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GISELE ARAUJO NASCIMENTO

POP – CONTAGEM DE RETICULÓCITOS – HEMATOLOGIA

ILHÉUS – BA
2024
GISELE ARAUJO NASCIMENTO

POP – CONTAGEM DE RETICULÓCITOS – HEMATOLOGIA

Documento POP para Contagem de


Reticulócitos apresentado à Faculdade
de Ilhéus como parte dos requisitos
para a obtenção de nota do primeiro
crédito da disciplina de Hematologis
do curso de graduação de Biomedicina
do 5º semestre.

Orientadora: Áquila Lima

ILHÉUS – BA
2024
1. INTRODUÇÃO
A contagem de reticulócitos, cujo resultado é expresso em porcentagem comparativa ao
número de eritrócitos, indica de forma indireta o grau de produtividade dos eritrócitos
pela medula óssea, eritropoiese. Seus valores de normalidades (0,5 a 2,0%) independem
do sexo e da idade. Nas deficiências de um ou mais fatores da eritropoiese, por
exemplo, de ferro, pode ocorrer anemia hipoproliferativa e, consequentemente,
contagem de reticulócitos se apresenta diminuída em relação à contagem normal, ou
seja, abaixo de 0,5% (NAOUM, 2017).
Por outro lado, quando a eritropoiese está estimulada, tal como ocorre nas anemias
hemolíticas, a contagem de reticulócitos se apresenta aumentada, ou seja, acima de
2,0%. Nos dois exemplos acima citados, o médico do paciente com a anemia
hipoproliferativa ou com a anemia hemolítica procura trata-lo para normalizar a
eritropoiese e um dos parâmetros que ele poderá usar é a contagem de reticulócitos.
Entretanto, há a contagem corrigida de reticulócitos (CCR) que torna a avaliação da
eritropoiese mais específica, pois considera para seu resultado o valor do hematócrito,
através d seguinte fórmula CCR= % de Reticulócitos X % do Hematócrito do(a)
paciente/ Hematócrito padrão para sexo e idade (o valor padrão de hematócrito para
mulheres adultas, e adolescentes e crianças de ambos sexos, é 40%, enquanto que para
homens adultos este valor é 45% (NAOUM, 2017).
Dessa forma, cita-se um exemplo para tornar fácil o entendimento da CCR. Uma mulher
adulta com anemia hemolítica apresentou-se em seu hemograma de diagnóstico com
hematócrito de 25% e contagem de reticulócitos de 8,0%, portanto com reticulocitose.
O cálculo da CCR do presente exemplo resultou em 5,0% (CCR=8X25/40). Esta mesma
mulher foi tratada para conter a hemólise e 20 dias depois o médico solicitou o
hemograma, com contagem porcentual de reticulócito e contagem corrigida de
reticulócito para avaliar o seu procedimento. Os resultados desta ocasião mostraram que
o hematócrito aumento para 30%, a contagem porcentual de reticulócitos ainda estava
elevada (2.7%), mas a contagem corrigida de reticulócitos mostrou-se normal (2,0%).
Portanto, os reticulócitos estão aumentados ou normais? Como explicar esta situação? A
maior parte dos médicos estão acostumados a avaliarem a contagem porcentual de
reticulócitos e sabem como interpreta-la (NAOUM, 2017).
Outros médicos, entretanto, querendo mais especificidade interpretativa do
desenvolvimento da eritropoiese, preferem a contagem corrigida de reticulócitos. O
exemplo acima contempla as duas opções. Para os médicos que preferem somente a
contagem porcentual de reticulócitos a interpretação consideraria que o procedimento
terapêutico foi correto, pois a anemia passou a ser controlada uma vez que ocorreu a
elevação do hematócrito, e a eritropoiese deixou de estar acelerada (reticulócitos de 8%
caiu para 2,7% após o tratamento, e certamente continuará diminuindo até atingir a sua
normalidade). Enquanto que para os médicos que preferem avaliações mais detalhadas
consideraria também que o procedimento terapêutico foi correto, pois a grau de anemia
diminuiu e a eritropoiese fundamentada na produção de reticulócitos normalizou, pois,
sua contagem entrou na faixa de normalidade. As duas interpretações estão corretas e o
uso de uma ou de outra forma de avaliação de reticulócitos passa a ser de escolha
exclusivamente do médico (NAOUM, 2017).
A técnica manual de contagem de reticulócitos é a mais utilizada em laboratórios
clínicos, consiste na observação microscópica dos restos de RNA ribossomal
evidenciados por coloração supra- vital. Tendo como referencia o protocolo H44-A do
National Committee for Clinical Laboratory Standards- NCCLS (FERNÁNDEZ et al.,
2007).
Recentemente a metodologia automatizada tem ganhado espaço, visando agilidade e
precisão. Com essa técnica além de contar- se um numero muito maior de células há
redução na possibilidade de erro, a técnica possui algumas limitações porem seu maior
obstáculo é o alto custo (STIENE- MARTIN et al., 1998).
Dentre os ônus em utilizar a técnica manual é considerável o maior gasto de tempo no
preparo da amostra para leitura, a sucetibilidade da leitura a erros do observador tais
como: baixo numero de células contadas, artefatos da coloração, variação na coloração
dos reticulocitos devido ao tempo de incubação, descriminação visual entre os
reticulócitos, e alta variabilidade de resultados entre observadores (RILEY et al., 2001).

2. OBJETIVO
Estabelecer o procedimento completo da realização do procedimento de Contagem de
reticulócitos no âmbito labolatorial.

3. MATERIAIS
1. Tubos de hemólise;
2. Amostras: Sangue total com EDTA;
3. Lâminas;
4. Banho-Maria à 37°C;
5. Microscópio;
6. Corante azul-de-cresil brilhante à 1%;
7. Luvas de procedimento;
8. Jaleco de mangas longas;
9. Sapato fechado;
10. Máscara;
11. Lixo para material infectante;
12. Pipetas;
13. Ponteiras.
4. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS

 Verificar as requisições que tem Contagem de Reticulócitos na tela Kanban;


 Imprimir a etiqueta contendo o exame no sistema AGHU;
 Realizar a coleta (Ver POP correspondente);
 Recolher os tubos e trazer ao laboratório juntamente com a respectiva
requisição;
 Preparar a diluição do sangue total homogeneizado em azul-de-cresil brilhante,
usando o seguinte critério baseado no hematócrito:
 Para hematócrito até 30%: 600 uL de sangue total e 150 uL de azul de crezil
brilhante (corante).
 Para hematócrito entre 30-45%: 450 uL de sangue total e 150 uL de azul de
crezil brilhante (corante).
 Para hematócrito superior a 45%: 300 uL de sangue total e 150 uL de azul de
crezil brilhante (corante).
 Colocar em banho-maria a 37°C por 20 minutos;
 Homogeneizar e preparar um esfregaço hematológico com a diluição;
 Deixar secar a lâmina e examinar no microscópio em objetiva de imersão
(100x);
 Contar em 1000 hemácias e observar a quantidade de reticulócitos presentes;
 Transformar em porcentagem o número de reticulócitos contados, pela fórmula:
100 x Nº de Reticulócitos contados / 1000;
 Critérios de Rejeição de Amostra: caso a amostra esteja lipêmica, com volume
insuficiente ou hemolisada, o técnico deve comunicar ao analista de plantão para
a análise da mesma;
 Valores de referência: 0,5% - 1,5

4.1. DESCRIÇÃO DE PROCEDIMENTOS

1.0. Colocar 0,5 mL de sangue colhido em EDTA em tubo de ensaio.


2.0. Adicionar 0,5 mL de azul de cresil brilhante.
3.0. Colocar em banho-maria a 37º C por 15 minutos.
4.0. Homogeneizar, fazer esfregaço fino e focalizar com objetiva de imersão.
5.0. Contar, no mínimo 500 hemácias, anotando os reticulócitos encontrados
nestes campos. Prefira campos com células isoladas para facilitar a contagem.
6.0. Dividir o resultado por cinco e expressá-lo em %.
7.0. Se for solicitado o quantitativo numérico por unidade de volume,
realizar o cálculo por regra de três empregando a hematimetria obtida do
equipamento.
8.0. Realização do teste de afoiçamento: Colocar uma gota de sangue
(colhido em EDTA) numa lâmina. Colocar uma lamínula e vedar com parafina
ou esmalte. TOMAR CUIDADO PARA QUE NÃO HAJA BOLHAS. Após 24
horas, observar em microscópio, com luz reduzida e aumento de 40X,
verificando se as hemácias ficaram alteradas, em forma de “foice”.
5. REAGENTES E APRESENTAÇÃO

Solução de Azul de Cresil brilhante 1%---------------------------100 mL


Apresentação: Frascos de 100 mL

6. INTERPRETAÇÃO
A contagem de reticulócitos apresenta grande importância clínica, como meio de
diagnóstico e prognóstico na orientação terapêutica. O número de reticulócitos na
circulação periférica constitui índice do grau de regeneração dos eritrócitos na medula
óssea. Uma contagem baixa de reticulócitos indica medula óssea hipoproliferativa
(anemia hipoplásica) ou eritropoiese ineficaz (como pode ocorrer em anemia
perniciosa). Uma contagem alta de reticulócitos indica uma resposta da medula óssea à
anemia causada por hemólise ou perda sangüínea. A contagem de reticulócitos pode
também aumentar após terapia para anemia por deficiência de ferro ou anemia
perniciosa.
Valores de referência: Os reticulócitos compõem 0,5 a 2% da contagem total de
hemácias. Em bebês, a contagem normal de reticulócitos varia de 2 a 6% ao nascimento,
diminuindo para níveis de adulto em 1 a 2 semanas.

7. CÁLCULOS PARA INTERPRETAÇÃO DO RESULTADO

Nº de reticulócitos/1000 hemácias = % reticulócitos


10
 Para expressar o resultado por milímetro cúbico (valor absoluto), realizar a
contagem global eritrocitária e aplicar a fórmula:

% de reticulócitos x Nº de eritrócitos/mm3 = reticulócitos/mm3


100
- Percentual: % de reticulócitos = 100 x N de reticulócitos contados
1.000
Contagem de reticulócitos corrigida: Um paciente com um determinado grau de anemia
deve ter a sua contagem de reticulócitos corrigida para que se determine o número de
reticulócitos de acordo com o grau de anemia, o que muitas vezes mostra que uma
contagem de reticulócitos normais pode estar tendo uma representatividade baixa para o
paciente.
Veja a técnica e um exemplo:
- Contagem de reticulócitos corrigido:
% de reticulócitos corrigido = %Reticulócitos X HCT paciente
HCT normal (45%)
Sabendo que um hematócrito considerado normal tem valor igual a 45% que representa
a porcentagem da parte sólida do sangue e supondo que na contagem convencional a
porcentagem de reticulócitos deste paciente tenha dado 1,2% e seu hematócrito 29:
Índice de reticulócitos = 1,2 x 29 = 0,7745
O que parecia uma contagem normal igual a 1,2% de reticulócitos passou a ser uma
contagem abaixo do normal.
- Expressar os resultados em percentual ou em reticulócitos por µL.

8. CAUSAS DE RETICULOSES
1. Esferocitose
2. Drepanocitose
3. Eritroblastose Fetal
4. Anemia aguda pós-hemorrágica
5. Anemia hemolítica autoimune adquirida
6. Hemoglobinúria Paroxística noturna
7. Resposta terapêutica satisfatória nas anemias carenciais

9. IMPORTÂNCIA CLÍNICA
A presença de reticulócitos no sangue periférico é um sinal inequívoco de produção de
células vermelhas. Assim a contagem de reticulócitos é usada para se avaliar a
capacidade da medula óssea em produzir novas células vermelhas, em casos de anemias
hemolíticas e hemorragias. A contagem de reticulócitos já é amplamente estabelecida e
utilizada para monitorar a eritropoiese. Constitui um fator importante no diagnóstico,
classificação e monitorização do tratamento das anemias, na confirmação da
regeneração da medula óssea após quimioterapia ou transplante, e na monitorização da
terapêutica com eritropoetina humana recombinante. A contagem de reticulócitos é o
método mais simples para estudo da função eritropoética.
10. CONTAGEM MANUAL
A metodologia manual consiste em precipitar restos de RNA ribossomal por meio do
corante supra vital. Uma gota de sangue é misturada a uma gota do corante, incubada
por dez minutos , é realizado esfregaço que após secar a temperatura ambiente é lida em
microscópio de luz (RILEY et al., 2002). A contagem é realizada no aumento de 1.000
vezes, devendo observar a reprodutibilidade considerando campos onde há maior
quantidade de campos com eritrócitos contando os reticulócitos, porem devem ser
contados campos consecutivos. Como alternativa para o método manual existe o método
com o disco de Miller calibrado, anexado a ocular sendo dois quadrados um dentro do
outro, os reticulocitos são contados no quadrado maior e os eritrócitos no menor,
utilizando esse método devese multiplicar os eritrócitos por 9 (LEWIS et al., 2006).
Na contagem manual é possível realizar através de fórmulas a contagem corrigida de
reticulócitos (contagem absoluta = contagem de reticulocitos em lamina x numero de
hemácias) sendo os valores de referencia entre 50 e 150 mil reticulócitos/ microlitros.
Existe também o índice de produção de reticulócitos ( IPR= Contagem em lamina x
( volume globular do paciente/ 45) / tempo de maturação do reticulócito no sangue
periférico. Porem a relação do hematócrito com o tempo de maturação do reticulócito é
válida somente em pessoas com sistema hematopoiético intacto.
REFERÊNCIAS
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA. Recomendações da
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial para coleta de sangue
venoso. 2. ed. Barueri, SP: Minha Editora, 2010. Disponível em: http://www.
Sbpc.org.br/upload/conteúdo/320090814145042.pdf. Acesso em 02 de mai de 2018.
BIOCLIN, instruções de uso. EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS
HOSPITALARES. Portaria 10. Norma de Elaboração e Controle de Documentos.
Brasília DF. 2019
GOUVEIA, Adriana Lopes. NORMAS E ROTINAS OPERACIONAIS. . [S.l.]:
Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Departamento de Medicina e Enfermagem. , 2014

OLIVEIRA Lima, Antonio et al.: Métodos de laboratório aplicados à clínica, 6ª edição.


Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1985. 10. OLIVEIRA, R.A.G. Hemograma: como
fazer e interpretar. Editora: Red publicações, 2ª edição, 2015.

INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE


INDUSTRIAL - INMETRO. Avaliação da Conformidade, Comitês e Educação para
Qualidade. Disponível em Acesso em 15 de setembro de 2008.

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