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Treinamento de Segurança na Operação de Página

CALDEIRAS Módulo 5.0 1/19

5.0 - TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CALDEIRAS

5.1 O ciclo da água


Sabemos que a água é usada por todos os seres vivos, mas após sua utilização ela é
devolvida ao ambiente. A água que bebemos é constantemente devolvida na forma de
vapor que sai com a respiração, na forma de suor, etc. Da mesma maneira que os animais,
árvores e plantas restituem a água que consumiram.
Sob a ação do sol a água existente nos mares, rios e lagos se evaporam indo formar as
nuvens. Toda a água evaporada volta a condensar-se caindo sobre a terra na forma de
chuva. Parte dessa chuva cai novamente sobre o mar, rios, lagos e parte em terra seca.
A maior parte da água que cai sobre a terra infiltra-se no solo até encontrar uma camada
de terra impermeável como, por exemplo, as rochas duras. Não podendo descer mais a
água escoa sobre a camada impermeável através do solo poroso até encontrar uma
abertura onde possa voltar às superfícies formando as vertentes.
Estas águas que afloram misturam-se com a água que escorreu sobre o solo indo formar
córregos que se unindo, formam os rios que correm para o mar e toda a história se
repete.

MARCOS PRADO Engenharia Térmica S/C Ltda marcos.prado@uol.com.br


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Características da água pura:
A água absolutamente pura, sem qualquer substância estranha, tem as seguintes
características:
§ É límpida e cristalina;
§ Não tem cheiro nem gosto;
§ Ferve a uma temperatura fixa para uma dada pressão;
§ Congela a uma temperatura fixa para uma dada pressão;
§ É quimicamente neutra;
§ Não conduz a corrente elétrica.
A água não está disponível na natureza como água pura, sempre tem contaminantes.

Contaminação da água:
Devido à sua estrutura a água é um solvente universal. Em maior ou menor
quantidade, não há o que não se dissolva na água.
Depende de onde ela é captada; para efeito de simplificar as coisas, vamos pensar na
água sendo captada em basicamente duas situações:
§ Água da superfície (fontes, rios e lagos);
§ Água do subsolo (poços comuns e artesianos).
Imaginando ainda que estamos falando de água potável, podemos esquematizar:

TIPOS DE ÁGUA

IMPUREZAS TIPO DE ÁGUA


Nome Tipo Superfície Sub-Solo
Oxigênio Gás Alto Quase ausente
Gás carbônico Gás Baixo Alto
Cálcio Sal sólido Baixo Alto
Cloretos Sal sólido Baixo à alto Baixo à alto
Sílica Sólido Médio Alto

5.2 – Expressões usadas na química da água


Em tratamento de águas usamos rotineiramente um vocabulário especial. Alguns dos
termos empregados estão aqui listados.
pH – potencial hidrogeniônico
É uma medida empregada para avaliar agressividade da água.
O pH varia entre zero e 14. Quanto mais baixo for o pH mais agressivo será a água. A
água pura tem pH=7 e dizemos que ela é neutra.
Quando o pH é menor que 7 dizemos que o meio é ácido. Ex: suco de limão tem pH=4.
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Quando o pH é maior que 7 dizemos que o meio é alcalino.Exemplo: água com sabão têm
pH=8. Água de caldeira bem tratada tem pH=11.

Ácido Alcalino pH

0 7 14
Neutro
ppm – partes por milhão

É uma unidade utilizada para expressar na concentração ( g/m³) de uma substância. 1


ppm é igual a 1 grama de uma substância colocada em 1 milhão de gramas de água. 1 ppm é
igual a 1 g/m³. Exemplo: Se encontrarmos numa análise 20 ppm de cálcio isto quer dizer
que para cada m³ (1.000 l) de água teremos 20 g de cálcio.

Alcalinidade
É a concentração (g/m³) de carbonatos e de hidroxíla (soda caustica) em uma água.
Em controle de tratamento de água controlam-se 2 tipos de alcalinidade:
§ Alcalinidade hidróxida expressa a concentração em (g/m³) de alcalinidade hidróxida
na água;
§ Alcalinidade total expressa a concentração em (g/m³) de todas as alcalinidades da
água, isto é, a soma da alcalinidade devido aos carbonatos com alcalinidade
hidróxida.

Dureza
Expressa a concentração (g/m³) de cálcio e magnésio na água. Diz-se que uma água
muito dura quando ela contém uma alta quantidade de cálcio e magnésio porque estas
substâncias formam incrustações muito duras.

Sólidos suspensos
È a concentração (g/m³) dos sólidos que ficam em suspensão na água.
Se filtrarmos com um bom filtro pode-se retirar os sólidos que estão suspensos.
Os materiais que ficam suspensos na água são entre outros: lama, ferrugem, areia,
microorganismos, vegetais, matéria oleosa, etc...

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Solubilidade
Algumas substâncias quando colocadas na água misturam-se tão bem que não podem
mais ser retirada por simples filtração.
Nestes casos dizemos que a substancia se dissolve na água,
Com exemplo disto temos o sal de cozinha (cloretos) ou açúcar.

Quando adicionamos uma pequena quantidade de açúcar no café este se dissolve, isto
é, mistura–se tão bem com a água que desaparece.
Se continuarmos adicionando açúcar chegará a um ponto em ele começará a
depositar-se no fundo do copo. Isto ocorre porque a quantidade de açúcar ultrapassou
a capacidade da água de dissolver um sólido. O mesmo ocorre com qualquer sólido que
se dissolva na água.

“A água tem um limite para sua capacidade de dissolver um sólido“.

Qualquer substância presente na água irá precipitar-se quando sua concentração


atingir um valor tal que a água não tenha mais condições de dissolvê-las. A quantidade
precipitada será somente o que exceder a capacidade de dissolução da água.

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5.3 – Tipos de tratamento

5.3.1 - TRATAMENTO PRIMÁRIO

É o tratamento que se destina a deixar a água em condições potáveis. O fluxograma


abaixo mostra as principais etapas desse tratamento, podendo variar, dependendo da
qualidade da água a ser tratada:

Captação

Pré-sedimentação

Pré-Cloração

Coagulação
Floculação
Sedimentação

Filtração

Cloração

Consumo Armazenamento
humano

Como podemos
MARCOS observar,
PRADO Engenharia a águaS/C
Térmica vem
Ltdacom muitos contaminantes e, assim,
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Na CAPTAÇÃO já se faz uma espécie de "peneiragem" com grades para evitar a


entrada de galhos, mato, animais, etc., quando a captação é feita em rios ou lagos. A
água captada é armazenada em tanques onde ocorre a:

PRÉ-SEDIMENTAÇÃO que tem por objetivo eliminar as impurezas e separar o


material sobrenadante (graxas, óleos, folhas etc.). Nestes tanques a concentração de
sólidos varia entre 20 e 20.000 ppm, sendo removidos de 50% a 65% dos sólidos. A
água sofre então a:

PRÉ-CLORAÇÃO que consiste em oxidar contaminantes com cloro. Nesta fase, a


matéria orgânica, os micróbios e metais (especialmente ferro e manganês) são
eliminados por oxidação pelo cloro. Assim, também são eliminados o sabor e o gosto.
Depois da pré-cloração, o tratamento continua com a clarificação da água que
consiste na:

COAGULAÇÃO, FLOCULAÇÃO e na DECANTAÇÃO.


Na COAGULAÇÃO, pela adição de produtos químicos adequados, formam-se
aglomerados de contaminantes que se ligam ao produto químico. Os contaminantes
apresentam-se eletricamente carregados, têm carga elétrica negativa. O sulfato de
alumínio que é o agente coagulante, quando dissolvido em água apresentará cargas
elétricas positivas, como as cargas elétricas de sinais opostos se atraem, acontece
uma neutralização das cargas elétricas, dando início à fase da:

FLOCULAÇÃO, as partículas vão se agrupando e formam aglomerados cada vez


maiores, que constituirão os flocos. A partir disto começa a:

DECANTAÇÃO, os flocos vão se unindo até que, em determinado momento, ficam


pesados o suficiente para afundar e assim vão se depositando no fundo do tanque.
Depois da decantação vem a:

FILTRAÇAO para separar os flocos leves de contaminantes que não decantaram da


água tratada. A filtração é feita em filtros de areia. Após a filtração, a água sofre
nova:

CLORAÇÃO que tem por finalidade a desinfecção, que é a destruição dos


microrganismos capazes de causar doenças. A água então vai para o:

ARMAZENAMENTO e assim se encerra o tratamento primário. A água obtida pelo


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tratamento primário é água potável.

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5.3.2 - TRATAMENTO SECUNDÁRIO

Nesta fase o objetivo do tratamento é o controle da concentração dos sais


dissolvidos na água. O fluxograma abaixo mostra as principais etapas desse
tratamento:

Armazenamento

Descloração

Abrandamento
ou
Desmineralização

Desaeração

Produtos
Químicos

Caldeira

DESCLORAÇÃO

Como a água vai passar por outras operações de tratamento em equipamentos mais,
sofisticados, é necessário eliminar o cloro que, além de ser prejudicial ao aço, também
é prejudicial
MARCOS aos produtos
PRADO Engenharia químicos
Térmica S/C Ltdaque serão utilizados. marcos.prado@uol.com.br
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A presença de cloro com as resinas de trocas iônicas (desmineralizadores e


abrandadores) reagem e destroem-nas. A descloração é feita pela passagem da água
clorada em filtros contendo carvão ativo que absorve o cloro.
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ABRANDAMENTO
A água desclorada sofre então o processo de abrandamento, que tem por objetivo
diminuir a dureza pela retirada total ou parcial de cálcio e magnésio da água. Existem
vários métodos de abrandamento, mas o que melhor atende é abrandamento por troca
iônica. Existem materiais (abrandadores), que têm em sua composição o sódio, que têm
uma afinidade maior por cálcio e magnésio; assim, quando são colocados em contato com
água que contenha cálcio e magnésio dissolvido, estes abrandadores trocam o cálcio e o
magnésio pelo sódio, ou seja, retiram o cálcio e o magnésio da água em troca de sódio.
Uma vez que o sódio não é incrustante, esta é uma forma rápida e segura de eliminar o
problema da incrustação.
Os abrandadores podem ser naturais (argilas minerais chamadas zeólitos) ou sintéticos
(resinas IR-120 ou S-100).
Com o tempo, a capacidade de troca do abrandador vai diminuindo porque ele vai
"gastando" sódio, mas pode ser facilmente recuperado (regenerado) pela passagem de
solução de NaCl (sal) pelo abrandador.
Esta troca iônica é conhecida como, Ciclo do Sódio - todos os contaminantes que
existem são trocados por íons de sódio.

DESMINERALIZAÇÃO
Em algumas situações, a remoção de impurezas deve ser completa. Neste caso, a única
forma viável é a desmineralização que consiste em utilizar um outro tipo de resina que
irá deixar passar somente água (H20) ou osmose reversa que tem a mesma finalidade,
porém serão utilizadas membranas ao invés de resinas. Esta troca iônica é conhecida
como ciclo do hidrogênio. Neste caso, até o sódio desaparece, sendo tudo trocado por
íons de hidrogênio.
As resinas de troca iônica retêm praticamente tudo, apenas uma pequeníssima parte da
sílica não é retida. Como nos abrandadores, a resina também pode ser recuperada
(regenerada) pela passagem de ácidos clorídrico ou sulfúrico.
Resinas Catiônicas removem apenas as cargas positivas da solução, trocando-as por
hidrogênio ou apenas as cargas negativas da solução Resinas Aniônicas, trocando-as por íons
OH.
Para um melhor entendimento vide fluxograma de uma desmineralização a seguir.

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Para a DESMINERALIZAÇAO, trabalha-se com os dois tipos de resina. Após a


desmineralização, é necessário eliminar os gases dissolvidos na água para evitar a
corrosão e isto é feito na DESAERAÇÃO.

DESAERAÇÃO
A desaeração pode ser mecânica ou química. A desaeração mecânica emprega o vapor
que, aquecendo a água, desloca os gases dissolvidos nela.
É de extrema importância o controle da temperatura de desaeração (vide tabela de
temperatura módulo 3) para uma perfeita retirada dos gases.
Depois da desaeração, deve-se fazer o tratamento químico para a proteção da caldeira.
Este tratamento é feito por INIBIDORES DE CORROSAO, ANTINCRUSTANTES.

ADIÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS


Sulfito de sódio/hidrazina:
Para a desaeração química é feita através da adição de sulfito de sódio que retira o
oxigênio, quimicamente. Existe um produto chamado HIDRAZINA que também remove
o oxigênio, mas este produto não pode ser empregado em caldeiras que produzam vapor
para a indústria de alimentos. A utilização de sulfito de sódio também não deve ser
feita em caldeiras que operem sob pressões superiores a 35 kgf/cm².
Para a remoção eficiente do oxigênio, é necessário que a concentração de sulfito
residual na água da caldeira fique entre 10 e 30 ppm (até 21 kgf/cm²).
Soda caustica:
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Para aumentar a alcalinidade da água da caldeira e também o pH utiliza-se soda


caustica. Este procedimento visa uma condição de manter uma passividade do aço
através da formação de um filme protetor (magnetita-Fe 3O4) o qual somente resiste
com a presença de oxigênio em pressões até 12 kgf/cm². Acima dessa pressão caso
permaneça a presença de oxigênio dissolvido, essa proteção será “atacada”, ocorrendo
a corrosão no metal.
O excesso de alcalinidade poderá “atacar” a magnetita causando corrosão caustica.
Polifosfato / Fosfato trissódico:
Com o objetivo de assegurar dureza zero na água da caldeira, é necessário manter um
residual no interior da caldeira entre 20 a 40 ppm.

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5.4 – Qualidade das águas das caldeiras

PRESSÃO ATÉ 21 KGF/CM² PRESSÃO DE 21 À 41KGF/CM²


Polifosfato / 20 a 40 ppm 20 a 40 ppm
fosfato trissódico
Alcalinidade P (CaCO 3) 250 a 450 ppm 250 a 300 ppm
Sulfito de Sódio (SO 3) 10 a 30 ppm 20 a 40 ppm
Sílica (SiO2) Max.150 ppm 50 a 125 ppm
pH (água de reposição) Min. 8,5 Min. 8,5
pH (vapor) 5a7 8 a 8,5
Dureza total Zero Zero
Oxigênio dissolvido Zero Zero
Sólidos totais Max. 2000 ppm Max. 2000 ppm
dissolvidos
pH água da caldeira 10 a 11 10,5 a 11,5

Controle das descargas de fundo

Para a freqüência das extrações deve-se considerar:

a) Como já dissemos, a quantidade de produtos químicos adicionados à água, provocam a


formação de outros sólidos em suspensão, portanto a quantidade de extrações de fundo,
deve ser relacionada com a quantidade de produto que foi adicionado. Se for notada a
presença de sólidos a olho nu, a seqüência das extrações deve ser aumentada.

b) Quantidade de cloretos na água, se excessiva, determinará a contaminação da mesma,


que poderáPRADO
MARCOS ser por excessoTérmica
Engenharia de produtos
S/C Ltdaquímicos para seu controle.marcos.prado@uol.com.br
Teremos, desta forma,
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o aumento de sólidos em suspensão e as extrações de fundo devem ser aumentados.

c) O tempo entre uma extração e outra deve ser determinado corretamente, podendo ser
variável, levando-se em conta os problemas mencionados anteriormente.
A pressão da linha é registrada, normalmente, no cartão registrador, aparecendo uma
depressão no momento de cada descarga.

d) As descargas da caldeira devem ser realizadas de tal forma que os parâmetros acima
sejam mantidos, além de arrastar o lama que se acumula nas partes inferiores da caldeira.

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Resumo dos contaminantes e suas conseqüências:
Dureza Total
É a soma dos sais de magnésio e cálcio. Podem se apresentar na forma de carbonatos,
sulfatos, cloretos e nitratos.
Conseqüência: incrustações com superaquecimento e ruptura dos tubos, o que provocará um
alto custo operacional.
Alcalinidade total
Devido a bicarbonatos de cálcio, magnésio e sódio.
Conseqüência: formação de incrustações e liberação de CO 2 (corrosivo), em virtude da
decomposição dos bicarbonatos.
Sulfatos
Presentes na água como sulfatos de cálcio, sódio e magnésio.
Conseqüência: incrustação e corrosão sob depósito.
Sílica solúvel (reativa)
Presentes na forma de ácido silícico e silicatos solúveis.
Conseqüência: formação de incrustações duríssimas, causando difícil troca térmica, sendo
de difícil remoção. A incrustação de sílica é excelente isolante térmico.
Cloretos (Cl)
Apresentam-se na forma de cloretos de cálcio, sódio e magnésio.
Conseqüência: ruptura do filme protetor de magnetita e conseqüente corrosão do metal,

Gases Dissolvidos
Apresentam-se na forma de 02, CO2, NH3, H2S.
Conseqüência: formação de ácido e corrosão.

Ferro
Geralmente presente na água bruta como bicarbonatos.
Conseqüência: depósitos porosos em área de troca térmica com corrosão sob depósito e
também criam condições para desenvolvimento das bactérias redutoras de ferro, causando
também corrosão sob depósito.

Matérias em suspensão
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Apresentam-se na forma de areia, lama, matéria orgânica, etc. Sua presença caracteriza-
se pela cor e turbidez.
Conseqüência: corrosão por atrito, depósitos e entupimentos.

Sólidos Totais Dissolvidos


Provocam a condutividade em meio aquoso.
Conseqüência:
A alta concentração de sais promove depósitos e aceleração do processo corrosivo.
Também provoca o arraste de água líquida para o vapor.

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Pontos de coleta e amostras

1 – água de reposição (cloro)


2 - resinas (dureza)
3 - regeneração química (concentração do regenerante)
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4/5 - produto químico p/ água de alimentação (concentração e dosagem)


6/7/11 – água da caldeira (dureza, pH, alcalinidade, polifosfato/fosfato, sílica, sólidos
totais dissolvidos, sulfito)
8 – purificador de vapor (condutividade)
9 – vapor (pH, exame organoléptico)
10 – condensado (pH, aspecto, dureza, alcalinidade, condutividade)
12 - água de alimentação (aspecto, dureza, alcalinidade, pH)
13 – água de reposição (dureza)
obs: condutividade no vapor de 20 a 30 micro siemens/cm a 25ºC;
exame organoléptico no vapor (aspecto, transparência, odor e sabor).

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Coleta de amostras
O resultado fornecido pelas analises do laboratório depende da forma como é coletada a
amostra.
Procedimento:
§ Deixar correr a água a ser analisada por alguns minutos. Durante esse período, a
garrafa de coleta deve ser lavada com água a ser analisada;
§ Reduzir o fluxo de água e coletar a amostra;
§ Tampar bem;
Cuidados:
§ Ao fechar-se a garrafa, não se deve colocar o dedo na tampa;
§ Deve-se evitar que fiquem bolhas de ar dentro da garrafa;
§ A garrafa de amostra deve ser bem fechada e marcada com todas as informações
necessárias.
Falhas e ações no tratamento de água da caldeira
Valores Valores recomendáveis análises Ações corretivas
recomendáveis 21 à 41kgf/cm²
Pressão até 21
kgf/cm²
Polifosfato/ Polifosfato/ Valor acima Checar dosagem
Fosfato trissódico Fosfato trissódico Valor < 5 ppm
20 /40 ppm 20 /40 ppm
Alcalinidade P Alcalinidade P (CaCO 3) Valor acima Checar operação
(CaCO3) 250/300ppm desalcalinização/
250/450ppm Desmineralização e Desaeração
Aumentar purgas,
Reduzir dosagem NaOh

Sulfito de Sódio Sulfito de Sódio (SO 3) Valor acima Checar dosagem


(SO3) 20 /40 ppm Valor < 5 ppm
10 /30 ppm

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Sílica (SiO2) Sílica (SiO2) Valor acima Checar na água alimentação,


Max. 150 50 a 125 ppm Aumentar purgas
Dureza Total Dureza Total Valor acima Checar
Zero Zero Água reposição e
Qualidade do condensado
Sólidos Totais Sólidos Totais (TDS) Valor acima Checar valor
(TDS) Max. 2000ppm Água de alimentação,
Max. 2000ppm Aumentar purgas
pH água da pH água da caldeira Valor abaixo Aumentar dosagem de NaOH
caldeira 10,5 a 11,5 Valor acima Reduzir dosagem de NaOH
10 a 11 Aumentar purgas

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5.5 – Corrosão e prevenção em caldeiras:

Corrosão em caldeiras é um processo eletroquímico que pode se desenvolver em diferentes


meios:
Ácido
Neutro
Básico
Evidentemente que, em função do meio e da presença de oxigênio, se pode fazer uma
distinção relativa quanto à agressividade do processo corrosivo, onde teremos:

Meio ácido aerado é o de maior gravidade;


Meio básico não-aerado o de menor gravidade.

Ø O meio ácido acelera o processo corrosivo, provocando uma corrosão do tipo


uniforme. Os contaminantes principais são ácidos fracos, como ácido
carbônico, e sais que se hidrolisam produzindo o íon H ??, como cloreto de
magnésio, cloreto de cálcio, sulfato de magnésio e cloreto ferroso.

Ø Em caldeiras de baixa pressão, onde a temperatura da água está abaixo de


200ºC, a experiência tem mostrado que a corrosão é controlada
mantendo-se uma alcalinidade a fenolftaleína nas concentrações de 10 a
15% dos sólidos totais dissolvidos na água.

Ø Na ausência do oxigênio em temperaturas acima de 220ºC, o ferro é


termodinamicamente instável, formando um filme de óxido protetor
chamado magnetita (Fe 3O4), altamente protetor ao aço nas condições
operacionais da caldeira. Quando os tubos por alguma circunstância
perdem esta proteção, ocorre uma corrosão localizada do tipo pite ou
alveolar.

Os fatores
MARCOS PRADOaceleradores que mais
Engenharia Térmica freqüentemente podem causar
S/C Ltda corrosão em caldeiras
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são:

Ø pH ácido (resíduos de ácidos provenientes de limpeza química, escape de ácidos


das unidades de desmineralização);
Ø Oxigênio corrosão por aeração diferencial e fratura da magnetita;
Ø Sob depósitos porosos neste caso, um mecanismo para a concentração do agente
corrosivo, tais como pite ou fendas e condições para escape do vapor. Água
com cloretos poderão ocorrer à hidrólise sob depósitos produzindo condições
localizadas de baixo pH, enquanto a água no corpo da caldeira é alcalina;
Ø Corrosão caustica em concentrações de hidróxido de cálcio (NaOH) acima de 5%
podem migrar para fendas ou locais onde a magnetita foi parcialmente
destruída e reagir com o ferro ocorrendo a corrosão intercristalina;
5.0 - TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CALDEIRA
Ø Cobre e níquel corrosão galvânica, ocorrendo à corrosão do ferro por ter um
potencial de corrosão maior do que o cobre e níquel presentes em rotores de
bombas;

Ø Sólidos suspensos podendo ocorrer à migração para fendas dos íons cloretos e
soda caustica originando os processos de corrosão já citados;
Ø Gás sulfídrico pode contaminar a água da caldeira pelas impurezas de sulfeto de
sódio que eventualmente podem estar contidos no sulfito de sódio usado como
redutor em caldeiras para eliminação de oxigênio. Também pode contaminar
através da degradação do sulfito de sódio não catalisado para a remoção do
oxigênio ou pelo seu uso em temperaturas acima de 260ºC.
Ø Choques térmicos as temperaturas dos tubos das caldeiras variam
consideravelmente devido às condições de trabalho. Em decorrência dessas
variações, há contrações e dilatações diferentes, entre a magnetita protetora
e o aço, com o rompimento da película de magnetita, ocorrendo assim corrosão
localizada.
Ø Regiões críticas nas regiões de alta transferência de calor, tubos soldados, tubos
mal laminados e com fendas, extremidades de tubos incrustados;
Ø Lado gases presença de sódio e vanádio no combustível ira provocar a corrosão
nas partes quentes da caldeira e a presença de enxofre poderá ocorrer a
corrosão por compostos de enxofre nas partes “frias” da caldeira;
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A Prevenção de corrosão em caldeiras, conforme já visto, resume-se nas principais


etapas:
Tratamentos externos:
Ø Remoção da turbidez e cor;
Ø Remoção de ferro e manganês;
Ø Remoção de dureza;
Ø Desmineralização;
Ø Remoção de gases.
Tratamentos internos:
Ø Remoção química do oxigênio;
Ø Neutralização do CO 2 com o uso de aminas;
Ø Remoção química da dureza.
5.0 - TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CALDEIRA

Proteção de caldeiras paradas


As caldeiras paradas estão sujeitas a um processo corrosivo intenso, quando não
são corretamente tratadas. Duas opções de proteção são normalmente utilizadas:
Caldeiras fora de operação (tempo limitado) – por uma semana são corretamente
protegidas utilizando-se água desaerada contendo excesso de sulfito de sódio
catalisada ou hidrazina ativada, entre 200 a 300 ppm. Os valores de pH deverão
ser ajustados com soda caustica para 11 a 11,5 e caldeira totalmente cheia,
inclusive economizador e superaquecedor.

Caldeiras inativas – poderão ter 2 tipos de proteção: úmida e seca.

Úmida utiliza inibidores de corrosão do tipo oxidante como o Nitrito em


concentrações de 1.000 ppm, pH acima de 8 e cheia completamente.

Seca nessa 2ª opção a caldeira é totalmente seca e a umidade do seu interior


removida com cal virgem, sílica gel ou alumina ativada. Esses desidratantes deverão
ser colocados em bandejas e inseridos nos tubulões superior e inferior na
concentração de 1 kg/m³ para a cal virgem, sílica gel e 1,5 kg/m³ para a alumina.
A caldeira deverá ser hermeticamente fechada e os desidratantes inspecionados a
cada mês, para trocá-los se necessário.

5.6 – Limpeza de caldeiras


Caso o sistema de tratamento de água de uma caldeira não obtenha sucesso e ocasionar
incrustações nas tubulações, causando à redução da transferência de calor, aumento da
temperatura no metal, maior consumo de combustível e maior risco de explosão
(veremos no módulo 7), torna-se necessário sua remoção.

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Essa limpeza pode ser realizada por 2 maneiras:


Método mecânico: usando-se
normalmente escovas rotativas e
jateamento com água a alta pressão;
Método químico: usando-se substâncias
ácidas ou alcalinas;
Combinação dos métodos mecânicos e
químicos.

Depósitos de carbonato de cálcio


devido ao uso de água com Dureza elevada.

5.0 - TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CALDEIRA

A escolha do método mais adequado vai ser função principalmente de:

§ Tipo de depósito ou sujidade;


§ Custo;
§ Segurança operacional;
§ Corrosão;
§ Disponibilidade de equipamentos;
§ Despejo de rejeitos.

Entre os fatores mais importantes na limpeza química, devem ser destacados o tempo,
a temperatura, a concentração e a circulação.

A limpeza química alcalina é utilizada com os seguintes objetivos:

§ Em caldeiras novas, para remover graxas, óleos ou vernizes, aplicados durante o


período de montagem;
§ Em caldeiras usadas, para facilitar a limpeza ácida posterior condicionando os
depósitos existentes.
As substancias mais utilizadas na limpeza alcalina são soda caustica, barrilha ou carbonato
de sódio, fosfato, etc.

A limpeza química ácida tem como objetivo a remoção dos depósitos que não podem ser
retirados pela limpeza alcalina. Essa remoção pode ser feita por solubilização ou
deslocamento do depósito.
Os principais ácidos utilizados são mostrados na tabela a seguir, em função dos depósitos
a serem removidos:
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Treinamento de Segurança na Operação de Página
CALDEIRAS Módulo 5.0 18/19

Ácidos Depósito a ser removido

Clorídrico Carbonato de cálcio e óxidos de ferro

Sulfâmico Carbonato de cálcio e óxidos de ferro

fluorídrico Silicatos e sílica

cítrico Óxidos de ferro

5.0 - TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CALDEIRA


Alguns casos de corrosão:

Tubérculos de óxidos de ferro, devidos a água Tubo superaquecedor com corrosão ao longo
contendo bicarbonato de ferro. da parte inferior.

Perfuração tubo trocador-vaporizador(SO 2) Empolamento hidrogênio predominando


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na região de falha de laminação.

Fratura tubo de inox próximo ao cordão solda Trincas transgranulares da foto ao lado

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