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Resumo Pavimentação - P1 (28/08/23)

❖ Introdução
Terminologia e conceitos básicos:
● Pavimento é uma estrutura de múltiplas camadas sobre a terraplenagem > resistir aos esforços do
tráfego e garantir boas condições de rolamento.
● Característica principal: “COMPLEXIDADE” (materiais, cargas, sensibilidade a intempéries e degradação
da superfície).
● 3 tipos de pavimentos :
o Rígidos: placas de concreto de cimento Portland;
o Semi-rígidos: revestimento de camada asfáltica com base estabilizada quimicamente
(cal, cimento);
o Flexíveis ou asfáltico: revestimento de camada asfáltica com base de brita ou solo.

▪ Camadas constituintes:
● Regularização do subleito: camada irregular, corrige falhas da camada final de
terraplenagem ou de leito antigo;
● Reforço do subleito: espessura constante sob o subleito regularizado, solo argiloso de
qualidades superiores a do subleito;
● Sub-base: boa capacidade de suporte, previne bombeamento do solo do subleito para
a camada de base;
● Base: fornece suporte estrutural abaixo do revestimento, sua rigidez alivia as tensões
no revestimento e distribui nas camadas inferiores;
o Granular: não tem coesão, não resiste à tração, dilui as tensões de compressão:
▪ Sem aditivo (solo/brita/solo-brita)

▪ Com aditivo (solo com cimento ou cal)


o Coesiva: dilui as tensões de compressão devido sua rigidez, provocando uma
tensão de tração na face inferior:
▪ Com ligante ativo (com cimento, cal ou
concreto rolado)
▪ Com ligante asfáltico (mistura asfáltica)
▪ Revestimento
● Associação de agregados e materiais betuminosos por penetração (invertida com
capa selante/direta com macadame betuminoso) ou mistura (agregado
pré-envolvido a frio ou a quente com o material betuminoso antes da
compressão);

● TIPOS DE REVESTIMENTO:
o Rígido – concreto-cimento (CP)

▪ Sub-base: pouca contribuição estrutural, controle de


bombeamento/expansão/contração

▪ Base e revestimento: Concreto de cimento Portland (CCP)


o Rígido – concreto
▪ Juntas transversais e longitudinais
PAVIMENTO RÍGIDO PAVIMENTO FLEXÌVEL

Placa absorve maior parte das tensões A carga se distribui em parcelas


proporcionais à rigidez das camadas

Distribuição das cargas faz-se sobre uma Todas as camadas sofrem deformações
área relativamente maior elásticas significativas

Pouco deformável e mais resistente à As deformações até um limite não levam


tração ao rompimento

Qualidade de SL pouco interfere no Qualidade do SL é importante pois é


comportamento estrutural submetido a altas tensões e absorve
maiores deflexões

*defeitos mais comuns: fadiga (processo progressivo, trancamento que ocorre de baixo
para cima) e deformação permanente.

- Breve histórico (slides p 29): Rodas de madeira> superfície revestidas/ trenós pesados >
umedecimento da superfície para diminuir atrito/ rodas de aço > estruturas resistentes/
conexão entre povoados, comércios e portos. Preocupação com drenagem, abaulamento,
erosão, distância de transporte, compactação, sobrecarga, marcação, estruturas mais leves,
manutenção, estabilização granulométrica e revestimentos mais confortáveis;
- Histórico Brasil (slides p 46): Caminho do Mar, Santos - São Paulo, Caminho do Ouro (MG -
SP), Estrada Real (MG - RJ), União e Indústria;
- Brasil atual (p 58): malha federal em grande escala, deterioração acelerada, muitos acidentes
geotécnicos, quedas de pontes e taludes, etc. Rodoviário = 65% da movimentação de carga e
95% da de passageiros.
❖ Estado de tensões na estrutura do pavimento

⮚ Tensões num ponto a partir do carregamento na superfície;

⮚ Distribuição de tensões a diversas profundidades;

⮚ Efeito do carregamento cíclico na estrutura dos pavimentos;

▪ No revestimento

▪ Nas camadas de base, sub-base e reforço

▪ No subleito

⮚ Tensões verticais causam deformações permanentes e recuperáveis nos materiais


utilizados na pavimentação (tensão horizontal nunca ultrapassa a vertical, sempre
Tv >>> Th).
Tensões num ponto a partir do carregamento na superfície
Distribuição de tensões a diversas profundidades
Tensões num ponto a partir do carregamento na superfície
• Tensões verticais causam deformações permanentes e
recuperáveis nos materiais utilizados na pavimentação.
❖ Materiais granulares, solos finos, siltosos e argilosos (SOLOS E
AGREGADOS)

⮚ SOLOS
▪ Material originado da decomposição de rochas devido a ação de agentes físicos e
químicos;
▪ Solos residuais (basalto, filitos e calcário > argila / granito e quartzito > quartzo)

▪ Solos transportados (heterogêneos):


- Aluvião: Transportado e depositado pelas águas;
- Orgânicos: decomposição de matéria orgânica;
- Coluviais: força de gravidade, taludes;
- Eólicos: força do vento.
▪ Escala granulométrica (denominações DNIT)
● Areias e pedregulhos (maior granulometria):
♦ Granulação grossa;

♦ Formas cúbicas ou arredondadas;

♦ Constituídos principalmente de quartzo (sílica pura);

♦ Comportamento varia pouco com a quantidade de água;

♦ Desprovidos de coesão (resistência a deformação depende do entrosamento e


atrito entre os grãos e da pressão normal atuante no solo).
● Siltes
♦ Solos intermediários;

♦ Comportamento arenoso ou argiloso dependendo da distribuição granulométrica,


forma e composição mineralógica dos grãos (silte argiloso ou silte arenoso).

● Argila (menor granulometria)


♦ Granulação fina, grãos lamelares alongados e tubulares de elevada superfície
específica;
♦ Constituídos por minerais argílicos;

♦ Comportamento varia com a quantidade de água que envolve os grãos;

♦ Coesão em função do teor de umidade (menor umidade = maior coesão).

▪ METODOLOGIAS DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS DE PAVIMENTAÇÃO ( buscando avaliar


preliminarmente a qualidade e comportamento dos solos)
● Classificação TRB (Highway Research Board = Transportation Research Board)
♦ Considera granulometria, limite de liquidez, índice de plasticidade e índice de
grupo, relacionado ao método de dimensionamento de pavimentos.
● Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS)
♦ Identificação dos solos com base na textura e plasticidade;

♦ Agrupa de acordo com seu comportamento quando usados em diferentes


aplicações (estradas, aeroportos, aterros, fundações, etc) .

● Metodologia MCT (comportamento de solos tropicais, início com Nogami e Villibor)


♦ Permite retratar as peculiaridades dos solos quanto ao comportamento laterítico
(solos superficiais, bem drenado, resultantes de laterização, comportamento
altamente satisfatório) ou saprolítico (resultantes da decomposição e/ou
desagregação da rocha matriz pela ação de intempéries, mantendo a estrutura
da roche que deu origem, heterogêneos, mineralogia complexa);
♦ Caracteriza solos tropicais avaliando contração, permeabilidade, expansão,
coeficiente de penetração d’agua, coesão, capacidade de suporte e curvas de
compactação;
♦ Duas classes: comportamento laterítico (L) e não laterítico (N) + 7 subclasses.

⮚ AGREGADOS
▪ Sem forma e volume definido, inerte;

▪ NATUREZA: natural, artificial ou reciclado; TAMANHO: graúdo, miúdo ou fíler;

▪ Granulometria das britas (p 38): rachão, gabião, brita graduada, bica corrida, brita
0-5, pó de pedra, areia de brita;
▪ Produção: britagem primária (mandíbula), secundária (rebritadores), terciária
(girosféricos), quaternária (moinhos de bola);
▪ Ensaios de caracterização tecnológica/física dos agregados:

♦ Granulometria > tamanho e graduação;

♦ Limpeza > equivalente de areia;

♦ Resistência à abrasão;

♦ Forma das partículas;

♦ Sanidade;

♦ Massa específica e absorção;

♦ Adesividade > Dope (no ligante), cimento/cal/pó de calcário (no agregado);

♦ Índice de Suporte Califórnia > determina a relação entre a pressão necessária para
produzir a penetração de um pistão num CP de solo e numa brita.

● Aplicação prática dos ensaios: Manual de pavimentação e Base estabilizada


granulometricamente;
● A proporção de agregados em misturas asfálticas é de aprox. 93 a 97% em peso.
⮚ MÓDULO DE RESILIÊNCIA
▪ Resiliência é a energia armazenada num corpo deformado elasticamente, sendo
devolvida quando cessam as tensões causadoras das deformações;
▪ Deformações recuperáveis (resiliência) estão relacionadas com as fissuras nos
revestimentos asfálticos.

⮚ DEFORMAÇÃO PERMANENTE
▪ Pode ser atribuída ao revestimento, às subcamadas ou a uma combinação de efeitos;

▪ As camadas não asfálticas abaixo do revestimento podem apresentar deformações


permanentes devido a densificação adicional pelo tráfego e por ruptura ao cisalhamento;
▪ Prováveis causas: Afundamento por consolidação em trilha de roda (ATC)

♦ Decorre da densificação ou ruptura por cisalhamento de camadas subjacentes ao


revestimento ou descolamento de película de asfalto junto ao agregado (stripping);
♦ Desenvolvem-se trincas dentro das trilhas de roda ou à sua borda;

♦ Sem compensação volumétrica lateral, exceto quando ruptura por cisalhamento.

▪ Ensaio: Aplicação de ciclos de par de tensões para obter a deformação permanente


(mesmo equip. triaxial de cargas repetidas que da determinação do mód. de resiliência);
▪ Modelo de deformação permanente de Guimarães – parâmetros obtidos usando a técnica
de regressão não linear múltipla.
❖ Ligantes asfálticos
▪ Cimento asfáltico de petróleo (CAP):
● produto orgânico derivado do petróleo, semissólido a baixas temperaturas, viscoelástico a
temperatura ambiente e líquido em altas temperaturas, composto por hidrocarbonetos
pesados;
● usado como base na produção de outros tipos de ligantes e de misturas asfálticas.
▪ Vantagens do uso do ligante asfáltico na pavimentação:
● forte união dos agregados;
● ligante com flexibilidade controlável;
● impermeabilizante;
● durável e resistente à ação de ácidos, álcalis e sais.

⮚ ORIGEM E PRODUÇÃO
● asfaltos naturais: provenientes dos lagos (depósitos de petróleo que migram para a
superfície) ou da impregnação de poros de algumas rochas (xisto betuminoso);
● ligante asfáltico: proveniente da destilação fracionada do petróleo, refino (processos de
separação e/ou transformação dos constituintes do petróleo) por destilação direta a vácuo
(quando o petróleo de base asfáltica é muito pesado) ou destilação atmosférica e a vácuo
(dois estágios para petróleo que não é de base asfáltica);
● petróleos distinguem-se por mais ou menos asfalto na composição;
● petróleos venezuelanos são de melhor qualidade para produzir asfalto para pavimentação;
● piche (destilação do alcatrão) e betume (substância aglutinante ativa formada por
hidrocarbonetos pesados) também são usados em alguns serviços de pavimentação.

⮚ COMPOSIÇÃO QUÍMICA

▪ Carbono (85%), hidrogênio (10%), enxofre (6%), oxigênio(1,5%) e nitrogênio (1%);

▪ O CAP é solúvel em benzeno, tricloroetileno e bissulfeto de carbono;

▪ Microestrutura do CAP pode ser representada como um sistema coloidal constituído de micelas
de asfaltenos dispersas ou dissolvidas em meio oleoso (maltenos);

▪ Micela = aglomerado de moléculas em uma solução coloidal;


▪ Coloide = mistura de grandes moléculas simples, dispersas e uma segunda substância;

▪ Asfaltenos = sólidos amorfos e insolúveis (maior concentração no CAP = mais duro ele fica);

▪ Maltenos = agrupação de saturados, aromáticos e resinas (sólidas ou semi-sólidas solúveis);

▪ Aromáticos = componentes naftênicos, não polares, baixo peso molecular;

▪ Saturados = óleos viscosos, não polarizáveis, compostos por hidrocarbonetos.

⮚ PROPRIEDADES FÍSICAS DO LIGANTE ASFÁLTICO CAP (todas associadas a temperatura)

▪ Temperaturas baixas = moléculas não têm condições de se mover e a viscosidade fica muito
elevada (ligante se comporta quase como um sólido);
▪ Temperatura aumenta = moléculas começam a se mover, baixando a viscosidade;

▪ Temperaturas altas = ligante se comporta como líquido;

▪ Transições reversíveis.

⮚ ENSAIOS

▪ Ensaio de penetração – 0,1mm (medição em décimos de milímetro)


● Mede a profundidade que uma agulha penetra no cimento asfáltico por 5 seg, à
temperatura de 25°C, 3 vezes por ensaio (usa-se a média);
● Menor penetração da agulha = maior consistência do CAP.

▪ Ensaio de ponto de amolecimento (anel e bola) – Cº


● O ponto de amolecimento é uma medida empírica que correlaciona a temperatura na
qual o asfalto amolece ao ser aquecido sob certas condições e atinge a condição de
escoamento;
● Coloca-se uma bola de aço no centro da amostra de asfalto que está confinada em um
anel metálico, e o conjunto em um banho de água — controladamente aquecida — em
um béquer. O asfalto amolece e não suporta mais o peso da bola, assim deslocam-se ao
fundo do béquer (marca-se a temperatura quando a mistura amolecida toca a placa).
▪ Ensaio de viscosidade (SSF, cP)
● Medida da consistência do cimento asfáltico por resistência ao escoamento em
determinada temperatura (antes 60°C/ atualmente 135°C, 150°C e 177°C);
● Viscosímetro – enche o tubo com o material e coloca no óleo com orifício fechado,
quando ele estabiliza na temperatura exigida inicia-se a contagem de tempo com o
recipiente aberto e para de contar quando o líquido atinge a marca de 60ml no interior
do frasco. Resultado da viscosidade em seg Saybolt-Furol (SSF) a dada temperatura
● Outro equipamento: Viscosímetro Rotacional Brookfield, mede a viscosidade dinâmica
em centipoise (cP), maior precisão e sem influência do operador;
● Importante na determinação da consistência adequada que o ligante deve apresentar
para sua mistura com agregados (para proporcionar uma perfeita cobertura dos
mesmos) e para sua compactação no campo;
● Necessário obter a curva de viscosidade de cada ligante asfáltico para permitir escolher
a faixa de temperatura adequada para suas aplicações.

▪ Ensaio de ductilidade (cm)


● Avalia indiretamente a coesão dos asfaltos pela medida empírica da ductilidade
(capacidade do material de se alongar na forma de um filamento);
● Os CPs de ligantes são separados ao meio na seção diminuída do molde (formato de
osso de cachorro) e imersos em água dentro de um banho que compõe o equipamento;
● Ductilidade é dada pelo alongamento em cm obtido antes da ruptura da amostra de
CAP, em sua seção diminuída, banho de água de 25°C, a veloc. de deformação 5cm/min.

▪ Ensaio de solubilidade (pureza)


● Usado para medir a quantidade de betume (mistura de hidrocarbonetos que faz parte
do ligante) na amostra de asfalto. CAP consiste basicamente de betume puro;
● Amostra do asfalto é dissolvida no solvente (bissulfeto de carbono) e filtrada. A
quantidade de material retida no filtro representa as impurezas do cimento asfáltico.
▪ Ensaio de durabilidade (envelhecimento do ligante)
● Curto prazo: envelhecimento do asfalto quando misturado com agregados minerais na
usina devido a seu aquecimento;
● Longo prazo: envelhecimento durante a vida útil do pavimento submetido a fatores
ambientais (intempéries);
● Ensaios designados de “efeito de calor e do ar” simulam envelhecimento na usinagem;
● Ensaio de estufa de filme rotativo (RTFOT) ou película delgada rotacional: mede
envelhecimento por oxidação e evaporação a altas temperaturas e sob injeção de ar
comprimido, simulando o endurecimento de curto prazo durante a usinagem da mistura
asfáltica. O ensaio causa queda na penetração e aumento no ponto de amolecimento.

▪ Ensaio de ponto de fulgor


● Ensaio ligado à segurança de manuseio do asfalto durante o transporte, estocagem e
usinagem;
● Representa a menor temperatura a que os vapores emitidos pelo aquecimento do
material asfáltico (que podem ser gases combustíveis) se inflamam por contato com uma
chama. Ou seja, a máxima temperatura segura de aquecimento para o ligante asfáltico;
● Os valores de pontos de fulgor do CAP são normalmente superiores a 230ºC.

▪ Ensaio de massa específica


● Relação entre massa e volume (massa específica =massa de ligante/volume);
● Obtida por um picnômetro para determinar o volume do ligante;
● Os ligantes em geral têm massa específica entre 1 e 1,02g/cm³ (próxima a da água).
▪ Suscetibilidade térmica
● Indica a sensibilidade da consistência dos ligantes asfálticos à variação de temperatura;
● Desejável que o ligante apresente variações pequenas de propriedades mecânicas, nas
temperaturas de serviço dos revestimentos, para evitar grandes alterações de
comportamento diante das variações de temperatura ambiente.

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