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Avaliação referente ao módulo: líquidos cavitários e líquido

cefalorraquidiano

NOME: Raquel de Souza Sant’Anna de Oliveira

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE


FACULDADE DE MEDICINA
Departamento de Patologia
Curso de Especialização em Análises Clínicas
Módulo: Líquidos Cavitários e Líquido Cefalorraquidiano

Datas das aulas: 08/04/2022 e 09/04/2022

Todas as folhas devem ser nomeadas

Número de questões: 11

Avalição referente ao módulo: Líquidos Cavitários e Líquido


Cefalorraquidiano

Data de entrega da avalição: 16/04/2022

Questão 1. Defina um líquido pleural transudato e um líquido pleural exsudato.

Líquido pleural é o líquido que está no meio das membranas (parietal e visceral)
que recobrem os pulmões. Os derrames (aumento no volume do líquido pleural) podem
ser classificados em transudatos, que ocorrem pelo aumento da formação do
ultrafiltrado vascular pelas membranas serosas devido a perda da homeostase da pressão
hidrostática/osmótica sem origem inflamatória (como insuficiência cardíaca congestiva,
cirrose, atelectasia), e exsudatos, ocorrendo como consequência do aumento da
permeabilidade capilar, permitindo a entrada de moléculas de alto peso molecular na
cavidade pleural, devido a uma condição patológica (como neoplasias, doenças
infecciosas e/ou inflamatórias).

Questão 2. Quais são os critérios de Light utilizados para o diagnóstico de um derrame


pleural exsudato?

Os critérios de Light são baseados na dosagem de proteínas e LDH


(lactato-desidrogenase) e sua relação com a dosagem no soro. Como as proteínas séricas
são moléculas grandes, sua presença no líquido pleural é diminuída em relação ao

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sangue, pois tem a passagem pela membrana parietal dificultada. A enzima


lactato-desidrogenase pode ser encontrada no interior de quase todas as células
corporais, estando presente em pouca quantidade no soro, sendo liberada na corrente
sanguínea quando há dano ou destruição celular, por isso é utilizada na classificação dos
derrames pleurais por ser um bom marcador de dano celular. Em casos de exsudatos, o
aumento da permeabilidade da membrana faz com que as relações normais entre as
concentrações de proteínas e LDH do soro e do líquido pleural estejam alteradas.
Assim, é considerado exsudato o líquido pleural que apresentar duas das alterações a
seguir:

● relação Proteína Líquido pleural / proteína sérica total ≥ 0,5


● relação LDH Líquido pleural / LDH sérico total ≥ 0,6
● relação LDH líquido pleural > 2/3 LDH sérico ou > 220 U/L

Questão 3. Considerando o aspecto e a coloração da amostra de líquido ascítico antes e


após a centrifugação, cite três possíveis etiologias associadas a uma amostra
com um aspecto turvo e coloração esverdeada antes e após centrifugação.

Um líquido peritoneal, ou ascítico, que apresente aspecto turvo e coloração


esverdeada antes e após a centrifugação pode estar associado a doenças do trato biliar
(colecistite, perfuração da vesícula biliar), perfuração intestinal e pancreatite, pois
nestes quadros clínicos o líquido ascítico possui uma maior concentração lipídica (causa
turbidez mesmo após a centrifugação) e presença de conteúdo do trato gastrintestinal,
como a própria secreção biliar, o conteúdo fecal ou a presença de células de defesa em
casos inflamatórios.

Questão 4. Marque V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas, corrigindo as


sentenças falsas.
( F ) A análise bioquímica do líquido pleural deve ser realizada a partir do frasco com
heparina, enquanto que recomenda-se a análise para pesquisa de bacilo de Koch
(BK) a partir de um frasco estéril e sem aditivos.

A análise bioquímica do líquido pleural deve ser realizada a partir do frasco estéril
e sem aditivos, evitando a interferência na análise. Recomenda-se o uso de frasco com
heparina para coleta de material para pesquisa de bacilo de Koch (BK), visto que
coágulos podem fazer com que haja resultado falso negativo na amostra.

( V ) O líquido cefalorraquidiano pode ser definido como um fluido corporal não


hemático, oligocelular e oligoprotéico intimamente relacionado com o sistema
nervoso central.

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( V ) A hidrocefalia pode ser um dos fatores para ocorrer uma hipertensão


intracraniana.

( V ) O tempo ideal para a realização da contagem celular em câmara de Fuchs


Rosenthal do liquido cefalorraquidiano, desde o momento da coleta, não deve
passar de 2 horas.

( F ) O teste de Índice de IgG avalia uma possível alteração na função da barreira


hematoliquórica, enquanto que o cálculo do Quociente de Albumina avalia se
existe síntese intratecal de IgG total.

O cálculo do Quociente de Albumina avalia uma possível alteração na função da


barreira hematoliquórica, visto que a concentração de albumina é menor no líquor em
relação ao sangue, enquanto que o teste de Índice de IgG avalia se existe síntese
intratecal de IgG total, um achado que orienta o diagnóstico de doenças com quadros
neurológicos, como doenças parasitárias (neurossífilis, neurocisticercose,
neuroesquistossomose), virais (HIV, HTLV, HSV), esclerose múltipla e Síndrome de
Guillain-Barré.

( V ) O valor de referência da glicorraquia (dosagem de glicose no líquido


cefalorraquidiano) é de 2/3 da glicemia, logo deve-se conhecer o valor da glicose
no sangue para avaliar o nível de glicose no LCR;

( V ) Para realizar a citometria global em uma amostra de líquido cefalorraquidiano,


mesmo com aspecto hemorrágico, não se deve centrifugar a amostra antes de
colocar na câmara de Fuchs Rosenthal;

( F ) A dosagem de lactato no líquido cefalorraquidiano depende da concentração de


lactato no sangue, logo deve-se conhecer a concentração de lactato no sangue para
avaliar a dosagem obtida no líquido cefalorraquidiano;

A concentração de lactato no liquor independe da concentração deste no sangue,


visto que a quantidade de lactato que atravessa a barreira hematoencefálica é mínima.

( V ) Proteção mecânica e a remoção dos detritos do produto do metabolismo cerebral


são algumas das funções ligadas ao líquido cefalorraquidiano;

Questão 5. Em relação às características físicas e bioquímicas do líquido


cefalorraquidiano, marque apenas a alternativa INCORRETA:

a) A presença de coágulos no líquido cefalorraquidiano (LCR) prejudica a


citometria global, logo para evitar essa formação, o LCR deve ser coletado

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em tubos estéreis e apenas com anticoagulantes, como EDTA e citrato, pois


estes não prejudicam na dosagem bioquímica do líquido cefalorraquidiano;
b) O líquido cefalorraquidiano se caracteriza em seu aspecto físico por ser incolor e
límpido;
c) Os valores de referência da concentração de proteínas no líquido
cefalorraquidiano variam de acordo com o local da punção (lombar, cisternal e
ventricular);

d) O aspecto xantocrômico, que pode ser encontrado no líquido cefalorraquidiano,


é característico, entre outros fatores, pelo aumento na concentração de proteínas
(> 150 mg/dL).

Questão 6. Em relação à pesquisa de bandas oligoclonais (BO), marque apenas a


alternativa INCORRETA:

a) Quando não são encontradas bandas definimos como um líquido


cefalorraquidiano normal;

b) Devem-se utilizar amostras de líquido cefalorraquidiano e soro


simultaneamente;

c) A presença de bandas no líquido cefalorraquidiano não encontrado no soro é


indicativa de síntese intratecal de imunoglobulinas;

d) As Bandas Oligoclonais não são encontradas em processos infecciosos,


entretanto podem ser detectadas em 95% dos pacientes com doenças
desmielinizantes, como a Esclerose Múltipla (EM).

Questão 7. Em qual das alternativas abaixo melhor representa a interpretação do


exame de líquido cefalorraquidiano em um caso de Meningite Bacterina
Aguda:

a) Aspecto turvo; pleocitose neutrofílica; proteína diminuída; glicose diminuída e


lactato diminuído;

b) Aspecto límpido; pleocitose linfocitária; proteína aumentada; glicose diminuída e


lactato aumentado;

c) Aspecto límpido; pleocitose neutrofílica; proteína diminuída; glicose aumentada


e lactato diminuído;

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d) Aspecto turvo; pleocitose neutrofílica; proteína aumentada; glicose


diminuída e lactato aumentado.

Questão 8. Em relação aos resultados de bioquímica do exame de líquido


cefalorraquidiano, qual a melhor alternativa que representa o resultado da
análise de bioquímica em um caso de meningite viral:

a) Proteína normal; glicose diminuída e lactato aumentado;

b) Proteína diminuída; glicose aumentada e lactato normal;

c) Proteína normal; glicose normal e lactato normal;

d) Proteína diminuída; glicose diminuída e lactato aumentado.

Questão 9. Considerando o diagnóstico diferencial das enfermidades do sistema


nervoso central, qual das alternativas abaixo identifica o tipo celular
encontrado principalmente nas Neuroparasitoses:

a) Eosinófilos;

b) Eritrófagos;

c) Plasmócitos;

d) Siderófagos.

Questão 10. Em um caso suspeito de meningite criptococócica foi coletada amostra


de líquido cefalorraquidiano para realização de cultura e exame direto
para pesquisa da levedura Cryptococcus sp. A coloração específica
realizada no exame direto em amostra com suspeita de meningite
criptococócica é:
a) Azul de metileno;

b) Gram;

c) Tinta da China;

d) Ziehl Neelsen.

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Questão 11. Em um laboratório de análises clínicas você ficou responsável em


analisar uma amostra de líquido cefalorraquidiano. Monte o fluxo de
trabalho da análise do líquido cefalorraquidiano desde o momento em
que a amostra chegou ao laboratório até a liberação dos resultados.
Considere que foi enviado apenas um frasco com 12 mL do material
clínico e que ele apresentava um aspecto hemorrágico. Os parâmetros
solicitados para análise foram: citometria global e específica, bioquímica
(proteína, glicose e lactato), VDRL e culturas para bactérias, fungos e
micobactéria. A punção lombar foi realizada às 10 horas e o material
chegou ao laboratório às 11 horas.
De imediato, proceder ao exame físico da amostra (cor, aspecto e presença de
fibrinas), homogeneizar e distribuir o volume coletado em 3 frascos limpos e estéreis,
dentro da cabine de segurança microbiológca.

O frasco número 1 deve conter no mínimo 2 mL e será encaminhado para as


análises bioquímicas e imunológicas, devendo ser centrifugado para realizar as análises
devido ao aspecto hemorrágico, utilizando-se apenas o sobrenadante para a dosagem de
proteína, glicose e lactato, bem como para o teste de VDRL.

O frasco número 2 deve conter o maior volume, pois será encaminhado para as
análises microbiológicas, que utilizarão o líquido cefalorraquidiano para pesquisa dos
diversos microrganismos solicitados. O ideal teria sido coletar a amostra para cultura de
micobactérias em tubo com heparina, visando impedir a formação de fibrinas que
podem acarretar em resultado falso negativo. Deve-se proceder à semeadura dos meios
específicos para cultura de bactérias, fungos e micobactérias, porém também podem ser
realizados testes rápidos de aglutinação em látex para diversos microrganismos, bem
como deve-se proceder ao exame direto (visualização de lâmina após coloração
adequada).

O frasco número 3 deve conter no mínimo 2 mL e será encaminhado para as


análises de citometria global e específica (com coloração para diferenciação das
células), não devendo ser centrifugado para realizar as análises mesmo com aspecto
hemorrágico, apenas homogeneizado novamente e observado na câmara de
Fuchs-Rosenthal.

As análises devem ser iniciadas de imediato, evitando ultrapassar o prazo de 2


horas para início das mesmas, sob risco de invalidar os resultados obtidos.

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