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Tópicos de
Física Moderna
UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Créditos
Tópicos de
Física Moderna
Livro didático
Designer instrucional
Rafael da Cunha Lara
UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Copyright © Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por
UnisulVirtual 2016 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Livro Didático
Diagramador(a)
Fernanda Fernandes
K81
Kock, Kelser de Souza
Tópicos de física moderna : livro didático / Kelser de Souza Kock ;
design instrucional Rafael da Cunha Lara. – Palhoça : UnisulVirtual, 2016.
164 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-506-0072-7
e-ISBN 978-85-506-0071-0
Introdução | 7
Capítulo 1
Surgimento de uma nova Física | 9
Capítulo 2
Relatividade | 39
Capítulo 3
A era quântica | 73
Capítulo 4
Modelos atômicos e o átomo de Bohr | 93
Capítulo 5
O mundo ondulatório e a incerteza | 125
Considerações Finais | 157
Referências | 159
Prezado estudante,
Para essa jornada, o conteúdo do livro foi organizado de modo que o estudante
perceba e compreenda as principais dificuldades encontradas pelos físicos em
não conseguir obter respostas a alguns problemas por meio da Física clássica.
Seção 1
O otimismo com a Física no século XIX
No final do século XIX, os físicos vivenciavam um otimismo nunca antes imaginado.
O formalismo matemático da mecânica, da termodinâmica e do eletromagnetismo
permitiram uma compreensão mais profunda da natureza, culminando com
importantes aplicações tecnológicas na sociedade. Esse notável sucesso levou os
cientistas a acreditarem que a descrição do universo estivesse completa.
9
Capítulo 1
Essa história foi extraída de um trecho do discurso proferido por Kelvin em 1900
e publicada em 1901 no artigo: “Nuvens do século dezenove sobre a teoria
dinâmica do calor e da luz”. A parte que descreve as nuvens é transcrita abaixo:
10
Tópicos de Física Moderna
C C’
L
u
L
Fonte λ B
B’
A E E’
Ondas
Ondas fora
de fase
de fase
Δx
D F D’ F’
Fonte: Feynman (2008, p. 15).
11
Capítulo 1
Esse aparelho contém, essencialmente, uma fonte de luz A, uma lâmina de vidro
parcialmente coberta de prata B e dois espelhos C e E, tudo montado sobre uma
base rígida. Os espelhos são colocados a distâncias iguais em relação a B. A
lâmina de vidro B divide um feixe recebido de luz, e os dois feixes resultantes
continuam em direções mutuamente perpendiculares até os espelhos, nos
quais são refletidos de volta a B. Ao chegarem de volta a B, os dois feixes são
recombinados como dois feixes superpostos, D e F. Se o tempo decorrido
para a luz ir de B a E e voltar a B for o mesmo que de B a C e de volta, os feixes
emergentes D e F estarão em fase e reforçarão um ao outro. Contudo, se os dois
tempos diferirem ligeiramente, os feixes estarão ligeiramente fora de fase. Se o
aparelho estiver “em repouso” no éter, os tempos deveriam ser exatamente iguais,
mas se estiver movendo-se para a direita com uma velocidade , deveria haver
uma diferença nos tempos. Vejamos o porquê.
(1.1)
(1.1a)
De forma análoga, o tempo pode ser calculado. Durante esse tempo, a lâmina
B avança uma distância , de modo que a distância de retorno da luz é .
Então temos:
(1.2)
. (1.2a)
. (1.3)
. (1.4)
12
Tópicos de Física Moderna
Nosso segundo cálculo, será o tempo , para a luz ir de B até o espelho C. Como
antes, durante o tempo , o espelho move-se para a direita de uma distância
até a posição C’. Ao mesmo tempo, a luz percorre uma distância ao longo da
hipotenusa de um triângulo, que é BC’. Para esse triângulo retângulo, temos:
(1.5)
(1.5a)
. (1.5b)
Para a viagem de volta C’, a distância é a mesma, como pode ser visto pela
simetria da figura. Portanto, o tempo de retorno também é igual, e o tempo total é
. Com uma pequena reorganização da Equação 1.5b, podemos escrever:
. (1.6)
Podemos, agora, comparar os tempos gastos pelos dois feixes de luz. Nas
Expressões 1.4 e 1.6, os numeradores são idênticos e representam o tempo
que decorreria se o aparelho estivesse em repouso. Nos denominadores, o
termo será pequeno, a não ser que seja comparável com o tamanho de
. Os denominadores representam as modificações nos tempos causados pelo
movimento do aparelho. Observe que essas modificações não são iguais: o
tempo para ir até C e voltar é um pouco menor do que o tempo para ir até E e
voltar, embora os espelhos estejam equidistantes de B.
Exemplo 1.1: calcule o desvio esperado das franjas de interferência para a luz
de sódio , considerando que o braço do interferômetro possui .
Sugestão: utilize a diferença de tempo para o feixe de luz ir e voltar entre B e C e entre
BeE . Então, obtenha e aplique na expressão .
13
Capítulo 1
Solução:
Logo, .
. (1.7)
(1.8)
.
14
Tópicos de Física Moderna
A Equação 1.7 advém das transformadas de Lorentz, que serão discutidas com
mais detalhes no Capítulo 2. De qualquer forma, quando são realizadas estas
transformações de coordenadas, a mecânica e o eletromagnetismo harmonizam-se.
15
Capítulo 1
Em 1879, Josef Stefan descobriu uma relação empírica entre a potência por
unidade de área irradiada por um corpo negro e a temperatura. Após cinco anos,
Ludwig Boltzmann chegou ao mesmo resultado a partir das leis da termodinâmica
clássica e, por isso, essa relação ficou conhecida como lei de Stefan-Boltzmann.
. (1.9)
Aqui, é a potência irradiada por unidade de área, é a constante de Stefan-
Boltzmann e vale e é a temperatura absoluta.
16
Tópicos de Física Moderna
. (1.10)
Neste caso, é a o comprimento de onda de pico e é a temperatura absoluta.
Solução:
Observe que esse comprimento de onda está quase no centro do espectro visível.
A potência de radiação solar por unidade de área que chega à superfície da Terra.
17
Capítulo 1
18
Tópicos de Física Moderna
Cátodo
quente Ânodo
Fonte de + -
tensão para
aquecimento
-
Feixe de
raios X
Tensão de aceleração V
Fonte: Sears (2008, p. 199).
19
Capítulo 1
Durante essa época, muitos cientistas “tropeçaram” nos raios X, mas não o
encontraram. Goldstein e Thomson perceberam o fenômeno de fluorescência
próximo ao dispositivo de raios catódicos. Todavia, Philipp Lenard, em 1894, foi
o cientista que mais próximo chegou dos raios X. Este observou que os raios
sensibilizavam chapas fotográficas, descarregavam discos metálicos carregados
e apenas uma porção dos raios defletiam no campo magnético. Provavelmente,
estava identificando propriedades dos raios catódicos (elétrons) e raios X.
No final do século XIX, a confusão entre raios catódicos e raios X era comum,
mesmo entre os cientistas. A grande questão referia-se à natureza da radiação.
Como será apresentado posteriormente, a descoberta do elétron por Thomson foi
realizada somente dois anos depois dos raios X. Por esse motivo, na escola inglesa,
acreditava-se que os raios X eram vibrações transversais no éter, da mesma forma
que a luz. Já a escola alemã, ponderava que eles eram vibrações longitudinais do
éter. No entanto, uma das unanimidades era o tamanho do comprimento de onda
que parecia ser da ordem de , devido ao alargamento do feixe de raios X ao
passar por uma fenda de milésimos de milímetros.
De fato, em 1905, quando Einstein propôs a ideia do fóton, um conceito que admitia
um caráter corpuscular para a luz para explicar o efeito fotoelétrico, foi possível
calcular o menor comprimento de onda associado aos raios X. Equacionando
a energia cinética do elétron acelerado, como o módulo da carga do elétron
multiplicado pela diferença de potencial , obtém-se a energia do fóton emitido,
explicitado pelo produto da constante de Planck e velocidade da luz , dividido
pelo menor comprimento de onda , conforme demonstrado na Equação 1.11.
. (1.11)
20
Tópicos de Física Moderna
Exemplo 1.3: qual a diferença de potencial necessária para produzir raios X com
comprimento de onda mínimo de ? Dados: carga do elétron ,
constante de Planck , velocidade da luz .
Solução:
Para seu espanto, ele verificou que os filmes estavam mais enegrecidos do que
nunca. Percebeu que não havia necessidade de expor os cristais à luz do sol,
pois os sais de urânio emitiam radiação constantemente, e esta parecia ser mais
penetrante do que a dos raios X.
21
Capítulo 1
. (1.12)
Exemplo 1.4: a partir da Expressão 1.12, obtenha uma solução que relaciona o
número de núcleos com o tempo de meia-vida , que é definido como o tempo
necessário para que o número de núcleos radioativos reduza-se à metade do
valor inicial.
Solução:
22
Tópicos de Física Moderna
No tempo de , , logo:
Substituindo , obtemos:
. (1.13)
23
Capítulo 1
D
– C
A B E
24
Tópicos de Física Moderna
Nessas condições, a trajetória das partículas é circular e seu raio pode ser
obtido igualando a força centrípeta à força magnética:
. (1.14)
(1.15)
e
(1.16)
.
. (1.17)
(1.18)
(1.18a)
25
Capítulo 1
Δy D
+ +
– Δy L
+ –
L D
Fonte: Betz (s./d., p. 1).
são, respectivamente e .
26
Tópicos de Física Moderna
27
Capítulo 1
28
Tópicos de Física Moderna
Outros cientistas observaram linhas claras no espectro da luz emitida por chamas,
arcos e centelhas. Estava ficando claro que os espectros de emissão dos
elementos podiam ser divididos em três categorias.
29
Capítulo 1
(1.18)
.
30
Tópicos de Física Moderna
Esse padrão encontrado por Balmer sugeriu sua fórmula de uma expressão mais
geral, que poderia ser usada para prever os espectros de outros elementos. Uma
expressão como essa foi descoberta independentemente por J. R. Rydberg e W.
Ritz, e é, por isso, chamada de fórmula de Rydberg-Ritz. O comprimento de onda
é dado por:
para . (1.19)
Essas expressões empíricas foram usadas para prever linhas que ainda não
tinham sido observadas, tais como as linhas do hidrogênio fora do espectro
visível. Entretanto, foi somente em 1913 que o físico dinamarquês Niels H. D.
Bohr propôs um modelo para o átomo de hidrogênio combinando os trabalhos
de Planck, Einstein e Rutherford. Por meio de alguns postulados inovadores,
seu modelo permitia prever, com notável precisão, as linhas do espectro do
hidrogênio. Este tema será retomado no Capítulo 4.
Solução:
31
Capítulo 1
32
Tópicos de Física Moderna
33
Capítulo 1
A análise correta do efeito fotoelétrico foi feita por Albert Einstein em 1905.
Desenvolvendo uma hipótese apresentada cinco anos antes por Max Planck,
Einstein postulou que um feixe de luz era constituído por pequenos pacotes de
energia, chamados fótons ou quanta. A energia de um fóton é igual à constante
de Planck vezes a frequência . De acordo com a relação para ondas
eletromagnéticas no vácuo, temos a energia de um fóton:
. (1.20)
Com esta hipótese, Einstein admitia que o fóton transferiria energia para o elétron
em um processo do tipo tudo ou nada. E quando essa energia é maior do que
a função do trabalho , característica do metal, o elétron poderia escapar do
material. Essa ideia será melhor desenvolvida no Capítulo 3.
34
Tópicos de Física Moderna
Exemplo 1.7: de acordo com a teoria clássica, qual deveria ser o tempo de
retardo para a emissão de elétrons em um catodo de potássio sob
a incidência de uma luz de intensidade e de comprimento de
onda de . Considere a área de um átomo com raio .
Solução:
Seção 2
Marco inicial da Física moderna
Apesar do aspecto revolucionário da relatividade propondo a mudança da
concepção de tempo e espaço, massa e energia, os historiadores atribuem a
origem da física moderna ao ano de 1900, relacionada ao descobrimento da
constante universal associada ao mundo atômico, a constante de Planck .
35
Capítulo 1
(1.21)
No entanto, uma explicação mais conceitual sobre a hipótese de Planck foi dada
por Einstein em 1905. Conforme Einstein, ao postular o caráter corpuscular da luz,
propôs que a hipótese dos quanta estendia-se à partícula de luz e não apenas
aos osciladores, como havia demonstrado Planck, em seu ato de desespero.
36
Tópicos de Física Moderna
Seção 3
Limites da Física clássica e abrangência da
Física moderna
Como foi demonstrado ao decorrer deste capítulo, a Física moderna inicia-se
no século XX e abrange a relatividade e a mecânica quântica. No entanto, é
importante ressaltar que a física clássica não está defasada ou ultrapassada.
Apenas os limites de abrangência da Física clássica tiveram que ser reformulados,
pois não explicavam alguns fenômenos naturais que estavam sendo descobertos.
37
Capítulo 1
38
Capítulo 2
Relatividade
Para tanto, inicialmente, voltaremos ao ano de 1905, que foi designado o annus
mirabilis – em latim, ano miraculoso, admirável – de Einstein. Entre março e
setembro daquele ano, Einstein produziu cinco trabalhos extraordinários, que
mudariam a face da Ciência moderna e que o tornariam o cientista mais famoso
do século passado. Abaixo, descrevemos brevemente a temática de cada um
destes 5 artigos.
39
Capítulo 2
Seção 1
Teoria da relatividade restrita
A teoria da relatividade é composta por duas teorias com escopos de
abrangência diferentes, a teoria restrita e a geral. A teoria da relatividade restrita
trata da comparação entre os movimentos observados em diferentes referenciais
inerciais, ou seja, que se deslocam com velocidade constante uns em relação
aos outros. A teoria da relatividade geral, formulada posteriormente ao ano
miraculoso de Einstein, em 1916, como um desdobramento da teoria restrita,
trata de referenciais acelerados ou não-inerciais e dos efeitos da gravidade. Este
livro discutirá apenas a teoria da relatividade restrita ou especial. Noções da
relatividade geral serão apresentadas superficialmente no final deste capítulo.
40
Tópicos de Física Moderna
Dessa forma, todo referencial que se move com velocidade constante em relação
a um referencial inercial é um referencial inercial. As leis de Newton têm a mesma
forma com qualquer referencial inercial, o que significa que são invariantes em
relação à transformação de Galileu.
y y’
S x’ S’
x
P
y y’
O x O’ x’
vt
Fonte: Sears e Zemansky (2008, p. 144).
(2.1)
41
Capítulo 2
(2.2)
(2.3)
42
Tópicos de Física Moderna
Conta a história que uma das primeiras vezes que Einstein fez seus experimentos
mentais foi com a idade de 16 anos. Naquela ocasião, ele imaginou como seria
viajar tão rápido a ponto de atingir a velocidade da luz. Se viajasse ao lado dela
observaria esse raio de luz como um campo eletromagnético imóvel. Em outras
palavras, a onda pareceria estacionária. Porém, isso não era possível de acordo
com as equações de Maxwell, que descrevem a luz como o movimento e a
oscilação dos campos eletromagnéticos.
Postulados de Einstein:
43
Capítulo 2
1.4 Simultaneidade
A medida do tempo e de um intervalo de tempo envolve o conceito de
simultaneidade. Em um dado sistema de referência, um evento é uma ocorrência
caracterizada por valores definidos da posição e do tempo. No entanto, o
problema fundamental na medida de intervalos de tempo é que, quando dois
eventos ocorrem simultaneamente em um sistema de referência, eles não
ocorrem simultaneamente em um segundo sistema de referência que se move em
relação ao primeiro, mesmo quando ambos são sistemas de referência inerciais.
44
Tópicos de Física Moderna
45
Capítulo 2
ponto O’. O evento 2 é o retorno ao ponto O’, depois que ele é refletido de um
espelho situado a uma distância desse ponto, como indicado na Figura 2.4.
O pulso de luz desloca-se uma distância total de , de modo que esse intervalo
de tempo é:
. (2.4)
(2.5)
.
(2.6)
.
Para obter uma relação entre e , isolamos (da equação 2.4) e substituímos
como na equação 2.6. Ficando:
(2.7)
.
46
Tópicos de Física Moderna
(2.8)
.
Exemplo 2.1: Múons são partículas subatômicas formadas pela interação dos
raios cósmicos com átomos presentes na atmosfera. A maior parte deles são
criados a uma altitude de aproximadamente 15 km possuindo uma velocidade
da ordem de 0,998c. Essa alta velocidade faz com que o seu tempo de vida
no sistema de referência do laboratório seja dilatado, permitindo que a maioria
alcance a superfície da Terra. Calcule o tempo de vida de um múon no referencial
da Terra, sabendo que em seu referencial o tempo de vida é .
Solução:
47
Capítulo 2
. (2.9)
. (2.10)
Como o pulso de luz desloca-se com velocidade , a distância também pode
ser descrita como:
. (2.11)
. (2.12)
. (2.12a)
. (2.13)
(2.14)
.
Combinando a Equação 2.8 com a 2.9 e isolando , obtemos:
(2.15)
.
48
Tópicos de Física Moderna
(2.16)
.
Exemplo 2.2: uma espaçonave passa pela Terra em uma velocidade de 0,8c. Um
membro da tripulação da espaçonave verifica que o comprimento da espaçonave
é igual a 400m. Qual é o comprimento da espaçonave medido por um observador
na Terra?
Solução:
49
Capítulo 2
(2.17)
(2.17a)
. (2.18)
. (2.18a)
. (2.19)
. (2.19a)
. (2.20)
5
γ
4
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
c
Fonte: Elaboração do autor (2016).
50
Tópicos de Física Moderna
(2.21)
.
(2.21a)
.
Exemplo 2.3: um avião a jato voa de São Paulo até Dubai (aproximadamente
12.230km) com velocidade constante de 300 m/s. Qual a diferença de tempo
da viagem para um observador no solo e para um observador dentro do avião?
Quantas viagens seriam necessárias para que a diferença seja de 1 segundo?
Solução:
No solo:
Dentro do avião:
Assim, fazendo .
51
Capítulo 2
. (2.22)
. (2.22a)
. (2.23)
. (2.23a)
Solução:
52
Tópicos de Física Moderna
(2.24)
(2.25)
(2.26)
53
Capítulo 2
Solução:
Esse resultado também é obvio, pois de acordo com Einstein, a velocidade da luz
deve ser a mesma em qualquer referencial.
54
Tópicos de Física Moderna
ct
ct’
θ
x’
55
Capítulo 2
Solução:
56
Tópicos de Física Moderna
ct ct’
a) b)
5 Extremidade 5
posterior do carro
Extremidade
posterior do carro Extremidade
anterior do carro 2,5
S Carro S’ Carro
Exemplo 2.7: paradoxo dos gêmeos. O gêmeo A parte em uma nave espacial,
na qual ele viajará a uma velocidade de 0,8c, enquanto o outro, gêmeo B,
permanece em repouso na Terra. Após 10 anos do gêmeo B, que ficou na Terra, o
gêmeo A volta. Quem estará mais novo, o gêmeo A ou o B?
Solução:
Assim .
57
Capítulo 2
Como há uma quebra simetria não é possível fazer essa comparação. Além do
que, para mudança de referencial, é necessária aceleração, que está fora do
escopo da relatividade restrita. Quando é utilizada a relatividade geral, é possível
deduzir corretamente essa experiência mental. De forma que, para simplificar,
pode-se comparar o tempo no referencial inercial da Terra, que foi onde B sempre
esteve e de onde A partiu e chegou, concluindo-se que B é mais velho do que A.
ct
volta
ida
O x
Para deduzir a equação do fenômeno, suponha uma fonte de luz que se move
com velocidade em relação a João, que está em repouso em um sistema de
referência inercial, como mostra a figura a seguir.
58
Tópicos de Física Moderna
Observador estacionário
detecta ondas de frequência
f > f’.
vT λ João S
cT
. (2.27)
. (2.27a)
. (2.28)
. (2.29)
. (2.30)
59
Capítulo 2
(2.31)
.
Solução:
60
Tópicos de Física Moderna
Fazendo e , temos:
. (2.32)
61
Capítulo 2
5mc
ACONTECE!
4mc
3mc
2mc
NÃO ACONTECE!
mc
v
O 0,2c 0,4c 0,6c 0,8c c
. (2.33)
. (2.34)
. (2.35)
62
Tópicos de Física Moderna
1
0,9
0,8
0,7
γ –3 0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
c
Fonte: Elaboração do autor (2016).
. (2.36)
(2.37)
63
Capítulo 2
(2.38)
(2.39)
(2.40)
.
(2.41)
.
. (2.41a)
. (2.42)
64
Tópicos de Física Moderna
65
Capítulo 2
Em que , , , .
Assim:
. (2.43)
. (2.44)
66
Tópicos de Física Moderna
Solução:
Fazendo: .
Logo:
Portanto:
67
Capítulo 2
A x
(a)
CL CM
c v
(b)
B x
(c)
CM CL
d
(2.45)
(2.45a)
. (2.46)
(2.47)
.
Logo,
. (2.48)
68
Tópicos de Física Moderna
. (2.49)
. (2.50)
A demonstração apresentada não é tão rigorosa porque faz uso do conceito de corpo
rígido, implicando em interações instantâneas, que não são possíveis na relatividade
especial. De qualquer forma, por meio de uma dedução mais rigorosa e não
considerando o cilindro um corpo rígido, pode-se demonstrar a mesma solução.
Seção 2
Teoria da Relatividade Geral
A generalização da teoria da relatividade para referenciais não inerciais, proposta
por Einstein em 1916, ficou conhecida como Teoria da Relatividade Geral. Sua
formulação está relacionada ao desejo de Einstein de incluir em sua teoria uma
descrição ampla dos fenômenos naturais.
69
Capítulo 2
Para ilustrar esse ponto de vista, imagine uma cápsula isolada no espaço, longe
de qualquer concentração de matéria, submetida a uma aceleração constante
e uniforme . Agora, suponha outra cápsula sujeita a uma gravidade .
Perceba que não há possibilidade de distinção dos fenômenos dentro das duas
cápsulas, como mostra a Figura 2.15. Isso significa que é impossível determinar a
aceleração absoluta de um referencial. A aceleração, assim como a velocidade, é
uma grandeza relativa.
Figura 2.15 – Comparação entre aceleração e gravidade em dois referenciais não inerciais
70
Tópicos de Física Moderna
71
Capítulo 3
A era quântica
Seção 1
A radiação do corpo negro
Como apresentado no Capítulo 1, a solução do problema do corpo negro
foi o marco inicial para o surgimento da Física moderna. Nesta seção,
demonstraremos a dedução das principais hipóteses para a explicação da
radiação de um corpo negro: a equação de Raylegh-Jeans e a lei de Planck.
Veremos, ainda, que o sucesso da hipótese de Planck ocorreu por meio da
introdução da ideia de quantização.
73
Capítulo 3
Por meio desse ponto de vista, os físicos Raylegh e Jeans propuseram uma
equação que objetivava adequar os resultados experimentais para a explicação
do comportamento da curva da radiância espectral em função do comprimento
de onda e temperatura.
(3.1)
. (3.2)
. (3.3)
74
Tópicos de Física Moderna
De acordo com a Figura 3.1, pode-se deduzir que . Extrapolando para três
. (3.4)
. (3.4a)
Para o cálculo da energia média por modo de oscilação, foi utilizada a função
de distribuição clássica da física estatística, a equação de Boltzmann, obtendo
o valor de . No qual é a constante de Boltzmann e é a temperatura, como
demonstrado nos Exemplos 3.5 e 3.5a:
(3.5)
75
Capítulo 3
(3.5a)
. (3.6)
. (3.7)
Figura 3.3 – Resultados experimentais e lei de Raylegh-Jeans para radiância de um corpo negro
76
Tópicos de Física Moderna
Dessa forma, Planck utilizou a mais simples função, na qual a energia era uma
variável discreta e proporcional à frequência da radiação emitida. Assim:
sendo (3.8)
(3.9)
(3.10)
.
(3.12)
.
77
Capítulo 3
(3.13)
.
. (3.14)
. (3.15)
. (3.16)
78
Tópicos de Física Moderna
(3.17)
.
. (3.18)
(3.18a)
.
constante de Stefan-Boltzmann é .
Solução:
79
Capítulo 3
Solução:
(3.19)
.
. (3.19a)
. (3.19b)
. (3.20)
A raiz da Equação 3.20, obtida pelo método das tentativas é igual a com
quatro algarismos significativos. Logo:
. (3.20)
. (3.21)
Exemplo 3.3: obtenha a constante obtida por Wien em sua lei do deslocamento a
partir da Equação 3.21. Dados: , , .
Solução:
80
Tópicos de Física Moderna
Solução:
Seção 2
O efeito fotoelétrico
Conforme apresentamos no Capítulo 1, o efeito fotoelétrico não podia ser
explicado pela Física clássica. Para compreender o fenômeno, vamos discutir
brevemente os aspectos experimentais.
Em uma experiência típica, a luz penetra no tubo evacuado por meio de uma
janela de quartzo (transparente à luz ultravioleta). Os elétrons emitidos pelo
catodo são acelerados pela diferença de potencial ajustável . O amperímetro
mede a corrente . A chave de inversão permite aplicar valores negativos de ,
possibilitando frenar os elétrons após a emissão, conforme mostra a Figura 3.4.
81
Capítulo 3
. (3.22)
82
Tópicos de Física Moderna
. (3.23)
Em geral, o trabalho não é igual para todos os elétrons. Alguns elétrons estão
mais firmemente ligados ao material do que outros, como pode ser ilustrado pela
Figura 3.6.
83
Capítulo 3
Figura 3.6 – Energia potencial dos elétrons nas proximidades da superfície de um metal
Observe que, se o fóton não possui energia suficiente para vencer a função
trabalho, o elétron permanece preso no material. Abaixo, a Tabela 1.1 demonstra
alguns valores típicos da função trabalho.
Silício 4,8
Sódio 2,7
84
Tópicos de Física Moderna
Figura 3.7 – Variação da energia cinética máxima dos elétrons com a frequência
Solução:
85
Capítulo 3
Na época que Einstein fez essa previsão, não havia nenhuma comprovação
experimental de que a constante de Planck estivesse relacionada com o efeito
fotoelétrico. Também não havia provas de que o potencial de corte fosse função
da frequência. Experimentos realizados por Millikan em 1914 e 1916 mostraram
que a Equação 3.23 estava correta e o valor de , calculado a partir desses
experimentos, concordou com o valor obtido por Planck.
Contudo, desde 1927, sabe-se que o efeito fotoelétrico pode ser explicado
igualmente bem sem a utilização do conceito de fóton! Por meio de leis da Física
quântica e utilizando o conceito clássico de ondas eletromagnéticas, também é
possível demonstrar o efeito. Conforme o próprio Einstein percebeu ao usar no
título de seu artigo a expressão “um ponto de vista heurístico”, a equação do
efeito fotoelétrico (Equação 3.23) não demonstra a existência de fótons, apenas
pode ser interpretada dessa forma.
Seção 3
Raios X e o efeito Compton
A emissão de raios X é um fenômeno inverso à emissão que ocorre no efeito
fotoelétrico. Na emissão fotoelétrica, há transformação de energia de um fóton na
energia cinética de um elétron. Na produção dos raios X, ocorre a transformação
da energia cinética de um elétron na energia de um fóton (Figura 3.8). As relações
de energia são semelhantes. Na produção dos raios X, geralmente desprezamos
a função trabalho do alvo e a energia cinética do elétron “evaporado” do catodo,
porque essas grandezas são pequenas em comparação com as outras energias.
86
Tópicos de Física Moderna
87
Capítulo 3
88
Tópicos de Física Moderna
Solução:
Solução:
89
Capítulo 3
oscilação nas cargas elétricas que compõem a matéria igual a do campo. Assim,
a radiação espalhada seria da mesma frequência que a incidente.
Para testar sua hipótese, Compton produziu raios X por um tubo com alvo de
molibdênio espalhados por um bloco de grafita R, colimados pelas fendas S1 e S2
e analisados em um difratômetro de Bragg, constituído por um cristal de calcita e
uma câmara de ionização. A Figura 3.11 demonstra o equipamento utilizado e os
resultados dos comprimentos de onda em função dos ângulos de espalhamento.
Figura 3.11 – Diagrama esquemático do equipamento usado por Compton e os resultados dos
comprimentos de onda em função dos ângulos de espalhamento
. (3.24)
. (3.24a)
90
Tópicos de Física Moderna
(3.25)
. (3.26)
. (3.26a)
. (3.27)
(a) Antes da colisão: o elétron-alvo (b) Depois da colisão: o ângulo entre as direções (c) Diagrama de vetores
está em repouso. dos fótons espalhados e o fóton incidente é φ. mostrando a conservação
do momento linear na colisão:
p = p’ + Pe.
Elétron-alvo
Fóton incidente: Fóton espalhado:
(em repouso)
comprimento de onda λ , comprimento de onda λ’,
Pe
momento linear p. momento linear p ’ p’
φ
– p
Elétron em recuo:
momento linear Pe
. (3.28)
(3.28a)
.
. (3.29)
91
Capítulo 3
Exemplo 3.8: explique por que o efeito Compton é estudado apenas no caso
Dados: , , .
Solução:
Solução:
92
Capítulo 4
Seção 1
Breve história dos modelos atômicos
A ideia de que a matéria é constituída por átomos, isto é, por corpúsculos
indivisíveis, foi estabelecida por Leucipo de Mileto (460-370 a.C.) e desenvolvida
por Demócrito de Abdera (470-380 a.C.). O aparecimento dessa concepção é
parte integrante de uma cultura científica que, desde o século VI a.C., com Thales
de Mileto (640-562 a.C.), começa a dar os primeiros passos na tentativa de
compreender racionalmente o mundo natural.
93
Capítulo 4
94
Tópicos de Física Moderna
95
Capítulo 4
Apesar disso, ainda havia teorias que abrigavam conceitos vagos, como a teoria
do flogístico, interpretado por uns como um fluido sutilíssimo, que explicava a
combustão, admitindo que as substâncias possuiriam, intrinsecamente, esse
princípio ígneo. Assim, quando um corpo queima, ele perderia flogístico para o ar.
O resíduo da combustão seria uma substância desflogistificada. No entanto, em
algumas situações, ela não explicava por que os metais calcinados apresentavam
um peso maior depois de perderem o seu flogístico. Admitir que esse “fluido”
tivesse peso negativo não parecia a ninguém uma hipótese plausível.
96
Tópicos de Física Moderna
Dessa forma, o conhecimento das leis que regem a formação dos compostos
químicos traz novas evidências sobre a descontinuidade da matéria. Estudando
em que quantidades apresentam-se os elementos em vários compostos
químicos, Joseph Louis Proust (1754-1826) generaliza, em 1799, um resultado
conhecido como a lei das proporções definidas: qualquer que seja o processo
de formação de um composto, os elementos que o constituem encontram-
se sempre presentes em proporções bem definidas. E, finalmente, a lei das
proporções múltiplas, enunciada por John Dalton (1766-1844), em 1803, a partir
de uma ampla evidência experimental, especifica que, se dois elementos A e
B combinam-se para formar mais de um composto, o peso do elemento A por
unidade de peso do elemento B em um composto é um múltiplo do peso de A por
unidade do peso de B no outro composto.
97
Capítulo 4
98
Tópicos de Física Moderna
Elétrons
Carga positiva
–
+ – + – –
– + – +
–
+ – + –+ – –
– + – + –
– + – –
+ –
+ – + – +
+ –
– + – + – –
– + + –
– + –
+ – +
– + + –
–
uma mola:
. (4.1)
99
Capítulo 4
. (4.2)
. (4.3)
Pode-se perceber que, aplicando a Equação 4.2 na Equação 4.3, será obtida
apenas uma frequência de oscilação, ou seja, apenas uma linha espectral. Dessa
forma, esse modelo não está de acordo com o espectro do hidrogênio verificado
experimentalmente. Além disso, as forças eletrostáticas não são suficientes
para manter um equilíbrio estável. Assim, as cargas atômicas teriam que estar
em movimento, e em movimento acelerado, já que se mantinham no interior do
átomo. E, de acordo com a teoria eletromagnética, as cargas aceleradas emitem
radiação e, portanto, o átomo teria que irradiar energia continuamente, o que
também não é observado.
. Dados: , , .
Solução:
100
Tópicos de Física Moderna
polônio partículas
alfa
tela detectora
(ZnS)
3
2
bloco de chumbo
ouro 1
Nas palavras de Rutherford, “foi a coisa mais incrível que aconteceu em toda a
minha vida. Era tão incrível como se você disparasse um projétil de 15 polegadas
contra um pedaço de papel e o projétil ricocheteasse de volta”. (TIPLER;
LLEWELLYN, 2010, p. 96).
101
Capítulo 4
Fonte de Fonte de
partículas alfa partículas alfa
Δp pf
Δp
θ pf
pi π–θ pi
2
Fonte: Elaboração do autor (2016).
102
Tópicos de Física Moderna
(4.4)
(4.4a)
.
(4.5)
Solução:
Dessa forma, a questão levantada por esse experimento era a seguinte: como
explicar as grandes deflexões observadas por Rutherford? O problema do átomo
de Thomson era que ele era muito “macio”: a força máxima experimentada
pela partícula era pequena demais para produzir grandes deflexões. Por outro
lado, se a carga positiva do átomo estivesse concentrada em uma pequena
região, a força seria muito maior no caso de impactos quase frontais. Rutherford
concluiu, portanto, que as grandes deflexões que tinham sido observadas
experimentalmente só podiam resultar do encontro de uma partícula com uma
carga positiva confinada a uma região muito menor do que o átomo como um todo.
103
Capítulo 4
(4.6)
(4.6a)
. (4.6b)
Solução:
. (4.7)
104
Tópicos de Física Moderna
trajetória da partícula α
b θ
núcleo
Fonte: Betz ([20--], p. 1).
(4.8)
(4.9)
Área A da seção
reta do feixe
Número de átomos da
folha na região do feixe
é nAt
105
Capítulo 4
. (4.10)
Dividindo 4.9 por 4.10 (equações anteriores), isto é, obtendo a razão entre total
de partículas espalhadas pelo tempo e o número de partículas incidentes por
unidade de tempo , obtemos a fração de partículas espalhadas:
. (4.11)
Solução:
106
Tópicos de Física Moderna
. (4.12)
Considera-se o próton
como estacionário Elétron
m, –e O elétron gira ao
Próton F redor de um círculo de
M, +e + – raio rn com velocidade vn
rn vn
A atração eletrostática
fornece a aceleração
centrípeta necessária
(4.13)
107
Capítulo 4
. (4.14)
(a) (b) γ
γ
γ
Fonte: Tipler e Llewellyn (2010, p. 101).
A partir dos postulados acima, iremos deduzir o raio atômico para o átomo de
hidrogênio no nível fundamental, denominado raio de Bohr, bem como seus níveis
de energia e a constante de Rydberg, descrita no Capítulo 1, formalizando a
descoberta da série de Balmer para as linhas espectrais do hidrogênio na faixa da
luz visível. Outras séries também serão discutidas com base neste modelo.
(4.15)
.
108
Tópicos de Física Moderna
. (4.16)
. (4.17)
Solução:
O nível de energia para cada órbita pode ser calculado pelo princípio da
conservação de energia, logo fazemos a adição da energia cinética e energia
potencial :
(4.18)
.
. (4.19)
109
Capítulo 4
Solução:
, (4.20)
na qual .
. (4.21)
(4.22)
110
Tópicos de Física Moderna
(4.22a)
(4.22b)
,
é .
Solução:
Na época em que o artigo de Bohr foi publicado, eram conhecidas duas séries no
espectro do hidrogênio: a série de Balmer, correspondente a e
e a série de Paschen, descoberta pelo cientista do mesmo nome em 1908, que
corresponde a e . De acordo com Equação 4.22b, deveriam
existir outras séries para outros valores de . Em 1916, Lyman descobriu a série
correspondente a e em 1922 e 1924, respectivamente, F. S. Brackett e A.
H. Pfund descobriram as séries correspondentes a e . A Figura 4.11
demonstra um esquema da transição eletrônica para as diferentes séries.
111
Capítulo 4
Figura 4.11 – Representações dos níveis de energia do átomo de hidrogênio e transições entre as
diferentes séries
n=1
n=2
n=3
n=4
n=5
n=1 – 13,6 eV
n=6
Solução:
112
Tópicos de Física Moderna
Solução:
. (4.23)
Em que .
113
Capítulo 4
Solução:
. (4.24)
. (4.25)
114
Tópicos de Física Moderna
(4.26)
.
115
Capítulo 4
116
Tópicos de Física Moderna
Seção 2
Experimentos utilizando o modelo de Bohr
Nesta seção, descreveremos, brevemente, dois experimentos que confirmaram
a viabilidade do modelo de Bohr, com algumas aproximações. O primeiro
deles, realizado por Henry G. J. Moseley, logo após a publicação do trabalho de
Bohr, em 1913, resultou no ajuste da tabela periódica, por meio da análise das
frequências das linhas espectrais dos raios X característicos em cerca de 40
elementos. E o segundo, verificou o conceito de energia de excitação mínima de
um átomo, obtidos por James Franck e Gustav Hertz a partir de 1914.
(4.27)
117
Capítulo 4
118
Tópicos de Física Moderna
Solução:
Como , então:
é dado por .
Solução:
119
Capítulo 4
C G
v
Vapor de Hg
Região livre
de campo
V0
120
Tópicos de Física Moderna
Também foram observados limiares associados a transições para outros níveis. Essas
experiências constituem um dos primeiros exemplos de bombeamento atômico, em
que um átomo é transferido de seu estado fundamental a algum de seus estados
excitados de forma controlada, no caso, por meio de colisões de elétrons.
Seção 3
Aplicação tecnológica: Laser
O laser é uma fonte de luz que produz um feixe de luz altamente coerente
e quase totalmente monocromático em virtude da emissão cooperativa de
diversos átomos. A palavra laser deriva das iniciais da expressão em inglês light
amplification by stimulated emission of radiation (amplificação da luz pela emissão
estimulada). Podemos entender os princípios da operação de um laser com base
nos conceitos de fóton e de níveis de energia. Contudo, apresentaremos alguns
conceitos introduzidos por Einstein, em 1917, sobre emissão espontânea e
emissão estimulada, baseado no estudo de Kleppner (2004).
121
Capítulo 4
ABSORÇÃO
Nível excitado
n1 n1 n1
n0 0 n0 n0
Nível fundamental
A A* A*
Átomo no Átomo em
A A*
nível fundamental um nível excitado A*
A A*
A*
(4.28)
Solução:
Calculando inicialmente:
122
Tópicos de Física Moderna
De forma que, para surgir o laser, deve-se criar uma situação de não equilíbrio,
denominado de inversão da população, em que o número de átomos no estado
de energia com mais elevado seja maior do que o número de átomos no estado
de energia mais baixo.
Esse processo pode ser feito de vários modos. O exemplo mais comum é o laser
de Hélio-Neônio, que utiliza que esses gases sob baixa pressão em um recipiente
de vidro com dois eletrodos. Quando aplica-se uma voltagem suficientemente
elevada, ocorre uma descarga elétrica. As colisões entre átomos ionizados e
elétrons da corrente da descarga excitam átomos para diversos estados de
energia. Então, a luz emitida pelos elétrons, que retornam aos estados de energia
inferiores, é refletida entre dois espelhos, de modo que ela continua a estimular
a emissão de mais luz coerente. Um dos espelhos transmite parcialmente a luz e
permite que um feixe com intensidade elevada saia da cavidade do laser, como
mostra a Figura 4.15.
123
Capítulo 4
124
Capítulo 5
O mundo ondulatório e a
incerteza
Seção 1
Propriedade ondulatória das partículas
A natureza é rica em simetrias de todos os tipos. Se a luz pode ser, ao mesmo
tempo, onda e partícula, é possível que a matéria tenha também estes dois
aspectos?
Uma ideia altamente especulativa, a qual era atribuída apenas no caso das ondas
eletromagnéticas, que foi utilizada como uma propriedade geral da matéria, em
125
Capítulo 5
. (5.0)
. (5.1)
(5.2)
. (5.2a)
λ
λ
126
Tópicos de Física Moderna
127
Capítulo 5
Solução:
Substituindo, obtemos:
Solução:
Por esse motivo, faremos uma breve descrição dos experimentos de difração dos
raios X com sólidos cristalinos, que, por possuírem um comprimento de onda
muito pequeno, assemelham-se com o experimento de Davisson e Germer na
difração de elétrons.
128
Tópicos de Física Moderna
Figura 5.2 – Experiência da difração de raios X e padrão de interferência formada por um cristal de
quartzo
A formulação deste modelo teórico foi realizada pelos físicos ingleses Sir W. H.
Bragg e seu filho Sir W. L. Bragg, entre 1912 e 1913. O resultado empírico foi
estruturado modelando o cristal como um conjunto de planos discretos, paralelos
e separados por uma distância constante , propondo que a radiação incidente
produziria um pico se as reflexões especulares de vários planos interferissem
construtivamente, ou seja, se a diferença de fase entre as frentes de onda
refletidas por planos consecutivos fosse um múltiplo inteiro do comprimento de
onda , em que .
Como pode ser observado na Figura 5.3a, quando o ângulo de incidência iguala
o ângulo de reflexão, os raios do feixe incidente estão em fase e paralelos até o
ponto no qual o feixe superior incide na camada do átomo . O segundo feixe
continua até a seguinte camada onde ele é espalhado pelo átomo . Para que
continuem adjacentes e paralelos, o segundo feixe deve viajar a distância extra
. Esta distância extra deve ser um múltiplo inteiro do comprimento de
onda para que as fases dos dois feixes sejam as mesmas.
129
Capítulo 5
(a) (b)
z
θ z θ θ
d
θ
A C
d
A Β
B
Fonte: Schields ([20--?], p. 1).
Logo,
. (5.3)
. (5.4)
. (5.5)
130
Tópicos de Física Moderna
Solução:
131
Capítulo 5
Canhão eletrônico
Câmara de
ionização
(a) (b)
100
ϕ
Intensidade de espalhamento
80
60
40
Cristal de Ni 20
0
0 20 40 60 80
Ângulo de detector ϕ
Feixe incidente
ϕ = 2α
Feixe refletido
α
D
α
α
d θ
θ
132
Tópicos de Física Moderna
. (5.6)
. (5.7)
A Figura 5.6 ilustra duas figuras de difração, uma para elétrons com 600 eV e
outra para os raios X de 71 pm, ambos passando por uma folha de alumínio. A
escala está adaptada.
133
Capítulo 5
Solução:
Seção 2
Princípio da incerteza ou indeterminação
Como visto, existem evidências de que a matéria e a luz possuem
comportamentos corpuscular e ondulatório. O reconhecimento dessa natureza
dual leva a um novo modelo de explicação, denominado de partícula quântica.
Para melhor compreender este modelo onda-partícula, é interessante recorrer a
uma analogia clássica denominada pacotes de ondas.
134
Tópicos de Física Moderna
(5.8)
em que e .
, logo:
. (5.9)
(5.10)
.
De acordo com a Expressão 5.10, o segundo fator cosseno representa uma onda
com um número de onda e frequência iguais às médias dos valores das ondas
individuais. O fator entre colchetes representa a envoltória da onda, como mostrado
na Figura 5.7. Este termo também tem a forma matemática de uma onda.
135
Capítulo 5
. (5.11)
Considerando que e ,
podemos substituir a Equação 5.11 por:
. (5.12)
(5.13)
.
136
Tópicos de Física Moderna
. (5.14)
. (5.15)
Solução:
137
Capítulo 5
Solução:
Como
138
Tópicos de Física Moderna
Por esse motivo, as relações de incerteza para a física quântica, enunciadas por
Werner Heisenberg em 1927, descrevem o seguinte:
. (5.16)
Solução:
O momento do elétron é .
139
Capítulo 5
Exemplo 5.8: uma bola de golfe tem uma massa de e uma velocidade de
, que pode ser medida com uma precisão de 1%. Que limites o princípio da
incerteza estabelece sobre a capacidade de medir a sua posição?
Dados: .
Solução:
140
Tópicos de Física Moderna
. (5.17)
Exemplo 5.9: quase todos os átomos excitados decaem, isto é, emitem um fóton,
após um tempo aproximado de . Qual é a indeterminação mínima da
energia, denominada largura da linha natural? Dados: .
Solução:
Solução:
141
Capítulo 5
Como , fazemos:
142
Tópicos de Física Moderna
quartas e sextas, e como ondas às terças, quintas e aos sábados. Aos domingos,
presumivelmente, os físicos descansariam do esforço de tentar compatibilizar os
dois comportamentos.
x x
Detector I1 I12
Fonte de
ondas
2 I2
Parede Absorvedor
para , (5.18)
, (5.19)
143
Capítulo 5
x x
Detector
móvel P1
P12
x
1
Metralhadora 2
P2
Parede Anteparo
. (5.20)
144
Tópicos de Física Moderna
x x
P1
Detector
P12
1
Canhão de 2
elétrons P2
Parede Anteparo
(a) (b) (c)
145
Capítulo 5
Entretanto, o fato notável, que pode ser inferido pela analogia entre a figura de
interferência dos elétrons e a das ondas sonoras, é que existe uma função de
onda tal que, se é o seu valor quando só a fenda está aberta, então
e . Por essa razão, a probabilidade é igual à
superposição dessas duas funções de onda :
. (5.21)
. (5.22)
146
Tópicos de Física Moderna
Figura 5.11 – Experimento de Young observando a fenda por onde passam os elétrons
x x
P’1
P’12
1 Fonte
de luz
A
Canhão de
elétrons 2
P’2
. (5.23)
147
Capítulo 5
Vemos assim que, na escala quântica, o processo de observação pode ter uma
influência decisiva no resultado observado. Conforme foi constatado por Dirac,
isso permite definir, pela primeira vez na Física, uma escala absoluta de tamanho,
148
Tópicos de Física Moderna
A analogia entre raios de luz e feixes de elétrons vai além. O modelo de raios
de óptica geométrica é uma aproximação do modelo ondulatório mais geral. A
óptica geométrica é válida quando os efeitos de interferência e de difração são
desprezíveis. Analogamente, o modelo do elétron como uma partícula puntiforme
deslocando-se ao longo de uma trajetória retilínea é uma descrição aproximada
do comportamento real do elétron.
149
Capítulo 5
Quadro 5.1 – Comparação entre as microscopias óptica e eletrônica de acordo com os parâmetros
magnificação e resolução
Microscopia Microscopia
Microscopia Eletrônica de Eletrônica de
óptica Varredura (MEV) Transmissão (MET)
Magnificação
Resolução
150
Tópicos de Física Moderna
151
Capítulo 5
Solução:
152
Tópicos de Física Moderna
Seção 3
Interpretações da mecânica quântica
A principal dificuldade encontrada na teoria quântica consiste em conciliar,
em termos de interpretação ou entendimento, ideias antagônicas, como o
conceito de onda – fenômeno não localizado – com o conceito de partícula, ente
localizado. Não há, no mundo da física clássica, analogias que permitam fundir
o comportamento ora ondulatório, ora corpuscular. Como resultado, existem
diferentes interpretações para cada corrente ou escola de pensamento, em
que o resultado de um experimento – a detecção ou medida, embora sendo o
mesmo, apresenta diferentes epistemologias. Para se ter uma ideia das diferentes
posturas assumidas pelos cientistas frente aos resultados da teoria quântica,
apresentaremos a seguir algumas das principais linhas que, embora internamente
consistentes, podem ser, em alguns aspectos, bastante divergentes entre si, de
acordo com Osterman e Prado (2005).
153
Capítulo 5
154
Tópicos de Física Moderna
155
Considerações Finais
Prezado(a) acadêmico(a),
Ao final deste livro, você deve estar familiarizado com alguns dos novos conceitos
introduzidos pela Física moderna. Apesar de não serem intuitivos, estes conceitos
estão de acordo com os testes experimentais e confirmam que a realidade funciona
dessa maneira, no limite relativístivo e quântico. Como diria Niels Bohr, “Qualquer
um que não se choque com a Mecânica Quântica é porque não a entendeu”.
Por fim, assim como o cientista, o estudante também está encarando novos
conceitos e, apoiando-se nas ferramentas matemáticas, por isso, deve procurar
caminho e espaço para acomodar as novas ideias e apreendê-las. Para isso,
é necessário comprometimento e persistência nessa jornada. Assim, de forma
indireta, são desenvolvidas as competências necessárias para articulação com
outros problemas e a construção do conhecimento.
157
Referências
159
KLEPPNER, Daniel. Relendo Einstein sobre radiação. Revista Brasileira de
Ensino de Física, v. 27, n. 1, p. 87-91, 2004. Disponível em: <http://www.sbfisica.
org.br/rbef/pdf/kleppner.pdf>. Acesso em: 11 maio 2016.
160
SCHULZ, Peter A. Duas nuvens ainda fazem sombra na reputação de Lorde
Kelvin. Rev. Bras. Ensino Fís., São Paulo, v. 29, n. 4, p. 509-512, 2007.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
11172007000400006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 16 dez. 2015.
SEARS, Francis Weston; ZEMANSKY, Mark Waldo. Física. 12. ed. São Paulo:
Pearson Education, 2008. 4 v.
SILVA, Renê Chagas da; PASA André Avelino; PASA Tânia Beatriz Creczynski.
Tópicos de física da matéria condensada. Florianópolis: UFSC/EAD/CED/CFM,
2011.
TIPLER, Paul A.; LLEWELLYN Ralph A. Física Moderna. 5. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2010.
161
Sobre o Professor Conteudista
163