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RESUMO
ABSTRACT
The Educating City is defined as one that intends to promote the integral formation of
its citizens, being a city project originated in the light of the Charter of Educating
Cities of Barcelona of the year 1990, which is managed by the International
Association of Educating Cities (AICE). This model of society finds dialogue with
Plato and Aristotle, since they are the first to see in cities the educational powers to
form upstanding citizens. This theme constitutes a promising debate at a time guided
by an education fragmented by the systematic process of formal school education,
which often does not prove adequate for the integral formation of citizens. From this
perspective, the human virtues sought in the Educating City are present in the daily
life of the social space, as is the case of the municipality of Caieiras-SP, a city with
immense pedagogical heritage, which empirically holds both formal and formal
educational potential. as non-formal and informal. Its educational potential is shown
through the “Rediscovering Caieiras” project, as well as through social institutions
such as Catequese Bom Pastor and Associação Patris – Casa do Pai. In view of this,
is this municipality in the spotlight the holder of educational potential, in search of
forming upstanding citizens? Therefore, this article has the general objective of
verifying whether the Cidade Educadora project meets the educational potential of
the municipality of Caieiras, and whether the Platonic and Aristotelian ideals can
provide relevant contributions to this debate. The methodology adopted here follows
a bibliographical and documentary research, with a qualitative approach. Therefore, it
can be concluded that Caieiras has educational potential with social projects that go
against what determines the manual of the Charter of Educating Cities, and has been
contributing to the formation of upstanding citizens, but it is still noted that the path is
still far away. to achieve the ideals of the ancient Greeks, and for this model of city to
actually materialize.
1 INTRODUÇÃO
A crise das cidades é, de alguma maneira, uma crise da educação, haja vista
que é uma problemática nos modelos de cidades como espaço social. Portanto, num
futuro próximo, as cidades terão que optar por um modelo urbano de transformação
social para seus cidadãos. É nessa vertente que se formulou um modelo de cidade
que prima pelo vínculo que existe entre o espaço urbano e a educação, a Cidade
Educadora, a qual originou-se no ano de 1990, em Barcelona. Por meio desse
modelo de cidade, é possível que as diversas cidades do mundo passem a
transformar os espaços públicos em “escolas”, em vista de formar cidadãos íntegros
para atuarem de forma ativa na vida pública.
Esse debate relaciona-se com a ideia de cidade e educação idealizada há
séculos na Grécia Clássica (séculos V e IV antes de Cristo), onde Platão e
Aristóteles buscavam transformar a cidade através de um modelo pedagógico-social
em prol do pleno desenvolvimento dos seus cidadãos, posto que tinham como
proposta a formação de um ser humano íntegro, determinando que a educação do
Estado reproduzisse em todos a marca da sua identidade (JAEGER, 2013).
Nesse contexto entra a cidade de Caieiras-SP, que faz parte dos 39 (trinta e
nove) municípios que compõem a Região Metropolitana de São Paulo. Apesar de
não ser oficialmente reconhecida como Cidade Educadora, este município possui o
projeto Redescobrindo Caieiras, assim como têm instituições sociais como a
Catequese Bom Pastor e a Associação Patris – Casa do Pai, que fazem com que
esse lugar caminhe ao encontro desse modelo pedagógico e urbano, posto que
possui potencialidades educativas.
Essas ações sociais com projetos e entidades visam à formação integral dos
seus cidadãos, tendo em vista que instruem valores e virtudes, como bem lembram
os ideais platônicos e aristotélicos. Ou melhor, isso se imprime em uma educação
em busca da formação do cidadão capacitado e íntegro para a prática ativa da
cidadania. A máxima dessa educação incide em atribuir ao homem a razão de ser e
de viver, a liberdade moral, as virtudes, impedindo tudo o que é maléfico à alma
(ARISTÓTELES, 1999).
À vista disso, será Caieiras detentora de potencialidades educativas, em
busca de formar cidadãos íntegros? Este texto, logo, parte da hipótese de que o
município de Caieiras, em face de sua vocação pedagógica cidadã, pode projetar-se
como Cidade Educadora e cooperar para formar cidadãos íntegros em prol do bom
convívio no espaço social. O artigo tem como objetivo primordial verificar se o
projeto Cidade Educadora vai ao encontro das potencialidades educativas no
município de Caieiras e se os ideais platônicos e aristotélicos dos velhos gregos
podem fornecer contribuições a esse debate.
2 METODOLOGIA
Não é apenas a escola, com seu ensino formal, que tem a competência de
sozinha instruir os cidadãos, entretanto é a cidade, projetada em seus espaços, que
pode desenvolver e garantir a transformação necessária para que cada cidadão
possa evoluir enquanto ser social e em prol da cidadania.
Nota-se que em inserir as potencialidades educativas representadas pelo
modelo de Cidade Educadora, por meio da educação ministrada pelos díspares
ambientes urbanos, não há concorrência com a escola, mas sim uma extensão dela,
em razão de que a cidade não está desviando seu papel, mas sendo um
complemento para as práticas educativas urbanas. Essa relação, que se pode
conferir entre a educação efetivada na escola com seu ensino formal, e as práticas
sociais de ensino não-formal e informal, é inerente ao devido reconhecimento das
potencialidades educativas que Caieiras dispõe.
No entender de Morigi (2016, p. 41), “[…] torna-se pertinente repensar o
potencial educativo das cidades promovendo a interação entre as pessoas,
(re)valorizando os espaços comunitários e as instituições”.
Para o autor (2016, p. 151):
O autor ainda afirma que a partir das definições de Cidade Educadora, esse
modelo social apresenta suas características a partir do momento em que
[…] o espaço urbano deixa de ser somente cenário geográfico e passa a ser
um agente educativo, através de projetos que envolvam as escolas, as
associações de bairro, de profissionais, os sindicatos, as igrejas, enfim,
todos aqueles que desempenhem ou queiram realizar ações educativas. É
uma nova maneira proposta para se entender a educação, mais ampla do
que a tradicional, geralmente confinada aos limites arquitetônicos das
escolas. O reconhecimento e o encontro com novos agentes pedagógicos
criam condições para novas práticas educativas, identificando
oportunidades de organização do espaço urbano para favorecer o potencial
educativo do mesmo (Ibid., 2016, p. 97).
Na Carta das Cidades Educadoras (2004, [n.p.]): “[...] hoje, mais do que
nunca, as cidades, grandes ou pequenas, dispõem de inúmeras possibilidades
educadoras”, devendo “[...] ocupar-se prioritariamente com as crianças e jovens, [...]
numa formação ao longo da vida”.
Refletimos com Küchler (2004, [n.p.]):
Imagine uma escola sem paredes e sem teto. Nesse espaço, todos os
lugares são salas de aula: rua, parque, praça, praia, rio, favela, shopping e
também as escolas e as universidades. Há espaços para a educação
formal, em que se aplicam conhecimentos sistematizados, e a informal, em
que cabe todo tipo de conhecimento. Ela integra esses tipos de educação,
ensinando todos os cidadãos, do bebê ao avô, por toda a vida.
Numa Cidade Educadora, ou aquelas que estão a caminho, como pode ser o
caso de Caieiras, o Estado necessita garantir os “[...] princípios de igualdade entre
todas as pessoas [...]. O direito a uma cidade educadora é proposto como uma
extensão do direito fundamental de todos os indivíduos à educação” (CARTA DAS
CIDADES EDUCADORAS, 2004, [n.p.]).
Ainda de acordo com as orientações estabelecidas no documento (2004):
Caieiras, por enquanto, não é uma Cidade Educadora. Porém, esse promissor
município se mostra com grandes potencialidades educativas, isso se justifica
através de projetos e entidades sociais que se inclinam a favor da educação. É o
caso do projeto “Redescobrindo Caieiras”, formulado em 2011, realizado com
discentes da Escola Municipal de Ensino Fundamental – EMEF Aurora Rodrigues de
Moraes, situada no bairro Jardim Vera Tereza, em Caieiras.
Na época, foi pedido para que o docente da UE, discorresse a respeito de
como se originou a “Cidade dos Pinheirais”, como é conhecida Caieiras. Com esse
projeto, os estudantes da EMEF, maiormente do 3º Ano do Ensino Fundamental I,
conheceram na prática, parte da historicidade da cidade. Não o bastante, pois o
projeto visava também novos projetos, sendo a sua continuidade, nos anos
subsequentes, assumida pela nova Secretária da Educação do município, que, logo,
buscou tomar ações pedagógicas que proporcionasse a relação da criança com o
espaço, em um tipo de ensino mais humanizado, em que os ambientes sociais
pudessem ser formativos.
Para Villar (2007, p. 27), para que a concepção de Cidade Educadora seja
aplicada de modo efetivo, “[...] precisa-se de um projeto amplo, integrador e
consensual, fruto do diálogo e da capacidade de escuta e negociação entre todos os
cidadãos e os agentes potencialmente educativos do território”. É nesse viés que se
formulou o projeto Redescobrindo Caieiras, como uma iniciativa dos agentes sociais,
dos cidadãos e do governo local, o que vai ao encontro do modelo de Cidade
Educadora. É um projeto de práticas educativas e integradoras comprometido com a
educação do bem-comum.
A partir de então, esse projeto fomentou outros, a partir da iniciativa da
Secretaria da Educação do Município, que colaborou com ações inovadoras em
Caieiras objetivando suas potencialidades educativas. Assim, com o projeto
Redescobrindo Caieiras, pode-se dizer que o modelo de Cidade Educadora passou
a ser um slogan possível e desejado no município, em direção a uma educação
integral e humanista.
Em referência à Associação Patris – Casa do Pai, é um empreendimento
social que opera nas políticas de assistência, em busca de ajudar as pessoas mais
vulneráveis. Movido por sua fé em Deus, Pe. Jan Hubert Jongen que nasceu na
Holanda, em 22 de fevereiro de 1907, foi o idealizador dessa iniciativa, tendo ajuda
da comunidade local mais carente de Caieiras. Edificado pelo sacerdote por meio da
Igreja Católica, esse instituto social está aparelhado de maneira a suscitar nos
cidadãos o sentimento de resgate de sua identidade, tornando-os integrados à
sociedade e, em busca de melhoria de suas potencialidades e capacidades para o
enfrentamento da vulnerabilidade social (CASA PATRIS, 2022).
A instituição social vem combatendo as desigualdades para ajudar a
comunidade local de Caieiras. Para isso, vem buscando formar cidadãos por meio
de cursos catequéticos, retiros espirituais e qualificação profissional. Ela pretende,
com suas iniciativas educacionais, proporcionar um sentido de vida e de
pertencimento, para os que procuram na instituição religiosa espaço de acolhimento,
formação humana e espiritual.
O legado do Pe. Hubert permaneceu e, a partir de então, a Associação Patris
continua buscando formar cidadãos íntegros e capacitados à vida na cidade. A
Associação permanece, nos tempos atuais, desempenhando ações de
evangelização com os mais carentes e necessitados, coligada às missões
desenvolvidas em diversos locais, dentro e fora do município caieirense, com o
alcance das suas ações sociais ampliadas.
Com isso, pode-se compreender que diante da complexidade em que o ser
humano vive, a religião sempre exerceu uma função importante em busca de
respostas, assim como na transformação e no desenvolvimento das sociedades. A
formação de cidadãos íntegros em conjunto com associações educacionais, se
coaduna com o propósito de promoção e manutenção do bem-estar dos cidadãos
que nela vivem. As religiões são importantes na educação e formação do ser
humano, posto que em conjunto com a cidade sempre estiveram juntas ao longo da
história da civilização. E assim se fundamenta o projeto Patris.
O modelo de Cidade Educadora apresenta intensa harmonia com a educação
tratada na Associação, posto que estão ligadas às complexidades dos grupos e dos
modos de pensar e de agir religiosamente, presentes em Caieiras. É o que entende
Jaeger (2013), ao constatar que a cidade é o lugar da educação. Os seus diversos
templos, edifícios, igrejas, praças e parques, necessitam se transformar em apoios
para a educação, como modo de ensino tanto formal, como informal e não-formal.
Há ainda, no município, um projeto de catequese que vai ao encontro do
formato pedagógico-social de Cidade Educadora, é a Catequese Bom Pastor, que
se apresenta com alto potencial educativo para a vida social e a formação dos
cidadãos de Caieiras. No Brasil, esse projeto se originou em 1997, em São Paulo, e
atualmente já se encontra em 12 municípios, sendo que um deles é Caieiras.
A catequese se mostra como uma base importante para a vida religiosa do
ser humano. Foi idealizada por Maria Tecla Artemisia Montessori, que nasceu em
Chiaravalle, Itália, em 31 de agosto de 1870. A catequese é uma prática que
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
7 REFERÊNCIAS