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CAP 1 – ESTE MUNDO COERCITIVO

...”Normalização” refere-se à noção, comumente bastante razoável, de que


deveríamos trazer de volta os deficientes para o convívio normal em vez de segrega-los.
....Os terapeutas aversivos de hoje, dizendo e fazendo quilo que sempre foi dito e
feito não estão contribuindo com nada de novo. Mas, nesse caso, não contribuir é
errado; é errado porque sua ciência tornou possível fazer melhor.

CAP 2 – NEM TODO CONTROLE É COERÇAO

...A floresta é controle comportamental e um tipo de árvore, dentro desta


floresta, é controle coercitivo.
....O controle está sempre aí, não reconhece-lo é esconder-se da realidade
....O controle não precisa ser coercitivo
...Embora não possamos evitar o controle, ele pode assumir muitas formas,
algumas coercitivas, outras não. Coerção é uma subcategoria do controle.
...Se reconhecermos a existência do controle comportamental e o estudarmos,
podemos faze-lo trabalhar em nosso benefício. Quando métodos de controle existentes
forem coercitivos, descobriremos que frequentemente podemos substituí-los por
métodos não-coercitivos.
...Nosso nível de interesse em qualquer comportamento particular usualmente
depende de sua importância corrente em nossas vidas.
...O mundo não reage a nossos pensamentos e sentimentos, mas àquilo que nos
vê e ouve fazendo.
...Entretanto, a ciência da análise do comportamento é neutra em relação à
importância de qualquer comportamento particular. Idealmente, ela busca leis que se
apliquem a toda conduta.
...A análise do comportamento considera como fundamental a probabilidade de
que uma ação ocorrerá. Mede quão frequentemente um indivíduo faz alguma coisa- a
frequência de seu comportamento. A análise do comportamento tenta descobrir o que
torna os nossos comportamentos tão frequentes ou tão raros.
...Caracterizações como “falante”, diligente, cético ou feliz não explicam o
comportamento. Elas simplesmente refletem a alta frequência de certas ações.
...O que fazemos é fortemente controlado pelo que acontece a seguir – pelas
consequências da ação. Provavelmente, a mais fundamental lei da conduta é:
consequências controlam comportamento. Fazemos algo –nos comportamos- e então
algo acontece. As consequências do que fizemos determinarão quão provável é que
façamos a mesma coisa novamente.
... A ignorância das consequências não é desculpa. A consciência das
consequências é a essência da responsabilidade.

O que é coerção?

...Há três tipos de relações controladoras entre conduta e consequências:


reforçamento positivo, reforçamento negativo e punição. Controle por reforçamento
positivo é não coercitivo: coerção entra em cena quando nossas ações são controladas
por reforçamento negativo ou punição.
...Um reforçador deve seguir uma ação; em segundo, um reforçador deve fazer
com que essa ação seja repetida ou ocorra mais frequentemente. Um reforçador deve
demonstrar ter ambas as características.
...O ato vem primeiro e o reforçador a seguir.
...Para ser classificado como um reforçador, a consequência de uma ação deve
levar à repetição da ação.
...Percepções e crenças são importantes e podem desempenhar um papel na
determinação da conduta, mas são elas próprias comportamento. Usá-las para explicar
por que algo é um reforçado somente empurra a necessidade de explicação um passo
atrás – o que produziu aquelas percepções e crenças particulares.
... Quando quer que queiramos conhecer porque alguém age de uma maneira
particular, a primeira coisa a perguntar é: Quais são as consequências desta ação? Se
pudermos observar consequências consistentes quereremos, então, saber se elas são ou
não reforçadores – elas são responsáveis pelo comportamento com o qual nos
preocupamos ? Como veremos, tendo identificado como reforçador, podemos então usá-
lo para substituir conduta indesejável por conduta desejável.
... Reforçamento pode ser expresso como uma relação “ se... então” , uma
contingência: se nós agirmos de uma maneira particular então um reforçador virá; se
agirmos de alguma outra maneira, então este reforçador não virá.
.... Reforçamento positivo e negativo. No reforçamento positivo, a ação de uma
pessoa é seguida pela adição, produção ou aparecimento de algo novo, algo que não
estava lá antes do ato. No reforçamento negativo uma ação subtrai, remove ou elimina
algo, fazendo com que alguma condição ou coisa que estava la antes do ato
desaparecesse.
....Quando nosso comportamento é reforçado positivamente obtemos algo,
quando reforçado negativamente removemos, fugimos ou esquivamos de algo. Ambos
os tipos de consequências tornam mais provável que façamos a mesma coisa outra vez.
Ambos são, reforçadores.
....Punição : Reforçadores positivos tornam mais prováveis as ações que os
produzem; reforçadores negativos tornam mais prováveis as ações que os terminam.
....Como o reforçamento, a punição é uma contingência entre conduta e
consequências. Chamamos consequências que punem de “punidoras”. Como
reforçadores, punidores vêm depois do comportamento.
...Punição ocorre quando quer que uma ação seja seguida ou pela perda de
reforçadores positivos ou ganho de reforçadores negativos.
...Punição somente ensina o que não fazer.
....Controle por meio de reforçamento positivo, então, não é coercitivo; controle
por meio de reforçamento negativo e punição, é.
...Liberdade e alimento parecem reforçadores positivos, mas quando eles são
contingentes à cessação de privações artificialmente impostas, sua efetividade é um
produto de reforçamento negativo; eles se tornam instrumentos de coerção.
....Muitos consideram “ aprender por aprender” um conceito não-familiar.
....Paramos de privar, machucar, ameaçar somente quando elas agem
diferentemente, fazendo o que consideramos aceitável.
....Nossa consciência é, realmente, somente um sentido de errado; ela se
desenvolve, inicialmente, diretamente do controle coercitivo.
...Embora possamos descobrir muitas exceções individuais, a sociedade, como
uma regra geral, tenta manter nossas consciências utilizando meios coercitivos.
...Quão frequentemente cada um de nós teve a experiência de ter recebido algo
ou a promessa de alguma coisa para, então, descobrir que temos de enfrentar outras
obrigações para que o presente não seja tomado de volta ou a promessa voltada atrás? E
assim nos tornamos cínicos. Ficamos abismados se nos oferecem uma cenoura que não
tem atrás uma vara.
CAP 4 = A PUNICAO FUNCIONA?

...Por que punimos? O que queremos obter? A principal razão é controlar outras
pessoas.
...Punimos pessoas baseados na crença de que as levaremos a agir
diferentemente.
...Os dados de laboratório sustentam fortemente a posição de que punição,
embora claramente efetiva no controle do comportamento, tem sérias desvantagens, e
que nós precisamos desesperadamente de alternativas.
...Comportamento inadequado persiste a despeito da punição porque é também
reforçado. A maioria de nós preferiria reforçar ações alternativas em vez de utilizar
punição para fazer com nossos filhos e outros mudassem. Algumas vezes, entretanto, o
comportamento indesejado é tão forte que ele impede o individuo que se comporta
inadequadamente de tentar qualquer outra coisa. O diálogo frequentemente não os
persuade a abandonar um curso de ação que já funciona. Podemos, então, sentir que a
punição é o único recurso. Se uma ocasião assim surge podemos usar punição suave. A
supressão temporária do ato punido nos dá uma oportunidade para ensinar ao individuo
algo novo, alguma outra maneira de obter os mesmos reforçadores. Tendo parado
momentaneamente um ato indesejável punindo-o suavemente, podemos então substituí-
lo por meio do reforçamento positivo de uma atividade mais desejável.
...Vale a pena lembrar que a menos que tenhamos deliberada e habilidosamente
usado o efeito supressivo inicial da punição suave para instalar a nova conduta que
queremos, nada garante que a substituição será desejável.
...Administrar dor a si mesmas como o único meio de obter atenção.
...”Já sei, a maneira de realmente conseguir o afeto de papai é fazer algo ruim,
fazer com que ele me puna e então ele vai me amar. ”

CAP. 5 = TORNANDO-SE UM CHOQUE

...A punição em represália a algum malfeito tem raízes emocionais, assim seus
praticantes não são receptivos à critica ou a argumentos com base racional ou factual.
...Independentemente de nossas motivações reais para aplicar punição, podemos
obter este resultado com punição intensa, ou combinando habilidosamente punição
suave com reforçamento para ações alternativas.
...Também se supõe que punir mau comportamento ensina bom comportamento.
...É o vasto catálogo de efeitos colaterais da punição- consequências da punição
que cancelam seus benefícios e são responsáveis por muito do que esta errado em
nossos sistemas sociais.
....Os efeitos colaterais da punição também, longe de serem secundários,
frequentemente têm significação comportamental consideravelmente maior que os
esperados “efeitos principais”.
...Punidores condicionados, porque sua habilidade para nos fazer parar de fazer
algo é condicional a outras circunstancias.
...Se vamos ou não obter nossos reforçadores e punidores depende, então, do
ambiente físico e social presente.
...O primeiro efeito colateral da punição, então, é dar a qualquer sinal de punição
a habilidade para punir por si mesmo.
...Novos reforçadores ou punidores são criados desta maneira – sinalizando
outros reforçadores ou punidores.
...Quando quer que sejamos punidos, mais e mais elementos de nosso ambiente
tornam-se reforçadores negativos e punidores. Ficamos cada vez mais sob controle
coercitivo e dependemos cada vez mais de contra coerção para nos mantermos à tona.
...Ambientes em que somos punidos tornam-se eles mesmos punitivos e
reagimos a eles como a punidores naturais. Não gostamos eles, os odiamos ou tememos,
evitando-os completamente se pudermos, ou escapando deles assim que for possível.
...É crítico, portanto, reconhecer que uma parte particularmente importante de
nosso ambiente é uma fonte importante de punição condicionada. É o ambiente social.
...É que as pessoas que usam punição tornam-se elas mesmas punidores
condicionados. Outros as temerão, odiarão e se esquivarão delas. Se punimos outras
pessoas, nós também nos tornamos punidores. Nossa própria presença será punitiva. Se
simplesmente nos aproximamos daqueles a quem costumeiramente punimos,
colocaremos um fim ao que quer que seja que estejam fazendo. Se apenas ameaçamos
de nos aproximar, eles fugirão. Todos os efeitos colaterais que os choques geram, nós
também geraremos. Qualquer um que use choque torna-se um choque.

CAP. 6 = FUGA

... Se quisermos entender a conduta de qualquer pessoa, mesmo a nossa própria,


a primeira pergunta a fazer é : “O que ela fez” ? (Foi traído pela namorada) O que
significa dizer, identificar o comportamento. A segunda pergunta é: “O que aconteceu
então”? (Ficou inseguro...nunca mais confiou em nenhuma namorada) O que significa
dizer, identificar as consequências do comportamento. Certamente, mais do que
consequências determinam nossa conduta, mas estas primeiras perguntas
frequentemente hão de nos dar uma explicação prática. Se quisermos mudar o
comportamento, mudar a contingência de reforçamento- a relação entre ato e
consequência-( o fato de ele me namorar não vai fazer com que ele seja traído) - pode
ser a chave. Frequentemente gostaríamos de ver algumas pessoas em particular mudar
para melhor, mas nem sempre temos controle sobre as consequências (mostrar a ele que
ser traído é contingência da vida, não determinismo.) que são responsáveis por sua
conduta. Se o temos, (mostrar a ele que não o abandonaremos) podemos prover as
mesmas consequências (o fato de ele estar me namorando )para conduta desejável
( deixar de me controlar ) e ver se a nova substitui a antiga. (confia, ao invés de
desconfiar).
...Esta é a essência da análise de contingências: identificar o comportamento
(medo de ser traído) e as consequências (não se firmar com ninguém); alterar as
consequências) ; ver se o comportamento muda.(se ele passa a ser mais seguro, mais
confiante).
...Reforçamento negativo gera fuga. Quando encontramos um reforçador
negativo fazemos tudo que podemos para o desligarmos, para escapar dele. Se o
encontramos novamente, faremos o que funcionou antes. Reforçadores negativos
também podem ser usados como punidores.
...Reforçadores negativos e punidores, portanto, são os mesmos eventos
funcionando de maneiras diferentes. Podemos fazer choques desaparecerem –
reforçamento negativo; ou podemos tomar choques – punição. Reforçamento negativo
torna uma ação mais provável, punição usualmente torna uma ação menos provável.
...Punição e reforçamento negativo, quando trazidos à cena pelo mesmo evento,
tornam-se ligados em um círculo vicioso. Um choque do qual fugimos também pune o
que quer que tenhamos feito antes do choque. Ainda que possamos parar o choro da
criança, também teremos cuidado para não fazer barulhos altos que produzem choro.
...Punidores, sejam coisas, lugares, eventos ou pessoas suprimem ações que os
produzem, mas também geram fuga como um de seus efeitos colaterais. Uma vítima de
punição que pode desliga-la, ou pode de algum modo sair da situação, há de fazê-lo.
....Assim, punição, além de seu efeito pretendido usual – reduzir conduta
indesejável – também aumentará a probabilidade de outro comportamento; se possível,
aquele que recebe punção ita desliga-la ou fingir, Do ponto de vista daquele que está
punindo, fazer o punido escapar pode ser um resultado não-pretendido e altamente
indesejável.
...Reforçamento negativo e positivo compartilham pelo menos uma característica
: ambos podem ensinar novo comportamento.
...Em ´posição de não fazer e de não aprender qualquer outra coisa, ele leva o
que podemos chamar de uma “vida de quieto desespero”, seu único critério de sucesso
sendo sua efetividade em reduzir a quantidade de choques que ele toma.
...Assim também se tornam as pessoas que nos controlam por reforçamento
negativo. Se pudermos, fugiremos de ambos, lugares e pessoas.
...Patrões que dizem aos trabalhadores para “ produzir mais ou...” experienciam
um turnover de pessoal mais alto do que aqueles que simplesmente arranjam
promoções, pagamentos maiores e tempo livre como resultado da produtividade.
....Controle por reforçamento negativo também tornará o ambiente coercitivo.
....Qualquer elemento físico ou social de uma situação em que somos reforçados
por desligar ou fugir de algo doloroso, amedrontador ou repugnante, torna-se ele mesmo
um lugar ou pessoa da qual fugir. Se controlamos outros por reforçamento negativo,
também nos tornamos objetos de aversão.
...É provável que nos mantenhamos fazendo qualquer coisa que remova a cara
feia do chefe – reforçamento negativo; também é provável que paremos de fazer
qualquer coisa que faça a cara feia reaparecer – punição.
....Antes que um reforçador negativo possa fortalecer o que quer que façamos
para desliga-lo, ele punira automaticamente o que quer estejamos fazendo exatamente
antes do seu inicio.
...Portanto, aqueles que nos controlam coercitivamente podem usar os mesmos
eventos como punidores para parar o que estamos fazendo ou como reforçadores
negativos para nos obrigar a fazer algo para fugir.

Cap. 7 – ROTAS DE FUGA

...Ignorância da realidade não pode promover a sobrevivência.


...Em outros momentos, o reforçamento negativo toma a forma de fuga; tendo
nos envolvido, nós, então, quebramos o contrato, saímos.
...coerção ainda é a principal ferramenta pedagógica.
...Escolarização não precisa ir longe antes que as crianças concluam que
aprendizagem e prazer são mutuamente excludentes, que mais de um significa menos do
outro.
...de fato, a fuga é inevitável, até que na idade legal, eles obtêm a libertação da
servidão.
...aqueles que conduzem seus alunos com sucesso a cada passo, reforçando
positivamente sucessos, em vez de punir fracassos, não criam desistentes; eles não dão
aos seus alunos qualquer razão para fugir.
....onde e quando quer que a coerção seja praticada, o resultado final é perda de
suporte para o sistema por parte daqueles que sofreram com ele.
Desistindo da Família...Um outro fugitivo trágico é o que desiste da família.
Muitos jovens vivem com punição frequente em casa. Se a maior parte da atenção que
obtêm vem na forma de punição, com pouco reforçamento positivo compensatório, é
provável que eles deixem a velha casa paterna assim que surja uma oportunidade.
...como pais, sempre temos que estabelecer limites para nossos filhos e esta
necessidade pode facilmente nos jogar na armadilha do controle coercitivo.
...coerção eclesiástica, quando provê reforçamento negativo e punição tangíveis
e presentes, pode ser forte o suficiente para tornar a fuga difícil e dolorosa.
... histórias individuais revelarão que muitos que são classificados como
desistentes jamais foram realmente admitidos nos grupos dos quais eles supostamente se
retiraram. Embora tratados como desistentes, eles realmente são banidos.
...Amizade e afeição, abertamente dadas e recebidas, mesmo em um refúgio
onde a fome e o desconforto físico prevalecem, podem facilmente contrabalançar um
ambiente anterior que provia todas as necessidades físicas, mas punia calor emocional.
Desistentes de setores privilegiados da sociedade, algumas vezes se descobre.
Sacrificaram segurança econômica por segurança emocional.
Suicídio – No Caso extremo uma pessoa literalmente desiste da vida. Suicídio é
a fuga última das garras de necessidade e coação repentinamente esmagadoras, ou de
uma vida dominada por reforçamento negativo e punição.
...uma pessoa que toma o caminho da crucificação antes pratica atos que a
tornam notada pelas autoridades civis ou religiosas. É pelo menos plausível que cada ato
individual nesta cadeia de eventos seja um produto da historia de reforçamento de um
mártir-por-vir, com cada ação produzindo seus próprios reforçadores.
...uma fonte óbvia de tal pressão são demandas não-passíveis de serem satisfeitas
colocadas sobre nós pela família, amigos e comunidade. Aos nossos próprios olhos,
pelo menos, uma inabilidade para satisfazer estas demandas nos torna um fracasso. Ser
um fracasso significa que nossas ações, em vez de produzirem reforçamento positivo –
sucesso – têm sido ignoradas ou punidas – fracasso.
... a culpa amacia vozes duras, afrouxa restrições e substitui ameaças por
promessas de ajuda.
...A simpatia que se torna disponível, apenas depois de suicídios “malsucedidos”
torna prováveis novas tentativas. E então, uma dose é mal calculada, ou a ajuda não
chega a tempo e uma tentativa de suicídio se torna “bem-sucedida”.
Uma pessoa também pode cometer suicido para punir aqueles que, na realidade ou
imaginação, exerceram coerção insuportável.
...o que é importante depois de um suicídio não é a atribuição de culpa, mas a
admissão da fuga.
...apenas reconhecendo a existência de pressões coercitivas teremos uma chance
de resolver o problema último de desistir.

CAP. 8 – ESQUIVA

...Esta é a base para a distinção entre fuga e esquiva. Algo ruim tem que
acontecer realmente antes que possamos fugir; ao fugir colocamos um fim a uma
situação ruim. Esquiva impede que um evento indesejado aconteça, em primeiro lugar.
Esquiva bem sucedida mantém afastados os choques, tornando a fuga desnecessária.
....A esquiva bem –sucedida de choques futuros é uma consequência secundaria
da fuga de choques que já foram experienciados.
...Já vimos que qualquer um que use punição torna-se um punidor condicionado.
Agora podemos ver que qualquer um que pune também há de se tornar um sinal de
aviso condicionado. Ao primeiro sinal de sua aproximação, as pessoas que eles
geralmente punem afastar-se-ão. Uma vez que tenham se tornado sinais de aviso, as
pessoas vão se esquivar deles.
...Se quisermos fazer algo sobre o comportamento de esquiva, nosso curso mais
efetivo será identificar as contingencias controladoras. Aquelas relações entre sinais,
comportamento e choques geraram as ações e o medo ou ansiedade e agora mantêm
ambos. Alterar as contingências mudará o ato de esquiva e seus acompanhamentos
emocionais. Tentar lidar com os sentimentos sem alterar as contingências será
infrutífero.
...Se estamos severamente deprimidos, por exemplo, sofremos de duas maneiras.
Primeiro, fazemos muito pouco, talvez sentados em casa, deitados, falando raramente,
exceto para lamentar-se, não nos envolvendo em nenhuma das relações familiares nas
quais outrora ocupamos parte importante. Nossa conduta pode estar tão severamente
empobrecida que não nos alimentamos ou nos vestimos, ou mantemos higiene pessoal.
Ao esquivar de contato com qualquer parte de nosso ambiente, conseguimos um tipo
importante de sucesso: mantemos todos os choques longe.
Segundo, permanecemos em um continuo estado de ansiedade, temerosos de
todo contato pessoal, de cada demanda ambiental. Mesmo sem motivo óbvio, ficamos
apreensivos ou paralisados com terror. Completamente angustiados, atribuímos nossa
angústia a nossos sentimentos.
Por causa de nosso intenso sofrimento interno, a terapia para nossa depressão
provavelmente deve se concentrar em tentar atenuar nossos sentimentos. Drogas que
agem somente para reduzir estados fisiológicos de ansiedade podem fazer os
severamente deprimidos relatarem que eles se sentem melhor, mas o remédio não
necessariamente restaura atividade construtiva. Não mais tremulo, sentindo dor,
chorando, o paciente, entretanto, pode ainda passar todo o dia na cadeira de balanço,
evitando com sucesso choques reais ou imaginários.
...Qualquer um de uma série de eventos, reais ou imaginários, pode tê-la
convencido de que o mundo externo é muito perigoso para se aventurar nele.
...Se, em vez de tentar abrandar sua angústia interna, seu terapeuta se
concentrasse em tentar identificar os choque e os reforçadores que estavam mantendo
sua ausência de comportamentos, alguma coisa poderia ter sido feita para colocá-la de
pé e movendo-se novamente.
...Naturalmente, esquiva não é sempre ruim; frequentemente ela é útil. Se
devemos sobreviver, temos que aprender a nos esquivar de situações potencialmente
perigosas. Crianças não devem tocar no fogão quente. Esquiva útil conduziu à noção de
ansiedade útil e à concepção de que a ansiedade não deve sempre ser eliminada. Muitos
dos efeitos colaterais da coerção, conceituados por psicólogos como formas de
ansiedade, envolvem atos de esquiva que são desnecessários, irrealista ou não-
adaptativos. Hipotetizar medo e ansiedade como causas de esquiva desvia a atenção do
terapeuta dos observáveis que causam os estados internos e a conduta. Este tipo de
desvio tem retardado muito o entendimento prático e o tratamento efetivo de desordens
comportamentais.

CAP. 9 – APRENDENDO POR MEIO DA ESQUIVA


...Sujeitos aprendem que não apenas pressionar a barra, mas qualquer ato que
realizam tem algo a ver com o choque. Tudo que eles fazem é relacionado com o que
acontece com ele. Mesmo sem sinais de aviso, o sujeito aprende a tomar o caminho reto
e seguro, fazendo a única coisa que nunca será punida. Pressionar a barra é seguro.
... uma esposa espancada pode tomar muitos choques antes de descobrir que ir
embora é sua única barra segura.
....Emitimos uma quantidade impressionante de esquiva. Poucos alunos estudam
por notas As, a maioria se esquiva das notas Ds.
...Se a esquiva não for possível, a fuga é a regra, mas entre as duas, a esquiva
predomina.
...A contingencia cria um desistente real, particularmente quando não há sinais
de aviso de choque iminente.
...Se nos esquivamos com tanto sucesso que os choques jamais voltam a ocorrer,
a esquiva finalmente se enfraquece e precisamos experienciar o choque de novo antes
que o ato de esquiva seja reinstalado.
...O paradoxo da esquiva revela uma diferença critica entre reforçamento
positivo e reforçamento negativo por esquiva. Com a esquiva, sucesso origina fracasso;
o comportamento enfraquece e parará a não ser que outro choque o traga de volta. Com
reforçamento positivo, sucesso origina mais sucesso; o comportamento continua. Se a
única razão para um aluno estudar for impedir a reprovação, um fracasso eventual, ou
quase fracasso, será necessário para mantê-lo estudando.
...Falhas ocasionais no esquivar são necessárias para manter a esquiva
funcionando.
....As
sim ele passa todos os seus dias esquivando-se de choques de qualquer maneira jamais
viriam.
...O controle que a punição indiscriminada torna possível, tão simplesmente e
sem esforço, é aterrorizador. Seus praticantes foram e são os mais brutais e desumanos
seres humanos.

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