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Sistema de gerenciamento logístico

(ERP)

Apresentação
As empresas precisam acompanhar de |maneira eficiente todas as suas atividades e, para isso,
adotam sistemas computacionais. O ERP (Enterprise Resource Planning ou Planejamento de
Recursos Empresariais) apresenta-se como uma solução, ou seja, um software que integra os
setores da empresa e com possibilidade de acesso, inclusive, por clientes, parceiros e
fornecedores se necessário. O sistema ERP pode ser direcionado para determinada atividade, por
exemplo, o gerenciamento logístico, foco de estudo deste capítulo.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender o uso do ERP e sua relação com a curva ABC
de estoques, compreender os cálculos dos principais indicadores de desempenho do armazém e,
por fim, conhecer os subsistemas do ERP.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer o uso do sistema no método ABC.

• Demonstrar os cálculos de indicadores de desempenho.

• Identificar os subsistemas ERP.


Desafio
O tempo apresenta-se como recurso precioso nas organizações. Por isso, conseguir medi-lo em
relação às atividades do armazém contribui para que se possa gerenciar as tarefas e cumprir os
prazos. Nesse sentido, quando o veículo está estacionado na doca para carga ou descarga, o
motorista está parado, aguardando a fim de que possa seguir viagem com segurança e entregar a
mercadoria conforme combinado com o cliente. Assim, o tempo de carga e descarga pode causar
atraso ou contribuir para que as entregas ocorram no prazo.

Como profissional da área de logística, você gerencia um centro de distribuições e observou que
existem variações nos tempos de carga e descarga. Para obter informações com exatidão, aplica o
cálculo do KPI de carga e descarga, considerando as duas últimas semanas de atividades no
armazém.

Por meio dos registros no sistema ERP, você obtém a seguinte tabela, contendo horário de chagada
e saída dos veículos.

Considerando os dados da tabela, calcule o tempo de carregamento, a média de tempo de doca das
duas semanas e a média total (quinzenal). Como o tempo de doca influencia as entregas? Como é
possível reduzir o tempo de doca?
Infográfico
As empresas precisam de mecanismos de controle de suas atividades para terem certeza de que os
objetivos estão sendo alcançados conforme os procedimentos. Nesse sentido, a auditoria exerce
importante papel a fim de conferir os processos e procedimentos da empresa.

No Infográfico a seguir, você vai entender o conceito e a utilidade da auditoria e sua relação com os
indicadores de desempenho, além de conhecer os dois principais tipos de auditoria.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Conteúdo do livro
As atividades logísticas são complexas, pois devem ocorrer de maneira conjunta na cadeia de
suprimentos. Assim, cada empresa precisa trabalhar com eficiência e eficácia, acompanhando o
desempenho dos processos. Nesse sentido, o sistema ERP tem a função de integrar os setores da
organização, inclusive medindo as performances que podem atuar de modo mais estratégico na
cadeia de suprimentos.

No capítulo ERP - Enterprise Resource Planning - Sistema de gerenciamento logístico, da obra


Gestão de tecnologia da informação em logística, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você
verá como o ERP está presente nos processos logísticos. Para isso, vai reconhecer a utilização dos
ERPs com o método ABC de estoques, além de ver como demonstrar os cálculos de indicadores de
desempenho que funcionam no ERP. Por fim, estará apto a identificar os principais subsistemas do
ERP que contribuem para a gestão empresarial.

Boa leitura.
GESTÃO DA
TECNOLOGIA E
INFORMAÇÃO
EM LOGÍSTICA

Charlene Bitencourt Soster Luz


Sistema de gerenciamento
logístico (ERP)
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer o uso do sistema no método ABC.


 Demonstrar os cálculos de indicadores de desempenho.
 Identificar os subsistemas ERP.

Introdução
Os gestores precisam ter controle dos acontecimentos da empresa de
forma rápida e confiável para que possam tomar as decisões mais sensatas.
O sistema ERP (enterprise resource planning, ou planejamento de recursos
empresariais) contribui para esse controle de informações, pois comporta
dados de todos os setores da empresa, fornecendo um panorama abran-
gente aos gestores. Esse sistema pode ser adaptado às necessidades da
empresa e ter o foco em determinadas atividades, como o gerenciamento
logístico das mercadorias. As informações do ERP também podem ser
visualizadas por clientes, parceiros e fornecedores, podendo haver limi-
tação de acesso para resguardar a confidencialidade e a segurança da
informação. Assim, pode-se verificar que o ERP se apresenta como um
sistema completo, por comportar informações dos setores, flexível, por
ser adaptável às diferentes necessidades empresariais, e confiável para
a tomada de decisões.
Considerando esse cenário, neste capítulo você vai estudar o sistema
ERP com foco no gerenciamento logístico. Para isso, você vai verificar a
utilização do ERP com o método ABC de estoques e analisar os cálculos
de indicadores de desempenho que funcionam dentro do ERP. Por fim,
você vai identificar os principais subsistemas do ERP que contribuem
para a gestão empresarial.
2 Sistema de gerenciamento logístico (ERP)

Uso do sistema ERP no método ABC


O ERP é um software empresarial que comporta diversos recursos e pode ser
voltado para determinadas áreas, como sistemas de gerenciamento logístico.
Assim, o ERP se configura como um conjunto de sistemas integrados com
o propósito de facilitar as decisões relacionadas com a gestão. Ele surgiu na
década de 1990 e vem sendo cada vez mais utilizado nas empresas. Para Corrêa
(2010, p. 378), “[...] o ERP visa um eficaz planejamento e controle de todos
recursos necessários para suprir, produzir, embarcar e atender aos pedidos
dos clientes num ambiente de manufatura, distribuição ou serviço”. Dessa
forma, esse sistema integra e disponibiliza as informações entre os setores de
forma instantânea. Nesse sentido, Corrêa (2010, p. 377) conceitua ERP como:

Aplicativos com tecnologia da informação que integram aplicativos em vendas,


gestão de pedidos, manufatura, finanças, contabilidade, recursos humanos,
distribuição e outras funções da empresa num grande sistema integrado, com
dados compartilhados e visibilidade ao longo do empreendimento como um todo.

O sistema ERP contribui para a gestão da empresa de forma integrada, por


intermédio do compartilhamento e da transparência das informações, que ficam
disponíveis e podem ser acessadas a qualquer momento. Corrêa (2010) cita alguns
benefícios do ERP, que pode ser implantado em diferentes tipos de negócio.

 Visualização dos acontecimentos na empresa: tudo o que ocorre nos


setores da empresa é registrado no ERP e pode ser acessado de modo
imediato. Isso facilita a tomada de decisões por parte da gestão, pois
pode-se ter a visão da empresa de forma geral.
 Gestão por processos, desenhados no software para os colaboradores
executarem: os processos são inseridos no ERP; assim, os colaboradores
têm orientação sobre a forma como as tarefas devem ser executadas,
conforme as normas da empresa. Isso evita dúvidas e erros, pois o sis-
tema possui as orientações necessárias para o desempenho do trabalhos
dentro dos padrões esperados.
 Controle das operações em toda a empresa: com o ERP, é possível
que se acompanhe os setores da empresa, centralizando as principais
informações no software; consequentemente, exista um controle maior
referente às operações.
 Informação confiável para todos visualizarem: todas as informações
dos setores devem ser registradas no ERP em tempo real; assim, a
Sistema de gerenciamento logístico (ERP) 3

visualização abrange diferentes setores, e os dados são cruzados no


sistema para maior confiabilidade.
 Possibilidade de interface com outros programas e facilidade de
integração com os parceiros: o ERP tem flexibilidade de interagir
com outros programas, inclusive de clientes e parceiros. Os acessos
podem ter algumas restrições de informações conforme for o caso,
para preservar dados confidenciais, por exemplo.

Todas essas vantagens do ERP podem ser utilizadas ao mesmo tempo sem
congestionar o sistema, que está projetado para abranger essas funcionalidades
como um todo. Com o ERP, ainda existe a possibilidade de implantar outras
funcionalidades que a empresa precise para desempenhar as suas atividades de
forma mais eficiente e eficaz. Assim, o sistema se adequa ao negócio e às suas
particularidades, sendo flexível o suficiente para ser modificado ao longo do tempo.
Além de todas essas vantagens, o ERP pode ser utilizado para o cálculo
do método, ou curva, ABC dos estoques, contribuindo para a gestão do
armazém. O fato de o ERP calcular a curva ABC fornece exatidão para que
os gestores possam ficar atentos em determinados produtos.
A curva ABC é consequência da regra de Pareto, ou regra 80/20. Vilfredo
Pareto foi um sociólogo italiano que viveu no final do século XIX e estudava
a distribuição de renda da população. Nos seus estudos, Pareto constatou que
20% da população concentrava 80% da riqueza, ou seja, a minoria das pessoas
era rica. Após a Segunda Guerra Mundial, F. Dixie, engenheiro da empresa
General Electric, aplicou o método de Pareto para classificar os estoques e
concluiu que em torno de 20% dos estoques representavam por volta de 80%
do valor de todo o estoque. Assim, Dixie criou uma escala para classificar
os itens do estoque, a chamada classificação ABC. A curva ABC é uma
classificação de todas as mercadorias do armazém em produtos do tipo A, B
ou C, conforme o valor financeiro e a quantidade.

 Classe A: itens de alta prioridade do estoque. Maior valor monetário


e menor quantidade. Os produtos classificados como A são os que têm
maior valor; por isso, são comprados em menor quantidade e exigem
mais atenção e prioridade no cuidado e nas vendas.
 Classe B: itens que recebem cuidados medianos. Valor monetário e
quantidades intermediárias em relação aos produtos das classes A e C.
 Classe C: exigem menos esforços. Possuem menor valor monetário e maior
quantidade disponível em estoque. Os itens da categoria C, por terem menor
valor, podem ser comprados em maior quantidade e não exigem prioridade.
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Acesse o link ou o código a seguir para ler mais sobre a lei


de Pareto, que originou a curva ABC de estoques.

https://goo.gl/MJkr8y

Para Bowersox et al. (2014, p. 50), a classificação ABC “[...] diferencia as


políticas de estoque para distintos grupos de produtos”. Independentemente
da categoria em que estão classificados, todos os itens do armazém devem
ser tratados com zelo por parte dos colaboradores e da gestão, não podendo
faltar nem sobrar no estoque. A classificação ABC também contribui para a
tomada de decisão, proporcionando a visualização da prioridade dos produtos,
começando sempre pelos produtos da classe A, depois pelos da classe B e, por
último, os da classe C. Nesse sentido, para Guarnieri (2013, p. 38):

Através da curva ABC é possível definir políticas de estoques que exijam


menores custos de manutenção e valores investidos nos estoques, além da
definição de que a empresa terá níveis diferenciados de serviço aos clientes
para os grupos A, B e C. Dessa forma, é possível reduzir os custos com os
itens que tiverem menor relevância na empresa e maximizar a atenção para
os itens que são de maior valor.

A curva ABC classifica os itens da empresa por grau de importância, o


que interfere em outros setores da empresa. O fato de os itens estarem classi-
ficados pela curva ABC contribui para a definição das políticas de vendas, o
estabelecimento de prioridades para a programação da produção, a definição
de layout da área de armazenagem, entre outros aspectos.
As vendas e a produção, primeiramente, devem focar nos produtos A,
que são os mais rentáveis. Já o leiaute, ou seja, o arranjo físico do armazém,
precisa estar organizado de forma que os itens prioritários, ou seja, os itens A,
sejam mais protegidos e despendam maior atenção quanto à sua integridade.
Algumas empresas optam por ampliar a classificação de seus produtos, criando
mais categorias, como D, E, F e assim por diante, dependendo dos critérios
adotados pela gestão.
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Para construir a curva ABC, ou seja, para que se possa classificar os itens
no sistema ERP ou manualmente, basta reunir algumas informações: código
do material, custo e quantidade de itens disponíveis no estoque. Esses dados
são ordenados conforme o valor dos itens e suas quantidades. O sistema ERP
classifica os itens de forma que os produtos A representem 20% da quantidade
dos estoques e 80% do valor monetário, os produtos B representem em torno
de 30% da quantidade e 15% do valor monetário e os produtos C representem
aproximadamente 50% da quantidade e 5% do valor monetário dos estoques.
A partir dessas informações, será gerado o gráfico que mostra a classificação
ABC dos itens em estoque (Figura 1).

Classificação Quantidade Valor monetário

A 20% 80%

B 30% 15%

C 50% 5%

Figura 1. Classificação ABC.


Fonte: Adaptada de Guarnieri (2013).
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A nova gerente de logística de um centro de distribuição precisa organizar o estoque,


pois, da forma como está, não há controle sobre informações básicas dos produtos,
como quantidade e valores, o que acarreta diversas falhas em outros setores, como
vendas e contabilidade. Após muitas reuniões, foi definida a implantação do sistema
ERP, para que os setores da empresa atuem de forma integrada, porém com foco na
gestão logística. Todos os colaboradores participaram e apoiaram a implantação do
software, que foi um sucesso, principalmente por registrar todas as atividades da
empresa e cruzar os dados, evitando falhas.
O sistema ERP facilita o gerenciamento dos estoques, pois calcula a classificação
ABC, e a gerente agora consegue focar os esforços e orientar os colaboradores a terem
mais cuidados com os produtos enquadrados na categoria A da curva ABC. Os demais
setores também conseguem perceber que os produtos A precisam de maior atenção.

Indicadores de desempenho
As empresas precisam saber se estão alcançando as metas estabelecidas e,
para isso, utilizam os indicadores-chave de desempenho (KPIs, do inglês key
performance indicators). Esses indicadores mostram a situação da empresa
em relação ao desempenho em números em todas as suas áreas: vendas,
marketing, gestão de pessoas, financeiro, produção, armazenagem, estoques,
logística reversa, transporte, etc.
O foco deste capítulo são os indicadores de desempenho relacionados
ao armazém, que precisam estar alinhados com os indicadores dos demais
setores, pois a empresa deve trabalhar de forma integrada, comunicando-se
constantemente para evitar erros. Destaca-se que os indicadores de estoques
estão relacionados às mercadorias, abrangendo tempo de doca, ruptura de
estoques, índice de avarias, etc. Os principais indicadores de desempenho
relacionados com o armazém são: utilização dos equipamentos, custo por
pedido e tempo médio de carga e descarga.
O sistema ERP garante essa integração e a confiabilidade de todas as
informações, incluindo os indicadores de desempenho. Por isso, é importante
que os gestores estipulem metas realistas, sendo desafiantes e, ao mesmo
tempo, possíveis de serem atingidas, para que haja união na equipe e vontade
de cooperar com otimismo.
O KPI de utilização dos equipamentos visa a identificar se os equipamentos
disponíveis no armazém estão sendo utilizados ou estão ociosos. Os equipa-
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mentos exigem investimento e mão de obra para utilizá-los, por isso, devem ter
acompanhamento. Um dos equipamentos mais utilizados no armazém é a empi-
lhadeira, que exige profissional habilitado para operá-la, segundo a legislação.
Para que o KPI da utilização dos equipamentos seja medido corretamente,
os colaboradores devem registrar no ERP quando inicia e quando termina a
atividade. Isso permite mensurar o desempenho do uso do equipamento e
garante segurança ao operador de empilhadeira, que deixa registrado que
encerrou o uso, deixando o equipamento em perfeitas condições para outro
colaborador, ou registra a necessidade de manutenção. O uso dos equipamentos
no armazém é medido da seguinte forma:

4 horas de uso/8 horas disponível = ½ dia de utilização

O exemplo mostra que, em um dia de 8 horas de trabalho, o equipamento foi utilizado


somente por 4 horas. Isso resulta em meio dia de ociosidade, ou seja, metade do tempo
disponível. Caso esse cenário se repita, pode-se pensar em otimizar o equipamento,
podendo alugá-lo, quando possível, ou fornecer treinamento, quando o colaborador
não estiver trabalhando.

O KPI de custo do pedido mostra se os valores dos pedidos estão atendendo


aos custos do armazém, pois os pedidos precisam ser vantajosos para a empresa.
Esse cálculo deve ser aplicado em todo o armazém, pois entende como custo total
do armazém todos os custos em determinado período, sendo geralmente calculado
mensalmente nas empresas. Assim, os custos totais do armazém comportam custos
como aluguel, água, energia elétrica, telefone, internet, mão de obra, combustível
das empilhadeiras, etc. O total de pedidos significa o faturamento do armazém
obtido pelos pedidos atendidos durante o período abrangido nos custos totais.
Assim, tem-se uma comparação entre custo do armazém e valor dos pedidos.
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Custo igual ao pedido: R$ 5.000/R$ 5.000 = 1


Pedido maior do que o custo: R$ 1.000/R$ 5.000 = 0,20 × 100 = 20% de vantagem
Custo maior do que o pedido: R$ 8.000/R$ 4.000 = 2 ou o dobro de desvantagem

No exemplo acima, podemos perceber que existem três possibilidades


resultantes da relação entre custo total do armazém e total de pedidos atendi-
dos. Quando o resultado é o número “1”, significa que os valores dos custos
estão iguais aos valores dos pedidos atendidos, ou seja, não há vantagem nem
desvantagem nessa relação. Quando isso acontece, os gestores devem ficar
atentos, pois as empresas precisam de dinheiro para conseguir manter suas
atividades, bem como pagar os colaboradores e fornecedores. Quando o valor
do pedido for maior do que o custo, significa que o dinheiro foi mais do que
suficiente para suprir as necessidades financeiras da empresa. O pior cenário
ocorre quando os custos são maiores do que os valores do pedido. Isso significa
que a empresa gastou mais do que deveria e que o dinheiro dos pedidos foi
insuficiente para cobrir os custos gerados, sendo uma situação preocupante,
que exige um plano imediato de ação para recuperar a saúde financeira.
O KPI de tempo médio de carga e descarga tem a finalidade de medir o
tempo em que os colaboradores ficam envolvidos no processo de carregamento
e descarga das mercadorias do veículo. Para medir esse tempo, basta saber
quando a operação de carga e descarga começou na doca onde o veículo fica
estacionado e quando essas atividades foram encerradas. É interessante que
se considere o tempo de carga e descarga em relação às operações-padrão de
rotina do armazém, pois se algum carregamento/descarga precisar de maior
cuidado e atenção, isso poderá aumentar o tempo da operação. Também é
importante salientar que o uso de equipamentos como empilhadeira pode
agilizar a carga/descarga e sempre deve ocorrer com segurança e profissionais
habilitados. Para calcular o tempo médio de carga e descarga, utiliza-se a
seguinte fórmula:
Depois, calcula-se a média dos vários tempos de doca. No exemplo de-
monstrado na Figura 2, o tempo de carga/descarga foi de 60 minutos em
um dia, 50 minutos em outro dia e 40 minutos no outro dia, então, ao todo,
foram três dias. Para fazer a média, basta somar 60 + 50 + 40 e depois dividir
por três dias. O resultado será de 50 minutos como tempo médio para carga/
descarga, considerando essas informações. Essa medida é importante para
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que se possa saber quantas cargas e descargas são possíveis de fazer em


determinados períodos. Assim, a empresa consegue agendar e organizar as
operações conforme a sua capacidade.

Figura 2. Gráfico de tempo de carga e descarga.

Os KPIs do armazém servem como forma de monitoramento confiável do desempenho


das operações, com números e fatos comprovados. Assim, feedbacks baseados em KPIs são
consistentes e têm o realismo necessário para que sejam elaboradas estratégias de melhoria.

Subsistemas do ERP
O ERP se apresenta como um conjunto de sistemas integrados de todos os
setores, atuando como um banco de dados em comum da empresa. Assim, o
ERP pode ser adaptado para as empresas e ter subsistemas diferentes para
suprir as necessidades de cada negócio. Podem ser criados, excluídos ou mo-
dificados os subsistemas do ERP conforme for necessário, e o sistema pode
ser constantemente atualizado.
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Apesar de ser flexível conforme o negócio da empresa, segundo Bowersox


et al. (2014), a estrutura básica do ERP compreende pelo menos três módulos,
que geram relatórios financeiros e operacionais (Figura 1):

1. integração e administração — relacionado ao fluxo de atividades da


empresa;
2. planejamento e monitoramento empresarial — integração com o cliente
e a cadeia de suprimentos;
3. operações empresariais — diretamente relacionado com a logística,
abrangendo estoques, manufatura, gestão de pedidos e compras.

Figura 3. Estrutura do sistema de informação ERP.


Fonte: Bowersox et al. (2014, p. 11).

O módulo de integração e administração interage com a cadeia de su-


primentos, apesar de não estarem diretamente relacionados com a logística
da empresa (Figura 4). Veja, a seguir, cinco componentes que constituem a
integração e a administração do sistema ERP.

 Administração geral: trata da estrutura da empresa, com seus fluxos


de trabalho e processos, incluindo os pedidos dos clientes. Mostra a
empresa de modo abrangente, com toda a sua organização interna e
interação com parceiros, clientes e fornecedores.
 Contas a receber e pagar: comporta informações sobre os recebimentos
de valores financeiros dos clientes, influenciados pela satisfação com
serviços logísticos, como as entregas no prazo. Esse componente do
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ERP também contém os pagamentos aos fornecedores, que dependem


do recebimento das mercadorias em bom estado.
 Contabilidade financeira do estoque: refere-se ao monitoramento dos
processos na cadeia de suprimentos, para facilitar relatórios fiscais e
favorecer a imagem da empresa no mercado de valores. Por exemplo, o
desenvolvimento de uma nova tecnologia pode valorizar a imagem da
empresa, gerando aumento do valor de suas ações no mercado.
 Contabilidade geral: faz a apuração de receitas e contas em geral da
empresa, gerando pelo menos uma vez ao ano o balanço patrimonial.
Para isso, o inventário de mercadorias deve ser impecável, abrangendo
entradas e saídas que influenciam na contabilidade da empresa.
 Recursos humanos: monitora os diferentes perfis e desempenhos dos
colaboradores, bem como assiduidade, pontualidade, cargos e salários,
dentre outras informações, como admissões, demissões e rotatividade.
Assim, considerando os diversos cargos existentes na área da logística, o
RH consegue apontar com os KPIs quais são os colaboradores mais ade-
quados para ascensão de carreira, utilizando a meritocracia como critério.

Figura 4. Componentes da integração e administração do ERP.


Fonte: Bowersox et al. (2014, p. 12).

O módulo de planejamento e monitoramento empresarial facilita a integra-


ção entre os parceiros da cadeia de suprimentos, fornecendo maior agilidade,
confiança e segurança nas informações (Figura 5). Os principais componentes
do planejamento e monitoramento do ERP são os seguintes.

 Planejamento de vendas e operações: tem a função de equilibrar


a demanda dos clientes com a capacidade da empresa de atendê-los.
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 Visibilidade da cadeia de suprimentos e gestão de eventos: acompa-


nha as mercadorias que estão em trânsito para serem entregues e sugere
mudanças que evitem a parada da produção por falta de suprimentos.
 Conformidade da cadeia de suprimentos: está relacionado com o
cumprimento de normas da empresa e da legislação, em relação, por
exemplo, à segurança das pessoas e dos produtos ao longo das operações
na cadeia de suprimentos.

Figura 5. Componentes do planejamento e monitoramento empresarial


do ERP.
Fonte: Bowersox et al. (2014, p. 14).

As operações empresariais apoiam diretamente as atividades logísticas


na cadeia de suprimentos, sendo o módulo do ERP focado nas operações lo-
gísticas e de responsabilidade principalmente dos profissionais dessa área. Os
componentes do planejamento e monitoramento empresarial do ERP (Figura 6)
são os seguintes.

 Gestão de relacionamento com os clientes: possui o banco de dados


dos clientes, faz a previsão da demanda e gerencia os pedidos, fazendo
a interface entre os clientes e a empresa.
 Logística: gerencia as principais atividades logísticas, como armazena-
gem, transporte e pátio, mesmo que tenham seus programas específicos,
que são, respectivamente, o WMS (warehouse management system,
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ou sistema de gerenciamento de armazém), TMS (transportation ma-


nagement system, ou sistema de gestão de transportes) e YMS (yard
management system, ou sistema de gerenciamento de pátio). Além disso,
faz a gestão dos estoques, o processamento de pedidos e a interface
com as contas a receber.
 Manufatura: está relacionado com a produção, como necessidades de
recursos, capacidade de recursos, plano mestre de produção, controle da
produção, gestão da qualidade e aplicação das ferramentas da qualidade
nas atividades.
 Compras: o ERP permite que as compras sejam programadas conforme
as reais necessidades da empresa e que os pedidos sejam monitorados.
A gestão do relacionamento com os fornecedores se torna mais eficiente
com o ERP, que pode contribuir para a avalição desses fornecedores
por meio de indicadores de desempenho de atendimento. O componente
de compras do ERP ainda permite a interface com as contas a receber.
 Desdobramento do estoque: permite à empresa fazer um planejamento
integrado de estoques, ou seja, que os demais setores tenham acesso
aos dados de estoque, para conseguir atuar reduzindo esses estoques,
por exemplo, com o setor de marketing e vendas trabalhando com
esses produtos.

Figura 6. Componentes das operações empresariais do ERP.


Fonte: Bowersox et al. (2014, p. 13).
14 Sistema de gerenciamento logístico (ERP)

BOWERSOX, D. et al. Gestão logística da cadeia de suprimentos. São Paulo: AMGH, 2014.
CORRÊA, H. L. Gestão de redes de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2010.
GUARNIERI, P. Logística e supply chain management. In: SANTANA, D. (org.). Logística:
uma abordagem conceitual e prática de suprimento, produção, distribuição e logística
reversa. Canoas: Editora da Ulbra, 2013.

Leitura recomendada
BARBOSA, E. Lei de Pareto. Administradores, João Pessoa, PB, 7 set. 2016. Disponível em:
http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/lei-de-pareto/97991/. Acesso
em: 21 fev. 2019.
Dica do professor
O PDCA apresenta-se como ferramenta muito importante para ser adotada pelas empresas, pois
orienta o planejamento, execução, verificação e ações a serem realizadas. Os indicadores de
desempenho relacionam-se com o PDCA em todos as suas etapas e, principalmente, no momento
de verificar se o que foi executado estava de acordo com o planejamento.

Nesta Dica do Professor, você vai conhecer essa ferramenta em suas quatro etapas, além
de entender a relação entre ela e o KPI.

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Exercícios

1) A empresa que utiliza o ERP consegue ter um panorama de todas as suas atividades. Assim,
esse sistema proporciona vários benefícios para a organização, como a gestão por processos,
que está relacionada com:

A) a orientação para a execução das tarefas.

B) a centralização das informações.

C) a integração com os parceiros.

D) a interface com outros programas.

E) a implementação de funcionalidades.

2) A classificação ABC tem a finalidade de organizar as mercadorias do armazém conforme


seus valores e quantidade, estabelecendo, assim, prioridades que facilitam as decisões dos
gestores. Então, pode-se afirmar que os itens C:

A) são sempre prioridade no estoque.

B) possuem significativo valor monetário no estoque.

C) apresentam valor monetário intermediário no estoque.

D) têm maior quantidade no estoque.

E) vendem pouco e exigem mais atenção.

3) O tempo das atividades de armazenagem deve ser mensurado para estimar as possibilidades
de atendimentos dos pedidos em determinado período. Em tal contexto, o carregamento de
um veículo demorou 60 minutos em determinado dia e, no outro, o tempo foi reduzido para
40 minutos, sendo que a quantidade de material foi a mesma com os mesmos colaboradores
e equipamentos. Nesse caso, qual foi o tempo médio do carregamento?

A) 55 minutos.

B) 50 minutos.
C) 45 minutos.

D) 40 minutos.

E) 30 minutos.

4) O indicador de desempenho do custo do pedido relaciona o custo total do armazém com o


valor do pedido. Se todos os pedidos somarem o valor de R$ 200 mil e os custos totais foram
de R$ 150 mil durante o mês, pode-se concluir que:

A) a situação da empresa é preocupante.

B) a empresa está em equilíbrio financeiro.

C) a empresa tem boa saúde financeira.

D) a empresa apresenta insuficiência de recursos.

E) não há vantagem nem desvantagem financeira.

5) Os três principais subsistemas do ERP são (1) integração e administração; (2) planejamento e
monitoramento empresarial; e (3) operações empresariais. Eles estão divididos em
componentes que têm, por sua vez, diversas atribuições. O TMS (Transportation
Management System ou Sistema de Gestão de Transporte) está relacionado com qual
componente do ERP?

A) Compras dos suprimentos.

B) Contabilidade de estoque.

C) Planejamento de vendas e operações.

D) Manufatura.

E) Logística.
Na prática
Os portos precisam de sistemas eficientes que comportem suas operações. Por isso, o ERP
apresenta-se como solução que agiliza os processos e fornece informações confiáveis ao mesmo
tempo.

Neste Na Prática, você vai conhecer a implementação do sistema ERP no porto de Santos e suas
vantagens, além de entender como esse sistema contribui para a rotina do porto.

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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

ERP: descomplique sua gestão


Visite o site Endeavor e leia o artigo: "ERP: descomplique sua gestão" e saiba como o ERP facilita a
gestão diária das atividades empresariais. Assim, entenda em que consiste esse sistema e as
vantagens que ele traz para as empresas.

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