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https://novaescola.org.br/conteudo/2000/como-ensinar-o-uso-de-
marcadores-temporais-na-producao-de-textos
Publicado em NOVA ESCOLA Edição 253, 01 de Junho | 2012
Prática Pedagógica
Os termos citados por Baratz são alguns dos chamados marcadores temporais,
palavras de diversas classes e funções sintáticas, como as descritas a seguir.
- Locuções adverbiais Duas ou mais palavras com valor de advérbio, como "às
vezes", "em breve", "à noite", "à tarde", "de manhã", "de quando em quando".
- Conjunções Aquelas que dão a ideia de progressão na história que está sendo
contada, como "enquanto isso", "depois disso", "logo que", "assim que".
Ao lado das datas e dos tempos verbais, eles dão pistas sobre quando
aconteceram os eventos relatados na composição. Na sala de aula, a análise
dessas expressões costuma erroneamente ficar restrita aos momentos de
revisão da escrita da criança, quando o texto está sendo finalizado. Porém,
quando essa atividade faz parte de etapas anteriores - do planejamento, dos
momentos de reescrita e de escrita de autoria, e ainda é objeto de reflexão
durante a leitura de produções de outros autores -, os textos ficam mais coesos
e recheados de termos apropriados para transmitir informações sobre o tempo
das coisas. "Abordar o tema dos marcadores temporais em diferentes etapas
do trabalho ajuda a organizar o discurso e colabora para o aperfeiçoamento da
escrita, evitando que ocorra uma série de equívocos", explica Ana Flávia Alonço,
assessora da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. "Muitas fábulas,
por exemplo, se passam no decorrer de um dia. Já os contos de fadas, em geral,
requerem uma duração maior e contam com termos como 'era uma vez' e 'há
muito, muito tempo'", exemplifica Claudia Tondato, professora da EMEF
Professor Rosalvito Cobra, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo.
Leitura coletiva e organização das informações colhidas
Também é importante ficar claro que nem sempre o tempo aparece com
precisão de datas - mas os termos mostram que os acontecimentos passam,
têm uma sequência. "O professor pode propor a confecção de um quadro com
os marcadores encontrados ou o registro de um pequeno roteiro com os
principais eventos apresentados no texto", sugere Érica de Faria, formadora de
professores da rede municipal de São Caetano do Sul. "Eles podem ser
retomados e ajudarão no momento da reescrita."
Nesse momento, você deve ajudar a turma a pensar não apenas no que irá
escrever e em quais serão os personagens e lugares da história mas também no
tempo em que ela se desdobrará. Nesse sentido, é possível discutir alguns
pontos: "Qual será o fato marcante em torno do qual vamos organizar a
narrativa?", "O que pode acontecer depois dele? Como deixamos isso claro?",
"Como os eventos vão se suceder até o fim da história?", "Tudo vai acontecer no
mesmo dia ou serão vários dias ou meses?", "Retomamos fatos do passado dos
personagens para dar sentido às ações?" e "Que palavras dão a ideia de que as
coisas não acontecem na mesma hora?".
"Nesse momento, mostramos aos alunos que as histórias são feitas por
descontinuidades e sincronias e que nem tudo precisa ser mostrado
exatamente em sequência", afirma Baratz, da Uneb. Ou seja, além de serem
contados de maneira linear, os eventos podem ser descritos em diversas
ordens - quando o fim da história é contada no começo da narrativa, quando
novos elementos surgem em diversos momentos do texto ou ainda quando
começa em um ponto e ganha uma série de ramificações.
Uma vez que o planejamento é feito com cuidado, o momento das escritas ou
reescritas merece atenção. É importante indicar que os estudantes retomem
listas, esquemas e até mesmo linhas do tempo sempre que necessário.
Por fim, é necessário amarrar o trabalho com uma revisão caprichada. Nessa
etapa, cabem questionamentos como: "Conseguimos demonstrar que o tempo
passou nessa história?", "A ordem dos acontecimentos faz sentido para todos?
Que palavras usadas deram esse efeito?" e "Se não, como melhorar o resultado
final? Que termos não podem ficar de fora?". Atividades como essas fazem a
diferença nas produções da turma - ontem, hoje e amanhã.
Primeiro a mãe morre, depois o pai se casa...
5. Revisão final O que não tinha sido modificado até então foi alterado. As
palavras "aí" e "daí", usadas na linguagem oral, deram lugar a expressões como
"depois disso", "enfim" e "finalmente".
Texto de Brenda Nicholl Costa e Christian Spitzer Rezende Martins, alunos do 5º ano