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A importância dos valores internos

Esse estudo visa uma compreensão mais aprofundada a respeito da estrutura de


valores que possui o ser humano em seu projeto de vida. Primeiramente, faz-se
necessária uma reflexão acerca dos valores internos, buscando a suas origens na
formação do psiquismo humano. Ao investigar o desenvolvimento da personalidade
infantil encontram-se aspectos ligados a temperamento. É como descreve Fadiman
(1986), estudos realizados por Carl Gustav Jung trouxeram os conceitos de pessoas
introvertidas e extrovertidas, cada qual com as suas peculiaridades de pensamento,
sensação, percepção e intuição.

Ainda em Fadiman (1986), há a conceituação deixada por Skinner, psicólogo


americano, na qual sinaliza as influências que o meio ambiente exerce sobre as
pessoas, levando-as a terem um comportamento ou outro. Seus estudos incluíram
o campo da educação, valorizando as recompensas para a aquisição de bons
comportamentos e a punição para a correção dos inadequados.

Na esfera da moral, em Piaget (1977), existe a idéia de noção de justiça na criança,


ao referir-se a uma oposição existente entre dois tipos de respeito, e
conseqüentemente, entre duas morais: a de obrigação e a de cooperação. Uma
trata do dever, a outra do respeito mútuo. Quando a criança desenvolve uma
formação baseada na justiça de cooperação é possível que ela possua um senso de
justiça igualitário ao longo de sua vida.

As bases sobre justiça podem ser encontradas no filósofo clássico Aristóteles


(1986), através de suas reflexões éticas, ao afirmar que aquele que pratica atos
justos não necessariamente é um ”homem justo”; pode ser um “bom cidadão”,
contudo, jamais será um “homem justo” ou um “homem bom” de per si. O “homem
bom” é, por si mesmo, independentemente da sociedade, completo em sua
interioridade; a justiça lhe é uma virtude vivida, por meio da ação voluntária. A
moral obedece às regras, a ética possui seus próprios valores.

La Taille (2002), descreve o cenário da educação infantil apontando as duas


grandes fontes educacionais da criança: família e escola, como agentes que devem
tornar claros os seus valores e definições sobre uma vida plena. A sociedade e a
mídia acabam ocupando um espaço considerável na formação desses conceitos
fundamentais. Com o passar do tempo os valores aprendidos na família e na escola
foram perdendo terreno, e quem encontrou espaço para implantar diferentes
valores foi a forte idéia comercial. Tudo parece estar voltado para o mercado, o
consumismo e a superficialidade. Muito tem se perdido com esta maneira de formar
valores.

Tendo em vista os vários fatores que compõem a personalidade do ser humano,


torna-se importante o exercício de compreender que formas de valor podem estar
presentes nas pessoas. Dependendo das características existentes desde o
nascimento, somadas as aprendizagens e experiências vividas, resultará em
diferentes valores encontrados em cada um.

A criança recebe determinada cultura de seus cuidadores, bem como influências do


meio em que vive. Caso ela não obtenha valores de uma vida mais plena,
dificilmente formará um conceito interno a respeito. A preocupação nesta altura das
reflexões alcança os valores que o ser humano formou e os vive a partir de uma
condição intrínseca. Ao contrário de alguém que percebe a necessidade de ter de se
adequar às regras e normas circunstanciais de um dado momento, para uma
demanda específica. Temos, então, valores adaptados e considerados extrínsecos.
Seu efeito pode durar tanto quanto os seus objetivos permaneçam disponíveis.

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Aquele que possui valores intrínsecos tem maior chance de resistir às atribulações
que a vida reserva. Sofre, contudo, encontra sustentação diante das dificuldades
existentes. Vê o campo de batalha no qual se situa, porém, tem ânimo e força para
continuar lutando e planejando as perspectivas. É como se encontrasse uma
companhia vital para continuar a jornada. Os valores religiosos são forte exemplo
desse tipo de sustentação. Vemos claramente em (2 Co 5.1.): “Sabemos que, se a
nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um
edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus.”

Por outro lado, quem convive com valores extrínsecos, é presa fácil dos problemas.
Sucumbe, quase sempre, ao primeiro vento que sopra contrariamente. Não há uma
estrutura formada que ofereça apoio e perseverança. Encontra, na maioria das
vezes, o desespero como aliado. Sente-se só.

Como tratar da questão em pauta? Valores positivos internos, se eles pouco


representam para as pessoas que não o obtiveram. Observe que o número de
crianças com pouco contato nesta esfera do desenvolvimento vêm aumentando,
haja vista o distanciamento que ocorre entre pais e filhos. A educação perde
terreno nesta relação já enfraquecida, onde a responsabilidade primária (dos pais)
está sendo passada, ou há uma constante tentativa, para a secundária (escola). As
razões deste fenômeno vão desde o conceito errôneo que muitos pais têm a
respeito do eixo liberdade-limites, até o comprometimento com as suas atividades
profissionais em virtude do dinheiro e do próprio desenvolvimento. Não é uma
situação fácil (Siqueira, 2003).

Os educadores têm um papel relevante junto a seus alunos, bem como aos pais
deles. É papel de liderança que deve estar presente todo dia na vida das crianças e
adolescentes. Declarar valores pessoais e estimular o seu desenvolvimento pode
auxiliar nesta tentativa. Em qualquer oportunidade de tempo, desde que seja feito.

Imaginemos, então, se ampliarmos esta dificuldade para a vida social em grupo.


Muitas pessoas, de diferentes valores, ainda que alguns estejam relativamente
próximos, calcule como é o alinhamento entre aquele que possui valores internos
de boa conduta, mediante valores globais negativos de um sistema organizado? O
contrário também.

Outro empecilho ocorre na hora de compreender ou formar os planos futuros de


vida. Que sonhos ter? O que vislumbrar como algo que possua grandeza e nos
inspire a caminhar em sua direção? Que horizonte observar e nele estarem
depositadas importantes convicções pessoais?

Ainda mais, como conceber as metas desses planos? Se a perspectiva não inclui
uma visão estimuladora? Que objetivos tangíveis devemos alcançar para manter a
chama acesa?

Se não há valores profundos e positivos, não há, em essência, o que visionar e


tornar, em decorrência, objeto de qualquer missão. Tal infortúnio, num convívio
grupal, desmotiva aquele que é desprovido de valores fundamentais. Quer apenas
resultados imediatos e se frustra facilmente quando não os obtêm. Seus objetivos
incluem somente o fazer e a resposta que ocorra de acordo com as suas
aspirações, excluindo os seus propósitos educativos, tais como o errar, parte
inseparável do ser humano. Não há paciência, muito menos sabedoria em entender
as muitas possibilidades que podem estar presentes em cada idéia e ato que
emitimos.

Quando a pessoa carrega valores internos, é capaz de empreender atividades que


busquem se aproximar de seus sonhos. Avaliar as novas situações, respeitando as

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mudanças e resultados que surjam, diferentemente do que antevia.  Compreender
o valor do tempo e saber esperar quando assim se faz necessário. É crente de suas
convicções e sabe articulá-las com as diferenças que encontra no grupo. Busca
adaptar-se, até certo limite, aos valores da comunidade que faz parte. Alinha seus
valores, sonhos e metas. Encontra na própria estrutura desses conceitos um
objetivo a ser alcançado em cada lugar e em cada tempo.

Fonte
SIQUEIRA NETO, Armando. A importância dos valores internos. Disponível em:
<http://www.centrorefeducacional.com.br/valorint.htm>. Acesso em: 10 mar.
2006.

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