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Sobre nós

Nos conhecemos trabalhando juntas em 2011 em uma instituição, aqui em


Niterói mesmo, que oferecia o serviço de Centro de Convivência de Idosos.
Lá também foi uma grande escola em vários sentidos. Desde a atuação com a
equipe multidisciplinar, manejo com os diferentes perfis cognitivos assim como
desenvolver um trabalho junto aos familiares.
A partir de todas essas experiências somadas as vivências da parte prática dos
nossos cursos de especialização tivemos a oportunidade de articular teoria e prática,
afinando o nosso raciocínio clínico.
Em 2017, iniciamos o nosso primeiro grupo de estimulação cognitiva do
AtivaMente. Nosso desejo era oferecer um espaço de cuidado e prevenção,
promovendo a vitalidade cerebral e qualidade de vida no processo de envelhecer.
Com um diferencial de escuta e de valorização do grupo como um elemento
que promove saúde mental ao enriquecer as relações pessoais e a criação de
vínculos. Promovendo os dois pilares que acreditamos: fazer um atendimento de
excelência e levar qualidade de vida para nossa família também.

Compartilhar conhecimento
Uma outra frente de trabalho que nos move, é compartilhar o conhecimento
adquirido e nossa experiência clínica com outros profissionais da área da saúde e
educação com a mesma paixão que nós, os idosos.
E por isso, começamos a investir nas mídias sociais e a realizar os Workshops
presenciais, o que aumentou muito nossa troca com pares, que começaram a
solicitar outros tipos de demanda, como supervisão e material de atividade.
Ficamos felizes de poder colaborar com os colegas de trabalho e assim
multiplicar o conhecimento e saber que mais idosos poderão se beneficiar e cuidar
da sua saúde cognitiva.
Desenvolvemos todo o conteúdo com muito carinho e esperamos poder
contribuir na sua prática dividindo sobre nosso formato de anamnese e os testes de
rastreio. Esperamos que este material que preparamos contribua para que você
realize um trabalho de excelência e até se inspire para montar o seu próprio projeto.

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Introdução
Entendemos a estimulação cognitiva a partir de uma perspectiva interdisciplinar
e como um modelo holístico. Esse modelo tem uma visão integradora no
atendimento das doenças, já que considera mente, corpo, ambiente e outros
aspectos, no diagnóstico e tratamento do paciente.
A abordagem holística é necessária quando se atua com terceira idade. Desta
forma o conceito da visão holística traz a ideia de que a cognição não trabalhada
sozinha, sendo necessário um olhar global sobre o sujeito. É esse olhar global e
holístico que irá nos direcionar quando recebemos um idoso, possibilitando a
construção do raciocínio clínico e direcionando as intervenções propostas.

Chegada do Idoso e seu familiar


Já é no primeiro contato que começamos a estabelecer o que há mais de
importante na relação com o idoso e seu familiar: o vínculo terapêutico. Já é nesse
momento que começamos a colher algumas informações sobre o funcionamento do
idoso atual e prévio, personalidade do idosos, qual o grau de consciência da doença
ele tem, como está enfrentando a perda de memória, qual lugar ele ocupa ou
ocupava nessa família, como essa família está reagindo ou se reorganizando
perante o adoecimento desse idoso, quanto ela está ou não implicada em entender
o tratamento, qual é a expectativa do idoso ou do familiar no tratamento que será
oferecido, entre diversas outras informações.
É imprescindível que tenhamos o contato telefônico de um familiar em todos
os casos. No caso dos idosos com declínio cognitivo, nosso contato com a família ou
cuidador principal, geralmente começa quando recebemos o primeiro telefonema,
quando estão querendo conhecer melhor nossos serviços.
Já os idosos que chegam para nós, por iniciativa própria, nós com delicadeza,
dizemos que é um protocolo que temos que seguir, pedindo o contato dos familiares
mais próximos e assim que possível marcamos uma reunião. Deixando sempre claro
para o idoso o dia que essa reunião irá acontecer e depois damos um retorno de
como foi. Pois ele que é nosso cliente principal.
É através das informações colhidas nesses momentos que conseguimos
colher informações sobre o idoso, sobre seu funcionamento atual, sobre sua história,

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personalidade e preferência. Mesmo o idoso já frequentando nosso serviço, os
encontros com os familiares sempre rendem novas informações.

Conceito de Funcionalidade
Conhecer o conceito de funcionalidade nos permite uma atuação mais
assertiva e nos orienta na elaboração da nossa anamnese, assim como futuras
intervenções.
Existe uma estreita relação entre cognição e funcionalidade. A cognição é um
sistema dinâmico, que nos permite organizar e usar nossos conhecimentos a fim de
executar as atividades que compõem o nosso cotidiano.
Por exemplo, para executar uma atividade simples que faz parte de seu
cotidiano, como trocar de roupa, necessitamos de diversas funções cognitivas e
motoras preservadas, como atenção, memória, planejamento abstrato e motor, entre
outras, para que a atividade aconteça de forma satisfatória. Assim a capacidade
funcional envolve a manutenção das habilidades físicas e mentais desenvolvidas ao
longo da vida, necessárias para a manutenção de uma vida independente e
autônoma.
Os conceitos de autonomia e independência são informações geradas a partir
da análise da funcionalidade do sujeito. Esses conceitos estão relacionados a
qualidade de vida.
Um dos critérios de diagnóstico que irá diferenciar o envelhecimento normal
para envelhecimento patológico é a perda da autonomia e independência que como
vimos estão relacionadas diretamente com a funcionalidade. Assim o
comprometimento da capacidade para realizar as atividades da vida diária é um
ponto imprescindível da avaliação cognitiva uma vez que para se realizar o
diagnóstico de demência precisa ter um comprometimento funcional.
Identificar um declínio funcional, significa que pode estar associado a um
declínio cognitivo. Com o trabalho de estimulação, podemos trazer uma manutenção
da cognição estabilizando a perda da funcionalidade, assim como uma melhora
cognitiva irá acarretar uma melhora funcional.

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E mesmo quando a perda de funcionalidade não estiver associada a uma
perda cognitiva, podemos fazer intervenções psicoeducacionais e encaminhamentos
adequados.
Antes de abordamos a anamnese precisamos também recordar o conceito de
cognição.
A cognição é o processo de aquisição de conhecimento que se dá através de
alguns processos que envolvem a percepção, atenção, o raciocínio, o pensamento,
a memória, o juízo, a abstração, a linguagem, entre outros. De uma maneira mais
simples, podemos dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende,
armazena, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco
sentidos bem como as informações que são disponibilizadas pelo armazenamento
da memória.
A cognição processa as informações sensoriais que vem dos estímulos do
ambiente que estamos. E ao mesmo tempo processa o conteúdo que retemos em
relação às nossas experiências passadas. E é essa interação de informações que
utilizamos para a adaptação no meio em que vivemos. E é através desse processo,
que nos permite interagir com outras pessoas e com o meio em que vivemos. A
cognição não é estática ela se desenvolve durante toda a vida, mas podem ocorrer
alterações cognitivas que levem a um declínio cognitivo.

Avaliação do idoso
Para fazermos um diagnóstico diferencial e o raciocínio clínico, temos que levar
em consideração toda a vida prévia do idoso, os sintomas clínicos atuais, os exames
laboratoriais e de imagem. Sendo esse conjunto de informações essencial. Como
também é importante saber o que é esperado para um envelhecimento normal e os
critérios diagnósticos do comprometimento cognitivo leve e das demências.
É na anamnese que começamos a investigar o funcionamento prévio do idoso
e o atual, comparando, ele com ele mesmo para reconhecimento de um quadro de
declínio funcional e cognitivo. Por exemplo, se o idoso hoje não cozinha, mas ao
longo da sua vida nunca cozinhou, então comparando ele com ele mesmo, não

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houve perda de funcionalidade no aspecto de cozinhar. E só podemos ter essas
informações na entrevista.
Em alguns casos, o próprio idoso não irá conseguir informar sobre suas
atividades passadas ou atuais, então é importante que tenhamos algum informante
de qualidade, que possa nos passar dados verdadeiros sobre o funcionamento do
idoso.

Anamnese
Para fazer a anamnese pode ser o familiar junto com o idoso, pode ser apenas
o familiar, ou apenas o idoso. Não há uma regra única, é importante observar o que
fica mais confortável para ambas as partes, idoso e familiar.
Nós optamos por utilizar um questionário semiestruturado que incluí perguntas
abertas e fechadas. Segue em anexo o nosso modelo.
Na entrevista tanto com o familiar como com o idoso, pedimos exemplos
práticos do dia a dia de como a queixa principal está afetado o idoso. Também
temos como objetivo saber se de fato a queixa está relacionada a memória ou a
outra habilidade cognitiva. Solicitar exemplos práticos, também nos possibilita
observar como está a consciência do idosos sobre seus possíveis déficits.
Uma característica nossa ao realizar a anamnese é deixar o idoso contar sobre
sua história de forma livre e nessa conversa vamos inserindo as perguntas
importantes. Assim nessa conversa ao relatar sua história ele nos conta sobre sua
vida prévia, onde nasceu, quais foram seus trabalhos, hábitos alimentares, se fazia
exercício físico, se utilizou algum tipo de droga lícita ou ilícita e se frequentava algum
círculo social.
Outro dado importante são as doenças e cirurgias que já passou, se tem
hipertensão e diabetes por exemplo e se tem histórico de algum transtorno
psiquiátrico. Os quadros psiquiátricos principais que ficamos mais atentas por
influenciarem na cognição são, a depressão, os transtornos de ansiedade, o
transtorno bipolar, os transtornos psicóticos e secundariamente o delirium.
O delirium é um estado de confusão mental causado pelo comprometimento
transitório da atividade cerebral, uma desorganização neural que causa um
comprometimento nas habilidades cognitivas. Esse comprometimento é reversível.

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Seu início geralmente é agudo, podendo durar horas ou poucos dias. Ocorre em
decorrência de distúrbios sistêmicos e perda de orientação temporal em casos de
internação hospitalar.
Também é importante perguntar sobre os antecedentes familiares, se
apresentaram quadros de esquecimentos, mesmo que não diagnosticados, ou
quadros psiquiátricos.
Por último e não menos importante, perguntamos sobre a personalidade e
estado de humor. Como o idoso era na vida adulta e como ele está hoje, se tem
alguma mudança significativa. Por exemplo, uma senhora que sempre foi muito
tímida atualmente apresenta maior desinibição, contanto piadas que nunca contou
antes ou indo ao banheiro de porta aberta.
Ficamos atenta a mudanças bruscas de hábitos, como alguém que sempre
caminhou ou leu, e agora não realiza mais as atividades que gostava. Isso porque,
essas mudanças podem ser indicativos de declínio cognitivo ou de um quadro
depressivo.
Perguntamos também, sobre a dinâmica familiar, com quem reside, se reside
há muito tempo na mesma casa ou bairro, qual é a religião e se frequenta alguma
instituição e em que o idoso contribui na rotina da casa. Se ele mantém alguma
responsabilidade. E é na entrevista começamos a observar comportamento do idoso
como o idoso responde, se seu discurso está organizado, coerente ou não, ou se
está com dificuldade de encontrar as palavras e de se expressar. Também vamos
observar como o idoso se comporta quando está só conosco e quando o familiar
estiver junto.
Complementando a anamnese, é preciso avaliar a lista de medicamentos em
uso atual e estar atento aqueles que podem interferir no estado cognitivo. E os
resultados dos exames de imagem do crânio.
Após conduzir a anamnese de forma leve, nós começamos introduzir os testes
de rastreio cognitivo, humor e funcionalidade. De forma leve e cuidadosa, pois não
pode gerar angústia ou ansiedade no idoso, pois pode interferir nos resultados.

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Anamnese

Nome: ___________________________________________________________________
Endereço: ________________________________________________________________
Data de Nascimento:_________________________________Idade:_________________
Naturalidade: _____________________________________________________________
Telefones :________________________________________________________________
Estado Civil: ______________________________________________________________
Escolaridade: _____________________________________________________________
Ocupação prévia: __________________________________________________________
Profissão: ________________________________________________________________
Ocupação atual: ___________________________________________________________
Religião: _________________________________________________________________

Familiar de referência: _______________________________________________________


Telefones do familiar:________________________________________________________

Encaminhamento feito por: ___________________________________________________


Motivo do encaminhamento: __________________________________________________

Queixa principal (exemplos do dia a dia): ________________________________________


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Início da queixa principal: ____________________________________________________

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Condições médicas (doenças atuais, déficits auditivos e visuais, cirurgias prévias):


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Medicações atuais: ________________________________________________________


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Personalidade prévia: ______________________________________________________


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Alterações comportamentais: ________________________________________________


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Dinâmica familiar (dinâmica e familiares com quem reside):


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Rotina prévia e rotina atual (hábitos, responsabilidades, funcionalidade e se frequenta
algum tipo de grupo):
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________________________________________________________________________

Alteração alimentar ou do sono e exercício físico (já fez ou faz atualmente):


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________________________________________________________________________
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Uso de cigarro, álcool e outras drogas: _________________________________________


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Antecedentes familiares (pais e irmãos tiveram alguma doença relacionada as queixas do


paciente?) _______________________________________________________________
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________________________________________________________________________

Consciência da doença (conduta do idoso e/ou familiar frente as dificuldades ou doença


do idoso):
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________________________________________________________________________
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Exames complementares:
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Outras observações: _______________________________________________________


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Anamnese feita por: ______________________________________Data:_____________

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