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MANUAL DE FORMAÇÃO

1. ESTE MANUAL REFERE-SE A:

* MODALIDADE: NA
* PERCURSO: 3.2 - Cursos de Aprendizagem
* SAÍDA PROFISSIONAL: Técnico/a Auxiliar de Saúde
* AÇÃO Nº: 1
* UFCD: 6565
* Noções gerais sobre células,
DESIGNAÇÃO UFCD: imunidade, tecidos e órgãos -
sistemas osteo-articular e muscular
* DURAÇÃO UFCD: 50h
* DATA INICIO: 19-09-2022
* DATA FIM:
* FORMADOR: Rosa Casaca

AÇÃO FINANCIADA PELO FUNDO SOCIAL EUROPEU E ESTADO PORTUGUÊS

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Índice

Pág.
1) Os principais sistemas do corpo humano: conceitos e funções 5
a) Célula, tecido, órgão, aparelho ou sistemas 5
2) Noções sobre o Sistema Imunitário 6
a) Barreiras Naturais 6
b) Fisiologia celular e humoral 7
c) Imunidade natural 8
d) Imunidade adquirida 10
3) Sistemas ósteo-articular e muscular 11
a) Noções gerais sobre estrutura e classificação dos ossos, articulações
11
e músculos
b) Biofísica da locomoção e dos principais movimentos dos membros 15
c) Função e estabilidade da coluna vertebral 15
d) Osteoporose, fraturas, luxações, principais doenças reumatismais,
tumores ósseos - conceitos; noções básicas sobre manifestações 16
clínicas; implicações para os cuidados de saúde
e) Alterações ósteo-articulares e musculares decorrentes do processo
de envelhecimento e da mobilidade - implicações para os cuidados 18
ao utente
4) Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de
25
intervenção do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde
a) Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de
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executar sob sua supervisão directa
b) Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de
25
saúde, pode executar sozinho/a

INTRODUÇÃO
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O presente manual constitui a documentação base do Curso de Técnico Auxiliar de
Saúde, no qual se insere na área de formação 6565 – Noções gerais sobre células,
imunidade, tecidos e órgãos - sistemas osteo-articular e muscular, pretendendo ser
um elemento facilitador para si, enquanto formando, ao nível da aquisição de
conhecimentos neste domínio.
Pretende-se que, em consonância com os objetivos gerais definidos para a ação, e por
via da leitura e exploração deste manual, o formando seja capaz de:
• Identificar os principais sistemas do corpo humano e suas funções.
 Identificar a estrutura e importância do sistema imunitário.
 Identificar as estruturas dos sistemas ósteo-articular e muscular e suas funções,
bem como sinais e sintomas de alerta de problemas associados.
 Identificar as principais implicações para os cuidados de saúde a prestar pelo/a
Técnico/a Auxiliar de Saúde ao utente com alterações dos sistemas ósteo-
articular e muscular.
 Explicar que as tarefas que se integram no âmbito de intervenção do/a
Técnico/a Auxiliar de Saúde terão de ser sempre executadas com orientação e
supervisão de um profissional de saúde.
 Identificar as tarefas que têm de ser executadas sob supervisão direta do
profissional de saúde e aquelas que podem ser executadas sozinho.
 Explicar a importância de manter autocontrolo em situações críticas e de limite.
 Explicar a importância de se atualizar e adaptar a novos produtos, materiais,
equipamentos e tecnologias no âmbito das suas atividades.
 Explicar o dever de agir em função das orientações do Profissional de saúde.
 Explicar o impacte das suas ações na interação e bem-estar emocional de
terceiros.
 Explicar a importância da sua atividade para o trabalho de equipa
multidisciplinar.
 Explicar a importância de assumir uma atitude pró-ativa na melhoria contínua
da qualidade, no âmbito da sua ação profissional.
 Explicar a importância de agir de acordo com normas e/ou procedimentos
definidos no âmbito das suas atividades.
 Explicar a importância de prever e antecipar riscos.
 Explicar a importância da concentração na execução das suas tarefas.
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 Explicar a importância de desenvolver uma capacidade de alerta que permita
sinalizar situações ou contextos que exijam intervenção.
No sentido de cumprir os objetivos acima descritos delinearam-se conteúdos
programáticos que lhe deiam resposta, e permitam a aquisição de competências por
parte dos formandos.
Estruturaram-se os conteúdos selecionados na seguinte apresentação:
 Os principais sistemas do corpo humano: conceitos e funções
o Célula, tecido, órgão, aparelho ou sistemas
 Noções sobre o Sistema Imunitário
o Barreiras Naturais
o Fisiologia celular e humoral
o Imunidade natural
o Imunidade adquirida
 Sistemas ósteo-articular e muscular
o Noções gerais sobre estrutura e classificação dos ossos, articulações e
músculos
o Biofísica da locomoção e dos principais movimentos dos membros
o Função e estabilidade da coluna vertebral
o Osteoporose, fraturas, luxações, principais doenças reumatismais,
tumores ósseos - conceitos; noções básicas sobre manifestações
clínicas; implicações para os cuidados de saúde
o Alterações ósteo-articulares e musculares decorrentes do processo de
envelhecimento e da mobilidade - implicações para os cuidados ao
utente
 Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de
intervenção do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde
o Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de
executar sob sua supervisão directa
o Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde,
pode executar sozinho/a

1. OS PRINCIPAIS SISTEMAS DO CORPO HUMANO: CONCEITOS E FUNÇÕES

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a. Célula, tecido, órgão, aparelho ou sistemas

 Célula

A célula é a unidade estrutural e funcional comum a todos os seres vivos, sendo


que estes podem ser constituídos por uma ou mais células.
São elas que realizam todas as funções fundamentais dos seres vivos, como por
exemplo, reprodução, crescimento, alimentação, movimentação, reacção a estímulos
externos e respiração (consumo do oxigénio com produção de dióxido de carbono).
Sendo assim, a célula é a menor parte de um ser vivo capaz de desenvolver-se e
reproduzir, ou seja, a menor parte de um ser vivo onde reconhecemos as propriedades
básicas da vida.
 Tecido

Tecidos são conjuntos de células que actuam de maneira integrada,


desempenhando determinadas funções. Alguns tecidos são formados por células que
possuem a mesma estrutura; outros são formados por células que têm diferentes
formas e funções, mas que juntas colaboram na realização de uma função geral maior.
Os tecidos animais podem ser classificados em quatro tipos principais:
o Tecidos epiteliais;

o Tecidos conjuntivos;

o Tecidos musculares;

o Tecido nervoso;

 Aparelho ou sistema

Na biologia, um sistema ou sistema orgânico é um grupo de órgãos que


juntos executam determinada tarefa. Alguns sistemas comuns, como aqueles
presentes em mamíferos e outros animais, e vistos na anatomia humana, são aqueles
como o sistema circulatório, o sistema respiratório, o sistema nervoso, sistema
reprodutor. Um grupo de sistemas compõe um organismo, por exemplo o corpo
humano.

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2. NOÇÕES SOBRE O SISTEMA IMUNITÁRIO

a. Barreiras naturais

Existe uma série de barreiras protectoras no corpo humano que servem para
impedir ou dificultar a entrada dos microorganismos patogénicos no mesmo. No
entanto, se algum deles conseguir vencer essas barreiras, deparar-se-á com vários
mecanismos de defesa desencadeados pelo sistema imunitário, com o objectivo de
destruí-los ou desactivá-los.
Em primeiro lugar, a própria pele que reveste todo o corpo constitui uma
barreira inultrapassável para muitos agentes infecciosos. Para além disso, como se
encontra revestida por uma camada Lipídica ligeiramente ácida, proveniente das
secreções das glândulas cutâneas, com propriedades anti-sépticas, cria um meio
desfavorável para o desenvolvimento de inúmeros microorganismos na superfície do
corpo. Embora exista uma flora cutânea permanente, esta encontra-se formada por
microorganismos saprófitas, ou seja, que vivem às custas do organismo, mas não o
danificam. Por outro lado, como a sua presença dificulta o desenvolvimento de
microorganismos patogénicos, ou seja, prejudiciais, podem ser considerados
benéficos.
As vias respiratórias são igualmente constituídas por um específico sistema
protector, na medida em que se encontram revestidas interiormente por uma camada
mucosa, na qual a maioria dos microorganismos que penetram com o ar inspirado fica
presa.
Para além de ser constituído por substâncias antimicrobianas, este muco é
constantemente arrastado em direcção ao exterior pelo movimento de reduzidos cílios
das células que revestem a superfície das vias respiratórias.
Os microorganismos que penetram pela via digestiva também têm que
enfrentar várias barreiras protectoras. O primeiro obstáculo corresponde à acidez do
suco gástrico, que é capaz de destruir inúmeros tipos de microorganismos que chegam
ao estômago. As secreções de outras partes do tubo digestivo criam igualmente um
meio hostil para muitos microorganismos. Por Ultimo, existe a flora bacteriana
intestinal, composta por microorganismos saprófitas inofensivos, que travam a
proliferação de outros considerados perigosos.

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b. Fisiologia celular e humoral

Quando um antigénio entra num organismo e chega a um órgão linfóide, vai


estimular os linfócitos B que possuem na membrana receptores específicos para esse
antigénio. Como resposta, os linfócitos B dividem-se e formam células que sofrem
diferenciação, originando plasmócitos e células-memória. Os plasmócitos têm um
retículo endoplasmático desenvolvido e produzem anticorpos específicos para cada
antigénio. Os anticorpos são posteriormente lançados no sangue ou na linfa e vão
circular até ao local de infecção (fig.10).

Fig.10 – Resposta imunitária humoral

As células-memória ficam inactivas, mas prontas a responder rapidamente,


caso venha a acontecer um posterior contacto com o antigénio.
Os anticorpos actuam de três formas distintas:
 Os anticorpos ligam-se a toxinas bacterianas e levam à sua posterior
neutralização. As toxinas livres podem reagir com os receptores das células
hospedeiras enquanto o mesmo não acontece com o complexo anticorpo-
toxina.

 Os anticorpos também neutralizam completamente partículas virais e células


bacterianas através da sua ligação às mesmas. O complexo anticorpo-antigénio
é ingerido e degradado por macrófagos.

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 A activação do sistema complemento no âmbito da defesa específica, é feita
através do revestimento de uma célula bacteriana por anticorpos. Os
anticorpos fixos formam receptores para a primeira proteína do sistema
complemento o que leva ao desencadeamento de uma sequência de reacções
que conduz à formação de poros e à destruição da célula.

c. Imunidade natural

Os agentes patogénicos são impedidos de entrar no organismo pelos


mecanismos de defesa não específica, também designados por imunidade inata ou
natural, ou são destruídos quando conseguem penetrar. Estes mecanismos
desempenham uma acção geral contra corpos estranhos, independentemente da sua
natureza, e exprimem-se sempre da mesma forma.
Os mecanismos de defesa não específica que impedem a entrada dos agentes
patogénicos são as barreiras anatómicas (pele, mucosas e pêlos das narinas), as
secreções (produzidas pelas glândulas sebáceas, sudoríparas, salivares e lacrimais) e as
enzimas (existentes no suco gástrico).Os mecanismos de defesa não específica que
actuam sobre os agentes patogénicos que conseguiram transpor as barreiras externas
são a reacção inflamatória, a fagocitose, o interferão e o sistema complemento.
 Reação inflamatória

No local onde os agentes patogénicos conseguem penetrar no organismo vai


produzir-se uma reacção inflamatória traduzida por uma sequência de
acontecimentos que visam neutralizar ou destruir esses agentes.
No tecido lesionado, alguns tipos de células como os mastócitos e os basófilos
produzem histaminas e outras substâncias. Estes sinalizadores químicos, para além de
funcionarem como atracção de neutrófilos e outros leucócitos para a área danificada -
quimiotaxia, provocam a dilatação dos vasos sanguíneos e o aumento da
permeabilidade dos mesmos.
Como consequência, vai aumentar o fluxo sanguíneo, responsável pelo calor e
rubor local, e a quantidade de fluido intersticial, originando um edema. A dor,
normalmente associada, é devida à distensão dos tecidos e à acção de várias
substâncias nas terminações nervosas.
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Cerca de meia hora a uma hora após o início da reacção inflamatória, os
neutrófilos e os monócitos começam a atravessar as paredes dos capilares –
diapedese e a passar para os tecidos infectados. Os monócitos transformam-se então
em
macrófagos.

 Fagocitose

Os macrófagos que já existiam nos tecidos que foram invadidos multiplicam-se


e tornam-se móveis.
Estas células, os macrófagos resultantes da diferenciação dos monócitos e os já
existentes nos tecidos que são infectados, fagocitam os corpos estranhos e destroem-
nos em vacúolos digestivos por acção de enzimas hidrolíticas – fagocitose.

 Interferão

Os interferões são proteínas produzidas por certas células quando atacadas por
vírus ou por parasitas intracelulares. Estas proteínas não apresentam especificidade
pois podem inibir a replicação de diversos vírus.
Os interferões difundem-se, entram na circulação e ligam-se à membrana
citoplasmática de outras células, induzindo-as a produzir proteínas antivirais que
inibem a replicação desses vírus. O interferão não é uma proteína
antivírica mas induz a célula a produzir moléculas proteicas
antivirais.
 Sistema complemento

Este sistema é constituído por cerca de 25 proteínas no


estado inactivo que se encontram em maior concentração no
plasma sanguíneo e também nas membranas celulares. No
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âmbito da defesa inespecífica, estas proteínas servem para facilitar a fagocitose de
agentes estranhos ou para perfurar as paredes celulares das bactérias conduzindo à
sua lise. O sistema complemento também actua como mecanismo de defesa específica
para complementar a actividade dos anticorpos na destruição das bactérias.

d. Imunidade Adquirida

A resposta imunitária específica subdivide-se em três funções: o reconhecimento


do agente invasor como corpo estranho, a reacção do sistema imunitário que prepara
agentes específicos que intervêm no processo e a acção desses agentes que
neutralizam e destroem os corpos estranhos.
A imunidade específica refere-se então à protecção que existe num organismo
hospedeiro quando este sofreu previamente exposição a determinados agentes
patogénicos e pode ser mediada por anticorpos (imunidade humoral) ou mediada por
células (imunidade celular).
 Imunidade mediada por células

Os linfócitos T têm capacidade para reconhecer alguns antigénios que se ligam


a marcadores da superfície de certas células imunitárias. Se uma bactéria for
fagocitada por um macrófago, os fragmentos resultantes da fagocitose ligam-se a
certos marcadores superficiais desse macrófago que os exibe e apresenta aos linfócitos
T. A exposição e ligação de linfócitos T com o antigénio específico estimula a sua
proliferação.
Existem diferentes tipos de linfócitos "T" que desempenham funções
específicas:
o Linfócitos T auxiliares (TH de helper) – estes linfócitos
reconhecem antigénios específicos ligados a marcadores e
segregam mensageiros químicos que estimulam a actividade de
células como os fagócitos, os linfócitos B e outros linfócitos T.

o Linfócitos T citolíticos (citotóxicos – TC) - estes linfócitos


reconhecem e destroem células infectadas ou células cancerosas
(vigilância imunitária, neste caso). Quando estão activos, migram

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para o local de infecção ou para o timo e segregam substâncias
tóxicas que matam as células anormais.

o Linfócitos T supressores (TS) - estes linfócitos, através de


mensageiros químicos, ajudam a moderar ou a suprimir a
resposta imunitária quando a infecção já está controlada.

o Linfócitos T memória (TM) - estes linfócitos vivem num estado


inactivo durante muito tempo, mas respondem de imediato
aquando de um posterior contacto com o mesmo antigénio.

3. SISTEMAS OSTEOARTICULAR E MUSCULAR

a. Noções gerais sobre estrutura e classificação dos ossos, articulações e


músculos

 Ossos

O sistema esquelético é composto por ossos e cartilagens. Os ossos são órgãos


esbranquiçados, muito duros, que unidos uns aos outros, por intermédio de
articulações constituem o esqueleto.
O osso é formado por vários tecidos diferentes: tecido ósseo, cartilaginoso,
conjuntivo denso, epitelial, adiposo, nervoso e vários tecidos formadores de sangue.
Quanto à irrigação do osso, existem vasos sanguíneos maiores e outros
menores, no entanto, o tecido ósseo não apresenta vasos linfáticos, apenas o tecido
periósteo tem drenagem linfática.
Por outro lado, como falado anteriormente, existem umas partes do esqueleto
denominadas de cartilagem que têm uma forma elástica de tecido conectivo semi-
rígido que forma partes do esqueleto onde há movimento. A cartilagem não possui
suprimento sanguíneo próprio e obtêm oxigénio e nutrientes através de difusão.
Relativamente à classificação dos ossos:
 Ossos longos: Tem o comprimento maior que a largura e são
constituídos por um corpo e duas extremidades. Eles são um pouco

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encurvados, o que lhes garante maior resistência. O osso um pouco
encurvado absorve o stress mecânico do peso do corpo em vários
pontos. Os ossos longos têm as diáfises formadas por tecido ósseo
compacto e apresentam grande quantidade de tecido ósseo esponjoso
nas epífises. Exemplo: Fémur.

 Ossos curtos: são semelhantes a um cubo, tendo o comprimento


praticamente iguais às suas larguras. Eles são compostos por osso
esponjoso, excepto na superfície, onde há uma fina camada de ósseo
compacto. Exemplo: osso do carpo

 Ossos laminares: São ossos finos e compostos por duas lâminas


paralelas de tecido ósseo compacto, com uma camada de osso
esponjoso entre elas. Os ossos planos garantem proteção e geram
grandes áreas para inserção de músculos. Exemplo: osso parietal e
frontal.

 Ossos alongados: são ossos longos, porém achatados e não apresentam


canal central. Exemplo: costelas.

 Ossos pneumáticos: são ossos ocos, com cavidades cheias de ar e


revestidos por mucosa, apresentando um pequeno peso em relação ao
seu volume.

 Ossos irregulares: apresentam formas complexas e não podem ser


agrupados em nenhuma das categorias já referidas. Têm quantidades
variáveis de osso esponjoso e osso compacto. Exemplo: vértebras.

 Ossos sesamóides: estão presentes no interior de alguns tendões em


que há considerável fricção, tensão e stress físico, como as palmas e
plantas. Eles podem variar de tamanho, número, de pessoa para pessoa
e não são sempre completamente ossificados.

 Ossos suturais: são pequenos ossos localizados dentro de articulações,


chamadas de suturas, entre alguns ossos do crânio. O seu número varia
muito de pessoa para pessoa.

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o Estrutura dos ossos longos:

o A disposição dos tecidos ósseos compactos e esponjoso num osso longo é


responsável pela sua resistência. Os ossos longos contêm locais de crescimento e
remodelação, e estruturas associadas às articulações. As partes de um osso longo
são as seguintes:

 Diáfise: é a haste longa do osso. Ele é constituídoprincipalmente de


tecido ósseo compacto, proporcionando resistência ao osso longo.

 Epífise: as extremidades alargadas de um osso longo. A Epífise de


um osso articula ou une este com um segundo osso com uma
articulação. Cada epífise consiste de uma fina camada de osso
compacto que reveste o osso esponjoso.

 Metáfise: parte dilatada da diáfise mais próxima da epífise.

 Músculos

Os músculos são estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais


articulações e pela sua contração são capazes de transmitir-lhe movimento. O
movimento é efectuado por fibras, as fibras musculares, controladas pelo sistema
nervoso. Um músculo vivo apresenta cor vermelha e representam cerca de 40-50% do
peso corporal.
Relativamente à classificação, estes podem ser classificados segundo a
situação, a forma e à função.

 Quanto à situação

o Superficiais ou cutâneos: estão logo abaixo da pele e apresentam no


mínimo uma das inserções na camada profunda da derme.

o Profundos: são músculos que não apresentam inserções na camada


profunda da derme, na maioria das vezes inserem-se nos ossos.

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 Quanto à forma

o Longos: são encontrados maioritariamente nos membros. Os mais


superficiais são mais longos, passando por duas ou mais articulações.

o Curtos: encontram-se nas articulações cujos movimentos têm mais


amplitude.

o Largos: caracterizam-se por serem laminares. São encontrados nas


paredes das grandes cavidades.

 Quanto à função

o Agonistas: são os músculos principais que activam um movimento


específico do corpo. Contraem-se activamente para produzir um
movimento desejado.

o Antagonistas: músculos que se opõem à acção dos agonistas. Quando


um agonista contrai, o antagonista descontrai.

o Sinergistas: participam estabilizando as articulações para que não


ocorram movimentos indesejáveis.

o Fixadores: estabilizam a origem do agonista de modo a que ele possa


agir mais eficazmente.

Quanto à estrutura os músculos classificam-se da seguinte forma:


 Músculos estriados esqueléticos: contraem-se por nossa vontade, isto é, são
voluntários. O tecido muscular esquelético é chamado de estriado porque ao
microscópio verificam-se faixas estriadas alternadas, de cor clara e escura.

 Músculos lisos: Localizado nos vasos sanguíneos, vias aéreas e maioria dos
órgãos da cavidade abdomino-pélvica. A acção involuntária é controlada pelo
sistema nervoso autónomo.

 Músculo estriado cardíaco: representa a arquitectura cardíaca. É um músculo


estriado, involuntário – com auto ritmicidade.

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b. Biofísica da locomoção e dos principais movimentos dos membros

 Locomoção

o Flexão: curvatura ou diminuição do ângulo entre os ossos ou


partes do corpo

o Extensão: endireitar ou aumentar o ângulo entre os ossos ou


partes do corpo

 Movimentos

o Adução: movimento na direção do plano mediano num plano


coronal

o Abdução: afastar-se do plano mediano no plano coronal

o Rotação medial: traz a face anterior de um membro para mais


perto do plano mediano

o Rotação lateral: leva a face anterior para longe do plano


mediano

o Pronação: movimento do antebraço e mão que gira o rádio


medialmente em torno do eixo longitudinal de modo que a
palma da mão olha posteriormente no ombro

o Supinação: movimento do antebraço e mão que gira o rádio


lateralmente em torno do seu eixo longitudinal de modo que a
palma da mão olha anteriormente no ombro

c. Função e estabilidade da coluna vertebral

A coluna vertebral é responsável por dois quintos do peso corporal total e é


composta por tecido conjuntivo e por uma série de ossos, chamados vértebras. A
coluna vertebral é constituída por 24 vértebras
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As funções da coluna vertebral são:
 Protege a medula espinhal e os nervos espinhais

 Suporta o peso do corpo

 Fornece um eixo parcialmente rígido e flexível para o corpo

 Exerce um papel importante na postura e locomoção

 Serve de ponto de fixação para as costelas, a cintura pélvica e os


músculos do dorso

 Proporciona flexibilidade para o corpo, podendo flectir-se para a frente,


para trás, para os lados e ainda girar sobre o seu eixo

d. Osteoporose, fracturas, luxações, principais doenças reumatismais, tumores


ósseos - conceitos; noções básicas sobre manifestações clínicas; implicações
para os cuidados de saúde

 Osteoporose

A osteoporose é uma doença óssea sistémica, (i.e. generalizada a todo o


esqueleto), que por si só não causa sintomas, caracterizada por uma densidade
mineral óssea (DMO) diminuída e alterações da microarquitectura e da resistência
ósseas que causam aumento da fragilidade óssea e, consequentemente, aumento do
risco de fracturas.
Se não for prevenida precocemente, ou se não for tratada, a perda de massa
óssea vai aumentando progressivamente, de forma assintomática, sem manifestações,
até à ocorrência de uma fractura.
O que caracteriza as fracturas osteoporóticas é ocorrerem com um
traumatismo mínimo, que não provocaria fractura dum osso normal. Também se
chamam, por isso, fracturas de fragilidade.
Habitualmente não ocorrem sintomas clínicos de osteoporose antes da
ocorrência de uma fractura. A osteoporose é considerada uma doença assintomática.

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De facto, durante a progressão da doença, os ossos tornam-se progressivamente mais
frágeis sem que os indivíduos afectados o percebam.

 Fracturas e luxações

Ao nível osteoarticular, as fracturas são o principal problema e é fundamental


que em caso de suspeita o membro deve ser imediatamente imobilizado. Os sinais e
sintomas mais frequentes são: dor intensa no local, edema, diminuição da força no
membro afectado, perda total ou parcial dos movimentos e encurtamento ou
deformação do membro lesionado.
As fracturas podem ser consideradas segundo o seu tipo em fracturas expostas
e fracturas não expostas.
Numa fractura exposta há fractura do osso sem que haja lesão (corte) da pele
mas podem existir tecidos lesionados debaixo da pele, ao contrário na fractura não
exposta há fractura do osso com lesão com corte da pele, sendo que o osso fracturado
pode sair pela pele, provocando contaminação com possibilidade de infeção.

Uma luxação é outra lesão considerada entre as lesões articulares, musculares


e ósseas e que consiste na perda de contacto das superfícies articulares por deslocação
dos ossos que formam a articulação. Os sinais e sintomas mais frequentes são a dor
violenta, incapacidade funcional, deformação e edema.

 Tumores ósseos

Os tumores ósseos são produzidos pelo crescimento de células anormais nos


ossos.
Podem ser não cancerosos (benignos) ou cancerosos (malignos). Os tumores
ósseos não cancerosos são relativamente frequentes, enquanto os cancerosos são
pouco frequentes. Além disso, os tumores ósseos podem ser primários (tumores
cancerosos ou não cancerosos que têm origem no próprio osso) ou metastáticos, quer
dizer, cancros originados noutro ponto do organismo (por exemplo, nas mamas ou na
próstata) e que depois se propagam ao osso.
Nas crianças, a maior parte dos tumores ósseos cancerosos são primários; nos
adultos, a maioria são metastáticos. A dor dos ossos é o sintoma mais frequente de

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tumores ósseos. Além disso, é possível notar uma massa ou tumefacção. Por vezes, o
tumor (especialmente se for canceroso) enfraquece o osso, pelo que este se fractura
com pouca ou nenhuma sobrecarga (fractura patológica). Devem-se fazer radiografias
das articulações ou de qualquer membro que cause dor persistente.
Contudo, os raios X só mostram uma zona anormal, mas não indicam de que
tipo de tumor se trata. A tomografia axial computadorizada (TAC) e a ressonância
magnética (RM) são úteis para determinar a localização exacta e o tamanho do tumor.
Contudo, não costumam fornecer um diagnóstico específico.
A extracção de uma amostra do tumor para exame microscópico (biopsia) é
necessária para estabelecer o diagnóstico na maioria dos casos. Em alguns tumores,
pode obter-se a amostra extraindo algumas células com uma agulha (biopsia por
aspiração). Não obstante, pode ser necessário um procedimento cirúrgico (biopsia
aberta) para obter uma amostra adequada para o diagnóstico. O tratamento imediato
(que consiste numa combinação de medicamentos, cirurgia e radioterapia) é de
grande importância no caso de tumores cancerosos.

e. Alterações osteoarticulares e musculares decorrentes do processo de


envelhecimento e da mobilidade - implicações para os cuidados ao utente

Quando determinadas alterações osteoarticulares e musculares resultam do


processo de envelhecimento e que levam a alterações da mobilidade é necessário um
planeamento de cuidados adequado ao caso em questão. Na alteração da mobilidade,
existem duas situações que implicam cuidados de saúde: transferências do utente e
prevenção de úlceras de pressão.

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Prevenção de úlceras de pressão

 “As Úlceras de Pressão são áreas da superfície corporal


localizadas que sofreram exposição prolongada a pressões elevadas, fricção ou
estiramento, de modo a impedir a circulação local, com consequente destruição

e/ou necrose tecidular.” (DGS, 2007).

a. Classificação das úlceras de pressão

i. Grau I

Presença de eritema cutâneo que não desaparece ao fim de 15 min de alívio da


pressão. Apesar da integridade cutânea, já não está presente resposta capilar.

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ii. Grau II

A derme, epiderme ou ambas estão destruídas. Podem observar-se


flictenas e escoriações.

iii. Grau III

Ausência da pele, com lesão ou necrose do tecido subcutâneo, sem


atingir a fáscia muscular.

iv. Grau IV

Ausência total da pele com necrose do tecido


subcutâneo ou lesão do músculo, osso ou estruturas de
suporte (tendão, cápsula articular, etc.).
b. Fatores de Risco de úlceras de pressão

i. Fatores intrínsecos

1. Vasculares: incluem alterações como arteriopatias obliterantes,


insuficiência venosa periférica e microarteriopatia diabética.

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2. Neurológicos: alterações da sensibilidade, da motricidade e do
estado de consciência, podem induzir situações de imobilidade ou
agitação, que favorecem as forças de pressão e/ou de fricção.

3. Tópicos: a diminuição da elasticidade da pele, a perda de


gordura sub-cutânea e a atrofia muscular, levam ao aparecimento de
proeminências ósseas mais salientes, facilitadoras do aparecimento de
úlceras de pressão, sobretudo em pessoas idosas

4. Gerais: neoplasias, febre, infecções, desnutrição, fármacos


(córticosteroides, analgésicos e sedativos) que possam diminuir a
sensibilidade.

ii. Fatores extrínsecos

São as forças físicas que actuam a nível local, como compressão


prolongada, fricção e estiramento.

c. Medidas de Alívio de Pressão

Medidas de alívio de pressão


Áreas de risco O A localização das úlceras está associada
às proeminências ósseas
O São áreas preferenciais para o seu
aparecimento
O região sacro coccígea
O região trocanteriana / crista ilíaca
O região isquiática
O região escapular
O região occipital
O cotovelos
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O calcâneos
O região maleolar
Medidas de conforto, higiene e O Observação da pele e cuidados
hidratação cutânea específicos
O Manter a pele seca (e limpa);
O Lavar com água morna e sem
esfregar/causar fricção;
O Secar a pele, sem friccionar e utilizar
toalhas ou outros tecidos suaves e
lisos;
O Não utilizar álcool;
O Usar sabões não irritantes e hidratantes;
O Massajar com cremes hidratantes;
O Não massajar sobre as proeminências
ósseas ou zonas ruborizadas (os
capilares já estão afectados);
O Quando presentes situações de
incontinência, a zona afectada deve ser
limpa e seca o mais rapidamente
possível;
O Usar meios de protecção que não
danifiquem ou irritem a pele
Medidas de alívio de pressão O Colchões:
O Roupa:
O lençóis moldáveis, sem bordas, lisos
O roupa de tecidos naturais
O têxteis de lã de carneiro (“meias”,
resguardos)
O Suportes
O Almofadas
O Almofadas e dispositivos especiais para
suporte dos pés e cotovelos
O Almofadas em “donut”(com uso limitado)

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Técnicas de alívio de pressão O Técnicas de posicionamento dos
doentes:
O evitar arrastar o doente –levantar!
O distribuir o peso do doente no colchão,
evitando zonas de pressão.
O colocar o doente em posições
“naturais”. (respeitando o alinhamento
corporal).

Reposicionar doentes em intervalos de 3-4


horas!!!
Alimentação O O aporte dos nutrientes necessários
deverá ser, tanto quanto possível, garantido
através de produtos naturais e uma
alimentação com confecção e apresentação
“normais”, devendo o recurso a produtos
farmacêuticos (suplementos alimentares) ser
restrito aos casos em que existe indicação
estrita para tal.

a. Posicionamentos

i. Decúbito Dorsal

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i. Decúbito lateral

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4. TAREFAS QUE EM RELAÇÃO A ESTA TEMÁTICA SE ENCONTRAM NO ÂMBITO DE
INTERVENÇÃO DO/A TÉCNICO/A AUXILIAR DE SAÚDE

a. Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar


sob sua supervisão directa

O Técnico Auxiliar de Saúde, sob supervisão directa de uma profissional de


saúde pode executar determinadas tarefas de transferências e posicionamentos de
utentes em estado critico, auxiliando o enfermeiro.
O técnico auxiliar de saúde tem com funções:
 Auxiliar sob orientações do técnico auxiliar de saúde:

 Na prestação de cuidados de saúde aos utentes,

 Na recolha e transporte de amostras biológicas,

 Na limpeza, higienização e transporte de roupas, materiais e


equipamentos Na limpeza e higienização dos espaços e no apoio
logístico e administrativo das diferentes unidades e serviços de saúde.

 Executar tarefas que exijam uma intervenção imediata e simultânea ao


alerta do técnico auxiliar de saúde;

b. Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode


executar sozinho/a

O Técnico Auxiliar de Saúde, sob supervisão e orientação de um profissional de


saúde pode executar tarefas como posicionamento e transferências de utentes com
mobilidade reduzida, mas que não requerem cuidados especializados.
 Auxiliar na prestação de cuidados aos utentes, de acordo com orientações do
enfermeiro:

 Ajudar o utente nas necessidades de eliminação e nos cuidados de higiene e


conforto de acordo, com as orientações do enfermeiro;

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 Auxiliar o enfermeiro na prestação de cuidados de eliminação, nos cuidados de
higiene e conforto ao utente e na realização de tratamentos a feridas e úlceras;

 Auxiliar o enfermeiro na prestação de cuidados ao utente que vai fazer, ou fez,


uma intervenção cirúrgica;

 Auxiliar nas tarefas de alimentação e hidratação do utente, nomeadamente na


preparação de refeições ligeiras ou suplementos alimentares e no
acompanhamento durante as refeições;

 Auxiliar na transferência, posicionamento e transporte do utente, que necessita


de ajuda total ou parcial, de acordo com orientações do técnico auxiliar de
saúde.

Por outro lado, ainda podem vigiar a pele do utente, alertando o enfermeiro
sempre que haja alterações da integridade ou aspecto da mesma.

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BIBLIOGRAFIA

 RAMÉ, ALAIN ; THÉROND, SYLVIE, CO-AUT - ANATOMIA E FISIOLOGIA. LISBOA :


CLIMEPSI, 2012.

 SERRA, Luís M. Alvim ; OLIVEIRA, António Fonseca, co-aut ; CASTRO, José Costa
e, co-aut - Critérios fundamentais em fraturas e ortopedia. 3ª ed. atualizada e
aumentada. Lisboa : Lidel, 2012

 CALAIS-GERMAN, Blandine - Anatomia para o movimento : introdução à análise


das técnicas corporais. São Paulo : Manole, 2002

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