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1 Apresentação 3
2 Introdução 6
3 Justificativas 8
4 Objetivos 12
5 Metodologia 14
6 Países 19
Holanda 50 Estônia 37
Coreia do Sul 20
Síntese das análises
7 e considerações para
o contexto brasileiro 67
8 Conclusão 77
9 Referências 82
10 Anexo 92
ii) a presença de formatos variados de livros didáticos digitais, devido tanto às particularidades
das editoras privadas, quanto às orientações determinadas pelos órgãos públicos (livro na
Coreia do Sul, site na Estônia e plataforma na Holanda);
iv) a percepção compartilhada de que os livros didáticos digitais são atrativos para os alunos
e favorecem a personalização do ensino, mas dependem do estabelecimento de uma
infraestrutura tecnológica adequada e da realização de ações de formação de professores
para garantir o seu uso.
PRINCIPAIS
ACHADOS DA
PESQUISA
Visão compartilhada
do potencial dos Livros
Formatos variados Didáticos Digitais para
de Livros Didáticos apoiar a relação de
Digitais ensino e aprendizagem
Em 2022, o Instituto Reúna lançou a pesquisa Livros Didáticos Digitais pelo Mundo , que
mapeou experiências de utilização de livros didáticos digitais na educação básica em diferentes
países (INSTITUTO, 2022). A pesquisa foi desenvolvida com base em três premissas: i) a
relevância dos livros didáticos para apoiar a qualidade do ensino e aprendizagem e o potencial
que as transformações tecnológicas podem proporcionar nesse sentido; ii) a importância da
utilização das tecnologias digitais como etapa fundamental para a incorporação da Cultura Digital
no cotidiano escolar, em alinhamento com a Competência Geral 5 da BNCC; iii) e a necessidade
de oferecer referências que contribuíssem para a estruturação dos editais do PNLD (2024 e
2025) no olhar pedagógico para as inovações digitais.
Com base na análise de diversos documentos, foi produzido um relatório para cada um dos 11
países da amostra, com um histórico resumido das principais políticas públicas sobre educação
digital; dos dados encontrados a respeito das suas políticas públicas para implementação de
livros didáticos digitais; dos principais aspectos desses materiais e do alinhamento deles aos
documentos curriculares locais; das estratégias adotadas pelo país durante a pandemia acerca
do uso de livros didáticos digitais; e dos resultados das pesquisas de acompanhamento sobre o
uso de livros didáticos digitais feitas pelo governo ou por outras instituições.
A partir da divulgação dos resultados da pesquisa, foi possível observar a existência de uma
grande demanda sobre o assunto por parte dos atores envolvidos no processo de planejamento
e implementação do uso de livros didáticos digitais no país, como órgãos do governo, editores e
autores de materiais didáticos. Neste sentido, a receptividade encontrada pelo Instituto Reúna
nas apresentações feitas a esses atores, inclusive com o convite feito pela Abrelivros para a
apresentação da pesquisa no Fórum Internacional de Editores, realizado na Bienal Internacional
do Livro 2022, comprovou a relevância e o interesse pela temática no contexto brasileiro.
Um fator determinante para esse crescente interesse no tema dos livros didáticos digitais
foi a divulgação do Edital 2024 do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD),
realizada em março de 2022 (BRASIL, 2022a). Como já havia sido preconizado pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o texto desse edital trouxe a inovação
de solicitar que os livros didáticos e os manuais do professor participantes do programa sejam
inscritos obrigatoriamente nas versões impressa e digital interativa, que deve ser uma versão
em HTML do livro impresso que contenha ferramentas de interatividade. Neste sentido, o edital
estabelece que, para todas as coleções inscritas, a versão digital-interativa deverá apresentar,
no mínimo, carrossel de imagens e infográficos e, especificamente para as coleções de Língua
Inglesa e Arte, também recursos em áudio para atividades voltadas ao desenvolvimento das
competências e habilidades dessa língua estrangeira, da música e da dança.
A divulgação desse edital teve um impacto direto no mercado brasileiro de livros didáticos,
pois suscitou nas editoras participantes do PNLD uma série de questionamentos não apenas
em relação às expectativas do governo quanto à produção e ao uso dos livros didáticos digitais,
como também das melhores estratégias para adaptarem seus modelos de produção e de
negócio às novas exigências do programa, impulsionando, desta maneira, a demanda por
estudos e referências sobre o assunto.
É interessante notar, no entanto, que a lei traz como vetado o art. 10, que, segundo o projeto
de lei 4513/20 (BRASIL, 2022b), propunha a alteração da redação da Política Nacional do
Livro (BRASIL, 2003) para que a definição de livro passasse a compreender a publicação de
textos em formato digital, magnético ou ótico, o que poderia ajudar a ampliar as bases jurídicas
para a implementação de políticas públicas de educação digital que envolvessem a produção e
uso de livros didáticos digitais como parte de suas estratégias. Como demonstrou a experiência
de outros países registrada na pesquisa “Livros Didáticos Digitais pelo Mundo”, a existência
de políticas públicas de educação digital é um ponto fundamental para o desenvolvimento e
sucesso das estratégias de implementação de programas voltados para o livro didático digital.
Esse primeiro estudo teve como proposta a realização de um mapeamento inicial do tema.
Agora, o Instituto Reúna apresenta a realização da segunda fase da pesquisa, que desenvolverá
uma investigação mais detalhada das experiências de determinados países, como forma de
explorar aprendizados significativos que possam contribuir para o processo que o Brasil está
vivendo e fornecer dados relevantes para apoiar a ação dos diversos atores envolvidos nesse
processo.
OBJETIVOS DA PESQUISA
A segunda etapa da pesquisa “Livros Didáticos Digitais pelo Mundo” foi realizada com uma
amostra de três países: Coreia do Sul, Estônia e Holanda. Para a composição dessa amostra, o
primeiro critério estabelecido foi o de que os três países fossem selecionados entre os 11 países
participantes da amostra da primeira fase da pesquisa, pela compreensão de que esses países
já tiveram mapeadas as suas políticas públicas para educação digital e para livros didáticos
digitais e que, portanto, existiam dados disponíveis para analisar se as políticas de tais países
despertavam o interesse de um estudo mais aprofundado, diante do objetivo proposto para a
segunda etapa da pesquisa.
Como a seleção dos três países foi definida pela Metodologia adotada na primeira pesquisa,
importante relembrar e destacar alguns pontos do processo de seleção da amostra dos 11
países. O procedimento foi divido em duas fases, na primeira foram identificados países com
destaque na temática da incorporação de ferramentas e serviços digitais no funcionamento do
governo; a partir desses, na segunda etapa, foram selecionados países que tivessem, de fato,
políticas voltadas para a implementação de recursos digitais na educação. Fica claro, portanto,
que o intuito do Reúna foi buscar países líderes, tentando encontrar experiências que pudessem
servir de inspiração e revelassem boas práticas.
Ao longo da investigação da pesquisa “Livros Didáticos Digitais pelo Mundo” foi possível
observar que, em alguns casos, as experiências desenvolvidas pelo país estavam mais voltadas
para a produção de recursos educacionais digitais (REDs), como aplicativos, softwares,
programas e websites, do que propriamente para a implementação de livros didáticos digitais.
Em outros, constatou-se que as políticas públicas direcionadas aos livros didáticos digitais
ainda estavam em um estágio muito inicial de implementação ou que haviam sido suspensas
em favor de outras políticas educacionais¹. Desta maneira, tendo em vista o objetivo central
da segunda etapa da pesquisa, foi estabelecido como critério para a composição da nova
amostra que o país selecionado apresentasse políticas públicas ou iniciativas significativas
voltadas especificamente para o livro didático digital, que estivessem em processo efetivo de
implementação.
¹ Para entender melhor a diferença entre recursos educacionais digitais e livros didáticos digitais convidamos o leitor a acessar a primeira
pesquisa, Livros Didáticos Digitais pelo Mundo .
Quanto aos aspectos metodológicos, a pesquisa “Livros Didáticos Digitais pelo Mundo 2.0”
foi qualitativa, com base em estudos de caso, por meio das técnicas da entrevista parcialmente
estruturada – isto é, baseada em um roteiro de perguntas abertas preparado antecipadamente,
mas que concede ao entrevistador a liberdade de alterar a ordem das questões, retirar perguntas
ou mesmo improvisar novas perguntas caso julgue necessário, a fim de esclarecer ou detalhar
as respostas do entrevistado (LAVILLE; DIONE, 1999) – e da análise de documentos, como
leis, decretos, políticas públicas para educação digital, planos de governo para o uso de livros
didáticos digitais, documentos normativos curriculares, pesquisas sobre implementação,
produção, avaliação e uso de livros didáticos digitais, relatórios de instituições internacionais,
sites de editoras privadas, sites dos países e de seus respectivos Ministérios da Educação,
artigos, entrevistas e reportagens em veículos de mídia locais, entre outros.
Para a realização das entrevistas, foi produzido um relatório inicial (briefing) sobre cada país,
com o levantamento dos principais atores locais relacionados à produção e à implementação
de livros didáticos digitais. Com base nessa análise, foram selecionados três atores, um de
cada país, que foram contatados por meio dos canais de comunicação disponíveis. Após o
contato, foram agendadas e realizadas entrevistas on-line com: i) duas representantes do Korea
Education and Research Information Service (KERIS), órgão responsável pela implementação
da política de livros didáticos digitais na Coreia do Sul, ligado ao Ministério da Educação; ii) uma
representante do Ministério da Educação e Pesquisa da Estônia, responsável pelas políticas
para livros didáticos digitais do país; e iii) um representante da Associação Holandesa de
Editoras Educacionais, Profissionais e Científicas (MEVW). Diante das informações levantadas
nestas conversas, foram escolhidos novos três atores, um de cada país, para a realização de
uma segunda fase de entrevistas. Nessa etapa, foi realizada a entrevista com um representante
da Opiq, a principal plataforma de produção, distribuição e acesso a livros didáticos digitais da
Estônia.
COREIA DO SUL
Korea Education and Research Responsável pela implementação
Information Service (KERIS) da política de livros didáticos digitais
ESTÔNIA
² As perguntas gerais de pesquisa foram, ainda, desdobradas em perguntas norteadoras, que serviram de base para a construção dos roteiros
das entrevistas. As perguntas norteadoras podem ser consultadas no Anexo A.
DESENHO
De que maneira as iniciativas de livros didáticos digitais foram estruturadas nos
países em questão?
PRODUÇÃO
Como se dá a produção dos livros didáticos digitais nos países em questão,
incluindo a interação entre os diferentes stakeholders envolvidos nesse processo?
Como é o uso dos livros didáticos nos países em questão, incluindo a lógica
IMPLEMENTAÇÃO de implementação desses instrumentos junto aos players relevantes dessas
iniciativas?
MONITORAMENTO
Existem dados de monitoramento em relação ao uso desses livros e avaliações
sobre a influência que exercem na aprendizagem dos estudantes?
Estônia 37
Holanda 50
• 2012: Livros didáticos digitais passam a ter caráter jurídico de livros didáticos
• 2014: Ampliação do projeto de testagem do uso de livros didáticos digitais para uma
amostra maior de escolas | Lançamento da comunidade on-line Wedorang, que permite a
formação de grupos de estudos, a colaboração em projetos em grupo e o envio de tarefas
• 2017: Início da produção de novos livros didáticos digitais para as áreas de Ciências da
Natureza, Ciências Sociais e Língua Inglesa, de acordo com o currículo reformulado de
2015
• 2018: Ampliação do uso de livros didáticos digitais para todas as escolas do país
De acordo com os relatórios anuais do KERIS (KERIS, 2007 a 2021), a primeira política
nacional para o desenvolvimento de livros didáticos digitais na Coreia do Sul foi lançada em
2007, quando o Ministério da Educação anunciou o Plano para a Comercialização do Livro
Didático Digital (디지털교과서 상용화 추진 방안). O projeto tinha como objetivos superar os
limites dos livros didáticos impressos e colaborar de forma efetiva com a mudança para uma
sociedade mais tecnológica. Para tanto, o plano estava baseado em seis propostas centrais:
i) o desenvolvimento de livros didáticos digitais para 25 cursos³, que seriam testados em 100
escolas experimentais até 2011; ii) a realização de programas de formação de professores
para o uso desses materiais; iii) a construção do ambiente educacional necessário, com o
fornecimento de um tablet para cada aluno das escolas experimentais e a instalação de uma
lousa digital em cada sala; iv) o estabelecimento de um sistema de gestão de distribuição e
de qualidade, baseado em padrões técnicos desenvolvidos por institutos especializados; v) a
melhoria das leis e dos regulamentos necessários para promover o desenvolvimento e o uso
de livros didáticos digitais; e vi) o estabelecimento de um sistema de pesquisas para estudar
sistematicamente os efeitos e a eficiência do uso desses materiais.
A promulgação desse plano deu início à etapa inicial do projeto de criação de livros didáticos
digitais no país, que consistiu em uma fase de conceituação e de formação do sistema
tecnológico necessário. Entre os anos de 2007 e 2010, foram elaborados protótipos de livros
didáticos digitais e de plataformas integradas para uso e hospedagem desses materiais.
³ Um curso corresponde ao conteúdo de uma disciplina para um ano escolar (ex.: curso de Ciências Sociais do 3º ano do ensino primário). O
plano previa a criação de livros didáticos digitais para 20 cursos do 5º e 6º ano do ensino primário, 3 cursos do 1º ano do ensino secundário e
2 cursos do ensino médio.
Nesse sentido, ainda em 2011, livros didáticos digitais de Língua Coreana e de Matemática
para 5º e 6º anos da escola primária⁵ foram produzidos, avaliados, revisados e usados de
forma experimental em 63 escolas-modelo. Em 2012, o governo realizou uma alteração na
legislação para garantir o caráter jurídico de livro didático aos livros didáticos digitais. Além
disso, o Ministério da Educação sul-coreano anunciou a produção de livros didáticos digitais de
Ciências Sociais, Ciências da Natureza e Língua Inglesa para o 3º e 4º ano da escola primária
e de Ciências Sociais e Ciências da Natureza para o 1º ano da escola secundária, que foram
produzidos, avaliados e revisados ao longo de 2013.
O ano de 2014 marcou o início da ampliação do projeto de testagem do uso de livros didáticos
digitais. Nesse ano, 163 escolas-modelo (81 escolas primárias e 82 escolas secundárias)
começaram a utilizar os livros didáticos digitais produzidos em 2013, que foram desenvolvidos
com base nos livros didáticos impressos, mas com recursos multimídia, dicionários e também
uma comunidade on-line para usuários do livro didático digital (Wedorang), que permitia que
os estudantes formassem grupos de estudos, colaborassem em projetos em grupo, enviassem
suas tarefas e recebessem o retorno dos professores.
Em 2015, o governo sul-coreano permitiu o uso de livros didáticos digitais para as escolas
que desejassem, com a condição de que tivessem a capacidade de implementar o uso desses
materiais de forma autônoma. Assim, além das 134 escolas designadas para participar do
projeto-piloto, outras 1.458 escolas aderiram voluntariamente ao uso de livros didáticos digitais.
Nesse mesmo ano, o currículo nacional passou por uma grande reformulação, o que fez com
que, em 2016, o Ministério da Educação divulgasse um novo plano para a elaboração de livros
Entre 2017 e 2020, os livros didáticos digitais previstos no novo plano divulgado em 2016
foram produzidos e introduzidos nas escolas, de acordo com o cronograma estabelecido.
A partir de 2018, o uso de livros didáticos digitais foi generalizado para todas as escolas do
país. O Wedorang passou por várias melhorias para permitir colaborações em tempo real e
gerenciamento de resultados de atividades pessoais e em grupo. A plataforma de visualização
de livros didáticos digitais também foi aprimorada e os livros didáticos digitais passaram a
incorporar conteúdos imersivos, como realidade aumentada, realidade virtual e vídeos 360º.
Em junho de 2021, havia 134 livros didáticos digitais publicados e 9.308 escolas utilizando
esses materiais, sendo 6.144 de ensino primário e 3.164 de ensino secundário.
Produção
A produção e a avaliação de livros didáticos impressos e digitais no país são controladas pelo
Ministério da Educação, por meio do Korean Institute for Curriculum and Evaluation (KICE) .
Os livros didáticos de todas as disciplinas da escola primária, exceto Língua Inglesa e Ciências
Sociais⁷, são desenvolvidos pelo próprio governo com o apoio de órgãos de pesquisa e de univer-
sidades e distribuídos gratuitamente. Já para a escola secundária, existem livros autorizados pelo
⁶ Segundo o KERIS, essas disciplinas foram escolhidas a partir de uma pesquisa feita com professores e alunos para compreender em quais
áreas havia maior interesse em livros didáticos digitais. Existe a possibilidade de que o governo promova o desenvolvimento de livros didáticos
digitais de outras disciplinas no futuro, caso a demanda seja identificada. (INSTITUTO, 2022)
⁷ Atualmente, os livros de Língua Inglesa e de Ciências Sociais da escola primária são publicados por editoras privadas e autorizados pelo
governo. Até 2021, os livros de Ciências Sociais também eram produzidos pelo próprio governo.
134 16 118
publicados publicados
total de livros digitais pelo governo por editoras privadas
Após o processo de avaliação e revisão dos livros didáticos impressos pelo KICE, as editoras
que tiveram seus livros autorizados pelo governo têm o prazo de cerca de seis meses para
produzir a versão digital dos materiais, que também são avaliadas e revisadas. Os editais de
convocação e os guias de orientação para a produção, avaliação e revisão dos livros didáticos
digitais são publicados na página do KICE.
De acordo com o documento, o processo de produção dos livros didáticos digitais é composto
por quatro etapas. Como os livros didáticos digitais são produzidos a partir dos livros didáticos
impressos, a primeira etapa consiste na análise desses materiais e no planejamento de como
reestruturar com eficiência o layout e os seus conteúdos no formato digital. A segunda etapa
é a preparação, na qual são estabelecidas orientações sobre a composição das unidades
dos livros didáticos digitais⁸, a padronização de nomes dos arquivos e o desenvolvimento do
⁸ Para otimizar a capacidade de transmissão, os livros didáticos digitais são divididos com base nas aulas e produzidos em unidades
descentralizadas que, ao final da produção, são reunidas em um pacote zip.
Os livros didáticos digitais sul-coreanos são acessados por meio do login em uma plataforma
governamental, chamada Edunet , e visualizados por meio de um visualizador disponível
na própria plataforma. Os recursos dos livros didáticos digitais podem ser divididos, então, em
recursos relacionados aos conteúdos de aprendizagem, recursos fornecidos pelo programa
de visualização e recursos pertencentes à plataforma (GUDEOKHOE, 2018). Em relação aos
conteúdos de aprendizagem, os livros didáticos digitais seguem o formato de páginas duplas,
que simulam o layout dos livros impressos, e apresentam conteúdos básicos, como textos,
diagramas, fórmulas e imagens, e recursos digitais adicionais, como materiais multimídia
(vídeos, áudios, animações, galerias de imagem), exercícios interativos (entrada de texto, caixa
de seleção, botão rádio, desenho), experimentos virtuais (incluindo materiais de aprendizagem
de realidade virtual e realidade aumentada), pop-ups, hiperlinks, glossário etc. O visualizador
padrão de livros didáticos digitais oferece recursos como índice, pesquisa de textos, virada
de página, ampliação e redução das páginas, realce de texto (marcadores), anotações (por
caneta ou por post-its) e gravação de voz. Por fim, a plataforma que disponibiliza o acesso
aos livros didáticos digitais traz recursos como a comunidade de aprendizagem Wedorang e
o vínculo com os outros conteúdos do currículo.
⁹ É possível acessar a plataforma Edunet usando o usuário “sample” e a senha “sample” para visualizar exemplos de livros didáticos digitais.
As editoras que desenvolvem os livros didáticos digitais são responsáveis pelos recursos
digitais relacionados aos conteúdos de aprendizagem, enquanto os recursos digitais relacionados
à plataforma de acesso e ao seu visualizador interno são desenvolvidos pelo governo, o que
justifica que, atualmente, os livros didáticos digitais sejam produzidos a partir de um único
padrão de desenvolvimento estabelecido pelo governo, a fim de garantir que as especificações
técnicas dos materiais desenvolvidos pelas editoras sejam compatíveis com o visualizador e a
plataforma governamental e funcionem sem problemas em todos os dispositivos.
No entanto, em 2021, a Korea Foundation for the Advancement of Science & Creativity
(KOFAC) realizou um estudo sobre a possibilidade de permitir que os livros didáticos
digitais sejam desenvolvidos em outros formatos além do EPUB 3 (KOFAC, 2021). A pesquisa
constatou que a maior demanda dos professores em relação a esses materiais é a liberdade
de reorganizar os conteúdos de aprendizagem de acordo com o nível, interesse, ambiente
educacional e características regionais do aluno, o que é visto como uma desvantagem do
padrão atual, que não permite que os professores modifiquem ou editem facilmente o conteúdo.
Além disso, o estudo aponta que o formato atual não favorece a conexão com softwares
externos, a personalização da aprendizagem e o desenvolvimento de livros didáticos digitais
autônomos e criativos por parte dos editores, que correspondam às mudanças tecnológicas e
à educação do futuro.
Implementação
Os livros didáticos digitais são acessados por meio do Edunet, um serviço nacional de
educação criado em 1996. Em 2016, o serviço passou a se chamar Edunet T-Clear, uma
abreviação que faz referência às suas principais atividades: suporte aos professores (teacher),
informações sobre o currículo (curriculum), apoio à aprendizagem (learning), orientações sobre
avaliação (evaluation) e acesso a recursos de atividades (activity resources) (KERIS, 2023).
Como primeiro passo para acessar os livros didáticos digitais, alunos e professores devem
se registrar como membros do Edunet. Em seguida, o Edunet oferece, por meio de seu site, o
acesso ao programa de visualização de livros didáticos digitais, que pode ser aberto de forma
on-line, direto do navegador, ou baixado como um aplicativo para computadores e dispositivos
móveis. Ao abrir o programa de visualização, seja pelo navegador ou pelo aplicativo, os usuários
devem fazer login com o seu registro pessoal na Edunet, encontrar os livros didáticos digitais que
serão usados e baixá-los, sendo que é possível escolher entre fazer o download do livro todo ou
de cada capítulo. Os usuários que utilizam o aplicativo podem acessar os livros didáticos digitais
também de forma off-line, já que os conteúdos baixados ficam salvos na memória do dispositivo.
Neste sentido, portanto, a pesquisa realizada pelo KOFAC a respeito da diversificação dos
métodos de desenvolvimento dos livros didáticos digitais sugere que os novos livros didáticos
digitais produzidos pelos editores sejam fornecidos por meio de serviços de nuvem, e não pelo
visualizador padronizado desenvolvido pelo governo. De acordo com a pesquisa, esta seria uma
política mais justa em termos de acessibilidade, diversidade e racionalidade dos livros didáticos
digitais e uma solução mais favorável ao processo de coleta, processamento, armazenamento e
análise de dados de aprendizagem dos alunos. No entanto, o relatório ressalta que a necessidade
de login individual na nuvem de cada editora seria um grande inconveniente para o uso dos
livros didáticos digitais, o que poderia ser contornado pela criação de uma plataforma integrada,
isto é, que desse acesso às plataformas das diversas editoras a partir de um único login.
Monitoramento
Em 2020, o KERIS publicou uma ampla pesquisa de monitoramento sobre livros didáticos
digitais (KERIS, 2020), que foi desenvolvida em três etapas: análise dos resultados da política
pública de livros didáticos digitais, levantamento de opiniões de uso e preparação de planos
futuros para a promoção destes materiais. A primeira etapa foi realizada por meio de análise
de desempenho, análise de tendências da mídia e da opinião pública, casos de políticas
internacionais e análise das tendências tecnológicas mais recentes. A segunda etapa foi feita
dividida em duas pesquisas, sendo que a primeira buscava identificar a taxa de uso e o cenário
dos livros didáticos digitais no país e a segunda tinha como objetivo mapear a percepção de
professores e alunos em relação ao uso desses materiais. Por fim, as estratégias propostas
na terceira etapa foram sugeridas a partir da análise dos resultados encontrados nas duas
etapas anteriores.
Na etapa de análise dos resultados da política pública de livros didáticos digitais, os dados
da pesquisa sugerem que o uso desses materiais teve um efeito positivo e contribuiu para
melhorar a capacidade de aprendizagem dos alunos e as competências dos professores
em relação ao uso das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação). Além disso, a
pesquisa identificou que o uso de livros didáticos digitais está aumentando gradualmente e
que a satisfação com esses materiais melhorou significativamente, principalmente em relação
aos livros didáticos digitais desenvolvidos nos últimos anos para o currículo revisado de 2015.
Contudo, os resultados também apontaram que a utilização de livros didáticos digitais não é
tão alta quanto o esperado, que a avaliação dos professores sobre a utilidade desses materiais
parece estar diminuindo, que a infraestrutura das escolas para o uso de livros didáticos digitais
ainda é insuficiente e que há um aumento gradativo na preocupação sobre os efeitos adversos
ocasionados pelo uso de dispositivos digitais.
2,6%
Entre os professores que usam livros didáticos digitais, 55,7% afirmaram que eles contêm
materiais multimídia que são eficazes em sala de aula e 14% concordaram que os livros
didáticos digitais podem aumentar o interesse e a participação dos alunos. Quanto à função
mais utilizada nos livros didáticos digitais, dentre diferentes opções de respostas que podiam ser
selecionadas, dados de vídeo e animação (54,6%) foi a mais frequente, seguida por conteúdos
realistas (16,1%) e materiais explicativos com imagens e textos (13,2%). Entre as funções
que precisam ser ampliadas nos livros didáticos digitais, os professores citaram os conteúdos
realistas (43,5%), os dados de vídeo e animação (32,6%) e os dados de avaliação (11,2%).
¹⁰ A pesquisa foi feita com uma amostra total de 4.939 professores, sendo 3.330 do ensino primário, 1.290 do ensino secundário e 319 do
ensino médio.
54,6%
43,5%
32,6%
16,1%
13,2% 11,2%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados Fonte: Elaboração própria a partir de dados
de KERIS, 2020. de KERIS, 2020.
Já os professores que não usam livros didáticos digitais afirmaram, a partir de diferentes
opções de respostas que podiam ser selecionadas, que a infraestrutura para o uso não está
preparada (41,4%), que os livros didáticos digitais não são muito diferentes de outros materiais
(31%), que eles não são suficientemente eficazes para despertar a curiosidade dos alunos
(21,2%), que apenas materiais didáticos digitais, como vídeos, já são suficientes (30,6%), que
eles não sabem usar os livros didáticos digitais (19,8%) e que se preocupam com os efeitos
adversos do uso de dispositivos digitais nos estudantes (19,4%).
Por fim, sobre a formação para o uso de livros didáticos digitais, apenas 35,7% dos professores
afirmaram que passaram por treinamento, sendo 41,5% deles do ensino primário, 27,5% do
ensino secundário e 7,5% do ensino médio.
Em relação aos estudantes, 81,3% dos alunos pesquisados¹¹ apresentaram opiniões positivas
sobre o uso de livros didáticos digitais em sala de aula e 58,8% afirmaram que desejam estudar
usando esses materiais. No entanto, apenas 48,9% responderam que já tiveram experiência
com livros didáticos digitais, sendo 53,1% deles do ensino primário.
Os alunos alegaram, a partir de diferentes opções de respostas que podiam ser selecionadas,
que o uso de livros didáticos digitais é feito principalmente em horário de aula na escola (65,5%)
e apenas secundariamente em casa (24,4%). Além disso, os alunos afirmaram que o uso é feito
majoritariamente com um dispositivo digital emprestado da escola para cada aluno (52,5%), mas
que há casos em que é o professor quem mostra o conteúdo do livro didático digital (36,2%).
¹¹ A pesquisa foi feita com uma amostra de 8.916 casos, sendo 5.996 alunos do ensino primário, 2.242 alunos do ensino secundário e 678
alunos do ensino médio.
As principais funções dos livros didáticos digitais, também elencadas a partir de diferentes
opções de respostas que podiam ser selecionadas, usadas pelos alunos ou apresentadas a eles
pelos professores são a visualização de figuras (62,1%), a visualização de vídeos ou animações
(54,5%), a resolução de questionários (44,1%), a visualização de conteúdos imersivos (31%),
a comunicação com amigos ou professores pelo Wedorang (26,3%) e a procura de palavras no
glossário (25%).
Em relação ao uso de livros didáticos digitais, a enorme maioria dos alunos apontou a dificuldade
em usá-los (93,1%). Na percepção dos alunos, problemas como a lentidão na velocidade de
execução, a necessidade de fazer login, a dificuldade em se concentrar no professor durante a
leitura de livros didáticos digitais, a interrupção no uso dos livros didáticos digitais ou o incômodo
de ter de compartilhar dispositivos digitais ou mudar para outra sala somaram juntos apenas 0,2%.
Além disso, o documento ressalta a importância de que a política seja orientada para
garantir a criação de um ambiente adequado e seguro para o uso dos livros didáticos
digitais, o que pode ser alcançado por meio de investimentos na distribuição de dispositivos
digitais e na instalação de redes sem fio nas escolas, de iniciativas de fortalecimento e de
ampliação das formações de professores para o uso de livros didáticos digitais e da criação
de medidas para prevenir os efeitos adversos causados pelo uso de dispositivos digitais.
¹² Neste sentido, o KERIS realizou, em 2021, a pesquisa “Um estudo sobre a direção do exame para a diversificação do desenvolvimento do
livro didático digital”, já citada na seção Produção.
• 2018: Licitação governamental para a compra de licenças de livros didáticos digitais para
todos os professores e alunos para o novo ano letivo
• 2019: Licitação governamental para a compra de licenças de livros didáticos digitais para
todos os professores e alunos para os próximos dois anos letivos
• 2021: Anúncio de auxílio governamental de 10 euros por aluno para o ano letivo seguinte
para subsidiar a compra de materiais didáticos digitais
Essas tarefas estão previstas principalmente em duas leis estonianas: a Lei das Escolas
Primárias e Secundárias¹³ (ESTÔNIA, 2010a) determina o papel do Estado em relação aos
materiais didáticos, enquanto o Regulamento da Literatura Educacional (ESTÔNIA, 2016)
apresenta os requisitos pedagógicos e técnicos mínimos para a produção de materiais didáticos
e para a revisão desses materiais, além dos tipos de materiais didáticos mínimos por série e por
assunto que devem ser garantidos pelo Estado.
¹³ A educação primária na Estônia tem início aos 7 anos de idade e é obrigatória. Esta etapa é cursada ao longo de 9 anos, divididos em três
estágios: I (1ª a 3ª série), II (4ª a 6ª série) e III (7ª a 9ª série). A educação secundária não é obrigatória e tem duração de 3 anos (ESTÔNIA,
2010a).
Em 2018, com o objetivo de incentivar o uso de livros didáticos digitais no país, o Ministério da
Educação e Pesquisa lançou uma licitação para a compra de licenças para todos os professores
e alunos para o ano letivo 2018/2019. A iniciativa teve um retorno positivo do meio escolar, o que
fez com que, em 2019, o governo lançasse uma nova licitação para a compra de licenças para
os dois anos letivos seguintes. Após o término do contrato, o governo disponibilizou uma verba
adicional de 10 euros por aluno para que as escolas pudessem adquirir as próprias licenças de
livros didáticos digitais.
Essas duas últimas iniciativas são atualmente lideradas pelo Conselho de Educação e
Juventude, conhecido como Harno, uma agência governamental administrada pelo Ministério
da Educação e Pesquisa que foi criada em 2020, a partir da unificação de diversos órgãos
relacionados a tecnologia educacional, trabalho e inovação¹⁶.
¹⁵ O currículo nacional simplificado para o ensino fundamental estabelece o padrão de educação básica para alunos com deficiência intelectual
que, por recomendação do conselho consultivo e com o consentimento dos pais, frequentam o ensino simplificado (ESTÔNIA, 2010b).
¹⁶ Fundação Innove, Fundação de Tecnologia da Informação Educacional (HITSA), Fundação Archimedes e Centro de Trabalho da Juventude
da Estônia.
Os livros didáticos digitais na Estônia são produzidos principalmente por editoras privadas.
As maiores editoras de materiais didáticos do país são Avita , Koolibri e Maurus .
Não existe um processo de avaliação governamental dos livros didáticos digitais, mas o
Estado estabelece alguns requisitos mínimos para a produção e a revisão desses materiais
por meio do Regulamento da Literatura Educacional (ESTÔNIA, 2016).
Em relação aos requisitos fundamentais, a lei aponta que a criação dos livros didáticos
impressos e digitais deve estar baseada no que os currículos nacionais e a Lei das Escolas
Primárias e Secundárias determinam quanto aos valores básicos da educação, ao conceito
de aprendizagem, aos objetivos gerais e específicos do ensino, aos conteúdos e resultados
de aprendizagem solicitados, às tarefas da escola e às condições do ambiente escolar. O
regulamento também especifica que esses materiais devem conter tarefas que desenvolvam
habilidades de pensamento superior, como tarefas criativas, de resolução de problemas e
de pesquisa, e direcionem a aplicação de métodos ativos de aprendizagem e de materiais
metodologicamente diversos, e permitam a diferenciação e a implementação da aprendizagem
em diferentes ambientes, incluindo o digital. Por fim, quanto ao conteúdo dos livros didáticos
impressos e digitais, o documento recomenda que o texto esteja escrito em linguagem correta e
apropriada para a idade, que a organização dos tópicos e conteúdos seja sistemática e lógica,
que os fatos sejam corretos e atualizados e que as informações e a forma como essas são
apresentadas sejam diversificadas, adequadas à idade e metodologicamente convenientes,
apoiando o desenvolvimento moral, físico e social do aluno, uma visão de mundo abrangente
e a capacidade de aprender de forma independente.
Quanto aos requisitos técnicos, o texto sugere que os livros didáticos digitais possam ser
usados em dispositivos digitais com diferentes sistemas operacionais e adaptados de forma
razoável para deficientes visuais e auditivos. O regulamento também ressalta que os livros
didáticos digitais que forem disponibilizados na plataforma de materiais didáticos digitais
devem conter metadados, que devem ser adicionados pelo editor de acordo com as condições
estabelecidas pela plataforma.
Sobre a revisão dos livros didáticos impressos e digitais, a lei determina que o editor
solicite ao menos duas revisões do original. O objetivo das revisões é fornecer uma avaliação
fundamentada sobre o material, principalmente quanto ao cumprimento dos requisitos
fundamentais e técnicos estabelecidos no regulamento.
Em geral, as editoras trabalham com seus próprios modelos de revisão, mas o governo
também possui um modelo de formulário, que pode ser utilizado como referência. O editor
deve enviar aos revisores um rascunho da obra reformulada de acordo com as sugestões
de correções e de acréscimos, e um retorno sobre a consideração dessas recomendações,
sendo que a desconsideração ou consideração parcial das propostas deve ser justificada.
Uma grande parte das editoras estonianas produz os seus livros didáticos digitais por meio
do sistema de gerenciamento de conteúdo Opiq, da empresa Star Cloud ¹⁷. O Opiq CMS
(Content Management System) é um software on-line que oferece ferramentas para a criação e
a edição de livros didáticos digitais interativos em HTML5, que são chamados de kits de estudo
¹⁷ O sistema foi desenvolvido em 2013, a partir do projeto interno de digitalização de livros didáticos da editora Avita. No ano seguinte, diante do
grande investimento realizado, a editora decidiu vender a tecnologia para outros produtores de livros didáticos, criando a empresa Star Cloud.
Os livros didáticos digitais produzidos no Opiq CMS possuem a estrutura de um site responsivo,
com uma página inicial que traz o índice do conteúdo no formato de um menu de navegação e
subpáginas que correspondem aos capítulos da obra, sendo que cada capítulo normalmente
representa uma lição de cerca de 45 minutos. O sistema possibilita a personalização do design
e do layout do livro didático digital e a adição de recursos digitais como vídeos, áudios, galerias
de imagem, ampliação de imagens, hiperlinks, pop-ups e exercícios interativos de diversos
formatos, como múltipla escolha, checkbox, lista suspensa, palavras cruzadas, arrastar e soltar
e desenho sobre imagens. Além disso, o Opiq CMS permite a integração com alguns aplicativos
externos e existem projetos-pilotos de uso de componentes de realidade aumentada e de
inteligência artificial.
Os livros didáticos digitais que foram desenvolvidos pelo Ministério da Educação e Pesquisa
ao longo de 2020 para os alunos que seguem o currículo nacional simplificado também foram
produzidos por meio do Opiq CMS e estão disponíveis gratuitamente na plataforma Opiq¹⁸
(LIPPIN, 2021; RAMMO, 2021).
¹⁸ É possível cadastrar-se sem custos na plataforma Opiq para ter acesso a livros didáticos digitais gratuitos. Além disso, algumas editoras
permitem o acesso gratuito ao primeiro capítulo dos livros didáticos digitais pagos como forma de divulgação.
Na maior parte dos casos, os livros didáticos digitais da Estônia não são comercializados e
acessados em ambientes digitais das próprias editoras, mas sim em plataformas desenvolvidas
por empresas de tecnologia. A Opiq , que pertence à empresa Star Cloud, é a maior plataforma
do país e oferece tanto a comercialização de licenças de livros didáticos digitais quanto o acesso
a esses materiais.
O pacote completo para o ensino primário e secundário é composto por 365 livros didáticos
digitais das editoras Avita, Koolibri, Künnimees e JA Eesti. A licença individual custa € 9,90 por
mês para professores, € 6,90 para usuários privados e € 4,60 para estudantes. Para as escolas
que adquirem licenças para ao menos metade de seus estudantes, o valor por aluno é reduzido
para € 3,50 por mês. Caso a escola solicite licenças para todos os alunos, a plataforma oferece
licenças gratuitas para todos os professores e, para pedidos menores, as escolas recebem uma
licença gratuita de professor para cada turma de 25 alunos. A empresa também comercializa
licenças de pacotes de livros didáticos digitais por disciplina para o ensino secundário. Neste
formato, os valores das licenças individuais dependem do número de livros disponíveis no
pacote de cada disciplina, variando entre € 0,84 e € 4,90 para professores e € 0,84 e € 1,90
para alunos.
Além de comercializar as licenças dos pacotes, a plataforma Opiq também funciona como um
ambiente virtual de aprendizagem, por meio do qual alunos e professores podem acessar e utilizar
os livros didáticos digitais que compõem o pacote adquirido pela escola. No ambiente digital, os
usuários podem fazer destaques ou comentários no texto e complementar o conteúdo dos livros
didáticos digitais com anotações e arquivos anexos, como textos, imagens e apresentações.
Os arquivos e textos adicionados pelos professores podem ser compartilhados com os alunos
e projetados na lousa digital. As escolas que trabalham com sistemas de gerenciamento de
alunos, como eKool ou Studio, podem integrá-los à plataforma, enquanto as escolas que não
utilizam esses sistemas podem criar suas próprias turmas diretamente na Opiq. Os professores
Existem ainda outras plataformas privadas relacionadas ao uso de livros didáticos digitais no
país, como a Libry e a Fox Academy , além do repositório público de materiais didáticos
digitais desenvolvido em 2016 pelo Ministério da Educação e Pesquisa, chamado E-koolikott .
A maioria dos livros didáticos digitais produzidos pelas editoras privadas também é cadastrada
nesta plataforma. Quando o usuário clica sobre um livro didático digital pago que foi encontrado
como resultado de sua pesquisa no E-koolikott, ele é redirecionado para a plataforma que
comercializa a licença deste material.
Em outubro de 2018, o Ministério da Educação e Pesquisa lançou uma licitação para a compra
de licenças de livros didáticos digitais, que foram disponibilizadas gratuitamente a todas as
escolas do país no ano letivo 2018/2019. O investimento de cerca de 1,4 milhões de euros
foi financiado com recursos do Fundo Social Europeu relativos à medida “Desenvolvimento
e introdução de materiais educativos modernos e inovadores”. O concurso foi vencido pela
empresa Star Cloud, desenvolvedora da plataforma Opiq, oferecendo às escolas o acesso aos
livros didáticos digitais das editoras Avita e Koolibri.
Em 2019, foi lançada uma segunda licitação de compra de licenças de livros didáticos
digitais para serem usados gratuitamente pelas escolas por mais dois anos letivos (2019/2020
e 2020/2021). Este segundo concurso foi vencido pela oferta conjunta apresentada pelas
plataformas Opiq e Fox Academy, disponibilizando para as escolas o acesso a cerca de 160
livros didáticos digitais de cinco editoras. A licitação previa a possibilidade de extensão do
contrato por mais um ano, mas o Ministério da Educação e as plataformas vencedoras do
concurso não entraram em um acordo sobre o valor das licenças para o ano e o contrato não foi
prorrogado (RAMMO, 2021; LIPPIN, 2021).
De acordo com a legislação do país, os estudantes das escolas públicas da Estônia devem
ter acesso universal e gratuito a livros didáticos. Para tanto, o Ministério da Educação e Ciência
Monitoramento
Apesar da boa receptividade que a iniciativa recebeu por parte das escolas – que justificou,
inclusive, a realização da segunda licitação para mais dois anos letivos –, ao final do primeiro
ano do projeto havia cerca de 100 escolas, 100 mil alunos e 10 mil professores que ainda
não utilizavam a plataforma Opiq. Entre os motivos para isso estão o fato de que as escolas
só tiveram acesso ao ambiente em outubro, quando os planos de aula dos professores já
haviam sido feitos, e de que, por ser um projeto-piloto, os professores ficaram inseguros com a
possibilidade de que o projeto fosse descontinuado no ano seguinte, invalidando, assim, todo o
trabalho que seria necessário desenvolver para reformular os planos de aulas de forma a incluir
o uso dos livros didáticos digitais.
Além disso, no primeiro ano da licitação, os usuários dos livros didáticos digitais foram, em
sua maioria, professores, e não alunos. Em março de 2019, 54% dos professores do ensino
primário utilizaram a Opiq, enquanto apenas 32% dos alunos deste segmento acessaram a
plataforma. De acordo com o governo, uma possibilidade é que os professores tenham utilizado
os livros didáticos digitais apenas para projetar exercícios, vídeos, imagens e textos na lousa
digital, o que não seria o uso ideal esperado para esses materiais. Outra explicação refere-se à
observação de que, em geral, os professores inicialmente trabalham em paralelo com um novo
• 2013: Criação da Basispoort, parceria entre editoras e fornecedores escolares que oferece
o serviço gratuito de login único para professores e alunos
• 2015: Lançamento do programa Edu-k, plataforma que reúne os atores públicos e privados
envolvidos na cadeia de produção de materiais didáticos para a realização de acordos que
garantam as precondições necessárias para o uso bem-sucedido de materiais didáticos
digitais na aprendizagem
• 2018: Criação do Momento, painel gratuito para o ensino primário que funciona como uma
central única de controle dos diversos livros didáticos digitais
A Holanda não possui uma política pública ou uma regulamentação federal voltada para
a produção de livros didáticos digitais. Em 2019, o Ministério da Educação lançou a Agenda
de Digitalização para a Educação Primária e Secundária²¹ (Digitaliseringsagenda - Primair en
voortgezet onderwijs) (HOLANDA, 2019), com diretrizes e recomendações para o fomento da
educação digital nas escolas. Um dos cinco pilares dessa agenda, intitulado “Os recursos digitais
de aprendizagem trabalham para o usuário”, aborda ambições e objetivos para a produção de
materiais didáticos digitais em geral, mas não traz recomendações específicas em relação à
publicação de livros didáticos digitais.
²¹ A educação na Holanda é obrigatória a partir do ensino primário, que tem início aos 5 anos de idade e é cursado ao longo de 8 anos. O
ensino secundário também é obrigatório e é subdividido em três modalidades: a educação secundária pré-profissionalizante (VMBO), com foco
no ensino técnico; o ensino secundário geral sênior (HAVO); e o ensino pré-universitário (VWO), que são preparatórios para as universidades
(HOLANDA, 2023b).
Assim, ainda que a Holanda não possua uma política pública voltada especificamente para
a produção de livros didáticos digitais, o Ministério da Educação, Ciência e Cultura holandês
apresenta um papel central no desenvolvimento do ecossistema de materiais didáticos digitais,
por meio da organização e do financiamento de iniciativas como a Edu-k, a Edustandaard e a
Fundação Kennisnet, entre outras. Desta maneira, ao incentivar o diálogo e a parceria entre
os atores públicos e privados envolvidos na cadeia de produção de materiais didáticos digitais,
o governo holandês contribui para o desenvolvimento de um cenário favorável para que as
editoras privadas possam produzir e comercializar seus livros didáticos digitais, ao mesmo
tempo em que atua para garantir que as demandas do setor de educação pública em relação a
esse tipo de material também sejam contempladas.
Produção
Os livros didáticos digitais são produzidos por editoras privadas holandesas. Existem
aproximadamente 30 editoras educacionais no país. No ensino primário, o mercado está
concentrado em quatro grandes editoras: Zwijsen , Malmberg , Noordhoff e Thieme
Meulenhoff . Com exceção de Zwijsen, essas também são as editoras que dominam o
mercado voltado ao ensino secundário (REGIOPLAN, 2021a).
Como não há uma lei federal que regulamente a produção de livros didáticos no país, nem um
processo de avaliação que estabeleça critérios para a produção desse tipo de material, os livros
didáticos digitais são produzidos de forma autônoma pelas editoras, que devem apenas garantir
que os materiais estejam de acordo com as competências e objetivos de aprendizagem previstos
para a educação primária e secundária. Espera-se também que as editoras cooperem com os
acordos de padronização estabelecidos entre os membros da cadeia de recursos educacionais.
Além disso, para garantir os interesses das escolas, os conselhos setoriais do ensino primário
e secundário (PO-Raad e VO-Raad) publicaram, em 2014, um Programa de Requisitos para a
Cadeia de Recursos Educacionais (Programma van Eisen Leermiddelenketen), com indicações
de demandas para os atores do mercado de materiais didáticos, como editores, fornecedores e
distribuidores. O documento foi bem recebido por esses agentes, que desenvolveram medidas
significativas para implementar soluções para as solicitações apresentadas. Assim, em 2017, os
conselhos setoriais publicaram uma nova versão do documento. Os requisitos não se referem
diretamente ao conteúdo, formato ou modelo de produção dos livros didáticos digitais, mas
funcionam como uma referência das expectativas das escolas em relação ao mercado de
materiais didáticos digitais de forma ampla, no qual os livros didáticos digitais estão inseridos
(PO-RAAD; VO-RAAD, 2017).
Em geral, os livros didáticos digitais produzidos pelas editoras holandesas são apresentados
no formato de plataformas, em que conteúdos e ferramentas de gerenciamento de aprendizagem
estão estreitamente interligados. A versão digital dos métodos voltados ao ensino primário da
editora Malmberg, por exemplo, são disponibilizados por meio do ambiente de aprendizagem
Bingel . Na plataforma, após selecionar o método na prateleira, o aluno é direcionado a
uma tela na qual há um menu lateral com os botões: Início, que é a página inicial do método;
Aulas, que leva ao conteúdo teórico daquele método, dividido em blocos, semanas e lições e
composto por explicações e exercícios de exemplo, que são realizados no momento de aula,
com o professor; Tarefas, onde ficam os exercícios de prática individual, subdivididos em blocos,
semanas e tarefas; e Desenvolvimento, no qual o aluno pode acompanhar a sua evolução
no método. Os alunos que possuem apenas o método impresso também têm acesso a esse
ambiente, mas apenas aos botões Início e Tarefas.
De acordo com a legislação holandesa, os livros didáticos devem ser gratuitos no ensino
primário e, desde 2008, também no ensino secundário, a partir da promulgação da Lei do Livro
Escolar Gratuito (Wet Gratis Schoolboeken).
Embora as escolas sejam livres para fazer escolhas orçamentárias dentro do montante fixo,
a maioria das escolas mantém seus custos com materiais didáticos em torno do valor sugerido.
Segundo uma pesquisa realizada em 2021 com 220 escolas secundárias²⁴, a despesa média
anual das escolas com materiais didáticos é de 345 euros por aluno, sendo que a maioria das
escolas gasta entre 275 e 400 euros (REGIOPLAN, 2021b).
²⁴ A amostra representa 14% das escolas secundárias do país, que totalizam 1.609 escolas.
²⁵ Existem três tipos de fundos de recursos educacionais na Holanda. No fundo de recursos educacionais externos (ELF), a escola aluga
os materiais didáticos do distribuidor, cabendo ao distribuidor todo o processo de distribuição dos materiais didáticos. No fundo de recursos
educacionais facilitados (GLF), a escola é proprietária dos materiais didáticos, mas o distribuidor ainda organiza grande parte do processo de
distribuição e aluguel. Por fim, no fundo de recursos educacionais internos (ILF), a escola adquire e gerencia a distribuição de seus materiais
didáticos, que são alugados pela escola aos alunos. Um fundo interno é mais barato que um fundo externo ou um fundo facilitado, mas é mais
trabalhoso para as escolas. Em 2019, cerca de 65% dos alunos foram atendidos por meio de um fundo externo ou facilitado e 35% por meio
de um fundo interno (REGIOPLAN, 2021b).
Atualmente, esse é o modelo dominante de venda de livros didáticos digitais entre as principais
editoras holandesas. Na pesquisa realizada com escolas secundárias (REGIOPLAN, 2021b),
43% delas afirmaram que adquiriram licenças no modelo LiFo para uma ou mais disciplinas no
ano letivo de 2020-2021. Entre as vantagens desse modelo estão: a possibilidade de acesso
aos conteúdos digitais de outras séries do método, que permite diferenciação dos percursos de
aprendizagem; o valor relativamente baixo para a compra do livro de exercícios, que incentiva
a transição para um modelo híbrido de ensino; a oportunidade de atualização frequente do
método digital por parte dos editores; e a transparência do preço para as escolas, que pagam
um valor único por aluno por ano.
Segundo as editoras, as licenças digitais têm um valor mais alto do que aquele que as escolas
costumavam pagar pelos livros didáticos impressos porque o desenvolvimento de métodos
digitais exige um investimento maior e esses materiais precisam ser atualizados constantemente.
Além disso, os recursos digitais de algumas disciplinas (como, por exemplo, a matemática)
são mais caros de produzir, o que justifica a variação de valores das licenças digitais entre os
métodos das diferentes disciplinas. Devido ao alto custo de produção, as grandes editoras têm
avaliado se é comercialmente interessante investir no modelo LiFo para todos os métodos ou
disciplinas, pois o retorno do investimento em alguns casos pode ser muito baixo. Por outro
lado, em termos de receita, o modelo LiFo permite um fluxo de caixa anual mais previsível para
O modelo LiFo também alterou o processo de compras de materiais didáticos das escolas.
Como citado, no ensino primário, as compras em geral são feitas por meio de fornecedores
escolares²⁶, que negociam descontos entre 15 e 30 por cento com as editoras para compras em
grandes quantidades e repassam entre 10 e 20 por cento do desconto obtido para as escolas
(SEO ECONOMISCH ONDERZOEK, 2016). Nesse segmento, a introdução do modelo LiFo
abriu a possibilidade de que as escolas negociem a compra de suas licenças diretamente com
as editoras, já que a mudança para o formato digital permite que as escolas se tornem menos
independentes da logística de distribuição dos fornecedores escolares.
²⁶ O mercado de fornecedores escolares para o ensino primário está concentrado em dois grandes grupos, Heutink e Rolf Group, que detêm,
respectivamente, 70 e 30 por cento do mercado (SEO ECONOMISCH ONDERZOEK, 2016).
²⁷ O mercado de distribuidores para o ensino secundário também está concentrado em dois grandes grupos, Van Dijk e Iddink, que detêm,
respectivamente, 56 e 30 por cento do mercado. Os quatro por cento restantes se referem ao distribuidor Osinga de Jong (REGIOPLAN, 2021b).
No ensino secundário, de acordo com a legislação holandesa, as escolas não são obrigadas
a fornecer um laptop ou tablet para os alunos, mas também não podem exigir que os pais ou
responsáveis paguem o custo do dispositivo. As escolas podem apenas pedir uma contribuição
voluntária dos pais, que não são obrigados a pagá-la (HOLANDA, 2023a).
De acordo com a pesquisa realizada em 2021 (REGIOPLAN, 2021b), 63% das escolas
secundárias pedem aos pais que comprem o dispositivo e assumam o custo total, 25% das
escolas compram os próprios dispositivos e os disponibilizam aos alunos por meio de uma
estrutura de aluguel e os 12% restantes compram os aparelhos com a ajuda de uma contribuição
dos pais e depois os disponibilizam para os alunos.
12%
FORMAS DE Aquisição total pelos pais
AQUISIÇÃO DE
DISPOSITIVOS 25% Aquisiçao total pela escola
POR ESCOLAS 63%
Aquisição pelos pais e pela escola
SECUNDÁRIAS
Entre as escolas que solicitam aos pais a aquisição do dispositivo, 84% fazem acordos com
fornecedores externos para oferecer melhores condições de compra e de manutenção do
dispositivo para os pais de alunos do 1º ano. Além disso, algumas escolas utilizam o montante
fixo ou a contribuição voluntária dos pais para subsidiar uma parte das despesas do aparelho,
dando aos pais uma quantia entre 200 e 250 euros. Para os pais que não podem ou não querem
comprar um dispositivo, existem alternativas como a solicitação de um subsídio do município
ou de uma organização externa, a compra do aparelho pela própria escola, a realização de
um acordo financeiro entre a escola e os pais, e a disponibilização de laptops da escola para
empréstimo. No entanto, as escolas afirmam que essa situação diz respeito a um número muito
pequeno de pais.
Entre as vantagens apontadas pelas escolas que pedem aos pais que comprem o dispositivo
estão a redução do ônus administrativo em relação a avarias e manutenções, a percepção de
que os dispositivos têm menos probabilidade de quebrar quando são de propriedade dos alunos
e a garantia de estar de acordo com a legislação de privacidade, já que são os próprios pais e
alunos que determinam o que acontece nos aparelhos.
A maior parte das escolas oferece orientações aos pais quanto ao tipo de dispositivo que eles
devem adquirir: 39% das escolas dão conselhos sobre os requisitos técnicos do dispositivo,
sem mencionar um tipo ou marca; 31% dão conselhos, incluindo a preferência por um tipo ou
marca de dispositivo; e 17% das escolas prescrevem um tipo específico de dispositivo. Apenas
13% das escolas pesquisadas não oferecem nenhum tipo de orientação aos pais. Em geral,
os aparelhos mais usados são laptops que rodam Windows (51%), seguidos de Chromebooks
(27%) e iPads (18%).
No ensino primário, para facilitar o acesso aos diferentes métodos digitais adquiridos pelas
escolas, quatro grandes editoras educacionais e três fornecedores escolares se uniram
em uma parceria pré-competitiva para criar a Basispoort , um plataforma que oferece,
desde 2013, um serviço gratuito de login único (Single Sign On – SSO) para professores
e alunos. A plataforma é líder de acesso no segmento, sendo utilizada diariamente por
mais de 125.000 professores e 1,5 milhão de alunos, que podem acessá-la na escola
ou em casa. Os custos do serviço são financiados pelos participantes da parceria, que
atualmente somam 35 editoras, além de provedores de rede e fornecedores escolares.
Para o ensino secundário, o serviço de login único é oferecido por uma iniciativa chamada
Entree Federatie, que é coordenada pela Fundação Kennisnet. O serviço é utilizado
principalmente por alunos e professores desta etapa, que podem acessar os métodos digitais
e outros tipos de materiais didáticos digitais de mais de 150 provedores. Por ser um projeto
governamental, o uso é gratuito tanto para alunos e professores quanto para os provedores
afiliados. Atualmente, mais de 90% das escolas de ensino secundário utilizam o serviço
e algumas escolas primárias também começaram a se registrar (KENNISNET, 2023a).
De maneira geral, o relatório confirma que o uso de materiais didáticos na Holanda está
concentrado nos métodos publicados pelas editoras privadas, já que 70% dos professores
primários e 63% dos professores secundários afirmaram que usam principalmente os métodos
em suas aulas. Esses números se mantêm constantes desde o primeiro monitoramento
(2008/2009). A predominância do uso de métodos também é observada no recorte por disciplinas,
com exceção de Educação Física e Esportes e de Arte e Cultura, que utilizam principalmente
materiais produzidos pelos próprios professores ou encontrados na internet.
De maneira geral, o relatório confirma que o uso de materiais didáticos na Holanda está
concentrado nos métodos publicados pelas editoras privadas, já que 70% dos professores
primários e 63% dos professores secundários afirmaram que usam principalmente os métodos
em suas aulas. Esses números se mantêm constantes desde o primeiro monitoramento
(2008/2009). A predominância do uso de métodos também é observada no recorte por disciplinas,
com exceção de Educação Física e Esportes e de Arte e Cultura, que utilizam principalmente
materiais produzidos pelos próprios professores ou encontrados na internet.
Os dados do relatório indicam que, para o ano letivo pesquisado, cerca de metade dos
professores utilizaram majoritariamente materiais didáticos em papel, complementados com
materiais didáticos digitais, tanto no ensino primário (50%) como no ensino secundário (55%).
Como observado nas edições anteriores no monitoramento, os materiais didáticos digitais são
frequentemente obtidos por meio do método, tanto no ensino primário (81%), como no ensino
secundário (67%).
²⁸ A pesquisa foi realizada em um período anterior à pandemia de Covid-19 e à introdução mais sistemática do modelo LiFo, o que sugere que
os dados possam estar defasados. Ainda assim, o monitoramento pode ser utilizado como um indicador da percepção e uso dos professores
em relação aos materiais didáticos digitais.
²⁹ De acordo com o relatório, os dados foram coletados com um tamanho de amostra que garante que os resultados para professores do ensino
fundamental sejam de 99% dentro de 5% do valor encontrado. Essa probabilidade é de 93% para diretores de escolas primárias, 99% para
professores de escolas secundárias e 74% para diretores de escolas secundárias.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Em relação às expectativas das escolas quanto aos materiais didáticos digitais, como citado
na subseção Desenho, os conselhos setoriais das escolas de ensino primário (PO-Raad) e
secundário (VO-Raad) publicaram, em 2017, uma versão atualizada do Programa de Requisitos
para a Cadeia de Recursos Educacionais (Programma van Eisen Leermiddelenketen), no qual
apresentam as principais demandas da educação aos fornecedores deste tipo de material (PO-
RAAD; VO-RAAD, 2017).
A primeira seção do documento aborda expectativas relativas às forças de mercado, como, por
exemplo, que os produtores forneçam informações corretas, atualizadas e padronizadas sobre
os produtos disponíveis e que a comercialização dos produtos (materiais didáticos digitais) não
esteja vinculada à compra de serviços administrativos (ambientes educacionais de aprendizagem
ou de gestão de alunos) nem de infraestrutura (dispositivos).
Além disso, o texto destaca a importância de que escolas, professores e pais possam obter
uma visão completa do progresso dos estudantes, que contribua para a escolha de orientações
pedagógicas adequadas. Para tanto, é apresentada a demanda de que o material didático digital
forneça dados sobre o progresso e desempenho do aluno de forma padronizada para o ambiente
virtual de aprendizagem da escola e de que este, por sua vez, ofereça a possibilidade de receber e
processar os dados sobre o progresso e desempenho dos alunos, em nome do conselho escolar.
Ainda nesta seção, é colocado o desejo de que os fornecedores de materiais didáticos digitais
ofereçam modelos mais flexíveis de licenciamento e de preços, que se adequem à forma como
esses materiais são usados no processo de ensino-aprendizagem de cada escola, como, por
exemplo, modelos de subscrição, de pagamento conforme a utilização ou de compras mais
modulares, além da possibilidade de aquisição de licenças não apenas por escolas ou por
turmas, mas também em larga escala e para alunos individuais.
Por fim, a terceira seção do programa traz as demandas relacionadas aos requisitos legais
e técnicos dos materiais didáticos digitais, como a conformidade aos acordos de privacidade
preestabelecidos, a garantia de que os materiais didáticos digitais possam ser acessados com
todos os navegadores e sistemas operacionais comuns em suas versões mais recentes, a
utilização de padrões amplos de tecnologia, como o HTML5, a compatibilidade dos materiais
didáticos digitais com os sistemas de login único e o atendimento ao atual padrão europeu de
acessibilidade digital.
O texto destaca que o Programa de Requisitos se concentra o máximo possível nos requisitos
funcionais, ou seja, no que as escolas desejam e precisam em relação aos materiais didáticos
digitais, e não em soluções sobre como os fornecedores podem atender essas demandas, para
que os participantes do mercado possam fazer suas próprias escolhas. Assim, o programa
busca assegurar que exista espaço tanto para a concretização das visões educativas das
escolas quanto para a concorrência e inovação por parte dos fornecedores.
Produção 70
Implementação 72
Monitoramento 74
Desenho
A análise da maneira como as iniciativas voltadas para os livros didáticos digitais foram
desenvolvidas nos três países em questão demonstra que, em cada um deles, o Estado
desempenha um papel particular, com características e responsabilidades próprias.
A Coreia do Sul, ao contrário dos outros dois países, possui, desde 2007, uma relevante
política pública de desenvolvimento e promoção do uso de livros didáticos digitais. O Ministério
da Educação sul-coreano desempenha um papel fundamental de liderança e centralização
das decisões relacionadas a desenho, implementação e monitoramento dessa política, sendo
responsável pela definição das disciplinas e séries para as quais os livros didáticos digitais
devem ser desenvolvidos, pela publicação de editais de convocação e de diretrizes curriculares
e técnicas para a produção desses materiais, pelo processo de revisão, avaliação e autorização
dos livros didáticos digitais produzidos pelas editoras privadas, pelo desenvolvimento do
ambiente virtual de aprendizagem no qual os livros didáticos digitais ficam disponíveis e do
programa por meio do qual esses materiais são visualizados e, finalmente, pela produção de
estudos de monitoramento para avaliar a implementação da política e orientar a sua continuidade.
Na Holanda, as ações relacionadas à produção e ao uso de livros didáticos digitais são de-
sempenhadas, principalmente, pela iniciativa privada. Ainda que o desenvolvimento de recursos
educacionais digitais faça parte da agenda de educação digital do governo, não há uma política
pública ou uma regulamentação federal voltada especificamente para a produção de livros di-
dáticos digitais. No entanto, o Ministério da Educação holandês desempenha um papel central
de articulação da cadeia de recursos educacionais, promovendo o diálogo entre os atores do
sistema, como conselhos escolares, editoras, fornecedores e distribuidores escolares e empre-
sas de tecnologia educacional. Os esforços governamentais são traduzidos em acordos que
visam garantir o bom funcionamento do setor e, sobretudo, a qualidade do processo educativo.
Percebe-se, portanto, que o cenário brasileiro de livros didáticos digitais³⁰ possui características
mais próximas à realidade da Coreia do Sul, na qual há um agente central que é responsável por
liderar o desenvolvimento de uma política pública sistemática e de grande porte que estabeleça
as bases para a produção, avaliação, implementação e uso de livros didáticos digitais no sistema
público de educação do país.
³⁰ Isso tendo em vista o papel do PNLD organizado pelo setor público federal.
A pesquisa indica que a produção de livros didáticos digitais nos países analisados é feita,
principalmente, por editoras privadas, exceto os livros didáticos digitais direcionados ao currículo
simplificado da Estônia, que são desenvolvidos pelo governo, e os livros didáticos digitais do
ensino primário sul-coreano, que são produzidos pelo governo em parceria com órgãos de
pesquisa e universidades para todas as disciplinas, menos Língua Inglesa e Ciências Sociais.
Em relação aos critérios para a produção dos livros didáticos digitais, como ponto em comum,
os três países orientam que os livros didáticos digitais estejam de acordo com os currículos
nacionais locais. No entanto, os cenários analisados variam quanto ao nível de regulamentação
governamental.
A Coreia do Sul possui um amplo processo de revisão e avaliação dos livros didáticos digitais,
que é realizado a partir de um conjunto de especificações determinadas nos editais divulgados
pelo governo. Na Estônia, não há um processo de avaliação governamental, mas o país possui
um regulamento que estabelece os requisitos pedagógicos e técnicos mínimos para a produção
de livros didáticos digitais e determina os critérios para o processo de revisão desses materiais.
A Holanda não possui leis que abordem a produção dos livros didáticos digitais e estes também
não passam por nenhum processo de avaliação governamental, mas existem acordos de
padronização efetuados entre os membros da cadeia de livros didáticos digitais e um documento
de referência com as demandas do setor de educação relativas a esses materiais.
Nos três países analisados, os livros didáticos digitais são produzidos a partir do conteúdo
dos livros didáticos impressos. No entanto, o formato desses materiais apresenta uma variação
significativa entre os países. Na Coreia do Sul, os livros didáticos digitais possuem o formato de
livro, com os conteúdos, atividades e recursos digitais distribuídos em páginas duplas, simulando
a diagramação de um livro didático impresso. Na Estônia, os livros didáticos digitais que são
produzidos no Opiq CMS, o sistema de gerenciamento de conteúdo usado pela maioria das
editoras do país, possuem o formato de sites responsivos, que apresentam uma página inicial
com um menu de navegação e subpáginas com os conteúdos, atividades e recursos digitais
distribuídos sequencialmente. Já os livros didáticos digitais produzidos pelas maiores editoras
da Holanda possuem o formato de plataformas, com seus conteúdos, suas atividades e seus
Por fim, os recursos digitais encontrados nos livros didáticos digitais dos três países são
bastante semelhantes. Nesse aspecto, destaca-se o esforço de distinção, encontrado em do-
cumentos da Coreia do Sul, entre as diferentes esferas e modalidades existentes de recursos
digitais, que podem estar vinculados tanto ao conteúdo em si dos livros didáticos digitais quanto
ao programa utilizado para a visualização desses materiais. Nesse sentido, a respeito dos re-
cursos digitais relacionados ao conteúdo dos livros didáticos digitais, foram encontrados vídeos,
áudios, galerias de imagem, hiperlinks, pop-ups, glossários, conteúdos imersivos de realidade
virtual e aumentada e exercícios interativos de diversos formatos, como múltipla escolha, che-
ckbox, lista suspensa, palavras cruzadas, arrastar e soltar e desenho sobre imagens. Já em
relação aos recursos digitais disponíveis no visualizador de livros didáticos digitais – que pode
ser tanto um programa desenvolvido especificamente para essa função, como na Coreia do
Sul, quanto o próprio navegador de internet, como na Estônia –, foram encontradas ferramentas
como índice, pesquisa de textos, virada de páginas, ampliação e redução de páginas, realce de
texto por marcadores, anotações por caneta ou por post-its e gravação de voz.
A análise dos formatos encontrados nos livros didáticos digitais dos países selecionados
demonstra que este ainda é um campo aberto, em que não há um modelo predominante. Percebe-
se que o formato mais utilizado para o desenvolvimento desses materiais está bastante relacionado
ao contexto local de cada país, que envolve tanto as particularidades dos atores privados quanto
às orientações estabelecidas pelos órgãos públicos. Enquanto o formato de livro de layout fixo
é adotado de forma padronizada nos livros didáticos digitais da Coreia do Sul por conta de uma
determinação do governo, por exemplo, o amplo uso do formato de site responsivo nos livros
didáticos digitais produzidos na Estônia é explicado devido à predominância que o sistema de
gerenciamento de conteúdo desenvolvido por uma empresa privada possui no mercado local.
Nesse sentido, portanto, as experiências encontradas nos países analisados apontam que o
planejamento de uma política pública que tenha entre os seus objetivos o estabelecimento de
um modelo de produção de livros didáticos digitais – seja ele a partir de um formato padronizado
ou que admita formatos variados – deve ter como passo fundamental a compreensão do cenário
atual do país no que se refere às práticas, às tecnologias e aos modelos de produção já adotados
pelas editoras, às necessidades das escolas e aos objetivos do governo em relação ao uso
Implementação
Na Coreia do Sul, os livros didáticos digitais produzidos tanto pelas editoras privadas quanto
pelo governo são acessados por meio de uma plataforma governamental chamada Edunet³¹.
Na Holanda, o formato cada vez mais adotado para a comercialização dos livros didáticos
digitais é o modelo License-Folio (LiFo), em que as editoras vendem uma licença digital anual
para cada aluno que dá acesso aos materiais digitais de todas as séries, e, por um pequeno
valor adicional, que cobre apenas o custo de produção, as escolas podem adquirir também a
versão impressa do livro de exercícios. Em geral, os livros didáticos digitais são acessados nas
³¹ Dentro dos limites de tempo e recursos da pesquisa, não foi possível mapear a forma de comercialização dos livros didáticos digitais da
Coreia do Sul.
Assim, as experiências analisadas nos três países podem servir como ponto de partida para
a reflexão sobre o papel de uma política pública governamental na configuração dessa rede de
relações, uma vez que, como observado, as escolhas estabelecidas no programa governamental
podem ter um impacto decisivo na concentração ou especialização de funções, empresas e
mercados envolvidos na produção, comercialização, distribuição e acesso a livros didáticos
digitais.
Por fim, destaca-se, como referência para o Brasil, o movimento verificado nos três países
tanto de incentivar a criação de um login único, que facilite o acesso de alunos e professores
aos livros didáticos digitais produzidos pelas diferentes editoras, quanto de permitir que os
alunos, com uma mesma licença, tenham acesso aos livros didáticos digitais de diversas séries
e disciplinas, ampliando, assim, as possibilidades de personalização da aprendizagem, de
recuperação de conteúdos e de realização de trabalhos interdisciplinares.
Monitoramento
A análise das ações de monitoramento em relação ao uso de livros didáticos digitais e aos
impactos desse uso na aprendizagem dos estudantes revela que, entre os países da amostra, a
Coreia do Sul é o país que mais desenvolve esforços sistemáticos de acompanhamento. Desde
o seu início, em 2007, a política pública sul-coreana sobre livros didáticos digitais traz, como
uma de suas estratégias centrais, o estabelecimento de um sistema de financiamento público
de pesquisas para estudar o uso, os efeitos e a eficácia desses materiais, com o objetivo de
fornecer insumos para a avaliação e a reorientação das diretrizes da política. Nesse sentido,
em 2020, o Korea Education and Research Information Service (KERIS), uma instituição pública
Ao olhar para os desenhos das iniciativas de livros didáticos, observamos que diferentes
políticas que olham para uma mesma questão pública, podem intencionar finalidades similares,
mas traçar caminhos distintos. Muitos fatores podem justificar a construção desses desenhos,
como contextos políticos, relações culturais e acesso à recursos. A pesquisa percebeu que os
três países almejam a melhoria da relação ensino e aprendizagem, por meio dos livros didáticos
digitais, principalmente pela possibilidade de maior interatividade, padronização e integralidade
da aprendizagem; mas as molduras dessas ações foram projetadas de maneiras diferentes.
Na Holanda, o governo assume um papel articulador sobre aspectos normativos, técnicos
e operacionais, estabelecendo diálogos mútuos entre os conselhos, editoras, fornecedores,
distribuidores e empresas de tecnologia educacional. Na Estônia, o governo também não
estabelece uma política forte acerca da cadeia desses materiais, porém, constitui orientações e
diretrizes mínimas, além de incentivos para este tipo de material. A Coreia do Sul, por sua vez,
se diferencia significativamente dos dois países mencionados, pois se posiciona de maneira
central em todo desenho da política e iniciativas de livros didáticos digitais.
As diferentes arquiteturas dos livros didáticos digitais e a influência dos atores educacionais,
se relacionam diretamente com como se dá a produção desses materiais em cada país. Como
aspecto comum percebemos a prevalência das editoras na confecção dos livros didáticos digitais.
Já a presença e os níveis de controle na produção e avaliação desses conteúdos são elementos
distintos em cada país. Na Holanda, a regulação está em um nível de acordos e disponibilização
de referenciais. Na experiência estoniana, existentes requisitos técnicos pedagógicos mínimos
para produção e critérios para revisão. Já na vivência coreana, encontramos um amplo processo
de revisão e avaliação desses materiais, através de um conjunto de critérios presentes em
editais consolidados. Ainda quanto à produção desses materiais, percebemos a mesma base
referencial para os seus formatos, os livros impressos. Porém, interessante notar que existem
Por fim, em relação ao último tópico da pesquisa cabe destacar de início que o monitoramento
de iniciativas educacionais é um desafio. Especificamente sobre nosso tema são muitas as
variáveis que interferem na análise e na percepção que os professores, alunos, pais e gestores
têm sobre os livros didáticos digitais. O monitoramento de um material tão novo é um grande
desafio. Mas é necessário! Para que assim, a utilização desses recursos seja eficaz e eficiente.
Vale pontuar que muitas iniciativas de monitoramento estão paulatinamente sendo realizadas nos
países estudados. Há uma busca para compreender a utilização e a percepção dos professores
e alunos, tanto dentro da escola, quanto em espaços externos, assim como a interferência de
fatores externos, como conectividade e aparelhos eletrônicos.
Ao olhar para essas experiências, fica mais latente uma das perguntas motivadoras da
nossa pesquisa: como as experiências internacionais apresentadas e suas peculiaridades
podem apoiar o debate brasileiro acerca dos livros didáticos digitais?
Essa classificação na dimensão Visão, significa que por mais que exista um reconhecimento
da utilização das tecnologias digitais nos processos de ensino, currículo e na gestão escolar,
sua utilidade ainda é vista de maneira superficial e procedimental. O nível baixo da dimensão
Competência, nos aponta que tanto os professores, quanto os gestores escolares, apresentam
conhecimentos básicos de utilização das tecnologias digitais, utilizados em atividades simples,
ainda que haja uma mobilização de formações continuadas. Por fim, o nível baixo na dimensão
REDs, diz que as escolas buscam recursos digitais de apoio e as secretarias os disponibilizam
para algumas etapas de ensino, entretanto, falta um diálogo entre os atores na seleção e
desenvolvimento desses materiais. O aspecto infraestrutura, por sua vez, é o único que está
classificado como emergente, revelando ausência de políticas e regulamentação de uso de
equipamentos e acesso à internet.
Assim, a inclusão dos livros didáticos digitais no Brasil, apresenta muitas dúvidas e
incertezas, pois qualquer mudança organizacional impacta as estruturas e processos
das instituições, além das pessoas e culturas. Mas para que elas sejam gerenciadas
e compreendidas, é necessária uma visão sistêmica, inclusive para compreender os
principais desafios e potenciais. Nesse sentido, o olhar para fora ajuda na condução
dessas mudanças, pois nos inspira e apresenta caminhos possíveis.
Por fim, para que haja essa relação articulada com os livros didáticos digitais no Brasil seria
recomendável que o PNLD estabelecesse diálogos mais próximos com as redes de educação,
editoras e professores. Pois, por mais que o PNLD tenha uma musculatura bastante sólida e
procedimental, é necessário compreender as expectativas
Esperamos que esta pesquisa tenha inspirado, tanto vocês quanto a nós, e que levante
boas reflexões!
Justificativas
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Conclusão
COMUNICAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL
Carolina do Nascimento
Vinicius Pinto