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Capítulo 11 - O uso da força para proteger

QUANDO O USO DA FORÇA É INEVITÁVEL


Em algumas situações a oportunidade para um diálogo pode não existir, e


o uso da força pode ser necessário para proteger a vida ou os direitos
individuais, como por exemplo quando a outra parte não está disposta a
dialogar ou há um perigo iminente e não haverá tempo hábil para o
diálogo.

A CNV requer que diferenciemos entre o uso protetor e o uso punitivo da


força.
Capítulo 11 - O uso da força para proteger
O PENSAMENTO POR TRÁS DO USO DA FORÇA

A intenção por trás do uso protetor da força é evitar danos ou


injustiças.

A intenção por trás do uso punitivo da força é fazer que as pessoas


sofram por seus atos percebidos como inadequados.

A intenção por trás do uso da força como proteção é apenas,


como o nome indica, proteger — não é punir, culpar ou condenar.

Quando praticamos o uso protetor da força, estamos nos concentrando


na vida ou nos direitos que desejamos proteger, sem julgarmos nem a
pessoa, nem o comportamento.
Capítulo 11 - O uso da força para proteger
O PENSAMENTO POR TRÁS DO USO DA FORÇA

A premissa por trás do uso protetor da força é que algumas pessoas se


comportam de maneira prejudicial a si mesmas e aos outros, devido a
algum tipo de ignorância.

Por isso, o processo corretivo é voltado para educar, não para punir.

O que poderia ser essa ignorância?


- Falta de consciência das consequências das ações
- Incapacidade de perceber como nossas necessidades podem ser
. atendidas sem prejudicar os outros
- A crença de que temos o direito de punir ou ferir os outros porque
. eles merecem
- Pensamentos delirantes que envolvem, por exemplo, ouvir uma voz
. que nos instrui a matar alguém
Capítulo 11 - O uso da força para proteger
O PENSAMENTO POR TRÁS DO USO DA FORÇA

As ações punitivas por outro lado são baseadas no julgamento de que


pessoas fazem coisas ruins por serem más e que precisam se
arrepender para que a situação seja corrigida.

O que essa correção busca criar no outro?


- Fazê-las sofrerem o bastante para perceberem quanto suas ações
. são erradas
- Arrependerem-se
- Mudarem

É mais provável no entanto que essas ações gerem hostilidade e


ressentimento, alimentando resistência ao invés de cooperação
Capítulo 11 - O uso da força para proteger
TIPOS DE FORÇA PUNITIVA

Castigo físico

Bater nos filhos gera polêmica. De um lado muitos consideram que


bater nas crianças é a melhor forma de estabelecimento de limites
claros e por isso é expressão de amor. Por outro lado outros dizem que
essa é a demonstração da falta de amor pois ensina às crianças que
quando não houver alternativa a força física é sempre algo ao qual
podemos recorrer

O medo do castigo corporal obscurece nas crianças a consciência


da compaixão subjacente às exigências dos pais.

A necessidade de se opor a essa violência muitas vezes faz com que a


criança se volte contra o que está sendo sugerido, por lutar contra a
coerção ao invés de aceitar sucumbir a ela.
Capítulo 11 - O uso da força para proteger
OS CUSTOS DA PUNIÇAO

Quando temos medo de ser punidos, concentramo-nos nas


conseqüências, não em nossos próprios valores.

O medo da punição diminui a auto-estima e a boa vontade.

Quando nos submetemos a fazer alguma coisa apenas com o


propósito de evitar uma punição, nossa atenção é desviada do valor da
própria ação.

Quanto mais formos vistos como agentes de punição, mais difícil será
para os outros responderem compassivamente a nossas
necessidades.
Capítulo 11 - O uso da força para proteger
LIMITAÇÕES DA PUNIÇÃO

Duas perguntas nos ajudam a enxergar por que é improvável que


obtenhamos o que queremos se usarmos a punição para mudar o
comportamento das pessoas.

“O que eu quero que essa pessoa faça que seja diferente do que ela está
fazendo agora?” O que desejo que a pessoa faça?

“Quais quero que sejam as razões dessa pessoa para fazer o que estou
pedindo?” Que motivos desejo que essa pessa tenha para fazê-lo?

Punição e a recompensa interferem na capacidade das pessoas de


fazerem as coisas pelos motivos que gostaríamos que elas tivessem

A CNV, entretanto, estimula um nível de desenvolvimento ético baseado


na autonomia e na interdependência, pelo qual reconhecemos a
responsabilidade por nossas próprias ações e temos consciência de que
nosso próprio bem-estar e o dos outros são uma coisa só.
Capítulo 11 - O uso da força para proteger
O USO PROTETOR DA FORÇA NAS ESCOLAS E A CNV:
a sala de não fazer nada

Poderia funcionar se pudéssemos mostrar que o objetivo não era punir,


mas oferecer um lugar aonde ir para aqueles que não estavam com
vontade de estudar

Também sugeri que uma sala de não fazer nada teria mais chances
de sucesso se as pessoas soubessem que fora uma idéia dos próprios
alunos, e não um decreto dos professores

Foi estabelecida essa sala - às vezes os alunos pediam pra ir outras


vezes eram solicitados para ir para lá. Na sala a professora mais
adaptada à CNV ficava para ter conversas produtivas com os alunos
que fossem para lá.

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