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Bruno De Pieri e Letícia Vilar

Introdução
O país escolhido para realização do trabalho é Botswana, pois teve um
desenvolvimento muito expressivo em 50 anos. Analisa-se esse país que é considerado um
case de sucesso no continente africano mesmo com a conquista da independência tardia
(1966).
Além do desenvolvimento econômico, o país investiu no estado de bem estar social e
conquistou a confiança internacional; a percepção de corrupção também é um indicador que,
por exemplo, mostra os reflexos da gestão pública das últimas décadas.

Características e Comparação com Brasil


Botswana é um território sem saída para o mar, localizado ao sul do continente
africano, fazendo fronteira com países como Zimbábue, Namíbia e África do Sul.
Territorialmente e populacionalmente é bem inferior ao Brasil possuindo, aproximadamente
600.00 Km2 e 2,2 milhões de habitantes espalhados por todo o território, o que equivale a
área do Estado de Minas Geraes (586.528 Km2), mas com a população da capital brasileira
(2,4 milhões). Por meio desta comparação fica evidente as enormes diferenças populacionais
e territoriais entre o Brasil e Botswana.
No entanto, Botswana é um país muito diversificado, assim como o Brasil, possuindo
diversas culturas, hábitos e idiomas. A língua oficial do país é o inglês, herança da
colonização britânica, no entanto, são faladas 8 línguas no território, são elas, além do inglês:
Tswana, Setswana, Kalanga, Sarwa, Ndebele, Xóõ e Africâner. Além disso, apesar de mais
de 70% da população se considerar cristão de diversas vertentes, existe uma grande presença
das religiões africanas, alguns muçulmanos e até hindus. Sendo assim, o país se mostra como
um caldeirão, misto em diversas culturas e hábitos, assim como o Brasil
A economia desse país africano teve uma grande expansão desde a independência em
1966. Esse desenvolvimento se deu por conta de três fatores. O primeiro é a política
econômica liberal adotada pelo Estado, com pouca intervenção na economia, além de redução
burocrática. A segunda são as grandes reservas de diamante existentes no território, o que
viabilizou o terceiro fator, que foi o investimento em massa em educação. Durante o período
de 1966-1999 o país cresceu na média de 9% ao ano, o que resultou em uma aumento na
qualidade de vida e chegando ao índice de subir a renda per capita 100x em 50 anos. Em
2018, o PIB do país chegou a U$ 18,6 bilhões e o PIB Per Capita atingiu U$ 8.258,54.
O país também possui uma história fascinante. Sofreu influência Britânica e Sul
africana por muitos anos por questões coloniais, sendo considerado independente somente em
1966, no entanto, ainda sofreu muitos atritos políticos e militares com a África do Sul até o
final do Apartheid, quando a situação entre os dois países começaram a melhorar e
permanecem estáveis até os dias de hoje. Como já mencionado, o país passou por um forte
crescimento econômico até 1999 e possui até hoje, apesar de uma redução na taxa de
crescimento anual.

Análise de Caso
O caso de sucesso abordado neste trabalho corresponde às lideranças governamentais
de Botswana que conseguiram multiplicar a riqueza do território e melhorar aspectos
socioeconômicos em um período de tempo considerado reduzido. A independência do país é
muito recente e, diferentemente da maioria dos países do continente, Botswana contou com
estabilidade política e uma gestão responsável.
O ponto de partida para a mudança no cenário de desenvolvimento do país ocorreu
quando uma jazida de diamantes foi descoberta em 1967 por um empresa britânica; a partir
de um joint venture com o governo, os lucros foram divididos de maneira igualitária e, com
esse dinheiro, construíram-se hospitais, escolas e investiram no combate ao HIV.
O turismo também é um setor importante para o desenvolvimento do território; as
lideranças de Botswana tem trabalho nessa área para impulsioná-la e gerar mais emprego. O
resultado é que, em 25 anos, o número de turistas triplicou.
Comprova-se que as gestões públicas do país têm feito um bom trabalho a partir de,
por exemplo, do ranking de índice de percepção de corrupção (IPC).
O IPC é o principal medidor de corrupção na área pública em torno do globo; todos os
anos, um novo ranking é lançado pela Transparência Internacional. Uma pontuação é gerada
a partir de alguns segmentos e, assim, cria-se o ranking. Quanto menor a pontuação, maior a
percepção de corrupção naquele país e mais atrás ele está no ranking. Os resultados de 2019
indicaram que Botswana ocupa a posição 34°, enquanto o Brasil está na 106°. No ano de
2014, no mesmo relatório, o país ocupou a posição 31° e foi considerado o menos corrupto
do continente africano.
Nota-se, portanto, que embora o país africano tenha uma história tão recente, ele ainda
apresenta melhores sinais de transparência que o território brasileiro. Isso é reflexo direto de
uma gestão pública comprometida com o desenvolvimento do país.
Seretse Khama foi o primeiro presidente eleito no país logo após a independência em
1966 e fez um bom trabalho no processo de institucionalização. Foi o responsável pela
conquista da confiança internacional.
Em questão de política externa, diz-se que (DINIZ, 2015, p.12):

Foi o primeiro país africano a assumir posicionamento semelhante ao das grandes


potências: no primeiro caso, reconheceu imediatamente a vitória de Alassane Ouattara,
alinhando-se com a posição francesa; no segundo, rompeu relações diplomáticas com o
regime de Muamar Khadafi logo no início da crise na Líbia.

Além disso, Botswana “favorece o enfoque multilateral na solução dos problemas


mundiais, e projeta-se a partir de uma plataforma que enfatiza temas como boa governança,
estado de direito, a defesa do meio ambiente e o reconhecimento dos direitos humanos”
(DINIZ, 2015, p.13).
Nota-se, portanto, que a partir de uma democracia estável o país conseguiu subir sua
renda per capita em 100x em cinco décadas; Botswana tornou-se destaque no continente por
ter mostrado transparência e inclinação à assuntos relevantes na comunidade internacional.

Referências
ABRIR., Emerson Santiago Clique. Botswana. 2013. Disponível em:
https://www.infoescola.com/africa/botswana/. Acesso em: 13 jun. 2020
PUJOL., Leonardo. "Como Botsuana se transformou no melhor país da África" Leia mais
em:https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/como-botsuana-se-transformou-no-melhor-
pais-da-africa-emgt7l6rycnvqe2i2jjldy0hf/ Copyright © 2020, Gazeta do Povo. Todos os
direitos reservados. 2018.
TRANSPARÊNCIA INTERNACIONAL. Índice de Percepção da Corrupção. Londres:
Transparency International, 2019.
WENDE, Hamilton. O segredo do país africano que multiplicou por 100 sua riqueza em
50 anos. 2016. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-37306069.
Acesso em: 14 jun. 2020.

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