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V. 15 n.1, 2018
Resumo
O objetivo deste trabalho é mostrar que os sinais de lugares do Espírito Santo na Libras e sua
formação, tem na sua originalidade, motivos semelhantes a criação dos nomes de lugares da
Língua Portuguesa, e não são sinais sem sentido. O principal é a valoração a pesquisa
etimológica e informações relevantes sobre o tema destacado. O corpus foi retirado por meio de
pesquisa com indivíduos capixabas surdos vivenciados no estado do Espírito Santo e por
experiências vividas pela autora deste artigo. As fontes inspiradoras foram: sinais de cidades,
sinais de pessoas e sinais de pontos turísticos do Espírito Santo. Portanto, a relação com a
onomástica, que é o estudo das transformações, origem e morfologia dos nomes próprios, será
abrangido o ramo da toponímia, que é o estudo de nomes próprios de lugares, que no caso da
Libras é o estudo da origem dos sinais de lugares. Esta tarefa responderá a hipóteses como: Os
sinais de lugares da Libras foram criados aleatoriamente? Qual é a história por trás de um
sinal de lugar? Existem referências semelhantes entre os nomes de lugares da Língua
Portuguesa e os sinais de lugares da língua de sinais? Ao final da pesquisa, mostra-se que a
Língua de Sinais quanto a formação do sinal de um lugar, é movida por motivos semelhantes
aos dos nomes de lugares da Língua Portuguesa.
Palavras-chave: Língua, sinais, cidades, história.
Abstract
The objetive of this work is to show that the Espírito Santo State places signs in pounds and its
formation, has in its originality, reasons like the creation of the place names of the Portuguese
language, and signs are not meaningless. The main thing is the valuation the etymological
research and relevant information on the topic highlighted. The corpus was removed through
research with deaf individuals experienced in Espirito Santo state and experiences the author
of this article. The source of inspiration was: signs of cities, signs of people and signs sights of
the Espírito Santo. Therefore, the relationship with onomastics, which is the study of change,
origin and morphology of names, will be covered the branch of place names, which is the study
of proper names of places, in the case of Libras is the study of the origin of signs of places. This
task will answer hypotheses as: Signs of places Pounds were created randomly? What is the
story behind a place of signal? There are references similar to the place names of the
Portuguese language and the signs of places of sign language? At the end of the research, it is
shown that sign language as the formation of a place signal is moved for reasons similar to the
names of places in the Portuguese language.
Keywords: Homicides; moral; disrespect; Woman.
1 Mestra em Educação pela The Grandal College And University, Instituição de Vínculo Atual: Secretaria Municipal de Educação de
E-mail: mirell_0024@hotmail.com
1. Introdução
São Camilo - ES
Cadernos Camilliani, Cachoeiro de Itapemirim – ES, v 15, n. 1, p. 1-12, Abril. 2018
3 SINAIS CAPIXABAS: UM ESTUDO ONOMÁSTICO
Estes criadores dos sinais, geralmente são indivíduos surdos daquela origem
que usam sempre que necessário para fazer referência a determinado lugar por
meio de um sinal e então, acontece o que podemos classificar como o fenômeno
linguístico da concretização do sinal se dá pelo uso do sinal pela comunidade
surda. Na hipótese de outro surdo chegar para aquela localidade e criar um
outro sinal, ao usá-lo, os usuários da Libras, surdos ou ouvintes, já o
informarão que determinado local ou cidade tem sinal e apresentam-no. A
criação do sinal das cidades na maioria das vezes é baseada em alguma
característica aparente que se sobrepõe pela vista local, em algum
acontecimento histórico ou específico do local, e em última instância
naturalmente recorre-se as iniciais da Língua Portuguesa. A importância deste
estudo é comprovada pelo reconhecimento que a criação do sinal de um lugar
na Libras, marca um tempo, uma ocasião, marca a história de cultura e
identidade de um povo de geração em geração.
O ato de dar nome aos lugares evidencia no léxico os efeitos da sociedade
sobre o linguístico e como o mundo social nele se apresenta, refletindo e o
modo de ver a forma como seus membros organizam o mundo que os rodeia.
Segundo Melo, 2014, essa pesquisa é muito mais que nomear ou sinalizar
lugares e perceber apenas o lado linguístico, mas sim conhecer as crenças,
costumes, ideologias, com etnias com as denominações das sociedades de
todos os tempos, com a cultura de cada lugar e influências internas e externas
que as localidades sofrem e/ou exercem sobre os nomeadores. No caso dos
sinais dos lugares as evidências também estão no léxico, ou seja, nos
parâmetros da Libras na formação deste sinal, os efeitos são os mesmo que
remete as mesmas crenças, costumes e influências de quem deu o sinal e de
um povo com sua história.
Importante é não confundir o nome dos municípios com o objeto real
segundo Carvalhinhos, 2009, p.83, ou seja, a municipalidade propriamente
dita, o topônimo não é o lugar em si, mas uma de suas representações,
carregando em sua estrutura sêmica elementos da língua, da cultura, da época
de sua formação, enfim, o homem denominador.
Segundo Seabra (2006,p.7)
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Mesmo porque, neste caso, quem nasceu primeiro foi o nome da cidade, é
estabelecido mesmo que a maioria ouvintes não saiba o seu significado ou
origem, pois o interesse é somente o topônimo e seu uso como um nome,
denominador para identificação.
Na formação e colocação do sinal, por sua vez, a motivação e os impulsos
foram outros, que não os mesmos da Língua Portuguesa, o sinal da cidade não
tem o mesmo significado semântico que a cidade. Esta comparação fica clara
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4. Resultados e discussão
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pessoa como vós ou vosso. Com a extensão do uso VOSSA MERCÊ para os
fidalgos é que tal forma adquiriu o status de tratamento. Até chegar ao você,
houve um estágio intermediário – VOSMECÊ, em que ocorre a síncope que é a
supressão de fonemas no meio da palavra – que foi abandonado, até chegar ao
VOCÊ. Existem outros estágios históricos do pronome você, porém não serão
descritos aqui.
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7 SINAIS CAPIXABAS: UM ESTUDO ONOMÁSTICO
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2º. Sinal - O sinal da cidade ficou reduzido apenas a 2 palmos na coxa, essa
foi a identificação do sinal de Santa Teresa por anos.
3º. Sinal - O processo de regressão foi acontecendo naturalmente até chegar
ao sinal seguinte: apenas uma mão, tocando na perna com o punho e ponta
dos dedos, fazendo alusão aos 2 palmos usados anteriormente. O sinal de 2
palmos na perna, ainda é usado por alguns surdos quando se referem à cidade
de santa Teresa, até hoje.
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o sinal da própria cidade de Santa Teresa, então este é o atual sinal usado para
identificar Santa Teresa, o sinal de passarinho fazendo alusão ao beija-flor.
Quanto ao nome da cidade e suas características físicas é uma relação feita
pelas línguas orais para algumas cidades. Este processo também se dá com os
nomes das cidades que segundo Carneiro, de Faria e Lemos (2014), o nome do
bairro Maruípe em Vitória, tem origem atribuída ao mosquito de picada muito
forte, Maruí de Maruim, também conhecido como mosquitinho do mangue.
"Maruí e "maruim" são termos oriundos do tupi mberu'i, que significa "mosca
pequena”, sendo que Maruípe significa caminho de mosquitos.
Da mesma forma que as palavras ou nomes dos lugares da língua oral, os
sinais das cidades do Espírito Santo por sua vez, também foram formados com
base nos fatos históricos ou também fazendo referência as características da
cidade como podemos constatar no sinal da cidade de Santa Teresa.
Assim ficou o sinal da cidade de Santa Teresa:
FONTE: Autores
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FONTE: Autora
Esta mesma cidade, segundo pesquisa com moradores surdos idosos, já teve
o sinal de “CACHORRO”. Algumas vezes, estes surdos ainda referem-se a
Cachoeiro com o sinal de cachorro. O fato que originou este sinal era que o
ônibus da cidade, um dos primeiros, tinha a figura de um cachorro estampado
na lateral. O antigo ônibus era a referência da cidade, o que originou o seu
sinal.
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5. Considerações finais
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6. Referências bibliográficas
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