anos (1º ao 3º), para estudantes de 12 a 14 anos. O ensino médio, por sua
vez, não é obrigatório e é organizado em três anos (1º ao 3º) (COREIA DO SUL, 2020).

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didáticos digitais para as disciplinas de Ciências Sociais, Ciências da Natureza e Língua Inglesa⁶
para todas as séries entre o 3º ano da escola primária e o 3º ano da escola secundária. Em
2016, 128 escolas foram designadas para participar do projeto-piloto e quase 5 mil escolas
utilizaram livros didáticos digitais autonomamente, representando cerca de 25% do total de
escolas de educação básica do país.

Entre 2017 e 2020, os livros didáticos digitais previstos no novo plano divulgado em 2016
foram produzidos e introduzidos nas escolas, de acordo com o cronograma estabelecido.
A partir de 2018, o uso de livros didáticos digitais foi generalizado para todas as escolas do
país. O Wedorang passou por várias melhorias para permitir colaborações em tempo real e
gerenciamento de resultados de atividades pessoais e em grupo. A plataforma de visualização
de livros didáticos digitais também foi aprimorada e os livros didáticos digitais passaram a
incorporar conteúdos imersivos, como realidade aumentada, realidade virtual e vídeos 360º.

Em junho de 2021, havia 134 livros didáticos digitais publicados e 9.308 escolas utilizando
esses materiais, sendo 6.144 de ensino primário e 3.164 de ensino secundário.

ESCOLAS UTILIZANDO LIVROS DIDÁDICOS DIGITAIS

9308 6144 3164


total de escolas ensino primário ensino secundário

Produção

A produção e a avaliação de livros didáticos impressos e digitais no país são controladas pelo
Ministério da Educação, por meio do Korean Institute for Curriculum and Evaluation (KICE) .
Os livros didáticos de todas as disciplinas da escola primária, exceto Língua Inglesa e Ciências
Sociais⁷, são desenvolvidos pelo próprio governo com o apoio de órgãos de pesquisa e de univer-
sidades e distribuídos gratuitamente. Já para a escola secundária, existem livros autorizados pelo

⁶ Segundo o KERIS, essas disciplinas foram escolhidas a partir de uma pesquisa feita com professores e alunos para compreender em quais
áreas havia maior interesse em livros didáticos digitais. Existe a possibilidade de que o governo promova o desenvolvimento de livros didáticos
digitais de outras disciplinas no futuro, caso a demanda seja identificada. (INSTITUTO, 2022)
⁷ Atualmente, os livros de Língua Inglesa e de Ciências Sociais da escola primária são publicados por editoras privadas e autorizados pelo
governo. Até 2021, os livros de Ciências Sociais também eram produzidos pelo próprio governo.

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governo, que são publicados por editoras privadas e para a compra dos quais as escolas
podem usar um fundo destinado à aquisição de livros didáticos, e livros reconhecidos pelo
Ministério da Educação, que também são produzidos por editoras privadas e comprados com
os recursos das próprias escolas. Atualmente, dos 134 livros didáticos digitais usados no
país, 16 foram publicados pelo governo e 118 foram autorizados pelo Ministério da Educação
e publicados por editoras privadas.

LIVROS DIDÁDICOS DIGITAIS USADOS NO PAÍS

134 16 118
publicados publicados
total de livros digitais pelo governo por editoras privadas

Após o processo de avaliação e revisão dos livros didáticos impressos pelo KICE, as editoras
que tiveram seus livros autorizados pelo governo têm o prazo de cerca de seis meses para
produzir a versão digital dos materiais, que também são avaliadas e revisadas. Os editais de
convocação e os guias de orientação para a produção, avaliação e revisão dos livros didáticos
digitais são publicados na página do KICE.

A principal referência governamental para a produção de livros didáticos digitais é o documento


“Diretrizes de produção de livros didáticos digitais” (디지털교과서 제작 가이드라인) (KERIS,
2022a), que tem como objetivos padronizar o processo de produção dos livros didáticos digitais
e garantir que os materiais produzidos sejam compatíveis com vários dispositivos e sistemas
operacionais. O texto aponta que os livros didáticos digitais devem adotar o formato EPUB 3,
tendo como base o padrão HTML5 para estrutura de página, o padrão CSS para expressão e
estilo, o padrão JavaScript para função e interação com os usuários e o padrão Dublin Core
para gerenciamento dos metadados.

De acordo com o documento, o processo de produção dos livros didáticos digitais é composto
por quatro etapas. Como os livros didáticos digitais são produzidos a partir dos livros didáticos
impressos, a primeira etapa consiste na análise desses materiais e no planejamento de como
reestruturar com eficiência o layout e os seus conteúdos no formato digital. A segunda etapa
é a preparação, na qual são estabelecidas orientações sobre a composição das unidades
dos livros didáticos digitais⁸, a padronização de nomes dos arquivos e o desenvolvimento do

⁸ Para otimizar a capacidade de transmissão, os livros didáticos digitais são divididos com base nas aulas e produzidos em unidades
descentralizadas que, ao final da produção, são reunidas em um pacote zip.

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layout. Além disso, é verificada a adequação dos elementos que serão aplicados, como
áudios, vídeos, imagens, fontes e cores. A etapa seguinte é a edição, durante a qual o livro
didático digital é de fato produzido, por meio da criação da estrutura das páginas XHTML,
da organização do layout, da inserção dos elementos de texto, imagem e multimídia, da
aplicação dos estilos e do desenvolvimento dos componentes de interação. Por fim, na etapa de
publicação, a capa, o índice e os metadados são configurados, as unidades são empacotadas
em um volume final e o livro didático digital é inserido no visualizador para ser verificado.

1ª Consiste na análise dos livros didáticos impressos e no


planejamento de como reestruturar com eficiência do
ETAPA layout e os conteúdos desses materiais no formato digital.

Realização da preparação, na qual são estabelecidas


orientações sobre a composição das unidades dos livros
didáticos digitais, a padronização de nomes dos arquivos 2ª
e o desenvolvimento do layout. Além disso, é verificada
a adequação dos elementos que serão aplicados, como
ETAPA
áudios, vídeos, imagens, fontes e cores.

É a edição, durante a qual o livro didático digital é


de fato produzido, por meio da criação da estrutura
3ª das páginas XHTML, da organização do layout, da
inserção dos elementos de texto, imagem e multimídia,
ETAPA da aplicação dos estilos e do desenvolvimento dos
componentes de interação.

Por fim, na etapa de publicação, a capa, o índice e


os metadados são configurados, as unidades são 4ª
empacotadas em um volume final e o livro didático
digital é inserido no visualizador para ser verificado.
ETAPA

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As configurações técnicas relacionadas às etapas de preparação, edição e publicação
são detalhadas no documento “Diretrizes de produção de livros didáticos digitais – Parte 2 –
Especificações Técnicas” (디지털교과서 제작 가이드라인 - 2부 - 기술규격서) (KERIS, 2022b).

Os livros didáticos digitais sul-coreanos são acessados por meio do login em uma plataforma
governamental, chamada Edunet , e visualizados por meio de um visualizador disponível
na própria plataforma. Os recursos dos livros didáticos digitais podem ser divididos, então, em
recursos relacionados aos conteúdos de aprendizagem, recursos fornecidos pelo programa
de visualização e recursos pertencentes à plataforma (GUDEOKHOE, 2018). Em relação aos
conteúdos de aprendizagem, os livros didáticos digitais seguem o formato de páginas duplas,
que simulam o layout dos livros impressos, e apresentam conteúdos básicos, como textos,
diagramas, fórmulas e imagens, e recursos digitais adicionais, como materiais multimídia
(vídeos, áudios, animações, galerias de imagem), exercícios interativos (entrada de texto, caixa
de seleção, botão rádio, desenho), experimentos virtuais (incluindo materiais de aprendizagem
de realidade virtual e realidade aumentada), pop-ups, hiperlinks, glossário etc. O visualizador
padrão de livros didáticos digitais oferece recursos como índice, pesquisa de textos, virada
de página, ampliação e redução das páginas, realce de texto (marcadores), anotações (por
caneta ou por post-its) e gravação de voz. Por fim, a plataforma que disponibiliza o acesso
aos livros didáticos digitais traz recursos como a comunidade de aprendizagem Wedorang e
o vínculo com os outros conteúdos do currículo.

IMAGEM 1 – PRINT DE LIVRO DIDÁTICO DIGITAL – COREIA DO SUL

Fonte: Plataforma Edunet.⁹

⁹ É possível acessar a plataforma Edunet usando o usuário “sample” e a senha “sample” para visualizar exemplos de livros didáticos digitais.

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IMAGEM 2 – PRINT DE LIVRO DIDÁTICO DIGITAL – COREIA DO SUL

Fonte: Plataforma Edunet.

As editoras que desenvolvem os livros didáticos digitais são responsáveis pelos recursos
digitais relacionados aos conteúdos de aprendizagem, enquanto os recursos digitais relacionados
à plataforma de acesso e ao seu visualizador interno são desenvolvidos pelo governo, o que
justifica que, atualmente, os livros didáticos digitais sejam produzidos a partir de um único
padrão de desenvolvimento estabelecido pelo governo, a fim de garantir que as especificações
técnicas dos materiais desenvolvidos pelas editoras sejam compatíveis com o visualizador e a
plataforma governamental e funcionem sem problemas em todos os dispositivos.

No entanto, em 2021, a Korea Foundation for the Advancement of Science & Creativity
(KOFAC) realizou um estudo sobre a possibilidade de permitir que os livros didáticos
digitais sejam desenvolvidos em outros formatos além do EPUB 3 (KOFAC, 2021). A pesquisa
constatou que a maior demanda dos professores em relação a esses materiais é a liberdade
de reorganizar os conteúdos de aprendizagem de acordo com o nível, interesse, ambiente
educacional e características regionais do aluno, o que é visto como uma desvantagem do
padrão atual, que não permite que os professores modifiquem ou editem facilmente o conteúdo.
Além disso, o estudo aponta que o formato atual não favorece a conexão com softwares
externos, a personalização da aprendizagem e o desenvolvimento de livros didáticos digitais
autônomos e criativos por parte dos editores, que correspondam às mudanças tecnológicas e
à educação do futuro.

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Nesse sentido, o estudo recomenda a criação de um plano de transição que permita que os
novos livros didáticos digitais possam ser desenvolvidos pelas editoras em métodos diversos e
de forma independente, isto é, sem a necessidade de serem baseados no conteúdo dos livros
didáticos impressos, além da elaboração de um novo processo de avaliação desses materiais.

Implementação

Os livros didáticos digitais são acessados por meio do Edunet, um serviço nacional de
educação criado em 1996. Em 2016, o serviço passou a se chamar Edunet T-Clear, uma
abreviação que faz referência às suas principais atividades: suporte aos professores (teacher),
informações sobre o currículo (curriculum), apoio à aprendizagem (learning), orientações sobre
avaliação (evaluation) e acesso a recursos de atividades (activity resources) (KERIS, 2023).

Como primeiro passo para acessar os livros didáticos digitais, alunos e professores devem
se registrar como membros do Edunet. Em seguida, o Edunet oferece, por meio de seu site, o
acesso ao programa de visualização de livros didáticos digitais, que pode ser aberto de forma
on-line, direto do navegador, ou baixado como um aplicativo para computadores e dispositivos
móveis. Ao abrir o programa de visualização, seja pelo navegador ou pelo aplicativo, os usuários
devem fazer login com o seu registro pessoal na Edunet, encontrar os livros didáticos digitais que
serão usados e baixá-los, sendo que é possível escolher entre fazer o download do livro todo ou
de cada capítulo. Os usuários que utilizam o aplicativo podem acessar os livros didáticos digitais
também de forma off-line, já que os conteúdos baixados ficam salvos na memória do dispositivo.

O Edunet possui um guia on-line de orientações relacionadas aos livros didáticos


digitais para professores e alunos, com explicações sobre o que são esses materiais, como
acessar ou baixar o programa de visualização e como usar os recursos digitais oferecidos
pelo visualizador. O guia traz também uma seção de vídeos com exemplos de aulas que
utilizam livros didáticos digitais, orientações sobre como usar esses materiais de forma
saudável, explicações a respeito da instalação e do uso de conteúdos realistas (recursos
de realidade aumentada, realidade virtual e vídeos 360º), além de uma relação de todos
os conteúdos realistas disponíveis para cada série e disciplina.

O visualizador de livros didáticos digitais está interligado com o Wedorang , uma


comunidade virtual de aprendizagem desenvolvida pelo KERIS, que é usada para apoiar as
aulas presenciais e virtuais. O ambiente permite o gerenciamento de turmas e de atividades

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(aplicação, envio, avaliação e retorno de tarefas), a criação de portfólio individuais e a
realização de trabalhos em grupo, além de oferecer recursos de comunicação entre alunos
e entre alunos e professores, como um fórum de discussão e uma ferramenta de bate-papo.

Segundo o KERIS, atualmente, o principal dispositivo de acesso aos livros didáticos


digitais são tablets, pois a Coreia do Sul possui a política de fornecer um tablet para cada
estudante. Assim, cada sala de aula possui um armário de tablets, que são de propriedade
da escola e são controlados pelos professores, que definem quais páginas os alunos
podem acessar nos dispositivos.

Existem pesquisas recentes que apontam para algumas desvantagens em relação a


essa forma de acesso e uso dos livros didáticos digitais. Como os livros didáticos digitais
precisam ser baixados, existe um limite de tamanho de 2 GB para cada livro, o que faz
com que os vídeos inseridos nesses materiais muitas vezes estejam em baixa qualidade.
Além disso, como os livros didáticos digitais são baixados para a conta pessoal dos
usuários, quando um dispositivo é utilizado por vários alunos, como é o caso dos tablets
usados em comum nas salas de aula coreanas, o dispositivo precisa desnecessariamente
armazenar o mesmo material várias vezes, o que sobrecarrega o visualizar de livros
didáticos digitais e torna a sua execução mais lenta (GUDEOKHOE, 2018). Por fim, o
visualizador criado pelo governo impossibilita a coleta e o armazenamento de dados de
uso dos livros didáticos digitais, o que inviabiliza que esses materiais funcionem como um
banco de informações a respeito do histórico de aprendizagem dos alunos (KOFAC, 2021).

Neste sentido, portanto, a pesquisa realizada pelo KOFAC a respeito da diversificação dos
métodos de desenvolvimento dos livros didáticos digitais sugere que os novos livros didáticos
digitais produzidos pelos editores sejam fornecidos por meio de serviços de nuvem, e não pelo
visualizador padronizado desenvolvido pelo governo. De acordo com a pesquisa, esta seria uma
política mais justa em termos de acessibilidade, diversidade e racionalidade dos livros didáticos
digitais e uma solução mais favorável ao processo de coleta, processamento, armazenamento e
análise de dados de aprendizagem dos alunos. No entanto, o relatório ressalta que a necessidade
de login individual na nuvem de cada editora seria um grande inconveniente para o uso dos
livros didáticos digitais, o que poderia ser contornado pela criação de uma plataforma integrada,
isto é, que desse acesso às plataformas das diversas editoras a partir de um único login.

O projeto de implementação de livros didáticos digitais nas escolas sul-coreanas prevê,


desde o início, a realização de programas de formação de professores para o uso destes
materiais. Neste sentido, o KERIS oferece formações individuais, de férias e de fim de semana

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para professores e escolas. Em geral, os treinamentos visam a apresentação das várias funções
dos livros didáticos digitais e o aumento da capacidade de projetar aulas eficazes usando estes
materiais, por meio de atividades como estudos de casos e exercícios práticos de planejamento
de aulas. Desde 2017, o KERIS Training Institute realizou 21 cursos sobre o uso de livros
didáticos digitais para 2.350 participantes, sendo que são oferecidas formações diferenciadas
para professores, para novos instrutores de livros didáticos digitais e para instrutores já
experientes. Na página de cursos do KERIS, é possível ter acesso a informações sobre os
cursos realizados e também aos materiais didáticos utilizados nos treinamentos.

Monitoramento

Em 2020, o KERIS publicou uma ampla pesquisa de monitoramento sobre livros didáticos
digitais (KERIS, 2020), que foi desenvolvida em três etapas: análise dos resultados da política
pública de livros didáticos digitais, levantamento de opiniões de uso e preparação de planos
futuros para a promoção destes materiais. A primeira etapa foi realizada por meio de análise
de desempenho, análise de tendências da mídia e da opinião pública, casos de políticas
internacionais e análise das tendências tecnológicas mais recentes. A segunda etapa foi feita
dividida em duas pesquisas, sendo que a primeira buscava identificar a taxa de uso e o cenário
dos livros didáticos digitais no país e a segunda tinha como objetivo mapear a percepção de
professores e alunos em relação ao uso desses materiais. Por fim, as estratégias propostas
na terceira etapa foram sugeridas a partir da análise dos resultados encontrados nas duas
etapas anteriores.

Na etapa de análise dos resultados da política pública de livros didáticos digitais, os dados
da pesquisa sugerem que o uso desses materiais teve um efeito positivo e contribuiu para
melhorar a capacidade de aprendizagem dos alunos e as competências dos professores
em relação ao uso das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação). Além disso, a
pesquisa identificou que o uso de livros didáticos digitais está aumentando gradualmente e
que a satisfação com esses materiais melhorou significativamente, principalmente em relação
aos livros didáticos digitais desenvolvidos nos últimos anos para o currículo revisado de 2015.
Contudo, os resultados também apontaram que a utilização de livros didáticos digitais não é
tão alta quanto o esperado, que a avaliação dos professores sobre a utilidade desses materiais
parece estar diminuindo, que a infraestrutura das escolas para o uso de livros didáticos digitais
ainda é insuficiente e que há um aumento gradativo na preocupação sobre os efeitos adversos
ocasionados pelo uso de dispositivos digitais.

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Na segunda etapa do monitoramento, a pesquisa de uso e percepção com os professores
a respeito dos livros didáticos digitais mostrou que apenas 38,2% dos professores que
responderam¹⁰ a pesquisa já usaram livros didáticos digitais; enquanto 30,2% instalaram livros
didáticos digitais, mas não usaram; 28,9% apenas ouviram falar desses materiais; e 2,6% não
sabem o que são livros didáticos digitais. No entanto, mesmo entre os professores que usam
livros didáticos digitais, 54,2% declararam que este uso é feito principalmente nos dispositivos
dos professores, enquanto apenas 26,1% disseram que os livros são usados em dispositivos
pessoais dos alunos.

2,6%

USO E já usaram livros didáticos digitais


PERCEPÇÃO
DOS PROFES- 28,9% 38,2%
instalaram, mas não usaram
SORES A
RESPEITO apenas ouviram falar dos materiais
DOS LIVROS
DIDÁTICOS 30,2% não sabem o que são livros
DIGITAIS didáticos digitais

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de KERIS, 2020.

Entre os professores que usam livros didáticos digitais, 55,7% afirmaram que eles contêm
materiais multimídia que são eficazes em sala de aula e 14% concordaram que os livros
didáticos digitais podem aumentar o interesse e a participação dos alunos. Quanto à função
mais utilizada nos livros didáticos digitais, dentre diferentes opções de respostas que podiam ser
selecionadas, dados de vídeo e animação (54,6%) foi a mais frequente, seguida por conteúdos
realistas (16,1%) e materiais explicativos com imagens e textos (13,2%). Entre as funções
que precisam ser ampliadas nos livros didáticos digitais, os professores citaram os conteúdos
realistas (43,5%), os dados de vídeo e animação (32,6%) e os dados de avaliação (11,2%).

¹⁰ A pesquisa foi feita com uma amostra total de 4.939 professores, sendo 3.330 do ensino primário, 1.290 do ensino secundário e 319 do
ensino médio.

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FUNÇÕES MAIS UTILIZADA NOS FUNÇÕES QUE PRECISAM
LIVROS DIDÁTICOS DIGITAIS SER AMPLIADAS

54,6%
43,5%
32,6%

16,1%
13,2% 11,2%

dados conteúdos materiais conteúdos vídeo e dados de


de vídeo e realistas explicativos realistas animação avaliação
animação com imagens
e texto

Fonte: Elaboração própria a partir de dados Fonte: Elaboração própria a partir de dados
de KERIS, 2020. de KERIS, 2020.

Além disso, em relação ao desenvolvimento dos livros didáticos digitais, os professores


gostariam de poder reestruturar livremente os conteúdos de aprendizagem (24,4%) e adicionar
materiais multimídia (12,8%), e que os livros didáticos digitais fossem mais fáceis e simples de
usar (8,6%).

Já os professores que não usam livros didáticos digitais afirmaram, a partir de diferentes
opções de respostas que podiam ser selecionadas, que a infraestrutura para o uso não está
preparada (41,4%), que os livros didáticos digitais não são muito diferentes de outros materiais
(31%), que eles não são suficientemente eficazes para despertar a curiosidade dos alunos
(21,2%), que apenas materiais didáticos digitais, como vídeos, já são suficientes (30,6%), que
eles não sabem usar os livros didáticos digitais (19,8%) e que se preocupam com os efeitos
adversos do uso de dispositivos digitais nos estudantes (19,4%).

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MOTIVOS PARA OS PROFESSORES NÃO USAREM LIVROS DIDÁTICOS DIGITAIS

infraestrutura não está preparada 41,4%

não são muito diferentes dos outros materiais 31,0%

outros materiais didáticos digitais, como vídeo, 30,6%


já são suficientes

não são suficientemente eficazes para despertar 21,1%


curiosidade dos alunos

não sabem usar os livros didáticos 19,8%

se preocupam com os efeitos adversos do uso de


dispositivos digitais nos alunos 19,4%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de KERIS, 2020.

Em sentido semelhante, entre os obstáculos à utilização de livros didáticos digitais, foram


destacados a falta de dispositivos e de rede sem fio (34,3%), a falta de eficácia dos conteúdos
dos livros didáticos digitais (26,6%), a complexidade de utilização de livros didáticos digitais
(14,3%) e a carga de trabalho para a preparação de aulas com livros didáticos digitais (13,8%).

Por fim, sobre a formação para o uso de livros didáticos digitais, apenas 35,7% dos professores
afirmaram que passaram por treinamento, sendo 41,5% deles do ensino primário, 27,5% do
ensino secundário e 7,5% do ensino médio.

Em relação aos estudantes, 81,3% dos alunos pesquisados¹¹ apresentaram opiniões positivas
sobre o uso de livros didáticos digitais em sala de aula e 58,8% afirmaram que desejam estudar
usando esses materiais. No entanto, apenas 48,9% responderam que já tiveram experiência
com livros didáticos digitais, sendo 53,1% deles do ensino primário.

Os alunos alegaram, a partir de diferentes opções de respostas que podiam ser selecionadas,
que o uso de livros didáticos digitais é feito principalmente em horário de aula na escola (65,5%)
e apenas secundariamente em casa (24,4%). Além disso, os alunos afirmaram que o uso é feito
majoritariamente com um dispositivo digital emprestado da escola para cada aluno (52,5%), mas
que há casos em que é o professor quem mostra o conteúdo do livro didático digital (36,2%).

¹¹ A pesquisa foi feita com uma amostra de 8.916 casos, sendo 5.996 alunos do ensino primário, 2.242 alunos do ensino secundário e 678
alunos do ensino médio.

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USO DOS MATERIAIS DIDÁTICOS DIGITAIS PELOS ESTUDANTES

na escola (pricipalmente em horário de aula) 65,5%

feito com dispositivo digital


emprestado da escola 52,5%

com mediação do professor


(que mostra o conteúdo) 36,2%

em casa (de forma secundária) 24,4%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de KERIS, 2020.

As principais funções dos livros didáticos digitais, também elencadas a partir de diferentes
opções de respostas que podiam ser selecionadas, usadas pelos alunos ou apresentadas a eles
pelos professores são a visualização de figuras (62,1%), a visualização de vídeos ou animações
(54,5%), a resolução de questionários (44,1%), a visualização de conteúdos imersivos (31%),
a comunicação com amigos ou professores pelo Wedorang (26,3%) e a procura de palavras no
glossário (25%).

PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS LIVROS DIDÁTICOS DIGITAIS USADAS PELOS


ALUNOS OU APRESENTADAS A ELES PELOS PROFESSORES

visualização de figuras 62,1%

visualização de vídeos ou animações 54,5%

resolução de questionários 44,1%

visualização de conteúdos imersivos 31%

comunicação pelo Wedorang 26,3%

procura de palavras no glossário 25%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de KERIS, 2020.

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A respeito das expectativas dos alunos sobre os livros didáticos digitais, eles gostariam,
principalmente, que esses materiais tivessem mais conteúdos imersivos (Realidade Aumentada
e Realidade Virtual, RA e RV), que pudessem ser movidos e manipulados (55,1%), mais vídeos
ou animações, que tornassem os conteúdos de aprendizagem mais fáceis de entender (47%)
e uma função que permitisse usar os livros didáticos digitais em conjunto com fontes externas,
como o YouTube (37,9%).

Em relação ao uso de livros didáticos digitais, a enorme maioria dos alunos apontou a dificuldade
em usá-los (93,1%). Na percepção dos alunos, problemas como a lentidão na velocidade de
execução, a necessidade de fazer login, a dificuldade em se concentrar no professor durante a
leitura de livros didáticos digitais, a interrupção no uso dos livros didáticos digitais ou o incômodo
de ter de compartilhar dispositivos digitais ou mudar para outra sala somaram juntos apenas 0,2%.

Já os principais motivos de oposição PRINCIPAIS MOTIVOS DE OPOSIÇÃO AO


ao uso desses materiais, elencados a USO DOS LIVROS DIDÁTICOS DIGITAIS

partir de diferentes opções de respostas


que podiam ser selecionadas, foram
21,9% 19,2%
que os livros didáticos digitais não são 17,1% 15,8%
fáceis de usar (21,9%), que as aulas
com livros didáticos digitais não são
propícias ao aprendizado (19,2%), não são ajudam no aulas com não são
fáceis de aprendizado esse formato interessantes
que as aulas que usam livros didáticos usar de livro
distraem e
porque
trazem o
são desinte- mesmo
digitais promovem a distração e são ressantes conteúdo
dos livros
desinteressantes (17,1%) e que esses impressos

materiais não são interessantes porque


trazem o mesmo conteúdo dos livros Fonte: Elaboração própria a partir de dados de KERIS, 2020.
didáticos impressos (15,8%).
Por fim, na terceira etapa, diante do cenário encontrado, a pesquisa sugere algumas
direções para a política de livros didáticos digitais do país. Em primeiro lugar, o texto
aponta que o papel e a função dos livros didáticos digitais devem ser claramente
apresentados, para que esses materiais não sejam percebidos apenas como suplementos
dos livros didáticos impressos ou materiais complementares de aprofundamento. Para
tanto, o conceito legal de livro didático digital deve ser definido e devem ser estabelecidos
processos de desenvolvimento e de avaliação adequados para essa nova definição.

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Em seguida, a pesquisa aponta para a necessidade de que os conteúdos dos livros didáticos
digitais possam ser modificados e ampliados por meio de uma ferramenta de autoria simples,
refletindo, assim, as vantagens do suporte digital e permitindo que professores e alunos
tenham autonomia para reconstruir os conteúdos de aprendizagem conforme desejarem.

Além disso, o documento ressalta a importância de que a política seja orientada para
garantir a criação de um ambiente adequado e seguro para o uso dos livros didáticos
digitais, o que pode ser alcançado por meio de investimentos na distribuição de dispositivos
digitais e na instalação de redes sem fio nas escolas, de iniciativas de fortalecimento e de
ampliação das formações de professores para o uso de livros didáticos digitais e da criação
de medidas para prevenir os efeitos adversos causados pelo uso de dispositivos digitais.

Finalmente, a pesquisa recomenda que sejam produzidos estudos que apoiem a


implementação dessas estratégias, como, por exemplo, a preparação de critérios para a
avaliação dos livros didáticos digitais, a criação de um modelo de cálculo de preços para a
produção de livros didáticos digitais com conteúdos diferenciados e a revisão dos métodos
utilizados no desenvolvimento dos livros didáticos digitais¹².

¹² Neste sentido, o KERIS realizou, em 2021, a pesquisa “Um estudo sobre a direção do exame para a diversificação do desenvolvimento do
livro didático digital”, já citada na seção Produção.

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Estônia

RESUMO DOS MARCOS RELACIONADOS AOS LIVROS DIDÁTICOS DIGITAIS

• 2014: Lançamento da política de educação digital “Estratégia de Aprendizagem ao Longo


da Vida da Estônia” | Lei das Escolas Primárias e Secundárias passa a exigir que os livros
didáticos impressos sejam disponibilizados também em formato digital, em plataforma a
ser criada pelo governo

• 2016: Lançamento do E-koolikott (E-schoolbag), plataforma pública e gratuita de materiais


didáticos digitais | Nova versão do Regulamento da Literatura Educacional determina que
os livros didáticos digitais sigam os mesmos requisitos pedagógicos, técnicos e de revisão
dos livros didáticos impressos e adiciona requisitos específicos para os livros didáticos
digitais.

• 2018: Licitação governamental para a compra de licenças de livros didáticos digitais para
todos os professores e alunos para o novo ano letivo

• 2019: Licitação governamental para a compra de licenças de livros didáticos digitais para
todos os professores e alunos para os próximos dois anos letivos

• 2020: Ministério da Educação apoia o desenvolvimento de livros didáticos digitais gratuitos


para os estudantes que seguem o currículo nacional simplificado

• 2021: Anúncio de auxílio governamental de 10 euros por aluno para o ano letivo seguinte
para subsidiar a compra de materiais didáticos digitais

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Desenho

O Ministério da Educação e Pesquisa da Estônia desempenha três tarefas principais em relação


à área de materiais didáticos. A primeira é garantir a disponibilidade de materiais didáticos nas
escolas por meio de ações que assegurem a produção dos livros didáticos necessários para
completar o currículo escolar e o fornecimento destes a todos os alunos da escola primária e
secundária de forma gratuita. A segunda é estabelecer requisitos para certificar que os materiais
didáticos disponíveis sejam compatíveis com o currículo nacional e oferecer informações
públicas sobre esses materiais por meio do registro de materiais didáticos. Por fim, a terceira
tarefa é desenvolver e fornecer materiais didáticos para alunos com necessidades especiais
(ESTÔNIA, 2023b; 2023c).

PRINCIPAIS TAREFAS DESEMPENHAS PELO MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO DA ESTÔNIA

Garantia da disponibilidade Estabelecimento de Desenvolvimento e


e do fornecimento de requisitos de certificação fornecimento de materiais
materiais didáticos e registro didáticos para alunos com
necessidades especiais

Essas tarefas estão previstas principalmente em duas leis estonianas: a Lei das Escolas
Primárias e Secundárias¹³ (ESTÔNIA, 2010a) determina o papel do Estado em relação aos
materiais didáticos, enquanto o Regulamento da Literatura Educacional (ESTÔNIA, 2016)
apresenta os requisitos pedagógicos e técnicos mínimos para a produção de materiais didáticos
e para a revisão desses materiais, além dos tipos de materiais didáticos mínimos por série e por
assunto que devem ser garantidos pelo Estado.

Em relação a materiais didáticos digitais, em 2014, o governo estoniano divulgou a política


Estratégia de Aprendizagem ao Longo da Vida da Estônia (The Estonian Lifelong Learning

¹³ A educação primária na Estônia tem início aos 7 anos de idade e é obrigatória. Esta etapa é cursada ao longo de 9 anos, divididos em três
estágios: I (1ª a 3ª série), II (4ª a 6ª série) e III (7ª a 9ª série). A educação secundária não é obrigatória e tem duração de 3 anos (ESTÔNIA,
2010a).

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Strategy 2020) (ESTÔNIA, 2014). O programa prevê cinco estratégias principais, entre as
quais a estratégia “Um foco digital na aprendizagem ao longo da vida” estabelece que a
tecnologia digital seja usada para aprender e ensinar de forma eficaz e eficiente, melhorando
as competências digitais da população e garantindo o acesso à infraestrutura digital para
a nova geração. Neste sentido, a segunda medida desta estratégia aponta que, para
que os objetivos desenhados nos currículos escolares sejam atingidos, é necessário
assegurar que recursos digitais de aprendizagem ꟷ como livros didáticos digitais, exercícios
interativos, recursos educacionais abertos, guias para professores e ferramentas on-line
de avaliação ꟷ estejam disponíveis nas escolas. Para isso, o programa propõe iniciativas
como a criação de um sistema para desenvolvimento, avaliação, armazenamento,
entrega e utilização de conteúdos educacionais digitais, a definição de requisitos de
qualidade para os recursos digitais de aprendizagem, a organização de ações formativas
para os autores desses materiais, o apoio a projetos-pilotos que promovam o uso de
materiais didáticos digitais nas escolas e o compartilhamento das melhores práticas.

No sentido de fortalecer a produção e o uso de materiais didáticos digitais, ainda em 2014,


o governo da Estônia realizou uma alteração na Lei das Escolas Primárias e Secundárias, que
passou a exigir que os livros didáticos impressos fossem disponibilizados também em formato
digital, em uma plataforma a ser criada pelo governo. No entanto, a lei não fomentava condições
de mercado para que as editoras investissem na produção de livros didáticos digitais de fato
interativos, isto é, que não fossem apenas cópias da versão em papel, e não trazia dispositivos
para garantir que a prática fosse adotada, o que fez com que a exigência não fosse cumprida
de forma sistemática pelas editoras. Ainda assim, a mudança na legislação funcionou como
um motivador inicial para que as editoras do país começassem a pensar em modelos de livros
didáticos digitais (RAMMO, 2016).

Em consonância com as metas desenhadas no programa Estratégia de Aprendizagem


ao Longo da Vida, em 2016, o Ministério da Educação e Pesquisa lançou o E-koolikott
(E-schoolbag), uma plataforma pública e gratuita de materiais didáticos digitais. A plataforma
funciona como um repositório que permite que os professores pesquisem e encontrem materiais
didáticos digitais localizados em diferentes sites ꟷ como vídeos, animações, áudios, imagens,
apresentações, jogos, simulações, experimentos, exercícios e livros didáticos digitais ꟷ e criem
coleções de recursos, que podem ser compartilhadas com alunos e colegas. Além disso, existe
um ambiente de criação de conteúdo na plataforma, chamado Sisuloome , por meio do
qual os professores podem desenvolver e publicar materiais didáticos digitais no repositório¹⁴.

¹⁴ Os materiais didáticos digitais são criados a partir de modelos H5P.

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Os livros didáticos digitais produzidos e comercializados pelas editoras privadas também
são cadastrados na plataforma, o que faz com que esta desempenhe a função de registro da
literatura educacional do país.

Ainda em 2016, o governo da Estônia promulgou uma nova versão do Regulamento da


Literatura Educacional. Com a modificação, os requisitos pedagógicos, técnicos e de revisão
estabelecidos no texto do regulamento para os livros didáticos impressos passaram a valer para
os livros didáticos digitais e foram adicionados novos requisitos, específicos para esse tipo de
material.

Em 2018, com o objetivo de incentivar o uso de livros didáticos digitais no país, o Ministério da
Educação e Pesquisa lançou uma licitação para a compra de licenças para todos os professores
e alunos para o ano letivo 2018/2019. A iniciativa teve um retorno positivo do meio escolar, o que
fez com que, em 2019, o governo lançasse uma nova licitação para a compra de licenças para
os dois anos letivos seguintes. Após o término do contrato, o governo disponibilizou uma verba
adicional de 10 euros por aluno para que as escolas pudessem adquirir as próprias licenças de
livros didáticos digitais.

Por fim, em 2020, o Ministério da Educação e Pesquisa liderou o desenvolvimento de livros


didáticos digitais gratuitos para os estudantes que seguem o currículo nacional simplificado¹⁵.
Isso porque o mercado de alunos que seguem esse currículo é bastante pequeno, com cerca de
10 mil estudantes distribuídos entre as diferentes séries, e não representa um segmento atrativo
para as editoras comerciais. Como a legislação estoniana exige que o Ministério da Educação
e Pesquisa garanta a disponibilidade dos materiais didáticos necessários para a conclusão dos
currículos nacionais, cabe a este ministério promover ações para suprir a demanda nas áreas
que não são atendidas pela iniciativa privada.

Essas duas últimas iniciativas são atualmente lideradas pelo Conselho de Educação e
Juventude, conhecido como Harno, uma agência governamental administrada pelo Ministério
da Educação e Pesquisa que foi criada em 2020, a partir da unificação de diversos órgãos
relacionados a tecnologia educacional, trabalho e inovação¹⁶.

¹⁵ O currículo nacional simplificado para o ensino fundamental estabelece o padrão de educação básica para alunos com deficiência intelectual
que, por recomendação do conselho consultivo e com o consentimento dos pais, frequentam o ensino simplificado (ESTÔNIA, 2010b).
¹⁶ Fundação Innove, Fundação de Tecnologia da Informação Educacional (HITSA), Fundação Archimedes e Centro de Trabalho da Juventude
da Estônia.

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Produção

Os livros didáticos digitais na Estônia são produzidos principalmente por editoras privadas.
As maiores editoras de materiais didáticos do país são Avita , Koolibri e Maurus .

Não existe um processo de avaliação governamental dos livros didáticos digitais, mas o
Estado estabelece alguns requisitos mínimos para a produção e a revisão desses materiais
por meio do Regulamento da Literatura Educacional (ESTÔNIA, 2016).

Em relação aos requisitos fundamentais, a lei aponta que a criação dos livros didáticos
impressos e digitais deve estar baseada no que os currículos nacionais e a Lei das Escolas
Primárias e Secundárias determinam quanto aos valores básicos da educação, ao conceito
de aprendizagem, aos objetivos gerais e específicos do ensino, aos conteúdos e resultados
de aprendizagem solicitados, às tarefas da escola e às condições do ambiente escolar. O
regulamento também especifica que esses materiais devem conter tarefas que desenvolvam
habilidades de pensamento superior, como tarefas criativas, de resolução de problemas e
de pesquisa, e direcionem a aplicação de métodos ativos de aprendizagem e de materiais
metodologicamente diversos, e permitam a diferenciação e a implementação da aprendizagem
em diferentes ambientes, incluindo o digital. Por fim, quanto ao conteúdo dos livros didáticos
impressos e digitais, o documento recomenda que o texto esteja escrito em linguagem correta e
apropriada para a idade, que a organização dos tópicos e conteúdos seja sistemática e lógica,
que os fatos sejam corretos e atualizados e que as informações e a forma como essas são
apresentadas sejam diversificadas, adequadas à idade e metodologicamente convenientes,
apoiando o desenvolvimento moral, físico e social do aluno, uma visão de mundo abrangente
e a capacidade de aprender de forma independente.

Quanto aos requisitos técnicos, o texto sugere que os livros didáticos digitais possam ser
usados em dispositivos digitais com diferentes sistemas operacionais e adaptados de forma
razoável para deficientes visuais e auditivos. O regulamento também ressalta que os livros
didáticos digitais que forem disponibilizados na plataforma de materiais didáticos digitais
devem conter metadados, que devem ser adicionados pelo editor de acordo com as condições
estabelecidas pela plataforma.

Sobre a revisão dos livros didáticos impressos e digitais, a lei determina que o editor
solicite ao menos duas revisões do original. O objetivo das revisões é fornecer uma avaliação
fundamentada sobre o material, principalmente quanto ao cumprimento dos requisitos
fundamentais e técnicos estabelecidos no regulamento.

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Uma das revisões deve ser feita por um professor universitário, um pesquisador ou um
especialista com título de pesquisador, enquanto a outra deve ser feita por um professor
que trabalhe em uma escola de educação básica, que tenha ao menos cinco anos
de experiência profissional – sendo pelo menos três no nível escolar para o qual a obra
se destina –, e que pertença a uma associação de professores, para que a obra seja
avaliada de forma ampla e versátil por docentes que estão em exercício como usuários
de materiais didáticos, garantindo, assim, o máximo de eficácia no uso do material e
promovendo um aumento consciente da demanda na encomenda de livros didáticos.

Em geral, as editoras trabalham com seus próprios modelos de revisão, mas o governo
também possui um modelo de formulário, que pode ser utilizado como referência. O editor
deve enviar aos revisores um rascunho da obra reformulada de acordo com as sugestões
de correções e de acréscimos, e um retorno sobre a consideração dessas recomendações,
sendo que a desconsideração ou consideração parcial das propostas deve ser justificada.

De acordo com o regulamento, a editora deve disponibilizar publicamente as revisões


e garantir que os nomes dos revisores e as informações sobre onde as resenhas podem
ser encontradas estejam em um local visível do material. No entanto, do ponto de vista das
editoras, como as revisões são encomendadas durante o processo de criação dos livros
didáticos digitais e servem como referência para correções que ainda serão feitas, não é
proveitoso torná-las públicas, pois elas não se referem à versão finalizada da obra. As editoras
não são obrigadas a enviar as revisões dos livros didáticos digitais para o governo, mas
este pode solicitá-las a qualquer momento. Atualmente, o Ministério da Educação e Pesquisa
está desenvolvendo um sistema de registro das revisões, para que professores, escolas e
pais possam buscá-las em um único lugar e para que os usuários também possam fornecer
suas opiniões sobre as obras. A expectativa do governo é a de que, quando o sistema for
implementado, as editoras tenham um relacionamento mais cooperativo com o Estado e
forneçam as duas revisões de cada novo livro didático digital, para que sejam registradas.

Uma grande parte das editoras estonianas produz os seus livros didáticos digitais por meio
do sistema de gerenciamento de conteúdo Opiq, da empresa Star Cloud ¹⁷. O Opiq CMS
(Content Management System) é um software on-line que oferece ferramentas para a criação e
a edição de livros didáticos digitais interativos em HTML5, que são chamados de kits de estudo

¹⁷ O sistema foi desenvolvido em 2013, a partir do projeto interno de digitalização de livros didáticos da editora Avita. No ano seguinte, diante do
grande investimento realizado, a editora decidiu vender a tecnologia para outros produtores de livros didáticos, criando a empresa Star Cloud.

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(study kits). Na contratação do software, a Star Cloud oferece às editoras um pacote de pelo
menos 6 horas de treinamento sobre o uso do editor e a digitalização inicial de alguns livros
didáticos, para que as editoras tenham uma base para começar o seu trabalho. Em geral, as
editoras produzem os livros didáticos digitais a partir do livro em papel, adicionando novas
camadas e recursos à estrutura de conteúdos existentes no formato impresso, mas já existem
algumas iniciativas de livros didáticos que foram desenvolvidos diretamente no formato digital.

Os livros didáticos digitais produzidos no Opiq CMS possuem a estrutura de um site responsivo,
com uma página inicial que traz o índice do conteúdo no formato de um menu de navegação e
subpáginas que correspondem aos capítulos da obra, sendo que cada capítulo normalmente
representa uma lição de cerca de 45 minutos. O sistema possibilita a personalização do design
e do layout do livro didático digital e a adição de recursos digitais como vídeos, áudios, galerias
de imagem, ampliação de imagens, hiperlinks, pop-ups e exercícios interativos de diversos
formatos, como múltipla escolha, checkbox, lista suspensa, palavras cruzadas, arrastar e soltar
e desenho sobre imagens. Além disso, o Opiq CMS permite a integração com alguns aplicativos
externos e existem projetos-pilotos de uso de componentes de realidade aumentada e de
inteligência artificial.

A empresa Star Cloud também possui a plataforma Opiq , um sistema de gerenciamento


de aprendizagem (LMS) por meio do qual os livros didáticos digitais produzidos pelas editoras
são acessados pelos alunos e professores. O acesso à plataforma é comercializado por um
sistema de licenças mensais, que dão acesso a determinados conjuntos de livros da biblioteca.
A remuneração dos editores é feita descontando uma taxa de administração da plataforma do
valor mensal da licença e, em seguida, distribuindo o valor restante entre os editores, com base
no número de acessos a cada capítulo de cada livro didático digital. Quanto à remuneração dos
autores, em geral, as editoras negociam o pagamento de comissões que incluem percentuais
sobre a venda tanto dos livros didáticos impressos quanto dos livros didáticos digitais.

Os livros didáticos digitais que foram desenvolvidos pelo Ministério da Educação e Pesquisa
ao longo de 2020 para os alunos que seguem o currículo nacional simplificado também foram
produzidos por meio do Opiq CMS e estão disponíveis gratuitamente na plataforma Opiq¹⁸
(LIPPIN, 2021; RAMMO, 2021).

¹⁸ É possível cadastrar-se sem custos na plataforma Opiq para ter acesso a livros didáticos digitais gratuitos. Além disso, algumas editoras
permitem o acesso gratuito ao primeiro capítulo dos livros didáticos digitais pagos como forma de divulgação.

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IMAGEM 3 – PRINT DE LIVRO DIDÁTICO DIGITAL DE QUÍMICA
(EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA) – ESTÔNIA

Fonte: Plataforma Opiq.¹⁹

IMAGEM 4 – PRINT DE LIVRO DIDÁTICO DIGITAL DE QUÍMICA


(EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA) – ESTÔNIA

Fonte: Plataforma Opiq.

¹⁹ É possível acessar materiais disponíveis na plataforma Opiq .

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Implementação

Na maior parte dos casos, os livros didáticos digitais da Estônia não são comercializados e
acessados em ambientes digitais das próprias editoras, mas sim em plataformas desenvolvidas
por empresas de tecnologia. A Opiq , que pertence à empresa Star Cloud, é a maior plataforma
do país e oferece tanto a comercialização de licenças de livros didáticos digitais quanto o acesso
a esses materiais.

A biblioteca da plataforma é composta atualmente por livros didáticos digitais de mais de 30


editoras estonianas e de outros países²⁰, que são produzidos no formato de study kits por meio
do Opiq CMS. A comercialização dos livros didáticos digitais é feita pela venda de licenças
mensais, que dão acesso a pacotes de livros.

O pacote completo para o ensino primário e secundário é composto por 365 livros didáticos
digitais das editoras Avita, Koolibri, Künnimees e JA Eesti. A licença individual custa € 9,90 por
mês para professores, € 6,90 para usuários privados e € 4,60 para estudantes. Para as escolas
que adquirem licenças para ao menos metade de seus estudantes, o valor por aluno é reduzido
para € 3,50 por mês. Caso a escola solicite licenças para todos os alunos, a plataforma oferece
licenças gratuitas para todos os professores e, para pedidos menores, as escolas recebem uma
licença gratuita de professor para cada turma de 25 alunos. A empresa também comercializa
licenças de pacotes de livros didáticos digitais por disciplina para o ensino secundário. Neste
formato, os valores das licenças individuais dependem do número de livros disponíveis no
pacote de cada disciplina, variando entre € 0,84 e € 4,90 para professores e € 0,84 e € 1,90
para alunos.

Além de comercializar as licenças dos pacotes, a plataforma Opiq também funciona como um
ambiente virtual de aprendizagem, por meio do qual alunos e professores podem acessar e utilizar
os livros didáticos digitais que compõem o pacote adquirido pela escola. No ambiente digital, os
usuários podem fazer destaques ou comentários no texto e complementar o conteúdo dos livros
didáticos digitais com anotações e arquivos anexos, como textos, imagens e apresentações.
Os arquivos e textos adicionados pelos professores podem ser compartilhados com os alunos
e projetados na lousa digital. As escolas que trabalham com sistemas de gerenciamento de
alunos, como eKool ou Studio, podem integrá-los à plataforma, enquanto as escolas que não
utilizam esses sistemas podem criar suas próprias turmas diretamente na Opiq. Os professores

²⁰ Além da Estônia, a Opiq está presente no Cazaquistão, na Finlândia, no Quênia e em Uganda.

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podem atribuir coleções de tarefas para as turmas, dar retornos aos estudantes sobre as tarefas
realizadas, avaliá-las com notas e acompanhar os resultados do grupo.

A segunda maior plataforma privada da Estônia é a TaskuTark , que comercializa licenças


para os livros didáticos digitais da editora Maurus. A licença individual para cada livro didático
digital custa entre € 4,90 e € 6,90 por ano e os livros podem ser acessados pela própria
plataforma. A TaskuTark também comercializa um ambiente virtual de aprendizagem chamado
ÕPI . As escolas podem licenciar apenas o uso da ÕPI ou contratar o uso deste ambiente
combinado com pacotes de licenças para os livros didáticos digitais da editora Maurus.

Existem ainda outras plataformas privadas relacionadas ao uso de livros didáticos digitais no
país, como a Libry e a Fox Academy , além do repositório público de materiais didáticos
digitais desenvolvido em 2016 pelo Ministério da Educação e Pesquisa, chamado E-koolikott .
A maioria dos livros didáticos digitais produzidos pelas editoras privadas também é cadastrada
nesta plataforma. Quando o usuário clica sobre um livro didático digital pago que foi encontrado
como resultado de sua pesquisa no E-koolikott, ele é redirecionado para a plataforma que
comercializa a licença deste material.

Em outubro de 2018, o Ministério da Educação e Pesquisa lançou uma licitação para a compra
de licenças de livros didáticos digitais, que foram disponibilizadas gratuitamente a todas as
escolas do país no ano letivo 2018/2019. O investimento de cerca de 1,4 milhões de euros
foi financiado com recursos do Fundo Social Europeu relativos à medida “Desenvolvimento
e introdução de materiais educativos modernos e inovadores”. O concurso foi vencido pela
empresa Star Cloud, desenvolvedora da plataforma Opiq, oferecendo às escolas o acesso aos
livros didáticos digitais das editoras Avita e Koolibri.

Em 2019, foi lançada uma segunda licitação de compra de licenças de livros didáticos
digitais para serem usados gratuitamente pelas escolas por mais dois anos letivos (2019/2020
e 2020/2021). Este segundo concurso foi vencido pela oferta conjunta apresentada pelas
plataformas Opiq e Fox Academy, disponibilizando para as escolas o acesso a cerca de 160
livros didáticos digitais de cinco editoras. A licitação previa a possibilidade de extensão do
contrato por mais um ano, mas o Ministério da Educação e as plataformas vencedoras do
concurso não entraram em um acordo sobre o valor das licenças para o ano e o contrato não foi
prorrogado (RAMMO, 2021; LIPPIN, 2021).

De acordo com a legislação do país, os estudantes das escolas públicas da Estônia devem
ter acesso universal e gratuito a livros didáticos. Para tanto, o Ministério da Educação e Ciência

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disponibiliza cerca de 9 milhões de euros por ano (57 euros por aluno) para financiar a aquisição
de materiais didáticos, sendo que as escolas têm liberdade de compra para escolher os livros
didáticos que mais se adequam ao seu projeto pedagógico. Em 2021, após o término da vigência
das licenças compradas pelo governo para acesso à plataforma Opiq, o Ministério da Educação
e Pesquisa anunciou a liberação de um apoio extra de 1,65 milhão de euros (10 euros por
aluno) para o ano seguinte, para subsidiar a compra de materiais didáticos digitais. De acordo
com o Ministério, a mudança de modelo permite que as escolas tenham autonomia para optar
pela compra de materiais didáticos digitais mais adequados para as necessidades de seus
professores e alunos, podendo investir o valor em livros didáticos digitais ou em aplicativos
educacionais desenvolvidos por diferentes fornecedores (ESTÔNIA, 2021).

Monitoramento

O Ministério da Educação e Pesquisa da Estônia avalia que o projeto de financiamento de


licenças de livros didáticos digitais para alunos e professores teve um impacto bastante positivo
na consolidação do uso deste tipo de material nas escolas do país, com um crescimento
significativo ao longo dos últimos anos.

Apesar da boa receptividade que a iniciativa recebeu por parte das escolas – que justificou,
inclusive, a realização da segunda licitação para mais dois anos letivos –, ao final do primeiro
ano do projeto havia cerca de 100 escolas, 100 mil alunos e 10 mil professores que ainda
não utilizavam a plataforma Opiq. Entre os motivos para isso estão o fato de que as escolas
só tiveram acesso ao ambiente em outubro, quando os planos de aula dos professores já
haviam sido feitos, e de que, por ser um projeto-piloto, os professores ficaram inseguros com a
possibilidade de que o projeto fosse descontinuado no ano seguinte, invalidando, assim, todo o
trabalho que seria necessário desenvolver para reformular os planos de aulas de forma a incluir
o uso dos livros didáticos digitais.

Além disso, no primeiro ano da licitação, os usuários dos livros didáticos digitais foram, em
sua maioria, professores, e não alunos. Em março de 2019, 54% dos professores do ensino
primário utilizaram a Opiq, enquanto apenas 32% dos alunos deste segmento acessaram a
plataforma. De acordo com o governo, uma possibilidade é que os professores tenham utilizado
os livros didáticos digitais apenas para projetar exercícios, vídeos, imagens e textos na lousa
digital, o que não seria o uso ideal esperado para esses materiais. Outra explicação refere-se à
observação de que, em geral, os professores inicialmente trabalham em paralelo com um novo

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material didático, para usar o novo material com os alunos apenas no ano seguinte, sendo que
este padrão já foi verificado tanto em relação ao lançamento de novos livros didáticos impressos
quanto nas escolas que começaram a usar livros didáticos digitais na plataforma Opiq antes da
licitação de 2018. Por fim, a diferença de formato entre o livro didático impresso e o livro didático
digital também foi apontada pelo governo como uma dificuldade inicial, pois o fato de o livro
didático digital não ser organizado em páginas dificultou a correspondência entre os conteúdos
nas duas versões (PÄRNAPUU, 2019).

Já no segundo ano do projeto, as licenças da Opiq e da Foxacademy foram liberadas antes do


início do ano escolar para serem utilizadas pelos dois anos letivos seguintes, o que incentivou o
uso dos livros didáticos digitais por parte dos professores. O governo também aponta que esse
uso foi significativamente ampliado a partir de março de 2020, pois as licenças gratuitas já estavam
disponíveis para as escolas no início da pandemia de Covid-19, o que fez com que elas estivessem
preparadas para continuar as aulas no ensino remoto, contando com o apoio dos livros didáticos
digitais durante o período. Neste sentido, portanto, o Ministério da Educação e Pesquisa avalia
que os dois fatores decisivos para a ampliação do uso de livros didáticos digitais no país foram a
pandemia da COVID-19 e o programa de disponibilização de licenças gratuitas, que permitiram
que os professores testassem amplamente o uso desse tipo de material e conhecessem,
assim, o impacto desse uso tanto no processo de ensino quanto em sua rotina profissional.

Como o uso de livros didáticos digitais já está bastante consolidado na Estônia, o


governo considera que, atualmente, o principal desafio em relação ao monitoramento do
uso desses materiais não está mais em mapear quantitativamente o número de escolas,
professores e alunos que usam os livros didáticos digitais, mas sim em coletar dados que
permitam compreender o impacto do uso desses materiais no aprendizado dos alunos e
que possibilitem, assim, a construção de políticas públicas a partir dessas informações. No
entanto, o Ministério aponta que os dados necessários para esse tipo de análise são difíceis
de serem coletados, pois tanto a União Europeia quanto a Estônia possuem políticas de
privacidade bastante rígidas, que restringem quais tipos de dados podem ser coletados
de estudantes menores de idade sem a necessidade de solicitar a autorização dos pais.

Seguindo o mesmo sentido, do lado da iniciativa privada, a Opiq adicionou recentemente


em seu CMS um recurso que permite que as editoras anexem a estrutura dos resultados
de aprendizagem do país aos capítulos e exercícios de seus livros didáticos digitais de
linguagens e de matemática, com o propósito de possibilitar a produção de análises mais
sofisticadas sobre o desempenho dos alunos em relação aos currículos dessas disciplinas
e também a criação de jornadas de aprendizado personalizadas dentro da plataforma.

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Atualmente, a Opiq possui uma ferramenta de análise de dados, chamada Opiq Analytics,
que traz informações sobre o uso da plataforma de acordo com os diferentes perfis de seus
usuários, como editoras, escolas, líderes educacionais e formuladores de políticas públicas.
No painel de dados da ferramenta, é possível acompanhar informações sobre o número de
professores, alunos e escolas que acessam a plataforma, o uso dos capítulos, exercícios e
recursos interativos dos livros didáticos digitais, o desempenho das editoras, os dispositivos
de acesso etc.

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Holanda

RESUMO DOS MARCOS RELACIONADOS AOS LIVROS DIDÁTICOS DIGITAIS

• 2013: Criação da Basispoort, parceria entre editoras e fornecedores escolares que oferece
o serviço gratuito de login único para professores e alunos

• 2015: Lançamento do programa Edu-k, plataforma que reúne os atores públicos e privados
envolvidos na cadeia de produção de materiais didáticos para a realização de acordos que
garantam as precondições necessárias para o uso bem-sucedido de materiais didáticos
digitais na aprendizagem

• 2018: Criação do Momento, painel gratuito para o ensino primário que funciona como uma
central única de controle dos diversos livros didáticos digitais

• 2019: Lançamento da política pública de educação digital “Agenda de Digitalização para


a Educação Primária e Secundária” | Início da implementação do modelo Licensing-Folio
(LiFo), por meio do qual as editoras comercializam a licença anual dos livros didáticos
digitais e permitem a aquisição da versão impressa por um pequeno valor adicional

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A Holanda não possui uma política pública ou uma regulamentação federal voltada para
a produção de livros didáticos digitais. Em 2019, o Ministério da Educação lançou a Agenda
de Digitalização para a Educação Primária e Secundária²¹ (Digitaliseringsagenda - Primair en
voortgezet onderwijs) (HOLANDA, 2019), com diretrizes e recomendações para o fomento da
educação digital nas escolas. Um dos cinco pilares dessa agenda, intitulado “Os recursos digitais
de aprendizagem trabalham para o usuário”, aborda ambições e objetivos para a produção de
materiais didáticos digitais em geral, mas não traz recomendações específicas em relação à
publicação de livros didáticos digitais.

No entanto, o governo holandês possui um papel importante na organização da cadeia de


produção de materiais didáticos digitais, incluindo livros didáticos digitais. Isso porque o país
concebe o uso de materiais didáticos como um ciclo que tem início nas salas de aula, com a
demanda dos professores, perpassa as editoras e desenvolvedores, que são os responsáveis
por criar recursos, e, por fim, retorna novamente às escolas, que decidem pelo uso desses
materiais. Por isso, o Ministério da Educação, Cultura e Ciência atua para que empresas,
organizações e instituições governamentais envolvidas na produção de materiais didáticos
digitais operem de forma cooperativa, em prol do bom funcionamento do setor e a favor do
processo de aprendizagem.

Para incentivar o diálogo permanente entre os atores da educação envolvidos na cadeia de


produção de materiais didáticos digitais, o Ministério lançou em 2015 o programa Edu-k ,
uma plataforma público-privada em que editores educacionais, distribuidores e fornecedores
escolares e conselhos escolares de educação primária, secundária e secundária profissional
trabalham juntos na criação de acordos que garantam as precondições necessárias para o uso
bem-sucedido de materiais didáticos digitais na aprendizagem.

A plataforma possui quatro grandes áreas de atuação: 1) processo seletivo e processo de


aprendizagem, 2) privacidade, 3) continuidade e segurança e 4) acesso a materiais didáticos.
Dentro desta última, o programa afirma que os materiais didáticos digitais devem ser bem orga-
nizados, simples e fáceis de usar, e devem respeitar a privacidade dos alunos, sendo respon-
sabilidade das partes públicas e privadas trabalharem em acordos que tornem isso possível.

²¹ A educação na Holanda é obrigatória a partir do ensino primário, que tem início aos 5 anos de idade e é cursado ao longo de 8 anos. O
ensino secundário também é obrigatório e é subdividido em três modalidades: a educação secundária pré-profissionalizante (VMBO), com foco
no ensino técnico; o ensino secundário geral sênior (HAVO); e o ensino pré-universitário (VWO), que são preparatórios para as universidades
(HOLANDA, 2023b).

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PROJETOS DA EDU-K

PROJETO ÂMBITO DE ATUAÇÃO

O projeto Ano escolar ensino secundário e profissional desenvolve


ANO ESCOLAR acordos entre os diversos membros da cadeia para assegurar que todos os
ENSINO alunos do ensino secundário e do ensino secundário profissional consigam
SECUNDÁRIO E acessar os materiais didáticos digitais no início do ano letivo sem interrupções
PROFISSIONAL ou problemas técnicos (EDU-K, 2023a e 2023b).

O projeto de Implementação do ECK iD estabelece acordos para o


PROJETO DE fornecimento de um número de identificação próprio para cada aluno (o ECK
IMPLEMENTAÇÃO iD), a fim de que os estudantes possam ser identificados com precisão ao
DO ECK ID acessar seus materiais didáticos digitais com menos troca de dados pessoais
entre os sistemas das escolas e dos fornecedores (EDU-K, 2023a e 2023b).

IMPLEMENTAÇÃO O projeto de Implementação do padrão ECK Distribuição e acesso


DO PADRÃO ECK estabelece um acordo de padronização dos processos e dos aspectos
DISTRIBUIÇÃO E funcionais e técnicos relacionados a escolha, encomenda, fornecimento e
ACESSO acesso aos materiais didáticos digitais para o ensino secundário, buscando
garantir que todos os membros da cadeia trabalhem a partir dos mesmos
princípios e procedimentos (EDU-K, 2023a e 2023b).

A partir da liderança e coordenação da Edu-k, os acordos entre os agentes públicos e


privados que integram a cadeia de produção de conteúdos educacionais são firmados por meio
da Edustandaard , uma plataforma pública na qual as diversas partes da área educacional
se reúnem para fazer acordos. O objetivo da plataforma é contribuir para o desenvolvimento, o
gerenciamento e a garantia de todos os padrões relevantes para o campo educacional holandês,
o que, por sua vez, possibilita monitorar a coerência mútua entre os acordos, fornecer um ponto
único de contato para as partes interessadas e garantir a adesão aos padrões internacionais
de educação. O estabelecimento de novos acordos dentro da Edustandaard é feito por meio
de grupos de trabalho formados por especialistas, técnicos, usuários e implementadores,
que são responsáveis por desenvolver e validar a aplicabilidade prática dos novos padrões
(EDUSTANDAARD, 2023).

A Edustandaard funciona sob responsabilidade da Kennisnet e do SURF , que são


fundações de apoio ao uso das TICs nas escolas de ensino primário, secundário e secundário

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profissional e nas instituições de ensino superior, respectivamente. A Fundação Kennisnet é
financiada pelo Ministério da Educação, Cultura e Ciência e atua como um guia de referência para
as escolas em relação à implementação das TICs na educação e ao uso de materiais didáticos
digitais. Neste sentido, entre as ações da Fundação, está a publicação de orientações às escolas
sobre como realizar a escolha e a compra de materiais didáticos digitais e o desenvolvimento
do Koppelpunt Catalogusinformatie , um catálogo que fornece informações sobre o
mercado de materiais didáticos digitais, coletando as informações dos catálogos dos editores e
disponibilizando-as gratuitamente (KENNISNET, 2021b; 2023c).

Assim, ainda que a Holanda não possua uma política pública voltada especificamente para
a produção de livros didáticos digitais, o Ministério da Educação, Ciência e Cultura holandês
apresenta um papel central no desenvolvimento do ecossistema de materiais didáticos digitais,
por meio da organização e do financiamento de iniciativas como a Edu-k, a Edustandaard e a
Fundação Kennisnet, entre outras. Desta maneira, ao incentivar o diálogo e a parceria entre
os atores públicos e privados envolvidos na cadeia de produção de materiais didáticos digitais,
o governo holandês contribui para o desenvolvimento de um cenário favorável para que as
editoras privadas possam produzir e comercializar seus livros didáticos digitais, ao mesmo
tempo em que atua para garantir que as demandas do setor de educação pública em relação a
esse tipo de material também sejam contempladas.

Produção

Os livros didáticos digitais são produzidos por editoras privadas holandesas. Existem
aproximadamente 30 editoras educacionais no país. No ensino primário, o mercado está
concentrado em quatro grandes editoras: Zwijsen , Malmberg , Noordhoff e Thieme
Meulenhoff . Com exceção de Zwijsen, essas também são as editoras que dominam o
mercado voltado ao ensino secundário (REGIOPLAN, 2021a).

A produção de materiais didáticos na Holanda está estruturada em torno do conceito de


métodos de ensino (lesmethodes), que consistem em uma combinação de livros didáticos, livros
de exercícios e materiais de teste. Os métodos podem ser totalmente impressos, inteiramente
digitais ou uma combinação entre materiais impressos e digitais. Atualmente, o principal formato
comercializado pelas editoras é o modelo combinado, por meio do qual o método é fornecido

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às escolas no formato inteiramente digital, mas com a opção de compra da pasta de trabalho
impressa por um pequeno valor adicional. Neste formato, o livro didático digital assume um
papel central no modelo de produção das editoras.

Como não há uma lei federal que regulamente a produção de livros didáticos no país, nem um
processo de avaliação que estabeleça critérios para a produção desse tipo de material, os livros
didáticos digitais são produzidos de forma autônoma pelas editoras, que devem apenas garantir
que os materiais estejam de acordo com as competências e objetivos de aprendizagem previstos
para a educação primária e secundária. Espera-se também que as editoras cooperem com os
acordos de padronização estabelecidos entre os membros da cadeia de recursos educacionais.

Além disso, para garantir os interesses das escolas, os conselhos setoriais do ensino primário
e secundário (PO-Raad e VO-Raad) publicaram, em 2014, um Programa de Requisitos para a
Cadeia de Recursos Educacionais (Programma van Eisen Leermiddelenketen), com indicações
de demandas para os atores do mercado de materiais didáticos, como editores, fornecedores e
distribuidores. O documento foi bem recebido por esses agentes, que desenvolveram medidas
significativas para implementar soluções para as solicitações apresentadas. Assim, em 2017, os
conselhos setoriais publicaram uma nova versão do documento. Os requisitos não se referem
diretamente ao conteúdo, formato ou modelo de produção dos livros didáticos digitais, mas
funcionam como uma referência das expectativas das escolas em relação ao mercado de
materiais didáticos digitais de forma ampla, no qual os livros didáticos digitais estão inseridos
(PO-RAAD; VO-RAAD, 2017).

Em geral, os livros didáticos digitais produzidos pelas editoras holandesas são apresentados
no formato de plataformas, em que conteúdos e ferramentas de gerenciamento de aprendizagem
estão estreitamente interligados. A versão digital dos métodos voltados ao ensino primário da
editora Malmberg, por exemplo, são disponibilizados por meio do ambiente de aprendizagem
Bingel . Na plataforma, após selecionar o método na prateleira, o aluno é direcionado a
uma tela na qual há um menu lateral com os botões: Início, que é a página inicial do método;
Aulas, que leva ao conteúdo teórico daquele método, dividido em blocos, semanas e lições e
composto por explicações e exercícios de exemplo, que são realizados no momento de aula,
com o professor; Tarefas, onde ficam os exercícios de prática individual, subdivididos em blocos,
semanas e tarefas; e Desenvolvimento, no qual o aluno pode acompanhar a sua evolução
no método. Os alunos que possuem apenas o método impresso também têm acesso a esse
ambiente, mas apenas aos botões Início e Tarefas.

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IMAGEM 5 – PRINT DE MÉTODO DIGITAL DE MATEMÁTICA
(EDUCAÇÃO PRIMÁRIA) – HOLANDA

Fonte: Plataforma Bingel.²²

IMAGEM 6 – PRINT DE MÉTODO DIGITAL DE MATEMÁTICA


(EDUCAÇÃO PRIMÁRIA) – HOLANDA

Fonte: Plataforma Bingel.

²² É possível acessar materiais disponíveis na plataforma Bingel .

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IMAGEM 7 – PRINT DE MÉTODO DIGITAL DE GEOGRAFIA
(EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA) – HOLANDA

Fonte: Ambiente virtual da Noordhoff.²³

IMAGEM 8 – PRINT DE MÉTODO DIGITAL DE GEOGRAFIA


(EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA) – HOLANDA

Fonte: Ambiente virtual da Noordhoff.

²³ É possível acessar materiais disponíveis no ambiente virtual da Noordhoff .

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Implementação

De acordo com a legislação holandesa, os livros didáticos devem ser gratuitos no ensino
primário e, desde 2008, também no ensino secundário, a partir da promulgação da Lei do Livro
Escolar Gratuito (Wet Gratis Schoolboeken).

As escolas recebem anualmente um montante fixo do orçamento do Ministério da Educação


para financiar custos de pessoal e de equipamentos, dentro do qual estão incluídos gastos
com construção e manutenção de edifícios escolares e também com materiais de ensino,
como instalações de TIC, material didático e mobiliário (PO-RAAD, 2023). Até 2022, havia uma
indicação governamental sobre os valores que deveriam ser alocados para cada uma dessas
categorias de gastos. No entanto, a partir da adoção da Lei de Simplificação do Orçamento, em
2022, para o ensino secundário e, em 2023, para o ensino primário, o governo não indica mais
o valor ideal de gastos para cada categoria, aumentando a liberdade das escolas na distribuição
dos recursos recebidos (HOLANDA, 2023c).

Embora as escolas sejam livres para fazer escolhas orçamentárias dentro do montante fixo,
a maioria das escolas mantém seus custos com materiais didáticos em torno do valor sugerido.
Segundo uma pesquisa realizada em 2021 com 220 escolas secundárias²⁴, a despesa média
anual das escolas com materiais didáticos é de 345 euros por aluno, sendo que a maioria das
escolas gasta entre 275 e 400 euros (REGIOPLAN, 2021b).

A demanda por materiais didáticos digitais impulsionou o aparecimento de um outro modelo


de compras de livros didáticos no país. No modelo tradicional, chamado modelo de transação,
as escolas compravam ou alugavam²⁵ livros didáticos impressos por intermédio de fornecedores
escolares, no ensino primário, ou de distribuidores, no ensino secundário, que eram responsáveis
pela negociação dos valores de compra com as editoras e pelo processo logístico de distribuição
desses materiais para as escolas.

Inicialmente, materiais didáticos digitais e métodos impressos podiam ser adquiridos


separadamente, mas, a partir de 2019, as editoras começaram a implementar o modelo

²⁴ A amostra representa 14% das escolas secundárias do país, que totalizam 1.609 escolas.
²⁵ Existem três tipos de fundos de recursos educacionais na Holanda. No fundo de recursos educacionais externos (ELF), a escola aluga
os materiais didáticos do distribuidor, cabendo ao distribuidor todo o processo de distribuição dos materiais didáticos. No fundo de recursos
educacionais facilitados (GLF), a escola é proprietária dos materiais didáticos, mas o distribuidor ainda organiza grande parte do processo de
distribuição e aluguel. Por fim, no fundo de recursos educacionais internos (ILF), a escola adquire e gerencia a distribuição de seus materiais
didáticos, que são alugados pela escola aos alunos. Um fundo interno é mais barato que um fundo externo ou um fundo facilitado, mas é mais
trabalhoso para as escolas. Em 2019, cerca de 65% dos alunos foram atendidos por meio de um fundo externo ou facilitado e 35% por meio
de um fundo interno (REGIOPLAN, 2021b).

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Licensing-Folio (LiFo), por meio do qual as editoras licenciam o acesso completo ao método
digital por um ano para cada aluno e, por um pequeno valor adicional, que cobre apenas o
custo de produção, as escolas podem adquirir a versão impressa do livro de exercícios, que não
precisa ser devolvido pelo aluno ao final do ano letivo.

Atualmente, esse é o modelo dominante de venda de livros didáticos digitais entre as principais
editoras holandesas. Na pesquisa realizada com escolas secundárias (REGIOPLAN, 2021b),
43% delas afirmaram que adquiriram licenças no modelo LiFo para uma ou mais disciplinas no
ano letivo de 2020-2021. Entre as vantagens desse modelo estão: a possibilidade de acesso
aos conteúdos digitais de outras séries do método, que permite diferenciação dos percursos de
aprendizagem; o valor relativamente baixo para a compra do livro de exercícios, que incentiva
a transição para um modelo híbrido de ensino; a oportunidade de atualização frequente do
método digital por parte dos editores; e a transparência do preço para as escolas, que pagam
um valor único por aluno por ano.

No entanto, líderes escolares e coordenadores de recursos de aprendizado apontam que a


transição para modelo LiFo significa um aumento de custo para as escolas. No modelo anterior,
as escolas realizavam um investimento inicial alto, que era amortizado ao longo dos anos
seguintes, já que os livros didáticos eram reutilizados, em média, por cinco anos, o que não é
possível no novo modelo, que está baseado na compra de licenças anuais. Na pesquisa citada,
72% das escolas secundárias que adotaram o novo modelo de licenciamento concordam que a
transição para o modelo LiFo pressionou o orçamento para materiais didáticos. De acordo com
as estimativas de custo compartilhadas pelas escolas, os custos do LiFo por disciplina variam
entre 33 e 42 euros por aluno por ano. Nesse sentido, para conseguirem se manter dentro do
valor médio anual gasto com materiais didáticos citado anteriormente, algumas escolas acabam
optando por adquirir o modelo LiFo apenas para as disciplinas centrais, utilizando materiais de
editoras menores ou desenvolvidos pelos próprios professores para as outras disciplinas.

Segundo as editoras, as licenças digitais têm um valor mais alto do que aquele que as escolas
costumavam pagar pelos livros didáticos impressos porque o desenvolvimento de métodos
digitais exige um investimento maior e esses materiais precisam ser atualizados constantemente.
Além disso, os recursos digitais de algumas disciplinas (como, por exemplo, a matemática)
são mais caros de produzir, o que justifica a variação de valores das licenças digitais entre os
métodos das diferentes disciplinas. Devido ao alto custo de produção, as grandes editoras têm
avaliado se é comercialmente interessante investir no modelo LiFo para todos os métodos ou
disciplinas, pois o retorno do investimento em alguns casos pode ser muito baixo. Por outro
lado, em termos de receita, o modelo LiFo permite um fluxo de caixa anual mais previsível para

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as editoras, que não ficam dependentes do período de amortização das escolas, uma vez que
estas precisam adquirir novas licenças e livros consumíveis todos os anos.

O modelo LiFo também alterou o processo de compras de materiais didáticos das escolas.
Como citado, no ensino primário, as compras em geral são feitas por meio de fornecedores
escolares²⁶, que negociam descontos entre 15 e 30 por cento com as editoras para compras em
grandes quantidades e repassam entre 10 e 20 por cento do desconto obtido para as escolas
(SEO ECONOMISCH ONDERZOEK, 2016). Nesse segmento, a introdução do modelo LiFo
abriu a possibilidade de que as escolas negociem a compra de suas licenças diretamente com
as editoras, já que a mudança para o formato digital permite que as escolas se tornem menos
independentes da logística de distribuição dos fornecedores escolares.

Em relação ao ensino secundário, o processo de compras de materiais didáticos é, em geral,


feito por meio de distribuidores²⁷, que participam de licitações das escolas. No modelo de licitação
denominado “all-in-one”, os distribuidores competem entre si pelo direito de fornecer materiais
didáticos para a escola por um determinado período em condições predeterminadas. Neste
modelo, o preço final que as escolas pagam pelos materiais didáticos depende do resultado
da licitação, pois os distribuidores negociam um desconto com as editoras para a compra dos
materiais, mas cobram uma taxa pelos serviços prestados. Desta forma, de acordo com valor
resultante entre a taxa cobrada pelos distribuidores e o desconto obtido por estes junto às
editoras, as escolas podem ter uma sobretaxa ou um desconto em relação ao valor de catálogo
das editoras.

Como apontado em relação aos fornecedores escolares, a mudança para o formato de


licenças digitais diminuiu o valor agregado dos distribuidores, já que a logística associada à
compra ou ao aluguel dos materiais didáticos impressos deixa de ser um aspecto predominante.
Assim, o modelo LiFo possibilitou o surgimento de um novo modelo de licitação, chamado de
licitação de produto, no qual os materiais didáticos a serem fornecidos são subdivididos em lotes
separados, que contêm cada um o título de um recurso de aprendizagem. Os lotes individuais
são então agrupados de acordo com esses títulos, restando uma parcela residual de materiais
e serviços de aprendizagem que não se enquadram em nenhuma das três principais editoras. A
licitação do produto garante que os próprios editores possam competir com os distribuidores pelo

²⁶ O mercado de fornecedores escolares para o ensino primário está concentrado em dois grandes grupos, Heutink e Rolf Group, que detêm,
respectivamente, 70 e 30 por cento do mercado (SEO ECONOMISCH ONDERZOEK, 2016).
²⁷ O mercado de distribuidores para o ensino secundário também está concentrado em dois grandes grupos, Van Dijk e Iddink, que detêm,
respectivamente, 56 e 30 por cento do mercado. Os quatro por cento restantes se referem ao distribuidor Osinga de Jong (REGIOPLAN, 2021b).

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fornecimento da licença digital de seus materiais didáticos, o que aumenta o número de partes que
podem concorrer à licitação. Além disso, as escolas esperam obter preços mais vantajosos nas
licitações, já que as propostas dos editores eliminam o custo de intermediários (distribuidores).
A maioria das licitações realizadas pelas escolas secundárias ainda são licitações completas,
mas a parcela de licitações de produtos cresceu fortemente nos últimos anos. Os dois modelos
de licitação são utilizados pelo SIVON , uma cooperativa de conselhos escolares do ensino
primário e secundário, que organiza compras conjuntas de materiais didáticos para os conselhos
escolares associados (REGIOPLAN, 2021b).

No ensino secundário, de acordo com a legislação holandesa, as escolas não são obrigadas
a fornecer um laptop ou tablet para os alunos, mas também não podem exigir que os pais ou
responsáveis paguem o custo do dispositivo. As escolas podem apenas pedir uma contribuição
voluntária dos pais, que não são obrigados a pagá-la (HOLANDA, 2023a).

De acordo com a pesquisa realizada em 2021 (REGIOPLAN, 2021b), 63% das escolas
secundárias pedem aos pais que comprem o dispositivo e assumam o custo total, 25% das
escolas compram os próprios dispositivos e os disponibilizam aos alunos por meio de uma
estrutura de aluguel e os 12% restantes compram os aparelhos com a ajuda de uma contribuição
dos pais e depois os disponibilizam para os alunos.

12%
FORMAS DE Aquisição total pelos pais
AQUISIÇÃO DE
DISPOSITIVOS 25% Aquisiçao total pela escola
POR ESCOLAS 63%
Aquisição pelos pais e pela escola
SECUNDÁRIAS

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de REGIOPLAN, 2021b.

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As escolas que compram os próprios dispositivos apontam que a vantagem desse modelo
é que as escolas são responsáveis pela gestão dos aparelhos e podem, assim, garantir o
fornecimento dos softwares corretos. Contudo, em muitos casos, os custos de aquisição e
manutenção dos dispositivos são pagos por meio de uma parcela do montante fixo destinado
à compra de materiais didáticos, o que pressiona ainda mais o orçamento disponível para as
licenças dos métodos digitais.

Entre as escolas que solicitam aos pais a aquisição do dispositivo, 84% fazem acordos com
fornecedores externos para oferecer melhores condições de compra e de manutenção do
dispositivo para os pais de alunos do 1º ano. Além disso, algumas escolas utilizam o montante
fixo ou a contribuição voluntária dos pais para subsidiar uma parte das despesas do aparelho,
dando aos pais uma quantia entre 200 e 250 euros. Para os pais que não podem ou não querem
comprar um dispositivo, existem alternativas como a solicitação de um subsídio do município
ou de uma organização externa, a compra do aparelho pela própria escola, a realização de
um acordo financeiro entre a escola e os pais, e a disponibilização de laptops da escola para
empréstimo. No entanto, as escolas afirmam que essa situação diz respeito a um número muito
pequeno de pais.

Entre as vantagens apontadas pelas escolas que pedem aos pais que comprem o dispositivo
estão a redução do ônus administrativo em relação a avarias e manutenções, a percepção de
que os dispositivos têm menos probabilidade de quebrar quando são de propriedade dos alunos
e a garantia de estar de acordo com a legislação de privacidade, já que são os próprios pais e
alunos que determinam o que acontece nos aparelhos.

A maior parte das escolas oferece orientações aos pais quanto ao tipo de dispositivo que eles
devem adquirir: 39% das escolas dão conselhos sobre os requisitos técnicos do dispositivo,
sem mencionar um tipo ou marca; 31% dão conselhos, incluindo a preferência por um tipo ou
marca de dispositivo; e 17% das escolas prescrevem um tipo específico de dispositivo. Apenas
13% das escolas pesquisadas não oferecem nenhum tipo de orientação aos pais. Em geral,
os aparelhos mais usados são laptops que rodam Windows (51%), seguidos de Chromebooks
(27%) e iPads (18%).

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ORIENTAÇÕES Apenas sobre requisitos técnicos
13%
FORNECIDAS
PELAS ESCOLAS Requisitos técnicos e preferência
17% 39% de tipo ou marca
QUANTO
AO DISPOSITIVO Prescrição de um tipo específico
A SER 31%
Nenhum tipo de orientação
ADQUIRIDO

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de REGIOPLAN, 2021b.

No ensino primário, para facilitar o acesso aos diferentes métodos digitais adquiridos pelas
escolas, quatro grandes editoras educacionais e três fornecedores escolares se uniram
em uma parceria pré-competitiva para criar a Basispoort , um plataforma que oferece,
desde 2013, um serviço gratuito de login único (Single Sign On – SSO) para professores
e alunos. A plataforma é líder de acesso no segmento, sendo utilizada diariamente por
mais de 125.000 professores e 1,5 milhão de alunos, que podem acessá-la na escola
ou em casa. Os custos do serviço são financiados pelos participantes da parceria, que
atualmente somam 35 editoras, além de provedores de rede e fornecedores escolares.

Para o ensino secundário, o serviço de login único é oferecido por uma iniciativa chamada
Entree Federatie, que é coordenada pela Fundação Kennisnet. O serviço é utilizado
principalmente por alunos e professores desta etapa, que podem acessar os métodos digitais
e outros tipos de materiais didáticos digitais de mais de 150 provedores. Por ser um projeto
governamental, o uso é gratuito tanto para alunos e professores quanto para os provedores
afiliados. Atualmente, mais de 90% das escolas de ensino secundário utilizam o serviço
e algumas escolas primárias também começaram a se registrar (KENNISNET, 2023a).

Por fim, em 2018, as grandes editoras educacionais e os fornecedores escolares se uniram


para criar um painel (dashboard) gratuito para o ensino primário, chamado Momento . A
plataforma funciona como uma central única de controle dos métodos digitais, para facilitar
o trabalho dos professores que ensinam mais de uma disciplina e que têm, portanto,
acesso a métodos digitais de várias editoras. Por meio dela, os docentes podem organizar
o planejamento do ano letivo utilizando as lições dos diferentes métodos, visualizar os
resultados gerais de seus alunos nas lições de cada método e obter uma visão geral dos
resultados do grupo em cada lição. Para visualizar dados mais detalhados dos resultados,
os professores podem acessar o ambiente das editoras a partir da própria plataforma.

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Monitoramento

O Stichting Leerplan Ontwikkeling (SLO) é um centro nacional especializado no desenvolvi-


mento de currículos que monitora o uso de materiais didáticos na Holanda, em parceria com a
Kennisnet. O Monitor de Recursos de Aprendizagem (Leermiddelenmonitor) é publicado desde
2007 e o relatório mais recente foi lançado em setembro de 2018, com dados relacionados ao
ano letivo 2017/2018²⁸. A pesquisa foi realizada por meio de questionários, que foram preenchi-
dos por 637 professores e 317 dirigentes escolares do ensino primário e 1208 professores e 121
dirigentes escolares do ensino secundário²⁹ (WOLDHUIS et al., 2018).

De maneira geral, o relatório confirma que o uso de materiais didáticos na Holanda está
concentrado nos métodos publicados pelas editoras privadas, já que 70% dos professores
primários e 63% dos professores secundários afirmaram que usam principalmente os métodos
em suas aulas. Esses números se mantêm constantes desde o primeiro monitoramento
(2008/2009). A predominância do uso de métodos também é observada no recorte por disciplinas,
com exceção de Educação Física e Esportes e de Arte e Cultura, que utilizam principalmente
materiais produzidos pelos próprios professores ou encontrados na internet.

De maneira geral, o relatório confirma que o uso de materiais didáticos na Holanda está
concentrado nos métodos publicados pelas editoras privadas, já que 70% dos professores
primários e 63% dos professores secundários afirmaram que usam principalmente os métodos
em suas aulas. Esses números se mantêm constantes desde o primeiro monitoramento
(2008/2009). A predominância do uso de métodos também é observada no recorte por disciplinas,
com exceção de Educação Física e Esportes e de Arte e Cultura, que utilizam principalmente
materiais produzidos pelos próprios professores ou encontrados na internet.

Os dados do relatório indicam que, para o ano letivo pesquisado, cerca de metade dos
professores utilizaram majoritariamente materiais didáticos em papel, complementados com
materiais didáticos digitais, tanto no ensino primário (50%) como no ensino secundário (55%).
Como observado nas edições anteriores no monitoramento, os materiais didáticos digitais são
frequentemente obtidos por meio do método, tanto no ensino primário (81%), como no ensino
secundário (67%).

²⁸ A pesquisa foi realizada em um período anterior à pandemia de Covid-19 e à introdução mais sistemática do modelo LiFo, o que sugere que
os dados possam estar defasados. Ainda assim, o monitoramento pode ser utilizado como um indicador da percepção e uso dos professores
em relação aos materiais didáticos digitais.
²⁹ De acordo com o relatório, os dados foram coletados com um tamanho de amostra que garante que os resultados para professores do ensino
fundamental sejam de 99% dentro de 5% do valor encontrado. Essa probabilidade é de 93% para diretores de escolas primárias, 99% para
professores de escolas secundárias e 74% para diretores de escolas secundárias.

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A pesquisa também aponta que, no ensino secundário, 58% dos professores criam seus
próprios materiais didáticos digitais com frequência, enquanto, no ensino primário, este número
é de apenas 32%. Entre os principais motivos que levam os professores a não produzir materiais
didáticos digitais estão a falta de tempo e de conhecimento. Já os professores que produzem
seus próprios materiais didáticos digitais destacam a possibilidade de criar diferenciação, de
corresponder melhor às percepções dos alunos e de responder a eventos atuais. Nesse mesmo
sentido, em relação ao valor agregado no uso de materiais didáticos digitais, a percepção dos
professores é a de que esses materiais são mais atrativos para os alunos, permitem uma maior
diferenciação e oferecem mais variedade. Já a principal vantagem apontada quanto ao uso de
materiais didáticos em papel é que esses materiais funcionam sempre. A percepção de que os
materiais didáticos em papel facilitam a distração do aluno é indicada por 36% dos professores
secundários, frente a apenas 6% dos professores primários.

Os professores primários, quando questionados sobre quando começariam a usar mais


recursos de aprendizagem digitais ou aumentariam seu uso, tendo a opção de escolher várias
opções de resposta, consideraram os seguintes fatores como mais importantes: quando os
professores tiverem acesso a mais computadores (56%) e quando houver menos problemas
técnicos relacionados à tecnologia da informação (45%). Já os professores secundários, por
sua vez, acreditam que fariam um uso mais frequente desses materiais se tivessem tempo para
desenvolvê-los sozinhos (41%), se houvesse menos problemas técnicos (38%), se estivessem
mais satisfeitos com a qualidade dos materiais didáticos digitais disponíveis (35%) e se tivessem
mais computadores à sua disposição (34%). Já os dirigentes escolares do ensino primário e
secundário concordam que a forma mais importante de garantir que materiais didáticos digitais
sejam mais usados é oferecer formação para os professores (50% e 55%). Por fim, todos os
segmentos que responderam à pesquisa concordam que a utilização de materiais didáticos
digitais é indispensável.

RAZÕES QUE ATRAPALHAM O USO DE MATERIAIS


DIDÁTICOS DIGITAIS PROFESSORES PRIMÁRIOS

falta de computador à disposição 56%

problemas técnicos 45%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de WOLDHUIS et al., 2018.

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RAZÕES QUE ATRAPALHAM O USO DE MATERIAIS
DIDÁTICOS DIGITAIS PROFESSORES SECUNDÁRIOS

falta de computador à disposição 34%

insatisfação com a qualidade 35%

problemas técnicos 38%

falta de tempo 41%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de WOLDHUIS et al., 2018.

Em relação às expectativas das escolas quanto aos materiais didáticos digitais, como citado
na subseção Desenho, os conselhos setoriais das escolas de ensino primário (PO-Raad) e
secundário (VO-Raad) publicaram, em 2017, uma versão atualizada do Programa de Requisitos
para a Cadeia de Recursos Educacionais (Programma van Eisen Leermiddelenketen), no qual
apresentam as principais demandas da educação aos fornecedores deste tipo de material (PO-
RAAD; VO-RAAD, 2017).

A primeira seção do documento aborda expectativas relativas às forças de mercado, como, por
exemplo, que os produtores forneçam informações corretas, atualizadas e padronizadas sobre
os produtos disponíveis e que a comercialização dos produtos (materiais didáticos digitais) não
esteja vinculada à compra de serviços administrativos (ambientes educacionais de aprendizagem
ou de gestão de alunos) nem de infraestrutura (dispositivos).

A segunda seção levanta questões relacionadas à customização dos materiais didáticos


digitais. A primeira demanda está relacionada ao desejo de que professores e alunos possam
combinar materiais didáticos digitais de diferentes fontes, como, por exemplo, o conteúdo de
um método com o material de outros editores, além de materiais abertos ou de autoria própria,
o que exige soluções técnicas dos editores e dos ambientes virtuais de aprendizagem. Em um
mesmo sentido, é apresentada a expectativa de que alunos e professores tenham acesso a todo
o seu material didático digital em um único ambiente, que reúna tanto os métodos das editoras
comerciais quanto materiais abertos e de autoria própria.

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Em relação aos ambientes virtuais de aprendizagem, o documento expressa o desejo de que
ofereçam a possibilidade de diferenciação dos materiais didáticos digitais, na forma de trilhas de
aprendizagem pessoal, e de que os alunos possam acessar partes do material didático digital
diretamente do ambiente virtual de aprendizagem escolhido pela escola. Para tanto, recomenda-
se que o ambiente virtual de aprendizagem possibilite a busca de materiais didáticos digitais com
base em objetivos de aprendizagem e domínios de aplicação (como série, disciplina etc.) e que
os fornecedores de materiais didáticos digitais ofereçam essas informações por meio do uso de
metadados padronizados.

Além disso, o texto destaca a importância de que escolas, professores e pais possam obter
uma visão completa do progresso dos estudantes, que contribua para a escolha de orientações
pedagógicas adequadas. Para tanto, é apresentada a demanda de que o material didático digital
forneça dados sobre o progresso e desempenho do aluno de forma padronizada para o ambiente
virtual de aprendizagem da escola e de que este, por sua vez, ofereça a possibilidade de receber e
processar os dados sobre o progresso e desempenho dos alunos, em nome do conselho escolar.

Ainda nesta seção, é colocado o desejo de que os fornecedores de materiais didáticos digitais
ofereçam modelos mais flexíveis de licenciamento e de preços, que se adequem à forma como
esses materiais são usados no processo de ensino-aprendizagem de cada escola, como, por
exemplo, modelos de subscrição, de pagamento conforme a utilização ou de compras mais
modulares, além da possibilidade de aquisição de licenças não apenas por escolas ou por
turmas, mas também em larga escala e para alunos individuais.

Por fim, a terceira seção do programa traz as demandas relacionadas aos requisitos legais
e técnicos dos materiais didáticos digitais, como a conformidade aos acordos de privacidade
preestabelecidos, a garantia de que os materiais didáticos digitais possam ser acessados com
todos os navegadores e sistemas operacionais comuns em suas versões mais recentes, a
utilização de padrões amplos de tecnologia, como o HTML5, a compatibilidade dos materiais
didáticos digitais com os sistemas de login único e o atendimento ao atual padrão europeu de
acessibilidade digital.

O texto destaca que o Programa de Requisitos se concentra o máximo possível nos requisitos
funcionais, ou seja, no que as escolas desejam e precisam em relação aos materiais didáticos
digitais, e não em soluções sobre como os fornecedores podem atender essas demandas, para
que os participantes do mercado possam fazer suas próprias escolhas. Assim, o programa
busca assegurar que exista espaço tanto para a concretização das visões educativas das
escolas quanto para a concorrência e inovação por parte dos fornecedores.

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7
Síntese das análises
e considerações
para o contexto
brasileiro
Desenho 68

Produção 70

Implementação 72

Monitoramento 74

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Com o objetivo de levantar reflexões para o cenário nacional com base nos achados da pesqui-
sa, nessa seção apresentaremos brevemente uma síntese das análises considerando as quatro
perguntas gerais ligadas ao: (i) desenho, (ii) produção, (iii) implementação e (iv) monitoramento;
e após complementaremos com considerações para o contexto nacional.

Desenho

Análise dos países

A análise da maneira como as iniciativas voltadas para os livros didáticos digitais foram
desenvolvidas nos três países em questão demonstra que, em cada um deles, o Estado
desempenha um papel particular, com características e responsabilidades próprias.

PAPÉIS DO ESTADO NO DESENHO

COREIA DO SUL ESTÔNIA HOLANDA


Centralização Orientação e Incentivo Articulação

A Coreia do Sul, ao contrário dos outros dois países, possui, desde 2007, uma relevante
política pública de desenvolvimento e promoção do uso de livros didáticos digitais. O Ministério
da Educação sul-coreano desempenha um papel fundamental de liderança e centralização
das decisões relacionadas a desenho, implementação e monitoramento dessa política, sendo
responsável pela definição das disciplinas e séries para as quais os livros didáticos digitais
devem ser desenvolvidos, pela publicação de editais de convocação e de diretrizes curriculares
e técnicas para a produção desses materiais, pelo processo de revisão, avaliação e autorização
dos livros didáticos digitais produzidos pelas editoras privadas, pelo desenvolvimento do
ambiente virtual de aprendizagem no qual os livros didáticos digitais ficam disponíveis e do
programa por meio do qual esses materiais são visualizados e, finalmente, pela produção de
estudos de monitoramento para avaliar a implementação da política e orientar a sua continuidade.

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A Estônia não possui uma política pública sistemática direcionada particularmente a produção,
avaliação, aquisição e distribuição de livros didáticos digitais, mas o Estado desempenha um papel
ativo de orientação e incentivo em relação a esses materiais. Nesse sentido, a legislação estonia-
na determina os requisitos mínimos para a oferta, a produção e a revisão de livros didáticos digi-
tais, e o Ministério da Educação e Pesquisa realiza iniciativas para a promoção de seu uso, como
o subsídio à compra de licenças, o desenvolvimento da plataforma pública de materiais didáticos
digitais (E-koolikott) e a produção de livros didáticos digitais para o currículo nacional simplificado.

Na Holanda, as ações relacionadas à produção e ao uso de livros didáticos digitais são de-
sempenhadas, principalmente, pela iniciativa privada. Ainda que o desenvolvimento de recursos
educacionais digitais faça parte da agenda de educação digital do governo, não há uma política
pública ou uma regulamentação federal voltada especificamente para a produção de livros di-
dáticos digitais. No entanto, o Ministério da Educação holandês desempenha um papel central
de articulação da cadeia de recursos educacionais, promovendo o diálogo entre os atores do
sistema, como conselhos escolares, editoras, fornecedores e distribuidores escolares e empre-
sas de tecnologia educacional. Os esforços governamentais são traduzidos em acordos que
visam garantir o bom funcionamento do setor e, sobretudo, a qualidade do processo educativo.

Considerações para o Brasil

Percebe-se, portanto, que o cenário brasileiro de livros didáticos digitais³⁰ possui características
mais próximas à realidade da Coreia do Sul, na qual há um agente central que é responsável por
liderar o desenvolvimento de uma política pública sistemática e de grande porte que estabeleça
as bases para a produção, avaliação, implementação e uso de livros didáticos digitais no sistema
público de educação do país.

No entanto, é interessante destacar que, mesmo em cenários de maior centralização, como


o brasileiro e o sul-coreano, ações de articulação entre os diversos atores envolvidos na cadeia
de livros didáticos digitais, como aquelas desenvolvidas pelo Ministério da Educação, Ciência
e Cultura holandês, são fundamentais para promover um bom equilíbrio entre as forças do
sistema. Nesse sentido, a experiência da Holanda pode trazer para o governo brasileiro uma
referência de práticas promovidas pelo Estado para a mediação do diálogo entre os atores
da cadeia de livros didáticos digitais e para a criação de acordos que respeitem a liberdade
de produção e o modelo de negócios dos atores do mercado privado, mas que garantam, ao
mesmo tempo, que os interesses e as demandas da educação pública em relação aos livros
didáticos digitais serão resguardados.

³⁰ Isso tendo em vista o papel do PNLD organizado pelo setor público federal.

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Produção

Análise dos países

A pesquisa indica que a produção de livros didáticos digitais nos países analisados é feita,
principalmente, por editoras privadas, exceto os livros didáticos digitais direcionados ao currículo
simplificado da Estônia, que são desenvolvidos pelo governo, e os livros didáticos digitais do
ensino primário sul-coreano, que são produzidos pelo governo em parceria com órgãos de
pesquisa e universidades para todas as disciplinas, menos Língua Inglesa e Ciências Sociais.

Em relação aos critérios para a produção dos livros didáticos digitais, como ponto em comum,
os três países orientam que os livros didáticos digitais estejam de acordo com os currículos
nacionais locais. No entanto, os cenários analisados variam quanto ao nível de regulamentação
governamental.

A Coreia do Sul possui um amplo processo de revisão e avaliação dos livros didáticos digitais,
que é realizado a partir de um conjunto de especificações determinadas nos editais divulgados
pelo governo. Na Estônia, não há um processo de avaliação governamental, mas o país possui
um regulamento que estabelece os requisitos pedagógicos e técnicos mínimos para a produção
de livros didáticos digitais e determina os critérios para o processo de revisão desses materiais.
A Holanda não possui leis que abordem a produção dos livros didáticos digitais e estes também
não passam por nenhum processo de avaliação governamental, mas existem acordos de
padronização efetuados entre os membros da cadeia de livros didáticos digitais e um documento
de referência com as demandas do setor de educação relativas a esses materiais.

Nos três países analisados, os livros didáticos digitais são produzidos a partir do conteúdo
dos livros didáticos impressos. No entanto, o formato desses materiais apresenta uma variação
significativa entre os países. Na Coreia do Sul, os livros didáticos digitais possuem o formato de
livro, com os conteúdos, atividades e recursos digitais distribuídos em páginas duplas, simulando
a diagramação de um livro didático impresso. Na Estônia, os livros didáticos digitais que são
produzidos no Opiq CMS, o sistema de gerenciamento de conteúdo usado pela maioria das
editoras do país, possuem o formato de sites responsivos, que apresentam uma página inicial
com um menu de navegação e subpáginas com os conteúdos, atividades e recursos digitais
distribuídos sequencialmente. Já os livros didáticos digitais produzidos pelas maiores editoras
da Holanda possuem o formato de plataformas, com seus conteúdos, suas atividades e seus

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recursos digitais estreitamente interligados ao ambiente virtual de aprendizagem em que
são acessados.

Por fim, os recursos digitais encontrados nos livros didáticos digitais dos três países são
bastante semelhantes. Nesse aspecto, destaca-se o esforço de distinção, encontrado em do-
cumentos da Coreia do Sul, entre as diferentes esferas e modalidades existentes de recursos
digitais, que podem estar vinculados tanto ao conteúdo em si dos livros didáticos digitais quanto
ao programa utilizado para a visualização desses materiais. Nesse sentido, a respeito dos re-
cursos digitais relacionados ao conteúdo dos livros didáticos digitais, foram encontrados vídeos,
áudios, galerias de imagem, hiperlinks, pop-ups, glossários, conteúdos imersivos de realidade
virtual e aumentada e exercícios interativos de diversos formatos, como múltipla escolha, che-
ckbox, lista suspensa, palavras cruzadas, arrastar e soltar e desenho sobre imagens. Já em
relação aos recursos digitais disponíveis no visualizador de livros didáticos digitais – que pode
ser tanto um programa desenvolvido especificamente para essa função, como na Coreia do
Sul, quanto o próprio navegador de internet, como na Estônia –, foram encontradas ferramentas
como índice, pesquisa de textos, virada de páginas, ampliação e redução de páginas, realce de
texto por marcadores, anotações por caneta ou por post-its e gravação de voz.

Considerações para o Brasil

A análise dos formatos encontrados nos livros didáticos digitais dos países selecionados
demonstra que este ainda é um campo aberto, em que não há um modelo predominante. Percebe-
se que o formato mais utilizado para o desenvolvimento desses materiais está bastante relacionado
ao contexto local de cada país, que envolve tanto as particularidades dos atores privados quanto
às orientações estabelecidas pelos órgãos públicos. Enquanto o formato de livro de layout fixo
é adotado de forma padronizada nos livros didáticos digitais da Coreia do Sul por conta de uma
determinação do governo, por exemplo, o amplo uso do formato de site responsivo nos livros
didáticos digitais produzidos na Estônia é explicado devido à predominância que o sistema de
gerenciamento de conteúdo desenvolvido por uma empresa privada possui no mercado local.

Nesse sentido, portanto, as experiências encontradas nos países analisados apontam que o
planejamento de uma política pública que tenha entre os seus objetivos o estabelecimento de
um modelo de produção de livros didáticos digitais – seja ele a partir de um formato padronizado
ou que admita formatos variados – deve ter como passo fundamental a compreensão do cenário
atual do país no que se refere às práticas, às tecnologias e aos modelos de produção já adotados
pelas editoras, às necessidades das escolas e aos objetivos do governo em relação ao uso

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desses materiais, para que exista um alinhamento entre expectativas, demandas e possibilidades
de produção que facilite a implementação da política.

Implementação

Análise dos países

Os países analisados na pesquisa adotam diferentes estratégias em relação à comercialização


dos livros didáticos digitais e à forma de distribuição e de acesso a esses materiais.

Na Coreia do Sul, os livros didáticos digitais produzidos tanto pelas editoras privadas quanto
pelo governo são acessados por meio de uma plataforma governamental chamada Edunet³¹.

Na Estônia, em geral, os livros didáticos digitais não são comercializados e acessados em


ambientes virtuais das próprias editoras. Existem plataformas desenvolvidas por empresas
privadas de tecnologia que comercializam os livros didáticos digitais e que podem, também,
oferecer o acesso a esses materiais. A principal plataforma do país chama-se Opiq e comercializa
licenças mensais individuais para pacotes de livros, que podem ser acessados pelo ambiente
virtual da própria plataforma. O pacote para o ensino primário e secundário dá acesso aos livros
didáticos digitais de todas as séries de quatro grandes editoras e existem também pacotes de
livros didáticos digitais por disciplina para o ensino secundário. A segunda maior plataforma
é a TaskuTark, que comercializa licenças individuais anuais para cada livro didático digital de
outra grande editora, que podem ser acessados pela própria plataforma. A empresa também
comercializa um ambiente virtual de aprendizado, que pode ser licenciado independentemente
ou de forma combinada com os pacotes de licenças para os livros didáticos digitais.

Na Holanda, o formato cada vez mais adotado para a comercialização dos livros didáticos
digitais é o modelo License-Folio (LiFo), em que as editoras vendem uma licença digital anual
para cada aluno que dá acesso aos materiais digitais de todas as séries, e, por um pequeno
valor adicional, que cobre apenas o custo de produção, as escolas podem adquirir também a
versão impressa do livro de exercícios. Em geral, os livros didáticos digitais são acessados nas

³¹ Dentro dos limites de tempo e recursos da pesquisa, não foi possível mapear a forma de comercialização dos livros didáticos digitais da
Coreia do Sul.

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plataformas desenvolvidas pelas próprias editoras. Para facilitar o acesso de professores e
alunos às várias plataformas, existem duas iniciativas de login único: a Basispoort, que é uma
parceria entre diversas editoras privadas usada principalmente no ensino primário, e a Entree
Federatie, uma iniciativa pública predominante no ensino secundário. Além disso, existe um
painel gratuito para o ensino primário, chamado Momento, que foi criado a partir de uma parceria
entre as grandes editoras educacionais e os fornecedores escolares e que funciona como uma
central única de controle dos livros didáticos digitais das diferentes editoras, por meio da qual
os professores podem fazer o planejamento das aulas e o acompanhamento dos resultados de
aprendizagem dos alunos.

Considerações para o Brasil

A comparação entre os diferentes modelos de comercialização e de acesso adotados pelos


países da amostra revela a necessidade de identificar os objetos, processos e atores que
compõem o sistema dos livros didáticos digitais. Nesse sentido, existem os livros didáticos
digitais em si, com seus conteúdos como textos, imagens e recursos interativos; os programas
que vão permitir a visualização desses livros didáticos digitais, como programas específicos
ou navegadores de internet; os canais de comercialização e distribuição desses materiais, que
vendem as suas licenças; os espaços virtuais nos quais os livros didáticos digitais serão usados,
como os ambientes virtuais de aprendizagem; e os dispositivos de acesso a esses espaços
virtuais, como computadores, tablets e celulares.

OBJETOS QUE COMPÕEM O SISTEMA DOS LIVROS DIDÁTICOS DIGITAIS

LIVROS PROGRAMAS CANAIS DE ESPAÇOS DISPOSITIVOS


DIDÁTICOS COMERCIALIZAÇÃO VIRTUAIS DE ACESSO
DIGITAIS

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Todos esses aspectos podem ser configurados de muitas maneiras em relação aos atores
responsáveis por cada um deles. É possível, por exemplo, que uma editora produza o livro
didático digital, mas escolha vender as licenças dele pelo site de um fornecedor parceiro, que
vai distribuir o arquivo deste livro direto para o ambiente virtual de aprendizagem contratado
pela escola, que será acessado pelos alunos por meio de dispositivos financiados pelo governo.
Em outro cenário, a própria editora pode produzir os livros didáticos digitais, comercializar as
suas licenças e desenvolver o ambiente virtual por meio do qual eles serão acessados, atuando,
ao mesmo tempo, então, no mercado editorial e no mercado de tecnologia.

Assim, as experiências analisadas nos três países podem servir como ponto de partida para
a reflexão sobre o papel de uma política pública governamental na configuração dessa rede de
relações, uma vez que, como observado, as escolhas estabelecidas no programa governamental
podem ter um impacto decisivo na concentração ou especialização de funções, empresas e
mercados envolvidos na produção, comercialização, distribuição e acesso a livros didáticos
digitais.

Por fim, destaca-se, como referência para o Brasil, o movimento verificado nos três países
tanto de incentivar a criação de um login único, que facilite o acesso de alunos e professores
aos livros didáticos digitais produzidos pelas diferentes editoras, quanto de permitir que os
alunos, com uma mesma licença, tenham acesso aos livros didáticos digitais de diversas séries
e disciplinas, ampliando, assim, as possibilidades de personalização da aprendizagem, de
recuperação de conteúdos e de realização de trabalhos interdisciplinares.

Monitoramento

Análise dos países

A análise das ações de monitoramento em relação ao uso de livros didáticos digitais e aos
impactos desse uso na aprendizagem dos estudantes revela que, entre os países da amostra, a
Coreia do Sul é o país que mais desenvolve esforços sistemáticos de acompanhamento. Desde
o seu início, em 2007, a política pública sul-coreana sobre livros didáticos digitais traz, como
uma de suas estratégias centrais, o estabelecimento de um sistema de financiamento público
de pesquisas para estudar o uso, os efeitos e a eficácia desses materiais, com o objetivo de
fornecer insumos para a avaliação e a reorientação das diretrizes da política. Nesse sentido,
em 2020, o Korea Education and Research Information Service (KERIS), uma instituição pública

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vinculada ao Ministério da Educação, realizou uma extensa pesquisa de monitoramento, que
apresenta dados sobre o uso de livros didáticos digitais no país, a percepção de alunos e
professores sobre esses materiais e os principais desafios para a continuidade da política
pública.

Na Estônia, as plataformas privadas de acesso e uso de materiais didáticos digitais, como


a Opiq, fornecem ao governo dados relevantes para o desenvolvimento de ações públicas em
relação a esses materiais. No entanto, de acordo com o Ministério da Educação, o principal desafio
de monitoramento enfrentado atualmente pelo país não está em mapear quantitativamente o
número de escolas, professores e alunos que usam os livros didáticos digitais, mas em coletar
dados que permitam compreender o impacto do uso desses materiais no aprendizado dos
alunos, devido às políticas de privacidade existentes hoje na Estônia e na União Europeia, que
restringem os tipos de dados que podem ser coletados de estudantes menores de idade sem a
autorização dos pais.

Já na Holanda, as duas ações de monitoramento mais recentes encontradas pela pesquisa


foram o Monitor de Recursos de Aprendizagem, que foi publicado em 2018 e traz dados sobre o
uso de materiais didáticos impressos e digitais no país e a percepção dos professores a respeito
desses materiais, e a segunda versão do Programa de Requisitos, um documento publicado
em 2017 pelos conselhos setoriais das escolas de ensino primário e secundário, que apresenta
as principais demandas do setor de educação aos fornecedores de materiais didáticos digitais.

Considerações para o Brasil

De maneira geral, os esforços de monitoramento realizados nos países pesquisados apontam


para algumas direções em comum, tanto em relação aos benefícios quanto aos desafios
enfrentados no uso de livros didáticos digitais. Como aspectos positivos, parece que há uma
percepção compartilhada de que esses materiais são bastante atrativos para os alunos e,
principalmente, que apresentam vantagens em relação à possibilidade de adequação dos
conteúdos de acordo com o nível, o interesse, o ambiente educacional e as características
regionais do aluno. No entanto, nota-se também o entendimento de que esta personalização
só é possível de ser concretizada se os livros didáticos digitais e as plataformas por meio das
quais eles são acessados contiverem recursos que permitam a reorganização dos conteúdos
existentes e a inserção de conteúdos e recursos complementares por parte dos professores.
Finalmente, quanto aos desafios relativos ao uso desses materiais, as ações de monitoramento

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dos três países da amostra apontam também para as dificuldades enfrentadas no estabelecimento
de uma infraestrutura tecnológica adequada para o uso de livros didáticos digitais e para a
importância da realização de ações de formação de professores para garantir a ampliação do
uso desses materiais nas salas de aula.

Nesse sentido, portanto, a análise das percepções observadas nos monitoramentos


empreendidos pelos países da amostra pode contribuir de forma significativa para a formulação
de políticas públicas brasileiras para livros didáticos digitais que tenham como ponto de partida
os aprendizados já mapeados nessas experiências, permitindo, assim, a intensificação de
ações para promover as vantagens identificadas a respeito desses materiais e, também, a
antecipação da busca por soluções em relação aos obstáculos enfrentados por esses países
na implementação e no uso de livros didáticos digitais.

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Conclusão

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O Instituto Reúna ao longo de seus anos de atuação vem construindo referenciais técnicos-
pedagógicos de qualidade para o ecossistema educacional brasileiro. Além de elaborarmos
ferramentas que fomentem uma educação coerente e pedagogicamente sistêmica com
qualidade, pesquisamos experiências que podem apoiar os debates educacionais. Somos uma
organização think-and-do-tank, então pensamos e propomos melhorias educacionais.

A nosso ver, olhar para o desenho, produção, implementação e monitoramento de livros


didáticos digitais em três países com pontos de conexões e alteridades, potencializa e amplia
a discussão de educação digital que circunda no atual cenário da educação digital no Brasil.
Movimentação atual expressa na Competência 5 da BNCC, no edital do PNLD 2024, que inclui
os livros em formato digital, e na recente Política Nacional de Educação Digital (PNED).

Ao olhar para os desenhos das iniciativas de livros didáticos, observamos que diferentes
políticas que olham para uma mesma questão pública, podem intencionar finalidades similares,
mas traçar caminhos distintos. Muitos fatores podem justificar a construção desses desenhos,
como contextos políticos, relações culturais e acesso à recursos. A pesquisa percebeu que os
três países almejam a melhoria da relação ensino e aprendizagem, por meio dos livros didáticos
digitais, principalmente pela possibilidade de maior interatividade, padronização e integralidade
da aprendizagem; mas as molduras dessas ações foram projetadas de maneiras diferentes.
Na Holanda, o governo assume um papel articulador sobre aspectos normativos, técnicos
e operacionais, estabelecendo diálogos mútuos entre os conselhos, editoras, fornecedores,
distribuidores e empresas de tecnologia educacional. Na Estônia, o governo também não
estabelece uma política forte acerca da cadeia desses materiais, porém, constitui orientações e
diretrizes mínimas, além de incentivos para este tipo de material. A Coreia do Sul, por sua vez,
se diferencia significativamente dos dois países mencionados, pois se posiciona de maneira
central em todo desenho da política e iniciativas de livros didáticos digitais.

As diferentes arquiteturas dos livros didáticos digitais e a influência dos atores educacionais,
se relacionam diretamente com como se dá a produção desses materiais em cada país. Como
aspecto comum percebemos a prevalência das editoras na confecção dos livros didáticos digitais.
Já a presença e os níveis de controle na produção e avaliação desses conteúdos são elementos
distintos em cada país. Na Holanda, a regulação está em um nível de acordos e disponibilização
de referenciais. Na experiência estoniana, existentes requisitos técnicos pedagógicos mínimos
para produção e critérios para revisão. Já na vivência coreana, encontramos um amplo processo
de revisão e avaliação desses materiais, através de um conjunto de critérios presentes em
editais consolidados. Ainda quanto à produção desses materiais, percebemos a mesma base
referencial para os seus formatos, os livros impressos. Porém, interessante notar que existem

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diferentes processos de adaptação para o digital: formatações digitais simulando a diagramação
dos livros físicos na Coreia, sites responsivos com menu navegável na Estônia e plataformas
com conteúdo em um ambiente virtual de aprendizagem na Holanda.

Um ponto interessante abordado na pesquisa, a implementação desses materiais, pode


ser resumido na seguinte pergunta: como as editoras, que estão habituadas e estruturadas
em um modelo de compra de livros impressos, vendem e distribuem os digitais? Na Holanda,
a forma de comercialização mais utilizada é o modelo License-Folio (LiFo), uma espécie de
licença anual que garante a utilização dos materiais, que são acessados, em sua maioria, nos
próprios sites das editoras. Pesquisando a Estônia, percebemos a existência de plataformas
desenvolvidas por empresas privadas de tecnologia que comercializam livros didáticos digitais. E
na Coreia, os alunos têm acesso aos livros por meio de uma plataforma governamental, que são
comercializados através de processos licenciatórios. Esses modelos ainda estão em processo
de construção e elaboração, visto a recente inclusão da temática no campo educacional. Mas
é interessante notar as alternativas que vem sendo formuladas com destaque, por exemplo
para a Holanda, que apresenta algumas iniciativas para agregar, em uma única plataforma,
diferentes editoras.

Por fim, em relação ao último tópico da pesquisa cabe destacar de início que o monitoramento
de iniciativas educacionais é um desafio. Especificamente sobre nosso tema são muitas as
variáveis que interferem na análise e na percepção que os professores, alunos, pais e gestores
têm sobre os livros didáticos digitais. O monitoramento de um material tão novo é um grande
desafio. Mas é necessário! Para que assim, a utilização desses recursos seja eficaz e eficiente.
Vale pontuar que muitas iniciativas de monitoramento estão paulatinamente sendo realizadas nos
países estudados. Há uma busca para compreender a utilização e a percepção dos professores
e alunos, tanto dentro da escola, quanto em espaços externos, assim como a interferência de
fatores externos, como conectividade e aparelhos eletrônicos.

Ao olhar para essas experiências, fica mais latente uma das perguntas motivadoras da
nossa pesquisa: como as experiências internacionais apresentadas e suas peculiaridades
podem apoiar o debate brasileiro acerca dos livros didáticos digitais?

Antes de tudo, essencial contextualizar, mesmo que brevemente, um retrato da


realidade brasileira quanto à tecnologia educacional. Tomaremos como base o Guia
Edutec (CENTRO, 2022), maior banco de dados brasileiro sobre uso de tecnologia
na educação pública, desenvolvido pelo Centro de Inovação para Educação Brasileira
(CIEB); criado para avaliar as Escolas Conectadas considera 4 grandes dimensões: Visão,

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Competência, Recursos Educacionais Digitais (REDs) e Infraestrutura. Os resultados são
classificados em níveis de 1 a 4, o nível 1 sendo o emergente; 2, o básico; 3, o intermediário; e
4, o nível avançado. A média brasileira (escolas municipais e estaduais) para as três primeiras
dimensões (Visão, Competência e REDs) é básica.

Essa classificação na dimensão Visão, significa que por mais que exista um reconhecimento
da utilização das tecnologias digitais nos processos de ensino, currículo e na gestão escolar,
sua utilidade ainda é vista de maneira superficial e procedimental. O nível baixo da dimensão
Competência, nos aponta que tanto os professores, quanto os gestores escolares, apresentam
conhecimentos básicos de utilização das tecnologias digitais, utilizados em atividades simples,
ainda que haja uma mobilização de formações continuadas. Por fim, o nível baixo na dimensão
REDs, diz que as escolas buscam recursos digitais de apoio e as secretarias os disponibilizam
para algumas etapas de ensino, entretanto, falta um diálogo entre os atores na seleção e
desenvolvimento desses materiais. O aspecto infraestrutura, por sua vez, é o único que está
classificado como emergente, revelando ausência de políticas e regulamentação de uso de
equipamentos e acesso à internet.

O Instituto Reúna parte do princípio de que a discussão sobre tecnologia educacional,


assim como as demais discussões sobre educação no país, deve ser analisada a partir
da necessidade de uma coerência pedagógica sistêmica. No campo das tecnologias, é claro
que, para além de acesso a internet e dispositivos, é necessário que os currículos, materiais
didáticos, formações de professores e avaliações funcionem de maneira articulada e coerente
na utilização dos livros didáticos digitais. É necessário que a utilização desses livros esteja
presente e prevista nos currículos locais, nas formações de gestores e professores e que as
avaliações consideram as potências que este tipo de material pode proporcionar.

Assim, a inclusão dos livros didáticos digitais no Brasil, apresenta muitas dúvidas e
incertezas, pois qualquer mudança organizacional impacta as estruturas e processos
das instituições, além das pessoas e culturas. Mas para que elas sejam gerenciadas
e compreendidas, é necessária uma visão sistêmica, inclusive para compreender os
principais desafios e potenciais. Nesse sentido, o olhar para fora ajuda na condução
dessas mudanças, pois nos inspira e apresenta caminhos possíveis.

Por fim, para que haja essa relação articulada com os livros didáticos digitais no Brasil seria
recomendável que o PNLD estabelecesse diálogos mais próximos com as redes de educação,
editoras e professores. Pois, por mais que o PNLD tenha uma musculatura bastante sólida e
procedimental, é necessário compreender as expectativas

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e necessidades dos diferentes atores envolvidos, para visualizar quais são as melhores formas
de produção desses materiais digitais, assim como seu acesso e comercialização, pois estas
decisões dependem muito das diferentes capacidades técnicas, humanas e econômicas das
instituições.

Esperamos que esta pesquisa tenha inspirado, tanto vocês quanto a nós, e que levante
boas reflexões!

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Referências

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SIVON. Concurso conjunto de material didático para escola primária. 2023a. Disponível
em: https://sivon.nl/gezamenlijk-aanbesteden-leermiddelen-po/ . Acesso em: 18 fev. 2023.

SIVON. Oferecer recursos de aprendizagem em conjunto: como funciona?. 2023b.


Disponível em: https://sivon.nl/samen-leermiddelen-aanbesteden-hoe-werkt-het/ .
Acesso em: 18 fev. 2023.

WOLDHUIS, E.; RODENBOOG, M.; HEIJNEN, M.; & FISSER, P. Monitor de recursos
educacionais 17/18: recursos educacionais no ensino básico e secundário: utilização,
digitalização, disponibilidade e política. SLO, 2018. Disponível em: https://www.slo.nl/
leermiddelenmonitor/@9778/leermiddelenmonitor/ . Acesso em: 18 fev. 2023.

Conclusão

CENTRO de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB). Relatório Guia Edutec:


diagnóstico do nível de adoção de tecnologia nas escolas públicas brasileiras. São Paulo:
CIEB, 2022. Disponível em: https://cieb.net.br/wp-content/uploads/2022/12/2022-12-12-
Relatorio-Guia-Edutec.pdf . Acesso em: 23 fev. 2023.

Livros Didáticos Digitais pelo Mundo


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10
Anexo

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Quadro de perguntas da pesquisa

TEMA GERAL PERGUNTA GERAL PERGUNTAS NORTEADORAS

1. De que maneira as 1. Como se deu o processo de elaboração da


DESENHO
iniciativas de materiais iniciativa/política em questão?
didáticos digitais foram
2. Quais foram as motivações gerais?
estruturadas nos países em
questão? 3. Quais os atores envolvidos?
4. Tem algum ator que lidera a iniciativa e/ou é
responsável pela sua execução geral?

2. Como se dá a produção 1. Quais as características dos Livros Didáticos


PRODUÇÃO
dos materiais didáticos Digitais? O que contêm? Como chegaram
digitais nos países, nesse(s) formato(s)?
incluindo a interação entre
2. Existem critérios que devem nortear a
os diferentes stakeholders
produção? No que consistem? Quem define
envolvidos nesse
os critérios? Quem verifica o cumprimento dos
processo?
critérios?
3. Quem são os responsáveis pela produção?
Como se envolvem nesse processo?
4. Quais são as etapas do fluxo de produção?
5. Existe um período específico que rege a
produção dos materiais didáticos digitais?
6. Existe um processo de seleção desses
materiais? Quais são as etapas e envolvidos?
Como são divulgados os aprovados?
7. Como está estruturada a questão dos direitos
autorais? (Os autores licenciam por um período,
cedem o conteúdo em caráter definitivo etc.)
8. Como os produtores são remunerados?
(Licença por aluno por período, cessão por
conteúdo por aluno, remuneração baseada no
uso dos conteúdos disponibilizados etc.)
9. Quais os principais desafios na produção dos
materiais digitais?

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TEMA GERAL PERGUNTA GERAL PERGUNTAS NORTEADORAS

3. Como é o uso dos 1. Como se dá o processo de licitação e


IMPLEMENTAÇÃO
materiais didáticos nos aquisição dos livros didáticos digitais? (Como
países, incluindo a lógica o livro produzido chegou até o aluno para ser
de implementação dessas usado?)
iniciativas?
2. Como se dá o uso em termos de formato e
acesso? [Quais são os principais dispositivos
utilizados para o acesso? (desktops, notebooks,
tablets, celulares). Os livros didáticos digitais são
acessados de forma on-line, off-line ou híbrida?
Quais são as interações de uso possíveis?
(aluno-livro, aluno-professor, aluno-colegas
etc.) Os dispositivos de acesso são pessoais ou
fornecidos pelo sistema educacional?]
3. Como é a interação dos professores com
os os materias didáticos digitais? Existem
iniciativas/políticas de formação para o uso dos
livros didáticos digitais?
4. Existe algum incentivo para a produção de
conteúdo digital pelo professor? (Professor-
autor).
5. Existe um mapeamento para verificar a
percepção dos professores sobre o uso dos
livros didáticos digitais?
6. Como é a interação dos estudantes com os
materiais didáticos digitais?
7. Quais os principais desafios na
implementação dos livros didáticos digitais?
Quais os principais desafios no uso dos
materiais digitais?

4. Existem dados de 1. Existem ações de monitoramento do uso que


MONITORAMENTO
monitoramento em relação os docentes e estudantes fazem dos materiais
ao uso desses materiais didáticos digitais? Como elas ocorrem?
e avaliações sobre a
2. Existem iniciativas de avaliação de impacto
influência que exercem
do uso de materiais didáticos digitais na
na aprendizagem dos
aprendizagem dos estudantes? Se sim, tem
estudantes?
componentes ou temas em que se identificam
maior influência? (Ex.: práticas de leitura).
3. Quais os principais desafios no
monitoramento do uso e influência/resultados
dos materiais digitais?

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Ficha Técnica

APOIADOR EQUIPE DE PRODUÇÃO


Fundação Lemann Elaboração da Pesquisa
Paola de Oliveira Nogueira
REALIZAÇÃO
Instituto Reúna Leitura Crítica
Centro de Inovação para a Educação Brasileira
DIREÇÃO EXECUTIVA (CIEB)
Katia Stocco Smole
Edição e Revisão
Beatriz Araujo
DIREÇÃO DO PROJETO
Filomena Siqueira
Projeto Gráfico
Felipe Uehara
GERENCIAMENTO DO PROJETO
Dija Santos Adaptação e Diagramação
Fernanda Candido Gomes Spindle Design
Jonathan Moreira
Thiago Araujo

COMUNICAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL
Carolina do Nascimento
Vinicius Pinto

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