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O argumento completo em defesa da liberdade

Se soubéssemos antecipadamente quais seriam seus resultados, não


precisaríamos da liberdade

Nota do IMB

Nota do IMB

Alguns consideram que o melhor ensaio de Hayek seja O uso do conhecimento na


sociedade, no qual ele explica detalhadamente a importância do sistema de preços: são os
preços que transmitem todas as informações detalhadas que diferentes pessoas ao redor do
mundo possuem sobre aspectos específicos de vários mercados.

Em termos puramente econômicos, realmente aquele é o melhor artigo.

Entretanto, o texto abaixo, um excerto de seu gigantesco livro A Constituição da Liberdade,


é definitivamente o seu mais impressionante.

Seu tamanho relativamente curto (para um ensaio) esconde sua grande profundidade e sua
incrível sagacidade. Você pode lê-lo várias vezes — a cada releitura, descobrirá algo novo.

Hayek apresenta seu argumento contra os controles e as regulações estatais — e apresenta


também sua constatação sobre como o conhecimento é disseminado e utilizado na
sociedade — da forma mais completa e profunda possível. Ele apresenta argumentos que
fazem você interromper sua leitura, pensar e repensar.

Por exemplo, ele argumenta que, se já soubéssemos antecipadamente todos os resultados


que surgiriam em um ambiente de liberdade, não precisaríamos da liberdade: apenas
implementaríamos diretamente todos esses resultados.

Ele também explica que todo o propósito da liberdade é exatamente o de descobrir, no


futuro, tudo aquilo que ainda não sabemos no presente. Sendo assim, o argumento em prol
da liberdade é, em última instância, baseado na humildade e no respeito pela sabedoria e
pela experiência humana futura.
Eis um ensaio profundamente brilhante, o qual, sem exageros, fará diferença em como você
encara o mundo e como você viverá o resto de sua vida.

______________________________________________________________________

O argumento em prol da liberdade individual fundamenta-se, principalmente, no humilde


reconhecimento de que somos ignorantes. A realização dos nossos objetivos e do nosso
bem-estar depende de uma série de fatores sobre os quais somos inevitavelmente
ignorantes.

Se existissem indivíduos oniscientes, se pudéssemos conhecer não apenas tudo o que influi
na realização dos nossos desejos atuais, mas também conhecer nossos desejos e
necessidades futuras, não haveria muita razão para defendermos a liberdade.

Por outro lado, a liberdade do indivíduo tornaria, evidentemente, impossível uma previsão
perfeita.

A liberdade é essencial para que o imprevisível exista; nós a desejamos porque aprendemos
a esperar dela a oportunidade de realizar a maioria dos nossos objetivos. E, justamente
porque o indivíduo sabe tão pouco e, mais ainda, como raramente podemos determinar
quem de nós conhece mais, confiamos aos esforços independentes e competitivos de muitos
a criação daquilo que desejaremos, quando tivermos a oportunidade de apreciá-lo.

Por mais humilhante que seja para o orgulho humano, devemos reconhecer que o progresso
e até a preservação da civilização dependem de um máximo de oportunidades para que o
imprevisível possa acontecer. Estas casualidades ocorrem graças à combinação de
conhecimentos e atitudes, aptidões e hábitos adquiridos pelos indivíduos, e também quando
indivíduos treinados se defrontam com problemas específicos que estão preparados para
solucionar.

Nosso inevitável desconhecimento de tantas coisas significa que teremos de lidar, em


grande parte, com probabilidades e acasos. Naturalmente, tanto na vida social quanto na
individual, os acidentes favoráveis não ocorrem simplesmente. Devemos estar preparados
para quando acontecerem.

Mas, mesmo assim, ainda são acasos, e não se transformam em certezas. Envolvem riscos
deliberadamente aceitos, possíveis reveses de indivíduos e grupos que têm tanto mérito
quanto outros que prosperam, possibilidade de fracassos ou de recaídas, até para a maioria,
e apenas uma probabilidade de ganhos líquidos no cômputo geral.

O máximo que podemos fazer é aumentar as possibilidades de que certa combinação de


dons individuais e de circunstâncias leve à criação de algum novo instrumento ou ao
aperfeiçoamento de um instrumento antigo e melhorar a perspectiva de que tais inovações
se tornem rapidamente conhecidas por aqueles que podem beneficiar-se delas.

Seres imperfeitos

Todas as teorias políticas pressupõem, evidentemente, que a maioria dos indivíduos é muito
ignorante. Aqueles que defendem a liberdade se diferem dos outros porque incluem na
categoria de ignorantes eles próprios e também os mais sábios. Comparada com a totalidade
do conhecimento que é continuamente utilizado no processo evolutivo de uma civilização
dinâmica, a diferença que existe entre o conhecimento dos mais sábios e aquele que pode
ser deliberadamente empregado pelos mais ignorantes é insignificante.
Embora não percebamos habitualmente, todas as instituições da liberdade constituem de
adaptações a esta fundamental constatação da ignorância, adaptadas para lidar com
possibilidades e probabilidades, mas não com a certeza. Não existe certeza na ação humana
e é por esta razão que, para fazer o melhor uso do nosso conhecimento individual, devemos
seguir as normas indicadas pela experiência como as mais adequadas de um modo geral,
embora não saibamos quais serão as conseqüências de sua observância em casos
específicos.

O homem aprende pela frustração de suas esperanças. É óbvio que não devemos aumentar a
imprevisibilidade dos acontecimentos com a criação de tolas instituições humanas. Na
medida do possível, deveríamos ter como objetivo a melhoria das instituições humanas, a
fim de aumentar as possibilidades de previsão correta. Todavia, acima de tudo, deveríamos
proporcionar o máximo de oportunidades para que indivíduos que não conhecemos
aprendessem fatos que nós mesmos ainda desconhecemos e utilizassem este conhecimento
em suas ações.

E é graças aos esforços harmônicos de muitas pessoas que se pode utilizar uma quantidade
de conhecimento maior do que aquela que um indivíduo isolado pode acumular ou do que
seria possível sintetizar intelectualmente. E graças a essa utilização do conhecimento
disperso é que se tornam possíveis realizações superiores às que uma mente isolada poderia
prever.

É justamente porque liberdade significa renúncia ao controle direto dos esforços individuais
que uma sociedade livre pode fazer uso de um volume muito maior de conhecimentos do
que aquele que a mente do mais sábio governante poderia abranger.

As chances de erro

A partir destas premissas básicas sobre as quais se fundamenta a justificativa da liberdade,


segue-se que não poderemos alcançar suas metas se limitarmos o uso da liberdade apenas
àquelas circunstâncias especiais nas quais sabemos que ela será benéfica. Não é liberdade
aquela concedida somente quando seus efeitos benéficos são conhecidos de antemão.

Se soubéssemos de que forma a liberdade seria usada, não teríamos necessidade de


justificá-la. Nunca conseguiremos os benefícios da liberdade, nunca alcançaremos os
avanços imprevisíveis que ela possibilita, se ela não for também concedida nos casos em
que sua utilização parecer indesejável.

Portanto, não se pode alegar como argumento contra a liberdade individual que as pessoas
frequentemente abusam dessa liberdade. Liberdade significa, necessariamente, que cada
um acabará agindo de uma forma que poderá desagradar aos outros.

Nossa fé na liberdade não se baseia nos resultados previsíveis em determinadas


circunstâncias, mas na convicção de que ela acabará liberando mais forças para o bem do
que para o mal.

Segue-se, também, que a importância de termos liberdade de ação não está de modo algum
relacionada com a perspectiva de nós, ou a maioria, estarmos, algum dia, em condições de
utilizar tal possibilidade. Conceder apenas o grau de liberdade que todos têm a possibilidade
de exercer significaria interpretar sua função de modo totalmente errado.

Por esse raciocínio errôneo, a liberdade utilizada apenas por um homem entre um milhão
pode ser mais importante para a sociedade e mais benéfica para a maioria do que qualquer
grau de liberdade que todos nós poderíamos desfrutar. Poder-se-ia dizer até que, quanto
menor a oportunidade de se fazer uso da liberdade para determinado fim, mais preciosa ela
será para a sociedade como um todo. Quanto menor a oportunidade, tanto mais grave será
perdê-la quando surgir, pois a experiência que oferece será quase única.

Por outro lado, é provavelmente correto dizer que a maioria não se interessa diretamente
senão por uma parcela mínima das coisas importantes que uma pessoa deveria ter liberdade
de fazer. A liberdade é tão importante justamente porque não sabemos como os indivíduos a
usarão. Se não fosse assim, também seria possível chegar aos resultados da liberdade se a
maioria decidisse o que os indivíduos deveriam fazer. Mas a ação da maioria está
necessariamente restrita ao que já foi testado e averiguado, a questões que já obtiveram o
consenso no processo de análise que deve ser precedido por diferentes experiências e ações
de indivíduos diferentes.

Liberdade para o desconhecido

Os benefícios que a liberdade me concede são, assim, em grande parte, o resultado do uso
que outros fazem dela e, principalmente, dos usos dos quais eu nunca me poderia valer. Por
isso, o mais importante para mim não é necessariamente a liberdade que eu próprio posso
exercer. É muito mais importante que alguém possa experimentar tudo do que a
possibilidade de todos fazerem as mesmas coisas.

Não é porque gostamos de poder fazer determinadas coisas, nem porque consideramos
algum tipo de liberdade essencial à nossa felicidade, que temos direito à liberdade. O
instinto que nos faz reagir contra qualquer restrição física, embora seja um aliado útil, nem
sempre representa padrão seguro para justificar ou delimitar a liberdade. O importante não é
o tipo de liberdade que eu próprio gostaria de exercer e sim o tipo de liberdade de que
alguém pode necessitar para beneficiar a sociedade. Só poderemos assegurar essa liberdade
a uma pessoa desconhecida se a conferirmos a todos.

Os benefícios da liberdade não são, portanto, limitados aos homens livres — ou, pelo
menos, um homem não se beneficia apenas daqueles aspectos da liberdade dos quais ele
próprio tira vantagem. Não há dúvida de que, ao longo da história, maiorias não-livres se
beneficiaram com a existência de minorias livres, e as sociedades não-livres de hoje se
beneficiam daquilo que podem obter e aprender de sociedades livres.

Evidentemente, os benefícios que obtemos com a liberdade de outros tornam-se maiores na


medida em que cresce o número daqueles que podem exercer a liberdade.

A tese que justifica a liberdade para alguns aplica-se, portanto, à liberdade para todos. Mas
é ainda melhor para todos que alguns sejam livres do que ninguém; e, também, bem melhor
que muitos possam gozar de plena liberdade do que todos terem uma liberdade restrita.

O mais significativo é que a importância da liberdade de agir de determinada maneira nada


tem com o número de pessoas que querem agir assim: a proporção poderia ser inversa. Uma
consequência disto é que uma sociedade pode ser tolhida por controles, embora a grande
maioria possa não se dar conta de que a sua liberdade foi restringida de forma considerável.
Se agíssemos a partir do pressuposto de que só é importante o uso que a maioria venha a
fazer da liberdade, estaríamos criando uma sociedade estagnada com todas as características
da falta de liberdade.

A natureza das mudanças

As inovações imprevistas que aparecem constantemente ao longo do processo de adaptação


consistirão, primeiramente, em novos arranjos ou modelos, em que se encontram
coordenados os esforços de diferentes indivíduos, e em novas organizações para o uso de
recursos, por natureza tão passageiras quanto as condições específicas que permitiram seu
aparecimento.

Haverá, em segundo lugar, modificações de instrumentos e de instituições, adaptadas às


novas circunstâncias. Algumas delas serão também meras adaptações temporárias às
condições do momento, enquanto outras constituirão melhoramentos que, por aumentar a
versatilidade dos instrumentos e hábitos existentes, serão mantidos.

Estes últimos representarão uma adaptação melhor, não apenas às circunstâncias específicas
de tempo e espaço, mas a uma característica permanente do nosso meio. Nestas
"formações" espontâneas está incorporada uma percepção das leis gerais que governam a
natureza. Esta incorporação cumulativa da experiência em instrumentos e formas de ação
permitirá uma evolução do conhecimento explícito, de normas genéricas expressas que
podem ser transmitidas pela linguagem de uma pessoa a outra.

Este processo de surgimento do novo pode ser mais bem entendido na esfera intelectual
quando seu resultado são idéias novas. Neste campo, a maioria de nós percebe pelo menos
alguns estágios individuais do processo; sabe necessariamente o que está ocorrendo e, por
esta razão, em geral, reconhece a necessidade de liberdade. A maioria dos cientistas
compreende que não podemos planejar o avanço do conhecimento, que na busca rumo ao
desconhecido — e é isso que constitui a pesquisa — dependemos, em grande parte, dos
caprichos dos gênios e das circunstâncias, e que o avanço científico, assim como uma idéia
nova que surge na mente de um indivíduo, será a consequência de uma combinação de
conceitos, hábitos e circunstâncias que a sociedade proporciona a um indivíduo, resultando
tanto de acasos felizes quanto de um esforço sistemático.

Como percebemos mais facilmente que nossos avanços na esfera intelectual muitas vezes
são fruto do imprevisto e do não-planejado, somos levados a exagerar a importância da
liberdade de pensamento e a ignorar a importância da liberdade de ação. Mas a liberdade de
pesquisa e de opinião e a liberdade de expressão e discussão, cuja importância é plenamente
compreendida, são significativas somente no último estágio do processo de descoberta de
novas verdades.

Enaltecer o valor da liberdade intelectual, em detrimento do valor da liberdade de ação,


equivaleria a tomar o topo de um edifício como o todo. Novas idéias devem ser discutidas,
diferentes pontos ajustados, pois estas idéias e pontos de vista surgem dos esforços, em
circunstâncias sempre novas, de indivíduos que se valem, em suas tarefas concretas, dos
novos instrumentos e formas de ação que eles assimilaram.

A complexidade do progresso

O aspecto não intelectual deste processo — a formação do ambiente material modificado,


no qual o novo emerge — exige, para a sua compreensão e apreciação, um esforço de
imaginação bem maior do que os fatores destacados pela perspectiva intelectualista.

Embora às vezes possamos identificar os processos intelectuais que conduziram a uma idéia
nova, provavelmente nunca poderíamos reconstituir a sequência e a combinação das
contribuições que não levaram à aquisição do conhecimento explícito; provavelmente nunca
poderíamos reconstituir os hábitos adequados e as aptidões que foram empregadas, os meios
e as oportunidades utilizadas e o ambiente peculiar dos atores principais que permitiram
aquele resultado.
As nossas tentativas de compreender essa parte do processo não podem ir além de mostrar,
em modelos simplificados, as forças que nele operam e de indicar o princípio geral e não o
caráter específico das influências que atuam no caso. Os homens sempre se preocupam
apenas com o que sabem. Portanto, as características que, durante o processo, não são
conhecidas ao nível da consciência costumam ser ignoradas e provavelmente nunca podem
ser identificadas em detalhe.

Na realidade, estas características inconscientes, além de geralmente desprezadas, muitas


vezes são consideradas um obstáculo e não uma contribuição ou uma condição essencial.
Por não serem "racionais", no sentido de serem utilizadas em nosso raciocínio,
frequentemente são consideradas irracionais, contrárias à ação inteligente.

Todavia, embora a maior parte dos elementos não-racionais que afetam nossa ação possa
ser irracional neste sentido, a maioria dos "meros hábitos" e "instituições sem sentido", que
usamos e pressupomos em nossas ações, representa condições essenciais para a realização
de nossos objetivos, constituindo formas de adaptação da sociedade que já demonstraram
sua eficácia e utilidade, que estão sendo constantemente aperfeiçoadas e das quais depende
a dimensão daquilo que podemos realizar. Embora seja importante descobrir suas falhas,
nem por um momento poderíamos ir em frente sem confiar nelas constantemente.

A maneira pela qual aprendemos a organizar nosso dia, a nos vestir, a comer, a arrumar
nossas casas, a falar, a escrever e a utilizar outros incontáveis instrumentos e implementos
da civilização, sem esquecer a experiência prática (o know-how) da produção e do
comércio, dá-nos constantemente os fundamentos nos quais se devem basear nossas
próprias contribuições ao processo de civilização.

E, no novo uso e aperfeiçoamento dos instrumentos que nos são oferecidos pela civilização,
surgem as novas idéias que serão empregadas finalmente na esfera intelectual.

Embora o uso consciente do pensamento abstrato, uma vez iniciado, tenha até certo ponto
uma vida própria, não poderia perdurar e desenvolver-se por muito tempo sem os desafios
constantes que se apresentam, pois os indivíduos são capazes de agir de uma maneira nova,
de experimentar outras maneiras de fazer as coisas e de mudar toda a estrutura da
civilização, na tentativa de se adaptar à mudança.

O processo intelectual é, com efeito, apenas um processo de elaboração, seleção e


eliminação de idéias já formadas. E o fluxo de novas idéias nasce, em grande parte, da
esfera na qual a ação, muitas vezes não racional, e acontecimentos materiais se influenciam
reciprocamente. Este fluxo estancaria se a liberdade fosse confinada à esfera intelectual.

A importância da liberdade, portanto, não depende do caráter elevado das atividades que ela
torna possíveis. A liberdade de ação, mesmo nas coisas simples, é tão importante quanto a
liberdade de pensamento. Tornou-se um senso comum desmerecer a liberdade de ação
apelidando-a de "liberdade econômica". Mas o conceito de liberdade de ação é muito mais
amplo do que o de liberdade econômica (o qual ela engloba).

E, o que é mais importante, é extremamente duvidoso que haja ações que possam ser
consideradas meramente "econômicas" e que as restrições à liberdade possam ficar
limitadas aos chamados aspectos "econômicos".

Considerações econômicas são apenas aquelas pelas quais conciliamos e ajustamos nossos
diferentes objetivos, nenhum dos quais, em última análise, é econômico (exceto os do
avarento ou do homem para o qual ganhar dinheiro se tornou um fim em si mesmo).
Os objetivos são abertos

O que dissemos até agora se aplica, em grande parte, não apenas ao uso dos meios para a
realização dos objetivos individuais, mas também a estes mesmos objetivos.

Uma sociedade é livre, entre outras razões, porque as aspirações dos indivíduos não são
limitadas, uma vez que o esforço consciente de alguns indivíduos pode gerar novos
objetivos, que posteriormente serão adotados pela maioria. Devemos reconhecer que
mesmo o que agora consideramos bom ou bonito pode mudar — se não de uma forma
perceptível que nos permita adotar uma posição relativista, pelo menos no sentido de que,
em muitos aspectos, não sabemos o que será bom ou bonito para outra geração.

Também não sabemos por que consideramos isto ou aquilo bom, nem quem está com a
razão quando há divergência acerca do que é bom ou não. Não somente em termos do seu
conhecimento, mas também em termos dos seus objetivos e valores, o homem é um produto
da civilização; em última análise, é a importância destas aspirações individuais para a
perpetuação do grupo ou da espécie que determinará se persistirão ou mudarão.

Evidentemente, é um erro acreditar que podemos tirar conclusões acerca da qualidade dos
nossos valores apenas porque compreendemos que são produto da evolução. Mas
dificilmente poderíamos duvidar que estes valores são criados e alterados pelas mesmas
forças evolutivas que produziram nossa inteligência. Podemos apenas saber que a decisão
final a respeito do que é bom ou ruim não caberá à sabedoria de indivíduos, mas à
decadência dos grupos que adotaram idéias "erradas".

Medidas de sucesso

É na busca dos objetivos a que o homem se propõe em determinado momento que podemos
comprovar se os instrumentos da civilização são adequados; os ineficazes serão
abandonados e os eficientes mantidos. Mas não se trata apenas do fato de que, com a
satisfação de necessidades antigas e com o aparecimento de novas oportunidades, surgem
constantemente novas finalidades. O sucesso e a perpetuação deste ou daquele indivíduo ou
grupo dependem tanto dos objetivos por eles perseguidos, dos valores que governam suas
ações, como dos instrumentos e da capacidade de que dispõem.

A prosperidade ou extinção de um grupo dependerá tanto do código de ética ao qual


obedece, ou dos ideais de beleza e felicidade a que se atém, como do grau em que aprendeu,
ou não, a satisfazer suas necessidades materiais.

Em qualquer sociedade, certos grupos podem ascender ou declinar de acordo com as metas
que perseguem e os padrões de conduta que observam. E as metas do grupo que teve êxito
tenderão a ser adotadas pelos demais membros da sociedade.

Na melhor das hipóteses, podemos entender somente em parte a razão pela qual os valores
que defendemos ou as normas éticas que observamos contribuem para a perpetuação da
nossa sociedade. E nem podemos ter certeza de que, em condições de mudança constante,
todas as normas que, comprovadamente, contribuem para a consecução de um determinado
fim continuarão desempenhando esta função.

Embora se costume supor que todo padrão social estabelecido contribui, de certa forma,
para preservar a civilização, o único meio de confirmá-lo será averiguar se, concorrendo
com os padrões adotados por outros grupos ou indivíduos, ele continua a se mostrar
adequado.
A concorrência permite alternativas

A concorrência, na qual se baseia o processo de seleção, deve ser entendida no seu mais
amplo sentido. Ela implica não apenas a concorrência entre indivíduos como também a
concorrência entre grupos organizados e não organizados. Encará-la como algo que se
contrapõe a cooperação ou a organização seria interpretar incorretamente sua natureza.

O esforço para conseguir certos resultados mediante a cooperação e a organização é tão


inerente à concorrência quanto os esforços individuais. A distinção relevante não está entre
a ação individual e a ação de grupo mas, por um lado, entre as condições em que seja
possível experimentar alternativas, baseadas em diferentes pontos de vista ou métodos, e,
por outro lado, as condições nas quais um organismo detém o direito exclusivo e o poder de
impedir que outros participem.

Somente quando tais direitos exclusivos são conferidos na pressuposição de que certos
indivíduos ou grupos possuem conhecimento superior, o processo deixa de ser experimental
e as convicções que prevalecem em dado momento podem tornar-se um obstáculo ao
progresso do conhecimento.

Defender a liberdade não significa opor-se à organização — que constitui um dos meios
mais poderosos que a razão humana pode empregar —, mas opor-se a toda organização
exclusivista, privilegiada ou monopolística, ao emprego da coerção para impedir que outros
tentem apresentar melhores soluções.

Toda organização baseia-se em certos conhecimentos; organização significa dedicação a um


objetivo específico e a métodos específicos, mas até a organização destinada a aumentar o
conhecimento só será eficiente na medida em que o conhecimento e as convicções nas quais
seu plano se baseia forem verdadeiros.

E, se qualquer fato vier a contradizer as convicções nas quais está alicerçada a estrutura da
organização, isto só se tornará evidente se ela fracassar e for suplantada por outro tipo de
organização. A organização, por este motivo, poderá ser benéfica e eficiente enquanto for
voluntária e se der em uma esfera livre, e terá de se ajustar a circunstâncias que não foram
consideradas em sua concepção, ou então fracassar.

Transformar toda a sociedade em uma única organização, criada e dirigida conforme um


único plano, equivaleria a extinguir as próprias forças que formaram as mentes humanas
que a planejaram.

Vale a pena parar por um momento e analisar o que aconteceria se fosse empregado em
todas as ações somente aquilo que o consenso geral considerasse o conhecimento mais
avançado. Se fossem proibidas todas as tentativas que parecessem supérfluas à luz do
conhecimento aceito pela maioria, e se se indagasse apenas a respeito das coisas
consideradas significativas pela opinião dominante ou se realizassem apenas as experiências
ditadas por esta opinião, a humanidade chegaria talvez a um ponto em que seu
conhecimento permitiria prever as consequências de todas as ações comuns e evitar todas as
desilusões ou fracassos.

Então, aparentemente, o homem teria sujeitado seu ambiente à sua razão, pois somente
empreenderia aquelas tarefas cujos resultados fossem totalmente previsíveis. Poderíamos
imaginar que a civilização teria deixado de evoluir, não por se terem esgotado as
possibilidades de um crescimento futuro, mas porque o homem teria conseguido sujeitar tão
completamente todas as suas ações e o meio ambiente imediato ao seu nível de
conhecimento, que novos conhecimentos não teriam qualquer oportunidade de surgir.
O racionalista que deseja sujeitar tudo à razão humana encontra-se, assim, diante de um
verdadeiro dilema. O uso da razão visa ao controle e à possibilidade de previsão. Mas o
processo evolutivo da razão baseia-se na liberdade e na imprevisibilidade da ação humana.

Aqueles que exaltam os poderes da razão humana normalmente veem apenas um lado da
interação do pensamento e da conduta, na qual a razão atua na prática e, ao mesmo tempo, é
modificada por esta prática. Eles não percebem que, para haver progresso, o processo social
que possibilita a evolução da razão deve permanecer livre do seu controle.

Congelando o processo

Resta pouca dúvida de que o homem deve parte de seus maiores sucessos ao fato de não ter
sido capaz de controlar a vida social. Seu avanço contínuo provavelmente dependerá de sua
renúncia deliberada aos controles que agora estão em seu poder.

No passado, as forças evolutivas espontâneas, embora muito limitadas pela coerção


organizada do estado, ainda podiam afirmar-se contra este poder. Dados os meios
tecnológicos de controle hoje à disposição do governo, talvez já não seja possível afirmar
isso; de qualquer forma, em breve poderá tornar-se impossível.

Não estamos longe do momento em que as forças deliberadamente organizadas da


sociedade poderão destruir as forças espontâneas que tornaram possível o progresso.

 Marcos 17/11/2015 15:24

Artigo profundo e completo. E diria até irrefutável. Dos melhores deste site. Pena que será
pouco lido, pois é um artigo mais filosófico.

RESPONDER

Jéferson S. 11/05/2017 13:15

Muito bom!!! Ler Hayek é uma coisa, compreender é outra bem diferente,
acompanhar as linhas de raciocínio do homi me fadiga o cerébro... xD

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Jairdeladomelhorqptras 08/05/2019 23:20

Caro Jeferson,
Adote o meu sistema. Leia um pouc; talvez 1/6 do texto. Volte a reler
amanhã. E assim por diante. É de assimilação lenta. É como uma refeição
de extrema qualidade. A degustação do texto do Hayek é para ser feita em
pequenas porções.
Abraços

RESPONDER

Kaio 16/05/2020 18:03

É um artigo filosófico pq Hayek era um filósofo e, naturalmente,


focava na filosofia. Teoria e assuntos econômicos ele deixava
mais pros economistas e apenas os tangenciava.
É preciso entender isso pra compreender a profundidade dos
ensinos

RESPONDER

Marcelo 18/05/2020 17:57

A liberdade se refere às escolhas e a ética consiste na


responsabilização pelas consequências delas advindas.
Na criação é o livre arbítrio.
Na economia é a livre concorrência.
Na organização político-social é a democracia, que não pode
prescindir da transparência, dos valores espirituais judaico/cristãos
e do livre mercado.
A liberdade é o sangue do nosso espírito.
Sem liberdade o fôlego de vida é reduzido a uma mera respiração
por aparelhos.
Nunca houve uma ameaça tamanha à liberdade humana, quanto
agora, em que vivemos sob a égide do engano, com o monopólio
da opinião a serviço de uma Nova Ordem Mundial autoritária em
nome da democracia.

RESPONDER

Eduardo R., Rio 17/11/2015 18:18

O livro The Constitution of Liberty, em português.

RESPONDER


Adelson Paulo 17/11/2015 18:26

"A Ética da Liberdade", de Murray Rothbard, foi um dos livros mais instigantes e
interessantes que já li. Partindo de princípios básicos e estruturado na lógica, constrói-se
todo um arcabouço ético e moral para nossas ações e decisões em sociedade. Em muitos
momentos Rothbard é extremamente radical, mas de uma radicalidade que provoca e
estimula nossa reflexão. E esta extrema radicalidade deságua em pacifismo e compreensão,
e não em violência ou intolerância.
Este artigo de Hayek reforça esta concepção libertária, agora em um plano mais político de
ação.
Parabéns ao Instituto Mises por fornecer tanta luz, em momentos de tanto obscurantismo.

RESPONDER

Pedro 17/11/2015 19:32

Excelente artigo do IMB.

RESPONDER

Taxidermista 17/11/2015 20:20

O economista da escola austríaca Steven Horwitz tem um ensaio em que ele aborda a
perspectiva de Hayek relativamente ao liberalismo:

www.gmu.edu/depts/rae/archives/VOL13_1_2000/horwitz.pdf

E o mesmo Horwitz acaba de lançar um livro sobre as instituições sociais (especialmente a


família) na perspectiva hayekiana:

www.amazon.com/Hayeks-Modern-Family-Liberalism-Institutions/dp/1137448229/
ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1447791614&sr=1-1

RESPONDER

Adelson Paulo 18/11/2015 14:21

Prezado, seguindo sua dica li o artigo de Horwitz "From The Sensory Order to the
Liberal Order: Hayek's Non-rationalist Liberalism". E deparei-me com uma nova
descoberta: as incursões de Hayek na Psicologia! O artigo de Horwitz apresenta a
abordagem de Hayek sobre a natureza da mente humana e suas implicações na
economia e na sociedade, inclusive nos arcabouços jurídico e legal. Simplesmente
fantástico!
Me surpreendeu ainda mais as conexões com visões mais esotéricas sobre a
natureza do conhecimento humano, em particular a obra fantástica e intrigante (e
também polêmica) de Carlos Castaneda (o discípulo de Don Juan), depois abordada
por Deepak Chopra.
Estes caras eram mesmo gênios: Mises e Hayek!

RESPONDER

Taxidermista 18/11/2015 14:43

Caro Adelson Paulo:

fiquei contente que você tenha lido o artigo indicado.

De fato, meu caro, o livro "The Sensory Order" é uma contribuição de


Hayek à psicologia (mais propriamente, à base filosófica da psicologia,
porquanto ele delineia ali uma teoria da mente, como você bem observou).

E veja que interessante: Thierry Aimar, economista francês especialista no


pensamento austríaco, escreveu um livro em cujo Capítulo 4 ele coloca o
"Sensory Order" num contexto mais amplo (analisando-o ao lado da
praxeologia misesiana), afirmando que tal obra pode ser vista como o
intento de Hayek para a teoria da "market formation".

O livro citado é esse: https://books.google.co.in/books?


id=GVQ2VJ5p_KYC&pg=PA260&lpg=PA260&dq=The+Economics+of+
Ignorance+and+Coordination+elgar&source=bl&ots=AKy9yHOOC1&sig
=KmMGiEwH3-dDf4zGEE5poE5DCfE&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0CCgQ6AEwAWoVChMIwfSIqJmayQIVRheQCh0nPgj
W#v=onepage&q=The%20Economics%20of%20Ignorance%20and
%20Coordination%20elgar&f=false

Abraço fraternal!

RESPONDER

Rodrigo Pereira Herrmann 17/11/2015 21:27

Parece que o velho Hayek, com o passar da vida (ou desde sempre, não sei), foi
abandonando o idealismo kantiano e a vaidade inflada do racionalismo iluminista. bom pra
ele.

ainda que a razão humana seja intrinsecamente limitada e precária, como ele reconhece,
ainda assim ela é capaz de maravilhas, de coisas inesperadas, tanto mais encontre uma
circunstância favorável. a liberdade é o reconhecimento de que há algo excepcional,
inabarcável, inexpugnável na criatura humana, que lhe faz engenhosa e imprevisível (no
sentido do bem, sobretudo. a razão não é auto-suficiente, mas também não se esgota nas
coisas. não interessa defini-la (há uma aproximação com a concepção tomista? será?). basta
perceber que essa força se desdobra com mais intensidade quando encontra campo livre.

não obstante, o ser humano é um ser social inserido num contexto. a ordem política-cultural
importa. ela se configura num esquema de possibilidades que traduz a melhor (mais
adequada) compreensão da vida daquele grupo social, esquema que pode e deve
evoluir/ampliar-se pelo esforço conjunto e livre da razão inspirada. novas intuições sugerem
novos modos de vida que pedem, por sua vez, novas instituições. é a dialética da existência.

bom, Hayek. muito bom.

RESPONDER

José R.C.Monteiro 17/11/2015 22:22

Saudações, interessante que no artigo F.Hayek usa as palavras: fé, esperança, humildade,
etc., todas essas coisas giram em uma clave acima da racionalidade, algo parecido com a
necessidade de espiritualidade, quiçá religiosidade.

O senso de moralidade, diretamente atrelado à religiosidade, uma vez restituído volta o livre
comércio à sua condição normal de sempre, ou seja, a liberdade, assim como fomos
pensados por DEUS, a boa ideia que somos.

Tenho comigo que o sistema econômico abstraído dos valores morais é antagonismo per se,
quer dizer, o antagonismo gerado por uma impossibilidade.

Pensando um pouco no maior exemplo mundial de capitalismo e livre comércio, os U.S.A.,


esse povo foi construído em base religiosa, foi nos Estados Unidos da América que nasceu o
termo estado laico, imprescindível juridicamente à época.

Acompanho os amigos, excelente texto.

RESPONDER

Amarílio Adolfo da Silva de Souza 17/11/2015 22:35

CHEGA DE IMPOSTO!

RESPONDER

Bruno Pacheco 18/11/2015 01:36

Lendo Hayek neste artigo , mais uma vez me deparo com uma conclusão que creio ser
verdadeira, que Hayek ao menos em certa medida é um conservador, porém, como o termo
é um pouco estranho tanto para ele quanto para Mises, creio que "tradicionalista" seria
melhor.

Já que neste artigo e em outros artigos ele nota que a formação das instituições sociais ao
nosso redor é resultado não intencional (ordem espontânea), e que pelo teste do tempo,
sobreviveram e merecem ser mantidos pois são uma garantia de ordem e liberdade.

RESPONDER

Filipe Olegario 09/05/2017 23:11

É interessante como Hayek aplica sistematicamente o método evolutivo na análise


da formação das instituições. Perfeito. Apenas o prognóstico me parece inadequado,
embora talvez não o fosse em sua época. O progresso tecnológico, ao invés de
viabilizar a restrição total da liberdade, torna-se cada vez mais a estrutura de
funcionamento do capitalismo, tornando-o mais robusto e resistente à ação
coercitiva do governo.

RESPONDER

Lulz 18/11/2015 03:29

verdade sobre tragedia mariana, não as doacoes, sim a justiça.Multinacional tem que arcar
com prejuizo, limpar o local e indenizar as vitimas.
https://www.youtube.com/watch?v=zjqLpVUuVvA

RESPONDER

Lulz 19/11/2015 01:33

Desculpe link errado, aqui esta o link:


https://www.youtube.com/watch?v=DR6Fw3rACuk

RESPONDER

Arnaldo 09/05/2017 16:21

não me importo

RESPONDER

Igor Moreira Celestino 18/11/2015 19:34

Obrigado por compartilhar essa pérola!

RESPONDER

Guilherme 20/03/2016 18:51

Um dos melhores artigos em defesa da liberdade que eu já vi. Praticamente irrefutável.

RESPONDER

Emerson Luis 25/03/2016 11:50

Embora preguem a igualdade, os socialistas partem do pressuposto oculto de que existem


pessoas especiais que são sobrenaturalmente superiores aos seres humanos comuns (tanto
em capacidade intelectual quanto em compreensão moral) e que essa elite deve dominar a
maioria para o bem geral e o avanço da Marcha da História. Esses seres superiores que os
socialistas acreditam existir seriam eles próprios.

***

RESPONDER

anônimo 09/05/2019 00:41


Prezado Emerson se você me permite, gostaria de complementar...
O socialista é pragmático e só tem uma coisa em mente, ter o poder de controlar.
Ele sabe que o controle é o meio de atingir a meta superior, o poder sobre os demais
e, dessa forma, usufruir de suas benesses.
Sua estratégia começa com a divisão, ou seja, a guerra de todos contra todos...
homem vs. mulher, patrão vs. empregado, rico vs. pobre, tudo que possui
antagonismo se torna uma poderosa arma do socialista, ali ele joga com a discórdia
e depois se apresenta como o apaziguador supremo, fazendo com que a discórdia
criada por ele seja erradicada pelo controle exercido por ele. Esse é o "modus
operandi" do socialista e, se analisarmos bem, é um "modus operandi"
genuinamente humano, o que talvez explique esse anseio quase que carnal que as
pessoas possuem por controle.
O que vem a seguir nós já sabemos, o indivíduo veste a farda, enriquece e instaura o
regime.
Seus súditos... Ah seus súditos... agora estão em êxtase... em suas mentes, todos
viraram um só e um só agora é todos... todos vão rir juntos... todos vão chorar
juntos... até que... falte comida no prato... esse dia vai chegar... e
vai faltar...

Li tanta coisa boa nesse artigo, obrigado misses... mas acho que esse parágrafo
merece ser repetido... um alerta do que está por vir...

"Resta pouca dúvida de que o homem deve parte de seus maiores sucessos ao fato
de não ter sido capaz de controlar a vida social. Seu avanço contínuo provavelmente
dependerá de sua renúncia deliberada aos controles que agora estão em seu poder."

RESPONDER

Erica 16/10/2016 22:20

Parabéns pela divulgação em português do trecho do livro The Constitution of Liberty!


Conhecer um pouco mais do contexto filosófico, histórico e social vivido pelo professor
Hayek ilumina ainda mais minhas convicções e meu aprendizado sobre economia. Abraços!

RESPONDER

Wanderson 09/05/2017 16:25

O texto afirma que o povo é ignorante e que o mais sábio dos governantes não deveria
governar, mas uma sabedoria difusa no meio social baseada na lógica de cada escolha.
Obviamente, o libertarianismo confunde as escolhas mais lógicas com as melhores escolhas.
Sem um padrão de moralidade, não há liberalismo que funcione. Infelizmente, os libertários
insistem em substituir a base moral valorativa pela base lógico-econômica como
sustentáculo da sociedade, o que pode levar o homem a fazer maus negócios, afinal, o bem é
um valor moral e não lógico. Não é à toa que o relativismo moral leva, necessariamente, ao
comunismo. Se todas as opiniões são iguais, somente o grupo mais coeso e mais forte se
sustentará, e essa coesão terá bases imorais, necessariamente. Libertarianismo e comunismo
é o caminho dos maus homens.
RESPONDER

Emerson 09/05/2017 17:00

"O texto afirma que o povo é ignorante"

O artigo não fala absolutamente nada disso (e, se falasse, eu concordaria


plenamente; mas não fala).

Um sujeito que já começa mentindo e caluniando logo na primeira frase faz um


grande favor ao resto de humanidade: ele rapidamente deixa explícito seu mau-
caratismo, desobrigando a todos os sensatos de levá-lo a sério.

"Sem um padrão de moralidade, não há liberalismo que funcione."

Não apenas o texto não discorda disso, como este nem sequer é o tema. O tema é
controle e dirigismo, e não ética e moralidade. Você, além de mentiroso e
caluniador, é tambem analfabeto funcional.

"Infelizmente, os libertários insistem em substituir a base moral valorativa pela


base lógico-econômica como sustentáculo da sociedade, o que pode levar o homem
a fazer maus negócios, afinal, o bem é um valor moral e não lógico."

Opa, esse ponto foi abordado explicitamente no artigo. O fato de você estar
repetindo exatamente o que foi abordado no artigo mostra que você nem sequer o
leu. Deu manota. Ficou à descoberto.

"Não é à toa que o relativismo moral leva, necessariamente, ao comunismo. Se


todas as opiniões são iguais, somente o grupo mais coeso e mais forte se sustentará,
e essa coesão terá bases imorais, necessariamente. Libertarianismo e comunismo é
o caminho dos maus homens."

Essa foi tão completamente deslocada ao tema do artigo, que não há outra hipótese
senão a certeza de que você está sob o efeito de barbitúricos.

RESPONDER

Wanderson 12/05/2017 16:05

Trecho onde se afirma categoricamente que o fundamento da argmentação


sobre a liberdade é a ignorância DO POVO:

"O argumento em prol da liberdade individual fundamenta-se,


principalmente, no humilde reconhecimento de que somos ignorantes. A
realização dos nossos objetivos e do nosso bem-estar depende de uma série
de fatores sobre os quais somos inevitavelmente ignorantes."

RESPONDER

Eliseu 12/05/2017 23:44

Procurei a imputação ao povo (3ª pessoa do singular) e não achei.


Mostra de novo, por favor? Vi apenas assunção própria de culpa,
na 1ª pessoas do plural.

Falar na primeira pessoa do plural é exatamente o oposto de


apontar o dedo e dizer que a "culpa é do povo''.

É cada semi-analfa...

RESPONDER

SRV 09/05/2017 20:35

Wanderson,

Como poderia faltar aos libertários o senso de moral se


defendem a vida, a liberdade, a não-violência, a não-
coerção, e respeito à propriedade?

RESPONDER

Wanderson 12/05/2017 16:14

De boas intenções, o inferno está cheio. O


comunismo e o libertarianismo, também.
Sequestra-se com boas intenções, libera-se a
morte à míngua sob drogas com boas intenções.
Os conservadores também tem boas intenções,
mas com uma diferença, não se deixam guiar
pelas intenções mas aprendem com os fatos a
construir uma MORAL E UMA ESCALA DE
VALORES totalmente ausentes, repito,
totalmente ausentes, nos sistemas libertários e
comunistas. A ausência de hierarquia é o que
chamam de liberdade, tanto libertários quanto
comunistas.

RESPONDER

Ex-microempresario 13/05/2017 22:31

Confesso que estou muito curioso,


repito, muito curioso, para saber quais
os valores que só os conservadores
como o Wanderson tem, e em que
hierarquia, repito, em que hierarquia
eles se organizam.

Confesso também que não entendo,


repito, não entendo, a comparação entre
hierarquia e liberdade.

RESPONDER

LUIZ F MORAN 09/05/2017 19:14

Pessoas que se sentem confortáveis sendo tuteladas pelo Estado jamais compreenderão este
ensaio.

Trata-se de uma OBRA PRIMA.

RESPONDER

Adriano Winkler 09/05/2017 23:19

Perfeito, bem elaborado e completo.

RESPONDER

Anonimo 10/05/2017 20:03

OFF TOPIC:
Dada a natureza controversa do PIB(subtrair importações e considerar gastos
governamentais como positivos), a diminuição do PIB australiano de 2013 pra cá pode na
verdade significar algo bom? (Essa diminuição inclusive é usada por alguns sujeitos da
CPL, como Rian Lobato, para argumentar sobre supostas falhas do liberalismo).
RESPONDER

Bernardo 10/05/2017 21:34

Isso que você falou é realmente sério?

A Austrália cresce ininterruptamente há 25 anos. Atualmente, o crescimento do PIB


reduziu de -- atenção -- 4% para 3%!

d3fy651gv2fhd3.cloudfront.net/embed/?
s=aunagdpy&v=201704031146u&d1=20070101&d2=20171231&h=300&w=600

Se isso é "crise do liberalismo", então eu quero viver numa crise dessas para
sempre.

P.S.: ainda estou em dúvidas se esse seu relato é sério. Eu sei que a esquerda é
burra, mas um relincho desses beira a ficção.

RESPONDER

Anonimo 10/05/2017 23:03

Sim, esse texto existe, no caso é :


https://www.motorideologico.com/single-post/2016/12/24/Mas-e-a-Austr
%C3%A1lia. O trecho sobre o PIB é : "O PIB australiano vem decaindo
desde 2013, onde era, em dólares americanos, 1,5 trilhão, estando hoje
abaixo de 1,34 trilhão[...]"

RESPONDER

Chiarelli 11/05/2017 03:44

Mama mia! Ou esse cara é incrivelmente burro ou ele é


impressionantemente desonesto.

O dólar americano se valorizou em relação a todas as moedas do


mundo no período 2013-2016. Consequentemente, qualquer país
que convertesse seu PIB para dólares veria uma queda no valor.

Isso, repito, aconteceu com absolutamente todos os países. Não


foi exclusividade da Austrália.
Aliás, se o gênio aplicar esse mesmo critério ao PIB do Brasil
durante o governo Dilma (quando o dólar explodiu em relação ao
real), ele verá que o PIB brasileiro desabou. E aí, será que ele vai
manter a mesma lógica e concluir que o intervencionismo
keynesiano de Dilma foi um desastre)

RESPONDER

Sultão 11/05/2017 02:01

Meu sonho é crescimento de 3%. Meu país gasta mais


que um saudita, importa menos que eremita e o PIB aqui
é de -3%.

Isso os Keynesianos não explicam.

RESPONDER

Emerson Luis 12/05/2017 13:39

Este artigo é o ensaio inteiro do Hayek ou é um resumo?

(PS: Tomara que traduzam logo os livros de Hayek, Mises, etc.


ainda não publicados em português!)

***

RESPONDER

Friedrich von Hayek 13/05/2017 01:51

Esse artigo é um artigo do Hayek que foi retirado de seu livro The Constitution of
Liberty. No livro mesmo, esse artigo não dá um capítulo. Mas o livro The
Constitution of Liberty foi traduzido sim, sob o nome de Os Fundamentos da
Liberdade. Aqui está o link em pdf: portalconservador.com/livros/Friedrich-Hayek-
Os-Fundamentos-Da-Liberdade.pdf

Há vários livros ou artigos do Hayek que ainda não foram traduzidos, bem como
também há alguns livros do Mises que ainda não foram. Porém, quanto a Hayek, o
problema é que não existem editores publicando e vendendo a maioria de seus
livros, tais como o próprio Os Fundamentos da Liberdade.
RESPONDER

diele 16/05/2017 19:12

Ola, estou pesquisando assuntos referentes a violencia e como combate-la, e no momento


preciso de informaçoes sobre a policia de modo geral, e nao achei conteudos a respeito de
quem cuida dos proprios policiais, o apoio psicologico, treinamento por exemplo, e onde
entra a contribuiçao dos municipios, quando começa a interferencia do Estado, no combate a
violencia...o que mais achei, foi jornais criticando a policia e querendo a desmilitarizaçao
dela...ficarei grata se puderem me responder. Obrigada pelo tempo.

RESPONDER

anônimo 16/05/2017 22:10

OFF

e ai? privatizar a previdencia talvez nao seja uma boa ideia ne

https://economia.uol.com.br/noticias/bbc/2017/05/16/como-e-se-aposentar-no-chile-o-1-
pais-a-privatizar-sua-previdencia.htm?cmpid=fb-uolnot

RESPONDER

Salazar 17/05/2017 00:00

Previdência chilena? Outro arranjo completamente estatista. O governo obriga o


trabalhador a contribuir para um plano. O governo não dá a opção de o trabalhador
manter seu salário integral e direcionar uma parte dele para onde ele quiser. O
governo obriga o trabalhador a contribuir mensalmente para qualquer uma das
empresas amigas do governo (um mercantilismo explícito).

A partir do momento em que o estado garante uma clientela cativa para essas
empresas, acabou a eficiência (e as taxas de administração serão altas). E é isso o
que acontece lá. O ramo de previdência privada não possui uma "livre
concorrência", todas cobram praticamente a mesma "taxa de administração", e além
disto cobram uma "taxa de carregamento" muito elevada.

Agora, apesar de tudo isso, um chileno que pagou a previdência ao menos consegue
se aposentar. Diferentemente do que já está ocorrendo neste exato momento no
Brasil (vide funcionários públicos estaduais do Rio).

RESPONDER

anônimo 17/05/2017 01:06

Beleza,

Como organizar entao?

pelo que entendi no chile eles sao obrigados a botar ao menos 10%, sendo
q poderiam botar mais se quisessem, mas imagino que fique pelo minimo
msm. e ai? o cara se aposenta recebendo o equivalente a 690 reais por mes?

a solucao entao é liberar pra nao precisar destinar mais nada a previdencia,
e quando os caras se aposentarem morrerem de fome?

e cada um com seus problemas, é isso?

RESPONDER

Marcus Aurelius 17/05/2017 03:34

"Como organizar entao?"

Como organizar a previdência de maneira centralizada?


Impossível.

Todo este site se resume basicamente a explicar por que soluções


centralizadas são impossíveis e não têm como funcionar.

Nenhuma previdência controlada pelo estado (como a chilena) e


nenhuma reforma da Previdência (como a atual brasileira), de
qualquer tipo que seja e por mais bem pensada que seja, irão
funcionar a contento.

Sabe por quê?

Porque não existem soluções coletivas. Há apenas soluções


individuais.

Eu, por exemplo, tenho a solução para a minha Previdência. Não


contribuo para INSS, tenho grande educação financeira, invisto
mensalmente em papeis de renda fixa e estou feliz. Com 50 anos
de idade já poderei me aposentar e viver de renda.

Tenho a solução para a minha previdência, mas eu não tenho a


solução para a previdência de todos. Por mais que eu queira
genuinamente ajudar, sei que tem gente que não quer.

Já conversei com várias pessoas sobre investimentos para a


aposentadoria, e vi que a esmagadora maioria desconhece até
mesmo coisas básicas, como juros compostos (ensinado no
primeiro grau da escola). Não serei eu quem irá esquentar cabeça
para ajudar essa gente.

O que é meu já está resolvido. Tenho a solução para mim e para


meus filhos. (E talvez netos). Mas não tenho a solução para meus
vizinhos e nem para meus parentes. Nada posso fazer por eles.

"e ai? o cara se aposenta recebendo o equivalente a 690 reais por


mes?"

Se ele não tiver educação financeira e não procurar sempre os


melhores investimentos, tal valor será até muito.

Na prática, você está querendo que analfabetos financeiros tenham


uma vida financeira sossegada e confortável, garantida por
políticos. Se você continuar movido por esta crença, esteja
preparado: você vai se estrepar.

Lamento, mas o que você quer é um delírio total. Querer que


analfabetos financeiros tenham vida boa (garantida por políticos) é
o equivalente a querer que iletrados se transformem em
Shakespeare.

"a solucao entao é liberar pra nao precisar destinar mais nada a
previdencia, e quando os caras se aposentarem morrerem de
fome? e cada um com seus problemas, é isso?"

Recorrer ao coitadismo, ao vitimismo, e a afetações de indignação


(só falta a mãozinha na cintura) não alterarão a realidade acima
descrita. Ou você se educa para cuidar de si próprio no futuro
(inclusive, e especialmente, em termos financeiros) ou os políticos
foderão sua vida.

Achar que político vai cuidar da sua vida financeira futura é o


cúmulo da estupidez, da burrice e da ignorância.

Pode espernear à vontade, mas essa é a realidade. E vale para


todos.

Em todo caso, aqui vai um artigo sobre isso:

www.mises.org.br/Article.aspx?id=2589

RESPONDER

Felippe Hermes 17/05/2017 00:24

Eis a situação do Brasil:

O 1% mais rico da previdência recebe 15% do total de


recursos.
Os 50% mais pobres recebem 13% do total de recursos
pagos pela previdência.

100% dos que compõe esta elite de 1% mais ricos são


funcionários públicos, e não, não adianta se esconder
debaixo da podridão da política brasileira. Não estamos
falando apenas dos 10 mil magistrados e 2 mil políticos
aposentados. Estamos falando de 310 mil pessoas.

310 mil pessoas, todos funcionários públicos, recebem o


mesmo da previdência que 15 milhões de pessoas.

Se você não entendeu ainda o quão bizarro isso é,


imagine que no Brasil, o sétimo país mais desigual do
planeta, os 10% mais ricos detém 40,5% da renda.

Em outras palavras: nossa previdência consegue ser mais


desigual que nossa distribuição de renda.

E não, isso nem de longe é o pior da história.

O pior poderia ser saber que há pessoas que defendem a


previdência como um mecanismo de distribuição de
renda, mas também não...

O pior é que eu tenho 100% de certeza que você, sim


VOCÊ MESMO, tem um amiguinho que já compartilhou
um gráfico feito por um sindicato de funcionários
públicos para dizer que não há déficit e nem nada de
errado na previdência brasileira (sim, estamos falando de
você e do seu gráfico mentiroso ANFIP).

Se você ainda assim não entendeu qual é o lance, eu


explico: os mais pobres são uma desculpa utilizada para
manter os privilégios de certos grupos. Nada de novo no
front, exceto que os mais ricos nessa história estão
conseguindo enganar você

RESPONDER

Cristiano 15/05/2018 02:50

Exatamente!!!!

RESPONDER

Drink Coke 19/05/2020 02:35


Não entendo liberal com medo de
defender o modelo chileno como o cara
que comentou acima.

A previdência do Chile é melhor do


que a porcaria brasileira.

No Chile você recebe o que contribui e


ponto. O modelo é sustentável e justo.
Se recebe pouco é porque contribuiu
com pouco (10% da renda é bem
menos do que o tonto do Brasileiro
contribui com o INSS), se quiser
receber mais contribua com mais.

Bem diferente do INSS que é


insustentável e uma bomba ao
orçamento do governo, no final o
brasileiro além de contribuir mais
diretamente ainda contribui mais
indiretamente, já que o governo retira
de outros impostos para cobrir o deficit
previdenciario. Não basta isso o
brasileiro ainda não tem a certeza de
quando vai receber já que a tendencia é
de continuas reformas e extensão do
tempo de contribuição

Mas ainda assim há imbecis para


defender o modelo do INSS.

RESPONDER

Cristiano Firmino Rodrigues 10/05/2018 11:29

O intelecto agradece...

RESPONDER

jose 08/05/2019 19:52

o artigo do cara é totalmente loco ao contrário. meiobit.com/401319/tesla-alerta-para-


escassez-de-metais-para-futuros-carros-eletricos/

RESPONDER

Hugo 09/05/2019 17:22

Me surgiu um questionamento que eu gostaria de contar com a observação de vocês.


Quando observamos situações em que a liberdade em geral é tolhida, esta é feita por um
pequeno grupo de pessoas que impõem um regime sobre uma grande maioria, e
normalmente por essa minoria deter o monopólio da força.
Mas a chegada dessa minoria nessa condição de dominação não se deu na origem por um
processo de liberdade da maioria que acaba por abrir mão da sua autodeterminação
buscando beneficios indiviuais, contidos nas promessas?
Resumindo: não seria a falta de liberdade um efeito colateral e resultado da própria
liberdade? Ou seja, será q em um ambiente totalmente liberal, eventualmente não surgiriam
cenários em que as pessoas optem pela ausência de liberdade?

RESPONDER

Eliseu 09/05/2019 20:18

Não, essa minoria chegou ao poder fazendo exatamente o oposto: esbulhando,


chantageando e ameaçando de morte.

www.mises.org.br/Article.aspx?id=2725

RESPONDER

John Medaille 09/05/2019 18:09

O Erro sobre Liberdade

A economia pretende ser, como a física que ela macaqueira, "livre de valores", mas há na
verdade uma coisa que todos os economistas destas escolas valorizam: liberdade. De fato, a
liberdade nestas teorias desloca tanto toda a ordem moral como todo o âmbito teleológico
para se tornar o Santo Graal, aquilo pelo que devemos constantemente buscar e em cujo
nome devemos sacrificar tudo.

O problema é que eles nunca definem efetivamente a liberdade. E a razão pela qual eles não
o fazem é óbvia: tal discussão acarretaria questões filosóficas, políticas, sociais e éticas
indesejadas que comprometeriam a natureza "desprovida de valores" da ciência. Melhor que
seja adotada como um pressuposto implícito, um que opera mais no nível emocional do que
no nível racional. Mas sem defini-la explicitamente, como saber que você a encontrou?

Apesar de eles não darem uma definição explícita, eles de fato dão uma implícita: Liberdade
é tudo que ocorre na ausência de coerção. Mas isso só desloca o problema, da definição de
liberdade para a definição de coerção. Novamente, a definição é implícita ao invés de
explícita, o que é metodologicamente suspeito. E a definição implícita que eles parecem
estar usando envolve violência aberta e regulação governamental. Em outras palavras,
regras comprometem a liberdade. Daí que o neoclassicismo tem suspeitado de regulação e o
austrianismo em particular tem sido claramente hostil.

Mas isso é simplesmente incorreto; liberdade e regras não são opostos, mas complementos.
Liberdade irrestrita, ou licenciosidade, não é liberdade em qualquer sentido substantivo, e
logo leva à perda de liberdade. O que causa isso é confundir liberdade com escolha livre.
Mas liberdade irrestrita de escolha não é o mesmo que liberdade, e é na verdade seu oposto.

Pensemos assim: Ao escolher seu método preferido de ingerir cocaína, você é livre para
escolher entre as formas de pó e de crack. Você pode comparar o preço e a utilidade
relativos de cada um, e tomar uma decisão racional e informada. Mas enquanto esta
obviamente representa uma escolha livre, ela não pode ser uma escolha de liberdade, já que
qualquer das escolhas leva à escravidão. A liberdade humana, para ser verdadeiramente
livre, necessita de limites, necessita de regras.

Da mesma maneira, os mercados não podem existir sem regras. Nós podemos comparar os
mercados a um jogo. Pense em um jogo de futebol sem regras. Ele simplesmente não
poderia existir. E as regras demandam árbitros. Se não houvesse homens em listras para
jogar a bandeira amarela, soprar o apito e parar o jogo quando alguém agarra uma máscara
facial, poucos ousariam entrar em campo; as taxas de mortalidade simplesmente seriam
muito altas. Regulações não acabam com o jogo, elas tornam o jogo possível. O mesmo é
verdadeiro com mercados: ninguém vai entrar em um mercado caótico.

Isso não impede que a regulação possa ser problemática. De fato, há dois erros que são
muito comuns: um é a captura regulatória, pela qual os atores mais fortes determinam as
regras para a exclusão de todos os outros, e a outra é a regulação por desconfiança, pela qual
todas as ações de um negócio são reguladas ao ponto de elevar os custos de transação a
níveis ineficientes e até mesmo inaceitáveis e impossíveis. Mas a questão adequada sobre
regulação não é quão muita ou quão pouca, mas se todas as partes interessadas estão
devidamente representadas no processo de tomada de decisão. Produtores, consumidores,
fornecedores, distribuidores, e o público geral deve ter um assento na mesa e voz no
resultado.

Deve ser notado que enfraquecer a autoridade pública legítima não resulta em mercados
"desregulados"; tal coisa simplesmente inexiste, mais do que um jogo de futebol não
poderia existir sem um livro de regras. Ao contrário, o que ocorre é que os atores mais
fortes em um mercado, os atores com mais poder ou mais informação, determinam as regras
para todas as outras partes, sejam produtores, consumidores, fornecedores, o público, etc.
Deve haver regras; quem deve estabelece-las sempre será uma questão política e prudencial.
Ausente um processo inclusive, as regras serão determinadas pelos poderosos para que as
partes mais fracas possam ser exploradas.

---------

John Medaille é ótimo para refutar Mises.

RESPONDER

daniel 12/05/2020 23:24


Então as regras do jogo de futebol devem ser criadas pelo estado? Entes privados
podem muito bem criar suas regras, como contratos, normas, etc

RESPONDER

Drink Coke 13/05/2020 14:14

"O problema é que eles nunca definem efetivamente a liberdade"

Ausência de coerção, capacidade de agir conforme o livre-arbitrio e dentro do seus


limites naturais. O conceito de liberdade é bem simples, só os inimigos dela é que
confudem seu significado para no final dizerem que escravidão pode ser liberdade.

RESPONDER

Nycolas 16/05/2020 17:33

Medaille já foi refutado faz tempo, até mesmo Marx refuta ele.

RESPONDER

Sérgio 10/05/2019 17:49

Excelente artigo, abordou facetas que nunca tinha pensado antes sobre o alcance da
liberdade. Me fez pensar, numa comparação grosseira, dos primeiros filósofos gregos. De
todos os povos do passado, os gregos eram os únicos que não possuíam um "livro sagrado",
como a Torá dos judeus (ou hoje em dia a Bíblia cristã ou o Alcorão), os Vedas da Índia ou
o Tao te King Chinês. Isso permitiu aos gregos divagarem em seus pensamentos e
encontrarem os profundos ensinamentos com base na razão que nos legaram, e que
influenciam nossa existência até hoje. Assim, tal só foi possível justamente porque eles
tinham a liberdade no pensar, sem os limites impostos pelo "sagrado religioso", coisa que os
outros povos não tinham pois qualquer ensaio do raciocínio tinha de estar em conformidade
com as "sagradas escrituras". O texto aqui, em linhas gerais, diz isso, que sem a liberdade as
estimulantes descobertas tornam-se impossíveis de serem reveladas. Muito obrigado a
todos.

RESPONDER


Felipe 09/05/2020 23:49

"Ausente um processo inclusive, as regras serão determinadas pelos poderosos para que as
partes mais fracas possam ser exploradas."

E já não é assim?
Leia mais sobre ética libertária, isso pode ampliar seus horizontes.

www.mises.org.br/Article.aspx?id=237
www.mises.org.br/Article.aspx?id=1624
www.mises.org.br/Article.aspx?id=2278

RESPONDER

WMZ 18/05/2020 14:30

Que história é essa de "trocar liberdade por segurança" que eu já ouvi (inclusive por um
leitor daqui)? Liberdade é segurança e vice versa, segurança é liberdade! Eu não acredito
que a liberdade seja apenas mais um "ideal imaginário" como a igualdade dos marxistas
(que para ser concretizada, depende da liberdade), a honra dos cavaleiros, o patriotismo ou
qualquer outra coisa (inclusive o "melhor desempenho econômico" dos utilitaristas
ingênuos). Eu só penso em liberdade para salvar a minha pele das arbitrariedades de
terceiros, já que eu não posso garantir que sempre serão favoráveis a mim.

Veja um teatro da minha visão de liberdade, talvez o nome correto seja autonomia, mas,
para mim essa é a coisa mais importante:

Imaginem que a Terra foi criada por uma Divindade (não vou usar o Santo Nome em
vão).Suponhamos que a história seja verdadeira (como pode ser).

Essa Divindade, por vontade própria, criou a Terra, o homem e os outros seres vivos. Da
mesma espontaneidade que essa Divindade teve para criar, beneficiar, ajudar, igualar e dar
ela tem para destruir, castigar, oprimir, desigualar, tirar; e inclusive, por livre e espontânea
vontade, já anunciou a extinção de todas as criaturas que criou (Apocalipse por exemplo);
mas por livre e espontânea vontade ela pode,também, desistir de destruir e, até mesmo, nos
esquecer.

As criaturas não estão salvas das arbitrariedades dessa Divindade (do Apocalipse).As
criaturas não possuem nenhuma garantia de que essa Divindade será boa ou ruim (se você
olhar no Antigo Testamento)

As criaturas seriam mais livres se, por acaso, existisse um controle sobre essa
Divindade.Esse controle deveria destruí-la ou, pelo menos, evitar que as arbitrariedades
nocivas sejam realizadas (evitar o Apocalipse ou qualquer praga).Se o controle não existir,
as criaturas estariam pensando em liberdade ao pensar numa maneira de criar esse controle.

Quanto mais livre da Divindade, mais segura estão as criaturas e quanto mais seguras da
Divindade estão as criaturas, mais livres elas estão (pelo menos em relação à Divindade).

Troque "criatura" por indivíduo e troque "Divindade" por Estado ou maioria ou mais forte
ou forças da natureza (tecnologia liberta) ou mais científico ou politicamente mais correto
ou moralmente superior ou mais rico ou qualquer outra coisa que esteja relacionada ao
poder sobre a minha pessoa. Essa é a minha visão, focada na prudência que deve ser, ao
máximo, multiplicada no senso dos mais vulneráveis, ou seja, no senso de cada indivíduo

RESPONDER

Constatação 18/05/2020 14:52

Perceba que nem mesmo no Apocalipse se faz menção a se tolher a liberdade de um


ser humano. Ele simplesmente fala de consequências boas ou nefastas.

RESPONDER

Milton Friedman Cover's 18/05/2020 18:41

Boa tarde.

Eu apenas lembro ao leitor WMZ e tantos outros libertários, que confundem a Divindade
Criadora do Universo com governos ( totalitários ou não...), marxismo, comunismo,
fascismo, nazismo, etc., que oprimem o indivíduo tirando a sua ( nossa...), liberdade; que
essa "teoria" está extremamente equivocada.

Tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, Deus e Seu Filho, Jesus ( sendo
que este apenas reafirma os Ensinamentos do Pai e o maior diferencial Dele, Jesus, é abrir a
Salvação à todos que se converterem, não apenas e somente aos judeus...), há inúmeros
exemplos de livre arbítrio do ser humano, logo, não existe Destino ou algo parecido com
isso, nem ditadura, controle de Deus sobre as suas criaturas.

Todos são livres para fazerem o que quiserem, apenas arcarão com as consequências dos
seus atos, sejam estes bons ou ruins.

Tampouco Deus ou Jesus desaprovam a riqueza e/ou valorizam a pobreza ( algo que
comunistas pregam aos outros, mas fazem o contrário...), nem no AT, nem no NT.

Aliás, tem vários exemplos nas Sagradas Escrituras que dizem da importância de valorizar a
riqueza, aumentá-la. Isso fica muito claro na Parábola das Dez Moedas, onde um senhor dá
aos seus empregados dez moedas e vai viajar, ao voltar, cobra de cada um o lucro obtido e
aquele que não obteve lucro algum, é fortemente criticado pelo senhor dono das terras.

Esquerdistas amam lembrar ( embora eles nunca leram uma linha das Sagradas
Escrituras....), a passagem do Jovem Rico, onde Jesus fala para o jovem que diz querer
segui-Lo, mandando-o doar tudo que tem como regra para ser um discípulo. Nesse caso fica
claro que ninguém pode seguir Jesus na sua vida monástica, de dedicação total, preocupado
com as suas riquezas, se elas aumentam ou diminuem, mas não há uma critica ao lucro, à
livre iniciativa, a liberdade do indivíduo comum. Isso também fica claro quando Jesus
afirma ao soldado romano: " à César o que é de César, o meu Reino não é desse mundo...",
ou seja, poder dinheiro, etc., não é preocupação dos Céus, mas sim, dos homens, logo, todos
são livres em tudo, para o bem ou para o mal.
Mesmo no Livro do Apocalipse, como bem lembra o leitor, Constatação, é apenas lembrado
das consequências das nossas ações durante a vida, e não uma punição pré estabelecida pela
Divindade.

É importante ter a ciência que muitos líderes religiosos, infelizmente, interpretam de forma
pessoal ( e de acordo com interesses escusos....), as Sagradas Escrituras, daí nós vermos
"ensinamentos" que falam em destino pré definido, críticas à busca pela riqueza
( principalmente da parte da Teologia da Libertação, no caso dos Católicos....), ou da busca
pela prosperidade infinita estimulada por Deus ou a inexistência de livre arbítrio ( algo
comum nas pregações dos "pastores" Reformistas...).

Não se deve colocar no mesmo balaio: coerção, punição, supressão da liberdade, exaltação
da pobreza, crítica a riqueza, junto com Judaísmo e Cristianismo, pois são justamente essas
duas vertentes religiosas que mais estimularam a riqueza no Ocidente durante séculos.

Mesmo o Catolicismo, tão criticado por muitos por não estimular a riqueza, justamente fez o
contrário, pois padres Jesuítas entre outras Congregações, expandiram o comércio no
mundo, junto com reis, imperadores cristãos.

Querer comparar o Criador, através dos ensinamentos que temos sobre Ele, com ideologias,
governos, políticos, ministros de Tribunais, etc., é algo no mínimo sem base histórica e
muito parcial, para ficarmos apenas nisso.

Pessoas que almejam o controle da sociedade tendem a usar a religião como arma, seja em
defesa ou ataque, deturpando o que está nos ensinamentos respectivos.

Eu lembro do filme, O Livro de Eli, onde o personagem do ator Gary Oldman, que controla
ditatorialmente uma pequena cidade sobrevivente de uma guerra nuclear devastadora, quer
ter a Bíblia para usá-la, de forma errada, maldosa, almejando dominar, controlar a
população sobrevivente do lugar, onde ele inclusive, vende a pouca água potável existente.

É um filme interessante para todas as pessoas entenderem que o "problema", não é o


Criador, a Bíblia, mas sim o uso que homem faz da religião sobre pessoas desinformadas.
Aliás, políticos fazem isso constantemente, mesmo não usando Deus como desculpa para
explorar, controlar, dominar as populações do mundo.

Abraços.

RESPONDER

Imperion 19/05/2020 00:51

Livre arbítrio é a melhor ferramenta pra se viver, mas é necessário saber usar, visto
que a vida é abençoadamente inconstante.

Se a vida fosse um jogo em que soubéssemos tudo o que ocorreria, ela seria chata.
A inconstância da vida é o que nos traz o sabor, pois não saber o futuro cria aquela
tensão.
Não saber das coisas antecipadamente força o nosso crescimento, e com o tempo,
adquirir sabedoria, através das experiências de tentativa e erro.

Livre arbítrio é uma benção. E talvez saber de tudo facilmente se tornaria uma
maldição.

RESPONDER

kaue felinto 18/05/2020 20:23

Boa tarde amigos ! Sou um leigo em economia, entretanto me interessei pela filosofia do
Mises, caso alguém possa me auxiliar nos meus estudos sobre economia, ficarei grato. Se
um de vocês puderem me dar dicas de quais assuntos estudar e de como iniciar meus
estudos nesta ciência seria de enorme ajuda, pois não tenho um "norte" para seguir. Caso se
sintam bem em me ajudar favor me contatar pelo e-mail: ainudinho@gmail.com

Grato Kauê

RESPONDER

Felipe L. 19/05/2020 02:07

Começaria lendo os artigos e textos de blog da lenda, Leandro Augusto Gomes


Roque. Nesse país, é um dos caras que mais sabe de economia, principalmente a
brasileira. A única pessoa que foi capaz de explicar o que foi a economia brasileira
no governo Lula e Dilma, em detalhes. Ele está aqui desde a época do Mises Brasil
"raiz", ainda com os Chiocca escrevendo e discutindo nos comentários.

RESPONDER

kaue felinto 19/05/2020 16:33

Muito obrigado Felipe.

RESPONDER

Edson 19/05/2020 14:54


O que é mais fundamental: a minha liberdade ou a liberdade alheia?
Na situação atual, se eu circulo livremente como, se não houvesse uma pandemia, eu estaria
afetando a liberdade de outrem que tem o direito a não se infectar.
Se a rua está cheia de gente e eu não quero ser infectado, como poderei eu sair à rua? Por
mais que me cubra de cuidados, com máscaras e todos os apetrechos possíveis, eu ainda
assim corro o risco de ser infectado por alguém contra a minha vontade.

Mais fundamental ainda: como buscar ressarcimento sobre o prejuízo a mim causado por
alguém que me infectou? Como vou acioná-lo na justiça?
Como solucionar estas questões?

RESPONDER

Ex-microempresario 19/05/2020 16:07

Edson, como dizem alguns, "viver é muito perigoso".

Ao sair na rua, você corre risco de:


- Contrair COVID.
- Contrair resfriado, caxumba, catapora, sarampo, micose e bicho de pé.
- Ser atropelado.
- Ser assaltado.
- Ser mordido por um cachorro.
- Ser picado por mosquito, pulga ou aranha.
- Ser atingido por um meteorito.
além de um monte de outros perigos, tantos que não dá para listar aqui. Não existe o
"direito de não se infectar" nem o "direito de não sofrer um acidente" nem o "direito
de não morrer".

"Ah, mas você está sendo sarcástico". Não, não estou. A quantidade de mortos por
homicídio e por acidente de trânsito é maior que a de mortos por covid, e isso nunca
impediu ninguém de sair na rua.

Se você sonha com um mundo perfeito e sem riscos, sinto informar que esse é um
sonho impossível.

Se você sonha com um mundo onde sempre será possível culpar os outros por
qualquer coisa ruim que aconteça, também é impossível (o que não impede os
advogados de tentar).

Viver implica correr riscos. Claro que em uma sociedade civilizada algumas
atitudes são tomadas para mitigar riscos quando possível e viável, mas isso só vai
até certo ponto.

RESPONDER

Edson 19/05/2020 17:58


Mas se alguém me traz algum prejuízo decorrente de um acidente de
trânsito, por exemplo, esse alguém vai me ressarcir. Ou ao menos, deveria.
Não é justo que ressarça?
Pois senão, o mundo vira uma barbárie. Ao sair na rua, eu corro o risco de
ser assaltado, roubado, morto, mas posso, ou ao menos deveria, ter a
possibilidade de solicitar um ressarcimento.

Claro, seu eu saio na rua e um mosquito me pica, um raio cai na minha


cabeça, ou um tigre me ataca, aí é a natureza atuando, não tem como eu
cobrar do mosquito, do tigre ou da mãe natureza o ataque que eu sofri.

Eu sonho com um mundo em que as pessoas que prejudiquem outras sejam


punidas! Um motorista bêbado não é obrigado a me ressarcir (ou ressarcir
meus herdeiros) caso me imponha algum prejuízo? Por que não posso
cobrar isso também de quem me causa a infecção?
Isso é pedir muito? Que as pessoas sejam responsabilizadas pelos seus
atos?

RESPONDER

Carlos 19/05/2020 20:01

Ora, mas exigir que os culpados sejam responsabilizados é


exatamente o cerne do libertarianismo!

Quem intencionalmente atenta contra a vida de um inocente,


contra sua propriedade honestamente adquirida e contra sua
liberdade de empreendimento deve ser punido em uma proporção
duas vezes maior: a primeira como punição e a segunda para a
reparação.

RESPONDER

Edson 19/05/2020 20:58

Eu concordo que o cerne do libertarianismo é justamente


a responsabilização das pessoas por seus erros

Mas então eu te pergunto. Se alguém me infecta ele deve


ser punido e me reparar?
Se eu estou dirigindo diligentemente e bato numa ferrari,
eu vou ter que ressarcir o dono da ferrari. Pode ser que eu
tenha seguro, mas ou eu ou alguem em meu nome (no
caso a seguradora) irá ressarcir quem sofreu o dano.
Seu eu bato na ferrari e alem disso mato o proprietario,
eu posso ater ter uma punição adicional por isso, mas se
comprovar que fui diligente em minha direção essa
punição adicional é atenuada
Agora se eu bato por conta de uma irresponsabilidade,
por estar acima da velocidade máxima ou dirigir bêbado,
e estar sendo descuidado, a punição adicional pela morte
do inocente deve ser aumentada.

Daí que eu digo: se alguém me infecta por covid-19 eu


devo ser ressarcido por essa pessoa, se sou infectado por
conta de uma irresponsabilidade e falta de cuidado dessa
outra pessoa, esse ressarcimento deve ser ainda maior.
Se entendi bem, Carlos, vc está concordando comigo.

RESPONDER

Ex-microempresario 19/05/2020 20:24

Edson, você sonha com um mundo em que as


pessoas que prejudiquem outras sejam punidas.
Tudo bem.

Só que o mundo real não é tão preto-ou-branco


assim.

Nem todo acidente de trânsito tem um culpado


só. Aliás, se existe intenção, nem se chama
acidente, mas isso se dá em uma ínfima minoria.
Aliás, como se prova a intenção de alguém?

Uma pessoa pode transmitir um vírus sem


sequer saber que está infectada. Como provar
alguma coisa?

Ninguém está dizendo que as pessoas não


devem ser responsabilizadas por seus atos.

Eu estou dizendo que é utopia achar que é


possível um mundo esterilizado onde não exista
o contágio involuntário, por exemplo.

RESPONDER

Edson 19/05/2020 21:45

Ex-microempresário,
Eu sei que a realidade é mais complexa
e nem tudo é tão preto no branco,
tampouco seria fácil comprovar
intenções.
Mas o que busco aqui é chegar num
consenso teórico, para depois tentar
colocar em prática.

Poderia dizer que é impossível acabar


com o roubo e por isso cruzar os
braços.
Precisamos primeiro concordar com os
conceitos, para depois avançar e brigar
por leis e regras que alcancem esse
conceito.

Primeiro, concordamos com o conceito


de que quem me traz algum prejuízo,
financeiro, patrimonial, relacionado à
saude ou até a mesmo a honra deve me
ressarcir?
Respondendo essa pergunta aí a gente
avança para outros estágios de análise

RESPONDER

Imperion 19/05/2020 22:03

Ambos têm liberdade e a de


nenhum é superior à dos
outros. Única maneira de ter
indenização boa seria se quem
faz a fiscalização fosse
eficiente e eficaz e
conseguisse provar que quem
tava doente circulou e passou
pra outros. Isso visto que a
pessoa doente
comprovadamente comete
crime de negligência para com
outrem. Nos países
desenvolvidos a negligência é
punida em várias situações.

Aí cabe reparação.

Mas não é vc sair ou deixar de


sair que espalha a doença. É
quem está doente que faz isso.
Nem vc nem as outras pessoas
tão tirando o direito de ambos
saírem. Mas cada um tem que
respeitar o espaço pessoal do
outro, coisa que alguns não
têm o bom senso de fazer com
covid ou sem covid.

E também nas vias públicas


seu direito e o de outros não é
absoluto. Dentro de sua
propriedade vc decide quem
vem e quem vai. Não na via
pública. Vc tem o direito de ir
e vir , mas não em qualquer
lugar ( seu espaço pessoal é
sagrado e os outros não podem
invadi-lo, e o deles também é,
com vc não podendo invadi-lo.

Obviamente pra provar que o


cara te infectou é muito difícil.
Alguns crimes carecem de
provas. Um dos casos são as
testemunhas que ele estaria
doente e espalhando a doença
conscientemente. Países como
o Brasil não dão o devido
mérito à policia investigativa,
que é aquela que prova que
um crime cometido antes
ocorreu num processo
criminal.
Aqui somente 3 em cada 10
processos termina com
provas . Nos países ricos 9 em
cada dez. E isso é um convite
a impunidade.

RESPONDER

Edson 20/05/2020 12:26

Concordo em grande parte


com vc. Achei Bôas suas
colocações
Mas dado o cenário de que
i. Não sabemos quem está
verdadeiramente infectado
e quem não, ii. A
transmissão da doença
pode se dar por
assintomáticos; logo quem
fura quarentena está
assumindo o risco de
infectar outrem.
Da mesma forma. Eu não
tenho liberdade pra dirigir
bebado, pois estou
assumindo o risco de matar
alguem
RESPONDER

Piloto de
Fuga 21/05/2020
00:13

Isso que algumas


pessoas cismam em
não entender
É muito melhor
obedecer às
imposições para que a
economia volte com
mais força depois do
que ficar nesse reme-
reme, essa quarentena
meia bomba em que
nao é efetiva no
combate da doença e
tb nao permite a
economia ter alíviio.
Respeitar a liberdade
de propriedade das
pessoas, no caso o seu
direito à vida, uma
vida digna e saudável.
Qualquer atentado
contra a minha saúde,
ainda que potencial,
assumindo o risco de
agredir minha saude,
deve ser punido

RESPONDER

Bomber 21/05/20
20 16:18

Mas o IMB é a
favor do
isolamento social,
não é?
Do jeito que
voces falam
parece que eles
são contra

RESPONDER

Leitor
Antigo 21/05/
2020 20:29

O IMB é a
favor de toda
e qualquer
ação que seja
voluntária e
mutuamente
consentida, e
contra
qualquer
medida
coerciva
estatal.

Logo, quem
quiser se
isolar,
perfeito.
Quem quiser
trabalhar,
perfeito.
Quem quiser
proibir o
outro de
trabalhar,
péssimo.
Quem quer
prender os
outros por
andarem na
rua, péssimo.
Quem quer
ficar sem
produzir, mas
receber
dinheiro
confiscado de
terceiros,
péssimo.

Não é difícil.

RESPONDER


Bomber
22/05/20
20 01:15

Mas a
Suécia
com a
pior taxa
de
mortalida
de por
covid
dentre os
nórdicos
não é um
indicativ
o de que
o
isolamen
to é um
arranjo
superior?

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12:
07

Pilo
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se
cust
os
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opo
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idad
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indi
vid
uais
esc
ulha
mba
dos
pela
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ção
únic
a
adot
ada
para
vári
as
nec
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es e
perc
epç
ões
dife
rent
es?
Que

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gad
o
real
men
te?

RES
PO
NDE
R

Pagador
de
laudemio
22/05/2
020
11:36

Edson,

Mas no
seu
pleito
pela
reparaçã
o você
assume
que:
1O
vírus é
tão
mortal
quanto
outros
mais
agressiv
os
2
Contrair
o vírus
de
terceiros
identifíc
aveis ou
numa
maçanet
a de
porta
acaba
tendo o
mesmo
peso
3 Que o
seu
medo de
adoecer
é
justificat
iva para
punir
terceiros
e ser
ressarci
do por
eles

Sendo 1
bastante
discutív
el até o
atual
estado
da arte
científic
oe2
muito
difícil
de
definir
em
condiçõ
es não
hermétic
as (você
pode
contrair
dentro
do
consultó
rio ou
hospital,
do
próprio
examina
dor ou
de
infectad
os que
passara
m ali
anterior
mente,
de ir
jogar o
lixo na
rua, de
andar
nos
corredor
es do
condomí
nio, etc)
e3o
velho
princípi
o da
precauç
ão
extrapol
ado para
justifica
r
qualquer
medida
coercitiv
a, o que
você
sugere
para
resolver
o
problem
a e não
acusar
injustam
ente
outros
ou
causar
prejuízo
s
restringi
ndo a
liberdad
e de
terceiros
? E os
custos
de
oportuni
dade
prejudic
ados?

RESPON
DER

anônimo 19/05/2020 18:14

sars nao eh HIV que vc pode apontar pra sua parceira sexual como culpada pela transmissao
e na hora da culpabilidade como vc pode dizer que alguem andando na rua eh mais culpado
que o governo que deixou portos e aeroportos sem nenhum tipo de monitoramento ? ou a
propria china , de onde veio o virus ? pq nao vai processar essa turma ?
ninguem eh obrigado a sair na rua, essa eh uma escolha que vc deve fazer , e como o outro
amigo ja explicou, existem diversos riscos envolvidos , se vc nao quer correr riscos fique
quietinho na sua propriedade ao inves de se arriscar num local publico
o mundo nao vai parar de girar pq algum anonimo na internet quer passear sem ser
incomodado

RESPONDER

Milla 20/05/2020 12:59

Depois de ler um texto tão profundo e esclarecedor sobre liberdade, fiquei me perguntando,
como vocês, libertários, vêem esses projetos tão defendidos por brasileiros reacionários,
principalmente políticos, empresários ligados ao estado e suas benesses, "defensores de
ideologias de esquerda", enfim, projetos de regulação e controle das mídias sociais, controle
de armas...etc em especial agora, o whats'app.
Incrível que esses projetos venham de jovens políticos do RenovaBR, como Tabata Amaral
e Felipe Rigoni, apoiados também pela Fundação Lemann.
Nesse cenário, como reagem os libertários? Ou não reagem? Qual a postura de vocês
libertários, diante de toda essa ameaça e provável cerceamento de liberdade de expressão
em escala inimaginável até alguns meses atrás?
Gostaria muito que alguém respondesse.

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Rodrigo 22/05/2020 04:39

Milla,
é claro que abominamos toda e qualquer forma de censura estatal.
Basicamente isso que estão fazendo é na tentativa de calar vozes que não
compactuam com o coletivismo, progressismo, socialismo e demais ideologias
autoritárias dessa gente.

Artigo para você:


mises.org.br/Article.aspx?id=2866&ac=214176

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Ex-microempresario 24/05/2020 00:42

"Entao nao posso obrigar a alguem andar de mascara? "


NÃO.

"Podemos tb liberar as pessoas de andarem de roupa agora? "


Você quer leis estatais regulando a roupa das pessoas, é isso?

"Mas se alguem vai e bate no meu carro, esse alguem me ressarce."


Se você conseguir provar a culpa.

"Se alguem vai e infecta o meu corpo, esse alguem deve me ressarcir."
De novo, se você conseguir provar a culpa.
"Se me infectar por imprudencia, como o nao uso de mascara, entao o ressarcimento deve
vir dobrado."
No nosso ordenamento jurídico, imprudencia é crime culposo, que é menos grave que crime
doloso.
Mas, de novo, você pode provar que foi infectado por alguém?
Ou você quer criar um sistema jurídico em que o seu desejo se transforma magicamente em
obrigação legal para os outros?

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Drink Coke 03/06/2020 02:27

O fato de Hayek ter sugerido a Tatcher que atacasse diretamente a Argentina ao inves de
manter a guerra na Falkland, não soa um pouco contraditorio para um liberal?

Argentina era uma agressora, porem atacar a Argentina implicaria não só matar civis, como
estender a dimensão da guerra.

Fonte:
www.margaretthatcher.org/document/117186

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Fernando 03/06/2020 17:42

Depende. O governo argentino era o claro agressor. Logo, atacar instalações


militares argentinas não estaria errado. Neste quesito, ele está certo: "An aggressor
has no right to demand that hostile action be confined to the region he chooses

Agora, óbvio: seria completamente errado, imoral e anti-ético atacar a população


argentina.

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