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7 Visão Geral das áreas do conhecimento/componentes curriculares

Por Rubens Cartaxo

7.1 Introdução

Parte significativa na preparação de um currículo escolar é atribuída a compreensão do corpo


de conteúdos através dos quais os objetivos serão alcançados a medida do seu estudo e
interação.

Estes ‘bolsões’ de conhecimentos são agrupados por similaridade em áreas afins compondo o
que chamamos de áreas de conhecimento ou disciplinas básicas. Cada uma destas grandes
áreas possuem suas características próprias, seus fundamentos e sua relevância para um
completo entendimento do mundo. O foco de um currículo não deve ser apenas o
aprendizado destes conceitos, mas a relação destes com a vida no contexto de cada um. A
abrangência de cada uma delas e a maneira como são abordadas é também influenciada pela
filosofia subjacente que dirige as intenções do currículo.

Existem algumas formas de agrupamento e delimitações destas áreas básicas do conhecimento


humano. É importante desde já, tornar evidente que a questão da separação das áreas não
significa torna-las independentes, mas destacar as peculiaridades de cada uma, suas
contribuições e articulações para compreensão e solução dos problemas.

Nesta proposta curricular, abordaremos estas áreas numa perspectiva bíblica, simples e
integrada, fundamentadas numa visão de cristã de mundo compreendida a partir de princípios
bíblicos.

Como já podemos perceber, um currículo lida diretamente com o corpo de conhecimentos


considerados relevantes para a formação plena, distribuídos segundo critérios específicos com
o fim de alcançar os objetivos para educação de uma geração.

Quem se propõe a escrever ou compreender uma proposta curricular, deve responder


satisfatoriamente a estas três perguntas básicas:

O que é conhecimento? Existe um conhecimento objetivo?

O que devemos conhecer?

Que ‘saberes’ devemos dominar para uma vida elevada?

O que veremos a seguir são propostas para construção de respostas, com uma cosmovisão
cristã, a perguntas como estas.

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7.2 O que é o conhecimento?

Percorrendo as definições de algumas palavras-chave neste assunto, busquemos o


entendimento para

Conhecer: do lat. cognoscère 'aprender a conhecer, procurar saber, reconhecer';


perceber e incorporar à memória (algo); ficar sabendo; 2. tomar ou ter consciência de;
3. ser apresentado a (alguém); 4. estar familiarizado com; saber, dominar; 5. sentir
como sendo familiar; reconhecer; 6. apreender certa e claramente com a mente ou os
sentidos; ter cognição direta de; perceber 7. experimentar, sofrer, passar por.

Conhecimento: 1. somatório do que se conhece; conjunto das informações e princípios


armazenados pela humanidade; 2. domínio, teórico ou prático, de uma arte, uma
ciência, uma técnica etc. 3. ato de perceber ou compreender por meio da razão e/ou
da experiência.

Competência: soma de conhecimentos ou de habilidades; indivíduo de grande


autoridade num ramo do saber ou do fazer; notabilidade. (HOUAISS, 2009)
Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e
procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores
para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e
do mundo do trabalho. (2017, pág. 8)

Dominar: ser senhor; conhecer e saber empregar com proficiência.

Domínio: conhecimento seguro e profundo. (HOUAISS, 2009)

Saber: conhecer, ser ou estar informado; soma de conhecimentos adquiridos;


sabedoria, cultura, erudição.

“Então Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os
criou. E Deus os abençoou, e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra e sujeitai-a
inteiramente; e exerça domínio sobre os peixes do mar, e sobre as aves do céu, e sobre todos
os seres vivos que se move na terra”. Gênesis 1: 26-28

Neste texto, destacamos o verbo “enchei”, que é traduzido de REPLEN'ISH, [do Latim re e
plenus, completo.] 1. preencher; estocar com quantidade ou abundância. “Multiplique e
reabasteça (recarregue) a terra. Gênesis 1:28. REPLEN'ISH, como verbo intransitivo, tem o
sentido de recuperar a plenitude anterior. (WEBSTER, 1828)

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Desde o princípio da criação do homem, Deus lhe deu uma ordem clara para que governasse a
Sua criação; propósito do qual o homem jamais foi liberado. É o que chamamos de mandato
cultural1 ou uma “grande comissão” de Deus para com a humanidade. (Gn 1:28)

Só poderemos obedecer a esta ordem tomando conhecimento de todas as Suas obras, que
nada mais é do que a nossa relação com todo o mundo natural que nos envolve, bem como os
respectivos desdobramentos através das artes, tecnologia, indústria, lazer, política, educação,
economia e tantas outras áreas. Afinal, só podemos governar bem aquilo que conhecemos.

Num sentido mais amplo, podemos dizer que este conhecimento do mundo natural (ou da
Criação), significa conhecer o próprio autor (Criador), pois o caráter de um autor sempre pode
ser conhecido através de uma apreciação cuidadosa de sua obra.

Esta visão do conhecimento traz um elevado senso de propósito a existência humana e


desenvolve uma verdadeira alegria no aprendiz, pois a medida que ele avança em
conhecimento, estará também a cada dia se deslumbrando com a glória deste Criador e se
tornando apto e responsável, como bom mordomo da Criação, sabendo que Lhe deverá
prestar contas por isto.

Através desta abordagem às áreas do conhecimento, podemos descobrir a glória de Deus


presente em cada uma delas. A palavra ‘glória’ aqui tem o sentido de luz, brilho, e
figuradamente conhecimento, inteligência, revelação e sabedoria.

“Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder
e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio
das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis”. Romanos 1:20

Assim, para a construção de um currículo cristão, partimos da premissa de que todo


conhecimento nasce em Deus, e, portanto, revela a Sua glória. A planificação deste
conhecimento em grandes áreas, sua interação e aplicação serão reveladoras dos “atributos
invisíveis de Deus”.

Contrastando com esta perspectiva, numa visão humanista secular, o conhecimento é mero
resultado da mente humana e está centrado no homem para o seu próprio entendimento, sem
nenhuma implicação moral para com o Criador, nem de reconhecimento de sua existência e
sabedoria, nem de senso de responsabilidade e prestação de contas para com Ele. Nesta
perspectiva o conhecimento parte do homem e todo acesso se dará pela sua razão.

Numa visão cristã concebemos o conhecimento como vindo do Deus vivo, revelado, inspirado
e até intuído. Deus resolveu equipar o homem com um aparelho cognitivo capaz de perceber e

1
O mandato cultural envolve a vice-gerência do homem sobre o cosmos. Em teologia é o termo que descreve a
responsabilidade do homem desenvolver e manter tudo aquilo que foi criado por Deus. (Gn 1:27-28)

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compreender a linguagem do mundo natural. Existe um conhecimento inteligível disponível a
ser perscrutado reverentemente pelo homem.

“A glória de Deus é ocultar certas coisas; tentar descobri-las é a glória dos reis”.
Provérbios 25:2

Para refletir:
De que forma o texto bíblico de Romanos 1:20-25 se relaciona com esta
compreensão descrita acima? Reflita e escreva suas apreensões sobre isto.

7.3 Os dois grandes referenciais

Para dominarmos a complexidade do mundo natural a nossa volta precisamos de


conhecimentos básicos que podem ser agrupados por similaridade em grandes grupos. O
domínio deste conhecimento não necessariamente garante o desenvolvimento pleno proposto
nos objetivos educacionais mais amplos baseado nas necessidades essenciais da pessoa integral,
porém, é na dinâmica da abordagem destes, que estes objetivos são alcançados à medida que o
professor contextualiza, significa e aplica este conhecimento a luz da revelação geral das
Escrituras, dos seus princípios e da sua própria experiência de vida e de relacionamento com o
Deus da criação.

Assim, o aluno na escola cristã tem a magnífica


oportunidade de ter a sua frente os dois grandes
referenciais de verdade acerca de todas as coisas: a
Palavra revelada de Deus, onde estão expressos os
princípios de vida e plano de redenção para o
homem, que nos permitem uma compreensão mais
realística da vida e o outro, o ‘grande livro aberto’
que são as obras do Criador em todas as suas
expressões manifestas no mundo natural. Através
destas duas expressões, a “verdade” saltará aos olhos
quando observada através de um espírito de contrição, deleite e reverência, como quem abre
um livro com recursos de ‘pop-up’.

Através destes dois grandes referenciais poderemos conhecê-Lo e compreender a Sua vontade,
sem contar, que seria uma extrema presunção falarmos e estudarmos as obras de alguém sem
lhe mencionarmos o nome, nem os créditos que lhe são devidos.

“Porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe
renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus
corações insensatos se obscureceram”. Romanos 1:21

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Estes dois grandes livros possuem forte harmonia, trazendo luz um para o outro e tornando o
homem sábio. Em suma, como já dizia em sua sabedoria o salmista: “Contemplai-O e sereis
iluminados.” (Salmo 34:5)

Iluminar: espalhar luz sobre ou encher-se de luz; tornar(-se) claro, alumiar(-se); no sentido
figurado, tornar(-se) instruído, esclarecido. (HOUAISS, 2009)

7.4 Quais são as grandes áreas do conhecimento humano?

À medida que agrupamos o conhecimento por similaridade, poderemos chegar a menos que
uma dezena de categorias ou áreas específicas de conhecimento essenciais à vida humana em
nosso mundo. Atualmente, na documentação oficial do Brasil existe um consenso de
agrupamento deste corpo de conhecimento em grandes áreas, que por sua vez se distribuem
ainda em componentes curriculares. (MEC, 2013. Pág. 32)

Numa abordagem cristã, vamos procurar uma lógica própria para o correto agrupamento das
áreas do conhecimento humano e suas afinidades, a partir de uma visão de mundo onde Deus
é o Senhor de todo conhecimento e o mundo é obra de suas mãos.

Tomando como base o relato de Gênesis, observando os sete dias da Semana da Criação,
poderemos perceber a partir desta descrição sete grandes áreas, identificadas em seu embrião.
Seguindo esta lógica dos dias da Criação como nascentes de todo o conhecimento para o
mundo natural, vejamos:

Tudo começa com a linguagem, quando Deus disse: “Haja luz.” O que não existia veio a
existir através da palavra. Deus ordenava (proferia uma ordem, comando) e o mundo
natural vinha a existência.
Hoje já compreendemos que a vida é informação e informação pressupõe linguagem. É
no DNA que toda a informação genética de um organismo vivo é armazenada e
transmitida para seus descendentes. Aqui encontramos as raízes para a comunicação,
linguagens diversas e formação das línguas.

Logo em seguida no processo da Criação, veio à noção temporal, quando é dito pela
primeira vez “(...) e houve tarde e manhã do primeiro dia” introduzindo-se a dimensão e
noção de tempo. O tempo é o fundamento da História e sem esta grandeza não existiria a
noção de passado, presente e futuro.

Tudo isto acontecia em um lugar no espaço. “(...) e ajuntem-se as águas em um só lugar e


apareça a porção seca”. Um planeta estava sendo modelado para ser a habitação do
homem. O lugar onde vivemos é o fundamento da Geografia. Eles foram lançados no
segundo dia da Criação.

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No terceiro a vida começa a surgir em sua forma mais rudimentar – as plantas. A vida
necessita de marcadores, sequências, ciclos. Assim ...

No quarto dia, com a criação do sistema solar são fixadas todas as leis naturais invisíveis e
estabelecida a ordem e a regularidade para todas as funções no planeta. São os rudimentos
da Matemática e demais ciências exatas, as ciências das quantidades, regularidades e
interpretação abstrata das leis invisíveis que foram lançados neste dia. Estava também
estabelecido os ciclos para a manutenção da vida.

Agora os seres vivos, as plantas e a vida animal, começam a existir no planeta entre o
terceiro e o quinto dia. Estes são os fundamentos de estudo das Ciências Naturais.

No sexto dia, também foi criado o homem. Ele deveria exercer domínio sobre todas as
criaturas até então já criadas. Este conhecimento do nosso corpo, o seu potencial e relação
com o meio natural são os rudimentos desta área da aptidão física.

Quando por fim, chega o sétimo dia. Neste dia o trabalho foi concluído. Este é o tempo
da apreciação da beleza de toda a obra que havia sido feita. Ele é marcado com um misto
de contentamento e deslumbramento, acompanhado de descanso e devoção. Aqui temos
as raízes para as artes e educação religiosa. Este dia fica marcado para sempre como o dia
separado para o descanso, contemplação e devoção a Deus.

Com base nesta noção das origens apresentada no livro de Gênesis, poderíamos agrupar o
conhecimento em sete grandes áreas, são elas: Linguagem, História, Geografia, Matemática,
Ciências, Educação Física e Artes, fazendo uma alusão aos dias da semana inicial da Criação.
Este é um bom ponto de partida para estabelecermos o fundamento e propósito para todo o
conhecimento numa perspectiva bíblica.

7.5 As áreas do conhecimento na nossa legislação

É interessante é perceber também as inter-relações entre estas


áreas, formandos grandes blocos, por exemplo, as disciplinas
de Línguas e Artes o bloco da Linguagem. Depois, a História e
Geografia, que são as disciplinas base das Ciências Sociais.

No outro bloco teríamos as Ciências Naturais e Educação


Física. Sendo todos eles interligados a partir da Matemática.

Fig. 1 – Eixos e áreas do conhecimento. Cartaxo, 2011.

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Esta distribuição em áreas possui boa aproximação à proposta dos Parâmetros Curriculares
Nacionais, para as áreas básicas do conhecimento, legislação estruturante para os nossos
currículos escolares por várias décadas.

Fig. 2 - PCN Vol 1, Brasília, MEC 1997, pág. 71

As áreas nas Diretrizes Curriculares

Entende-se por base nacional comum, na Educação Básica, os conhecimentos, saberes e


valores produzidos culturalmente, expressos nas políticas públicas e que são gerados nas
instituições produtoras do conhecimento científico e tecnológico; no mundo do trabalho; no
desenvolvimento das linguagens; nas atividades desportivas e corporais; na produção artística;
nas formas diversas e exercício da cidadania; nos movimentos sociais, definidos no texto dessa
Lei (RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010), artigo 14, que assim se traduz:

I – na Língua Portuguesa;
II – na Matemática;
III – no conhecimento do mundo físico, natural, da realidade social e política,
especialmente do Brasil, incluindo-se o estudo da História e Cultura Afro-
Brasileira e Indígena,
IV – na Arte em suas diferentes formas de expressão, incluindo-se a música;

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V – na Educação Física;
VI – no Ensino Religioso.

Tais componentes curriculares são organizados pelos sistemas educativos, em forma de áreas
de conhecimento, disciplinas, eixos temáticos, preservando-se a especificidade dos diferentes
campos do conhecimento, por meio dos quais se desenvolvem as habilidades indispensáveis ao
exercício da cidadania, em ritmo compatível com as etapas do desenvolvimento integral do
cidadão. (Diretrizes Curriculares nacionais da Educação Básica, Brasília, 2013; pág 32)

Em relação ao Ensino Fundamental de 9 anos:

Os conteúdos sistematizados que fazem parte do currículo são denominados componentes


curriculares, os quais, por sua vez, se articulam às áreas de conhecimento, a saber: Linguagens,
Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. As áreas de conhecimento favorecem a
comunicação entre os conhecimentos e saberes dos diferentes componentes curriculares, mas
permitem que os referenciais próprios de cada componente curricular sejam preservados. O
currículo da base nacional comum do Ensino Fundamental deve abranger obrigatoriamente,
conforme o artigo 26 da LDB, o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o
conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente a do
Brasil, bem como o ensino da Arte, a Educação Física e o Ensino Religioso.

Os componentes curriculares obrigatórios do Ensino Fundamental serão assim organizados


em relação às áreas de conhecimento:

I – Linguagens: a) Língua Portuguesa b) Língua materna, para populações indígenas


c) Língua Estrangeira moderna d) Arte e) Educação Física
II – Matemática
III – Ciências da Natureza
IV – Ciências Humanas: a) História b) Geografia
V – Ensino Religioso
(Diretrizes Curriculares Nacionais para Ensino Fundamental de 9 anos, Brasília, 2013, pág.
114)

E, mais recentemente, conforme preconiza a nova BNCC:

(ver gráfico na página seguinte)

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(Base Nacional Comum Curricular. MEC, 2017. Pág. 25)

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7.6 Proposta de transversalidade peculiar à AEP

Conforme também preconizado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e nas


Novas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica, são sugeridos temas
transversais que garantam a dignidade da pessoa humana, igualdade de direitos (justiça),
participação e corresponsabilidade pela vida social.
Na AEP estes temas são contemplados eficientemente através dos sete princípios
fundamentais de governo, compreendidos a partir do funcionamento do mundo natural e dos
preceitos e princípios contidos na Bíblia que refletem também o modo de vida cristão, que foi
o suporte de todo avanço nas relações humanas da civilização ocidental.

Por serem questões sociais, os ‘Temas Transversais’ têm natureza diferente das áreas
convencionais. Tratam de processos que estão sendo intensamente vividos pela
sociedade, pelas comunidades, pelas famílias, pelos alunos e educadores em seu
cotidiano. São debatidos em diferentes espaços sociais, em busca de soluções e de
alternativas, confrontando posicionamentos diversos tanto em relação à intervenção
no âmbito social mais amplo quanto à atuação pessoal. São questões urgentes que
interrogam sobre a vida humana, sobre a realidade que está sendo construída e que
demandam transformações macrossociais e também de atitudes pessoais, exigindo,
portanto, ensino e aprendizagem de conteúdos relativos a essas duas dimensões. Nas
várias áreas do currículo escolar existem, implícita ou explicitamente, ensinamentos a
respeito dos temas transversais, isto é, todas educam em relação a questões sociais
por meio de suas concepções e dos valores que veiculam nos conteúdos, no que
elegem como critério de avaliação, na metodologia de trabalho que adotam, nas
situações didáticas que propõem aos alunos. Por outro lado, sua complexidade faz
com que nenhuma das áreas, isoladamente, seja suficiente para explicá-los; ao
contrário, a problemática dos temas transversais atravessa os diferentes campos do
conhecimento.

(Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos. Apresentação dos temas


transversais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998 - pág.
26)

A transversalidade constitui uma das maneiras de trabalhar os componentes curriculares, as


áreas de conhecimento e os temas contemporâneos em uma perspectiva integrada, tal como
indicam as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica.

(...) Valores, atitudes, sensibilidades e orientações de conduta são veiculados não só


pelos conhecimentos, mas por meio de rotinas, rituais, normas de convívio social,
festividades, visitas e excursões, pela distribuição do tempo e organização do espaço,
pelos materiais utilizados na aprendizagem, pelo recreio, enfim, pelas vivências
proporcionadas pela escola. Ao se debruçar sobre uma área de conhecimento ou um
tema de estudo, o aluno aprende, também, diferentes maneiras de raciocinar; é
sensibilizado por algum aspecto do tema tratado, constrói valores, torna-se
interessado ou se desinteressa pelo ensino. Assim, a aprendizagem de um

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componente curricular ou de um problema a ser investigado, bem como as vivências
dos alunos no ambiente escolar, contribui para formar e conformar as subjetividades
dos alunos, porque criam disposições para entender a realidade a partir de certas
referências, desenvolvem gostos e preferências, levam os alunos a se identificarem
com determinadas perspectivas e com as pessoas que as adotam, ou a se afastarem
de outras.

(Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica, pág. 115)

Por aproximação, na peculiaridade da Abordagem Educacional por Princípios, são através dos
sete princípios de governo que se darão esta transversalidade, pois estes contemplam todos os
temas transversais preconizados pelos nossos documentos legais de forma ainda mais profunda
e relevante.

São eles: Caráter (trabalho), Mordomia (administração), Autogoverno (liberdade), Semeadura e


colheita (obediência), Soberania (poder), Unidade (governo) e Individualidade (variedade).

Estes princípios serão descritos com mais detalhes nos textos seguintes e formam o corpo de
sentidos para organização da sociedade, protegendo a vida, a liberdade e a propriedade.

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