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Tribunal de Justiça do Piauí

PJe - Processo Judicial Eletrônico

28/08/2023

Número: 0801611-93.2023.8.18.0123
Classe: CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Órgão julgador: JECC Parnaíba Sede Cível
Última distribuição : 31/05/2023
Valor da causa: R$ 10.000,00
Processo referência: 0012284-23.2017.818.0081
Assuntos: Inclusão Indevida em Cadastro de Inadimplentes, Repetição do Indébito
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ROSEMARRY BARROS DA SILVA (INTERESSADO)
OI MOVEL S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL
(INTERESSADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
41457 29/05/2023 07:55 Petição Inicial Petição Inicial
598
41457 29/05/2023 07:55 ROSE MARRY 01 Petição
599
41457 29/05/2023 07:55 ROSE MARRY 02 Petição
600
41457 29/05/2023 07:55 ROSE MARRY 03 Petição
601
41457 29/05/2023 07:55 ROSE MARRY 04 Petição
602
41457 29/05/2023 07:55 ROSE MARRY 05 Petição
603
41532 31/05/2023 08:46 Decisão Decisão
263
41617 31/05/2023 11:55 REDISTRIBUÍÇÃO Certidão
948
43368 07/07/2023 14:00 Sistema Sistema
885
43501 13/07/2023 15:50 Despacho Despacho
463
43946 20/07/2023 13:42 Sistema Sistema
888
43947 20/07/2023 13:49 Intimação Intimação
632
44826 09/08/2023 08:22 Petição Petição
371
44826 09/08/2023 08:22 PEDIDO DE SUSPENSAO DO PROCESSO - ROSE Petição
378 MARRY
44826 09/08/2023 08:22 Oi - Inicial Documentos
380
44826 09/08/2023 08:22 Decisao Processamento Documentos
383
44979 13/08/2023 05:58 Entregue (Ecarta) Entregue (Ecarta)
299
PETIÇÃO

Assinado eletronicamente por: HORACIO RIBEIRO DUTRA - 29/05/2023 07:55:03 Num. 41457598 - Pág. 1
https://tjpi.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23052907550323400000039002437
Número do documento: 23052907550323400000039002437
Assinado eletronicamente por: HORACIO RIBEIRO DUTRA - 29/05/2023 07:55:03 Num. 41457599 - Pág. 1
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Número do documento: 23052907550331900000039002438
Assinado eletronicamente por: HORACIO RIBEIRO DUTRA - 29/05/2023 07:55:03 Num. 41457599 - Pág. 2
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Número do documento: 23052907550331900000039002438
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Número do documento: 23052907550344100000039002439
Assinado eletronicamente por: HORACIO RIBEIRO DUTRA - 29/05/2023 07:55:03 Num. 41457600 - Pág. 2
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Número do documento: 23052907550344100000039002439
26/04/2023 11:39 drcalc.net/correcao2.asp?descricao=&valor=5000%2C00&diainiSelect=21&mesiniSelect=7&anoiniSelect=2019&diafimSelec…

 
 Cálculo de Atualização Monetária

Dados básicos informados para cálculo


Descrição do cálculo  
Valor Nominal R$ 5.000,00
JF-Condenatórias em Geral (Res.267/2013) - Calculado pro-
Indexador e metodologia de cálculo
rata die.
Período da correção 21/07/2019 a 01/05/2023
Taxa de juros (%) 1 % a.m. simples
Período dos juros 21/07/2019 a 05/05/2023

Dados calculados
Fator de correção do período 1380 dias 1,269059
Percentual correspondente 1380 dias 26,905915 %
Valor corrigido para 01/05/2023 (=) R$ 6.345,30
Juros(1384 dias-46,13333%) (+) R$ 2.927,30
Sub Total (=) R$ 9.272,60
Valor total (=) R$ 9.272,60

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drcalc.net/correcao2.asp?descricao=&valor=5000%2C00&diainiSelect=21&mesiniSelect=7&anoiniSelect=2019&diafimSelect=5&mesfimSelect=5… 1/1

Assinado eletronicamente por: HORACIO RIBEIRO DUTRA - 29/05/2023 07:55:03 Num. 41457601 - Pág. 1
https://tjpi.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23052907550355100000039002440
Número do documento: 23052907550355100000039002440
26/04/2023 11:24 online (2).html

Processo nº 0012284-23.2017.818.0081

SENTENÇA

Vistos, etc.

Dispensado o relatório, decido.

PRELIMINAR DE COISA JULGADA

Não há qualquer ofensa à coisa julgada, em relação ao acordo celebrado entre as partes perante
o órgão de proteção ao crédito (PROCON), pois o referido fenômeno somente é observado entre
processos judiciais e não entre processo judicial e  administrativo, caracterizado pela
independência de instâncias, haja vista no Brasil não adotamos o chamado sistema contencioso
administrativo e sim o de Jurisdição única. 

Ademais, é imperioso ressaltar com a vigência do Novo CPC, no capítulo das normas
fundamentais do processo civil, este reproduz norma constitucional, em seu art. 3° " Não se
excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito". Assim, se houver ameaça ou lesão
a direito subjetivo, esses atos podem ser objeto de análise pelo Judiciário, o que é o caso dos
autos.

Portanto, por tais fundamento, afasto a preliminar suscitada.

Sem mais preliminares, passo a analise do mérito.

DO MÉRITO

Restou formada a convicção deste juízo pela procedência da demanda, eis que demonstrado nos
autos pela autora que houve a rescisão contratual do seu plano oi conta total linha light que era
mantido junto a ré, esta deu plena quitação das obrigações ali existente, conforme acordo
celebrado perante o Procon (evento 1.2). Entretanto, a demandada descumprindo os termos ali
acordados, cobrou e negativou os débitos que já deveriam ter sido cancelados.  Neste sentido,
houve a publicização negativa e indevida do nome da autora, o que lhe certamente causou lesão
a personalidade, o que é capaz de ensejar a reparação pretendida.

Neste mote, a autora demonstrou o fato constitutivo do seu direito, ao juntar extrato de anotação
do SPC/SERASA, ao passo que a ré não provou qualquer fato impeditivo, modificativo ou extintivo
do direito do autor, ônus que lhe cabia, conforme previsto no artigo 373, inciso II, do CPC.

RESPONSABILIDADE CIVIL

Ressalto que ao feito aplicam-se às normas que se inferem do Código de Defesa do Consumidor,
na medida em que há identificação delas com o conceito de consumidor e de fornecedor,
oferecidos pelos artigos 2º e 3º do CDC.

Neste sentido, a teor do art. 14 do CDC, o fornecedor de serviços responderá, independentemente


da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços.

Assim, para a pretendida responsabilização é necessária a constatação apenas da conduta


atribuída ao fornecedor, o dano sofrido pelo autor, na qualidade de consumidor, e a relação de
file:///C:/Users/Camila/Downloads/online (2).html 1/2

Assinado eletronicamente por: HORACIO RIBEIRO DUTRA - 29/05/2023 07:55:03 Num. 41457602 - Pág. 1
https://tjpi.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23052907550365400000039002441
Número do documento: 23052907550365400000039002441
26/04/2023 11:24 online (2).html

causalidade entre ambos, sem necessidade de incursão sobre a culpabilidade. E tais


circunstâncias são encontradas no caso, na medida em que foi demonstrada a cobrança e 
negativação indevida do nome do consumidor, sem a existência de qualquer dívida entre as
partes, bem como a circunstância da inscrição indevida com abalo à moral, além da relação de
causalidade entre tais fatos. Existente, portanto, a responsabilidade civil.

DANO MORAL - NEGATIVAÇÃO INDEVIDA

A respeito do dano de ordem moral, reputo que, na linha do art. 944 do Código Civil, a
jurisprudência recomenda a fixação do quantum seja feito com moderação, proporcionalidade e
razoabilidade, atentando-se às peculiaridades de cada caso, norteando-se o magistrado tanto pelo
cumprimento do caráter dúplice - Compensatório e punitivo - da indenização, quanto pela
preocupação em não se constituir a mesma em causa de enriquecimento ilícito por parte da
vítima.

Cabe salientar que o dano à dignidade do autor apresenta severidade nos autos, uma vez que foi
negativado por conduta irregular praticada pela fornecedora. Esta, por sua vez, por descuido no
trato de seus negócios, sem observar a exatidão e certeza da dívida, deu causa ao ilícito já
mencionado.

Avaliada a condição financeira que a autora demonstra nos autos e a gravidade dos danos, bem
ponderada, ainda, a notoriedade das empresas requeridas, resolvo arbitrar a indenização do dano
moral no montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

DISPOSITIVO

DO EXPOSTO, resolvo o mérito, na forma do art. 487, I, do NCPC, e mantenho a liminar


concedida em seus termos, para Declarar a inexistência do débito de R$ 157,21 (cento e
cinquenta sete reais e vinte um centavos), referente ao contrato de n° 5093244684934, bem como
condeno a parte promovida a pagar a autora pelos danos morais sofridos no montante de R$
5.000,00 (cinco mil reais), com juros e correção monetária desde o arbitramento;

Sem custas e honorários advocatícios a teor do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

Publique-se, registre-se, intimem-se.

Com o trânsito em julgado, arquive-se.

Parnaíba, 21 de junho de 2019.

Max Paulo Soares de Alcântara


JUIZ DE DIREITO

file:///C:/Users/Camila/Downloads/online (2).html 2/2

Assinado eletronicamente por: HORACIO RIBEIRO DUTRA - 29/05/2023 07:55:03 Num. 41457602 - Pág. 2
https://tjpi.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23052907550365400000039002441
Número do documento: 23052907550365400000039002441
26/04/2023 11:22 online (1).html

CERTIDÃO
Certifico que a sentença evento 40, transitou em julgado.
De ordem do MM. Juiz de Direito, procedi ao arquivamento
dos presentes autos, tendo em vista que sua eventual execução
deverá ser executada no sistema PJE, determinado no Provimento conjunto
nº 11/2016. Dou fé.
Em 27.09.2019
Julio Bezerra
Diretor de Secretaria

file:///C:/Users/Camila/Downloads/online (1).html 1/1

Assinado eletronicamente por: HORACIO RIBEIRO DUTRA - 29/05/2023 07:55:03 Num. 41457603 - Pág. 1
https://tjpi.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23052907550376700000039002442
Número do documento: 23052907550376700000039002442
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE PARNAÍBA - NASSAU
Rua Joaquim Frota Aguiar, 15, sala 02 - CEP 64210-220 - Parnaíba/PI
E-mail: jecc2.phb@tjpi.jus.br - Fone: (86) 3323-0547

PROCESSO Nº: 0801611-93.2023.8.18.0123


CLASSE: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436)
ASSUNTO: [Inclusão Indevida em Cadastro de Inadimplentes, Repetição do
Indébito]
AUTOR(A): ROSEMARRY BARROS DA SILVA
RÉU(S): OI MOVEL S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL

DECISÃO
Rh.
Verifico que não há tutela de urgência a ser analisada, visto que a petição de ID
n.º 41457599 se trata da petição inicial do processo originário.
Para correção, determino:
a) o cancelamento da audiência UNA designada no sistema, com
a retificação da classe processual para CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA;
b) a redistribuição do feito ao JECC de Parnaíba - SEDE, como
forma de resguardar a continuidade do processo na unidade
jurisdicional de origem (prevenção).
Expedientes necessários.
Cumpra-se.
Parnaíba, datada e assinada eletronicamente.
Max Paulo Soares de Alcântara
JUIZ DE DIREITO

Assinado eletronicamente por: MAX PAULO SOARES DE ALCANTARA - 31/05/2023 08:46:12 Num. 41532263 - Pág. 1
https://tjpi.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23053108461223400000039072498
Número do documento: 23053108461223400000039072498
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE PARNAÍBA - NASSAU
Rua Joaquim Frota Aguiar, 15, sala 02 - CEP 64210-220 - Parnaíba/PI
E-mail: jecc2.phb@tjpi.jus.br - Fone: (86) 3323-0547

PROCESSO Nº: 0801611-93.2023.8.18.0123


CLASSE: CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (156)
ASSUNTO(S): [Inclusão Indevida em Cadastro de Inadimplentes, Repetição do
Indébito]

CERTIDÃO
Certifico que em atendimento ao despacho/decisão do MM. Juiz, Id. 41532263, procedi
a REDISTRIBUÍÇÃO da presente demanda para o Juizado Especial SEDE, visto o
processo principal de nº 0012284-23.2017.818.0081( PROJUDI ), haver iniciado
naquela Unidade Judiciária.
O referido é verdade. Dou fé.

Parnaíba, 31 de maio de 2023.


MARTA MARIA OLIVEIRA ARAUJO
Secretaria do JECC Parnaíba Anexo II NASSAU

Assinado eletronicamente por: MARTA MARIA OLIVEIRA ARAUJO - 31/05/2023 11:55:58 Num. 41617948 - Pág. 1
https://tjpi.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23053111555796000000039153184
Número do documento: 23053111555796000000039153184
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ
JECC Parnaíba Sede Cível
Avenida Dezenove de Outubro, 3495, Bloco B, Térreo, Alberto Silva, PARNAÍBA - PI - CEP:
64209-060

PROCESSO Nº: 0801611-93.2023.8.18.0123


CLASSE: CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (156)
ASSUNTO: [Inclusão Indevida em Cadastro de Inadimplentes, Repetição do Indébito]
INTERESSADO: ROSEMARRY BARROS DA SILVA
INTERESSADO: OI MOVEL S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL

CERTIDÃO

Certifico que, nesta data, faço a conclusão do presente processo para Despacho.

PARNAÍBA, 7 de julho de 2023.


ISADORA NERIS TELES
JECC Parnaíba Sede Cível

Assinado eletronicamente por: Usuário do sistema - 07/07/2023 14:00:25, Usuário do sistema - 07/07/2023 14:00:25 Num. 43368885 - Pág. 1
https://tjpi.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23070714002558800000040799738
Número do documento: 23070714002558800000040799738
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE PARNAÍBA - JECC Parnaíba Sede Cível
Avenida Dezenove de Outubro, 3495, Bloco B, Térreo, Alberto Silva, PARNAÍBA - PI - CEP: 64209-060
E-mail: jecc.phb@tjpi.jus.br - Fone: (86) 3322-3273

PROCESSO Nº: 0801611-93.2023.8.18.0123


CLASSE: CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (156)
ASSUNTO: [Inclusão Indevida em Cadastro de Inadimplentes, Repetição do
Indébito]
AUTOR: ROSEMARRY BARROS DA SILVA
RÉU: OI MOVEL S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL

DESPACHO
Rh.
Intime-se a parte devedora para que, no prazo de 15 (quinze) dias, efetue o
pagamento voluntário da condenação (art. 52, IV, da Lei n.º 9.099/95), advertindo-
a de que, em não sendo efetuado no prazo assinado, ao montante será acrescido
multa de 10 % (dez por cento), com a consequente expedição de mandado de
penhora e avaliação (art. 523, § 1.º, do CPC).
Cumpra-se.
Parnaíba, datado e assinado eletronicamente.
Max Paulo Soares de Alcântara
JUIZ DE DIREITO

Assinado eletronicamente por: MAX PAULO SOARES DE ALCANTARA - 13/07/2023 15:50:07 Num. 43501463 - Pág. 1
https://tjpi.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23071315500701000000040924154
Número do documento: 23071315500701000000040924154
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ
JECC Parnaíba Sede Cível
Avenida Dezenove de Outubro, 3495, Bloco B, Térreo, Alberto Silva, PARNAÍBA - PI - CEP:
64209-060

PROCESSO Nº: 0801611-93.2023.8.18.0123


CLASSE: CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (156)
ASSUNTO: [Inclusão Indevida em Cadastro de Inadimplentes, Repetição do Indébito]
INTERESSADO: ROSEMARRY BARROS DA SILVA
INTERESSADO: OI MOVEL S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL

CERTIDÃO

CERTIFICO QUE, até esta data (20 de julho de 2023), os seguintes documentos
foram juntados inicialmente. Conforme Provimento Conjunto Nº 29/2020 -
PJPI/TJPI/SECPRE as cópias de todos os documentos de atos processuais até a
presente data praticados podem ser visualizadas, utilizando as chaves de acesso
a b a i x o , a c e s s a n d o o s í t i o

https://tjpi.pje.jus.br/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam :
Documentos associados ao processo

Título Tipo Chave de acesso**


Petição Inicial Petição Inicial 23052907550323400000039002437
ROSE MARRY 01 Petição 23052907550331900000039002438
ROSE MARRY 02 Petição 23052907550344100000039002439
ROSE MARRY 03 Petição 23052907550355100000039002440
ROSE MARRY 04 Petição 23052907550365400000039002441
ROSE MARRY 05 Petição 23052907550376700000039002442
Decisão Decisão 23053108461223400000039072498
REDISTRIBUÍÇÃO Certidão 23053111555796000000039153184
Sistema Sistema 23070714002558800000040799738
Despacho Despacho 23071315500701000000040924154

O referido é verdade e dou fé.

PARNAÍBA-PI, 20 de julho de 2023.

ZULEIDE MARIA NASCIMENTO DA SILVA


Secretaria do(a) JECC Parnaíba Sede Cível

Assinado eletronicamente por: Usuário do sistema - 20/07/2023 13:42:49, Usuário do sistema - 20/07/2023 13:42:49 Num. 43946888 - Pág. 1
https://tjpi.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23072013424895500000041343114
Número do documento: 23072013424895500000041343114
PROCESSO Nº: 0801611-93.2023.8.18.0123
CLASSE: CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (156)
ASSUNTO: [Inclusão Indevida em Cadastro de Inadimplentes, Repetição do Indébito]
INTERESSADO: ROSEMARRY BARROS DA SILVA
INTERESSADO: OI MOVEL S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL

CARTA DE INTIMAÇÃO

QUALIFICAÇÃO DA PARTE: OI MOVEL S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL


Avenida Frei Serafim, 1.782, sala 01, Centro, TERESINA - PI - CEP: 64001-020
FINALIDADE: INTIMAÇÃO da parte devedora para que, no prazo de 15 (quinze)dias, efetue o
pagamento voluntário da condenação (art. 52, IV, da Lei n.º 9.099/95), advertindo-a de
que, em não sendo efetuado no prazo assinado, ao montante será acrescido multa de
10 % (dez por cento), com a consequente expedição de mandado de penhora e
avaliação (art. 523, § 1.º, do CPC).
Conforme Provimento Conjunto Nº 29/2020 - PJPI/TJPI/SECPRE as cópias de todos os documentos de
atos processuais até a presente data praticados podem ser visualizadas, utilizando a chave de acesso
abaixo, acessando o sítio https://tjpi.pje.jus.br/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam .
Documento Chave de acesso QR CODE

Certidão relação dos documentos do processo 23072013424895500000041343114

PARNAÍBA-PI, 20 de julho de 2023.

ZULEIDE MARIA NASCIMENTO DA SILVA


Secretaria do(a) JECC Parnaíba Sede Cível

Assinado eletronicamente por: ZULEIDE MARIA NASCIMENTO DA SILVA - 20/07/2023 13:49:28 Num. 43947632 - Pág. 1
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Número do documento: 23072013492868600000041343757
.

Assinado eletronicamente por: KAMILA CUNHA RODRIGUES - 09/08/2023 08:22:31 Num. 44826371 - Pág. 1
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Número do documento: 23080908223139800000042169505
Mário Roberto Pereira de Araújo Anderson Francisco Silva Alves
Marcelo Leonardo de Melo Simplício João Cleto Baratta Monteiro Sousa
Carlos Márcio Gomes Avelino Alcindo Luiz Lopes de Sousa
Luciano Machado de Oliveira Janille Nunes Correia
Mônica Maria Frazão Brito Cerqueira Isabel Mendes de Carvalho Correia Lima
Ana Teresa Nunes D´ Albuquerque Thiago de Sousa Val
Fernando do Nascimento Rocha Isabele Fortes de Sales Raulino
Mário Andretty Coelho de Sousa Roberta Mendes de Araújo
Liana Erika de Sousa Téssio da Silva Tôrres

EXMO. SR DR. JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL


CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE PARNAÍBA - PI

Ref. ao Processo:0801611-93.2023.818.0123

OI S.A. – em recuperação judicial, nos autos em referência, em curso perante


esse MM. Juízo, vem, por seus advogados abaixo assinados, em atenção aos
arts. 6º, § 4º, e 49, da Lei nº 11.101/2005, expor e requerer a V.Exa. o seguinte:

FATO NOVO RELEVANTE: DEFERIMENTO DO


PROCESSAMENTO DA NOVA RECUPERAÇÃO JUDICIAL DO
GRUPO OI

1. Em 31.1.2023, o Grupo Oi requereu tutela de urgência cautelar,


em caráter antecedente, preparatória para seu novo pedido de recuperação
judicial, para que fossem antecipados alguns dos efeitos do seu processamento,
como forma de garantir a preservação das suas atividades empresariais
(processo nº 0809863-36.2023.8.19.0001). No dia 2.2.2023, o MM. Juízo da 7ª
Vara Empresarial do Rio de Janeiro proferiu decisão em que concedeu a tutela
cautelar e antecipou em parte os efeitos do processamento da recuperação
judicial, especialmente aqueles que garantissem a preservação do caixa das
empresas, tais como o sobrestamento de qualquer prática de ato constritivo
contra o Grupo Oi.

2. No dia 1º.3.2023, o Grupo Oi emendou a inicial do pedido


cautelar antecedente, para apresentar seu pedido de recuperação judicial ao MM.
Juízo da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro (doc em anexo).

3. Posteriormente, no dia 16.3.2023, o MM. Juízo da 7ª Vara


Empresarial do Rio de Janeiro deferiu o processamento da nova

Assinado eletronicamente por: KAMILA CUNHA RODRIGUES - 09/08/2023 08:22:31 Num. 44826378 - Pág. 1
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Número do documento: 23080908223147300000042169512
Mário Roberto Pereira de Araújo Anderson Francisco Silva Alves
Marcelo Leonardo de Melo Simplício João Cleto Baratta Monteiro Sousa
Carlos Márcio Gomes Avelino Alcindo Luiz Lopes de Sousa
Luciano Machado de Oliveira Janille Nunes Correia
Mônica Maria Frazão Brito Cerqueira Isabel Mendes de Carvalho Correia Lima
Ana Teresa Nunes D´ Albuquerque Thiago de Sousa Val
Fernando do Nascimento Rocha Isabele Fortes de Sales Raulino
Mário Andretty Coelho de Sousa Roberta Mendes de Araújo
Liana Erika de Sousa Téssio da Silva Tôrres

recuperação judicial do Grupo Oi, na forma do art. 52 da Lei nº 11.101/2005,


para determinar “a suspensão das execuções ajuizadas pelos credores particulares do sócio
solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial, nos termos do art.
6º, incisos I e II da Lei 11.101/2005 (doc. 1). Confira-se:

“Pelo exposto, nos termos do art. 52 da Lei 11.101/2005,


DEFIRO o processamento, em litisconsórcio processual e
consolidação substancial, da recuperação judicial de OI S.A.,
inscrita no CNPJ sob o nº 76.535.764/0001-43, com sede e
principal estabelecimento na Rua do Lavradio nº 71, Centro, na
Cidade e Estado do Rio de Janeiro, CEP 20230-070,
PORTUGAL TELECOM INTERNATIONAL FINANCE
B.V., pessoa jurídica de direito privado constituída de acordo com
as Leis da Holanda, com sede em Delflandlaan 1 (Queens Tower),
1062 EA, Amsterdam, Holanda, e principal estabelecimento nesta
cidade do Rio de Janeiro e OI BRASIL HOLDINGS
COÖPERATIEF U.A., pessoa jurídica de direito privado
constituída de acordo com as Leis da Holanda, inscrita no CNPJ
sob o nº 16.770.090/0001-30, com sede em Delflandlaan 1
(Queens Tower), 1062 EA, Amsterdam, Holanda, e principal
estabelecimento nesta cidade do Rio de Janeiro. Para tanto (...)
a) a suspensão do curso da prescrição das obrigações das
devedoras sujeitas ao regime desta Lei, bem como a suspensão das
execuções ajuizadas pelos credores particulares do sócio solidário,
relativas a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial,
nos termos do art. 6º, incisos I e II da Lei 11.101/2005;
b) a suspensão da publicidade dos protestos e inscrições nos
órgãos de proteção ao crédito em face das Recuperandas, pelo
prazo de 180 dias, contados a partir da decisão que concedeu a
tutela cautelar antecedente (ID 45335542);
c) a proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora,
sequestro, busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial

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Mário Roberto Pereira de Araújo Anderson Francisco Silva Alves
Marcelo Leonardo de Melo Simplício João Cleto Baratta Monteiro Sousa
Carlos Márcio Gomes Avelino Alcindo Luiz Lopes de Sousa
Luciano Machado de Oliveira Janille Nunes Correia
Mônica Maria Frazão Brito Cerqueira Isabel Mendes de Carvalho Correia Lima
Ana Teresa Nunes D´ Albuquerque Thiago de Sousa Val
Fernando do Nascimento Rocha Isabele Fortes de Sales Raulino
Mário Andretty Coelho de Sousa Roberta Mendes de Araújo
Liana Erika de Sousa Téssio da Silva Tôrres

sobre os bens dos devedores, oriunda de demandas judiciais ou


extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à
recuperação judicial, por força da previsão do art. 6º, III, da Lei
11.101/2005, bem como do caráter erga omnes da decisão que
defere o processamento da recuperação judicial e da competência
absoluta deste Juízo;
d) a manutenção das fianças judiciais e dos seguros garantia
judiciais prestados por terceiros em favor das Requerentes, que
tenham por objeto garantir créditos concursais, com a
consequente proibição de liquidação e/ou execução de tais
instrumentos de garantia de processos, sob pena de violação do
princípio da pars conditio creditorum.
Esclareço que, deferida a recuperação judicial, excetuada as
exceções legais, a ela estarão sujeitos todos os créditos ainda
que não vencidos, existentes na data do pedido (art. 49 da
Lei 11.101/2005). Efetivamente, os créditos sujeitos à
recuperação judicial não podem ser satisfeitos fora do seu âmbito
processual, sob pena de quebra da paridade entre os credores,
ainda que haja garantia processual para sua satisfação, visto que, a
partir da deflagração do novo regime, devem ser observados todos
os comandos ditados pela Lei Especial da Recuperação Judicial,
que neste sentido expressamente dispõe em seu art. 59: "O Plano
de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e
obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias,
observado o disposto no § 1º do art. 50 desta Lei.".

4. Com efeito, conforme constou na r. decisão que deferiu o


processamento da nova recuperação judicial do Grupo Oi, o art. 49 da Lei nº
11.101/2005 prevê que todos os créditos existentes na data do novo pedido de
Recuperação Judicial formulado pelo devedor devem se submeter ao processo
de Recuperação Judicial. Essa medida tem por escopo viabilizar a superação da
circunstancial crise econômico-financeira do devedor, bem como conferir

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Marcelo Leonardo de Melo Simplício João Cleto Baratta Monteiro Sousa
Carlos Márcio Gomes Avelino Alcindo Luiz Lopes de Sousa
Luciano Machado de Oliveira Janille Nunes Correia
Mônica Maria Frazão Brito Cerqueira Isabel Mendes de Carvalho Correia Lima
Ana Teresa Nunes D´ Albuquerque Thiago de Sousa Val
Fernando do Nascimento Rocha Isabele Fortes de Sales Raulino
Mário Andretty Coelho de Sousa Roberta Mendes de Araújo
Liana Erika de Sousa Téssio da Silva Tôrres

tratamento igualitário a todos os credores.

5. E os créditos sujeitos à recuperação judicial, conforme


entendimento vinculante do e. Superior Tribunal de Justiça, consolidado no
julgamento de recursos especiais afetados à sistemática dos repetitivos (Tema
1.051), são aqueles cujos fatos geradores sejam anteriores à data do pedido de
recuperação judicial, como ocorre no presente caso. Veja-se:

“RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. DIREITO


EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CRÉDITO.
EXISTÊNCIA. SUJEIÇÃO AOS EFEITOS DA
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ART. 49, CAPUT, DA LEI Nº
11.101/2005. DATA DO FATO GERADOR. 1. Recurso
especial interposto contra acórdão publicado na vigência do
Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos
nºs 2 e 3/STJ). 2. Ação de reparação de danos pela cobrança
indevida de serviços não contratados. Discussão acerca da sujeição
do crédito aos efeitos da recuperação judicial. 3. Diante da opção
do legislador de excluir determinados credores da recuperação
judicial, mostra-se imprescindível definir o que deve ser
considerado como crédito existente na data do pedido, ainda que
não vencido, para identificar em quais casos estará ou não
submetido aos efeitos da recuperação judicial. 4. A existência do
crédito está diretamente ligada à relação jurídica que se estabelece
entre o devedor e o credor, o liame entre as partes, pois é com
base nela que, ocorrido o fato gerador, surge o direito de exigir a
prestação (direito de crédito). 5. Os créditos submetidos aos
efeitos da recuperação judicial são aqueles decorrentes da atividade
do empresário antes do pedido de soerguimento, isto é, de fatos
praticados ou de negócios celebrados pelo devedor em momento
anterior ao pedido de recuperação judicial, excetuados aqueles
expressamente apontados na lei de regência. 6. Em atenção ao
disposto no art. 1.040 do CPC/2015, fixa-se a seguinte tese: Para
o fim de submissão aos efeitos da recuperação judicial, considera-
se que a existência do crédito é determinada pela data em que
ocorreu o seu fato gerador. 7. Recurso especial provido” (REsp nº
1.843.332/RS, Ministro Ricardo Villas Boas Cueva, Segunda
Seção, DJe 17.12.2020).

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Marcelo Leonardo de Melo Simplício João Cleto Baratta Monteiro Sousa
Carlos Márcio Gomes Avelino Alcindo Luiz Lopes de Sousa
Luciano Machado de Oliveira Janille Nunes Correia
Mônica Maria Frazão Brito Cerqueira Isabel Mendes de Carvalho Correia Lima
Ana Teresa Nunes D´ Albuquerque Thiago de Sousa Val
Fernando do Nascimento Rocha Isabele Fortes de Sales Raulino
Mário Andretty Coelho de Sousa Roberta Mendes de Araújo
Liana Erika de Sousa Téssio da Silva Tôrres

6. Ou seja, o eg. Superior Tribunal de Justiça, assim como o MM.


Juízo Recuperacional, consolidou o entendimento de que os créditos cujos fatos
geradores sejam anteriores ao pedido de recuperação judicial submetem-se aos
seus efeitos e, na forma do art. 59 da Lei nº 11.101/2005, devem ser pagos na
forma prevista no Plano.

7. No caso dos autos, o crédito postulado pelo requerente possui


origem em fato gerador anterior ao pedido de recuperação judicial, formulado
no dia 1º.3.2023, pois o fato gerador é DE 04/2017, e, portanto, se encontra
submetido aos efeitos da nova recuperação judicial do Grupo Oi, nos termos
do art. 49 da Lei nº 11.101/2005. Nesse caso, o crédito deverá ser pago na
forma do Plano de Recuperação Judicial que será apresentado, aprovado pelos
credores e homologado pelo Juízo da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro,
como prevê o art. 59 da Lei nº 11.101/2005.

8. Cabe destacar que os créditos sujeitos à primeira recuperação


judicial do Grupo Oi e ainda não quitados também serão sujeitos aos efeitos do
segundo processo recuperacional, uma vez que seus fatos geradores são
anteriores a 1º.3.2023. O mesmo ocorre para os créditos que não se sujeitavam
ao primeiro processo, mas que possuam fatos geradores anteriores a 1º.3º.2023,
na forma do art. 49 da Lei nº 11.101/2005.

9. Assim, considerando que o crédito perquirido pelo requerente está


sujeito à Recuperação Judicial da empresa, requer-se seja determinada a
suspensão desta execução/cumprimento de sentença, em atenção ao
disposto nos artigos arts. 6º, § 4º, 49 e 59 da Lei nº 11.101/2005 e à decisão
proferida por aquele MM. Juízo Recuperacional, pelo período de 180 (cento e
oitenta) dias, ressalvando-se eventuais prorrogações do prazo legal de
suspensão (stay period).

IMPOSSIBILIDADE DE ATOS CONSTRITIVOS DE BENS E ATIVOS


DA EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

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Marcelo Leonardo de Melo Simplício João Cleto Baratta Monteiro Sousa
Carlos Márcio Gomes Avelino Alcindo Luiz Lopes de Sousa
Luciano Machado de Oliveira Janille Nunes Correia
Mônica Maria Frazão Brito Cerqueira Isabel Mendes de Carvalho Correia Lima
Ana Teresa Nunes D´ Albuquerque Thiago de Sousa Val
Fernando do Nascimento Rocha Isabele Fortes de Sales Raulino
Mário Andretty Coelho de Sousa Roberta Mendes de Araújo
Liana Erika de Sousa Téssio da Silva Tôrres

10. Além da necessária suspensão deste feito, nos termos do art. 6º da


Lei nº 11.101/2005, e da decisão proferida pelo MM. Juízo Recuperacional, é
relevante destacar, ainda, que o MM. Juízo da Recuperação Judicial, na linha da
placitada jurisprudência do e. Superior Tribunal de Justiça, tem competência
exclusiva para deliberar sobre o patrimônio das empresas em Recuperação
Judicial.

11. Em outras palavras, a prática de atos de constrição contra o


patrimônio das sociedades em recuperação judicial somente poderá ser
analisada e determinada pelo Juízo da Recuperação Judicial, no caso em
questão, pelo MM. Juízo da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Confira-se
a jurisprudência consolidada do e. STJ nesse sentido:

“AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE


COMPETÊNCIA - RECUPERAÇÃO JUDICIAL -
EXECUÇÃO TRABALHISTA - PROSSEGUIMENTO - ATOS
CONSTRITIVOS - INVIABILIDADE - NECESSIDADE DE
EXAME PELO R. JUÍZO UNIVERSAL - JURISPRUDÊNCIA
CONSOLIDADA DA SEGUNDA SEÇÃO - DELIBERAÇÃO
UNIPESSOAL QUE CONHECEU DO CONFLITO E
DECLAROU A COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA
RECUPERAÇÃO JUDICIAL - INSURGÊNCIA DO
EXEQUENTE.
1. Destaca-se a competência deste Superior Tribunal de Justiça
para o exame do presente incidente, uma vez que envolve juízos
vinculados a Tribunais diversos, nos termos do que dispõe o artigo
105, inciso I, alínea "d", da Constituição Federal.
2. Iniciada a recuperação judicial, é mister que os atos constritivos
aos ativos da sociedade sejam submetidos ao Juízo
Recuperacional, sob pena de esvaziamento dos propósitos da
recuperação, mesmo após transcorrido o prazo de 180 dias (art.
6º, § 4º, da Lei 11.101/2005). Precedentes.
3. Agravo interno desprovido. (AgInt no CC n. 185.802/GO,
relator Ministro Marco Buzzi, Segunda Seção, julgado em
25/10/2022, DJe de 28/10/2022.)

12. Esse entendimento, inclusive, já foi adotado pelo e. Superior

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Mário Roberto Pereira de Araújo Anderson Francisco Silva Alves
Marcelo Leonardo de Melo Simplício João Cleto Baratta Monteiro Sousa
Carlos Márcio Gomes Avelino Alcindo Luiz Lopes de Sousa
Luciano Machado de Oliveira Janille Nunes Correia
Mônica Maria Frazão Brito Cerqueira Isabel Mendes de Carvalho Correia Lima
Ana Teresa Nunes D´ Albuquerque Thiago de Sousa Val
Fernando do Nascimento Rocha Isabele Fortes de Sales Raulino
Mário Andretty Coelho de Sousa Roberta Mendes de Araújo
Liana Erika de Sousa Téssio da Silva Tôrres

Tribunal de Justiça no caso concreto do Grupo Oi, no julgamento dos conflitos


de competência nº 149.545/RJ, 149.811/RJ, 150.936/RJ, 151.611/RJ,
152.221/RJ, 152.349/RJ, 152.742/RJ, 152.865/RJ, 153.982/RJ, 161.092/RJ,
entre outros.

13. Na decisão que deferiu o processamento da nova recuperação


judicial do Grupo Oi, o MM. Juízo da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro
destacou que está proibida “qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro,
busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens dos devedores, oriunda
de demandas judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação
judicial, por força da previsão do art. 6º, III, da Lei 11.101/2005, bem como do caráter
erga omnes da decisão que defere o processamento da recuperação judicial e da competência
absoluta deste Juízo” (doc. anexo).

14. Assim, a executada requer que seja reconhecida a impossibilidade


de prática de atos de constrição contra o patrimônio das empresas que
pertencem ao Grupo Oi, nos termos da placitada jurisprudência do e. Superior
Tribunal de Justiça.

CONCLUSÃO

15. Diante do exposto, com fundamento nos arts. 6º, § 4º, 49 e 59 da


Lei nº 11.101/2005 e em atenção à decisão proferida pelo MM. Juízo da 7ª Vara
Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, nos autos do
processo nº 0809863-36.2023.8.19.0001, que deferiu o processamento da nova
recuperação judicial do Grupo Oi (doc. Em anexo), confia a Oi em que V.
Exa. (i) determinará a imediata suspensão da presente execução, pelo período
de 180 (cento e oitenta) dias; e (ii) reconhecerá a impossibilidade de prática de
atos de constrição contra o patrimônio da Oi, nos termos da placitada
jurisprudência do e. Superior Tribunal de Justiça.

Nestes termos,
Pede deferimento.

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Mário Roberto Pereira de Araújo Anderson Francisco Silva Alves
Marcelo Leonardo de Melo Simplício João Cleto Baratta Monteiro Sousa
Carlos Márcio Gomes Avelino Alcindo Luiz Lopes de Sousa
Luciano Machado de Oliveira Janille Nunes Correia
Mônica Maria Frazão Brito Cerqueira Isabel Mendes de Carvalho Correia Lima
Ana Teresa Nunes D´ Albuquerque Thiago de Sousa Val
Fernando do Nascimento Rocha Isabele Fortes de Sales Raulino
Mário Andretty Coelho de Sousa Roberta Mendes de Araújo
Liana Erika de Sousa Téssio da Silva Tôrres

Teresina, 09 de agosto de 2023.

MÁRIO ROBERTO PEREIRA DE ARAÚJO


OAB/PI 2.209

KAMILA CUNHA RODRIGUES


OAB/PI 17.084

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EXMO. JUIZ DE DIREITO DA 7ª VARA EMPRESARIAL DA COMARCA DA
CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DISTRIBUIÇÃO URGENTE EM SEGREDO DE JUSTIÇA


RISCO DE DANO IRREPARÁVEL

Distribuição por prevenção ao Exmo. Juiz de Direito Fernando Cesar Ferreira Viana,
desta 7ª Vara Empresarial do TJRJ – recuperação judicial nº 0203711-65.2016.8.19.0001.

GRERJ nº 10634807057-03

OI S.A., sociedade anônima de capital aberto, inscrita no CNPJ

sob o nº 76.535.764/0001-43, com sede e principal estabelecimento na Rua do

Lavradio nº 71, Centro, na Cidade e Estado do Rio de Janeiro, CEP 20230-070

(“Oi” ou “Companhia”); PORTUGAL TELECOM INTERNATIONAL

FINANCE B.V., pessoa jurídica de direito privado constituída de acordo com as

Leis da Holanda, com sede em Delflandlaan 1 (Queens Tower), 1062 EA,

Amsterdam, Holanda, e principal estabelecimento nesta cidade do Rio de Janeiro

(“PTIF”); e OI BRASIL HOLDINGS COÖPERATIEF U.A., pessoa jurídica de

direito privado constituída de acordo com as Leis da Holanda, inscrita no CNPJ

sob o nº 16.770.090/0001-30, com sede em Delflandlaan 1 (Queens Tower), 1062

EA, Amsterdam, Holanda, e principal estabelecimento nesta cidade do Rio de

Janeiro (“Oi Coop”, e, em conjunto com a Oi e a PTIF, o “Grupo Oi” ou as

“Requerentes”), vêm, por seus advogados (doc. 1), à presença de V. Exa., com

fundamento nos art. 189 e 6º, § 12 da Lei nº 11.101/2005 (“LRF”) e nos art. 305 e

seguintes do CPC, requerer a prestação de TUTELA DE URGÊNCIA

CAUTELAR EM CARÁTER ANTECEDENTE PREPARATÓRIA DE

PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL, com base nos fatos e

fundamentos jurídicos a seguir expostos.

Assinado eletronicamente por: KAMILA CUNHA RODRIGUES - 09/08/2023 08:22:31 Num. 44826380 - Pág. 1
https://tjpi.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23080908223155200000042169514
Número do documento: 23080908223155200000042169514
I. CABIMENTO DA TUTELA CAUTELAR | NECESSÁRIA CONCESSÃO
DA MEDIDA URGENTE

1. Em razão do iminente risco de dano irreparável, a presente ação


tem como objetivo a prestação de tutela cautelar para, dentre outras proteções,
antecipar parcialmente os efeitos da decisão que defere o processamento da
recuperação judicial e, desta forma, garantir a preservação das atividades do
Grupo Oi, resguardando o resultado útil do processo de recuperação judicial a

ser ajuizado no prazo legal.

2. As Requerentes acabaram de sair do maior processo de recuperação

judicial da história do país (“1ª RJ”)1, o qual foi fundamental para preservar as

atividades do Grupo Oi, manter dezenas de milhares de empregos, viabilizar a


reestruturação de seus negócios e aprimorar a sua estrutura de capital.

3. Infelizmente, diversos fatores imprevisíveis, não controláveis, e a

sua situação econômico-financeira atual tornaram imprescindível recorrer à


proteção judicial para implementar nova etapa de sua reestruturação e garantir

a preservação da empresa, enquanto grande geradora de empregos e renda.

4. Apesar do inquestionável sucesso da 1ª RJ, que, por meio da


mudança de seu plano estratégico de atuação, com novo foco de operações
voltado a serviços de fibra ótica e incluindo a transferência para outros
investidores de parte de seus negócios, permitiu a redução substancial de seu

endividamento total, a estrutura de capital da Companhia continua

insustentável. São, aproximadamente, R$ 29 bilhões apenas em dívidas


financeiras, com os ECAs holders, bondholders e Bancos Nacionais, sendo que mais

1 Processo nº 0203711-65.2016.8.19.0001

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da metade desse valor está vinculada à moeda norte-americana, correndo o risco
de majoração em razão das flutuações cambiais.

5. Além disso, algumas premissas relativas ao ambiente regulatório

adotadas no âmbito da 1ª RJ não se concretizaram até o presente momento, por


razões alheias ao controle da Companhia. Apesar das alterações legais e
regulamentares promovidas, as iniciativas para a adaptação das concessões de
telefonia fixa, com objeto obsoleto e elevadíssima carga regulatória, ainda não

foram implementadas e caminham em ritmo lento. Disso resulta um elevado

consumo de recursos, decorrente dos impactos negativos da operação da

concessão de telefonia fixa, que a Companhia julgava, quando da 1ª RJ, já não


estariam mais comprometidos no presente momento.

6. Antes de recorrer novamente ao pedido de recuperação judicial, o


Grupo Oi investiu tempo e dinheiro nos últimos meses, inclusive com assessores

financeiros e jurídicos especializados, na tentativa de chegar a um acordo


extrajudicial com seus principais credores financeiros – Bondholders, ECAs holders
e Bancos Nacionais para “melhorar seu perfil de endividamento e continuar o

compromisso da Companhia em prosseguir com a execução de seu Plano Estratégico que


inclui executar todas as ações necessárias para reestabelecer a sua viabilidade a longo
prazo” (doc. 2).

7. Por meio das negociações realizadas, a Companhia passou a seus

credores uma visão de longo prazo de seus negócios (entre 2022 e 2031),
juntamente com a necessidade de renegociar e alongar a sua dívida financeira,

de forma a poder continuar executando com êxito seus principais objetivos, quais
sejam, a prestação de serviços de banda larga por meio de fibra ótica, soluções
em serviços para clientes corporativos e serviços de T.I. Ocorre que, infelizmente,
até a data de protocolo deste requerimento cautelar, não foi possível alcançar um

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acordo final com os principais credores financeiros, conforme prontamente
divulgado ao mercado (vide doc. 2).

8. Diante desse cenário e considerando a obrigação de pagar, em

curtíssimo espaço de tempo, centenas de milhões de reais relativos à essas


obrigações ora em negociação com os credores, o Grupo Oi não teve alternativa,
senão recorrer à antecipação cautelar parcial dos efeitos da decisão de
processamento da nova recuperação judicial para proteger seus ativos, sua

operação e os empregos de seus milhares de colaboradores.

9. O não pagamento de mais de R$ 600 milhões que vencem em


5.2.2023, dentre os quais mais de USD 82 milhões devidos a título de juros para
os Bondholders, acarretaria o vencimento antecipado da quase totalidade da

dívida financeira acima apontada, por conta das cláusulas de vencimentos


antecipado e cruzado previstas em seus contratos financeiros (doc. 3).

10. A medida ora pleiteada não é novidade para o judiciário carioca,


ainda mais depois da emblemática (e recentíssima) liminar concedida ao Grupo
Americanas pelo MM. Juízo da 4ª Vara Empresarial dessa Capital – e que está
sendo capaz de evitar a falência da referida empresa. Confira-se:

“Trata-se de Tutela de Urgência Cautelar em caráter antecedente,


preparatória de processo de Recuperação Judicial, com fundamento
nos artigos 189 e § 12º do art. 6º da Lei 11.101/05, formulado por
AMERICANAS S/A. (CNPJ 00.776.574/0006-60); sediada nesta Cidade
do Rio de Janeiro; BW2 DIGITAL LUX S.À.R.L e JSM GLOBAL S.À.R.L,
ambas sediadas em Luxemburgo, requerentes em conjunto, como GRUPO
AMERICANAS. (…) Analisando as questões trazidas pelas Requerentes,
em cotejo com os documentos que instruem a inicial e petição protocolizada
nesta data, o pleito cautelar merece acolhimento. A Lei nº 14.112/2020, ao
promover a atualização do microssistema insolvencial brasileiro,
fez incluir o § 12 ao artigo 6º, disciplinando a possibilidade de
antecipação total ou parcial dos efeitos do deferimento do

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processamento da recuperação judicial, em caráter cautelar, com
vistas a resguardar o resultado útil do processo, quando
demonstrados o perigo de dano irreparável e a existência de probabilidade
de direito, a justificar o deferimento da medida. A possibilidade de
imediata constrição de ativo relevante do devedor, por credores
sujeitos à Recuperação Judicial, com possível comprometimento de
sua restruturação, bem como, a demonstração dos requisitos do
artigo 48 da LRE, em análise conjuntural, são suficientes para, em
sede de cognição sumária, fundamentar o deferimento da pretensão.
(…) Como se sabe, a espinha dorsal do microssistema de
recuperação judicial reside no princípio da preservação da empresa
e sua função social, com esteio no artigo 47 da LRE, (…) Pelo
exposto, DEFIRO A TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE, nos
termos do § 12, do art. 6º da Lei nº 11.101/2005, e, por consequente,
determino: (i) o sobrestamento dos efeitos de toda e qualquer cláusula que
imponha vencimento antecipado das dívidas das Requerentes, em razão do
“fato de relevante” divulgado em 11.01.2023 e seus desdobramentos; (ii) a
sustação da exigibilidade de todas as obrigações relativas aos instrumentos
financeiros celebrados entre as Requerentes e as instituições relacionadas
no anexo 11 da petição inicial, e todas as entidades de seus grupos
econômicos e eventuais sucessores/cessionários a qualquer título, que
constituem créditos sujeitos a um eventual processo recuperacional,
inclusive nas obrigações em que as Requerentes figurem como avalistas;
(iii) a sustação dos efeitos do inadimplemento, inclusive, para
reconhecimento de mora; de qualquer direito de compensação contratual; e
de eventual pretensão de liquidação de operação com derivativos; (iv) a
sustação de qualquer arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e
constrição sobre os bens, derivados de demandas judiciais ou
extrajudiciais, sem a prévia análise deste Juízo Recuperacional; (v) a
preservação de todos os contratos necessários à operação do Grupo
Americanas, inclusive linhas de crédito e fornecimento; (vi) a imediata
restituição de todo e qualquer valor que os credores eventualmente tiverem
compensado, retido e/ou se apropriado, em virtude do fato relevante
veiculado ao mercado em 11/01/2023 e seus desdobramentos; (vii) a
suspensão de qualquer determinação de registros em cadastros de
inadimplentes referentes a créditos sujeitos ao processo de recuperação
principal. (viii) autorizar que esta decisão sirva de ofício, para que seja
apresentada pelas Requerentes, de forma judicial e/ou extrajudicial, a
credores, órgãos, instituições e interessados, bem como a processos
judiciais em que forem deferidos/efetivados bloqueios, arrestos, depósitos
ou cauções, para fins de obstar as constrições e efetivar a liberação destes
ativos., incluindo-se nesta ordem, o credor Banco BTG Pactual, ante a

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operação de compensação/resgate realizado pela instituição financeira,
noticiada pelas Requerentes na data de hoje. (…)”2

11. A referida decisão, inclusive, foi confirmada pela Exma. Des. Leila
Santos Lopes, da 15ª Câmara Cível desse Tribunal, que afirmou: “nos termos do
§12 do art. 6o da Lei 11.101/20051, os efeitos do deferimento do processamento da
recuperação judicial podem ser antecipados e modulados de modo a preservar os
interesses dos requerentes e, por conseguinte, do quadro geral de seus credores”.3

12. O MM. Juízo da 4ª Vara Empresarial também reconheceu que os


efeitos da decisão que concede a tutela de urgência em caráter antecedente, nos

limites estabelecidos, retroagem, ao menos, à data do pedido formulado, para


fins de controle de medidas expropriatórias realizadas sobre o patrimônio das

devedoras.

13. Até mesmo porque, como esclarece Fredie Didier Jr., “a partir desta

data [distribuição da demanda], surge a litispendência (a pendência da causa): o


processo existe, e para o autor todos os efeitos daí decorrentes se produzem”. Não por

outra razão, mutatis mutandis, a interrupção da prescrição, desde que a citação

seja válida, retroage à data do ajuizamento (CPC, art. 240, § 1o).

14. Medidas como essa são comuns e amplamente admitidas pelas


Varas Empresariais desse TJRJ e pelos Tribunais de Justiça do país4 sempre que

2 TJRJ, 4ª Vara Empresarial, Processo nº 0803087-20.2023.8.19.0001, Juiz de Direito Paulo Assed, proferida
em 13.1.2023.
3 TJRJ, 15ª CC, AI nº 0001512-13.2023.8.19.0000 Rel. Des. Leila Santos Lopes, Decisão Monocrática proferida

em 16.1.2023.
4 TJRJ, 5ª Vara Empresarial, Processo nº 0128941-91.2022.8.19.0001, Juíza de Direito Maria da Penha Nobre

Mauro, proferida em 20.5.2022. Nesse mesmo sentido: TJRJ, 6ª Vara Empresarial, Processo nº 0179320-
70.2021.8.19.0001, Juíza de Direito Maria Cristina de Brito Lima, proferida em 10.8.2021; TJRJ, 3ª Vara Cível
da Comarca de São João de Meriti, Processo nº 0001054-62.2022.8.19.0054, Juíza de Direito Claudia Maria de
Oliveira Motta, proferida em 2.2.2022; TJRS, Vara de Direito Empresarial, Recuperação de Empresas e
Falências da Comarca de Porto Alegre, Processo nº 5035686-71.2021.8.21.0001, proferida em 14.4.2021; TJSC,
Vara Regional de Recuperações Judiciais, Falências e Concordatas da Comarca de Florianópolis, Processo
nº 5024222-97.2021.8.24.0023, Juiz de Direito Luiz Henrique Bonatelli, proferida em 31.3.2021; TJSP, 1ª Vara

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necessárias para auxiliar sociedades empresárias a enfrentar crises econômico-
financeiras, em situações emergenciais, quando o risco de dano grave ou de
difícil reparação é iminente.

15. Recentemente, o Grupo Coesa, composto por sociedades do Grupo


OAS, que já havia tido a concessão da sua primeira recuperação judicial em
1.2.2016, teve seu requerimento de antecipação dos efeitos do processamento da
segunda recuperação judicial deferido pelo MM. Juízo da 1ª Vara de Falências e

Recuperações Judiciais da Comarca da Capital de São Paulo, na forma do art. 6º,

§ 12º, da Lei nº 11.101/2005. Isto é, no segundo pedido de recuperação judicial, foi

deferida a antecipação dos efeitos do processamento, para sobrestar as execuções


e quaisquer atos de retenção, arresto, penhora contra o patrimônio da devedora
(processo nº 1111746-12.2021.8.26.0100 – doc. 4).

16. O entendimento doutrinário segue a posição dos Tribunais, no

sentido de que cabe medida cautelar preparatória, a fim de preservar a


integridade patrimonial da devedora até o deferimento do processamento da
recuperação. Nesse sentido:

“A reforma acresceu o dispositivo em foco, consagrando


entendimento jurisprudencial que admitia tal antecipação, dado o
risco de danos à integridade patrimonial da devedora até que se
defira o processamento da recuperação. Deverá o devedor comprovar
a probabilidade de seu direito, demonstrando atender aos requisitos
subjetivos para a RJ, e expor com clareza o periculum in mora que
vislumbra. A tutela antecipada pode ser pedida em caráter
antecedente, dependendo da formulação do pedido da RJ em 30
dias, ou em caráter incidental, concomitantemente com o requerimento da
recuperação judicial, quando buscará apenas antecipar efeitos que
adviriam do deferimento do processamento. Isso é particularmente
importante quando o juiz determinar a constatação prévia, que retardará a
decisão de processamento. O juiz poderá suspender todas as execuções ou

Cível da Comarca de Jundiaí, Processo nº 1017078-04.2021.8.26.0309, Juiz de Direito Luiz Antonio de


Campos Júnior, proferida em 19.10.2021

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apenas aquelas que revelam risco iminente à integridade patrimonial da
autora. O juízo competente para a antecipação dos efeitos do stay period é
evidentemente aquele que teria competência para conhecimento da
recuperação judicial. Não há previsão na norma de que a antecipação dos
efeitos seja o termo inicial da fluência do prazo de 180 dias, o qual deve
seguir sendo computado do deferimento do processamento, pois se liga a
uma série de providências do processo concursal que só ocorrerão após
aquela decisão. Em outras palavras, o tempo antecipado pela decisão
judicial não deve ser descontado dos 180 dias previsto no parágrafo
4º”5

17. Por essas razões, o Grupo Oi pede a concessão da tutela de urgência


cautelar em caráter antecedente preparatória de pedido de recuperação, nos

termos da LRF, art. 189 e 6º, § 12 e CPC, art. 305 e seguintes, para antecipar

parcialmente os efeitos da decisão que defere o processamento e acolher os


requerimentos formulados nesta petição.

II. COMPETÊNCIA DESSE JUÍZO | PREVENÇÃO DA 7ª VARA


EMPRESARIAL DO TJRJ

18. Em 2016, as três sociedades Requerentes deste pedido cautelar

integraram o polo ativo da 1ª RJ, tendo sido reconhecida a competência desse

juízo para processar a recuperação judicial do Grupo Oi, nos termos da LRF, art.

5JÚNIOR, Ruy Pereira Camilo. Comentário ao art. 6º, § 12º da Lei de Recuperação de Empresas e Falência.
In: TOLEDO, Paulo Fernando Campos Salles de. Comentários à Lei de Recuperação de Empresas. São Paulo:
Thomson Reuters, 2021. pp. 114-115. No mesmo sentido: "Como se sabe, o direito material preservado na
Lei n. 11.101/2005 é a preservação da empresa em crise que se demonstra viável, sendo que, para alcançar
essa tutela prometida pelo direito material, o Judiciário deve lançar mão de todas as medidas processuais
cabíveis. Nesse sentido, o que prevê o § 12° do art. 6° não representa absolutamente nenhuma novidade,
uma vez que, por força do art. 189 da Lei n. 11.101/2005, sempre foi possível ao juízo da recuperação judicial
utilizar de todas as medidas processuais cabíveis para garantir a tutela efetiva do direito a ser tutelado. No
entanto, fato é que a positivação da possibilidade de utilização das tutelas provisórias para fins de
antecipação de stay period certamente diminui a carga argumentativa necessária, tanto para os advogados
(para justificar o pedido) como ao juízo (para conceder o pedido), trazendo maior segurança jurídica e maior
facilidade.” In GONÇALVES, Thaís Dudeque. Comentário ao art. 6º, § 12º da Lei de Recuperação de
Empresas e Falência. In: BONTEMPO, Joana Gomes Baptista. Comentários à lei de recuperação de empresas
e falência. Indaiatuba-SP: Editora Foco, 2022, p. 71.

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3º, por ser o Estado do Rio de Janeiro o local do principal estabelecimento da
Companhia.

19. Da mesma forma, por meio de decisão irrecorrida, esse Juízo da 7ª

Vara Empresarial reconheceu ter jurisdição e ser competente para processar o


pedido de recuperação judicial da PTIF e da Oi Coop (doc. 5). Isto porque, apesar
de sediadas no exterior, tais sociedades não operacionais foram apenas utilizadas
como veículos para captação de recursos a partir do exterior (prática muito

comum no mercado), voltados ao financiamento das atividades da Oi no Brasil,

cujo principal estabelecimento era (e ainda é) localizado na cidade do Rio de

Janeiro, onde se desenvolvem as suas atividades e tomam-se as suas principais


decisões.

20. As obrigações da PTIF e da Oi Coop, embora contraídas


originalmente no exterior mediante a emissão de bonds, sempre foram cumpridas

no Brasil, com lastro exclusivo nas operações brasileiras de sua controladora Oi,
única empresa operacional geradora de caixa, necessário para o pagamento de
quaisquer dívidas do grupo.

21. Não fosse o bastante, a competência desse Juízo para processar a


recuperação judicial da subsidiária holandesa Oi Coop foi questionada no âmbito

do procedimento auxiliar instaurado com base no Chapter 15 do Código de


Falências Norte Americano. Ao julgar o caso, o juízo do Distrito Sul de Nova

York, nos Estados Unidos, confirmou que é no Brasil que está localizado o COMI
– Center of Main Interest (centro de principais interesses) daquele veículo de

investimento holandês e do Grupo Oi (doc. 6).

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Número do documento: 23080908223155200000042169514
22. Finalmente, após a edição da Lei nº 14.112/2020, o Brasil incorporou
ao nosso sistema jurídico as regras da Lei Modelo da UNCITRAL para casos de
insolvência transnacionais, passando a adotar o mesmo conceito de COMI

utilizado pela Corte de Nova York para definir o tribunal competente, não
restando dúvida de que o Rio de Janeiro é o local no qual deve ser processado o
pedido de recuperação judicial de todas as sociedades do Grupo Oi – sejam elas
brasileiras ou estrangeiras (LRF, art. 69-G, § 2º)6.

23. A competência desse MM. Juízo para processar o pedido de

recuperação judicial do Grupo Oi, inclusive das sociedades estrangeiras, PTIF e

Oi Coop, portanto, é questão já decidida pelo Poder Judiciário Brasileiro e


também Estadunidense e está em consonância com as novas regras de
insolvência transnacional previstas na Lei nº 14.112/2020.

24. Sendo indiscutível a competência da comarca do Rio de Janeiro

para processar o novo pedido recuperacional do Grupo Oi, a presente ação deve
ser distribuída perante esse juízo da 7ª Vara Empresarial, pois, nos termos da
LRF, art. 6º, § 8º, c/c art. 50 do CPC, a “distribuição do pedido de falência ou de

recuperação judicial ou a homologação de recuperação extrajudicial previne a


jurisdição para qualquer outro pedido de falência, de recuperação judicial ou de
homologação de recuperação extrajudicial relativo ao mesmo devedor”.

25. Tendo em vista que a 1ª RJ foi distribuída perante essa 7ª Vara

Empresarial e considerando que a sentença de encerramento daquele


procedimento ainda não transitou em julgado,7 não restam dúvidas de que esse

6Art. 69-G. Os devedores que atendam aos requisitos previstos nesta Lei e que integrem grupo sob controle
societário comum poderão requerer recuperação judicial sob consolidação processual. (…) § 2º O juízo do
local do principal estabelecimento entre os dos devedores é competente para deferir a recuperação judicial
sob consolidação processual, em observância ao disposto no art. 3º desta Lei.
7 “Em matéria falimentar e recuperatória, segundo dispõe textualmente o §8º do art. 6º da LREF, ‘a

distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro
pedido de recuperação judicial ou de falência relativa ao mesmo devedor’ (sendo que ‘os efeitos da

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é o Juízo competente para processar e julgar a presente ação cautelar preparatória
para o novo pedido de recuperação judicial do Grupo Oi, o qual será distribuído
no prazo legal.

26. Não fosse o suficiente, há, ainda, requerimento de falência


distribuído por credor – de forma indevida – ainda em trâmite perante esse MM.
Juízo, após a realização de depósito elisivo (processo nº 0213353-
57.2019.8.19.0001), que também possui o condão de atrair a prevenção para

julgamento do novo pedido de recuperação judicial.

III. CONSOLIDAÇÃO PROCESSUAL E SUBSTANCIAL

27. Conforme reconhecido nos autos da 1ª RJ, é incontestável que as

Requerentes integram um mesmo grupo econômico, por exercerem suas


atividades de forma interligada, integrada e coordenada. Nos exatos termos da

decisão que deferiu o processamento da 1ª RJ:

“(…) Irrefragável que, a despeito da ausência de previsão na lei vigente, a


formação do litisconsórcio ativo na recuperação judicial é
absolutamente viável, em se tratando de empresas que integrem um
mesmo grupo econômico, de fato ou de direito. Nesse caso, mesmo
havendo empresas do grupo com operações concentradas em foros diversos,
o conceito ampliado de empresa (que deve refletir a dinamicidade do
mercado e no atual estágio do capitalismo com abrangência de grupos
econômicos), para os fins da LRF, permite estabelecer a competência do foro
do local em que se situa a principal unidade do grupo de sociedades.

prevenção disciplinada no artigo 6º, §8º, da lei n. 11.101/2006 para novos pedidos de falência ou de
recuperação judicial, contudo, se estendem apenas até o trânsito em julgado da sentença da demanda
anterior’). Essa é uma regra que complementa as disposições referentes à competência” (SCALZILLI, João
Pedro. SPINELLI, Luis Felipe. TELLECHEA, Rodrigo. Recuperação de empresas e falências: Grupo
Almedina, 2018. pp. 183-184)

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28. Na verdade, a interconexão entre as Requerentes é ainda mais
evidente do que quando do ajuizamento da 1ª RJ, haja vista que, em Assembleia
de Credores realizada em 19.12.2017, seus credores aprovaram a consolidação

substancial de ativos e passivos das três sociedades requerentes e a apresentação


de um plano unitário, por intermédio do qual todas se tornaram solidariamente
responsáveis pelo pagamento de toda a dívida sujeita aos efeitos da 1ª RJ, novada
pelo Plano de Recuperação Judicial da 1ª RJ, conforme aditado (“Plano” ou

“PRJ”).

29. Em 5.2.2018, esse Juízo homologou o plano unitário de recuperação

judicial em consolidação substancial, não tendo os credores interposto recurso


contra este capítulo da decisão, que transitou em julgado. Tendo a reestruturação
do passivo das três sociedades requerentes se dado em consolidação substancial,

implicando na confusão de ativos e passivos das devedoras, e considerando a


relação de controle, a atuação conjunta no mercado e a dependência entre as

Requerentes, a nova e futura recuperação judicial deverá se processar em


consolidação processual e substancial, pois a situação da crise experimentada
deverá ser equacionada de forma simultânea e idêntica para todas as
Requerentes (LRF, art. 69-J)8.

30. Até porque, com o advento da Lei nº 14.112/2020, que alterou e


incluiu novos dispositivos na LRF, a possibilidade de processamento de
recuperação judicial em litisconsórcio ativo formado por sociedades do mesmo

8 Art. 69-J. O juiz poderá, de forma excepcional, independentemente da realização de assembleia-geral,


autorizar a consolidação substancial de ativos e passivos dos devedores integrantes do mesmo grupo
econômico que estejam em recuperação judicial sob consolidação processual, apenas quando constatar a
interconexão e a confusão entre ativos ou passivos dos devedores, de modo que não seja possível identificar
a sua titularidade sem excessivo dispêndio de tempo ou de recursos, cumulativamente com a ocorrência de,
no mínimo, 2 (duas) das seguintes hipóteses: I - existência de garantias cruzadas; II - relação de controle ou
de dependência; III - identidade total ou parcial do quadro societário; e IV - atuação conjunta no mercado
entre os postulantes.

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grupo econômico, outrora admitida pela remansosa jurisprudência,9 restou
positivada, sem distinção quanto à localização das recuperandas (LRF, art. 69-G).

31. Portanto, deverá ser reconhecido o litisconsórcio ativo entre as

Requerentes, para que o pedido principal de recuperação judicial seja processado


em consolidação processual e substancial, nos termos da LRF, art. 69-G e 69-J,
respectivamente.

9 “AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESAS. INTERLOCUTÓRIA QUE DEFERIU O


PROCESSAMENTO DO REQUERIMENTO DAS DUAS PRIMEIRAS AGRAVANTES, QUE TÊM SEDE NO BRASIL, REJEITANDO,
CONTUDO, A POSTULAÇÃO DAS TERCEIRA E QUARTA RECORRENTES, AMBAS COM SEDE NA REPÚBLICA DA ÁUSTRIA.
IRRESIGNAÇÃO. REJEIÇÃO DA RECUPERAÇÃO CONJUNTA QUE NÃO SE AFIGURA SUSTENTÁVEL. FINALIDADE DO
INSTITUTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL CALCADA NA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA E DE SUA FUNÇÃO SOCIAL , ALÉM
DE TER POR ESCOPO O ESTÍMULO À ATIVIDADE ECONÔMICA (ART. 47 DA LEI N.º 11.101/2005). A EMPRESA NÃO
INTERESSA APENAS A SEU TITULAR (EMPRESÁRIO), MAS A DIVERSOS OUTROS ATORES DO PALCO ECONÔMICO
(TRABALHADORES, INVESTIDORES, FORNECEDORES, INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO E ESTADO). OGX PETRÓLEO E GÁS
PARTICIPAÇÕES S/A. QUE É A SOCIEDADE HOLDING E NÃO OPERACIONAL, CONTROLADORA DA OGX PETRÓLEO E GÁS
S/A., TITULAR DE 99,99% DO SEU CAPITAL SOCIAL. CONTROLE EXERCIDO DIRETA E INTEGRALMENTE TAMBÉM SOBRE A
OGX INTERNATIONAL GMBH E A OGX ÁUSTRIA GMBH CTVM S/A.. SOCIEDADES DE HOLDING COM RESPALDO NOS ARTS.
2º, § 3º, E 243, § 3º, DA LEI N.º 6.404/76. SOCIEDADES EMPRESÁRIAS ESTRANGEIRAS, NOTORIAMENTE SUBSIDIÁRIAS,
QUE APENAS CONSTITUEM A ESTRUTURA DE FINANCIAMENTO DE SUA CONTROLADORA NACIONAL , SERVINDO
COMO VEÍCULO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS, VISANDO A EMISSÃO DE “BONDS” E RECEBIMENTO DE RECEITAS NO
EXTERIOR. CONFIGURAÇÃO DE UM GRUPO ECONÔMICO ÚNICO, EM PROL DE UMA ÚNICA ATIVIDADE EMPRESARIAL,
CONSISTENTE NA EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL EM TERRITÓRIO NACIONAL . AUSÊNCIA DE
MANIFESTAÇÃO DOS CREDORES CONTRÁRIA A UM PLANO COMUM DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. LEGISLAÇÃO
AUSTRÍACA SOBRE INSOLVÊNCIA QUE ADMITE O RECONHECIMENTO DOS EFEITOS DO PROCESSO DE INSOLVÊNCIA
ESTRANGEIRO, QUANDO O CENTRO DE PRINCIPAL INTERESSE DO DEVEDOR (COMI) ESTÁ LOCALIZADO NO ESTADO
ESTRANGEIRO E O PROCESSO É, EM ESSÊNCIA, COMPARÁVEL AO AUSTRÍACO. ESTUDO DE VIABILIDADE ANEXADO AOS
AUTOS. FALTA DE PREVISÃO NORMATIVA QUANTO À APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ALÉM
DOS LIMITES TERRITORIAIS QUE , SE NÃO O AUTORIZA, POR OUTRO LADO, NÃO O VEDA. LACUNAS LEGISLATIVAS
DECIDIDAS DE ACORDO COM A ANALOGIA, OS COSTUMES E OS PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO (ART. 4º DA LEI DE
INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO). PREDOMÍNIO DA EQUIDADE, QUE BUSCA ADEQUAR A LEI ÀS
NOVAS CIRCUNSTÂNCIAS, A FIM DE QUE O ÓRGÃO JURISDICIONAL ACOMPANHE AS VICISSITUDES DA REALIDADE
CONCRETA. INOCORRÊNCIA DE TRANSMUTAÇÃO DO ESTADO JUIZ EM ESTADO LEGISLADOR POSITIVO . QUESTÃO
VERSADA QUE, POR SER DE RELEVANTE INTERESSE SOCIAL, NÃO PODE FICAR À MARGEM DA ANÁLISE JURISDICIONAL,
BEM PONDERADOS OS ASPECTOS DO CASO CONCRETO. NECESSIDADE DE REFORMA DA LEI DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL,
EXTRAJUDICIAL E FALÊNCIA DO EMPRESÁRIO E DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA , COLIMANDO TRATAR DA INSOLVÊNCIA
TRANSNACIONAL. PROVIMENTO DO RECURSO, CONFIRMANDO-SE O DEFERIMENTO DO EFEITO SUSPENSIVO ATIVO,
PARA REVOGAR A INTERLOCUTÓRIA AGRAVADA E DETERMINAR O PROCESSAMENTO CONJUNTO DA RECUPERAÇÃO
JUDICIAL DAS AGRAVANTES.” (TJRJ, 14ª CC, AI nº 0064658-77.2013.8.19.0000, Rel. Des. Gilberto Guarino, j.
20.2.2014)

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IV. A HISTÓRIA DO GRUPO OI E A IMPLEMENTAÇÃO DE EXITOSAS
MEDIDAS DE REESTRUTURAÇÃO

(A) O Grupo Oi antes da 1ª RJ

32. A atual estrutura do Grupo Oi surgiu com a privatização dos

serviços de telecomunicações no Brasil, ocorrida em 1998. Naquela ocasião, o


Brasil foi dividido em Regiões de atuação, tendo sido escolhido um modelo
jurídico de outorga a particulares para prestação de serviço em regime público.

33. No leilão de privatização, a Telemar Norte Leste S.A. (incorporada


pela Oi) ficou com a outorga de Serviço Telefônico Fixo Comutado (“STFC”)
Local e Nacional na Região I do Plano Geral de Outorga (“PGO”), composta pelos

Estados da região norte, exceto os Estados do Acre e Rondônia; região sudeste,

exceto São Paulo e algumas cidades no Estado de Minas Gerais; e região nordeste.

A Brasil Telecom S.A., por sua vez, ficou com a outorga de STFC Local e Nacional
na Região II do PGO, composta pelos Estados da região sul, exceto algumas
cidades no Estado do Paraná, e centro-oeste, exceto algumas cidades dos Estados
de Goiás e Mato Grosso do Sul, e pelos Estados do Acre e Rondônia.

34. As atividades do grupo tiveram início por meio da prestação do

STFC objeto da concessão, o que demandou um maciço investimento para

modernização, ampliação e manutenção de infraestrutura, bem como para


cumprimento de pesadas obrigações regulatórias. Com o passar dos anos e
diante dos avanços tecnológicos, da expansão do mercado, da alteração das
necessidades e demandas dos clientes, o Grupo Oi viu-se obrigado a incorporar
ao seu portfólio serviços de telefonia móvel, internet, TV por assinatura, dentre
outros.

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35. Por conta desses avanços tecnológicos, o Grupo Oi, que, após a
compra da Brasil Telecom Participações S.A. e subsidiárias, havia se tornado o
primeiro provedor de serviços de telecomunicações do Brasil com presença

nacional totalmente integrada, precisou fazer novamente bilionários


investimentos. Isto para modernizar sua rede, especialmente em meios de
transmissão por fibra ótica e regularização do mobiliário urbano para suas
instalações. Os pesados investimentos coincidiram com as contínuas demandas

e obrigações regulatórias da concessão de telefonia fixa, que permaneciam


demasiadamente amplas e custosas, mesmo mediante a grande transformação

tecnológica do ambiente de telecomunicações no Brasil e no mundo.

36. Os investimentos feitos pela Oi fizeram com que o grupo atingisse,


em 2016, uma rede com extensão de, aproximadamente, 330 mil km de cabos de

fibra ótica instalados e distribuídos por todos os estados brasileiros, o que


correspondia, à época, a um investimento de cerca de R$ 14,9 bilhões, mesmo

mantendo-se ainda como uma das maiores operadoras de telefonia fixa da


América do Sul, em número de linhas.

37. Nesse mesmo período, o Grupo Oi detinha 14,9 milhões de linhas


de telefonia fixa em operação, além de 47,7 milhões de usuários do serviço de
telefonia móvel, 5,7 milhões de acessos à internet banda larga fixa e 1,2 milhões
de assinaturas de TV.

38. Os números, por si só, demonstravam a envergadura do Grupo Oi.


Não fosse o bastante, a Oi atuava no mercado de atacado como uma das

principais fornecedoras de insumos para todas as demais operadoras brasileiras,


prestava serviços de telefonia e comunicação de dados, com exclusividade, para
o exército brasileiro, bem como reconstruiu e operava o sistema de
telecomunicações da estação Comandante Ferraz, na Antártica. Tais fatos

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evidenciavam que o grupo era (e ainda é) muito mais do que um conglomerado
de telefonia, mas também um vetor para o crescimento e desenvolvimento
econômico e social do país.

39. O tamanho e a importância da Oi para o Brasil também foram


demonstrados na petição inicial da 1ª RJ. No triênio que antecedeu o pedido, a
arrecadação tributária do Grupo Oi foi superior a R$ 30 bilhões. Além disso, a Oi
gerava quase 140 mil postos de trabalho, diretos e indiretos, sendo que desse total

37 mil eram apenas no Estado do Rio de Janeiro.

40. Não fosse o bastante, o Grupo Oi também foi responsável pela


infraestrutura de telecomunicações de eventos como a Copa do Mundo FIFA
Brasil 2014, o Rio +20, o Rock in Rio, a Jornada Mundial da Juventude e os Jogos

Mundiais Militares.

41. O papel do Grupo Oi no exercício da cidadania do povo brasileiro


também é notório, haja vista que seus serviços de telecomunicações viabilizam a
transmissão das informações referentes à apuração eletrônica de votos nas
eleições municipais, estaduais e nacional realizadas no país.10

42. Mesmo com todos esses marcos e sua posição consolidada como
maior grupo de telecomunicações brasileiro, a Companhia enfrentou grave crise
financeira no final da última década, detalhadamente explicada no capítulo com

as razões da crise na petição inicial da 1ª RJ (doc. 7).

10À época da 1ª RJ, o Grupo Oi proporcionava a integração entre as informações das 2.238 zonas e 12.969
seções eleitorais dos Tribunais Regionais Eleitorais de 21 Estados da Federação, o que possibilitava a
transmissão das informações sobre os números de votos ao Tribunal Superior Eleitoral, responsável pela
apuração e divulgação dos resultados das eleições em todo o país.

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(B) A primeira etapa da reestruturação do Grupo Oi

43. Diante da crise instalada e considerando a importância do Grupo


Oi para o Brasil, esse juízo, reconhecendo a viabilidade das empresas do grupo,
deferiu o processamento da 1ª RJ e deu início ao maior processo de recuperação
judicial que o Brasil já tinha visto.

44. Contando com a compreensão de seus credores, o Plano,


apresentado em 2017, foi aprovado e homologado prevendo (i) a conversão de
créditos bondholders no valor aproximado de R$ 11,6 bilhões em ações da OI S.A.;

(ii) implantação de Conselho de Administração independente; (iii) injeção de

R$ 4 bilhões em dinheiro novo para melhorar sua estrutura de caixa; e (iv)


captação de novos recursos no montante de até R$ 2,5 bilhões por meio de DIP
financing.

45. Mesmo após todas essas etapas terem sido cumpridas com êxito,

diversos fatores setoriais, somados à crise econômico-financeira – incluindo, mas


não se limitando à depreciação do Real em comparação com o Dólar Norte-

Americano, à elevação dos índices inflacionários e das taxas de juros do país, os


efeitos negativos da epidemia de Covid-19 que assolou o mundo inteiro, bem
como a lentidão na implementação de alterações no ambiente regulatório
pertinente às concessões conjuntamente com o declínio acelerado de suas receitas

pela diminuição constante de usuários de telefonia fixa – continuaram a

pressionar o caixa da Companhia, evidenciando a necessidade de uma mudança


de rota.

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46. Pautada em estudos elaborados por consultorias renomadas e após
muita discussão interna com profissionais experientes do setor de
telecomunicações, a Oi concluiu que seu futuro deveria estar focado no

provimento de serviços de banda larga em alta velocidade, pela exploração de


sua ampla malha de fibra espalhada pelo Brasil, assim como soluções em serviços
para clientes corporativos e serviços de T.I.

47. Após longo período de intensas negociações com seus credores, as

Requerentes apresentaram uma proposta de aditamento ao Plano (“APRJ” ou

“Aditamento”) que previa três grandes frentes para a nova etapa de

reestruturação do Grupo Oi: (i) venda de Unidades Produtivas Isoladas (“UPIs”)


formadas pelos ativos dos negócios que deixariam de integrar o seu core business,
a fim de gerar caixa para reduzir o endividamento da Companhia e permitir os

investimentos necessários na operação de banda larga; (ii) a obtenção de novos


financiamentos para tais fins, bem como para dar fôlego à companhia para

enfrentar os processos de aprovações regulatória e concorrencial das alienações


de UPIs; e (iii) o equacionamento das dívidas com a ANATEL.

48. Embora fosse de execução desafiadora, principalmente em razão do


cronograma imposto pelo APRJ e fatores fora do controle da Companhia, o
Aditamento foi aprovado pelos credores, que confiaram na capacidade desta
gigante do setor de telecomunicações.

49. Enquanto implementava seu novo Plano Estratégico, o Grupo Oi


cumpriu à risca as obrigações previstas no PRJ, conforme aditado, tendo quitado

aproximadamente R$ 25 bilhões em créditos concursais, sendo: (i) R$ 11,6


bilhões de conversão de dívida em capital (ações da OI S.A.); (ii) R$ 4,6 bilhões
em favor do BNDES; (iii) R$ 2,4 bilhão aos seus fornecedores parceiros; (iv)
aproximadamente R$ 425 milhões para pequenos credores em programas de

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mediação; (v) mais de R$ 730 milhões a credores trabalhistas; (vi) mais de R$ 1,93
bilhão em favor da ANATEL, por meio de conversão em renda de depósitos
judiciais; e (vii) R$ 3,5 bilhões em juros aos bondholders qualificados.

50. Vale destacar que o crédito da ANATEL, de aproximadamente R$


20,2 bilhões, foi reduzido para R$ 9,1 bilhões a serem pagos em 126 (cento e vinte
e seis) parcelas, corrigidas no tempo, com a quitação das parcelas iniciais por
meio da conversão em renda dos depósitos judiciais vinculados a tais créditos,

por meio de transação específica, realizada de acordo com os dispositivos

incorporados à LRF pela Lei nº 14.112/2020 e também validada pelos termos do

PRJ aditado.

51. No curso da 1ª RJ, aliás, mais de 35 mil credores tiveram seus

créditos integralmente quitados, especialmente pequenos credores, o que foi


possível através de programas de incentivo e mutirões de mediação instituídos.

52. Além disso, após a homologação do Plano e a implementação das


medidas necessárias à alienação de parte de seus ativos non core, o Grupo Oi, por
meio de irretocável sistemática estabelecida por esse MM. Juízo, quitou todo seu
estoque de créditos extraconcursais, no valor aproximado de R$ 140 milhões.

53. Vale lembrar, ainda, que o Grupo Oi quitou mais de R$ 10 bilhões11


em créditos extraconcursais relacionados as captações financeiras (DIP) feitas no

curso de seu processo de reestruturação.

11Deste valor, R$ 3,5 bilhões correspondiam ao débito conversível InfraCo; R$ 2,4 bilhões ao Bridge Móvel;
e R$ 4,4 bilhões aos bonds 2026.

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54. O Aditamento também possibilitou a alienação de diversas UPIs, o
que, além de ter sido essencial para a quitação de créditos e incremento do fluxo

de caixa, permitiu que milhares de postos de emprego fossem mantidos com a


continuidade das atividades empresariais.

55. Possibilitou, ainda, o recolhimento de bilhões de reais em tributos,

também em razão da transferência de parte dos ativos da Companhia, relativos


a atividades non core, para outros investidores estratégicos do setor de

telecomunicações, permitindo uma verdadeira transformação operacional do


Grupo Oi.

56. Em síntese, em cumprimento ao Plano Aditado, o passivo total do

Grupo Oi que, em 2016, era de R$ 65 bilhões, foi reduzido para R$ 35 bilhões em

2022, considerando todos os valores desembolsados, as conversões de créditos


em ações, a reestruturação prevista no Plano e o forte impacto da depreciação do
real12.

57. Ocorre que, apesar da redução considerável do passivo, como será


demonstrado a seguir, a frustração de algumas das premissas e expectativas
previstas no Aditamento, por razões alheias à vontade das então recuperandas,
afetaram o soerguimento do Grupo Oi, obrigando-o a buscar proteção judicial

para implementar nova etapa de sua complexa reestruturação.

12 Em 2018, na data da novação decorrente do Plano, a taxa de câmbio estava em,


aproximadamente, R$ 3,00 por dólar, ao passo que, atualmente, gira em torno de R$ 5,00 por
dólar. É importante destacar que, somente em razão da depreciação do Real em relação ao dólar
norte-americano desde 2018 até hoje, a dívida da companhia aumentou mais de R$ 7 Bilhões.

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V. RAZÕES DA CRISE ECONÔMICO-FINANCEIRA

58. Ao longo de toda a 1ª RJ, o Grupo Oi atuou de forma transparente


e eficiente para garantir o cumprimento de todas as suas obrigações, o que,
inclusive, foi reconhecido tanto por esse juízo, como pelo Ministério Público e
pelo Administrador Judicial (doc. 8).

59. Porém, embora o Aditamento tenha sido homologado em 8.10.2020,


o fechamento da operação de alienação da UPI Ativos Móveis ocorreu somente
em abril de 2022, enquanto a conclusão da venda da UPI InfraCo só foi possível
em junho de 2022 – embora, em ambos os casos, as solicitações de anuência

prévia junto aos órgãos reguladores e de defesa da concorrência tenham ocorrido


respectivamente no início e no meio do ano de 2021.

60. Ou seja, a concretização da venda de ativos valiosos da Companhia


deu-se quase 2 anos após a homologação do APRJ, principalmente em razão do

esforço para convencer os órgãos regulatórios e concorrenciais brasileiros acerca


da legitimidade e viabilidade das alienações, bem como da elevada
complexidade para segregar parte desses ativos e operações alienados13.

13Em mais um exemplo de quanto este processo de aprovações regulatórias e concorrenciais


frustram o cronograma esperado e acabam provocando atraso na injeção de liquidez pela venda
de ativos da empresa em RJ, aponta-se, que a OI aguarda anuência prévia da ANATEL (Processo
n. 53500.320283/2022-52) para viabilizar a alienação de 8.000 sites de infraestrutura de
telecomunicações da operação fixa à NK 108 Empreendimentos e Participações S.A., afiliada da
Highline do Brasil II Infraestrutura de Telecomunicações S.A. A operação, que cumpriu as regras
da LRF e foi homologada pelo Juízo da RJ, já obteve aval do Conselho Administrativo de Defesa
Econômica e, apesar de ser estritamente aderente à legislação e à regulamentação, segue
aguardando posicionamento por parte da ANATEL desde 8.10.2022.

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61. Durante esse período, a Oi viu-se obrigada a direcionar o seu caixa
para os pesados e necessários investimentos, a fim de manter o nível e a

qualidade de operação dos ativos a serem alienados, garantindo, entre outros


aspectos, que os valores de avaliação desses ativos (i.e., as UPIs), previstos no
Aditamento, não sofressem impactos negativos, e, assim, permitir que tais bens
fossem vendidos nos termos dos contratos assinados com os vencedores dos

processos competitivos.

62. Foi nesse contexto que, como aprovado pelos credores e ratificado
por esse juízo, a Companhia foi ao mercado buscar seu financiamento. Apesar de
ter captado aproximadamente R$ 9 bilhões14, em diversas e complexas operações

de financiamento, a Oi perdeu tempo valioso para efetivamente levantar tais


recursos, principalmente, em razão da inexistência de linhas de crédito bancárias

específicas para financiamento de empresas em crise e, consequentemente, das


inúmeras exigências para liberação dos valores financiados.

63. Especificamente por conta do atraso das autorizações regulatórias


para o fechamento da alienação da UPI Ativos Móveis, uma das operações
realizadas pelo Grupo Oi foi a emissão de bonds para captação de USD 880

milhões no mercado internacional. No contexto das negociações, os investidores


que financiaram a emissão dos bonds exigiram a inclusão de cláusula de recompra

14Este montante foi dividido em (i) R$ 2,5 bilhões para o financiamento da Brasil Telecom Comunicação
Multimídia (BrTCM), que seria transformada na UPI InfraCo, até que se concluísse a sua alienação parcial
em processo competitivo judicial e a mesma fosse aprovada pelos órgãos regulatórios e concorrenciais; (ii)
R$ 2 bilhões para financiamento da Oi Móvel S.A., cuja operação, após vertida em três empresas veículo
distintas, seria alienada na forma da UPI Ativos Móveis, até que se concluísse, da mesma forma, as
providências de aprovação regulatória e concorrencial; e (iii) USD 880 milhões, em emissão internacional,
com capital novo destinado (a) a refinanciar o DIP financing captado em janeiro de 2020, ainda no contexto
do Plano, com custo mais alto e vencimento em janeiro de 2022, e (b) a custear os investimentos que se
faziam ainda necessários para a manutenção das atividades e investimentos realizados pela Oi para se tornar
um player relevante no mercado do provimento de fibra ótica de alta velocidade no Brasil.

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obrigatória dos títulos quando do fechamento da alienação da UPI Ativos
Móveis.

64. No cenário econômico mundial da época, de excesso de liquidez,

não se esperava a adesão de tantos credores à opção de recompra quando do


fechamento da alienação da UPI Ativos Móveis, e tal expectativa havia sido
utilizada como caso base quando das projeções financeiras que embasaram o seu
PRJ aditado. No entanto, verificou-se uma adesão maciça de mais de 98% dos

investidores à opção mandatória de recompra, exigindo do Grupo Oi o

pagamento antecipado de, aproximadamente, R$ 4,4 bilhões15.

65. Para piorar, a pandemia da Covid-19 fez com que quase todas as
premissas que serviram de base do APRJ se frustrassem. Apenas a título de

exemplo, o estudo de viabilidade da Ernst & Young, anexo ao Aditamento,


apontou em 2020 que o IPCA seria de 1,65% ao ano, enquanto a variação real, no

ano de 2022, foi de 5,79%. Isto é, um aumento de aproximadamente 4 pontos


percentuais (doc. 9).

66. Já a taxa SELIC, indicada no mesmo estudo de viabilidade, era de


2,64%, mas, no ano de 2022, esse índice aumentou mais de 10 pontos percentuais,
alcançando 13,75%. E essa variação inesperada dos índices fez com que as

despesas financeiras se tornassem substancialmente maiores do que o previsto


no Aditamento.

67. As alterações dos indicadores econômicos, aliadas ao aumento


substancial do valor da moeda norte-americana, fizeram com que a estrutura de
capital da Companhia se tornasse muito desconectada da sua nova realidade

15Esta adesão e, consequentemente, a necessidade de pagamento antecipados aos detentores destes bonds,
com efeito, não estava prevista no Estudo de viabilidade da Ernst & Young, parte integrante do Aditamento,
representando, assim, importante frustração das premissas financeiras ali apresentadas.

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empresarial, ao mesmo tempo em que impactava sobremaneira a sua posição
líquida de caixa, por ter que arcar com pesados custos para manutenção dos
negócios vendidos e despesas financeiras dos empréstimos-ponte por mais

tempo do que se esperava.

68. Tudo isso, aliado à contínua precarização do mercado de crédito


exigiu que a Companhia recorresse novamente aos seus principais credores
financeiros para buscar uma solução para melhor equilíbrio entre a sua dívida

financeira e a sua geração de caixa nos curto e médio prazos.

69. O estado de crise instalado pela pandemia também impactou na


logística de produção e fornecimento para o mercado interno, em razão do
aumento, exacerbado e inesperado, da inflação, acarretando um alto índice de

desemprego, como pode se observar dos gráficos abaixo. Este indicador impacta
profundamente a atividade de uma prestadora de serviços de telecomunicações

que tem as pessoas físicas como grandes consumidores.16-17

16 https://www.bcb.gov.br/estatisticas/grafico/graficoestatistica/precos. Acesso em: 29.1.2023


17 https://portal.fgv.br/artigos/explica-queda-surpreendente-taxa-desemprego-brasil. Acesso em: 29.1.2023

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70. Além disso, entre 2020 e 2022, o Grupo Oi perdeu, a cada mês,
aproximadamente, 4% do total de seus clientes de telefonia fixa, atingindo a
marca de 1,9 milhão de clientes ao final do último ano, quando a sua base de
clientes, no início deste período, era de 7,3 milhões de clientes. Esta queda foi

muito mais acentuada do que as previsões com as quais a Companhia trabalhava


quando da aprovação do Aditamento.

71. Mesmo diante de uma nova realidade, com a receita de suas


operações em valor bem inferior ao volume histórico, a Oi continuou também
obrigada a arcar com os excessivos custos dos contratos com previsão de

obrigação mínima (“Take or Pay”), apesar de estarem completamente defasados,


desequilibrados e não trazerem qualquer benefício econômico para a empresa,
em razão do baixíssimo consumo dos serviços pelas Requerentes.

72. Tais contratos foram firmados, em sua quase totalidade, em

períodos muito anteriores à deterioração econômica da companhia e seu pedido


de recuperação em 2016, e tinham como expectativas operacionais consumos de
serviços em volumes bastante superiores aos efetivamente necessários muitos
anos à frente, em função das diversas mudanças de mercado já mencionadas
anteriormente.

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73. A Oi teve, ainda, uma frustração de um importante ingresso de
caixa esperado nos últimos meses, após o trio, composto por Claro, Vivo e Tim,

adquirentes da UPI Ativos Móveis, questionar a legitimidade do recebimento por


parte da Oi do valor retido de cerca de R$ 1,5 bilhão referente a uma parcela de
aproximadamente 10% do preço de aquisição dos ativos18.

74. Não bastasse isso, o trio cobra da Companhia, aproximadamente,


R$ 1,7 bilhão, sob o argumento de que tais montantes representariam supostos

ajustes de preço e indenizações, ambos apurados unilateralmente e de forma


completamente descabida (doc. 10), motivo pelo qual a Companhia iniciou um
processo de disputa e arbitragem com as adquirentes da UPI Ativos Móveis,

tendo obtido uma determinação legal para que o valor retido de cerca de R$ 1,5
bilhão fosse depositado pelas adquirentes em juízo até a resolução da disputa

associada.

75. Desde o início das discussões acerca deste valor, as Requerentes


estão privadas desses importantes recursos, tão necessários ao cumprimento de
suas obrigações e expectativas previstas no Aditamento. Isso se agrava, ainda,
sob a ótica da percepção do mercado e dos credores do Grupo Oi, que embutirão

em suas análises uma possível contingência de mais de R$ 1,7 bilhão, que estão
sendo cobrados pelas adquirentes da UPI Ativos Móveis, ainda que

indevidamente, isso sem mencionar o possível não recebimento da parcela retida


de cerca de R$ 1,5 bilhão, sujeitos ao resultado da arbitragem.

18 Esse valor, que, atualmente, deveria estar à disposição da Companhia, encontra-se depositado
judicialmente em uma conta vinculada à 1ª RJ.

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76. Isso, ao fim e ao cabo, dificulta a obtenção de novos financiamentos
e a prospecção de novos investidores, na medida em que eleva o risco do Grupo

Oi, a partir de uma iniciativa absolutamente ilegal e sem respaldo contratual das
referidas adquirentes.

77. Em relação às condições adversas decorrentes da deterioração dos

resultados da sua operação de concessão de telefonia fixa já mencionadas


anteriormente, cumpre destacar que há, ainda, um procedimento arbitral

instaurado contra a ANATEL. Nesta arbitragem a Companhia busca,


principalmente, solucionar os drásticos e nefastos efeitos financeiros do histórico
e notório desequilíbrio econômico e financeiro da concessão, bem como a sua já

reconhecida insustentabilidade – medida igualmente adotada por todas as outras


concessionárias do país.

78. Ao procedimento arbitral em questão, foi atribuído valor muito


conservador e não atualizado de, R$ 16 bilhões, como mera referência para sua
instauração,19 devendo tais valores sofrer atualizações ainda significativas ao
longo do processo.

79. Vale lembrar que, na origem de toda a crise econômico-financeira


do Grupo Oi, que culminou na 1ª RJ, estão também aspectos regulatórios ligados

à concessão do serviço público de telefonia, que sempre impuseram ônus


significativo e injusto às empresas Requerentes, dada a evolução do ambiente

19Valor divulgado pela União em site público, refletindo o valor da causa estimado na Ata de Missão
protocolada no referido processo arbitral, com base em valores já calculados pela ANATEL em relação a
uma parcela dos pedidos formulados pela Oi.

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tecnológico, competitivo e da demanda associada aos serviços, sem que existisse
correspondente evolução regulatória por parte do poder concedente.

80. Como destacado no Aditamento, o marco regulatório do setor

brasileiro de telecomunicações permaneceu centrado nos serviços de telefonia


fixa, enquanto a evolução tecnológica permitiu que os consumidores migrassem
para os serviços de telefonia móvel, e, mais recentemente, de forma massiva, para
os serviços de internet.

81. Ou seja, enquanto o Grupo Oi fazia relevantes investimentos para

acompanhar a evolução tecnológica e se manter competitivo no mercado, os


contratos de concessão, a legislação e regulamentação associadas ainda exigiam
das concessionárias a manutenção de obrigações de universalização e de

qualidade voltadas para serviços já obsoletos, que oneravam o Grupo Oi sem o


devido retorno financeiro, tampouco trazendo quaisquer benefícios à sociedade.

82. Apesar de recentes alterações legislativas e regulamentares, elas


ainda não produziram efeitos concretos, até mesmo por falta de regulamentação
definitiva, e esses aspectos, ínsitos à concessão do serviço público, ainda trazem
reflexos negativos ao processo de reestruturação do Grupo Oi e fazem parte,
certamente, da origem da crise econômico-financeira que se busca sanar.

83. Toda essa situação formou uma tempestade, restringindo

significativamente os recursos disponíveis da Companhia, sendo impossível


continuar suas operações regulares sem novo ajuste em sua estrutura de capital,
o que pretende fazer de forma organizada, transparente e coletiva no âmbito do
futuro processo de recuperação judicial a ser ajuizado no prazo legal.

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VI. VIABILIDADE ECONÔMICA

84. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas nos últimos anos, o

Grupo Oi reduziu em 30% sua dívida financeira bruta desde a data do


ajuizamento da 1ª RJ, sendo o passivo financeiro atual das Requerentes na casa
dos R$ 35 bilhões.

85. As maiores dívidas das Requerentes continuam sendo financeiras,

decorrentes de empréstimos, emissão de bonds e debêntures. Assim como na 1ª

RJ, os valores devidos pelo Grupo Oi aos fornecedores e suas despesas


operacionais representam uma parcela mínima do seu passivo total.

86. Embora os obstáculos ainda sejam grandes, a Oi tem todos os meios

para se recuperar, porquanto ainda mantém uma receita líquida elevada, que, no
último trimestre de 2022, atingiu o montante acumulado aproximado de R$ 9,955
bilhões, conforme DRE publicado pela Companhia:20

20 https://api.mziq.com/mzfilemanager/v2/d/6aebbd40-9373-4b5a-8461-9839bd41cbbb/c5329d5f-46fc-a5b4-
bc0e-73e2ed6a8d73?origin=1. Acesso em 29.1.2023.

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87. Além disso, como divulgado ao mercado no 3º Trimestre de 2022,
houve uma redução significativa de, aproximadamente, 14% de suas despesas
operacionais – OPEX, mesmo diante de um cenário inflacionário, assim como

houve a readequação do perfil das despesas em bens de capital – CAPEX,


impactado por investimentos sazonais em equipamentos nas residências dos
consumidores.21

88. Esses resultados são possíveis pelo fato de a V. Tal, sociedade

resultante da alienação da UPI InfraCo e na qual a Oi manteve participação

societária relevante, possuir a mais extensa rede de fibra ótica do Brasil,

atendendo a mais de 4 milhões de clientes. A referida sociedade caminha a


passos largos para assumir a liderança neste setor no país.

89. A Oi, por sua vez, continua cumprindo com o plano estratégico
divulgado ao mercado (doc. 11), oferecendo um serviço de banda larga de alta

qualidade, apostando na oferta de uma gama cada vez maior de serviços digitais
aos mercados corporativo e de varejo. Internamente, a Companhia realiza um
dos maiores programas de corte e controle de custos do mercado, de forma a

adequar a sua operação à sua nova realidade.

90. Isso sem falar no vetor de crescimento esperado e que já aponta

neste sentido para os serviços de TI e Corporativos (B2B) prestados pela


Companhia para grandes clientes no Brasil, por meio de sua unidade Oi Soluções.

Em outras palavras, a despeito do procedimento de recuperação judicial pelo


qual passou, a empresa foi hábil ao conseguir se reinventar e buscar novos

clientes corporativos para oferecer serviços de tecnologia e acessórios aos de


telecomunicações, incrementando o seu mix de receitas.

21 https://api.mziq.com/mzfilemanager/v2/d/6aebbd40-9373-4b5a-8461-9839bd41cbbb/ab37f9d9-3474-f6f0-
b963-c0f447d0ab14?origin=1. Acesso em 29.1.2023.

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91. Sob a ótica regulatória, dois aspectos devem ser ressaltados.
Primeiro, o andamento do procedimento arbitral instaurado em face da
ANATEL, que pode resultar no reconhecimento de um valor expressivo em favor

da Companhia. Segundo, considerando que a União, em última instância, é


responsável pelos danos provocados pela insustentabilidade das concessões do
STFC à Oi S.A. (e deve arcar com as indenizações pertinentes), espera-se que seja
adotada pelo Poder Público uma solução para esse problema.

92. Tais desenvolvimentos certamente poderão contribuir, de maneira

fundamental, com o soerguimento do Grupo Oi, ainda que em prazo mais longo

do que o considerado no PRJ original, o que por si só se constitui em mais uma


razão legítima para a concessão dessa nova proteção à companhia ora solicitada.

93. Portanto, é evidente que o Grupo Oi, em razão da sua magnitude


econômica, tem total capacidade de superar a crise vivenciada, que se estendeu

por mais tempo do que o esperado, sendo este procedimento preparatório para
uma nova recuperação judicial apenas mais um degrau na difícil batalha que é a
sua reestruturação.

VII. FUNDAMENTOS PARA A CONCESSÃO DA TUTELA DE


URGÊNCIA CAUTELAR

(A) Exposição sumária do Direito que se busca assegurar |


Fumus Boni Iuris

94. O Grupo Oi busca assegurar, por meio do ajuizamento do presente


pedido cautelar, a preservação emergencial de suas atividades empresariais, de

forma a permitir a nova etapa de sua reestruturação em processo de recuperação


judicial a ser ajuizado no prazo legal, tudo conforme positivado na LRF, art. 47.

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95. Neste aspecto, é evidente o direito ora pleiteado pelo Grupo Oi, que
já comprovou, quando do ajuizamento da 1ª RJ, o preenchimento de todos os
requisitos para propositura do pedido recuperacional principal, em especial

aqueles previstos na LRF, art. 48.

96. E não se pode sequer alegar que a 1ª RJ seria um obstáculo para a


concessão dessa medida, uma vez que, no momento do ajuizamento da emenda
à inicial, já terão decorridos 5 anos desde a concessão da 1ª RJ, ocorrida em

5.2.2018 (doc. 12), o que lhe autoriza a recorrer a um novo processo de

recuperação judicial para implementar a nova etapa de sua complexa

reestruturação de forma ordenada, coletiva e transparente (cf. LRF, art. 48, inciso
II).

97. Não bastasse o texto expresso do art. 48, inciso II, da LRF, há
diversos casos de empresas que passaram por mais de um processo de

recuperação judicial, sendo o mais emblemático e recente o do Grupo Coesa,


composto por sociedades do Grupo OAS, que havia tido a concessão da sua
primeira recuperação judicial em 1.2.2016. Veja-se, abaixo, a relação com os

precedentes neste sentido (doc. 13):

Data da Data da
Recuperanda Primeira RJ Segunda RJ
distribuição distribuição

Marques & Caetano 795-


856-41.2006.811.0011 9.5.2006 16.3.2015
Ltda. 68.2015.8.11.0011

Café Bom Dia Ltda.


Agro Coffee
0243912- 5000552-
Comércio, 14.9.2011 16.2.2018
59.2011.8.13.0707 26.2018.8.13.0707
Importação e
Exportação Ltda.
4000115- 1007409-
Arge Ltda. 13.8.2013 18.8.2021
91.2013.8.26.0132 70.2021.8.26.0132

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Número do documento: 23080908223155200000042169514
Cloroetil Solventes 0004175- 1001678-
17.6.2011 3.5.2019
Acéticos 35.2011.8.26.0363 50.2019.8.26.0363

1030812- 1111746-
Grupo Coesa 31.3.2015 15.10.2021
77.2015.8.26.0100 12.2021.8.26.0100

98. Para tanto, as Requerentes declaram, desde já, que (i) exercem
regularmente suas atividades há muito mais do que os dois anos exigidos pela
LRF; (ii) jamais foram falidas; (iii) terão obtido a concessão da primeira

recuperação judicial há mais de 5 anos, quando do pedido principal da 2ª RJ; e

(iv) seus administradores e sócios controladores jamais foram condenados pela


prática de crimes falimentares, bem como estão providenciando os documentos

necessários para o ajuizamento do pedido principal.

(A.1) Necessária manutenção dos contratos que viabilizam a prestação de


serviços pelo Grupo Oi – medida essencial à preservação da empresa

99. Como é notório, por se tratar de empresa com participação

relevante no mercado de telecomunicações, que atua em mais de 3 mil


municípios do país, as Requerentes contam com milhares de fornecedores de
produtos e serviços para o regular desempenho de suas atividades.

100. Ocorre que muitos contratos firmados com fornecedores possuem


cláusulas resolutivas expressas (cláusulas ipso facto), que preveem a imediata
rescisão das avenças, de pleno direito, a partir do pedido de recuperação judicial.

Isto é, sem nenhuma outra razão, alguns instrumentos firmados preveem que
fornecedores de produtos e serviços estariam autorizados a rescindir contratos
essenciais com o Grupo Oi, no momento em que for apresentado pedido de

recuperação judicial.

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101. A partir da distribuição do presente pedido de tutela de urgência
cautelar em caráter antecedente preparatório do pedido de recuperação judicial,
há risco iminente de que fornecedores essenciais do Grupo Oi acionem as

cláusulas ipso facto para a rescisão antecipada, o que inviabilizaria a operação das
Requerentes antes mesmo do pedido de recuperação judicial.

102. Nesse contexto, como forma de preservar o resultado útil do


processo de recuperação judicial, é necessário que a eficácia das aludidas

cláusulas seja suspensa, em atenção ao princípio da preservação da empresa,

insculpido no art. 47 da Lei nº 11.101/2005. Isso porque a interrupção de contratos

essenciais poderá reduzir significativamente as receitas do Grupo Oi, e, ao fim e


a cabo, inviabilizar toda a operação.

103. É preciso considerar que a rescisão unilateral e imediata imposta

por fornecedores não é consentânea com a função social da empresa e dos

próprios contratos, bem como com o princípio da boa-fé objetiva (Código Civil,

art. 421 e 422). O mero deferimento do pedido de recuperação judicial – ou a

concessão da tutela de urgência preparatória – jamais poderia ser causa para

resolução de contratos, sobretudo de forma imediata.

104. Esse MM. Juízo, ao deferir o processamento da 1ª RJ, suspendeu as


cláusulas de todos os contratos firmados que estariam na iminência de serem
rescindidos pelo simples fato de ter sido distribuída recuperação judicial. A ratio

da irretocável decisão proferida – e mantida por esse e. Tribunal – foi garantir a


manutenção de contratos essenciais à atividade empresarial, em prestígio à
coletividade de credores e à preservação da empresa (doc. 14).

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Número do documento: 23080908223155200000042169514
105. Contra essa r. decisão, foi interposto o agravo de instrumento nº
0038854-05.2016.8.19.0000, cujo requerimento de concessão de efeito suspensivo
foi prontamente indeferido pelo eminente Desembargador Cézar Augusto

Rodrigues Costa (doc. 15), sob o correto fundamento de que “os princípios
contratuais devem se submeter a uma interpretação que não pode se valer,
exclusivamente, do direito privado, afinal, estão em jogo inúmeros interesses, desde os
eminentemente privados até os do Estado, os laborais e uma grande lista de titulares de

créditos com a mais variada natureza”.

106. E essa decisão monocrática foi confirmada pelo colegiado da e.

Oitava Câmara Cível desse Tribunal de Justiça, em julgamento unânime, que


negou provimento ao agravo interno interposto, oportunidade em que se
reconheceu, uma vez mais, que o princípio da preservação da empresa deve

prevalecer sobre as cláusulas contratuais que contenham previsão de rescisão


pelo simples fato de ter sido deferido processamento da recuperação judicial.

Veja-se:

“AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO


EMPRESARIAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL. RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. IRRESIGNAÇÃO CONTRA DECISÃO DE INDEFERIMENTO DE
EFEITO SUSPENSIVO. SOBRESTAMENTO DE EFICÁCIA DE CLÁUSULA DE
RESCISÃO CONTRATUAL. Ponderação entre o rigor contratual de
vínculo negocial entre as partes e a função social da atividade
desenvolvida pela agravada que enseja a manutenção do
fornecimento de produtos pelo agravante para evitar a risco de
prejuízo às atividades da pelo agravada. CONHECIMENTO E
DESPROVIMENTO do recurso.”22

107. Nesse mesmo sentido, nos autos da tutela de urgência em caráter

antecedente preparatória do pedido recuperacional do Grupo Americanas, o

MM. Juízo da 4ª Vara Empresarial determinou a “preservação de todos os contratos

22 TJRJ, 8ª CC, AI nº 0038854-05.2016.8.19.0000, Des. Relator Cézar Augusto Rodrigues Costa, j. 14.2.2017.

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necessários à operação do Grupo Americanas, inclusive linhas de crédito e

fornecimento”23. Igualmente, os Tribunais de Justiça do país já afastaram os efeitos

das cláusulas resolutivas expressas, com fundamento no princípio da

preservação da empresa e em atenção à sua função social24.

108. Esse entendimento encontra-se em linha com a doutrina sobre a


matéria. Os professores Luiz Roberto Ayoub e Cássio Cavalli, ao tratarem dos

efeitos da decisão que defere o processamento da recuperação judicial, lecionam


que a impossibilidade de apresentação de certidões das recuperandas para

contratar “relaciona-se intimamente com o fundamento da nulidade de cláusula


ipso facto, pois “são objetivos do direito da insolvência criar condições para a
recuperação da empresa, quando viável, e maximizar o valor do patrimônio liquidado no

caso da falência, para distribuí-lo conforme a hierarquia legal de prioridades”; ao que


podem acrescer-se os objetivos de preservar o valor atual da alocação dos ativos da empresa
devedora, de modo a viabilizar sua recuperação. Portanto, conforme autorizada

opinião de Deborah Kirschbaum, a decisão que defere o processamento não


autoriza que o credor invoque a cláusula resolutiva expressa por insolvência 25”.

109. Assim, o Grupo Oi confia que, desde já, será suspensa a eficácia das
cláusulas que autorizem a rescisão de contratos com fornecedores de serviços
essenciais em razão da distribuição do presente pedido de tutela de urgência
cautelar em caráter antecedente preparatório do pedido de recuperação judicial,

conforme entendimento adotado pelo doutrina e jurisprudência, como forma de

23 TJRJ, 4ª Vara Empresarial, Processo nº 0803087-20.2023.8.19.0001, Juiz de Direito Paulo Assed, proferida
em 13.1.2023.
24 TJSP, 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, AI nº 2017701-76.2019.8.26.0000, Rel. Des. Maurício

Pessoa, j. 10.6.2019; TJRS, 6ª CC, AI nº 70052212727, Rel. Des. Artur Arnildo Ludwig, j. 20.6.2013; e TJPR, 17ª
CC, AI nº 1.292.381-0, Des. Rel. Luis Sérgio Swiech, j.22.72015.
25 AYOUB, Luiz Roberto. CAVALLI, Cássio Machado. A construção jurisprudencial da recuperação judicial

de empresas – 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2020.

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preservar o resultado útil do processo recuperacional a ser ajuizado no prazo
legal.

(A.2) Necessária dispensa de certidões negativas para contratação com o


Poder Público

110. Como também é notório, parte relevante das receitas do Grupo Oi


é auferida a partir da prestação de serviços ao Poder Público, mediante a

participação em licitações que exigem documentos das empresas, dentre eles, a

comprovação da regularidade fiscal. Isso, além de, em muitos casos, tais entes
públicos requererem a apresentação de CNDs para efetuarem o pagamento dos
serviços regularmente contratados da OI e mesmo para que a empresa

regularmente goze dos benefícios e incentivos setoriais a que faz jus.

111. No curso da 1ª RJ, esse MM. Juízo decidiu reiteradas vezes que o
Grupo Oi estava dispensado de comprovar sua regularidade fiscal para
contatação com o Poder Público, bem como para obter benefícios fiscais. Essa

medida permitiu a participação das Requerentes em inúmeros certames,


enquanto negociava com seus credores fiscais formas de reestruturação das
dívidas.

112. Atualmente, com o advento da Lei nº 14.112/2020, que promoveu


profundas alterações na Lei nº 11.101/2005, o legislador positivou o entendimento
pacífico da jurisprudência do e. Superior Tribunal de Justiça26 no sentido de que,

ao deferir o processamento da recuperação judicial, as empresas devedoras

26Cite-se, a título de exemplo, as decisões proferidas no caso concreto do Grupo Oi: Conflito de Competência
nº 163.013/RJ e Suspensão de Segurança nº 3048/RJ.

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devem ser dispensadas de comprovar a sua regularidade fiscal para contratação
com o Poder Público. Veja-se a nova redação do art. 52 da Lei nº 11.101/2005:

“Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51


desta Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e,
no mesmo ato: II - determinará a dispensa da apresentação de
certidões negativas para que o devedor exerça suas atividades,
observado o disposto no § 3º do art. 195 da Constituição Federal e
no art. 69 desta Lei”

113. A esse respeito, entende a doutrina que “reforma alterou este inciso
que, na redação anterior, estabelecia a dispensa de certidões negativas, com a ressalva de

que tais certidões seriam exigidas para “contratação com o Poder Público ou para
recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios”. Ao eliminar essa ressalva,
o legislador, por óbvio, pretendeu garantir à empresa em recuperação a continuação do

exercício de suas atividades mesmo sem certidão negativa27”.

114. Assim, tendo em vista a atual redação do art. 52 da Lei nº


11.101/2005 e o entendimento jurisprudencial e doutrinário sobre o tema, as
Requerentes confiam que V. Exa. antecipará os efeitos do processamento da
recuperação judicial, na forma do art. 6º, §12, da Lei nº 11.101/2005, para
dispensar o Grupo Oi, desde já, de comprovar sua regularidade fiscal para

contratar com o Poder Público e obter benefícios fiscais.

27BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Lei de recuperação de empresas e falência [livro eletrônico]: Lei
11.101/2005: comentada artigo por artigo - 7. ed.- São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2022.

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(B) Perigo de dano irreparável ao Grupo Oi e seus Credores | Risco ao
resultado útil do processo principal | Periculum in Mora
Inexistência de perigo de dano reverso

115. A atividade das Requerentes é a prestação de serviço público, cuja


essencialidade é inerente à própria natureza do serviço.

116. O Grupo Oi desempenha, há anos, papel de destaque na economia


nacional, com a geração de milhares de empregos diretos e indiretos que

movimentam a economia brasileira e, em especial, a do Estado do Rio de Janeiro.

117. E as Requerentes não podem, agora, depois de tanto empenho para

se recuperar com a participação de todos os stakeholders, ver todo esse esforço ser
em vão. Até porque, a falência da Companhia deixaria desemparados,
aproximadamente, 62 mil colaboradores diretos e indiretos do Grupo Oi, assim

como impactaria de forma substancial a economia nacional, tendo em vista que

as sociedades do grupo recolheram o montante aproximado de R$ 2,85 bilhões

em tributos apenas no exercício de 2022.

118. Eventual saída do mercado de uma das maiores empresas de


telecomunicações brasileira afetaria o consumo de internet, telefonia e serviços
de telecomunicações para milhões de pessoas, milhares de empresas e entidades
públicas e privadas, impactando, principalmente, o acesso à informação e à
comunicação.

119. Todo esse poderio está ameaçado pela iminente cobrança de


centenas de milhões de dólares norte-americanos nos próximos dias, expondo as
Requerentes a um cenário pré-falimentar, em razão não só da falta de caixa para
quitar a dívida, como pelo risco de vencimentos antecipado e cruzado de mais

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R$ 29 bilhões, que seriam decorrentes dos instrumentos financeiros pactuados
com os bondholders, ECAs holders e Bancos Nacionais (vide doc. 3).

120. Caso esse cenário venha a se concretizar, as Requerentes estarão

expostas não apenas a medidas executórias, como também a pedidos de falência


desmedidos, feitos por credores que vislumbram apenas seus ganhos
particulares em detrimento da coletividade.

121. Com isso, apesar de a LRF, art. 6º, incisos I, II e III, prever que o
deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da

prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, a apreciação


definitiva do pedido principal de recuperação judicial e seu respectivo
deferimento só terão lugar após a organização de diversas frentes de trabalho e

a preparação de farta e extensa documentação.

122. No entanto, o Grupo Oi depende urgentemente do deferimento da


tutela cautelar ora pleiteada para antecipar parcialmente os efeitos da decisão
que defere o processamento da recuperação judicial e, assim, permitir a
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses
dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e
o estímulo à atividade econômica (LRF, art. 47).

123. Portanto, o deferimento dos pedidos formulados ao final desta

petição, além de essenciais para que as Requerentes tenham a oportunidade de


manterem-se operacionais, não trazem riscos de dano aos seus credores. Isso
porque, o que se pede é, principalmente, a suspensão da execução/exigibilidade
de créditos e de excussão de garantias, que deverão ser extintas e/ou suspensas
assim que distribuída a recuperação judicial.

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124. Não custa lembrar que essa medida é imperativa, pois, após a
distribuição do novo pedido de recuperação judicial, esse juízo continuará sendo
o único competente para decidir sobre os atos expropriatórios em execuções

individuais, conforme entendimento do STJ.28

125. No final do dia, trata-se de um juízo de ponderação de valores, que


deve ser observado pelo magistrado, a quem é imposto avaliar a solução mais
adequada e efetiva para lidar com as circunstâncias do caso concreto, com base

no Poder Geral de Cautela, que se encontra positivado no CPC, art. 301.29

126. De um lado, busca-se garantir a utilidade do futuro processo de


recuperação a ser ajuizado pelas Requerentes, em que estarão em jogo os
interesses de milhares de credores (muitos deles empregados e pequenos

fornecedores), evitando-se assim as conhecidas e gravosas consequências da


falência.

127. De outro, estará a restrição temporária de direitos de alguns poucos


credores de executarem créditos que estarão sujeitos à recuperação judicial a ser
ajuizada e garantias cuja excussão será igualmente suspensa, de modo que não
há perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão liminar.

28 STJ, 4ª T., AgInt nos EDcl no AREsp nº 1.848.471/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 14.2.2022, DJe
17.2.2022
29 " A utilização do poder geral de cautela clama a observância ao princípio da adequação judicial do

procedimento que, 'antes aconselha que se possa previamente conferir ao magistrado, como diretor do
processo, poderes para conformar o procedimento às peculiaridades do caso concreto, tudo como meio de
mais bem tutelar o direito material'". (DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. 11 ed.:
Salvador, Juspodivm, 2009, v. 1, p. 43)

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VIII. TRAMITAÇÃO DO PRESENTE FEITO
EM SEGREDO DE JUSTIÇA

128. A publicidade dos atos praticados no decorrer do processo constitui

um princípio basilar do sistema processual brasileiro, conforme preceitua a CF,


art. 5º, LX. Os atos processuais, portanto, são públicos por natureza. Ocorre que

é necessário restringir a sua publicidade quando o interesse social ou a defesa da


intimidade das partes o exigir, como é caso destes autos.

129. Excepcionalmente, dadas as particularidades deste pedido de tutela

cautelar antecedente, envolvendo companhia aberta com operações espalhadas


em todo o território nacional, é necessária a tramitação do feito em segredo de
justiça, somente até a apreciação do pedido liminar, pois a situação em tela assim

exige (CPC, art. 189, inciso I), permitindo que a Companhia possa ter a

continuidade regular e sem sobressaltos de sua operação, notadamente de

elevada importância social.

IX. CONCLUSÃO E REQUERIMENTOS

130. Por todo o exposto, com fundamento na LRF, art. 189 e 6º, § 12 e
CPC, art. 305 e seguintes, requer-se que esse juízo receba a presente ação, em

caráter de urgência, determinando seu processamento em segredo de justiça até

a apreciação do pedido liminar (CPC, art. 189, inciso I), para conceder a tutela de
natureza cautelar antecipando parcialmente os efeitos da decisão que defere o
processamento da recuperação judicial e:

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i. seja determinada a suspensão (a) da exigibilidade de todas as
obrigações relativas aos instrumentos celebrados com as respectivas
instituições elencadas, exemplificadamente, na lista anexa (doc. 16) e

todas as entidades de seus grupos econômicos (e seus sucessores e


cessionários a qualquer título), que constituem créditos sujeitos ao
processo de recuperação judicial principal, nos termos da LRF, mas
sem a eles se limitar, devendo a suspensão ser estendida a todos os

demais instrumentos vinculados às instituições elencadas no doc. 16 e


todas as entidades de seus grupos econômicos (e seus sucessores e

cessionários a qualquer título), bem como a quaisquer instrumentos

que possam ser declarados rescindidos e/ou vencidos


antecipadamente na data deste pedido, (b) dos efeitos do
inadimplemento, inclusive, para reconhecimento de mora, e (c) de

eventuais pretensões de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e


apreensão, compensação e constrição judicial ou extrajudicial sobre os

bens das Requerentes, oriundas de demandas judiciais ou


extrajudiciais, bem como a execução e cobrança de valores de
titularidade das Requerentes, que estejam provisoriamente na

titularidade de terceiros, especialmente aqueles relacionados ao


pagamento dos juros aos bondholders qualificados na forma do PRJ, e à
Fundação Atlântico de Seguridade Social, também nos termos PRJ,
devidos em 6.2.2023

ii. sejam sustados os efeitos de toda e qualquer cláusula que, em razão


deste pedido cautelar preparatório de recuperação, do futuro pedido

de recuperação judicial e/ou das circunstâncias inerentes ao seu estado


de crise, (a) imponha o vencimento antecipado das dívidas e/ou dos
contratos celebrados pelas Requerentes, e/ou (b) autorize a suspensão

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e/ou a rescisão de contratos com fornecedores de produtos e serviços
essenciais para o Grupo Oi, determinando-se que os fornecedores de
produtos e serviços essenciais não alterem unilateralmente os volumes

de produtos e/ou serviços fornecidos tão somente em razão deste


pedido cautelar, do futuro pedido de recuperação judicial e/ou das
circunstâncias inerentes ao seu estado de crise; e

iii. seja mantida a ordem determinada, por esse juízo da 7ª Vara

Empresarial, nos autos da 1ª RJ, quanto ao Ato Concertado, para que

permaneça em vigor a decisão de fls. 527.093/527.113 dos autos da 1ª

RJ, de modo que, em relação à garantia de Execuções Fiscais, por


qualquer juízo Federal ou Estadual do país, para os créditos de até R$
20.000,00, poderão ser realizadas penhoras online nas contas indicadas

na sentença de encerramento da 1ª RJ,30 e para os créditos de valor igual


ou superior a R$ 20.000,00, a penhora deverá recair sobre os bens não

comprometidos pelo PRJ e APRJ, listados às fls. 525.721/526.997 dos


autos da 1ª RJ (doc. 17), a critério do juízo da execução;

131. Como consequência do deferimento da medida cautelar, requer-se


que a decisão sirva como ofício, para que os patronos das Requerentes possam
apresentar, extrajudicialmente, a credores, aos competentes órgãos públicos, às
pessoas físicas e jurídicas com quem mantêm contratos e/ou nos processos
judiciais em que forem autorizados bloqueios, arrestos, depósitos ou cauções, a

fim de que possam providenciar a liberação destes ativos.

30Banco Itaú Unibanco 341, Ag. 0654, CC 40477/1 - Oi S.A.;


Banco Itaú Unibanco 341, Ag 0654, CC. 50828/2 - Oi Móvel S.A.; e
Banco Itaú Unibanco 341, Ag 0911, CC. 20013/7- Telemar Norte Leste S.A

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132. As Requerentes pedem também seja determinado, desde já, a
dispensa de apresentação de certidões negativas em qualquer circunstância,

inclusive para que exerçam suas atividades (incluindo certidão negativa de


débitos referentes às receitas administradas pela ANATEL) e para que obtenham
benefícios fiscais.

133. As Requerentes se comprometem a continuar cumprindo,


normalmente, todas as suas obrigações, dentre elas as trabalhistas, tributárias,

comerciais, com fornecedores e suas controladas, haja vista que este pedido
cautelar tem como única finalidade proteger os ativos da Companhia e assegurar
a manutenção de suas operações até o deferimento do processamento de sua

recuperação judicial.

134. Requer-se também que todas as publicações e intimações dos atos


processuais sejam realizadas em nome de (i) Sérgio Savi
(sergio.savi@bmalaw.com.br), inscrito na OAB/RJ sob o nº 106.962, com escritório
profissional no Largo do Ibam, nº 1º, 3º andar, Humaitá, Rio de Janeiro/RJ; (ii)
Ana Tereza Basilio (intimacao@basilioadvogados.com.br), inscrita na OAB/RJ
sob o nº 74.802, com escritório profissional na Avenida Presidente Wilson, nº 210,

11º e 12º andares, Rio de Janeiro/RJ; e (iii) Luis Felipe Salomão Filho
(luis.salomao@salomaoadv.com.br), inscrito na OAB/RJ sob o nº 234.563, com

escritório profissional na Avenida Almirante Barroso, 52, 31º andar, centro, Rio
de Janeiro/RJ, sob pena de nulidade.

135. Por fim, as Requerentes comprometem-se a juntar integralmente a


documentação necessária para o processamento da recuperação judicial, quando
da distribuição do pedido principal.

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136. Atribui-se a causa o valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Termos em que,
Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2023.

Antonio Reinaldo Rabelo Filho Thalles Eduardo S. G. da Paixão


OAB/BA nº 15.537 OAB/RJ nº 143.339

Sérgio Savi Ana Tereza Basilio


OAB/RJ nº 106.962 OAB/RJ nº 74.802

José Roberto de Albuquerque Sampaio Luis Felipe Salomão Filho


OAB/RJ nº 69.747 OAB/RJ nº 234.563

Paulo Cesar Salomão Filho Rodrigo Figueiredo da Silva Cotta


OAB/RJ nº 129.234 OAB/RJ nº 168.001

Rodrigo Cunha Mello Salomão Victor Martins Baldi


OAB/RJ nº 211.150 OAB/RJ nº 210.729

Gabriel Pina
OAB/RJ nº 217.837

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Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro
PJe - Processo Judicial Eletrônico

16/03/2023

Número: 0809863-36.2023.8.19.0001
Classe: TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE
Órgão julgador: 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital
Última distribuição : 31/01/2023
Valor da causa: R$ 500.000,00
Assuntos: Recuperação Judicial
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
Em segredo de justiça (REQUERENTE) ANA TEREZA BASILIO (ADVOGADO)
SERGIO RICARDO SAVI FERREIRA (ADVOGADO)
VICTOR MARTINS BALDI (ADVOGADO)
LUIS FELIPE SALOMAO FILHO (ADVOGADO)
GABRIEL PINA RIBEIRO (ADVOGADO)
JOSE ROBERTO DE ALBUQUERQUE SAMPAIO
(ADVOGADO)
JANIEL DAVID DA ROCHA COSTA (ADVOGADO)
FERNANDO APARECIDO DE SOUZA (ADVOGADO)
OI S.A. - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL (REQUERIDO)
WALD ADMINISTRACAO DE FALENCIAS E EMPRESAS EM ADRIANA CAMPOS CONRADO ZAMPONI (ADVOGADO)
RECUPERACAO JUDICIAL LTDA (ADMINISTRADOR ARNOLDO WALD FILHO (ADVOGADO)
JUDICIAL)
K2 CONSULTORIA ECONOMICA (ADMINISTRADOR
JUDICIAL)
MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
(INTERESSADO)
JOAO RICARDO UCHOA VIANA (ADMINISTRADOR
JUDICIAL)
1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE MASSAS FALIDAS DA
CAPITAL ( 400058 ) (INTERESSADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
49913 16/03/2023 18:11 Decisão Decisão
036

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Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro
Comarca da Capital

7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital

Palácio da Justiça, Avenida Erasmo Braga 115, Centro, RIO DE JANEIRO - RJ - CEP: 20020-903

DECISÃO

Processo: 0809863-36.2023.8.19.0001

Classe: TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE (12134)

REQUERENTE: EM SEGREDO DE JUSTIÇA

REQUERIDO: OI S.A. - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

I - RELATÓRIO

Trata-se de pedido de Recuperação Judicial formulado por OI S.A., sociedade anônima de capital aberto, inscrita no
CNPJ sob o nº 76.535.764/0001-43, com sede e principal estabelecimento na Rua do Lavradio nº 71, Centro, na Cidade
e Estado do Rio de Janeiro, CEP 20230-070; PORTUGAL TELECOM INTERNATIONAL FINANCE B.V., pessoa
jurídica de direito privado constituída de acordo com as Leis da Holanda, com sede em Delflandlaan 1 (Queens Tower),
1062 EA, Amsterdam, Holanda, e principal estabelecimento nesta cidade do Rio de Janeiro; e OI BRASIL HOLDINGS
COÖPERATIEF U.A., pessoa jurídica de direito privado constituída de acordo com as Leis da Holanda, inscrita no CNPJ
sob o nº 16.770.090/0001-30, com sede em Delflandlaan 1 (Queens Tower), 1062 EA, Amsterdam, Holanda, e principal
estabelecimento nesta cidade do Rio de Janeiro, com fundamento no art. 47 e seguintes da Lei nº 11.101/2005 (“LRF”).

Na manifestação de ID nº 47711504, aduzem, incialmente, a competência deste Juízo para processar e julgar o
processo de recuperação judicial, o que se daria em razão: (i) da prevenção decorrente da 1ª RJ e de dois
requerimentos de falência em trâmites na serventia; (ii) do Estado do Rio de Janeiro ser o local do principal
estabelecimento da Companhia, onde são tomadas as principais decisões do Grupo; (ii) de as sociedade não
operacionais sediadas no exterior, PTIF e Oi Coop, serem somente veículos para captação de recursos, os quais,
apesar de obtidos no exterior, são voltados ao financiamento das atividades do Grupo no Brasil, sendo que o pagamento
das obrigações ocorrerá com as operações brasileiras da controladora Oi.

Assinado eletronicamente por: FERNANDO CESAR FERREIRA VIANA - 16/03/2023 18:11:02 Num. 49913036 - Pág. 1
https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23031618110247500000047686877
Número do documento: 23031618110247500000047686877

Assinado eletronicamente por: KAMILA CUNHA RODRIGUES - 09/08/2023 08:22:31 Num. 44826383 - Pág. 2
https://tjpi.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23080908223164700000042169516
Número do documento: 23080908223164700000042169516
Descrevem, por sua vez, que as Requerentes atendem aos requisitos legais para o processamento da recuperação
judicial em consolidação substancial (na forma do art. 69-J, incisos I a IV, da LRF), condição essa que já teria sido
reconhecida pelos credores e por este Juízo no âmbito da 1ª RJ, na qual foi homologado plano unitário, por meio do
qual todas as Recuperandas se tornaram solidariamente responsáveis pelo pagamento da dívida concursal. Além disso,
informam que, atualmente, a PTIF e a Oi Coop, substancialmente, apenas registram as operações financeiras
reestruturadas na forma da 1ª RJ.

Em relação à situação patrimonial, afirmam que, apesar do inquestionável sucesso da 1ª RJ, que permitiu a substancial
redução do endividamento total, a estrutura de capital da Companhia, por fatores imprevisíveis e alheios ao seu
controle, continua insustentável. Informam que, atualmente, o Grupo Oi tem que arcar com aproximadamente R$ 29
bilhões apenas em dívidas financeiras, sendo que parcela substancial desse montante tem variação indexada a moedas
estrangeiras (dólar norte americano e Euro).

Com base na relação de credores das Requerentes, o passivo concursal é de R$ 43.704.638.518,15, sendo: (i) R$
1.010.408.708,18, na Classe I; (ii) R$ 42.597.789.846,49, na Classe III e (iii) R$ 95.398.828,06, na Classe IV.

Apontam diversos fatores para atual crise econômico-financeira. Em destaque: (i) demora no fechamento das operações
de vendas das UPI’s, decorrente de entraves regulatórios e concorrenciais e da complexidade da operação, o que levou
à necessidade do direcionamento do seu caixa para pesados e indispensáveis investimentos a fim de manter a
manutenção dos ativos. Em decorrência do citado atraso, afirmam que a Oi teve que refinanciar o DIP financing que
venceria em janeiro de 2022, com inclusão de cláusula de recompra obrigatória dos novos bonds emitidos, a qual foi
exercida por mais de 98% dos credores quando do fechamento da alienação da UPI Ativos Móveis, com o consequente
pagamento antecipado de aproximadamente R$ 4,4 bilhões; (ii) os efeitos da crise instalada pela pandemia da Covid 19,
a qual frustrou quase todas as previsões que serviram de base do APRJ, com o aumento substancial das despesas
financeiras, impactada pela variação cambial, e com a perda de 4% dos clientes da telefonia fixa entre os anos de 2020
e 2022; (iii) divergência no fechamento de preço da venda da UPI Ativos Móveis, o que gerou a suspensão da entrada
de R$ 1,5 bilhão no caixa da Companhia, além da cobrança de R$ 1,7 bilhões pelas adquirentes; e (iv) demora no
processo de adaptação das concessões de STFC - Serviço Telefônico Fixo Comutado - em autorizações, previsto
expressamente em lei desde 2019 e regulamentado em 2021, o que obriga a Companhia a realizar elevados
investimentos em serviço insustentável.

Expõem que, apesar da evolução nas negociações envolvendo os seus principais credores financeiros – Bondholders,
ECAs holders e Bancos Nacionais -, com vista a melhorar seu perfil de endividamento, ainda não foi possível chegar a
uma composição, o que acreditam que ocorrerá em breve.

No que se refere à viabilidade econômica, esclarecem que o Grupo Oi: (i) desde o ajuizamento da 1ª RJ, conseguiu
reduzir sua dívida financeira bruta em 30%, tendo quitado mais de 35 mil credores, além de ter pago mais de R$ 10
bilhões em créditos extraconcursais; (ii) manteve a sua receita líquida em patamar elevado, a qual, no último trimestre
de 2022, atingiu o montante de cerca de R$ 9,955 bilhões; (iii) reduziu as suas despesas operacionais em
aproximadamente 14%; (iv) no contexto da participação societária envolvendo a V. Tal, sociedade resultante da
alienação da UPI InfraCo na 1ª RJ, possui mais de 4 milhões de clientes de fibra ótica de alta velocidade, o que a torna
a segunda maior provedora de serviços de fibra do país, além de possibilitar o aumento de receitas ligadas a tais
serviços, que tiveram um crescimento de quase 31% se comparado ao 3º trimestre de 2021; e (v) por meio da Oi
Soluções, incrementou as receitas de Tecnologia da Informação e Comunicação, as quais atingiram R$ 147 milhões no
3º trimestre de 2022, o que representa um crescimento de 55,3% em relação ao mesmo período de 2021.

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Afirmam desempenhar um papel de destaque na economia nacional, com a geração de milhares de empregos diretos e
indiretos, sendo que a falência da Companhia deixaria desamparados, aproximadamente, 62 mil colaboradores diretos e
indiretos do Grupo Oi, assim como impactaria de forma substancial a economia nacional, tendo em vista que as
sociedades do grupo recolheram o montante aproximado de R$ 2,85 bilhões em tributos apenas no exercício de 2022, e
que, sua eventual saída do mercado afetaria o consumo de internet, telefonia e serviços de telecomunicações para
milhões de pessoas, milhares de empresas e entidades públicas e privadas, impactando diretamente o acesso à
informação e à comunicação. Pontuam que a Companhia é a única prestadora de serviços de telecomunicações em
pouco mais de 3 mil dos 5.568 municípios brasileiros.

Sustentam o preenchimento de todos os requisitos legais exigidos nos arts. 48 e 51, da Lei 11.101/2005, para
legitimação do novo pedido de processamento da recuperação judicial. Nesse ponto, destacam: (i) que “obtiveram a
concessão da primeira recuperação judicial há mais de 5 anos, contados deste pedido principal da nova recuperação
judicial”. A concessão da 1ª RJ ocorreu em 05/02/2018, tendo sido o novo pedido protocolado em 01/03/2023; e (ii) a
necessidade de acautelamento em sigilo dos documentos exigidos pelos incisos IV, VI e VII, todos do art. 51 da LFR.

Afirmam que, além do stay period, seria necessária a adoção de medidas cautelares, as quais seriam essenciais para
proteger a integridade do patrimônio da Companhia durante o curso do procedimento, sendo elas: (i) a preservação das
cartas-fiança e dos seguros-garantia prestados pelas instituições financeiras e seguradoras para garantir as execuções
judiciais movidas contra as empresas que integram o Grupo Oi; e (ii) a manutenção da sistemática de controle prévio de
atos constritivos contra o patrimônio das Requerentes, como realizado no âmbito da 1ª RJ, com a extensão às
execuções de créditos extraconcursais, “de modo que as penhoras para satisfação de créditos públicos e privados em
valores superiores a R$ 20.000,00 recaiam apenas sobre os bens previamente aprovados por esse Juízo recuperacional
(fls. 525.721/526.997 da 1ª RJ), e os créditos de até R$ 20.000,00 sejam satisfeitos por meio da penhora online nas
contas previamente indicadas”.

Ao final, pleiteiam: (i) a suspensão de todas as ações e execuções, nos termos do art. 6º da LRF; (ii) a dispensa de
apresentação de certidões negativas para o exercício das atividades pelas Requerentes, inclusive para requererem
benefícios fiscais e regimes especiais, bem como participarem de procedimentos licitatórios; (iii) a intimação do
Ministério Público e a comunicação das Fazendas Públicas; (iv) a expedição do Edital do § 1º, art. 52, da LRF; (v) a
declaração de que estão sujeitos ao concurso de credores todos os créditos existentes até a data de apresentação do
pedido de RJ; (vi) autorização da tramitação da RJ em consolidação substancial; (vii) a manutenção das fianças e dos
seguros-garantia prestados por terceiros em favor das Requerentes, com expressa proibição de liquidação e/ou
execução; (viii) a manutenção da ordem determinada na 1ª RJ, quanto ao Ato Concertado envolvendo os atos
constritivos contra o patrimônio das Requerentes, para que permaneça em vigor a decisão de fls. 527.093/527.113 dos
autos da 1ª RJ, com a extensão às execuções de créditos extraconcursais de natureza privada; e (ix) a decretação da
confidencialidade, com o consequente acautelamento na serventia, das relações de empregados e de bens particulares
dos administradores das Requerentes, bem como dos extratos das contas bancárias e aplicações financeiras das
Requerentes.

A petição veio instruída com documentos de ID nº 47711511 até ID nº 4715581.

É O RELATÓRIO. DECIDO.

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II – FUNDAMENTAÇÃO

O presente pedido de recuperação judicial possui a peculiaridade de se tratar de um segundo pedido de recuperação de
um mesmo grupo econômico.

Um novo pedido de recuperação judicial da mesma empresa ou grupo econômico é raro, mas legalmente possível. A
Lei 11.101/2005 não limita o número de pedidos de recuperação judicial, e com isso andou bem o legislador, pois crise
econômica e financeira pode existir em várias ocasiões e por motivos diversos. Portanto, a formulação de um segundo
pedido de recuperação judicial é direito tutelado expressamente na lei e pode ser exercitado desde que se cumpram os
requisitos legais.

Empresas do grupo COESA/OAS (processo nº 1111746-12.2021.8.26.0100) e do Grupo Marques & Caetano (processo
nº 0000795-68.2015.811.0011) são exemplos da utilização do favor legal mais de uma vez, pois tiveram a sua segunda
recuperação judicial deferida pelo Poder Judiciário.

O GRUPO OI, mesmo após a sua reestruturação societária que resultou da extinção de algumas das empresas por
incorporação, ainda é um grande conglomerado econômico, com receita líquida expressiva e desempenha serviços
públicos e privados essenciais para a população brasileira.

Além disso, gera dezenas de milhares de empregos diretos e indiretos, bem como recolhe, ao Poder Público, bilhões de
reais a título de tributos.

E mesmo após as Requerentes terem, em 2016, se socorrido do favor legal da recuperação judicial, neste momento
ainda necessitam de novo socorro para superar as dificuldades, a fim de atingir os seus objetivos sociais.

Importante destacar que a Lei 11.101/2005 foi editada tendo como princípios fundamentais a preservação da empresa,
a proteção aos trabalhadores e os interesses dos credores, tal como consta no artigo 47:

Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de
crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte
produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo,
assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.

Sobre esses princípios que regem a recuperação judicial, Manoel Justino Bezerra Filho afirma que “a Lei, não por

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acaso, estabelece uma ordem de prioridades na finalidade que diz perseguir, ou seja, colocando como primeiro objetivo
a ‘manutenção da fonte produtora’, ou seja, a manutenção da atividade empresarial em sua plenitude tanto quanto
possível, com o que haverá possibilidade de manter também o ‘emprego dos trabalhadores’. Mantida a atividade
empresarial e o trabalho dos empregados, será possível então satisfazer os ‘interesses dos credores’.” (Bezerra Filho,
Manuel J. Lei de Recuperação de Empresas e Falência Comentada. 6ª Ed. RT. P. 123).

Cabe ao Poder Judiciário, na aplicação da Lei 11.101/05, contribuir para que a empresa atinja a sua função social, de
forma a dar efetividade aos princípios constitucionais da ordem econômica, disposto no artigo 170 da Constituição
Federal.

E como bem destaca Daniel Carnio Costa, “A interpretação do instituto da recuperação de empresas deve superar o
dualismo pendular de modo a deslocar o foco interpretativo para a realização do resultado útil e eficaz desse sistema
jurídico. (...) A complexidade do processo de insolvência não pode se tornar empecilho à obtenção do resultado útil da
falência ou da recuperação de empresas, sob pena de não cumprir sua função constitucional. Nesse sentido, além da
aplicação e interpretação adequada dos dispositivos legais, exige-se a adoção de um novo modelo de gestão
processual, que permita maior agilidade e democracia no processo decisório.”. (Reflexões sobre processos de
insolvência: divisão equilibrada de ônus, superação do dualismo pendular e gestão democrática de processos. Cadernos
Jurídicos, São Paulo, ano 16, nº 39, p. 59-77, Janeiro-Março/2015)

Fincadas as prefaciais acima, antes da análise dos requisitos objetivos para concessão do deferimento do pedido de
processamento da recuperação judicial, necessário o enfrentamento de questões processuais preliminares, algumas já
examinadas na decisão de deferimento da tutela antecipatória da presente, que dizem respeito à: a) jurisdição e
consolidação processual; b) competência; c) consolidação substancial; e d) situação financeira do Grupo Oi e sua
viabilidade econômica.

III – QUESTÕES PRELIMINARES

a) JURISDIÇÃO E CONSOLIDAÇÃO PROCESSUAL

O presente pedido de recuperação judicial foi formulado por Oi S.A., PTIF e Oi Coop. PTIF e Oi Coop são sociedades
não operacionais que, no passado, foram utilizadas como veículos para captação de recursos a partir do exterior,
voltados ao financiamento das atividades do Grupo Oi no Brasil. As obrigações da PTIF e da Oi Coop, apesar de
contraídas originalmente no exterior mediante a emissão de bonds, sempre foram cumpridas no Brasil, com lastro nas
operações brasileiras de sua controladora Oi.

Relembre-se que, quando do processamento da 1ª recuperação judicial do Grupo Oi, a competência desse juízo para
processar a recuperação judicial da subsidiária holandesa Oi Coop chegou a ser questionada no âmbito do
procedimento instaurado com base no Chapter 15 do Código de Falências Norte Americano, cujo julgamento proferido

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pelo juízo do Distrito Sul de Nova York, nos Estados Unidos, confirmou que é no Brasil que está localizado o centro de
principais interesses da Oi Coop e do Grupo Oi.

Ao deferir o processamento da 1ª recuperação judicial, este Juízo já havia entendido que: “E, na medida em que as
empresas integrantes do GRUPO OI atuam de forma coordenada e integrada no sistema brasileiro de
telecomunicações, e sob controle societário, operacional, financeiro, administrativo e gerencial único - exercido pela
sociedade controladora OI - inclusive com relação às sociedades-veículos financeiros não operacionais constituídas no
exterior - a proteção judicial deve alcançar ao conglomerado como um todo.” (fls. 89496-89525 do processo nº 0203711-
65.2016.8.19.0001).

Tratou-se, na época, de verdadeiro leading case, pois pouco ou nada havia de insolvência transnacional nos tribunais
brasileiros e nem a legislação em vigor tratava dessa hipótese. O Poder Judiciário foi demandado a suprir a lacuna legal,
através da interpretação sistemática e analítica do ordenamento e, notadamente, dos princípios constitucionais
aplicáveis. Posteriormente, a Lei 14.112/2020 trouxe à Lei 11.101/2005 o capítulo da Insolvência Transnacional (VI-A)
para regulamentar a hipótese.

Naquela ocasião, também a consolidação processual ainda nem estava normatizada, o que ocorreu com as alterações
trazidas pela Lei 14.112/2020, nos termos do art. 69-G: Os devedores que atendam aos requisitos previstos nesta Lei e
que integrem grupo sob controle societário comum poderão requerer recuperação judicial sob consolidação processual.

Pelo exposto, mostram-se atendidos os requisitos para a consolidação processual, nos termos do art. 69-G da Lei nº
11.101/05. Indiscutível que há controle societário, operacional, financeiro, administrativo e gerencial único exercido pela
sociedade controladora Oi S.A. em relação às sociedades-veículos financeiros não operacionais constituídas no exterior,
sendo evidente a existência de um grupo econômico de fato e direito, tendo todas as Requerentes apresentado
documentação individualmente, o que permite o litisconsórcio ativo para fins de ajuizamento da Recuperação Judicial.
Assim, reiterando os termos da decisão antecipatória proferida no ID 44532251 da Tutela Cautelar Antecedente nº
0809863-36.2023.8.19.0001, a consolidação processual é medida que deve ser aplicada ao presente caso.

b) COMPETÊNCIA

Conforme consta da decisão em que deferi a tutela cautelar antecedente (ID 44532251 da Tutela Cautelar Antecedente
nº 0809863-36.2023.8.19.0001), embora tenha ocorrido o encerramento da Recuperação Judicial do Grupo OI, por meio
de sentença proferida em 14.12.2022, nos autos do processo 0203711-65.2016.8.19.2006, em que figuraram, como
Recuperandas, as três sociedades empresárias que formulam o presente pedido, seus efeitos ainda não foram
estabilizados pelo trânsito em julgado.

À hipótese, portanto, se aplica a decisão da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, que entendeu que, enquanto não
transitada em julgado a decisão que encerra a recuperação judicial, subsiste a competência do juízo recuperacional para

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a administração do patrimônio da recuperanda (REsp 1.879.502/DF, Min. Raul Araújo, 4ª Turma, STJ).

Além da prevenção estabelecida pelo §8º do art. 6º da Lei 11.101/05, consubstanciada no 1º pedido de recuperação
ainda não transitado em julgado, ainda há dois requerimentos de falência (processos nº 0313317-91.2017.8.19.0001 e
0213353-57.2019.8.19.0001) tramitando perante esse Juízo.

Logo, a competência deste Juízo da 7ª Vara Empresarial da Capital do Estado do Rio de Janeiro é inequívoca para o
processamento da recuperação judicial, consoante nova redação do art. 6º, § 8º, da Lei 11.101/2005.

Dessa análise sobre a competência também deve se levar em consideração a constatação do local do principal
estabelecimento das Requerentes, cujo centro das atividades do Grupo Oi está localizado na cidade do Rio de Janeiro,
sede do Grupo e local de tomada de decisões, o que também justifica o ajuizamento do pedido de Recuperação Judicial
nesta Comarca, nos termos do que estabelece o art. 3º da Lei nº 11.101/2005.

Reitero, portanto, minha decisão anterior proferida no ID 44532251 da Tutela Cautelar Antecedente nº 0809863-
36.2023.8.19.0001, no sentido de que é irrefutável a prevenção deste juízo da 7ª Vara Empresarial da Capital do Estado
do Rio de Janeiro, para conhecer deste novo pedido de processamento da recuperação das Requerentes.

c) CONSOLIDAÇÃO SUBSTANCIAL

Em sua petição inicial de pedido de recuperação judicial, as Requerentes afirmam que PTIF e Oi Coop,
“substancialmente, apenas registram estas operações financeiras passadas, reestruturadas na forma da sua 1ª RJ, com
a sua controladora no Brasil, Oi S.A. Suas obrigações, como se disse, sempre foram cumpridas no Brasil, com lastro
exclusivo nas operações brasileiras de sua controladora (Oi), única empresa operacional geradora do caixa necessário
para o pagamento de quaisquer dívidas do grupo.”

Com propriedade, por ser a Oi S.A. a única empresa operacional, e as duas demais terem apenas a função de veículo
financeiro, a petição inicial destaca que apenas o processamento único de recuperação judicial das empresas
integrantes do GRUPO OI é capaz de viabilizar o reerguimento do conglomerado.

Antes da reforma da Lei 11.101/2005, a matéria da consolidação substancial era controvertida na doutrina e na
jurisprudência. Contudo, com a edição da Lei 14.112/2020, ficou positivada a dispensa da assembleia geral para decidir
sobre a questão.

Assim, as alterações trazidas pela Lei nº 14.112/2020 incluíram a hipótese legal em que o juiz poderá, de forma
excepcional, independentemente da realização de assembleia-geral, autorizar a consolidação substancial de ativos e

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passivos dos devedores integrantes do mesmo grupo econômico, desde que preenchidos certos requisitos.

Art. 69-J. O juiz poderá, de forma excepcional, independentemente da realização de


assembleia-geral, autorizar a consolidação substancial de ativos e passivos dos
devedores integrantes do mesmo grupo econômico que estejam em recuperação judicial
sob consolidação processual, apenas quando constatar a interconexão e a confusão
entre ativos ou passivos dos devedores, de modo que não seja possível identificar a sua
titularidade sem excessivo dispêndio de tempo ou de recursos, cumulativamente com a
ocorrência de, no mínimo, 2 (duas) das seguintes hipóteses:

I - existência de garantias cruzadas;

II - relação de controle ou de dependência;

III - identidade total ou parcial do quadro societário; e

IV - atuação conjunta no mercado entre os postulantes.”

É de se destacar que o disposto no art. 69-J está consoante com o que dispõe o rol do art. 35, inciso I, o qual prevê,
ainda que de forma exemplificativa, as matérias de competência da Assembleia Geral de Credores. No referido rol não
se prevê a necessidade de instalação da assembleia para decidir sobre a matéria.

Elucidativo foi o voto proferido no Agravo de Instrumento 2269266-61.2020.8.26.0000 - 1ª Câmara Reservada de Direito
Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo, Relator Des. J. B. FRANCO DE GODOI:

“A consolidação substancial obrigatória, nada mais é do que uma medida de otimização


processual mediante a ampliação do polo ativo da demanda, a qual visa contornar uma
situação “intransponível” de “entrelaçamento negocial” entre empresas que pertencem ao
mesmo grupo empresarial. Trata-se de instituto de natureza processual cogente, que
visa evitar a quebra de determinada sociedade empresária que está vinculada ao
resguardo de outra sociedade em crise. No cenário de responsabilidades
interligadas, com dificuldades ou vantagens financeiras, entre as empresas do
mesmo grupo econômico, a consolidação substancial serve como instrumento de
viabilizar de forma eficaz o soerguimento. É o caráter instrumental do processo civil
servindo aos objetivos e finalidades do direito material!” (TJ-SP - 1ª Câmara Reservada
de Direito Empresarial - Agravo de Instrumento nº 2269266-61.2020.8.26.0000)

No caso, i) há garantias cruzadas, pois os títulos emitidos pelos veículos financeiros (PTIF e da Oi Coop) são garantidos
pela Oi S.A., ii) há dependência da PTIF e da Oi Coop, não operacionais, para com a Oi S.A., única empresa do grupo
requerente que está em operação; iii) há atuação conjunta no mercado e iv) há identidade total ou parcial do quadro
societário, conforme organograma acostado no ID nº 47715423.

Ademais, no bojo da 1ª recuperação judicial do Grupo Oi, quando ainda não havia sido incorporado o art. 69-J à lei, a
consolidação substancial de ativos e passivos das sociedades ora requerentes e a apresentação de um plano unitário

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foram submetidas aos credores em AGC, que as aprovaram.

Pelo acima exposto, considero atendidos os requisitos para a consolidação processual, nos termos dos arts. 69-G e 69-
J da Lei nº 11.101/05.

d) DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DO GRUPO OI E SUA VIABILIDADE ECONÔMICA

Ao longo da 1ª RJ, a situação financeira do Grupo Oi foi acompanhada e fiscalizada por todos os personagens do
processo, com base nos RMAs que foram regularmente apresentados pelo Administrador Judicial naqueles autos, o
qual, em seu Relatório Circunstanciado, concluiu que as Recuperandas cumpriram as obrigações vencidas no curso da
fiscalização.

Em parecer técnico (“Laudo de Constatação”) acostado aos presentes autos pelas Requerentes (ID nº 48696380),
elaborado conjuntamente por Bichara Advogados e PP&C Auditores Independentes S.S. a partir das últimas
informações financeiras divulgadas ao mercado pelo Grupo Oi, referente ao mês de setembro de 2022, foi pontuado
que, no Balanço Patrimonial consolidado do citado mês, em comparação a dezembro de 2021, a rubrica: (i) caixa e
equivalentes de caixa aumentou em R$ 461.486 mil; (ii) contas a receber e líquido das provisões, apresentou aumento
de R$ 407.573 mil, sendo que 81% desse montante não se encontra vencido; e (iii) imobilizado teve aumento de R$
550.310 mil.

Já do exame das Demonstrações de Resultado do Exercício, que foram anualizadas para fins de comparação com os
dados do exercício anterior de 2021, os Assistentes Técnicos das Requerentes constataram: (i) que, tanto a receita
bruta, quanto a receita líquida se mantiveram estáveis em relação ao exercício anterior; e (ii) redução dos “Custos dos
bens e/ou serviços vendidos”, das “Despesas com vendas”, das “Despesas Gerais e Administrativas” e das “Outras
Despesas Operacionais”.

Além disso, como se observa do fluxo de caixa projetado acostado no ID nº 47711532, a Administração das
Recuperandas estima recebimentos relevantes, na ordem de R$ 12.606 milhões, sendo que parcela considerável é
consumida por pagamentos relacionados a “Fornecedores + Investimentos” (R$ 11.637 milhões), o que poderá ser
objeto de repactuação no oportuno Plano de Recuperação Judicial que será apresentado.

Todos esses fatores, somados ao comunicado da Companhia informando a evolução nas negociações com
determinados credores envolvendo a reestruturação de certas dívidas, demonstram que há probabilidade de
soerguimento da empresa, com a preservação da sua função social, sendo “vedado o indeferimento do processamento
da recuperação judicial baseado na análise de viabilidade econômica do devedor” (art. 51-A, § 5º, LRF).

É cediço por todos que a Lei 11.101/2005 inovou o conceito da atividade empresarial, descrevendo-a como sendo uma
fonte produtora, geradora de empregos e riquezas, que há de ser preservada, eis que desenvolve relevante função

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social. Daniel Carnio Costa, em artigo publicado na internet em 24 de outubro de 2017, intitulado “O critério tetrafásico
de controle judicial do plano de recuperação judicial”, preconiza que “é importante entender como funciona o mecanismo
da recuperação judicial de empresas. Trata-se de instrumento criado pelo sistema de insolvência empresarial para
ajudar a empresa viável, mas em crise, a superar esse momento de dificuldade e manter a sua atividade e todos os
benefícios dela decorrentes, ou seja, os postos de trabalho, a renda dos trabalhadores, a circulação de bens, produtos,
serviços, riquezas em geral e o recolhimento de tributos. No modelo brasileiro inaugurado pela lei 11.101/05, o Poder
Judiciário deve ajudar as empresas a superar o momento de crise através da criação, no bojo da recuperação judicial,
de um ambiente de negociação equilibrada entre credores e devedores, a fim de que os agentes de mercado possam
ajustar um plano de recuperação que atenta minimamente aos interesses da maioria dos credores e, ao mesmo tempo,
viabilize a manutenção das atividades da empresa com a preservação dos empregos, dos tributos, da circulação dos
produtos, serviços e das riquezas em geral.”

Em resumo, havendo demonstração de recebimento de elevada receita e de empenho da Companhia na redução dos
custos/despesas, compete à devedora demonstrar a sua viabilidade econômica quando da apresentação do seu Plano
de Recuperação Judicial.

IV – DOS REQUISITOS DO ART. 48 DA LEI 11.101/2005

Ao conceder a tutela cautelar antecedente a esta recuperação judicial, esse juízo fez uma análise perfunctória do
atendimento aos requisitos legais, tendo verificado a probabilidade do direito aqui pretendido. Agora, com a formalização
do pedido principal de nova recuperação judicial, tendo as Requerentes trazido a documentação para tanto, faz-se
necessária uma revisitação do tema para verificação do atendimento ou não aos requisitos legais.

Com relação aos requisitos exigidos no art. 48 da Lei 11.101/2005, as Requerentes, indiscutivelmente até por conta da
1ª Recuperação Judicial que tramitou perante este Juízo, exercem regularmente suas atividades há muito mais de dois
anos (caput), não são falidas (inciso I), não são microempresas nem empresas de pequeno porte que pudessem se
aproveitar do favor legal previsto na Seção V da Lei 11.101/2005 (inciso III) nem tiveram administrador ou sócio
controlador condenado por crimes falimentares (inciso IV).

Também foi devidamente atendida a condição prevista no II, que diz: “Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o
devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos
seguintes requisitos, cumulativamente: II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação
judicial.”.

É de se destacar que a concessão da 1ª recuperação judicial se deu por decisão proferida em 05/02/2018, sendo que a
presente e 2ª recuperação judicial foi requerida em 01/03/2023, atendido, portanto, o quinquênio legal de intervalo entre
a concessão da 1ª recuperação judicial e o novo pedido.

Assim, findo o prazo de cinco anos em 05/02/2023, estão configurados os requisitos legais para o deferimento do

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processamento da 2ª recuperação judicial. Esse é o entendimento da doutrina e da jurisprudência:

“Para que o devedor possa se valer da recuperação judicial, não poderá ter se
beneficiado com a concessão de outra recuperação judicial há menos de cinco anos –
seja pelo regime geral ou pelo especial para microempresas e empresas de pequeno
porte (LREF, art. 48, II e III)” (SCALZILLI, João Pedro; SPINELLI, Luis Filipe;
TELLECHEA, Rodrigo. Recuperação de Empresas e Falências. São Paulo: Almedina,
2018. p. 351.)

“A vedação refere-se à 'obtenção' em pedido anterior, devendo se fincar o termo inicial


da contagem do prazo na data em que o juiz conceder a recuperação judicial, o que se
dá após a aprovação da assembleia-geral (LF, art. 72). É, portanto, da sentença
concessiva que se contam os prazos impeditivos previstos no art. 48, II e III, da nova Lei
Falimentar.” (NEGRÃO, Ricardo. Aspectos Objetivos da Lei de Recuperação de
Empresas e de Falências. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 179).

“O inciso II do artigo 48 da Lei 11.101/2005 estabeleceu um requisito de natureza


negativa para que o pedido de recuperação judicial possa ser processado: “não ter, há
menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial”. O marco inicial da
contagem deste prazo de cinco anos, porém, é a data da homologação do plano de
pagamentos, o que remete, diretamente, ao disposto no artigo 58 deste mesmo diploma
legal (Manuel Justino Bezerra Filho, Lei de Recuperação de Empresas e Falência, 14ª
ed., RT, São Paulo, 2019, p. 173).” (TJSP, Agravo de Instrumento 2159031-
61.2019.8.26.0000, Relator Des. Azuma Nishi, 1ª Câmara Reservada de Direito
Empresarial, j. em 06.11.2019)

Portanto, não há dúvidas de que as Requerentes cumprem com todos os requisitos previstos no art. 48 da Lei
11.101/2005 para o ajuizamento de novo pedido de recuperação judicial.

V – REQUISITOS ESSENCIAIS OBJETIVOS DO PEDIDO (ART. 51 DA LFRE)

As normas que regem o procedimento de Recuperação Judicial devem ser analisadas de forma sistemática, valendo-se
sempre que possível o julgador de uma interpretação sociológica, para tentar alcançar aos fins sociais e as exigências
do bem comum, que a nova lei quis introduzir.

As alterações trazidas pela Lei 14.112/2020 incluíram a faculdade concedida ao juiz de promover a constatação prévia
para, “quando reputar necessário”, averiguar “reais condições de funcionamento da requerente e da regularidade e da
completude da documentação apresentada com a petição inicial” (art. 51-A).

O instituto da constatação prévia surgiu da prática dos magistrados que, antes de deferir o processamento da
recuperação judicial requerida, buscavam identificar i) se a empresa requerente apenas exista no papel, sem atividade

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comercial, ii) se a documentação necessária teria sido corretamente apresentada e iii) se incidiriam possíveis fraudes da
companhia devedora.

Dessa forma, a constatação prévia é uma ferramenta à disposição do juízo, não devendo ser aplicada como uma
limitante do procedimento ou mais uma burocracia que atrase o processamento da recuperação judicial a ponto de
prejudicar a empresa que se socorre do favor legal disponível em lei.

No caso presente, reputo como desnecessária a constatação prévia.

Já está comprovado que as Requerentes, por conta da 1ª Recuperação Judicial que tramitou perante este Juízo,
exercem regularmente suas atividades comerciais, estando suficientemente demonstrada as reais condições de
funcionamento da empresa.

Quanto à regularidade documental, este Juízo instou à Administração Judicial já nomeada na decisão antecipatória
proferida no ID 44532251 da Tutela Cautelar Antecedente nº 0809863-36.2023.8.19.0001, à verificação prévia da
completude da documentação apresentada com a petição inicial.

Segundo a Administração Judicial (ID 49311075), a vasta documentação carreada na petição inicial desponta o
cumprimento dos critérios objetivos exigidos no art. 51 da Lei 11.101/2005. A relação integral dos empregados, lista de
bens dos diretores das companhias e extratos das contas bancárias e aplicação financeira das Requerentes, assim
previstos nos incisos IV, VI, VII, do citado artigo, foram devidamente acautelados em cartório haja vista a necessidade
de ser observar o sigilo das informações, conforme certidão de ID 48655771.

Ademais, espontaneamente, as Requerentes trouxeram aos autos relevante parecer técnico (“Laudo de Constatação”),
elaborado conjuntamente por Bichara Advogados e PP&C Auditores Independentes S.S., que em sua conclusão aponta
que “O Grupo Oi está em plena atividade, possui mais de 35.000 empregados diretos, atua em mais de 3.0000
municípios do Brasil, detém a maior rede de fibra ótica do Brasil, recolheu em 2022 R$ 2,85 bilhões em tributos, e como
afirmado pelo Administrador Judicial, cumpriu com todas as obrigações previstas no plano de recuperação aprovado
pelos credores até o encerramento da 1ª RJ.”, bem como que “Existe correspondência entre os dados apresentados
pelas Recuperandas e a sua realidade fática, bem como correspondência com os seus livros fiscais e comerciais.”,
lembrando que as demonstrações e informações financeiras são objeto de auditoria por firma independente e de
acompanhamento pelo mercado e pela CVM.

Em síntese, verifico que o pedido está em termos para ter o seu processamento deferido, já que presentes os requisitos
legais (artigos 47, 48 e 51 da Lei 11.101/2005), verificando-se a possibilidade de superação da crise econômico-
financeira das Requerentes.

VI - DO PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO.

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Intimado a se manifestar, o douto Ministério Público, em análise da documentação que instruiu a petição inicial de
pedido de recuperação judicial, apresentou o parecer, acostado no ID nº 49652644, em que considera que as
Requerentes atenderam aos requisitos do art. 48 da Lei nº 11.101/2005, tendo em vista que: (i) estão regularmente
constituídas há mais de dois anos; (ii) não são sociedades falidas e não possuem administradores ou sócios
controladores condenados por crimes previstos na citada Lei; (ii) obtiveram a concessão da 1ª RJ no dia 08/01/2018,
tendo sido o novo pedido apresentado após decorridos mais de 5 (cinco) anos.

No que se refere ao art. 51 da Lei nº 11.101/2005, opina que seria dispensável a realização da perícia prévia de
constatação, uma vez que o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro dispõe de assessoria contábil, a qual
constatou: (i) na relação de credores, a ausência da indicação do endereço físico e eletrônico de cada credor; (ii) na
relação de bens onerados por propriedade fiduciária e leasing, a ausência de cópia e da descrição pormenorizada dos
negócios jurídicos realizados com os credores; (iii) uma possível inconsistência em relação ao valor do passivo da
Classe III; e (iv) a ausência dos relatórios de fluxo de caixa projetados.

Pontua que tais inconsistências não impedem o deferimento do processamento da RJ, pugnando pela intimação das
Requerentes para que solucionem as pendências.

Em relação ao pedido das Requerentes de decretação de sigilo a determinados documentos, sustenta que não há
supedâneo legal ou infralegal para o acolhimento no que se refere à relação de empregados e aos extratos bancários da
devedora. Por outro lado, com fundamento na Recomendação nº 103/2021 do CNJ, não se opõe ao pedido de sigilo da
relação de bens dos administradores e dos sócios controladores.

Destaca, por sua vez, não ter qualquer oposição ao pedido de consolidação substancial formulado pelas Requerentes,
uma vez que tal medida foi aprovada pelos credores na 1ª RJ.

Quanto ao pedido das Requerentes de que seja declarado que as cartas de fiança e os seguros garantia não poderão
ser liquidados e/ou executados tão somente em razão do ajuizamento desta RJ, manifesta a ausência de oposição ao
deferimento do pleito.

Em relação a tais pleitos formulados pelo parquet, todos merecem pronto acolhimento, o que já consta na
fundamentação e no dispositivo final da presente decisão.

Sustenta ainda o Ministério Público que, na forma do art. 69-H da Lei nº 11.101/2005, não seria possível a nomeação de
dois Administradores Judiciais.

Em relação à tal questionamento, este Juízo já prestou informações à Eminente Relatora do agravo de instrumento que

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visa a reforma da decisão de nomeação de 2 AJs proferida na cautelar antecedente. Nas informações prestadas, restou
consignado que a nomeação de dois profissionais para o exercício conjunto e único do mister da Administração Judicial,
ao sentir deste Juízo, não afronta a interpretação literal do art. 69-H da Lei 11.101/2005, haja vista ser inquestionável, e
de interesse geral, que o Administrador Judicial, além da expertise na área econômico-financeira, de auditoria e
contabilidade, também tenha plena e efetiva capacitação em ciências jurídicas e que a nomeação do Administrador
Judicial pode recair tanto sobre profissional do direito, como profissional de economia, ou mesmo sobre ambos, o que se
pretende na verdade, por experiência própria, é dar um adjetivo dicotômico a função do administrador judicial, dividindo-
a em duas partes – econômico-financeira/contábil e jurídica – opostas, porém, complementares e remuneradas por meio
de um percentual único, a ser fixado na forma prevista no art. 24, § 1º da LFRE.

Ao final, em relação à pretensão das Requerentes de manutenção da sistemática de controle de penhoras nas
execuções fiscais utilizada na 1ª RJ, sugere o seguinte procedimento: (i) “1º. Os atos de constrição para o pagamento
dos créditos tributários são da competência dos próprios juízos das execuções fiscais”; (ii) “2º. Recaindo a penhora
sobre um bem que o devedor em recuperação judicial entenda como essencial às suas atividades, deve ele pedir a
substituição da penhora ao próprio juízo da execução fiscal”; e (iii) “3º. Não acolhido o pedido de substituição da
penhora pelo juízo da execução fiscal, por meio do ato concertado, a questão pode ser levada ao crivo do juízo da
recuperação judicial, que poderá manter o ato de constrição sobre aquele bem ou SUBSTITUÍ-LO por outro que
entender menos prejudicial ao processo de reestruturação da empresa”.

O respeitável entendimento do Ministério Público em relação ao controle de penhoras nas execuções fiscais, destoa do
já decidido por este Juízo que, desde a primeira recuperação judicial, vem entendendo que, em conformidade com o
posicionamento consolidado pela Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça no CC 120.642, é competência do
juízo da recuperação judicial o controle dos atos constritivos determinados em sede de execução fiscal, reconhecendo,
porém, a competência de sua prática aos juízos das execuções fiscais para determinar eventual substituição do ato,
caso este possa vir a prejudicar a execução do plano de recuperação. Além disso, leva-se em consideração: a) que as
alterações trazidas à Lei 11.101/2005 pela Lei 14.112/2020 conciliam a prática de atos constritivos em face de empresa
em recuperação judicial sem afastar a competência do juízo da recuperação judicial para analisar e deliberar sobre tais
atos constritivos, a fim de garantir que o plano de recuperação judicial não fique inviabilizado (art. 6º, § 7º-B), b) que na
Lista de Processos juntada na petição inicial das Recuperandas, na aba "Processos trib ativos", constam 266 execuções
fiscais com valor envolvido de R$ 873.111.802,68; c) que, diante dos números apresentados, dúvida não há, que
constrições em espécie, realizadas diretamente nas contas das Recuperandas, sem que haja considerações prévias e
diretas em face de todo contexto econômico-financeiro que as executadas vivenciam, põem a atividade empresarial
desenvolvida em risco iminente e, claro, podendo inviabilizar ou prejudicar, via de consequência, a execução do plano
de recuperação.

VII – DA MEDIAÇÃO

Como se sabe, desde o início do primeiro processo de recuperação judicial do Grupo Oi, em 2016, este Juízo estimulou
a negociação, a busca do consenso e a utilização da mediação.

Após o deferimento do processamento da RJ, dois importantes procedimentos de mediação foram instaurados para: (i)
tentar solucionar o conflito acerca da nomeação e destituição de membros do Conselho de Administração do Grupo Oi
ocasionado pela disputa societária entre as Recuperandas e os acionistas Société Mondiale F.I. em Ações e Pharol; (ii)

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tratar da participação da ANATEL no processo, já que ostentava ao mesmo tempo a qualidade de maior credora
individual do Grupo Oi e de agência governamental que regula o serviço prestado pelas Recuperandas.

Além desses procedimentos, as Recuperandas e diversos credores fornecedores estratégicos do Grupo Oi participaram
de distintas mediações para definição de seus créditos na RJ, contribuindo para a necessária desjudicialização.

Em paralelo, foi criado um grande e inédito programa online de acordo com os credores, através do qual mais de 60 mil
acordos foram celebrados entre as devedoras e milhares de credores situados no Brasil e no exterior.

O primeiro procedimento online foi direcionado aos pequenos credores e aconteceu após a confirmação pelo Tribunal
de Justiça da decisão proferida por este Juízo. O acórdão da lavra da Desembargadora Monica Costa di Piero se tornou
um paradigma no tema e 36 mil acordos foram firmados nesta etapa, com uma drástica redução na apresentação de
impugnações de crédito.

O segundo procedimento foi direcionado aos credores ilíquidos e com mais de 10 mil acordos firmados foi possível
reduzir o número de incidentes processuais.

O terceiro procedimento, por sua vez, foi direcionado aos credores que apresentaram incidentes de habilitação e
impugnação de crédito, visando alcançar celeridade processual, tanto no julgamento dos incidentes processuais, quanto
na consolidação do Quadro Geral de Credores.

A doutrina especializada destaca a recuperação judicial do Grupo Oi como um “divisor de águas no que toca ao uso dos
meios autocompositivos nas recuperações empresariais” (Longo, Samantha. O uso da mediação nos processos de
recuperação judicial: um estudo do caso OI. In Recuperação Empresarial e Falências. Aspectos Práticos. Coord. Ed.
Thoth e outros) e um projeto que “motivou outras empresas a procurarem por soluções customizadas para tratar de
demandas específicas”. (Andrade, Juliana Loss; Bragança, Fernanda. A evolução prática da mediação no âmbito das
empresas em dificuldade no Brasil a partir do caso Oi, publicado no site Migalhas).

E afirmam que “o fato de haver um histórico positivo em casos de alta complexidade envolvendo valores vultosos
mostra empiricamente sua aplicabilidade em casos de insolvência os benefícios de seu uso.” (Felsberg, Thomas;
Boacnin, Victoria Vaccari Villela. A cultura do litígio na recuperação judicial e a sua superação, publicado no site
Migalhas)

O Conselho Nacional de Justiça aprovou duas importantes Recomendações sobre o tema:

(i) Recomendação 58/2019, que orienta os magistrados responsáveis pelo processamento e julgamento dos
processos de recuperação empresarial e falências, de varas especializadas ou não, que promovam, sempre que
possível, nos termos da Lei nº 13.105/2015 e da Lei nº 13.140/2015, o uso da mediação, de forma a auxiliar a resolução

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de todo e qualquer conflito entre o empresário/sociedade, em recuperação ou falidos, e seus credores, fornecedores,
sócios, acionistas e terceiros interessados no processo; e

(ii) Recomendação nº 71/2020, que orienta os Tribunais brasileiros a implementarem Centros Judiciários de
Solução de Conflitos e Cidadania Empresariais - CEJUSC, para o tratamento adequado de conflitos envolvendo
matérias empresariais de qualquer natureza e valor, inclusive aquelas decorrentes da crise da pandemia do Covid-19,
na fase pré-processual ou em demandas já ajuizadas.

Em 2020, a Lei de recuperação e falências foi alterada pela Lei 14.112/20 para incluir os art. 20-A e seguintes,
incentivando a mediação e a conciliação nos processos de insolvência. Hoje, portanto, a lei tem dispositivos claros que
preveem a adoção de meios autocompositivos, inclusive com a suspensão de execuções por sessenta dias para
composição com credores, em caso de mediação antecedente.

Ou seja, incentivar o diálogo, a negociação e o consenso são medidas que já vem sendo adotada pelo Juízo, com
resultados extremamente positivos, e atualmente prevista em orientações do Conselho Nacional de Justiça e
determinada pela Lei 11.101/05.

Este Juízo adotará a mesma linha de atuação neste novo pedido de recuperação judicial, com a criação de um núcleo
de mediação para coordenar, desde já, programas de mediação e negociação entre as partes.

Espera-se das devedoras e dos credores a vontade real e concreta de negociar com boa-fé e de forma célere para que
este novo processo de recuperação seja concluído o mais rápido possível.

Nesse sentido, como noticiado ao mercado pelas recuperandas, e informado no laudo de constatação que trouxeram
aos autos, o grupo devedor já chegou a um acordo com um relevante grupo de credores financeiros de modo a viabilizar
sua reestruturação. Esse é o espírito que deve nortear esta recuperação, que tem a particularidade de ter sido requerida
tão próxima do encerramento de anterior recuperação judicial.

Espera-se, igualmente, a parceria dos Administradores Judiciais nomeados neste processo, auxiliares do Juízo que, nos
termos do art. 22, II, e f da Lei 11.101/05, devem incentivar a autocomposição e fiscalizar a regularidade das
negociações. Conforme recentíssimo enunciado 13 do FONAREF do CNJ, o administrador não é obrigado a participar
das sessões de mediação, pois cabe ao mediador a condução dos procedimentos, mas deve estar sempre a postos se
convocado e atento aos movimentos conciliatórios.

As funções desempenhadas pelos mediadores/conciliadores e pelos administradores judiciais não são as mesmas, mas
são complementares e a parceria dos profissionais traz benefícios a todos os envolvidos. Foi o trabalho em equipe de
todos os auxiliares do Juízo que permitiu a condução exitosa na primeira recuperação judicial do Grupo Oi.

Nesta nova recuperação, o Juízo confia em que todos os personagens do processo terão em mente que o melhor
resultado útil do processo é encontrar rapidamente uma solução para a situação de endividamento.

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As devedoras se socorrem novamente ao Poder Judiciário e terão deferido o processamento da nova RJ, mas devem
estar cientes de que o Juízo pretende, com o uso de métodos autocompositivos, transformar esse processo em uma
“recuperação judicial expedita”, assim como ocorre em procedimentos arbitrais. A ideia é que o processo se desenrole
em um formato célere, eficiente e menos custoso.

Para os programas de mediação e negociação, o Juízo manifesta ainda sua preocupação com as condições de
pagamento que serão oferecidas aos credores quirografários que, na primeira recuperação, já participaram com grande
cota de sacrifício, dilatando em anos o prazo para recebimento dos seus créditos. Um olhar especial deve ser a eles
dedicado.

VIII – DISPOSITIVO

Pelo exposto, nos termos do art. 52 da Lei 11.101/2005, DEFIRO o processamento, em litisconsórcio processual e
consolidação substancial, da recuperação judicial de OI S.A., inscrita no CNPJ sob o nº 76.535.764/0001-43, com sede
e principal estabelecimento na Rua do Lavradio nº 71, Centro, na Cidade e Estado do Rio de Janeiro, CEP 20230-070,
PORTUGAL TELECOM INTERNATIONAL FINANCE B.V., pessoa jurídica de direito privado constituída de acordo com
as Leis da Holanda, com sede em Delflandlaan 1 (Queens Tower), 1062 EA, Amsterdam, Holanda, e principal
estabelecimento nesta cidade do Rio de Janeiro e OI BRASIL HOLDINGS COÖPERATIEF U.A., pessoa jurídica de
direito privado constituída de acordo com as Leis da Holanda, inscrita no CNPJ sob o nº 16.770.090/0001-30, com sede
em Delflandlaan 1 (Queens Tower), 1062 EA, Amsterdam, Holanda, e principal estabelecimento nesta cidade do Rio de
Janeiro. Para tanto:

I - Ratifico a nomeação como administradores judiciais, nos termos dos arts. 52, I, e 69-H, todos da Lei 11.101/2005, de
WALD ADMINISTRAÇÃO DE FALÊNCIAS E EMPRESAS EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL LTDA., CNPJ N.
35.814.140/0001-88, representada por Arnoldo Wald Filho, OAB/RJ 58.789 e Adriana Campos Conrado Zamponi,
OAB/RJ 92.831, localizada na Rua General Venâncio Flores, nº 305/10º andar, Leblon, contato@ajwald.com.br, e K2
CONSULTORIA ECONÔMICA, CNPJ 03.916.857/0001-44, representada por João Ricardo Uchoa Viana, com sede na
Rua Primeiro de Março, 23, 14º andar, Centro, RJ, joao.ricardo@k2consultoria.com, para os fins do art. 22, I e II, cujos
termos de compromisso já foram devidamente subscritos e juntados nos autos da Tutela Cautelar Antecedente,
processo nº 0809863-36.2023.8.19.0001 (sob os IDs 45865217 e 45863932) e deverão ser trasladados pela Serventia
para os presentes autos;

II - Nomeio como auxiliar do Juízo, desempenhando a função de coordenadora do núcleo de mediação a advogada
Samantha Mendes Longo, com larga experiência no tema, inscrita na OAB/RJ sob o n. 104.119, com endereço
profissional no centro da cidade, na Av. General Justo, 365, 9º andar;

III – DETERMINO:

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a) a suspensão do curso da prescrição das obrigações das devedoras sujeitas ao regime desta Lei, bem como a
suspensão das execuções ajuizadas pelos credores particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações
sujeitos à recuperação judicial, nos termos do art. 6º, incisos I e II da Lei 11.101/2005;

b) a suspensão da publicidade dos protestos e inscrições nos órgãos de proteção ao crédito em face das
Recuperandas, pelo prazo de 180 dias, contados a partir da decisão que concedeu a tutela cautelar antecedente (ID
45335542);

c) a proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e constrição judicial ou
extrajudicial sobre os bens dos devedores, oriunda de demandas judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações
sujeitem-se à recuperação judicial, por força da previsão do art. 6º, III, da Lei 11.101/2005, bem como do caráter erga
omnes da decisão que defere o processamento da recuperação judicial e da competência absoluta deste Juízo;

d) a manutenção das fianças judiciais e dos seguros garantia judiciais prestados por terceiros em favor das
Requerentes, que tenham por objeto garantir créditos concursais, com a consequente proibição de liquidação e/ou
execução de tais instrumentos de garantia de processos, sob pena de violação do princípio da pars conditio creditorum.

Esclareço que, deferida a recuperação judicial, excetuada as exceções legais, a ela estarão sujeitos todos os créditos
ainda que não vencidos, existentes na data do pedido (art. 49 da Lei 11.101/2005).

Efetivamente, os créditos sujeitos à recuperação judicial não podem ser satisfeitos fora do seu âmbito processual, sob
pena de quebra da paridade entre os credores, ainda que haja garantia processual para sua satisfação, visto que, a
partir da deflagração do novo regime, devem ser observados todos os comandos ditados pela Lei Especial da
Recuperação Judicial, que neste sentido expressamente dispõe em seu art. 59: "O Plano de recuperação judicial implica
novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das
garantias, observado o disposto no § 1º do art. 50 desta Lei.".

Assim as garantias referidas no dispositivo citado são aquelas prestadas por "terceiros" - fiança, hipoteca, etc - e que
não sofrem qualquer alteração, pois o credor nesta hipótese conserva e mantém seus direitos e privilégios contra esses
coobrigados, conforme prevê o § 1º do artigo 49 da Lei 11.101/2005.

Contudo, as garantias judiciais e cartas de fiança passadas no sentido de assegurar o juízo da execução, não possuem
a mesma natureza das garantias previstas no § 1º do art. 49, e com elas não guardam qualquer semelhança, uma vez
que são prestadas no âmbito do processo executivo, com vista a assegurar sua efetividade, não sendo assim atingida
pela mencionada regra.

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IV - Ratifico, nesta oportunidade, a decisão que concedeu a medida liminar (ID 45335542) no sentido de:

a) dispensar as Recuperandas do atendimento aos requisitos econômico-financeiros no Procedimento licitatório nº


7003964994 (Petrobras), Procedimento licitatório nº 154/2022 (SAEB), procedimento licitatório nº 2022/04782 (Banco do
Brasil), procedimento licitatório nº 002/2023 (Agência Goiana de Habitação), procedimento licitatório SRP nº 02/2023
(Defensoria Pública do Acre) e procedimento licitatório nº 15410031/2023 (ESPMG);

b) determinar “a suspensão de todas as ações ou execuções contra os devedores”, devendo permanecer “os
respectivos autos no juízo onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos §§ 1º, 2º e 7º do art. 6º dessa Lei e
as relativas a créditos excetuados na forma dos §§ 3º e 4º do art. 49 dessa mesma Lei”, contado o prazo de 180 (cento
e oitenta dias) da presente decisão;

c) suspender a eficácia da cláusula ipso facto, em consideração ao pedido de recuperação, inserida em todos os
contratos firmados pelas devedoras, bem como a sustação dos efeitos de toda e qualquer cláusula que, em razão do
pedido de recuperação judicial e/ou das circunstâncias inerentes ao seu estado de crise, (a) imponha o vencimento
antecipado das dívidas e/ou dos contratos celebrados pelas Requerentes, e/ou (b) autorize a suspensão e/ou a rescisão
de contratos com fornecedores de produtos e serviços essenciais para o Grupo Oi, determinando-se que os
fornecedores de produtos e serviços essenciais não alterem unilateralmente os volumes de produtos e/ou serviços
fornecidos tão somente em razão deste pedido de recuperação judicial e/ou das circunstâncias inerentes ao seu estado
de crise;

V - Considerando o entendimento consolidado pela Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça no CC 120.642, no
sentido de que é competência do juízo da recuperação judicial o controle dos atos constritivos determinados em sede de
execução fiscal, reconhecendo, porém, a competência de sua prática aos juízos das execuções fiscais para determinar
eventual substituição do ato, caso este possa vir a prejudicar a execução do plano de recuperação; (ii) considerando que
as alterações trazidas à Lei 11.101/2005 pela Lei 14.112/2020 conciliam a prática de atos constritivos em face de
empresa em recuperação judicial sem afastar a competência do juízo da recuperação judicial para analisar e deliberar
sobre tais atos constritivos, a fim de garantir que o plano de recuperação judicial não fique inviabilizado (art. 6º, § 7º-B),
(iii) que na Lista de Processos juntada na petição inicial das Recuperandas, na aba "Processos trib ativos", constam 266
execuções fiscais com valor envolvido de R$ 873.111.802,68, (iv) que, diante dos números apresentados, dúvida não
há, que constrições em espécie, realizadas diretamente nas contas das Recuperandas, sem que haja considerações
prévias e diretas em face de todo contexto econômico-financeiro que as executadas vivenciam, põem a atividade
empresarial desenvolvida em risco iminente e, claro, podendo inviabilizar ou prejudicar, via de consequência, a
execução do plano de recuperação, ratifico as decisões de fls. 527093/527113 e fls. 587.734/587.774 da 1ª
Recuperação Judicial (processo nº 0203711-65.2016.8.19.0001) para:

(a) DECLARAR que todo e qualquer ATO DE CONSTRIÇÃO, em espécie, nas contas da OI S.A., PORTUGAL
TELECOM INTERNATIONAL FINANCE B.V. (“PTIF”), e OI BRASIL HOLDINGS COÖPERATIEF U.A. (“OI COOP”), por
qualquer meio, com a finalidade de garantia de Execuções Fiscais, por qualquer juízo Federal, Estadual ou Municipal do

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país, no valor acima de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), compromete e põe em risco a viabilidade do plano de
recuperação judicial e viola de forma direta o Princípio da Preservação da Empresa (art. 47 da Lei 11.101/2005);

(b) determinar que para os créditos de até R$ 20.000,00 (vinte mil reais), poderão ser realizadas penhoras online nas
contas nas seguintes contas: Banco Itaú Unibanco 341, Ag. 0654, CC 40477/1 -Oi S.A.; Banco Itaú Unibanco 341, Ag
0654, CC. 50828/2 -Oi Móvel S.A.; e Banco Itaú Unibanco 341, Ag 0911, CC. 20013/7- Telemar Norte Leste S.A).; e
para os créditos de valor igual ou superior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a penhora deverá recair sobre os bens
listados pelas Recuperandas às fls. 525.721/526.997 dos autos da 1ª Recuperação Judicial (processo nº 0203711-
65.2016.8.19.0001), a critério do juízo da execução, com a extensão às execuções de créditos extraconcursais de
natureza privada;

VI – Ratifico a dispensa da apresentação de certidões negativas para que as Recuperandas exerçam suas atividades
(art. 52, II), pleiteiem os benefícios fiscais e regimes especiais a que façam jus e participem de certames licitatórios
regulamente, nos exatos termos dos arts. 68 e 137 da Lei 14.133/2021 e do quanto decidido no AREsp 309.867;

VII - Fica vedado a qualquer órgão da administração pública direta ou indireta o encerramento de eventual contrato
administrativo em vigor, do qual participem quaisquer das Recuperandas, tão somente pelo ajuizamento desta
recuperação judicial;

VIII - DETERMINO às Recuperandas que:

a) atendam ao requerido pelo Ministério Público no prazo de 5 (cinco) dias (“i-na relação de credores, a ausência da
indicação do endereço físico e eletrônico de cada credor; ii- na relação de bens onerados por propriedade fiduciária e
leasing, a ausência de cópia e da descrição pormenorizada dos negócios jurídicos realizados com os credores; iii- uma
possível inconsistência em relação ao valor do passivo da Classe III; e iv- a ausência dos relatórios de fluxo de caixa
projetados”);

b) acrescentem após seu nome empresarial a expressão "em recuperação judicial", de acordo com o previsto no art.
69 da LRF;

c) providenciem a competente comunicação às Juntas Comerciais das respectivas sedes e filiais, na qual conste, além
da alteração do nome com a expressão “em Recuperação Judicial”, a data do deferimento do processamento e os
dados do administrador judicial nomeado, comprovando, nos autos, o encaminhamento da comunicação no prazo de 15
dias;

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d) apresentem as contas demonstrativas mensais durante todo o processamento da recuperação judicial, sob pena de
destituição de seus administradores;

e) providenciem comunicações aos juízos competentes, nos termos do art. 52, § 3º, da Lei 11.101/2005;

f) apresentem, no prazo de 60 (sessenta) dias, contados desta decisão de deferimento do processamento da


recuperação, o plano de recuperação judicial consolidado.

IX - DETERMINO à Administração Judicial que:

a) cumpra as funções e obrigações listadas no art. 22, I e II e alíneas, da Lei 11.101/2005, e auxilie o Juízo e a
serventia judicial na condução e bom andamento do processo, mediante a fiscalização do trâmite e deveres processuais
das partes, inclusive o cumprimento dos prazos pelas Recuperandas;

b) apresente, no prazo 15 dias, proposta de honorários, os quais deverão englobar eventuais profissionais que o
auxiliarão no cumprimento dos seus deveres, nos termos do art. 24 da Lei 11.101/2005;

c) indique e mantenha endereço eletrônico na internet, com informações atualizadas sobre o processo (art. 22, I, “k”),
devendo criar e manter formulário eletrônico específico para o recebimento de pedidos de habilitações/divergências,
ambos em âmbito administrativo (art. 22, II, “l”);

d) responda, em cumprimento ao art. 22, II, “m”, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, aos ofícios e às solicitações
enviadas por outros juízos e órgãos públicos, sem necessidade de prévia deliberação do juízo;

e) elabore em cumprimento ao art. 22, II, “c”, Relatórios Mensais de Atividade, adotando, para tanto, o modelo
constante do anexo da Recomendação n.º 72, de 19/08/2020, do CNJ (art. 2º, caput), podendo inserir outras
informações que jugar necessárias. O primeiro relatório deverá ser protocolado como incidente à recuperação judicial,
evitando ser juntado aos autos principais, sendo que os relatórios mensais subsequentes deverão ser, sempre,
direcionados ao incidente já instaurado e também disponibilizados pela Administração Judicial em seu website;

f) encaminhe mensalmente à Serventia “Relatório de Andamentos Processuais”, informando ao Juízo as recentes


petições protocoladas (indicando seus respectivos ID’s), e o que se encontra pendente de apreciação, nos termos da
Recomendação CNJ 72/2020 – art. 3º; e

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X - DETERMINO as seguintes providências e procedimentos a serem seguidos pelas Recuperandas, credores e
Administrador Judicial, considerando que ainda existem incidentes de habilitação e impugnação referentes ao 1º pedido
recuperacional (processo nº 0203711-65.2016.8.19.0001), bem como procedimento de habilitação administrativa em
andamento:

Com relação aos incidentes processuais distribuídos em apenso à 1ª RJ (processo nº 0203711-65.2016.8.19.0001):

a) com sentenças publicadas até a data do pedido da 2ª RJ ou com sentenças proferidas ainda não publicadas até a
data do pedido da 2ª RJ, mas cujo crédito eventualmente não tenha sido relacionado na Lista de Credores apresentada
pelas Recuperandas (art. 51, III, LRF) determino que tenham os créditos reconhecidos devidamente incorporados na
Relação de Credores a ser elaborada pelo Administrador Judicial (art. 7º, § 2º, LRF), devendo ser extintos pela
consequência lógica da falta de interesse superveniente;

b) ainda não sentenciados até a data do pedido da 2ª RJ, cujo crédito já tenha sido relacionado na Lista de Credores
apresentada pelas Recuperandas (art. 51, III, LRF), a depender da manifestação do habilitante/impugnante sobre
interesse ou não em prosseguir com a discussão do valor do crédito, serão extintos por falta de interesse ou
prosseguirão, sendo desde já considerados “impugnações tempestivas” para a presente 2ª Recuperação Judicial.

c) ainda não sentenciados, cujo crédito NÃO tenha sido relacionado na Lista de Credores apresentada pelas
Recuperandas (art. 51, III, LRF), serão desde já considerados “habilitações tempestivas” para a presente 2ª
Recuperação Judicial, e devem prosseguir em sua tramitação regular e, quando sentenciados, o crédito reconhecido
estará apto a votar em AGC e deve ser devidamente anotado pela Administração Judicial para consolidação no quadro
geral de credores, na medida em que as habilitações forem julgadas, observado o disposto na Lei 11.101/05;

XI - Diante do deferimento desta segunda Recuperação Judicial, o formulário digital mantido pelas Recuperandas no
site (www.recjud.com.br) por força de decisão proferida nos autos da RJ nº 0203711-65.2016.8.19.0001 (fls.
565.649/565.652, 568.187/568.196 e 587.734/587.774), perdeu a razão de ser, de modo que:

a) determino o encerramento do procedimento de habilitação administrativa até então vigente nos autos da RJ nº
0203711-65.2016.8.19.0001, e autorizo que as Recuperandas fechem o formulário digital;

b) determino que as Recuperandas, no prazo de 15 (quinze) dias, enviem à Administração Judicial planilha de
controle dos credores/procuradores que tenham feito, até a data do fechamento do formulário, habilitação administrativa
com sua competente certidão de crédito, disponibilizando toda a documentação pertinente, de modo que tais créditos, já
habilitados administrativamente mas que eventualmente não constantes da Lista de Credores apresentada pelas
Recuperandas (art. 51, III, LRF), sejam incorporados na Relação de Credores a ser elaborada pelo Administrador
Judicial nos presentes autos (art. 7º, § 2º, LRF);

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Número do documento: 23080908223164700000042169516
c) os credores concursais retardatários da 1ª Recuperação Judicial (processo nº 0203711-65.2016.8.19.0001) que até
o momento não tenham ingressado com a distribuição por dependência do seu pedido de habilitação/impugnação nem
tenham feito habilitação administrativa pelo formulário digital, deverão fazer habilitação ou divergência administrativa na
presente Recuperação Judicial diretamente à Administração Judicial, no prazo estabelecido no art. 7º, §1º da Lei
11.101/2005, utilizando o formulário do website da Administração Judicial, com o necessário upload da documentação
comprobatória do crédito e sua titularidade na aba “Habilitações e Divergências”.

XII - DETERMINO, ainda:

a) a expedição e publicação do edital previsto no parágrafo 1º do art. 52 da Lei 11.101/05, em que conterá o resumo do
pedido do devedor, a presente decisão que defere o processamento da recuperação judicial e a indicação de que a
relação nominal dos credores, com valor e classificação de cada crédito estará disponível no site das Recuperandas e
no site do Administrador Judicial. O edital deverá conter a advertência de que os credores têm o prazo de 15 (quinze)
dias para apresentar, quando for o caso, suas habilitações e/ou divergências perante o Administrador Judicial (art. 7º,
§1º), devendo as peças e documentos serem encaminhados EXCLUSIVAMENTE ao endereço eletrônico a ser criado
pela Administração Judicial especificamente para o recebimento dos pedidos de habilitações/divergências, no âmbito
administrativo, devendo advertir também que os pedidos de divergência/habilitação de crédito protocolados nos autos
principais não serão analisados, quer por serem precoces, quer em virtude da inadequação da via eleita;

b) que o Cartório promova, independentemente de despacho, a EXCLUSÃO DO PROCESSO DE TODAS AS


PETIÇÕES que:

(i) contenham pedidos de divergências, habilitações e impugnações de crédito, ingressadas diretamente nos
autos, no prazo previsto no § 1º do artigo 7º da Lei 11.101/2005, diante da clara e evidente extemporalidade, haja vista
que neste período não há judicialização desses procedimentos, que são administrativos e devem ser encaminhados
EXCLUSIVAMENTE ao endereço eletrônico a ser criado pela Administração Judicial especificamente para o
recebimento dos pedidos de habilitações/divergências;

(ii) tenham como pedido a simples anotação da qualidade de CREDOR e de seu PATRONO diretamente nos
autos, pois, em sua maioria, as decisões proferidas nos autos da Recuperação Judicial atingem a coletividade dos
credores a ela sujeitos, e por tal razão diversos dos chamamentos judiciais são realizados por meio de Editais e Avisos
publicados aleatoriamente a todos; e

(iii) sejam impugnações à lista de credores a ser apresentada oportunamente pelo Administrador Judicial (art. 7º,
§2º), já que estas deverão ser protocoladas como incidentes - como processo secundário - à recuperação judicial e
processada nos termos dos art. 13 e seguintes da Lei no 11.101/05, devendo, portanto, o cartório de ofício,
desentranhar as peças protocoladas diretamente nos autos principais para formação do procedimento secundário.

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c) seja oficiado a todas as Corregedorias Gerais de Justiça do Brasil (Tribunais Estaduais e Federais), e Corregedorias
dos Tribunais Regionais e Superior do Trabalho, com cópia da presente decisão, informando a suspensão das ações
nos termos ora explicitados e solicitando seja expedido AVISO as suas respectivas serventias judiciais subordinadas, no
sentido de que: I) a HABILITAÇÃO dos créditos sujeitos à recuperação judicial ora deferida deverá ser formalizada nos
termos do arts 9º e ss. da Lei 11.101/2005, e não se processará de ofício, mas sim, mediante requerimento formal do
próprio credor, instruído da devida certidão de crédito e II) Não há formação de Juízo Indivisível (art. 76 da Lei 11.1101)
mediante ser caso de recuperação judicial, mantido o processamento dos feitos perante o Juízo Natural da causa,
devendo apenas haver a necessária comunicação ao Juízo da recuperação nos casos de créditos extraconcursais em
relação a atos que visem à expropriação ou restrição de bens das Recuperandas, mesmo após o decurso do período de
suspensão. (art. 6º, §7º A e B da Lei 11.101/2005);

d) a intimação do Ministério Público e expedição de ofício às Fazendas Pública Federal, Estaduais (de todos os estados
da Federação) e municipais (nas cidades em que o Grupo Oi tiver filiais), a fim de que tomem conhecimento da
recuperação judicial e informem eventuais créditos perante as devedoras, para divulgação aos demais interessados (art.
52, inciso V);

e) a intimação da ANATEL, na pessoa do procurador federal que a representa, para ciência do processamento da
presente Recuperação Judicial;

f) nos termos do §§ 2º e 3º do art. 69 do CPC, na forma de Ato Concertado entre este Juízo e as Corregedorias dos
Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça Estaduais, seja expedido ofício SOLICITANDO a expedição de
AVISO a todos os Juízos para ciência da presente decisão, com a lista de bens penhoráveis anexa.

XIII – Esclareço que o prazo de 180 (cento e oitenta dias) do stay period, de que trata o art. 6º, §4º da LRF, será
contado a partir da presente decisão, sendo esta a data de corte para submissão dos créditos à presente recuperação
judicial.

Cumpra-se. Intimem-se todos. Intime-se pessoalmente o Ministério Público.

RIO DE JANEIRO, 16 de março de 2023.

FERNANDO CESAR FERREIRA VIANA


Juiz Titular

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PODER JUDICIÁRIO
Processo Judicial Eletrônico - 1º Grau - TJPI

Certidão de AR Digital - devolução eletrônica - Entregue em: 02/08/2023

Referência 0801611-93.2023.8.18.0123
Notificação: 43947632/2023

Documento Entregue

Destinatário: OI MOVEL S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL


Endereço: Avenida Frei Serafim, 1.782, sala 01, Centro, TERESINA - PI, 64001-
020

A imagem digital acima corresponde ao documento de devolução em meio eletrônico do


Aviso de Recebimento Digital.

Documento obtido dos Correios via protocolo seguro em 13/08/2023 - 00:33

Assinado eletronicamente por: Processo Judicial Eletronico PJe 1.4.3 - 13/08/2023 05:58:23 Num. 44979299 - Pág. 1
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Número do documento: 23081305582100000000042313890

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