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PORQUE PERDOAR É TÃO COMPLICADO?

Por: Leonardo Barbieri Bueno


( Master-Trainer em PNL)

Quem nunca precisou perdoar alguém? Olhe só que coisa complicada: perdoar alguém
que não gostamos ou antipatizamos. O perdão sempre foi uma atitude das mais
complexas para o ser humano.

Todos os livros santos- inclusive a Bíblia- falam a respeito do perdão, mesmo aqueles
escritos a milhares de anos atrás. Todos dizem a mesma coisa de que o perdão é o
ponta-pé inicial para qualquer processo de cura, seja ele corporal, espiritual ou mental.
E mesmo assim, muito pouco sabíamos a respeito do como fazer para perdoar. O que eu
aprendi na infância, era que precisávamos colocar uma pedra sobre o assunto e fazer de
conta que nunca existiu. Esquecê-lo. Depois de anos e anos tentando fazer o que me
disseram sabem o que realmente eu aprendi? É impossível esquecer o passado
colocando pedras em cima dele. E isto vale, inclusive, para aquelas circunstâncias ruins
vividas com pessoas que eu amava muito – pais, amigos, etc.

Perdoar definitivamente não é colocar pedras em cima de problemas. Perdoar é muito


mais do que isto. Perdoar significa compreender o que aconteceu e aprender com a
circunstância, de maneira que, se a circunstância ocorrer novamente, você saberá como
agir de forma adequada. Em outras palavras, você se tornará uma pessoa mais
competente diante do mundo.

Quantas coisas no passado nos metia medo e que hoje rimos quando estamos diante
delas? Quantas circunstâncias nos resultaram em raiva ou mágoa e hoje sabemos
contorná-las sem com isso ficarmos bravos ou magoados com as pessoas que tentam
nos machucar? Muitas vezes o que acabamos por sentir é dó delas.

Para você perdoar alguém, é preciso fazer três coisas: compreender, aprender e agir.

O primeiro passo para o perdão é você compreender o que aconteceu. Uma das
evidências de que esta compreensão aconteceu é que você agora consegue pensar no
passado e avaliar o ocorrido imparcialmente. Sem o ressentimento fica muito mais fácil
entender os detalhes do que aconteceu sem correr risco de se colocar na defensiva
achando que o mundo é que está contra nós, ou que o problema esta 100% na outra
pessoa. Uma técnica em larga escala nos consultórios psicológicos, é conduzir o
paciente a responder a seguinte pergunta: ‘O que foi que eu fiz (ou deixei de fazer) que
permiti que o outro se comportasse comigo daquela maneira? É uma pergunta incômoda
de ser respondida uma vez que o paciente precisa se colocar no papel de responsável
pelo o que aconteceu. Temos a tendência de responsabilizar apenas os outros pelos
ressentimentos que carregamos, afirmando que são os outros os responsáveis pela
dificuldade que vivemos hoje.
Passar a responsabilidade do resultado de nossas vidas para terceiros, nos coloca numa
posição de desvantagem diante da vida, porque a partir de então só poderemos ser
felizes se os outros mudarem primeiro. Minha felicidade já não depende mais de mim, e
sim das pessoas que me cercam. Para ser feliz é o mundo que precisa mudar, e eu não.

Quando aprendemos novos comportamentos que nos habilitam a interagir com o meio
com mais adequação e maturidade os ressentimentos se esvaziem e desaparecem. Você
já fez algum esporte de defesa pessoal? Quando começamos a treinar Karate por
exemplo, rapidamente aprendemos golpes que podem mobilizar ou fazer desmaiar o
oponente. Um dos efeitos desta aprendizagem é que acabamos por ficar mais calmos e
confiantes diante das circunstâncias estressantes. Parece coisa de criança, mas é como
disséssemos para nós mesmos que a outra pessoa não vai mais poder bater ou nos
machucar porque agora sabemos como mobilizá-la e nos defender adequadamente.
Aprendemos a defender nosso integridade física sem depender de terceiros. Esta certeza
de auto proteção nos permite pensar apenas nos fatos comportamentais do que está
ocorrendo no momento de tensão, deixando de lado os medos e os receios de agressão.

Você quer realmente perdoar? Muito bem, pense no que aconteceu e pergunte-se: ‘Se eu
pudesse voltar ao passado, e viver novamente aquela circunstância, que novos
comportamentos habilidades ou crenças eu poderia levar comigo de maneira que o
resultado seria completamente diferente do que aconteceu?’ Caso você não consiga
encontrar novos comportamentos dentro de ti mesmo, imagine uma pessoa mais sábia
que você, agindo em seu lugar naquele momento. O que ela teria feito? O resultado teria
sido diferente? É possível você aprender a fazer o mesmo?

Cada um destes comportamentos, habilidades ou crenças você necessitará aplicar em


você mesmo. Eles são o seu passaporte para o perdão. Perdoar é aprender a ser mais
competente diante dos eventos do dia-a-dia. Se você não aprende, quando ocorrer outra
vez a mesma circunstância você corre um sério risco de repetir o mesmo resultado
atrapalhado. E eu sei que você não quer isto.

O segundo passo é tornar-se competente com o aprendizado, ou seja, saber colocar em


prática o que aprendemos. Muitas vezes se faz necessário um instrutor – alguém mais
sábio que você – possa lhe treinar nesta habilidade.

O terceiro passo é o mais simples: o agir. Uma vez que já sabemos o que fazer e como
colocar em prática o que aprendemos basta agir.

Muito bem, é isso aí. Divirtam-se perdoando as pessoas que vocês amam!

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