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Comarca de Campo Grande

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31ª Promotoria de Justiça
do Patrimônio Público e Social

Este documento é copia do original assinado digitalmente por HUMBERTO LAPA FERRI e PROTOCOLADORA TJMS 1. Protocolado em 25/06/2021 às 17:05, sob o número WCGR21009910434
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA CRIMINAL
RESIDUAL DA COMARCA DE CAMPO GRANDE.

Inquérito Policial n.º 214/2019 DEDFAZ


N.º MP: 08.2019.00230462-0
N.º TJ: 0048279-43.2019.8.12.0001

liberado nos autos digitais por Usuário padrão para acesso SAJ/AT, em 25/06/2021 às 17:11. Para acessar os autos processuais, acesse o site
https://esaj.tjms.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0048279-43.2019.8.12.0001 e o código 3FE31AE.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO
GROSSO DO SUL, por seu Promotor de Justiça que ao final assina, no uso de suas
atribuições constitucional e legalmente conferidas, especialmente aquelas inscritas nos
artigos 129, inciso I da Constituição Federal e 24 do Código de Processo Penal, vem,
perante V. Ex.ª, oferecer DENÚNCIA em face de:

JOÃO JOSÉ ALBUQUERQUE ROMERO, brasileiro,


divorciado, servidor público municipal, portador da Cédula de
Identidade RG nº 119.519 SSP/MS, inscrito no Cadastro de
Pessoa Física (CPF) nº 202.985.601-00, filho de Arlindo Gomes
Romero e Judith Albuquerque Romero, nascido em 14.09.1959 na
cidade de Miranda/MS, residente e domiciliado na Rua Dr Anibal
de Toledo, 626, Bairro Monte Líbano, Campo Grande/MS, ou Rua
Amazonas, nº 947, Apto 1104, Bairro Monte Castelo, neste
Capital, telefone (67) 99960-4125.

Pela prática da seguinte conduta delituosa:

Avenida Ricardo Brandão, 232 - Itanhangá Park - CEP 79.003-027 Campo Grande/MS
Telefone: (67) 3316-4037 ou 4023 31pjcg@ m pm s.m p.br
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1) Artigo 299, caput e p. único, do Código Penal (DENÚNCIA)

Consta do incluso Inquérito Policial que, entre novembro de 2014


e fevereiro de 2015, no âmbito da Prefeitura Municipal de Campo Grande, nesta cidade e
comarca, o denunciado JOÃO JOSÉ ALBUQUERQUE ROMERO, na condição de
Fiscal de Obras, Posturas e Cadastro lotado na Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Gestão Urbana - SEMADUR, fez inserir declaração falsa em documentos fiscais da

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Prefeitura Municipal de Campo Grande, a fim de beneficiar a proprietária de imóveis

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Hannah Engenharia e Construção LTDA, alterando a verdade sobre fato juridicamente
relevante, qual seja, aprovando edificações que não atendiam os requisitos para cadastro e
modificando, por consequência, a alíquota do imposto devido ao ente público.

Segundo apurado no Inquérito Civil nº 06.2017.00000961-3


(Autos nº 0949056-66.2020.8.12.0001), que deu origem ao presente Inquérito Policial,
JOÃO JOSÉ ALBUQUERQUE ROMERO realizou indevidamente e fora de sua
atribuição, a vistoria e fiscalização de 8 (oito) processos da SEMADUR, a saber:

1) Processo nº 93315/2014-71, de 13 de novembro de 2014, do


imóvel de inscrição nº 02710310013, de requerimento de
Hannah Engenharia e Construção LTDA (fls. 190/242);
2) Processo nº 15143/2015-58, de 24 de fevereiro de 2015,
mesmo imóvel e requerimento supra (fls. 243/261);
3) Processo nº 93286/2014-74, de 13 de novembro de 2014, do
imóvel de inscrição nº 02710410014, de requerimento de
Hannah Engenharia e Construção LTDA (fls. 262/281);
4) Processo nº 15138/2015-18, de 24 de fevereiro de 2015,
mesmo imóvel e requerimento supra (fls. 282/301);
5) Processo nº 106289/2014-49, de 30 de dezembro de 2014, do
imóvel localizado no Lote 12H, Quadra 22, Jardim Paradiso,
Bairro Nasser, de requerimento de Hannah Engenharia e
Construção LTDA (fls. 302/321);
Avenida Ricardo Brandão, 232 - Itanhangá Park - CEP 79.003-027 Campo Grande/MS
Telefone: (67) 3316-4037 ou 4023 31pjcg@ m pm s.m p.br
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6) Processo nº 151140/2015-60, de 24 de fevereiro de 2015, do
imóvel de inscrição nº 0271163032-8, de requerimento de
Hannah Engenharia e Construção LTDA (fls. 322/340);
7) Processo nº 15135/2015-20, de 24 de fevereiro de 2015, do
imóvel de inscrição nº 0271125001-0, de requerimento de
Hannah Engenharia e Construção LTDA (fls. 341/356); e,
8) Processo nº 15136/2015-92, de 24 de fevereiro de 2015, do
imóvel de inscrição nº 0281303032-5, de requerimento de

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Hannah Engenharia e Construção LTDA (fls. 357/374).

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Em referidos processos, o servidor municipal denunciado alterou
indevidamente o enquadramento dos imóveis territoriais para prediais, acarretando a
diminuição da alíquota do IPTU de 3,5% para 1%, beneficiando indevidamente a empresa
proprietária quanto ao pagamento de tributos.

Servidores Municipais ouvidos confirmaram que o denunciado


JOÃO JOSÉ ALBUQUERQUE ROMERO não era o responsável pela fiscalização de
referidos imóveis, entretanto, no final de 2014 e início de 2015, teria se "interessado" pela
fiscalização dos imóveis pertencentes à empresa Hannah Engenharia e Construção LTDA.
Assim, em prazo exíguo e anormal (inclusive alguns na véspera do ano novo –
30.12.2014), o denunciado teria realizado vistorias, preenchido os BICs (Boletins de
Informações Cadastrais), inserido tais boletins no Sistema, inclusive sem a assinatura da
Supervisora Valéria (ainda que seu nome constasse nos processos), gerando a diminuição
irregular da alíquota do IPTU em favor da empresa Hannah.

Diante da constatação de irregularidades (e da prática criminosa),


a então Supervisora fez os encaminhamentos que ensejaram em um procedimento
administrativo disciplinar, em uma Ação de Improbidade Administrativa e na denúncia
ora ofertada.

Conclui-se, assim, que o denunciado teve a intenção (dolo) de


alterar a alíquota de IPTU sobre os imóveis da empresa Hannah Engenharia e Construção
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LTDA, de 3,5 para 1%, perante a administração pública municipal, se utilizando de sua
função pública de maneira irregular e ilícita, ao inserir declaração falsa nos boletins de
informações cadastrais, ao aprovar edificações que não possuíam padrão para cadastro,
sem a assinatura do supervisor, beneficiando terceiros e causando prejuízo ao erário
público.

Diante das provas materiais colhidas, constatou-se que o


denunciado inseriu, em documento público, declaração falsa ou diversa da que devia

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ser escrita, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante

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(falsidade ideológica).

Ante o exposto, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso


do Sul, por intermédio de seu Promotor de Justiça que esta subscreve, DENUNCIA
JOÃO JOSÉ ALBUQUERQUE ROMERO como incurso nas penas do artigo 299,
"caput" e parágrafo único, do Código Penal1.

2) Requerimentos

Requer, após recebida, registrada e autuada a presente peça, seja o


denunciado citado, interrogado, processado e condenado, ouvindo-se as pessoas ao final
arroladas.

Requer também a juntada dos antecedentes criminais do


denunciado junto ao Cartório Distribuidor local e Instituto de Identificação do Estado de
Mato Grosso do Sul.

Deixa-se de propor acordo de não persecução penal,


considerando que o denunciado, ao ser ouvido, não confessou formal e
1  Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer
inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, de
quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se o documento é particular. (Vide Lei nº 7.209, de 1984)
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação
ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte

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circunstancialmente a prática da infração penal, conforme exigência da legislação penal
em vigor (artigo 28-A do Código de Processo Penal).

Deixa-se de propor a suspensão condicional do processo,


considerando que a pena mínima prevista ao artigo 299 do CP, com o aumento de pena
previsto no parágrafo único, não preenche os requisitos exigidos pelo artigo 89 da Lei nº
9099/95.

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Requer ainda sejam notificados os administradores do Sistema

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Nacional de Informações SINIC, bem como da rede INFOSEG, do recebimento da
presente inicial, para registro em seus sistemas de dados.

3) Artigo 321 do Código Penal (PRESCRIÇÃO)

Finalmente, promove-se o arquivamento do presente Inquérito


Policial em relação ao crime do artigo 321 do Código Penal2.

Conforme consta nos autos, o denunciado João José Albuquerque


Romero, ao solicitar a responsabilidade pelos processos de fiscalização e vistoria dos
imóveis da empresa Hannah Engenharia e Construção LTDA, alterou irregularmente a
alíquota IPTU de 3,5 para 1%, com o intuito de beneficiar a empresa relacionada, em
desacordo com normas penais, administrativas e tributárias.

Deste modo, o denunciado incorreu também, em tese, no delito de


advocacia administrativa, previsto no art. 321 do Código Penal. Todavia, infere-se que as
condutas delituosas ocorreram entre novembro de 2014 e fevereiro de 2015, portanto, do
momento em que foram exercidas até a presente data, constituiu-se um lapso temporal de
pelo menos 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses.
2
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da
qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Violência arbitrária

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Conforme prevê o art. 109, inciso V, do Código Penal, a
prescrição se dará em 04 (quatro) anos se o máximo da pena for de 01 (um) ano até 02
(dois) anos. Desta forma, consoante as penas previstas em abstrato (03 meses a 1 ano de
detenção e multa – artigo 321, parágrafo único, do CP), a prescrição se mostra cristalina
no presente caso.

Assim, quanto ao crime do artigo 321, caput e parágrafo único, do

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Código Penal, o Ministério Público promove o arquivamento, devido à perda da pretensão

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punitiva estatal, pela prescrição, nos termos do artigo 107, IV, c/c artigo 109, V, ambos do
Código Penal.

Campo Grande, 25 de junho de 2021.

(assinado por certificação digital)


Humberto Lapa Ferri
31º Promotor de Justiça de Campo Grande

Rol de testemunhas:

1º) Valéria Murakami da Silva Fiscal de Obras, Posturas e Cadastro SEMADUR e


supervisora do setor do denunciado à época dos fatos (fls. 102/104);
2º) Elias Makaron Neto Fiscal de Obras, Posturas e Cadastro SEMADUR à época
dos fatos (fl. 622);
3º) Jorge Abdul Ahad Sócio Administrador da empresa Hannah Engenharia e
Construção LTDA (fls. 30/31);
4º) Liliane Valverde Nogueira Presidente da Comissão Processante do Processo
Administrativo Disciplinar n. 61953/2018-19 (fls. 667/704);
5º) Adjar Aparecido de Souza - Fiscal de Obras, Posturas e Cadastro, lotado na
SEMADUR, Campo Grande/MS (fl. 614).

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