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1. BURUNDI..................................................................................................................

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1.1 Histórico do país..................................................................................................2
1.2 Economia do Burundi..........................................................................................3
1.2.1 País mais pobre do mundo?........................................................................ 4
1.3 Principais aspectos política e sociais do Burundi................................................4
1.4 Cooperação internacional ao Burundi................................................................. 5
2. DIREITOS HUMANOS........................................................................................... 6
2.1 Conselho dos direitos humanos...........................................................................7
2.2 Violação dos direitos humanos no Burundi.........................................................7
2.3 Histórico CDH - Burundi.................................................................................... 8
3. CDH 2023: Promoção e proteção dos direitos humanos no Burundi.................. 9
4. PRINCIPAIS POSICIONAMENTOS.................................................................. 10
4.1 Burundi..............................................................................................................10
4.2 União Europeia..................................................................................................11
4.3 União Africana.................................................................................................. 12
4.4 Estados Unidos..................................................................................................13
4.5 China................................................................................................................. 13
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1. BURUNDI

1.1 Histórico do país

O Burundi é um pequeno país localizado na região dos Grandes Lagos da


África Central. Sua história remonta a séculos de reinos e estados independentes que
habitavam a área. Durante o século XV, o Burundi foi governado pelo reino Tutsi,
uma das três etnias dominantes do país, ao lado dos Hutus e dos Twa. No século XIX,
a região foi colonizada pelos alemães e, posteriormente, pelos belgas. Durante o
período colonial, os belgas impuseram uma política de divisão e dominação étnica,
favorecendo a minoria tutsi em detrimento dos hutus e twas. Essas tensões étnicas se
agravaram ao longo do tempo e tiveram um impacto duradouro no país.
Em 1962, o Burundi conquistou a independência da Bélgica e se tornou uma
nação soberana. Logo após a independência, ocorreram conflitos violentos entre hutus
e tutsis, resultando em um grande número de mortes e levando à instabilidade política
no país. Desde então, o Burundi tem sido marcado por períodos de violência étnica
intermitente. Em 1972, ocorreu um dos eventos mais sangrentos da história do país.
Um levante liderado por hutus contra o governo dominado pelos tutsis foi brutalmente
reprimido, resultando na morte de centenas de milhares de pessoas, principalmente
hutus. Esse evento aumentou ainda mais a tensão entre as duas etnias.
Em 1993, o país passou por outro episódio de violência extrema. O primeiro
presidente hutu eleito democraticamente, Melchior Ndadaye, foi assassinado em um
golpe de Estado liderado por militares tutsis. O assassinato de Ndadaye desencadeou
um genocídio contra a população hutu, resultando na morte de aproximadamente
300.000 pessoas. Após o genocídio, o Burundi entrou em um longo período de guerra
civil, com confrontos contínuos entre as forças governamentais dominadas pelos tutsis
e grupos rebeldes hutus. O país passou por uma série de acordos de paz e tentativas de
reconciliação, mas a violência persiste.
Em 2005, um acordo de paz foi alcançado, levando à formação de um governo
de unidade nacional e ao fim oficial da guerra civil. Desde então, o país tem
trabalhado para reconstruir e estabilizar sua economia e promover a reconciliação
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entre as comunidades étnicas. No entanto, o Burundi ainda enfrenta desafios


significativos, incluindo pobreza generalizada, corrupção, restrições aos direitos
humanos e tensões étnicas latentes. O país tem passado por controvérsias políticas e
turbulências, incluindo eleições contestadas e um referendo em 2018 que permitiu ao
presidente Pierre Nkurunziza concorrer a um terceiro mandato, o que gerou mais
instabilidade.
Apesar dos desafios históricos e contemporâneos que o país enfrenta, o povo
burundinês tem demonstrado resiliência e esperança em um futuro pacífico e próspero.
É importante ressaltar que esta é apenas uma breve visão geral da história do Burundi
e que o país possui uma complexidade mais profunda em sua trajetória política e
social.

1.2 Economia do Burundi

A economia do Burundi é caracterizada por ser uma economia de baixa renda e


agrícola, com um setor agrícola predominante. O país enfrenta vários desafios
econômicos, como a dependência da agricultura de subsistência, a falta de
infraestrutura, a instabilidade política e os conflitos étnicos.
A agricultura é a principal fonte de subsistência e emprego para a maioria da
população burundesa. Os principais produtos agrícolas incluem café, chá, algodão,
tabaco, bananas, milho, batatas e legumes. O setor agrícola representa uma parcela
significativa do PIB do país, bem como das exportações. O café é a principal
exportação do Burundi e desempenha um papel vital na economia. No entanto, a
produção e as exportações de café têm sido afetadas por fatores como instabilidade
política, mudanças climáticas e doenças que afetam as plantações. O país tem buscado
diversificar sua base agrícola para reduzir a dependência do café, promovendo o
cultivo de outros produtos, como chá e hortaliças.
Além da agricultura, o setor de serviços tem se desenvolvido lentamente, mas
ainda enfrenta desafios. O turismo é considerado um setor com potencial de
crescimento, devido à beleza natural do país, incluindo lagos e parques nacionais. No
entanto, a instabilidade política e a falta de infraestrutura adequada têm dificultado o
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desenvolvimento do turismo. Acrescido disso, a instabilidade política, os conflitos


étnicos e os problemas de governança têm afetado a economia do Burundi. A
incerteza política e a falta de estabilidade desencorajam o investimento estrangeiro e
prejudicam o crescimento econômico.

1.2.1 País mais pobre do mundo?

A classificação de um país como "o mais pobre do mundo" é baseada em


diferentes indicadores econômicos, como o Produto Interno Bruto (PIB) per capita,
índices de desenvolvimento humano, níveis de pobreza, entre outros. Essas
classificações são geralmente realizadas por organizações internacionais, como o
Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Nações Unidas e outras
instituições de pesquisa econômica.
No caso específico do Burundi, é frequentemente citado como um dos países
mais pobres do mundo com base em indicadores como o PIB per capita, que é uma
medida do valor total de todos os bens e serviços produzidos dividido pela população
do país. No entanto, é importante ressaltar que a classificação de "país mais pobre" é
relativa e pode variar dependendo das fontes e dos critérios utilizados. Além disso,
essas classificações são baseadas em dados e estatísticas que podem estar sujeitos a
revisões e atualizações periódicas.
Portanto, embora o Burundi seja frequentemente mencionado como um dos
países mais pobres do mundo, é importante entender que essa classificação é dinâmica
e pode variar ao longo do tempo, à medida que os indicadores econômicos e as
condições socioeconômicas do país se alteram.

1.3 Principais aspectos política e sociais do Burundi

1.3.1 Composição Étnica: O Burundi é habitado principalmente por três grupos


étnicos: Hutus, Tutsis e Twa. Os Hutus são a maioria étnica, representando
cerca de 85% da população, enquanto os Tutsis são cerca de 14% e os Twa são
aproximadamente 1%;
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1.3.2. Idioma: O kirundi e o francês são os dois idiomas oficiais do Burundi. O


kirundi é amplamente falado pela população, enquanto o francês é usado
principalmente no governo, na educação e nos negócios;
1.3.3. Educação: O Burundi enfrenta desafios no setor educacional, com altas
taxas de analfabetismo e falta de acesso à educação de qualidade. A taxa de
matrícula escolar é baixa e a qualidade da educação é afetada pela falta de
recursos e infraestrutura adequados;
1.3.4. Sistema Político: O Burundi é uma república presidencialista, onde o
presidente é o chefe de Estado e chefe de governo. O presidente é eleito por
voto popular para um mandato de cinco anos;
1.3.5. Conflitos Étnicos: O Burundi enfrentou conflitos étnicos ao longo de sua
história, com rivalidades entre as comunidades Hutu e Tutsi sendo uma fonte
significativa de instabilidade política. Esses conflitos levaram a golpes de
Estado, guerra civil e genocídios.

1.4 Cooperação internacional ao Burundi

O Burundi recebe assistência e cooperação internacional de várias organizações


e países. A cooperação internacional desempenha um papel importante no apoio ao
desenvolvimento econômico, social e político do país, bem como na promoção da
estabilidade e na resolução de desafios específicos que o Burundi enfrenta. O apoio
global ao Burundi abrange uma ampla gama de áreas, incluindo ajuda humanitária,
desenvolvimento econômico, educação, saúde, governança, fortalecimento
institucional e consolidação da paz. Os principais parceiros de cooperação
internacional do Burundi incluem instituições multilaterais, como a Organização das
Nações Unidas (ONU), o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a
União Africana, além de países doadores individuais.
Portanto, a assistência internacional ao Burundi aborda questões humanitárias,
como a prestação de ajuda em situações de emergência, como desastres naturais,
conflitos ou crises humanitárias. Assim, essa cooperação pode assumir diferentes
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formas, incluindo ajuda financeira, programas de capacitação, transferência de


tecnologia, apoio técnico, troca de conhecimento e assistência humanitária direta.
No entanto, é importante ressaltar que a assistência e cooperação internacional
ao Burundi podem enfrentar desafios, como a necessidade de coordenação efetiva
entre os diversos atores, a garantia da transparência e da boa governança na
implementação dos projetos, e a necessidade de sustentabilidade a longo prazo para
que os resultados positivos sejam alcançados.

2. DIREITOS HUMANOS

Os direitos humanos são direitos inalienáveis, universais e indivisíveis que são


inerentes a todas as pessoas, independentemente de sua nacionalidade, raça, religião,
gênero, origem étnica, orientação sexual, idade ou qualquer outra característica
pessoal, sendo fundamentais para garantir a dignidade, a liberdade, a igualdade e o
bem-estar de todos os seres humanos. Dado o fim da Segunda Guerra Mundial, o
mundo se viu completamente indignado com as atrocidades ocorridas durante o
Holocausto e todo o período do conflito entre as principais potências mundiais da
época. Diante dos fatos, era necessário que fosse feito algo para que as violações
ocorridas não se repetissem, ou que fossem legalmente proibidas.
De forma a consolidar os direitos humanos no mundo moderno, em 1948 a
Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é adotada pela Assembleia
Geral das Nações Unidas (AGNU), um dos órgãos mais importantes da Organização
das Nações Unidas (ONU). O documento estabelece os direitos humanos
fundamentais que devem ser garantidos e protegidos por todas as nações. Após a
DUDH, diversos outros tratados e convenções internacionais foram criados para
garantir a promoção e proteção dos direitos humanos em todo o mundo, mostrando
assim a importância da temática. Entre os principais mecanismos da comunidade
internacional para a temática está o Conselho de Direitos Humanos (CDH) das Nações
Unidas.
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2.1 Conselho dos direitos humanos

Criado em 2006, como sucessor da Comissão dos Direitos Humanos da ONU,


o CDH foi resultado de um processo de reforma das Nações Unidas, que tinha como
objetivo fortalecer a proteção e a promoção dos direitos humanos em nível
internacional. A Comissão de Direitos Humanos, que existiu de 1946 a 2006,
enfrentou críticas ao longo dos anos devido à participação de países com registros
questionáveis em direitos humanos. Além disso, havia preocupações sobre a
politização do órgão e a necessidade de uma abordagem mais eficiente e eficaz para
lidar com as questões dos direitos humanos.
O Conselho de Direitos Humanos é composto por 47 Estados membros eleitos
pela Assembleia Geral da ONU. Os membros são escolhidos com base em uma
distribuição geográfica equitativa, garantindo representação de diferentes regiões do
mundo. O papel do CDH é examinar temáticas relacionadas aos direitos humanos,
realizar revisões periódicas dos registros de direitos humanos de todos os países e
fazer recomendações para melhorar a situação dos direitos humanos em todo o
mundo. Desde a sua criação, o Conselho de Direitos Humanos tem sido um fórum
importante para o debate e ações relacionadas aos direitos humanos, desempenhando
um papel na promoção de padrões mais elevados de respeito aos direitos humanos e
na responsabilização por violações desses direitos.

2.2 Violação dos direitos humanos no Burundi

O Burundi vivenciou um grave conflito em 2015, desencadeado pelo anúncio


do terceiro mandato do presidente Nkurunziza, violando a Constituição do país e os
acordos de Arusha de 2000. A violência resultante levou a uma onda massiva de
violações dos direitos humanos. Nkurunziza foi reeleito presidente em meio a uma
tentativa de golpe fracassada e posteriormente promoveu mudanças constitucionais
para aumentar seu mandato e concentrar poderes. As violações dos direitos humanos,
incluindo execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados e restrições às
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liberdades civis, foram documentadas durante todo o conflito, causando milhares de


mortes, prisões arbitrárias e um grande número de refugiados.
Durante o conflito, diferentes atores estiveram envolvidos. O partido no poder,
o Conselho Nacional de Defesa da Democracia-Forças de Defesa da Democracia
(CNDD-FDD), e sua ala militar, o Imbonerakura, desempenharam um papel
significativo na repressão aos opositores do governo. Por outro lado, a oposição,
representada por diversos partidos políticos e grupos da sociedade civil, formou o
Conselho Nacional de Respeito ao Acordo de Arusha para a Paz e Reconciliação no
Burundi e o Estado de Direito (CNARED). O conflito resultou em protestos, mortes,
detenções em massa e perseguição aos opositores.
Apesar das preocupações e das violações contínuas dos direitos humanos, a
resposta da comunidade internacional foi limitada. A União Africana e a Comunidade
de África Oriental tentaram mediar o conflito, mas enfrentaram críticas por não
desafiar efetivamente as ações do governo de Nkurunziza. O Conselho de Segurança
das Nações Unidas teve dificuldades em agir devido às divergências regionais,
resultando em resoluções que não conseguiram conter as violências. O Burundi
também saiu do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional e enfrentou
sanções da União Europeia devido às violações dos direitos humanos. Embora o
CSNU tenha retirado as denúncias sobre o governo burundinês em 2020, as violações
e abusos dos direitos humanos continuam sendo uma preocupação. A situação no país
requer atenção contínua da comunidade internacional e esforços para promover a
justiça, a reconciliação e o respeito aos direitos humanos.

2.3 Histórico CDH - Burundi

As relações entre o Burundi e o Conselho são marcadas por intensos conflitos


de interesses divergentes. Em 2015, o Burundi enfrentou uma crise política e
humanitária após a decisão do presidente Pierre Nkurunziza de concorrer a um
terceiro mandato, o que desencadeou protestos e violência generalizada. A repressão
governamental contra manifestantes e oposicionistas levou a sérias violações dos
direitos humanos, incluindo execuções extrajudiciais, tortura, detenções arbitrárias e
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restrições à liberdade de expressão e de imprensa, o que causou repercussão


internacional, levando a grandes agitações durante as sessões do Conselho dos DH’s.
A situação de direitos humanos no Burundi tornou-se necessária à intervenção
do Conselho de Direitos Humanos da ONU. O Conselho estabeleceu uma Comissão
de Inquérito para investigar as violações e abusos dos direitos humanos no país
durante o ano de 2016. A Comissão documentou casos de violência política,
assassinatos, estupros e desaparecimentos forçados, atribuindo a responsabilidade
tanto às forças de segurança quanto a grupos armados afiliados ao governo. O governo
do Burundi inicialmente rejeitou as alegações e recusou-se a cooperar com a
Comissão de Inquérito. No entanto, houve esforços diplomáticos e pressão
internacional para que o governo burundinês permitisse o acesso da Comissão e
tomasse medidas para melhorar a situação dos direitos humanos.
Devido a problemática envolver o surgimento de refugiados, houve um marco
significativo em 2019, em que o Burundi permitiu a reabertura do escritório do Alto
Comissariado das Nações Unidas (ACNUDH) para os Direitos Humanos no país. Isso
representou um passo importante para melhorar o diálogo e a cooperação entre o
governo do Burundi e a comunidade internacional em relação aos direitos humanos.
Apesar disso, é importante ressaltar que a situação dos direitos humanos no Burundi
continua sendo uma preocupação, e os esforços para promover e proteger os direitos
humanos no país são contínuos. O papel do Conselho de Direitos Humanos,
juntamente com a comunidade internacional, é monitorar de perto a situação, fornecer
assistência técnica e pressionar por reformas para garantir o pleno respeito aos direitos
humanos no país.

3. CDH 2023: Promoção e proteção dos direitos humanos no Burundi

O presente comitê se passa durante a 53º Assembléia do Conselho dos Direitos


Humanos, na cidade de Genebra, no ano de 2023, tendo como principal pauta as
graves violações dos direitos humanos que perpassam o histórico do Burundi. Desde o
processo de tentativa de pacificação do país depois de intensos conflitos, a
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comunidade internacional presencia constantes conflitos entre autoridades


governamentais e a população.
Assim, é necessário que os países presentes busquem solucionar a problemática
dos direitos humanos no país. Os senhores delegados presentes terão a oportunidade
de ouvir diferentes perspectivas, compartilhar experiências e explorar estratégias
inovadoras para enfrentar os desafios existentes. Através do diálogo aberto e
construtivo, procurem encontrar soluções efetivas que possam impactar positivamente
a vida das pessoas no Burundi.
Sabemos que as soluções não são fáceis, mas acreditamos na capacidade dos
senhores delegados trabalharem juntos, e na importância de um compromisso coletivo
para alcançar mudanças. É fundamental que todos os participantes estejam atentos a
ouvir atentamente, observando diferentes pontos de vista e colaborando em prol de um
objetivo comum: garantir que os direitos humanos sejam respeitados e protegidos no
Burundi. Acreditamos firmemente que este debate pode ser um marco importante na
jornada rumo a um Burundi mais justo e inclusivo. Estamos confiantes de que, ao
unirem seus esforços e compartilharem ideias, poderão traçar um caminho concreto
para enfrentar os problemas dos direitos humanos e promover mudanças positivas no
país.

4. PRINCIPAIS POSICIONAMENTOS

4.1 Burundi

O posicionamento do governo do Burundi em relação às violações dos direitos


humanos tem sido alvo frequente de críticas. Durante a crise política e humanitária
iniciada em 2015, o governo foi acusado de reprimir violentamente a população,
praticar detenções arbitrárias, tortura, estupro e execuções extrajudiciais. No entanto,
as autoridades burundinas negaram repetidamente essas acusações e rejeitaram as
críticas internacionais. O governo de Nkurunziza, ex-presidente do país, justificou
suas ações como medidas necessárias para garantir a segurança e a estabilidade do
país. Em resposta às alegações de violações dos direitos humanos, as autoridades
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frequentemente negaram a existência desses abusos e acusaram os opositores políticos


de espalhar informações falsas com o objetivo de desestabilizar o país.
Com a morte de seu antecessor, Evariste Ndayishimiye assumiu a presidência
do Burundi em junho de 2020, e desde então tem sido alvo de preocupações e críticas
em relação às violações dos direitos humanos no país. Após a sua posse, surgiram
relatos de violência política, intimidação, restrições à liberdade de expressão e de
imprensa, além de detenções arbitrárias. As organizações de direitos humanos têm
documentado casos de perseguição e intimidação de opositores políticos, ativistas,
jornalistas e defensores dos direitos humanos. Há relatos de detenções arbitrárias e
casos de tortura e maus-tratos em centros de detenção. A liberdade de expressão e de
imprensa também tem sido cerceada, com jornalistas enfrentando ameaças, agressões
físicas e restrições legais para realizar seu trabalho.
Além disso, há preocupações em relação ao ambiente político e ao respeito
pelos direitos civis no país. A sociedade civil tem enfrentado restrições para se
expressar e se organizar, com leis e regulamentos que dificultam a atuação de
organizações não governamentais e restringem o espaço para a participação política da
oposição. A comunidade internacional, incluindo organizações regionais e
internacionais de direitos humanos, têm instado o governo do Burundi a respeitar os
direitos humanos, garantir a liberdade de expressão e a participação política e
investigar de forma imparcial as alegações de abusos e violações dos direitos
humanos. No entanto, é importante destacar que o governo do Burundi tem negado
repetidamente as acusações de violações dos direitos humanos e rejeitado as críticas
internacionais.

4.2 União Europeia

A União Europeia (UE) têm expressado preocupação e adotado medidas em


resposta às violações dos direitos humanos no Burundi. A UE condenou
repetidamente as violações dos direitos humanos no país e instou o governo
burundinês a respeitar os direitos fundamentais, garantir a liberdade de expressão e de
imprensa, e promover a reconciliação nacional. Além disso, impôs sanções individuais
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a funcionários do governo do Burundi envolvidos em violações dos direitos humanos,


incluindo restrições de viagens e congelamento de bens, visando responsabilizar os
culpados ​por abusos e enviar um sinal claro de que a violação dos direitos humanos
não será tolerada.
Como medida ativa, a UE tem fornecido apoio financeiro e assistência humanitária ao
Burundi para ajudar a melhorar a situação dos direitos humanos e promover a
estabilidade e o desenvolvimento sustentável. Esses programas visam fortalecer a
capacidade das instituições do Burundi em promover e proteger os direitos humanos,
bem como fornecer assistência às vítimas de violações. O bloco europeu também tem
participado de diálogos políticos com o governo do Burundi, buscando influenciar
positivamente suas políticas e ações em relação aos direitos humanos. Esses diálogos
visam abrir canais de comunicação e incentivar o governo a abordar as preocupações
levantadas pela comunidade internacional em relação às violações dos direitos
humanos.

4.3 União Africana

A União Africana (UA) tem se envolvido e expressado preocupação com as


violações dos direitos humanos no Burundi. A UA tem instado o governo burundinês
a respeitar os direitos humanos, proteger a liberdade de expressão e de imprensa, e
promover a paz e a estabilidade no país, em linha com os Acordos de Arusha que
encerraram a guerra civil. A UA tem ressaltado a importância da democracia,
governança inclusiva e proteção dos direitos humanos como fundamentais para a
estabilidade e desenvolvimento do Burundi.
Além disso, a UA tem apoiado iniciativas de mediação e diálogo político,
enviando missões de observação e mediadores ao Burundi para promover o diálogo
entre as partes e incentivar o respeito aos direitos humanos. No entanto, é importante
notar que houve divergências dentro da UA em relação à abordagem das violações dos
direitos humanos no Burundi, com alguns Estados defendendo uma postura mais
branda e priorizando a estabilidade e não interferência nos assuntos internos, enquanto
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outros têm adotado uma posição mais firme na condenação das violações dos direitos
humanos e busca por soluções pacíficas.

4.4 Estados Unidos

O posicionamento dos Estados Unidos em relação ao Burundi tem sido variado


ao longo dos anos e tem sido influenciado por diversos fatores, como a situação
política, os direitos humanos, a estabilidade regional e os interesses estratégicos dos
EUA na região dos Grandes Lagos da África. Os Estados Unidos têm fornecido
assistência humanitária e desenvolvimento ao Burundi, apoiando programas nas áreas
de saúde, educação, agricultura, fortalecimento institucional e consolidação da paz.
Essa assistência busca promover o desenvolvimento socioeconômico, melhorar as
condições de vida da população e contribuir para a estabilidade do país.
No entanto, as relações entre os Estados Unidos e o Burundi têm enfrentado
desafios em certos momentos, como divergências em relação às eleições, restrições à
liberdade de imprensa e ações do governo burundinês que foram consideradas
contrárias aos princípios democráticos e aos direitos humanos.

4.5 China

O posicionamento da China em relação ao Burundi tem sido caracterizado por


uma abordagem de cooperação e parceria. A China busca desenvolver relações
bilaterais com o Burundi com base no princípio de não interferência nos assuntos
internos de outros países, respeito à soberania e benefício mútuo. O governo chinês
tem buscado estabelecer laços econômicos mais estreitos com o Burundi, fornecendo
assistência financeira, investimentos em infraestrutura e apoio ao desenvolvimento
econômico do país. Através de programas de cooperação, a China tem participado de
projetos de construção de estradas, energia, agricultura e outras áreas-chave.
Além disso, a China tem fornecido assistência humanitária ao Burundi em
momentos de crise, como desastres naturais e situações de emergência. Essa
assistência inclui ajuda humanitária direta, como alimentos, medicamentos e
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suprimentos básicos. É importante ressaltar que a abordagem da China em relação ao


Burundi está inserida em sua estratégia mais ampla de cooperação com a África,
conhecida como Fórum China-África (FOCAC). Através do FOCAC, a China busca
estabelecer laços econômicos, políticos e culturais mais fortes com os países
africanos, incluindo o Burundi.

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