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7.1 Introdução
Estes ‘bolsões’ de conhecimentos são agrupados por similaridade em áreas afins compondo o
que chamamos de áreas de conhecimento ou disciplinas básicas. Cada uma destas grandes
áreas possuem suas características próprias, seus fundamentos e sua relevância para um
completo entendimento do mundo. O foco de um currículo não deve ser apenas o
aprendizado destes conceitos, mas a relação destes com a vida no contexto de cada um. A
abrangência de cada uma delas e a maneira como são abordadas é também influenciada pela
filosofia subjacente que dirige as intenções do currículo.
Nesta proposta curricular, abordaremos estas áreas numa perspectiva bíblica, simples e
integrada, fundamentadas numa visão de cristã de mundo compreendida a partir de princípios
bíblicos.
O que veremos a seguir são propostas para construção de respostas, com uma cosmovisão
cristã, a perguntas como estas.
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7.2 O que é o conhecimento?
“Então Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os
criou. E Deus os abençoou, e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra e sujeitai-a
inteiramente; e exerça domínio sobre os peixes do mar, e sobre as aves do céu, e sobre todos
os seres vivos que se move na terra”. Gênesis 1: 26-28
Neste texto, destacamos o verbo “enchei”, que é traduzido de REPLEN'ISH, [do Latim re e
plenus, completo.] 1. preencher; estocar com quantidade ou abundância. “Multiplique e
reabasteça (recarregue) a terra. Gênesis 1:28. REPLEN'ISH, como verbo intransitivo, tem o
sentido de recuperar a plenitude anterior. (WEBSTER, 1828)
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Desde o princípio da criação do homem, Deus lhe deu uma ordem clara para que governasse a
Sua criação; propósito do qual o homem jamais foi liberado. É o que chamamos de mandato
cultural1 ou uma “grande comissão” de Deus para com a humanidade. (Gn 1:28)
Só poderemos obedecer a esta ordem tomando conhecimento de todas as Suas obras, que
nada mais é do que a nossa relação com todo o mundo natural que nos envolve, bem como os
respectivos desdobramentos através das artes, tecnologia, indústria, lazer, política, educação,
economia e tantas outras áreas. Afinal, só podemos governar bem aquilo que conhecemos.
Num sentido mais amplo, podemos dizer que este conhecimento do mundo natural (ou da
Criação), significa conhecer o próprio autor (Criador), pois o caráter de um autor sempre pode
ser conhecido através de uma apreciação cuidadosa de sua obra.
“Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder
e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio
das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis”. Romanos 1:20
Contrastando com esta perspectiva, numa visão humanista secular, o conhecimento é mero
resultado da mente humana e está centrado no homem para o seu próprio entendimento, sem
nenhuma implicação moral para com o Criador, nem de reconhecimento de sua existência e
sabedoria, nem de senso de responsabilidade e prestação de contas para com Ele. Nesta
perspectiva o conhecimento parte do homem e todo acesso se dará pela sua razão.
Numa visão cristã concebemos o conhecimento como vindo do Deus vivo, revelado, inspirado
e até intuído. Deus resolveu equipar o homem com um aparelho cognitivo capaz de perceber e
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O mandato cultural envolve a vice-gerência do homem sobre o cosmos. Em teologia é o termo que descreve a
responsabilidade do homem desenvolver e manter tudo aquilo que foi criado por Deus. (Gn 1:27-28)
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compreender a linguagem do mundo natural. Existe um conhecimento inteligível disponível a
ser perscrutado reverentemente pelo homem.
“A glória de Deus é ocultar certas coisas; tentar descobri-las é a glória dos reis”.
Provérbios 25:2
Para refletir:
De que forma o texto bíblico de Romanos 1:20-25 se relaciona com esta
compreensão descrita acima? Reflita e escreva suas apreensões sobre isto.
Através destes dois grandes referenciais poderemos conhecê-Lo e compreender a Sua vontade,
sem contar, que seria uma extrema presunção falarmos e estudarmos as obras de alguém sem
lhe mencionarmos o nome, nem os créditos que lhe são devidos.
“Porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe
renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus
corações insensatos se obscureceram”. Romanos 1:21
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Estes dois grandes livros possuem forte harmonia, trazendo luz um para o outro e tornando o
homem sábio. Em suma, como já dizia em sua sabedoria o salmista: “Contemplai-O e sereis
iluminados.” (Salmo 34:5)
Iluminar: espalhar luz sobre ou encher-se de luz; tornar(-se) claro, alumiar(-se); no sentido
figurado, tornar(-se) instruído, esclarecido. (HOUAISS, 2009)
À medida que agrupamos o conhecimento por similaridade, poderemos chegar a menos que
uma dezena de categorias ou áreas específicas de conhecimento essenciais à vida humana em
nosso mundo. Atualmente, na documentação oficial do Brasil existe um consenso de
agrupamento deste corpo de conhecimento em grandes áreas, que por sua vez se distribuem
ainda em componentes curriculares. (MEC, 2013. Pág. 32)
Numa abordagem cristã, vamos procurar uma lógica própria para o correto agrupamento das
áreas do conhecimento humano e suas afinidades, a partir de uma visão de mundo onde Deus
é o Senhor de todo conhecimento e o mundo é obra de suas mãos.
Tomando como base o relato de Gênesis, observando os sete dias da Semana da Criação,
poderemos perceber a partir desta descrição sete grandes áreas, identificadas em seu embrião.
Seguindo esta lógica dos dias da Criação como nascentes de todo o conhecimento para o
mundo natural, vejamos:
Tudo começa com a linguagem, quando Deus disse: “Haja luz.” O que não existia veio a
existir através da palavra. Deus ordenava (proferia uma ordem, comando) e o mundo
natural vinha a existência.
Hoje já compreendemos que a vida é informação e informação pressupõe linguagem. É
no DNA que toda a informação genética de um organismo vivo é armazenada e
transmitida para seus descendentes. Aqui encontramos as raízes para a comunicação,
linguagens diversas e formação das línguas.
Logo em seguida no processo da Criação, veio à noção temporal, quando é dito pela
primeira vez “(...) e houve tarde e manhã do primeiro dia” introduzindo-se a dimensão e
noção de tempo. O tempo é o fundamento da História e sem esta grandeza não existiria a
noção de passado, presente e futuro.
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No terceiro a vida começa a surgir em sua forma mais rudimentar – as plantas. A vida
necessita de marcadores, sequências, ciclos. Assim ...
No quarto dia, com a criação do sistema solar são fixadas todas as leis naturais invisíveis e
estabelecida a ordem e a regularidade para todas as funções no planeta. São os rudimentos
da Matemática e demais ciências exatas, as ciências das quantidades, regularidades e
interpretação abstrata das leis invisíveis que foram lançados neste dia. Estava também
estabelecido os ciclos para a manutenção da vida.
Agora os seres vivos, as plantas e a vida animal, começam a existir no planeta entre o
terceiro e o quinto dia. Estes são os fundamentos de estudo das Ciências Naturais.
No sexto dia, também foi criado o homem. Ele deveria exercer domínio sobre todas as
criaturas até então já criadas. Este conhecimento do nosso corpo, o seu potencial e relação
com o meio natural são os rudimentos desta área da aptidão física.
Quando por fim, chega o sétimo dia. Neste dia o trabalho foi concluído. Este é o tempo
da apreciação da beleza de toda a obra que havia sido feita. Ele é marcado com um misto
de contentamento e deslumbramento, acompanhado de descanso e devoção. Aqui temos
as raízes para as artes e educação religiosa. Este dia fica marcado para sempre como o dia
separado para o descanso, contemplação e devoção a Deus.
Com base nesta noção das origens apresentada no livro de Gênesis, poderíamos agrupar o
conhecimento em sete grandes áreas, são elas: Linguagem, História, Geografia, Matemática,
Ciências, Educação Física e Artes, fazendo uma alusão aos dias da semana inicial da Criação.
Este é um bom ponto de partida para estabelecermos o fundamento e propósito para todo o
conhecimento numa perspectiva bíblica.
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Esta distribuição em áreas possui boa aproximação à proposta dos Parâmetros Curriculares
Nacionais, para as áreas básicas do conhecimento, legislação estruturante para os nossos
currículos escolares por várias décadas.
I – na Língua Portuguesa;
II – na Matemática;
III – no conhecimento do mundo físico, natural, da realidade social e política,
especialmente do Brasil, incluindo-se o estudo da História e Cultura Afro-
Brasileira e Indígena,
IV – na Arte em suas diferentes formas de expressão, incluindo-se a música;
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V – na Educação Física;
VI – no Ensino Religioso.
Tais componentes curriculares são organizados pelos sistemas educativos, em forma de áreas
de conhecimento, disciplinas, eixos temáticos, preservando-se a especificidade dos diferentes
campos do conhecimento, por meio dos quais se desenvolvem as habilidades indispensáveis ao
exercício da cidadania, em ritmo compatível com as etapas do desenvolvimento integral do
cidadão. (Diretrizes Curriculares nacionais da Educação Básica, Brasília, 2013; pág 32)
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(Base Nacional Comum Curricular. MEC, 2017. Pág. 25)
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7.6 Proposta de transversalidade peculiar à AEP
Por serem questões sociais, os ‘Temas Transversais’ têm natureza diferente das áreas
convencionais. Tratam de processos que estão sendo intensamente vividos pela
sociedade, pelas comunidades, pelas famílias, pelos alunos e educadores em seu
cotidiano. São debatidos em diferentes espaços sociais, em busca de soluções e de
alternativas, confrontando posicionamentos diversos tanto em relação à intervenção
no âmbito social mais amplo quanto à atuação pessoal. São questões urgentes que
interrogam sobre a vida humana, sobre a realidade que está sendo construída e que
demandam transformações macrossociais e também de atitudes pessoais, exigindo,
portanto, ensino e aprendizagem de conteúdos relativos a essas duas dimensões. Nas
várias áreas do currículo escolar existem, implícita ou explicitamente, ensinamentos a
respeito dos temas transversais, isto é, todas educam em relação a questões sociais
por meio de suas concepções e dos valores que veiculam nos conteúdos, no que
elegem como critério de avaliação, na metodologia de trabalho que adotam, nas
situações didáticas que propõem aos alunos. Por outro lado, sua complexidade faz
com que nenhuma das áreas, isoladamente, seja suficiente para explicá-los; ao
contrário, a problemática dos temas transversais atravessa os diferentes campos do
conhecimento.
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componente curricular ou de um problema a ser investigado, bem como as vivências
dos alunos no ambiente escolar, contribui para formar e conformar as subjetividades
dos alunos, porque criam disposições para entender a realidade a partir de certas
referências, desenvolvem gostos e preferências, levam os alunos a se identificarem
com determinadas perspectivas e com as pessoas que as adotam, ou a se afastarem
de outras.
Por aproximação, na peculiaridade da Abordagem Educacional por Princípios, são através dos
sete princípios de governo que se darão esta transversalidade, pois estes contemplam todos os
temas transversais preconizados pelos nossos documentos legais de forma ainda mais profunda
e relevante.
Estes princípios serão descritos com mais detalhes nos textos seguintes e formam o corpo de
sentidos para organização da sociedade, protegendo a vida, a liberdade e a propriedade.
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