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MATERIAL DO MÊS DE ABRIL 2021

QUESTÕES CAH-
PROPOSTAS/CASA
• HISTÓRIA – PAULO GEREBA.
1. (Uema 2016)

Um líder jihadista egípcio convocou a população muçulmana para destruir a Esfinge e as Pirâmides de
Gizé, informa o site árabe Al Arabiya. Murgan Salem al-Gohary, que afirma ter ligações com o Talibã, pediu
que os egípcios repetissem o que foi feito no Afeganistão, quando estátuas de Buda foram removidas
após a chegada dos fundamentalistas ao poder. “A destruição da memória, da História, do passado é algo
terrível para uma sociedade”.

Jacques Le Goff, Revista Veja.

A destruição de patrimônios históricos da Humanidade, como as estátuas de Buda no Afeganistão, e a


ameaça à Esfinge de Gizé e às Pirâmides não se restringem aos conflitos político-religiosos que assolam o
Oriente Médio há séculos, mas fazem parte de um processo maior de reconfiguração da Memória e da
História da sociedade.

O processo acima descrito está diretamente relacionado ao (à)


a) uso da Memória e da História como campo de disputa e de construção de identidades coletivas.
b) tentativa de uso da Memória e da História como estratégias para reforçar identidades coletivas
passadas.
c) destruição dos bens culturais construídos ao longo da dominação imperialista sobre a região do Oriente
Médio.
d) ataque aos Patrimônios Culturais como forma de destruição de símbolos ocidentais que representam
o domínio estrangeiro.
e) projeto de diluição das fronteiras culturais por meio da tentativa de imposição de uma única memória
coletiva aos demais povos do Oriente Médio.

2. (Uema 2014) É preciso advertir desde já que esse sistema quadripartite [dividido em quatro
partes] de organização da história universal é um fato francês. Em outros países, o passado está
organizado de modo diferente, em função de pontos de referência distintos.
CHESNEAUX, Jean. Devemos fazer tábula rasa do passado? Sobre a história e os
historiadores. Trad. de Marcos A. da Silva. São Paulo: Ática, 1995, p. 93.

O texto faz referência a um “sistema quadripartite”, ainda muito presente nos materiais didáticos de
História do Ensino Básico no Brasil. Esse “sistema” divide a história em Antiga, Medieval, Moderna e
Contemporânea. Sobre essa divisão, o autor observa que a
a) conceituação de história universal é sempre francesa.
b) divisão da história em períodos prejudica o seu estudo.
c) periodização da história em alguns países é equivocada.
d) sistematização da história não depende das referências do passado.
e) organização da história como campo de estudo é uma construção cultural.

3. (Enem (Libras) 2017) O sistema de irrigação egípcio era muito diferente do complexo sistema
mesopotâmico, porque as condições naturais eram muito diversas nos dois casos. A cheia do Nilo também
fertiliza as terras com aluviões, mas é muito mais regular e favorável em seu processo e em suas datas do
que a do Tigre e Eufrates, além de ser menos destruidora.

CARDOSO, C. F. Sociedades do antigo Oriente Próximo. São Paulo: Ática, 1986.

A comparação entre as disposições do recurso natural em questão revela sua importância para a
a) desagregação das redes comerciais.
b) supressão da mão de obra escrava.
c) expansão da atividade agrícola.
d) multiplicação de religiões monoteístas.
e) fragmentação do poder político.

4. (Enem 2019) A soberania dos cidadãos dotados de plenos direitos era imprescindível para a existência
da cidade-estado. Segundo os regimes políticos, a proporção desses cidadãos em relação à população
total dos homens livres podia variar muito, sendo bastante pequena nas aristocracias e oligarquias e maior
nas democracias.

CARDOSO, C. F. A cidade-estado clássica. São Paulo: Ática, 1985.


Nas cidades-estado da Antiguidade Clássica, a proporção de cidadãos descrita no texto é explicada pela
adoção do seguinte critério para a participação política:
a) Controle da terra.
b) Liberdade de culto.
c) Igualdade de gênero.
d) Exclusão dos militares.
e) Exigência da alfabetização.

5. (Enem 2017) TEXTO I


Sólon é o primeiro nome grego que nos vem à mente quando terra e dívida são mencionadas juntas. Logo
depois de 600 a.C., ele foi designado “legislador” em Atenas, com poderes sem precedentes, porque a
exigência de redistribuição de terras e o cancelamento das dívidas não podiam continuar bloqueados pela
oligarquia dos proprietários de terra por meio da força ou de pequenas concessões.

FINLEY, M. Economia e sociedade na Grécia antiga. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013 (adaptado).

TEXTO II
A “Lei das Doze Tábuas” se tornou um dos textos fundamentais do direito romano, uma das principais
heranças romanas que chegaram até nos. A publicação dessas leis, por volta de 450 a.C., foi importante
pois o conhecimento das “regras do jogo” da vida em sociedade é um instrumento favorável ao homem
comum e potencialmente limitador da hegemonia e arbítrio dos poderosos.

FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2011 (adaptado).

O ponto de convergência entre as realidades sociopolíticas indicadas nos textos consiste na ideia de que
a
a) discussão de preceitos formais estabeleceu a democracia.
b) invenção de códigos jurídicos desarticulou as aristocracias
c) formulação de regulamentos oficiais instituiu as sociedades.
d) definição de princípios morais encerrou os conflitos de interesses.
e) criação de normas coletivas diminuiu as desigualdades de tratamento.

6. (Uema 2015) No século XI, o bispo Fulbert de Chartes foi convidado a escrever sobre a fórmula da
fidelidade e assim o fez:

Aquele que jura fidelidade a seu senhor deve ter sempre em mente estes seis princípios:
proteção, segurança, honra, interesse, liberdade, faculdade. Proteção, quer dizer, nada deve ser
feito em prejuízo do senhor quanto ao seu corpo. Segurança, nada em prejuízo da residência
onde ele habita ou de suas fortalezas nas quais ele possa se achar. Honra, quer dizer, nada em
detrimento de sua justiça ou do que possa sua honra depender. Interesse, quer dizer, nada que
possa prejudicar suas possessões. Liberdade e faculdade, quer dizer, o bem que o senhor possa
fazer não lhe deva ser tornado difícil e o que ele esteja fazendo tornado impossível (...)

Fonte: Fulbert de Chartres. Epistolae, LVIII, ano 1020. In: Jaime Pinsky. Modo de produção
feudal. 2 ed. São Paulo: Global, 1982.

Os princípios apresentados na cerimônia descrita pelo texto fazem referência às relações sociais
entre
a) patrícios e plebeus na Antiguidade.
b) suseranos e vassalos na Idade Média.
c) proprietários de terras e escravos no Brasil Colonial.
d) burgueses e classe trabalhadora na sociedade industrial.
e) latifundiários e camponeses na América Contemporânea.

7. (Enem 2018) A existência em Jerusalém de um hospital voltado para o alojamento e o cuidado dos
peregrinos, assim como daqueles entre eles que estavam cansados ou doentes, fortaleceu o elo entre a
obra de assistência e de caridade e a Terra Santa. Ao fazer, em 1113, do Hospital de Jerusalém um
estabelecimento central da ordem, Pascoal II estimulava a filiação dos hospitalários do Ocidente a ele,
sobretudo daqueles que estavam ligados à peregrinação na Terra Santa ou em outro lugar. A militarização
do Hospital de Jerusalém não diminuiu a vocação caritativa primitiva, mas a fortaleceu.

DEMURGER, A. Os Cavaleiros de Cristo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002 (adaptado).

O acontecimento descrito vincula-se ao fenômeno ocidental do (a)


a) surgimento do monasticismo guerreiro, ocasionado pelas cruzadas.
b) descentralização do poder eclesiástico, produzida pelo feudalismo.
c) alastramento da peste bubônica, provocado pela expansão comercial.
d) afirmação da fraternidade mendicante, estimulada pela reforma espiritual.
e) criação das faculdades de medicina, promovida pelo renascimento urbano.

8. (Enem PPL 2017) O garfo muito grande, com dois dentes, que era usado para servir as carnes aos
convidados, é antigo, mas não o garfo individual. Esta data mais ou menos do século XVI e difundiu-se a
partir de Veneza e da Itália em geral, mas com lentidão. O uso só se generalizaria por volta de 1750.
BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV-XVIII; as estruturas do cotidiano.
São Paulo: Martins Fontes, 1977 (adaptado).

No processo de transição para a modernidade, o uso do objeto descrito relaciona-se à


a) construção de hábitos sociais.
b) introdução de medidas sanitárias.
c) ampliação das refeições familiares.
d) valorização da cultura renascentista.
e) incorporação do comportamento laico.
9. (Enem 2019) TEXTO I
A centralização econômica, o protecionismo e a expansão ultramarina engrandeceram o Estado, embora
beneficias sem a burguesia incipiente.
ANDERSON, P. In: DEYON, P. O mercantilismo. Lisboa: Gradiva, 1989 (adaptado).

TEXTO II
As interferências da legislação e das práticas exclusivistas restringem a operação benéfica da lei natural
na esfera das relações econômicas.
SMITH, A. A riqueza das Nações. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (adaptado).

Entre os séculos XVI e XIX, diferentes concepções sobre as relações entre Estado e economia foram
formuladas. Tais concepções, associadas a cada um dos textos, confrontam-se, respectivamente, na
oposição entre as práticas de
a) valorização do pacto colonial — combate à livre-iniciativa.
b) defesa dos monopólios régios — apoio à livre concorrência.
c) formação do sistema metropolitano — crítica à livre navegação.
d) abandono da acumulação metalista — estímulo ao livre-comércio.
e) eliminação das tarifas alfandegárias — incentivo ao livre-cambismo.

10. (Enem 2015) No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no Ocidente – nasceu com
elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial – digamos
modestamente artesanal – que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se instalavam nas
cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever ou ensinar, e de
preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma atividade de
professor e erudito, em resumo, um intelectual – esse homem só aparecerá com as cidades.

LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010

O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a)


a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato.
b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão de trabalho.
c) importância organizacional das corporações de ofício.
d) progressiva expansão da educação escolar.
e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos.

11. (Unesp 2021) Observe a imagem.


A Pietà, escultura de Michelangelo Buonarotti, foi produzida nos últimos anos do século XV e revela uma
característica importante da arte renascentista:
a) o delineamento preciso das formas do corpo humano, realizado a partir dos estudos de anatomia pelo
artista.
b) o teocentrismo, explicitado na inexpressividade e no estatismo da representação das figuras humanas.
c) a desproporcionalidade entre os tamanhos dos corpos, para evidenciar a grandiosidade da figura de
Cristo.
d) a influência da arte religiosa medieval, manifesta na tridimensionalidade e na carência de perspectiva
da peça.
e) o prevalecimento de temática bíblica, com recriação precisa e fiel de um trecho do Evangelho segundo
Lucas.

12. (Enem 2ª aplicação 2016) Quando surgiram as primeiras notícias sobre a presença de seres estranhos,
chegados em barcos grandes como montanhas, que montavam numa espécie de veados enormes, tinham
cães grandes e ferozes e possuíam instrumentos lançadores de fogo, Montezuma e seus conselheiros
ficaram pensando: de um lado, talvez Quetzalcóatl houvesse regressado, mas, de outro, não tinham essa
confirmação.

PINSKY, J. et. al. História da América através de textos. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).

A dúvida apresentada inseria-se no contexto da chegada dos primeiros europeus à América, e sua origem
estava relacionada ao
a) domínio da religião e do mito.
b) exercício do poder e da política.
c) controle da guerra e da conquista.
d) nascimento da filosofia e da razão.
e) desenvolvimento da ciência e da técnica.

13. (Enem 2020) Afirmar que a cartografia da época moderna integrou o processo de invenção da América
por parte dos europeus significa que os conhecimentos dos ameríndios sobre o território foram ignorados
pela cartografia europeia ou que eles foram privados de sua representação territorial e da autoridade que
seus conhecimentos tinham sobre o espaço.

OLIVEIRA, T. K. Desconstruindo mapas, revelando espacializações: reflexões sobre o uso da cartografia


em estudos sobre o Brasil colonial. Revista Brasileira de História, n. 68, 2014 (adaptado).

Na análise contida no texto, a representação cartográfica da América foi marcada por


a) asserção da cultura dos nativos.
b) avanço dos estudos do ambiente.
c) afirmação das formas de dominação.
d) exatidão da demarcação das regiões.
e) aprimoramento do conceito de fronteira.

14. (Enem 2018) O encontro entre o Velho e o Novo Mundo, que a descoberta de Colombo tornou
possível, é de um tipo muito particular: é uma guerra – ou a Conquista –, como se dizia então. E um
mistério continua: o resultado do combate. Por que a vitória fulgurante, se os habitantes da América eram
tão superiores em número aos adversários e lutaram no próprio solo? Se nos limitarmos à conquista do
México – a mais espetacular, já que a civilização mexicana é a mais brilhante do mundo pré-colombiano
– como explicar que Cortez, liderando centenas de homens, tenha conseguido tomar o reino de
Montezuma, que dispunha de centenas de milhares de guerreiros?

TODOROV. T. A conquista da América. São Paulo: Martins Fontes. 1991 (adaptado).


No contexto da conquista, conforme análise apresentada no texto, uma estratégia para superar as
disparidades levantadas foi
a) implantar as missões cristãs entre as comunidades submetidas.
b) utilizar a superioridade física dos mercenários africanos.
c) explorar as rivalidades existentes entre os povos nativos.
d) introduzir vetores para a disseminação de doenças epidêmicas.
e) comprar terras para o enfraquecimento das teocracias autóctones.

15. (Fuvest 2021) A exploração da prata americana pelos espanhóis no século XVI teve grande importância
na história mundial porque:
a) incentivou a exploração metálica em outras regiões do globo, como Austrália e Ásia, além de facilitar a
Revolução Industrial inglesa.
b) contribui para o declínio do império asteca além de causar impacto ambiental no litoral da América
com a formação de cidades até então despovoadas.
c) acelerou a extinção de formas de acúmulo de capital mercantil em escala global substituindo pelo
capital industrial e financeiro.
d) conectou o continente americano com as partes do extremo oriente onde a prata também era
explorada além de atrair grandes contingentes de africanos escravizados ao caribe.
e) aumentou a circulação de moeda nas redes mundiais da economia europeia além de impactar as
estruturas sociais indígenas pelo crescimento da exploração de seu trabalho.

GABARITO – HISTÓRIA
1. A
2. E
3. C
4. A
5. E
6. B
7. A
8. A
9. B
10. B
11. A
12. A
13. C
14. C
15. E
• FILOSOFIA/SOCIOLOGIA – RENATO AROUCHE.
1. (Ufu 2013) De um modo geral, o conceito de physis no mundo pré-socrático expressa um princípio de
movimento por meio do qual tudo o que existe é gerado e se corrompe. A doutrina de Parmênides, no
entanto, tal como relatada pela tradição, aboliu esse princípio e provocou, consequentemente, um sério
conflito no debate filosófico posterior, em relação ao modo como conceber o ser.

Para Parmênides e seus discípulos:


a) A imobilidade é o princípio do não-ser, na medida em que o movimento está em tudo o que existe.
b) O movimento é princípio de mudança e a pressuposição de um não-ser.
c) Um Ser que jamais muda não existe e, portanto, é fruto de imaginação especulativa.
d) O Ser existe como gerador do mundo físico, por isso a realidade empírica é puro ser, ainda que em
movimento.

2. (Ueap 2011) ...que é e que não é possível que não seja,/ é a vereda da Persuasão (porque acompanha a
Verdade); o outro diz que não é e que é preciso que não seja,/ eu te digo que esta é uma vereda em que nada
se pode aprender. De fato, não poderias conhecer o que não é, porque tal não é fatível./ nem poderia
expressá-lo.
(Nicola, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia. Editora Globo, 2005.)

O texto anterior expressa o pensamento de qual filósofo?


a) Aristóteles, que estabelecia a distinção entre o mundo sensível e o inteligível.
b) Heráclito de Éfeso, que afirmava a unidade entre pensamento e realidade.
c) Tales de Mileto, que afirmava ser a água o princípio de todas as coisas.
d) Parmênides de Eleia, que afirmava a imutabilidade de todas as coisas e a unidade entre ser e pensar, ser e
conhecimento.
e) Protágoras, que afirmava que o homem é a medida de todas as coisas, que o ser é e o não ser não é.

3. (Ufsj 2012) Sobre o princípio básico da filosofia pré-socrática, é CORRETO afirmar que
a) Tales de Mileto, ao buscar um princípio unificador de todos os seres, concluiu que a água era a substância
primordial, a origem única de todas as coisas.
b) Anaximandro, após observar sistematicamente o mundo natural, propôs que não apenas a água poderia
ser considerada arché desse mundo em si e, por isso mesmo, incluiu mais um elemento: o fogo.
c) Anaxímenes fez a união entre os pensamentos que o antecederam e concluiu que o princípio de todas as
coisas não pode ser afirmado, já que tal princípio não está ao alcance dos sentidos.
d) Heráclito de Éfeso afirmou o movimento e negou terminantemente a luta dos contrários como gênese e
unidade do mundo, como o quis Catão, o antigo.

4. (Uece 2020) Leia a seguinte passagem, que relaciona o regramento democrático ao desenvolvimento de
uma prática social baseada na razão:
“A democracia representa exatamente a possibilidade de se resolverem, através do
entendimento mútuo, e de leis iguais para todos, as diferenças e divergências existentes em
nome de um interesse comum. As decisões serão tomadas por consenso, o que acarreta
persuadir, convencer, justificar, explicar. Anteriormente, havia a imposição, a violência, a
obediência. A linguagem, o diálogo e a discussão rompem com a violência na medida em que
todos os falantes têm, no diálogo, os mesmos direitos (isegoria): interrogar, questionar, contra-
argumentar. A razão se sobrepõe à força”.

MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro:
Zahar Ed.1998. Adaptado.

Considerando a passagem acima, analise as seguintes afirmações:


I. O surgimento de todas as formas de manifestação cultural, entre elas a filosofia, a arte e a narrativa
histórica deve ser entendido a partir do contexto social e histórico no qual determinada sociedade
está imersa.
II. O alvorecer da filosofia, no mundo antigo, teve como motivação o desenvolvimento de uma vida social
democrática, mais voltada à harmonia e conciliação de interesses diversos, o que requeria o uso do
argumento racional.
III. O processo democrático na Grécia antiga inaugurou a obediência ao poder de todos e para todos e
isso se refletiu no surgimento de um pensamento racional que, embora fosse inovador, continuava
prisioneiro de uma visão autoritária de sociedade.

É correto o que se afirma em


a) I e III apenas.
b) I e II apenas.
c) II e III apenas.
d) I, II e III.

5. (Ufpr 2019) Quando soube daquele oráculo, pus-me a refletir assim: “Que quererá dizer o Deus? Que
sentido oculto pôs na resposta? Eu cá não tenho consciência de ser nem muito sábio nem pouco; que
quererá ele então significar declarando-me o mais sábio? Naturalmente não está mentindo, porque isso
lhe é impossível”. Por longo tempo fiquei nessa incerteza sobre o sentido; por fim, muito contra meu
gosto, decidi-me por uma investigação, que passo a expor.

(PLATÃO. Defesa de Sócrates. Trad. Jaime Bruna. Coleção Os Pensadores. Vol. II. São Paulo: Victor Civita,
1972, p. 14.)

O texto acima pode ser tomado como um exemplo para ilustrar o modo como se estabelece, entre os
gregos, a passagem do mito para a filosofia. Essa passagem é caracterizada:
a) pela transição de um tipo de conhecimento racional para um conhecimento centrado na fabulação.
b) pela dedicação dos filósofos em resolver as incertezas por meio da razão.
c) pela aceitação passiva do que era afirmado pela divindade.
d) por um acento cada vez maior do valor conferido ao discurso de cunho religioso.
e) pelo ateísmo radical dos pensadores gregos, sendo Sócrates, inclusive, condenado por isso.

6. (Uece 2019) “É no plano político que a Razão, na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e
formou-se. A experiência social só pôde tornar-se entre os gregos objetos de uma reflexão positiva,
porque se prestava, na cidade, a um debate público de argumentos. O declínio do mito data do dia em
que os primeiros Sábios puseram em discussão a ordem humana, procuraram defini-la em si mesma,
traduzi-la em fórmulas acessíveis à sua inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da medida.”

VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 1989, p. 94.

Com base nessa citação, é correto afirmar que a filosofia nasce


a) após o declínio das ideias mitológicas, não havendo nenhuma linha de continuidade entre estas últimas
e as novas ciências gregas.
b) das representações religiosas míticas que se transpõem nas novas representações cosmológicas
jônicas.
c) da experiência do espanto, a maravilha com um mundo ordenado e, portanto, belo.
d) da experiência política grega de debate, argumentação e contra-argumentação, que põe em crise as
representações míticas.
7. (Uece 2019) “Como se sabe, a palavra mythos raramente foi empregada por Heródoto (apenas duas
vezes). Caracterizar um logos (narrativa) como mythos era para ele um meio claro de rejeitá-lo como
duvidoso e inconvincente. [...] Situado em algum lugar além do que é visível, um mythos não pode ser
provado.”

HARTOG, F. Os antigos, o passado e o presente. Brasília, Editora da UnB, 2003, p. 37.

Sobre a diferença entre mythos e logos acima sugerida, é INCORRETO afirmar que
a) o problema do mythos era limitar-se ao que é visível e, por isso, não podia ser pensado.
b) filosofia e história nasceram, na Grécia clássica, com base numa mesma reivindicação do logos contra
o mythos.
c) o mythos não poderia ser submetido à clarificação argumentativa e à prova — demonstração —
discursiva.
d) em contraposição ao mythos, o logos era um uso argumentativo da linguagem, capaz de criar as
condições do convencimento.

8. (Upe-ssa 1 2017) Observe o texto a seguir sobre a gênese do pensamento filosófico.

Com a filosofia, novo critério de verdade se impunha: o critério da logicidade. Verdade é aquilo, que
concorda com as leis do lógos (pensamento, razão). É a razão, que nos dá garantia da verdade, porque o
real é racional.

LARA, Tiago Adão. A Filosofia nas suas origens gregas, 1989, p. 54.

Sobre a gênese do pensamento filosófico, está CORRETO afirmar que


a) a evidência da verdade com o crivo da racionalidade tem resposta no mito.
b) o critério da logicidade está presente na adesão à crença e ao mito.
c) a gênese do pensar filosófico e a inspiração criadora de sentidos consistem na fantasia.
d) a origem do pensamento filosófico surge entre os gregos, no século VI a.C., na busca por explicação do
sobrenatural com a força do divino.
e) o despertar da filosofia grega surge na verdade argumentada da razão com o critério da interpretação.

9. (Upe-ssa 1 2016) Sobre a gênese da filosofia entre os gregos, observe o texto a seguir:

Seja como termo, seja como conceito, a filosofia é considerada pela quase totalidade dos estudiosos como
uma criação própria do gênio dos gregos. Quem não levar isso em conta não poderá compreender por
que, sob o impulso dos gregos, a civilização ocidental tomou uma direção completamente diferente da
oriental.

(ANTISERI, Dario e RELAE, Giovanni. História da Filosofia, 1990, p. 11).

Sobre a gênese do pensamento filosófico entre os gregos, é CORRETO afirmar que


a) a experiência concreta da racionalidade estava isenta da vida política na Pólis Grega.
b) a prática político-democrática, atrelada ao enfoque irracional da vida em sociedade, foi o terreno fértil
para a gênese do pensamento filosófico.
c) sob o impulso dos gregos, a dimensão racional se impõe como critério de verdade. A filosofia é fruto
desse projeto da razão.
d) a filosofia é fruto do momento cultural em que a sensibilidade e a fantasia impõem-se sobre a razão.
e) na gênese do pensamento filosófico grego, na civilização ocidental, a forma de sabedoria que se
sobrepunha à ciência filosófica, eram as convicções religiosas fundamentadas na razão pura.
10. (Uema 2015) Leia a fábula de La Fontaine, uma possível explicação para a expressão ¯ ”o amor é cego”.

No amor tudo é mistério: suas flechas e sua aljava, sua chama e sua infância eterna. Mas por que o amor
é cego? Aconteceu que num certo dia o Amor e a Loucura brincavam juntos. Aquele ainda não era cego.
Surgiu entre eles um desentendimento qualquer. Pretendeu então o Amor que se reunisse para tratar do
assunto o conselho dos deuses. Mas a Loucura, impaciente, deu-lhe uma pancada tão violenta que lhe
privou da visão. Vênus, mãe e mulher, pôs-se a clamar por vingança, aos gritos. Diante de Júpiter, de
Nêmesis – a deusa da vingança – e de todos os juízos do inferno, Vênus exigiu que aquele crime fosse
reparado. Seu filho não podia ficar cego. Depois de estudar detalhadamente o caso, a sentença do
supremo tribunal celeste consistiu em declarar a loucura a servir de guia ao Amor.

Fonte: LA FONTAINE, Jean de. O amor e a loucura. In: Os melhores contos de loucura. Flávio Moreira da
Costa (Org.). Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.

A fábula traz uma explicação oriunda dos deuses para uma realidade humana. Esse tipo de explicação
classifica-se como

a) estética.

b) filosófica.

c) mitológica.

d) científica.

e) crítica.

11. (Ueg 2015) A cultura grega marca a origem da civilização ocidental e ainda hoje podemos observar
sua influência nas ciências, nas artes, na política e na ética. Dentre os legados da cultura grega para o
Ocidente, destaca-se a ideia de que
a) a natureza opera obedecendo a leis e princípios necessários e universais que podem ser plenamente
conhecidos pelo nosso pensamento.
b) nosso pensamento também opera obedecendo a emoções e sentimentos alheios à razão, mas que nos
ajudam a distinguir o verdadeiro do falso.
c) as práticas humanas, a ação moral, política, as técnicas e as artes dependem do destino, o que negaria
a existência de uma vontade livre.
d) as ações humanas escapam ao controle da razão, uma vez que agimos obedecendo aos instintos como
mostra hoje a psicanálise.

12. (Ueg 2013) O ser humano, desde sua origem, em sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja,
recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de fato e de valor por meio dos quais procura orientar
seu comportamento teórico e prático. Entretanto, houve um momento em sua evolução histórico-social
em que o ser humano começa a conferir um caráter filosófico às suas indagações e perplexidades,
questionando racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse sentido, pode-se afirmar que a
filosofia
a) é algo inerente ao ser humano desde sua origem e que, por meio da elaboração dos sentimentos, das
percepções e dos anseios humanos, procura consolidar nossas crenças e opiniões.
b) existe desde que existe o ser humano, não havendo um local ou uma época específica para seu
nascimento, o que nos autoriza a afirmar que mesmo a mentalidade mítica é também filosófica e exige
o trabalho da razão.
c) inicia sua investigação quando aceitamos os dogmas e as certezas cotidianas que nos são impostos pela
tradição e pela sociedade, visando educar o ser humano como cidadão.
d) surge quando o ser humano começa a exigir provas e justificações racionais que validam ou invalidam
suas crenças, seus valores e suas práticas, em detrimento da verdade revelada pela codificação mítica.
13. (Ueg 2013) O surgimento da filosofia entre os gregos (Séc. VII a.C.) é marcado por um crescente
processo de racionalização da vida na cidade, em que o ser humano abandona a verdade revelada pela
codificação mítica e passa a exigir uma explicação racional para a compreensão do mundo humano e do
mundo natural. Dentre os legados da filosofia grega para o Ocidente, destaca-se:
a) a concepção política expressa em A República, de Platão, segundo a qual os mais fortes devem governar
sob um regime político oligárquico.
b) a criação de instituições universitárias como a Academia, de Platão, e o Liceu, de Aristóteles.
c) a filosofia, tal como surgiu na Grécia, deixou-nos como legado a recusa de uma fé inabalável na razão
humana e a crença de que sempre devemos acreditar nos sentimentos.
d) a recusa em apresentar explicações preestabelecidas mediante a exigência de que, para cada fato, ação
ou discurso, seja encontrado um fundamento racional.

14. (Unb 2012) No início do século XX, estudiosos esforçaram-se em mostrar a continuidade, na Grécia
Antiga, entre mito e filosofia, opondo-se a teses anteriores, que advogavam a descontinuidade entre
ambos.

A continuidade entre mito e filosofia, no entanto, não foi entendida univocamente. Alguns estudiosos,
como Cornford e Jaeger, consideraram que as perguntas acerca da origem do mundo e das coisas haviam
sido respondidas pelos mitos e pela filosofia nascente, dado que os primeiros filósofos haviam suprimido
os aspectos antropomórficos e fantásticos dos mitos.

Ainda no século XX, Vernant, mesmo aceitando certa continuidade entre mito e filosofia, criticou seus
predecessores, ao rejeitar a ideia de que a filosofia apenas afirmava, de outra maneira, o mesmo que o
mito. Assim, a discussão sobre a especificidade da filosofia em relação ao mito foi retomada.

Considerando o breve histórico acima, concernente à relação entre o mito e a filosofia nascente, assinale
a opção que expressa, de forma mais adequada, essa relação na Grécia Antiga.
a) O mito é a expressão mais acabada da religiosidade arcaica, e a filosofia corresponde ao advento da
razão liberada da religiosidade.
b) O mito é uma narrativa em que a origem do mundo é apresentada imaginativamente, e a filosofia
caracteriza-se como explicação racional que retoma questões presentes no mito.
c) O mito fundamenta-se no rito, é infantil, pré-lógico e irracional, e a filosofia, também fundamentada
no rito, corresponde ao surgimento da razão na Grécia Antiga.
d) O mito descreve nascimentos sucessivos, incluída a origem do ser, e a filosofia descreve a origem do
ser a partir do dilema insuperável entre caos e medida.

15. (Unicentro 2012) A passagem do Mito ao Logos na Grécia antiga foi fruto de um amadurecimento
lento e processual. Por muito tempo, essas duas maneiras de explicação do real conviveram sem que se
traçasse um corte temporal mais preciso. Com base nessa afirmativa, é correto afirmar:
a) O modo de vida fechado do povo grego facilitou a passagem do Mito ao Logos.
b) A passagem do Mito ao Logos, na Grécia, foi responsabilidade dos tiranos de Siracusa.
c) A economia grega estava baseada na industrialização, e isso facilitou a passagem do Mito ao Logos.
d) O povo grego antigo, nas viagens, se encontrava com outros povos com as mesmas preocupações e
culturas, o que contribuiu para a passagem do Mito ao Logos.
e) A atividade comercial e as constantes viagens oportunizaram a troca de informações/conhecimentos,
a observação/assimilação dos modos de vida de outros povos, contribuindo, assim, de modo decisivo,
para a construção da passagem do Mito ao Logos.

GABARITO – FILOSOFIA/SOCIOLOGIA
1: B
2: D
3: A
4: B
5: B
6: D
7: A
8: E
9: C
10: C
11: A
12: D
13: D
14: B
15: E

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