Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Por amor fati, antiga expressão latina cuja sentido literal é o amor ao fado (destino) ou amor à
fatalidade, Nietzsche compreende o amor ao que é necessário. Em suas anotações ela passa a
utilizar a expressão no outono de 1881, pouco depois de ter o pensamento do eterno retorno
do mesmo. Trata-se, como ele explicitará anos depois em Ecce Homo de uma fórmula para
medir a grandeza da vontade afirmativa do homem, sua capacidade de aquiescência
incondicional diante de todas as coisas inscritas na ordem do tempo.
Ou seja, não querer nada de outro modo: seja em relação ao passado (amar tudo aquilo que já
ocorreu e que não poderia ter ocorrido de outra maneira) ou ao futuro (amar tudo o que há de
vir), seja em relação à eternidade (amar o instante, posto que cada momento pode repetir-se
de forma, idêntica, o eterno retorno do mesmo].
Fórmula que possui um vínculo estreito com a possibilidade de repetição cíclica de todos os
acontecimentos. Amar o que é necessário implica, em sua radicalidade, em amar a
possibilidade eterna de retorno do próprio niilismo. Concepção que anula as noções de "caos”,
"contingência", "liberdade da vontade", "finalidade", o amor fati é um dionisíaco dizer Sim ao
mundo, tal como ele é. sem desconto. exceção ou seleção.
Sobre AMOR FATI, consultar GC§ 276; NW "Epílogo"§ 1; EH "Por que sou tão sábio"§ 10, "O
Caso Wagner"§4; FP15[20) do outono de 1881; FP16 [22] de dezembro 1881/janeiro dede
1882; FP 25 [500] da primavera de 1884; FP 16 [32] da primavera/verão de 1888; FP 25 [7] da
de primavera dezembro de 1888/início de 1889.