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INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E

AUDITORIA DE MOÇAMBIQUE (ISCAM)

Teoria do Custo-Volume-Resultado (CVR)

Finanças Empresariais II
Classificar os custos (variáveis e fixos) da
empresa;
Aplicar a teoria CVR no apuramento do
resultado de exploração;
Analisar a alavancagem (o risco económico,
financeiro e global da empresa).

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 Esta teoria tem uma prespectiva económica, assumindo
que qualquer organização tem por objectivo produzir
excedentes financeiros que garantam a sua sobrivivência.
 A teoria CVR apresenta um modelo de decisão económica
que põe em evidência o modo como são geridos os
excedentes.
 Esta teoria tem como objectivo fundamental o estudo da
Rendibilidade de Exploração da empresa, partindo da
análise dos custos e proveitos de exploração e das
relações mantidas entre eles, em estreita ligação com o
nível de actividade.
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1) É sempre possível classificar os custos da empresa em fixos e
variáveis;
2) Os custos fixos mantém-se inalterados ao longo do tempo,
independentemente do nível de actividade;
3) Os custos variáveis estão em função com nível de actividade;
4) A gama de produtos reduz-se a um único produto ou a
diversos que variam em proporções iguais, em relação ao
nível de actividade;
5) O preço de venda unitário é constante ao longo do tempo; e
6) O volume de produtos acabados é igual as vendas.
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 A possibilidade de classificação dos custos em fixos e
variáveis nem sempre é realista devido a existência de
custos semi-fixos ou semi-variáveis;
 Os custos fixos (custos de estrutura) mantém-se estáveis
apenas durante um certo período de tempo e dentro de uma
zona de variação do nível da actividade da empresa;
 O custo variável unitário não é uma função linear do nível
de actividade, será pouco rigoroso considarmos o custo
variável unitário permanentemente constante, não existindo,
por outro lado, uma relação rígida entre a natureza de um
custo e seu grau de variabilidade;
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 A gama da empresa raramente abrange um único produto
ou diversos produtos, cujas variações ocorrem sempre em
proporções constantes;

O comportamento real do preço de venda unitário


geralmente não aponta para a sua constância temporal,
revestindo a forma de uma curva côncavo;

 A invariânca dos stocks de produtos acabados e em vias de


fabrico é pouco realista, particularmente quando o nível de
actividade da empresa se encontra numa fase de
crescimento ou regista sensíveis flutuações sazonais.
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 Esta teoria apresenta uma abordagem simplista do
comportamento linear dos seus parâmetros essenciais em
relação ao nível de actividade, seria legítimo concluir pelo
seu fraco interesse prático, contudo, revela um extremo
interesse teórico e relevância apreciável.

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CONTA DE EXPLORAÇÃO E RESULTADOS
CONTOS %
1 Vendas Líquidas x 100
2 Custos Variáveis x x
3 Margem Bruta (1-2) x x
4 Custos Fixos Totais x x
5 Resultado de Exploração (3-4) x x
6 Custos Financeiros de Financiamento (5-6) x x
7 Resultado de Antes de Impostos (RAI) x x
8 Imposto Sobre Rendimento (IRC) x x
9 Resultado Líquido (7-8) x x

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 Outra forma de determiner os Resultados Operacionais (RO),
passa pela utilização das relações que se seguem:
Q = Unidades produzidas e vendida (nível de actividade)
𝑪𝑽𝒖 = Custo variável unitário
CF = Custos Fixos Totais
P = Preço de venda unitário

 Com base na expressão simples, podemos determinar:


Custo variável total (CV) = 𝑪𝑽𝒖 * Q
Custo total (CT) = CV + CF

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 Vendas líquidas totais ou Volume de vendas (VL) = p * Q

 Margem Bruta (MB) = (p* 𝑪𝑽𝒖 )*Q ou MB =ɑ*VL

 O ɑ representa o coeficiente de não absorção das vendas


pelos custos variáveis totais. Este é entendido como
margem percentual das vendas disponível para cobertura
dos custos fixos totais.

 O RO é obtido do seguinte modo:

RO = VL – CV- CF ou RO = (p - 𝑪𝑽𝒖 )*Q - CF

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Ponto Morto Enconómico (PME)
 Corresponde às quantidades produzidas ou vendidas,
para as quais os proveitos igualam os custos (resultados
operacionais igualam os gastos operacionais).

Acima desse volume os resultados são positivos e para


níveis de actividade inferiores os resultados serão
negativos. , designa-se de PME.

 Este pode ser calculado em valor (𝑽𝒐 ) e em quantidade


(𝑸𝒐 ).
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 O PME pode também ser desigando, por: ponto crítico das vendas,
limiar de rendibilidade ou Break-Even Point.
 No PME uma empresa não apresenta nem lucros nem prejuízos
económicos de exploração.

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APLICAÇÃO DE TEORIA CVR (3)

Ponto Morto Económico


 Da quantificação da definição do PME, resulta o seguinte
desenvolvimento:
𝑅𝑂 = 𝑝 − 𝐶𝑉𝑢 ∗ 𝑄 − 𝐶𝐹 ⇔ p − 𝐶𝑉𝑢 ∗ 𝑄 = 𝐶𝐹
𝐶𝐹
 𝑄0 = (expressão do ponto morto em quantidade)
𝑝 − 𝐶𝑉𝑢

𝐶𝐹
 𝑉0 = 𝑝 − 𝐶𝑉𝑢 (expresão do ponto morto em valor)
𝑝

𝐶𝐹
 𝑃𝑀𝑇 = 𝑝 − 𝐶𝑉𝑢 (expresão do ponto morto total)
𝑝

 Para minimizar o risco, as vendas devem ser superiores ao ponto crítico e com boa
margem de segurança.

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APLICAÇÃO DE TEORIA CVR (5)

 Ponto Crítico Financeiro


 Os conceitos de PMF de exploração e ponto morto financeiro total (PMFT) de
exploração permitem-nos avaliar o risco financeiro da empresa, numa perspectiva
de tesouraria.
 O PMF corresponde, dentro de todos os pressupostos económicos da teoria CVR, ao
nível de actividade da empresa em que os recebimentos de exploração igualam os
pagamentos de exploração.
 A determinação algébrica do valor do PMF de exploração é idêntica à do PME de
exploração, embora de devam deduzir os custos fixos de exploração periódicos
(CF) os custos fixos não desembolsáveis periódicos (CND), isto é, os que não
envolvam pagamentos (amortizações e provisões de exploração).
𝐶𝐹 − 𝐶𝑁𝐷
𝑃𝑀𝐹 = 𝑝
−𝐶𝑉𝑢
14
𝑝
APLICAÇÃO DE TEORIA CVR (5)

 Quando o nível da actividade da empresa se situa no PMF de exploração, não são gerados
quaisquer excedentes financeiros e os resultados negativos de exploração correspondem
ao somatório das amortizações e provisões para a cobertura de riscos e encargos de
exploração.
 Tal como referimos anteriormente, o conceito de PMF de exploração ignora a ocorrência
dos custos financeiros de financiamento (CFF), desta forma, muitas vezes assiste-se na
vida prática a determinação do PMFT, através da inclusão dos CFF nos custos fixos
desembolsáveis.
𝐶𝐹 + 𝐶𝐹𝐹 − 𝐶𝑁𝐷
𝑃𝑀𝐹𝑇 = 𝑝 − 𝐶𝑉𝑢
𝑝
 Se a empresa estiver a operar no PMF, a empresa tem um deficit de tesouraria igual a CFF;

 Se a empresa estiver no PME, tem prejuízo que é igual a CFF; e

 Se a empresa estiver a operar no PMET, a mesma não tem prejuízo mas o resultado é igual a zero.

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APLICAÇÃO DE TEORIA CVR (6)

 Representação gráfica do ponto crítico das vendas e ponto crítico financeiro

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 Esta traduz o distanciamento relativo do nível de
actividade observada pela empresa em relação ao
PME.
 A margem de segurança é um valor numérico, que
põe em evidência a segurança para a empresa
funcionar a um nível acima ou abaixo da
rendibilidade de exploração nula.
O conceito de margem de segurança está
directamente ligada a um conceito de risco, o
económico, como veremos mais à frente.
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 Vejamos as expressões que permitem calcular a
margem de segurança, em valor e em quantidade:
𝑽𝑳
𝑴𝑺 = − 𝟏 ∗ 𝟏𝟎𝟎 (em valor)
𝑽𝟎
𝑸
𝑴𝑺 = − 𝟏 ∗ 𝟏𝟎𝟎 (em quantidade)
𝑸𝟎

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Funções dos gestores
 Têm que fazer face a encargos financeiros e a compromissos com a
segurança social e as finanças.
 Têm de remunerar os acionistas.

 É necessário que a empresa liberte recursos que lhe permita realizar I&D,
de forma a segurar os autofinanciamento. Sendo que no mínimo têm
que investir o montante igual às depreciações e amortizações, pois,
caso contrário, a entidade fica progressivamente obsoleta. Uma empresa
que não está a investir e, embora esteja a ter RL muito elevados, irá ter no
médio prazo um desinvestimento contínuo, o que levará à insolvência. Um
break-even baixo é que permitirá mais facilmente maiores margens para
se investir que só será possível com um CF baixo.
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 O encontro de acréscimos percentuais, mais que proporcional do lucro em
relação ao aumento de volume de vendas, é tradicionalmente conhecido
por efeito de alavanca (leverage economic).

 Este efeito é consequência de os custos fixos se manterem inalterados e


uma vez cobertos pelos proveitos, precisamente no ponto morto, cada
unidade vendida faz aumentar o volume de lucro.

 O efeitos económico de alavanca pode ser quantificado através do Grau de


Alavancagem Operacional (GAO), indicando em que medida um dada
variação das quantidades vendidas afecta os resultados de exploração.

 Pode ser entendido tembém, como a variação percentual ocorrido no RO,


resultante de uma variação percentual das quantidades vendidas.

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 Grau de Alavancagem Operacional (GAO)
Mede o impacto de uma variação percentual nas quantidades produzidas e
vendidas sobre a variação percentual nos resultados operacionais.
Exprime em que medida uma variação percentual RO é motivada por uma
variação percentual nas quantidades produzidas e vendidas.
∆𝑸∗(𝒑−𝒄)
∆𝑹𝑶 𝑸∗(𝒑−𝒄) 𝑽−𝑪𝑽
𝑸∗ 𝒑−𝒄 −𝑪𝑭
𝑮𝑨𝑶 = ∆𝑸
𝑹𝑶
= ∆𝑸 = =
𝑸 𝑸∗ 𝒑−𝒄 −𝑪𝑭 𝑽−𝑪𝑽−𝑪𝑭
𝑸

 (V - CV) – Margem de contribuição (MC)


 (V – CV - CF) – Resultado operacional (RO)

Resumindo temos:
𝑴𝑪
𝑮𝑬𝑨 =
𝑹𝑶 21
 O GAO mede o impacto dos Custos Fixos.
Quanto maior for o montante de custos fixos, maior é a rigidez que a
empresa tem e maior é o seu risco operacional. O que o gestor quer ter é
flexibilidade e os CF são rígidos.
Logo, maior é a sensibilidade dos RO da sociedade a uma variação das
quantidades produzidas e vendidas.
 Numa empresa com RO>0 e MC>0, o GAO é superior a 1. A nível
operacional existe lucro.
Quanto mais próximo de 1, menor é o risco operacional e quanto
maiores os gastos fixos, mais elevado é o GAO.
O risco operacional está correlacionado com os custos fixos. Assim
sendo, quando MC>0 e RO>0, o GAO é superior a zero e está
compreendido entre 0 e 1, mas tal significa que o risco operacional é
muito elevado.
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 Risco de Natureza Financeira: este depende da volatilidade dos valores mobiliários, taxas
de juro variáveis e taxas de câmbio variáveis.

 Grau de Alavancagem Financeira (GAF): mede o impacto de uma variação percentual nos
RO sobre uma variação percentual a nível dos Resultados Líquidos (RL).
∆𝑸∗(𝒑−𝒄)(𝟏−𝑻)
∆𝑹𝑳 𝑽−𝑪𝑽−𝑪𝑭
(𝑸∗ 𝒑−𝒄 −𝑪𝑭−𝑰)∗(𝟏−𝑻)
𝑮𝑨𝑭 = ∆𝑹𝑶 𝑹𝑳 = ∆𝑸∗(𝒑−𝒄) =
𝑹𝑶 𝑽−𝑪𝑽−𝑪𝑭−𝑰
𝑸∗ 𝒑−𝒄 −𝑪𝑭
I – Gastos de financiamento
T – Taxa de imposto
(V – CV - CF) – RO
(V - CV - CF - I) – RAI

 O GAF mede o impacto dos encargos financeiros (I), logo o impacto das modalidades de
financiamento seguidas. Quanto maior for o endividamento, maior o montante de juros,
maior é o GAF, maior o risco. (↑ 𝐸𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 →↑ 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 →↑ 𝐼 →↓ 𝑑𝑒𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜𝑟 →↑ 𝐺𝐴𝐹
→↑ 𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑡𝑢𝑟𝑒𝑧𝑎 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑎)
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 Numa empresa com RO>0, RAI>0 e com I>0, temos que
GAF é superior a 1. Assim sendo, o risco financeiro é
reduzido quando o GAF é próximo de 1.
Quanto maiores forem os gastos de financiamento líquidos,
mais elevado será o GAF.
Quando RO>0 e RAI>0, o GAF pode ser inferior a 1, se os
gastos de financiamento líquidos forem negativos, o que
acontece quando os juros e rendimentos similares obtidos são
superiores aos juros e gastos similares suportados. Contudo,
nesta situação o risco financeiro é reduzido.

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 Grau de Alavancagem Combinada (GAC): combinação
dos riscos operacional e financeiro. O GAC mede o
impacto de uma variação percentual nas quantidades
produzidas e vendidas sobre a variação percentual nos RL.
∆𝑅𝐿 ∆𝑅𝑂 ∆𝑅𝐿
𝐺𝐴𝐶 = 𝑅𝐿 = 𝑅𝑂 ∗ 𝑅𝐿 = GAO ∗ 𝐺𝐴𝐹
∆𝑄 ∆𝑄 ∆𝑅𝑂
𝑄 𝑄 𝑅𝑂
𝑀𝐶 𝑅𝑂 𝑀𝐶
Ou GAC = GAO ∗ 𝐺𝐴𝐹 = ∗ 𝑅𝐴𝐼 =
𝑅𝑂 𝑅𝐴𝐼

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 Este indicador permite verificar em que medida a
estrutura da empresa se encontra dependente da situação
económica;

 Permite saber como a situação financeira se pode


contrapor a rendibilidade de exploração, ocasionando,
porventura, resultados líquidos inadequados face a um
bom resultado económico;

 Quanto maior for o GCA, maior será o risco global da


empresa.

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Muito Obrigado pela Atenção
Dispensada!

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