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São Paulo
2021
Cléber Américo Castro e Souza
São Paulo
2021
S729g Souza, Cléber Américo Castro e.
Gestão de custos e implantação de controles financeiros: uma
proposta para melhoria na gestão de microempresas a partir da
abordagem intervencionista. / Cléber Américo Castro e Souza.
116 f. ; 30 cm
Cost management together with cash flow, income statement and contribution margin are
differentials for the sustainability of micro and small companies, because when the manager
uses these tools, he can know which product has the desired profitability, and also if any product
is being irrelevant or financially harming the company. With this knowledge, it is possible to
correctly form the sale price of the products and make better decisions in running the company,
increasing the possibility of business survival and success. Thus, this research aims to
implement the tools: Cost Management, cash flow, income statement and contribution margin
in two micro-enterprises, identifying the factors that enabled the implementation of this
knowledge, thus proposing to contribute to the improvement of companies and for the theory
of management accounting. Based on the diagnosis of weaknesses and analysis of the needs of
the companies surveyed, a cost, cash flow and DR management model was presented for each
company. The interventions produced an improvement in the financial and cost control of
companies, increasing the confidence of businesswomen in running their companies, as a result
of training and greater knowledge in cost management, calculation and analysis of results and
contribution margin. Both companies made changes after the interventions, culminating in more
assertive decisions in management, which shows the transformation of reality that took place
through this research. The results must be analyzed considering the limitations of this work,
which studied only two small ones located in the metropolitan region of Ribeirão Preto/SP.
Future research may be conducted using the methodology and model used in this research, and
may also use the sample of participating companies, being able to investigate the benefits of
intervention over a longer period of time.
1. Introdução ................................................................................................................. 15
1.1. Contextualização do Tema..................................................................................... 15
1.2. Questão de Pesquisa ............................................................................................... 19
1.3. Objetivo Geral ........................................................................................................ 19
1.4. Objetivos Específicos ............................................................................................ 19
1.5. Justificativas e Contribuições ................................................................................ 20
2. Referencial Teórico ................................................................................................... 20
2.1. Micro e Pequena Empresas .................................................................................... 20
2.2. Perfil dos Empreendedores .................................................................................... 23
2.3. Custos e Despesas .................................................................................................. 29
2.4. Métodos de Custeio ............................................................................................... 31
2.4.1. Custeio Variável .................................................................................................... 31
2.4.2. Margem de Contribuição ....................................................................................... 33
2.4.3. Ponto de Equilíbrio ................................................................................................ 34
2.5. Fluxo do Caixa ....................................................................................................... 35
2.6. Demonstração do Resultado .................................................................................. 37
3. Fundamentação Teórica ............................................................................................ 38
3.1. Teoria da Contingência .......................................................................................... 38
4. Procedimentos Metodológicos .................................................................................. 43
4.1. Natureza e Objetivo da Pesquisa............................................................................ 43
4.2. Método de Pesquisa ............................................................................................... 44
4.3. Pesquisa Intervencionista ....................................................................................... 44
5. Descrição do Ambiente da Pesquisa ......................................................................... 46
5.1. Etapas da Metodologia Aplicada ........................................................................... 49
5.2. Detalhamento das Etapas da pesquisa ................................................................... 53
5.2.1. Etapa 1 – Entendimento do problema ou da oportunidade .................................... 53
5.2.2. Etapa 2 – Diagnóstico e Análise ............................................................................ 53
5.2.3. Etapa 3 – Proposta de Solução ............................................................................... 54
5.2.4. Etapa 4 – Plano de ação da mudança ..................................................................... 55
5.2.5. Etapa 5 – Intervenção ............................................................................................ 58
5.2.6. Etapa 6 – Avaliação ............................................................................................... 58
5.2.7. Etapa 7 – Relatório Final ....................................................................................... 58
6. Apresentação e Discussão dos Resultados ................................................................ 59
6.1. Empresa A.............................................................................................................. 59
6.1.1. Detalhamento do processo realizado ..................................................................... 66
6.1.2. Análise do processo realizado ................................................................................ 69
6.2. Empresa B .............................................................................................................. 71
6.2.1. Detalhamento do processo realizado ..................................................................... 78
6.2.2. Análise do processo realizado ................................................................................ 81
7. Resumo dos Resultados ............................................................................................ 83
7.1. Diagnóstico, Análise e Proposta de solução .......................................................... 84
7.2. Intervenção ............................................................................................................. 86
8. Contribuições para Pesquisas com Abordagem Intervencionista ............................. 88
9. Considerações Finais ................................................................................................ 89
10. Referências ................................................................................................................ 92
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........... 99
APÊNDICE B - Tela para colocar os saldos iniciais das contas .................................... 100
APÊNDICE C - Tela de configuração das contas de receita .......................................... 101
APÊNDICE D - Tela de configuração das contas de gastos .......................................... 102
APÊNDICE E - Cadastro dos fornecedores.................................................................... 103
APÊNDICE F - Tela inicial de acesso aos relatórios gerenciais .................................... 104
APÊNDICE G - Relatório de conciliação bancária ........................................................ 105
APÊNDICE H - Relatório de fluxo de caixa diário ........................................................ 106
APÊNDICE I - Relatório de fluxo de caixa mensal – parte 1 ........................................ 107
APÊNDICE J - Relatório de fluxo de caixa mensal – parte 2 ........................................ 108
APÊNDICE K - Dashboard – Indicadores relevantes – parte 1 ..................................... 109
APÊNDICE L - Dashboard – Indicadores relevantes – parte 2 ...................................... 110
APÊNDICE M – Questionário Prévio Empresa A ......................................................... 111
APÊNDICE N – Questionário Prévio Empresa B .......................................................... 113
APÊNDICE O – Questionário após intervenção – Empresa A ...................................... 115
APÊNDICE P – Questionário após intervenção – Empresa B ....................................... 116
15
1. Introdução
dificuldades em sua gestão financeira, tanto que Bacic e Bortolozzo Junior (2007) destacam a
possibilidade de a capacidade técnica dos empreendedores não ser suficiente para superar as
deficiências, podendo ameaçar a sobrevivência das empresas, sendo importante, nesses casos,
a incorporação de rotinas e conceitos de gestão de custos (GC) pelas MPEs.
Os autores Bacic e Bortolozzo Junior (2007) também apontam que, embora exista
um aumento na aplicação dos modernos conceitos de gestão de custos, as pequenas empresas
tendem a aplicar os conceitos de forma mais simples, podendo levar, muitas vezes, à redução
de sua competitividade a longo prazo. Portanto, a aplicação destes conceitos é destacada como
uma fragilidade para as MPEs.
Porém, os citados autores apresentaram suas conclusões há quase quinze anos,
surgindo a dúvida se as dificuldades apresentadas pelas MPEs naquela época ainda são
encontradas.
Estudos mais atuais como o de Silva et al. (2017) destacam que, a má gestão aliada
a outros fatores, como alta concorrência e estagnação econômica do país, têm levado muitas
MPEs a encerrarem as suas atividades ainda nos primeiros anos de atividade. Os autores
afirmam que, as dificuldades na gestão enfrentadas por essas empresas, desde o início das suas
atividades, se não forem corrigidas acabam acumulando e dificultam a sobrevivência dessas
empresas mesmo após superados os anos iniciais.
Percebe-se assim que, segundo esse trabalho, publicado dez anos após as
conclusões apresentadas por Bacic e Bortolozzo Junior, a má gestão ainda é um fator encontrado
entre as MPEs.
Ainda, segundo Silva, et al. (2017), dois pontos são determinantes para a
sobrevivência saudável das MPEs: ter uma diferenciação em relação à concorrência e uma
gestão empresarial eficiente, a qual possibilite ao gestor ter as informações essenciais nas
tomadas de decisões.
A definição apresentada por Silva et al confirma o que os autores Callado; Miranda;
Callado (2003) afirmaram mais de uma década antes: os números dos custos estão entre as
informações a serem conhecidas e analisadas, servindo como base aos tomadores de decisão a
fim de aprimorar as empresas. Logo, a existência de uma gestão de custos e controles
financeiros pode determinar a sobrevivência ou encerramento das micro e pequenas empresas.
Para Hansen e Mowen (2001), a gestão de custos fornece informações que vão além
do cálculo dos custos dos produtos ou serviços prestados, mas servem para o planejamento e
controle da empresa, sendo utilizadas também para tomada de decisões.
Assim, ter o conhecimento dos custos dos produtos ou serviços prestados torna-se
17
uma vantagem para a sobrevivência das MPEs frente aos constantes desafios enfrentados,
sendo, inclusive, um diferencial em relação aos concorrentes que não utilizam essas
informações, e possibilita o planejamento e controle da empresa, facilitando a tomada de
decisões.
A pesquisa de Santos, Dorow e Beuren (2016) destaca que, se as MPEs, assim como
nas médias e grandes empresas, realizassem uma maior utilização dos instrumentos gerenciais,
poderiam mitigar muitas das suas dificuldades. O SEBRAE (2015) apresenta dados que
confirmam essa tese.
No mesmo sentido, poucos anos antes, Sales, Barros e Pereira (2011) em sua
pesquisa demonstram que as pequenas empresas enfrentam dificuldades na gestão dos negócios,
isso contribuindo para a mortalidade precoce das MPEs.
Carmo, Santos e Lima (2013) pesquisaram 50 MPE dos setores de comércio,
serviços, indústria e construção civil da cidade de Uberlândia/MG com o objetivo de conhecer
e analisar os artefatos de custos utilizados no processo de gestão dessas empresas. A síntese da
conclusão apresentada mostra que 82% das empresas analisadas parecem não conhecer nem
mesmo as metodologias de custeio tradicionais.
Em outro estudo mais recentem Santos et al. (2017) buscaram analisar os artefatos
gerenciais utilizados na tomada de decisão pelos gestores de uma pequena empresa localizada
na cidade de Natal/RN. Entre as conclusões apresentadas apontou-se uma limitada utilização
de ferramentas gerenciais.
Santos, Bennert, Figueiredo e Beuren (2018) afirmam: muitas pequenas empresas
atuam com baixa utilização dos instrumentos gerenciais disponíveis. Também relatam que, os
empresários gestores de empresas de pequeno porte não têm por hábito o uso da informação
contábil, demonstrando a falta de compreensão sobre a relevância da contabilidade gerencial.
A pouca utilização da contabilidade para acompanhar metas, medir desempenhos e
avaliar impactos financeiros em decisões, é um fato relatado, tanto em pesquisas mais antigas,
como a de Silva et al. (2010), em trabalhos recentes, como o dos autores acima citados. Moreira
et al. (2013) apontam em sua pesquisa que muitos gestores não percebem a relevância das
informações contábeis.
A deficiências na gestão entre as MPEs também surge na pesquisa apresentada
pelos autores Costa e Drumond (2020) que buscaram entender como estava a gestão financeira
das micro e pequenas empresas no município de Valença/RJ. Eles obtiveram respostas do
questionário de levantamento de dados de 39 (trinta e nove) MPEs, e constatou-se que, em
48,65% não existe um profissional responsável exclusivamente pela gestão financeira, sendo
18
que, 29,73% das empresas não realizam constantemente a separação entre os gastos da empresa
e os pessoais (COSTA e DRUMOND, 2020).
Constata-se, com base no relato dos autores citados, que os gestores dos pequenos
empreendimentos possuem pouco conhecimento sobre as principais ferramentas da
Contabilidade Gerencial e sua importância para a gestão do negócio, existindo, assim,
dificuldades e deficiências na utilização.
Considerando todas as circunstâncias relatadas, essa pesquisa buscou
microempresas dispostas a participarem da implantação e validação de um modelo de técnicas
de controle gerencial, utilizando uma abordagem intervencionista via compartilhamento do
conhecimento entre pesquisadores e empresários. Três técnicas foram estudadas na pesquisa:
fluxo de caixa operacional, demonstrativo do resultado e margem de contribuição.
Partindo da realidade encontrada na gestão de custos e utilização de controles
financeiros, este estudo aplicará um plano de ação intervencionista por meio do
compartilhamento de conhecimentos que buscam soluções para os problemas vivenciados
aplicando, dessa maneira, ferramentas de identificação e correção das deficiências
(OYADOMARI et al., 2011).
Esse método de pesquisa, denominado intervencionista, é defendido por alguns
autores, entre os quais destacamos Westin e Roberts (2010) que afirmam ser o método
intervencionista uma forma de não apenas identificar e descrever os problemas, mas com ações
de intervenção buscar solução, gerando, portanto, conhecimento prático e teórico. A pesquisa-
ação, intervencionista em sua essência é muito utilizada em outras áreas das ciências
especialmente em educação e saúde, porém, no campo da contabilidade gerencial, ainda são
reduzidos os trabalhos a partir dessa abordagem. (TEÓPHILO, C.R; IUDÍCIBUS, 2005).
Ainda Westin e Roberts (2010) ensinam: a pesquisa intervencionista, por utilizar-
se da junção da teoria com a prática, busca sempre produzir resultados relevantes e, conforme
Suomala e Lyly-Yrjänäinen (2008) e Thoiollent (2012), as pesquisas realizadas na área da
contabilidade gerencial, que utilizam outros métodos diversos da pesquisa intervencionista,
produziram poucos resultados com aplicações práticas.
Para Freitas et al. (2010), o resultado da pesquisa ação não contribui apenas na
solução do problema organizacional específico, mas, também e, principalmente, para aprimorar
a estrutura teórica utilizada tendo por base a reflexão crítica sobre a ação. Suomala e Lyly-
Yrjänäinen (2009) afirmam que a pesquisa intervencionista é apontada como uma maneira de
aproximar profissionais e pesquisadores, aumentando a relevância da pesquisa em
contabilidade gerencial.
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2. Referencial Teórico
Fonte: LC 123/2006
Importante destacar que, mesmo existindo diferenças entre essas classificações das
empresas, todas têm como critério o faturamento bruto anual, também é idêntica à classificação
para as microempresas e as pequenas empresas, de forma que, as variações existentes estão no
grupo das demais empresas, ou seja, médias e grandes empresas.
Como o foco deste estudo são as microempresas, não se faz necessário explicar os
motivos das diferentes classificações existentes entre as médias e grandes empresas, mas tem-
se apenas o objetivo de demonstrar as diferenças entre elas.
O outro critério utilizado para classificar as empresas baseia-se no número de
colaboradores. Por serem critérios diferentes, não há como estabelecer comparação, uma vez
que a base metodológica de classificação utilizada é diversa. Cada critério busca cumprir o
objetivo inicialmente proposto. Para essa classificação considera-se o número de colaboradores,
também o setor de atuação da empresa, isto é, se indústria ou comércio e serviços. Esse critério
é utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ministério do Trabalho
e Emprego (MTE) e pelo SEBRAE. (Quadro 3)
23
empreendedores.
Dornelas (2005) define e diferencia esses tipos de empreendedorismo: o
empreendedorismo de oportunidade; tem um empreendedor visionário que tem um objetivo
prévio claro, realizando planejamento prévio para criar a empresa, tendo em mente o
crescimento que quer buscar para a empresa e visa a geração de lucros, empregos e riqueza. Já
o empreendedor de necessidade é aquele que se aventura na jornada empreendedora por falta
de outra opção por estar desempregado e não encontrar alternativas de trabalho.
Assim, os empreendedores por necessidade normalmente iniciam negócios
autônomos para poder manter uma renda familiar por falta de oportunidade de emprego, logo
sua maior motivação é financeira e não o desejo de ter um negócio próprio. Esse tipo de
empreendedorismo está muito ligado à conjuntura econômica do País, havendo um aumento
desse tipo de empreendimento em tempos de crise, porém tende a diminuir quando as ofertas
de emprego se tornarem crescentes. No entanto, o desafio de manter o empreendimento aberto
ao longo do tempo é grande para ambos os perfis.
Dolabela (2008) afirma que é alta a taxa de mortalidade nos primeiros anos de
existência das empresas, sendo a regra, falir e não ter sucesso. Duas em cada três empresas
criadas fecham as portas, sendo as pequenas a grande maioria, correspondendo a 99% das
falências. São significativos esses dados, pois a criação de empresas é indispensável ao
crescimento econômico e ao desenvolvimento social.
No mesmo sentido, Nogueira e Borges (2015) destacam que, cerca de 70% das
empresas não superam os desafios iniciais comuns ao ambiente empresarial e encerram suas
atividades antes de completar os primeiros quatro anos de atividade. Geralmente o fechamento
é causado pela falta de preparo do empresário que não conhece e não faz análise do mercado
para ver a viabilidade do seu empreendimento, não realizando planejamento adequado para
acompanhar as mudanças do mercado e não buscando inovar seus produtos ou serviços,
perdendo espaço para os seus concorrentes.
Felizmente nem todo empreendimento fracassa, ainda que a motivação da abertura
seja a necessidade. O sucesso da empresa depende da busca do empreendedor em manter-se
sempre ativo e crescente no mercado sendo, assim, inovador.
O Global Entrepreneurship Monitor (GEM) (2019), classifica os empreendedores
como iniciais ou estabelecidos: Empreendedores iniciais são os que têm menos de 42 meses de
existência (3,5 anos) e são divididos em duas categorias: empreendedores nascentes e
empreendedores novos. Os empreendedores nascentes estão envolvidos na estruturação ou são
proprietários de um novo negócio, mas esse empreendimento ainda não pagou salário, pró-
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labore ou qualquer outra forma de remuneração aos proprietários por mais de três meses. Os
empreendedores novos já geraram remuneração por um período superior a três meses para os
proprietários, porém inferior a 42 meses.
Empreendedores estabelecidos são indivíduos que têm um negócio consolidado,
pelo fato desse empreendimento ter pagado aos seus proprietários com alguma forma de
remuneração, sendo pró-labore ou outra forma, por um período superior a 42 meses.
Utilizando essa classificação, o GEM calcula a taxa de empreendedorismo inicial
(TEA) e a taxa de empreendedorismo estabelecido (TEE), além da taxa de empreendedorismo
total (TTE), considerando o total da população adulta de 18 a 64 anos.
Conforme relatório realizado pelo GEM em 2019, a TTE no Brasil foi de 38,7%,
correspondendo a aproximadamente 53 milhões de brasileiros adultos empreendedores, tanto
classificados como TEA como TEE.
39,3 38,7
38
36
34,5
32,3 32,3
30,2
23 23,4 23,3
22,4
20,9 20,3 21,1 21 20,3 20,2
18,9 19,6
17,5 17,3 17,5 17,9
15,3 15,3 14,9 15,4 15,4 17,2 16 16,5 16,2
14,6 15,2
13,5 12,9 13,5
12,1 12,7 12 11,8 12,2
11,3 11,7 9,9
10,1 10,1
7,8 7,6
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
16,3 16,4
15,8
14,9
13,8 14
12,6
11,7
11 11,3
9,8
9,3
8,9 8,6 8,7
8,5 8,2 8,1
6,9 6,7
5,9 6,2
5,7 6,5 5,8
5 5,1
4,6 4,5 4,4
4,1
3,5 3,7
3,3
2,9
1,7
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Nascente Novo
constituir uma grande riqueza ou uma renda muito alta” e “para continuar uma tradição
familiar”.
Foi utilizada a escala Likert de cinco pontos com as seguintes opções: concorda
totalmente, concorda parcialmente, não concorda e nem discorda, discorda parcialmente,
discorda totalmente, para cada afirmação e elas não foram excludentes, podendo o
empreendedor concordar com mais de uma motivação. (Quadro 4)
Essa analogia pode ser feita considerando o percentual dos empreendedores que
iniciaram seus negócios exclusivamente por esse motivo, percentual apresentado como
excludente na figura, sendo 29,2%, dos empreendedores iniciais que responderam apenas uma
motivação para iniciar um negócio.
é chamada de Contabilidade de Custos, que, segundo Leone (2009) tem por objetivo oferecer
as informações necessárias para o gerenciamento e tomada de decisões das empresas.
A gestão de custos é um diferencial para a sustentabilidade das micro e pequenas
empresas, pois utilizando-a o gestor poderá saber qual produto tem maior participação no
resultado, e, ainda, se algum produto está sendo irrelevante ou prejudicando financeiramente a
empresa. Com conhecimentos dos custos é possível formar corretamente o preço de venda dos
produtos (CALLADO et al. 2003).
Segundo Crepaldi (2009), a Contabilidade de Custos é uma ferramenta que faz o
planejamento, acompanhamento, registro, análise e interpretação dos custos de produtos
fabricados e vendidos. Assim, uma correta gestão de custos pode determinar a sobrevivência e
lucratividade das MPEs no mercado.
Antes da definição de custos, é importante lembrar o conceito de gastos, já que
custo é um dos tipos de gastos. Para Martins (2010), gasto é todo sacrifício financeiro realizado
pela empresa para obter um produto ou serviço. Além de custos, os outros tipos de gastos são:
investimento e despesa.
Martins (2010), também conceitua custos como o tipo de gasto relacionado ao bem
ou serviço utilizado na produção de bens ou serviços, enquanto despesa é o valor desembolsado
para a aquisição de bens e serviços relacionados à manutenção da empresa, podendo ser
operacional, administrativa e comercial. Já os investimentos são os gastos realizados no
presente e buscam benefícios futuros, como a compra de máquinas para produção.
Os custos podem ser classificados como diretos e indiretos, além de fixos e
variáveis. Leone (2000) ensina que os custos diretos são os facilmente identificados com o
objeto de custeio, não sendo necessário fazer rateio, logo, os custos indiretos são os definidos
no objeto de custeio por rateio, não sendo, assim, de fácil identificação.
Definições semelhantes são encontradas em outros autores, para Martins (2010)
custos diretos são aqueles que podem ser diretamente atribuídos aos produtos e os indiretos não
permitem uma medida objetiva, sendo necessária uma alocação de maneira estimada.
Importante destacar, tanto os custos como as despesas podem ser classificados
como fixos e variados, nos quais os fixos não têm alteração em seu total por um determinado
período. Novamente, conforme Martins (2010), não existe custo ou despesa constantemente
fixos, eles permanecem fixos dentro de certos limites de oscilação da atividade. Já os custos
variáveis são gastos que aumentam e diminuem na proporção dos aumentos ou diminuições da
atividade. Souza e Diehl (2009) destacam: a separação dos custos fixos e variáveis permite
melhor entendimento ao gestor sobre o peso de cada um deles na estrutura organizacional da
31
empresa.
Existem diversos métodos de custeio que podem servir, tanto para indústrias quanto
para empresas do comércio e prestadoras de serviços. O objetivo de todos os métodos é
determinar o valor dos objetos de custeio, fornecendo informações que auxiliam: na redução de
custos; melhoria dos processos; eliminação de desperdícios e, ainda a decidir entre produzir ou
terceirizar; e excluir, criar, aumentar ou diminuir, linha de produção de algum produto (ABBAS
et al. 2018).
Para Martins e Rocha (2010) a expressão método de custeio se refere à composição
do valor do custo de algo que seja de interesse do gestor, podendo ser um evento, uma atividade,
um produto e outros. Os principais métodos utilizados são: Custeio padrão, por absorção, o
custeio variável e o custeio baseado em atividades, sendo utilizado o custeio variável para este
trabalho.
Segundo Santos et al. (1999) o primeiro artigo relevante publicado sobre o Custeio
Variável e suas vantagens foi de Jonatham N. Harris intitulado “What Did We Earn Last
Month?”, publicado em 1936 na National Association of Accountants, mas os estudos desse
método de custeio iniciaram entre 1905 e 1935. Porém, somente a partir de 1950 é que
pesquisadores e empresas passaram a dar mais atenção para esse método como instrumento útil
e relevante na tomada de decisão.
Conforme ensinam Martins e Rocha (2010), o custeio variável é uma ferramenta
para tomada de decisão. Nesse método, apenas os custos variáveis são repassados aos produtos
e serviços. Assim, os custos fixos não são rateados e são lançados no resultado, assim como as
despesas fixas.
Martins (2010) explica que, o Custeio Variável oferece informações com mais
qualidade para os gestores. Ele considera contabilmente os custos fixos como despesas, uma
vez que eles existem independente dos produtos. E como destaca Padoveze (2010), não há
alteração no resultado total da empresa quando comparado o custeio por absorção e o custeio
variável.
32
Leone (2000), afirma: o custeio variável tem por base a ideia de que os custos e as
despesas considerados aos produtos, serão somente aqueles diretamente identificados com a
atividade produtiva sendo variáveis em relação a uma medida.
Para Vartanian (2000), o método de Custeio Variável é aquele que considera aos
objetos de custeio somente os custos e despesas variáveis, custos e despesas fixas são levados
integralmente ao resultado.
Assim, para esse método, tanto os custos de produção como as despesas são
separados em fixos e variáveis, informações que auxiliam os gestores no desempenho de suas
funções como acompanhamento dos custos, resultados e tomadas de decisões. Logo, tem por
objetivo o registro e relato de informações para fins gerenciais, atendendo aos usuários internos,
não sendo aceito para fins de legislação fiscal.
Para diversos autores, como Megliorini (2012) e Leone (2009), algumas vantagens
do custeio variável, entre outras, são:
a) os custos fixos existentes, independentemente de haver produção ou da quantia
produzida são considerados custos do período, logo, não são alocados nos produtos ou
serviços;
b) não é realizado rateio;
c) identifica facilmente os produtos ou serviços mais rentáveis;
d) facilita a identificação da quantidade de produtos ou serviços que a empresa precisa
produzir e/ou comercializar para cumprir com seus custos fixos, despesas fixas e gerar
lucro;
e) os dados necessários para a análise das relações custo/volume/lucro são rapidamente
obtidos do sistema de informação contábil.
lucro.
Para os autores Souza e Diehl (2009), quanto maior for a margem de contribuição
de um produto, mais ele contribui para formar o lucro. Lembrando que Martins (2010) destaca
não existir um lucro por produto, mas a Margem de Contribuição, e os Custos Fixos são
deduzidos da soma de todas as MC pois não pertencem a este ou àquele produto, e sim ao
global.
Horngren, Sundem e Stratton (2004) demonstram que, a margem de contribuição
pode ser expressa: do montante total absoluto, de uma unidade ou produto, em índice e como
porcentagem. Da mesma forma, Wernke (2004) afirma ser possível calcular a MC da unidade
ou do valor total, tanto em valor como em percentual.
Assim, conforme os objetivos propostos e almejados, pode-se calcular a MC e não
apenas de forma unitária ou para toda a empresa, mas para um segmento de negócio, ou uma
linha de produto e ainda de certa quantidade de produto.
Quando expressa de forma percentual é o valor obtido pela divisão da margem de
contribuição unitária pelo preço de venda da unidade, ou pela divisão da margem de
contribuição total pela receita total de venda.
O professor Martins (2009) explica que, quando for expressa em porcentagem, ela
é denominada índice de margem de contribuição e indica o efeito no lucro operacional originado
pelo aumento ou diminuição no volume de vendas.
Conhecer a margem de contribuição auxilia na decisão sobre estratégias de vendas
dos produtos; abandonar ou não uma linha de produto e pode ser usada na análise de preços de
venda e do lucro. Ao definir a margem de contribuição pode-se calcular o Ponto de Equilíbrio
da empresa.
Rayburn (1996) define ponto de equilíbrio (PE) como o menor nível de operações
que a empresa não apresenta prejuízo, podendo ser expresso em volume, valores monetários e
percentual de utilização da capacidade produtiva.
Para Martins (2010), também é chamado de ponto de ruptura, nascendo da
conjugação dos custos e despesas totais com as receitas totais. Warren, Reeve e Fees (2001)
ensinam que, a receita correspondente aos gastos totais é denominada de receita de equilíbrio,
logo, qualquer quantia de venda inferior a esse ponto implicará em perdas, enquanto,
35
fluxo de caixa é uma ferramenta de verificação e análise de variações dos saldos do disponível
da empresa. Ao se comparar as contas recebidas com as contas pagas, tem-se o fluxo de caixa
realizado e quando se comparam as contas a receber com as contas a pagar, tem-se o fluxo de
caixa projetado.
Gitman (1997) explica que o fluxo de caixa é a principal estrutura da empresa, sem
ele seria impossível saber quando há recursos satisfatórios para apoiar as operações ou quando
será necessário buscar recursos.
Assim, por oferecer ao administrador uma visão futura dos recursos financeiros da
empresa, o fluxo de caixa auxilia nos processos de decisão de compra, venda, investimentos,
aportes de capital pelos sócios, captação ou pagamento de empréstimos e desinvestimentos.
Zdanowicz (2001) apresenta os seguintes objetivos do fluxo de caixa: como buscar
o equilíbrio entre entrada e saída de recursos; pagar as obrigações dentro dos prazos
estabelecidos; prever os desembolsos de caixa avaliando a disponibilidade financeira em
relação às necessidades; proporciona ao gestor financeiro uma visão estratégica da situação da
empresa; demonstra em que período a empresa precisa captar recursos ou aplicar quando existir
excedente de caixa; visualização do volume de vendas da empresa; e analisar a inadimplência
dos clientes.
Matarazzo (2003) enumera três objetivos do fluxo de caixa: avaliar alternativas de
investimento; avaliar e controlar ao longo do tempo as decisões importantes que são tomadas
na empresa com reflexos monetários e certificar que os excessos momentâneos de caixa estão
sendo devidamente aplicados.
Para Frezatti (1997), o fluxo de caixa serve, em algumas situações, como uma
ferramenta tática e, em outras, sua utilização é estratégica. A utilização tática ocorre quando é
utilizado como ferramenta de acompanhamento para manter os objetivos já definidos. Já a
estratégica ocorre quando utilizada de forma a modificar a direção da empresa, não só no curto
prazo, mas, principalmente no longo prazo, assim, o fluxo de caixa tem efeito sobre questões
ligadas às decisões estratégicas da empresa.
O termo caixa deve ser entendido em sentido amplo, pois é a somatório de Caixa,
Bancos e Aplicações Financeiras, sendo considerado o prazo de resgate em até 90 dias. As
normas contábeis determinam que a DFC seja separada em três atividades: operacional,
investimento e financiamento.
As atividades operacionais apresentam as entradas e saídas de caixa ligadas à
atividade fim da empresa, sendo representadas todas as transações de produção e entrega de
bens, mercadorias e serviços, que não sejam operações de investimentos ou financiamentos.
37
Na DFC o fluxo operacional pode ser apresentado por dois métodos: direto ou
indireto. O Método Direto registra os valores de entradas e saídas que efetivamente geraram ou
consumiram caixa. O Método Indireto consiste na conciliação do Resultado Líquido do
exercício com a efetiva variação do caixa, realizando alguns ajustes.
As atividades de financiamento incluem: (a) a obtenção de recursos de acionistas e
o pagamento de um retorno (dividendos) sobre seus investimentos e (b) a obtenção de
empréstimos e financiamentos de curto e longo prazo, incluindo os seus respectivos
pagamentos. Essas atividades estão ligadas diretamente com a estrutura de capital da empresa.
As atividades de investimentos são as operações de execução e arrecadação de
empréstimos, aquisição e disposição de aplicações financeiras e compra e venda de ativos
permanentes.
Como esta pesquisa está ligada às microempresas (MEs), será utilizado o fluxo de
caixa operacional por cumprir plenamente com os objetivos apresentados, assim como ser
ferramenta suficiente para a gestão de caixa das MEs. Cabe destacar que o DFC tem outros
objetivos diversos do escopo da pesquisa e, possivelmente, é uma ferramenta mais complexa
considerando a realidade das microempresas.
Nesse sentido, Kassai (1997) aponta que é preciso considerar algumas
características na utilização do fluxo de caixa para atender as necessidades dos gestores de
pequenas empresas e destaca: a simplicidade, facilidade de obtenção, relevância, atualidade,
possibilidade de efetuar simulações, facilidade de manipular as informações.
3. Fundamentação Teórica
Segundo ensina Lacombe et al. (2003), as teorias na área de gestão são um conjunto
de suposições inter-relacionadas com o objetivo de facilitar a realização dos objetivos das
organizações. Diversos autores apontam que, no início do século XX, a partir dos trabalhos de
Frederick Taylor, desenvolveu-se nos Estados Unidos a Escola da Administração Científica.
Em seus trabalhos, esse autor defendia que as fábricas deveriam ter métodos de
trabalho capazes de prever os movimentos necessários à execução das tarefas dentro do tempo
padrão determinado. O principal objetivo dessa escola era aumentar a produtividade da empresa
pelo aumento da eficiência operacional.
Chiavenato (2003) entende que a realidade daquela época apresentava todas as
características e elementos necessários para inspirar uma Ciência da Administração. São elas:
39
• estabilidade no emprego.
As duas Escolas são correntes clássicas do pensamento administrativo e, por terem
ênfases diferentes, tornaram-se complementares. A Teoria Clássica criou orientações para o
comando e a alta direção e a Administração Científica orienta a gestão para o chão da fábrica.
Nesse sentido, Chiavenato (2003) afirma que, são duas orientações diferentes e, até certo ponto,
opostas entre si, mas que se completam com relativa coerência.
Alguns anos depois, quando os estudos do sociólogo alemão Max Weber (1905)
foram traduzidos para o inglês, foi desenvolvida a Teoria da Burocracia. Conforme ensina
Morgan (2000), uma forma burocrática de gestão traz rotinas para o processo de administração,
assim como as máquinas trouxeram rotinas para a produção, aumentando a previsibilidade das
tarefas.
Chiavenato (2003) relata que, para Weber a burocracia apresenta como vantagens
a racionalidade dos objetivos, a precisão na definição do cargo e na operação, a rapidez nas
decisões, uma única interpretação de informações recebidas, a uniformidade de rotina e
procedimentos, a continuidade da organização, a redução dos conflitos interpessoais, as
decisões são tomadas nas mesmas circunstâncias e ainda confiabilidade e benefícios para as
pessoas da organização.
As principais características que Chiavenato (2003, p.262) destaca da Teoria da
Burocracia são:
1. Caráter legal das normas e regulamentos.
2. Caráter formal das comunicações.
3. Caráter racional e divisão do trabalho.
4. Impessoalidade nas relações.
5. Hierarquia de autoridade.
6. Rotinas e procedimentos padronizados.
7. Competência técnica e meritocracia.
8. Especialização da administração.
9. Profissionalização dos participantes.
10. Completa previsibilidade do funcionamento.
Existe uma grande dinâmica nas organizações, pois elas buscam ajustarem-se às
condições ambientais. Conforme Otley (1994), o atual contexto das organizações requer
flexibilidade, adaptação e contínuo aprendizado e os sistemas de controles gerenciais devem
acompanhar esse dinamismo.
Na contabilidade gerencial, essa teoria vem em resposta à inúmeras críticas que
autoridades da área fizeram sobre as pesquisas contábeis embasadas apenas na teoria
econômica, sem considerar os aspectos sociais, psicológicos e, ainda outros, que possam trazer
ao estudo da contabilidade gerencial um caráter interdisciplinar (ITTNER e LARCKER, 2001;
LUKKA e MOURITSEN, 2002; LUFT e SHIELDS, 2002).
Iudícibus (2004) destaca, quando a pesquisa tem por base os instrumentos clássicos
da contabilidade gerencial, a preocupação central é em prescrever “como deve ser” a
contabilidade, por outro lado, ao utilizar a teoria contingencial busca-se entender de forma
descritiva “como é” a contabilidade e o porquê é assim.
Para Otley (1980), a Teoria da Contingência parte do princípio da não existência de
um sistema de contabilidade universal possível de ser aplicado em todas as organizações e em
42
todas as circunstâncias. Esse autor sugere que, algumas características particulares do sistema
de contabilidade dependerão das situações específicas nas quais as organizações se encontram.
Dessa forma, utilizando essa teoria, é possível identificar os aspectos específicos necessários a
cada sistema contábil considerando as circunstâncias da empresa, objeto do estudo, e
demonstrar uma combinação adequada.
As críticas que alguns autores apresentam aos estudos contingenciais, geralmente
estão relacionados aos problemas metodológicos, sendo um deles a definição imprecisa das
variáveis de pesquisa. Langfield-Smith (1997, p.226) afirma, “a variação no número e tipo de
controles que têm sido pesquisados torna difícil o desenvolvimento de um corpo coerente de
conhecimentos.”
Waterhouse e Tiessen (1978) destacam que, apesar da teoria contábil ter expressivo
suporte literário, as definições e mensurações das variáveis frequentemente não apresentam
clareza conceitual. E Otley (1980) afirma: os estudos utilizam diversas variáveis independentes
e dependentes, porém há pouca semelhança na definição dessas de um estudo para outro.
Como a Teoria da Contingência entende não existir uma melhor forma de se
organizar, uma vez que as condições do ambiente interferem no interior das organizações, cada
pesquisa poderá se deparar com diferentes problemas e, mesmo quando eles forem semelhantes,
às variáveis utilizadas para mensurar tais características, podem ter dimensões muito diferentes,
pois as formas de análise e compreensão variam em cada indivíduo.
Ittner e Larcker (2001) aconselham a utilização de múltiplas fontes de dados ou
métodos de pesquisa como: questionários, entrevistas e experimentos, o que formará uma sólida
base de evidências, aumentando a confiança do leitor nos resultados. Para Guerra (2007), a
natureza da teoria da contingência é de alta flexibilidade, conforme o lema “tudo depende”,
assim, será difícil de apresentar algum dia resultados tão concisos como os críticos desejam.
Guerra (2007) ainda afirma: se todas as pesquisas adotassem e analisassem as
variáveis de forma semelhante, seria viável comparar as evidências e, então, construir conceitos
sólidos, mas esse cenário parece demasiado otimista pela própria natureza flexível da teoria.
Portanto, dentro dessa abordagem, para cada conjunto de fatores contingenciais e
organizacionais, existirá um sistema de contabilidade adequado que, se foram corretamente
encaixados, contribuirão para o desempenho da empresa.
43
4. Procedimentos Metodológicos
A pesquisa possui natureza qualitativa, pois, segundo Godoy (1995), ela não se
propõe a enumerar ou medir os eventos estudados e não utiliza instrumental estatístico na
análise dos dados, mas, partindo de questões mais amplas, vai se definindo conforme o estudo
se desenvolve.
O tratamento do problema nesse trabalho está amparado em análises e
interpretações que buscam compreender os fatores que potencializam e/ou facilitam a
implementação de Gestão de Custos e algumas ferramentas de controles financeiros em
microempresas.
Godoy (1995) destaca um conjunto de características capazes de identificar uma
pesquisa dessa natureza, os quais são:
1) A pesquisa qualitativa ocorre no ambiente natural, ou seja, no ambiente onde o
fenômeno acontece normalmente, nesse caso, na própria empresa;
2) O pesquisador é o instrumento da pesquisa, uma vez que ele é quem vai coletar os dados,
seja mediante entrevistas ou da própria observação do participante;
3) O pesquisador deve captar o ponto de vista do participante, ou seja, ele deve entender a
perspectiva do indivíduo e não influenciar a pesquisa com suas próprias percepções;
44
estudo serem afetados pelo próprio estudo, principalmente considerando que, as pesquisas na
área da contabilidade gerencial, realizadas com outras metodologias, pouco produziram
resultados com aplicações práticas (SUOMALA; LYLY-YRJÄNÄINEN, 2008, THIOLLENT,
2012).
Segundo Westin e Roberts (2010), a pesquisa intervencionista busca sempre
produzir resultados relevantes, utilizando-se da junção da teoria com a prática para estudar o
objeto em sua prática cotidiana, sem abandonar o propósito de gerar contribuições teóricas
importantes. Para Reason e Bradbury (2008), um dos objetivos desse método é produzir
conhecimento que seja usado para as pessoas melhorarem suas vidas no cotidiano, ou seja, tenha
aplicação prática.
Mendonça Neto et at (2014) aponta a necessidade de existir cooperação entre os
pesquisadores e os gestores, uma vez que existem interesses semelhantes. Para os autores
Argyris e Schon (1996), a participação dos gestores nas pesquisas faz com que vejam mais
relevância nos seus resultados, pois contribuem e participam na coleta e na análise dos dados,
reduzindo a distância ainda existente.
Conforme demonstrou a pesquisa de Oyadomari et al. (2013), em uma amostra de
80 profissionais de Controladoria, os artigos científicos têm menor importância como fonte de
busca de informações. Por outro lado, já se nota um aumento na busca por pesquisas que
impactem o desempenho das organizações, inclusive com incentivos de empresas e associações
profissionais e empresariais a projetos de pesquisa que atendam a interesses específicos
(MENDONÇA NETO et al., 2014).
Embora existam diversos autores que destacam a capacidade da pesquisa
intervencionista a fim de reduzir a distância entre teoria e prática e a importância dos resultados
que ela produz, Teóphilo e Iudícibus (2005) apontam: no Brasil ela ainda é pouco utilizada,
podendo ser considerada como embrionária mesmo internacionalmente (BAARDI, 2010).
Malmi e Granlund (2009) afirmam que, a pesquisa intervencionista pode contribuir
para o desenvolvimento de uma teoria em Contabilidade Gerencial sendo necessário, para isso,
identificar um problema na organização, estudar as possibilidades de solução a qual terá sua
validade com os resultados, pois o que funciona na prática é verdadeiro e assim pode se tornar
teoria.
Segundo Suomala e Lyly-Yrjänäinen (2009), a Contabilidade Gerencial é uma
ciência aplicada e as pesquisas nessa área têm falhado em produzir teorias que tenham aderência
prática, podendo a pesquisa intervencionista ser uma alternativa. Nesse método, o pesquisador,
por participar do processo, é um facilitador de mudança (SUOMALA e LYLY-YRJÄNÄINEN,
46
2008).
Suomala (2009) destaca ainda que, por participar ativamente no processo de
mudança organizacional, o pesquisador tende a adquirir a confiança dos gestores, possibilitando
conversas de temas que não seriam discutidos com estranhos. Godoi et al. (2007) confirmam
que, o pesquisador é um participante no processo de mudança e não apenas um observador.
Mendonça Neto et al. (2014) ensinam que, a postura do pesquisador deve ser guiada
por duas perspectivas: ética e êmica. A perspectiva que olha o problema com uma visão externa,
observando de fora da organização, possibilita assumir uma postura crítica e científica sobre o
problema, sendo essa a perspectiva ética. Quando se busca olhar de dentro do problema, isto é,
enxergar o comportamento humano de uma visão interna, pois o pesquisador passa a ser parte
integrante do objeto estudado, vê-se a perspectiva êmica.
Pensando no melhor processo para realizar a pesquisa intervencionista,
Tripp (2005) apresenta a seguinte sequência: planejamento, implementação e avaliação,
considerando-a no campo da prática e no campo da investigação. No mesmo sentido, Freitas et
al. (2010) descreve, normalmente as etapas desse método de pesquisa envolvem um diagnóstico
inicial, o planejamento da ação e a implantação e a análise dos resultados.
Cabe destacar que as empresas, objeto da pesquisa, têm menos de 4 (quatro) anos
de atividade, fase de maior mortalidade. Conforme Nogueira e Borges (2015), cerca de 70%
das empresas não superam os desafios naturais do período inicial.
Embora exista uma fragilidade na escolha de empresas ainda incipientes como
objeto da pesquisa, o maior índice de mortalidade, como já demonstrado, encontra-se entre as
empresas que estão no início das suas atividades. Assim, este foi o fato motivador e que justifica
a escolha dessas empresas, a busca em contribuir com soluções para a redução do elevado
número de fechamento dos negócios nos 4 (quatro) primeiros anos de atividade.
Baseado na definição de Dornelas (2005), ambas empresas são empreendedorismo
de oportunidade, pois ambas as empreendedoras são visionárias com um objetivo claro: o
crescimento da empresa com a geração de lucros, empregos e riqueza. Embora as duas
empresárias tenham realizado um planejamento prévio para criar a empresa, verificou-se que
careciam de maior precisão de detalhamento em relação a diversos pontos.
Empresa A
Empresa B
um planejamento para a empresa, mas depois de iniciar as atividades não consegue calcular o
resultado do empreendimento, não tendo ideia do resultado apresentado pela empresa. Acredita
estar tendo prejuízo, baseando-se no faturamento mensal que está obtendo, sendo esse um dos
cenários previstos no planejamento prévio realizado, pois é comum que as empresas tenham
prejuízo no início de atividades, o que é confirmado pelos autores Borges et al. (2008).
Conforme o plano de negócios dessa loja, a principal receita será obtida com a
cobrança de aluguel dos espaços utilizados dentro da loja pelos produtos dos parceiros-
fornecedores, sendo um dos motivos que justificam a denominação de loja colaborativa, isto é,
essa loja é o um espaço onde todos os fornecedores colaboram com o custo de manutenção da
loja física, conquistando, assim, um canal de vendas que, possivelmente não teriam condições
de arcar sozinhos.
Por outro lado, a loja, colabora com seus parceiros-fornecedores, vendendo os seus
produtos com baixíssima margem de lucro sobre as vendas, pois os custos fixos de manutenção
da empresa poderão ser cobertos pelo aluguel de exposição dos produtos. Assim, para ser
rentável, a loja colaborativa depende de ter número de parceiros-fornecedores suficientes que
gerem receitas maiores que os custos de manutenção.
Também é realizada uma pequena cobrança de um percentual sobre as vendas, com
o objetivo de custear a comissão de vendas da vendedora contratada, além do custo com as
embalagens e os custos financeiros ligados ao recebimento, como taxas de cartão.
A proprietária não tem formação na área de gestão, porém seu pai, que é o investidor
financeiro do empreendimento, é executivo de uma grande empresa na cidade do Rio de Janeiro
e auxiliou na construção do planejamento prévio do empreendimento.
As movimentações das entradas e saídas realizadas são acompanhadas por planilha
e extrato bancário, não utilizando fluxo de caixa e DR. A parte contábil é realizada por um
escritório de contabilidade contratado.
A empreendedora informou estar preocupada por não conseguir calcular os
resultados mensais da empresa, situação que dificulta ter uma ação clara na condução do
negócio e, na busca por corrigir e/ou melhorar a empresa, as decisões são intuitivas.
avaliação final. Ter uma sequência lógica de passos possibilita uma maior aceitação e segurança
no momento de sua aplicação, auxiliando o pesquisador no processo, sendo um roteiro a ser
seguido.
Os autores Marcondes et al. (2016) apresentam o modelo exibido na Figura 4,
contendo sete etapas:
1) Entendimento do problema ou oportunidade;
2) Diagnóstico e análise;
3) Proposta da solução;
4) Plano de ação da mudança;
5) Intervenção;
6) Avaliação;
7) Relatório Final.
Etapas Etapas
Investigação para saber os Entendimento do problema
1 1
problemas da entidade ou oportunidade
2 Diagnóstico e análise
Construir um estudo baseado nas
2 ações para resolução dos 3 Proposta da solução
problemas identificados
4 Plano de ação da mudança
Avaliar o resultado e as
4 6 Avaliação
consequências de cada ação
Aprendizagem e reconhecimento
5 dos ensinamentos adquiridos de 7 Relatório Final
modo a evidenciar o que se
aprendeu em relação ao problema
Cada uma das etapas definidas pelos autores tem objetivos claros, conforme
demonstra a Figura 5. Considerando os objetivos definidos pelos autores e compreendendo a
relevância que apresentam, buscou-se alinhar os objetivos específicos da pesquisa com cada
etapa proposta no framework apresentado pelos autores e utilizado nessa pesquisa, com o
escopo de atingir todos os objetivos específicos de forma clara e metodológica.
1) Considerando familiaridade/domínio da
plataforma, facilidade e consistência –
Reunião de trabalho
comparar as opções;
para realizar o
2) Definição da
levantamento, 2) Testar e ajustar (customizar) a ferramenta
plataforma de
identificação, que será utilizada;
registro (planilha
validação e
ou sistema); 3) Entender os objetivos e a importância do
explicação dos
fluxo de caixa, inclusive conhecendo
conceitos.
possibilidade de simular ações no fluxo
previsto;
1) Levantar contas a pagar e contas a
Reunião de trabalho receber;
para realizar o
3) Construção 2) Terminar de ajustar a plataforma escolhida
levantamento,
do Fluxo de Caixa (planilha ou sistema);
identificação,
(Previsto e
validação e 3) Validar as informações e realizar as
Realizado)
explicação dos primeiras análises demonstrando para a
conceitos. empresária possibilidades de ações para
melhor gestão do caixa;
Fonte: Elaborado pelo autor
57
1) Considerando familiaridade/domínio da
plataforma, facilidade e consistência –
Reunião de comparar as opções;
trabalho para
realizar o 2) Testar e ajustar (customizar) a
2) Definição da
levantamento, ferramenta que será utilizada;
plataforma de registro
identificação,
(planilha ou sistema);
validação e
explicação dos 3) Entender os objetivos e a importância
conceitos. do DRE, inclusive conhecendo as
principais formas de análise;
Segundo os autores Marcondes et al. (2016), intervenção é uma das fases mais
sensíveis do processo, sendo necessário ter uma estratégia para reduzir e superar as
resistências que naturalmente surgem em todo o processo de mudança. O detalhamento dessa
etapa está contido nos itens 6.1, 6.1.1, 6.1.2, 6.2, 6.2.1, 6.2.2 e 7.2
6.1. Empresa A
Gestão dos
Levantar todas as informações e
Custos Objetivo realizado com envio de algumas
registros que a empresária possui
Custeio informações por e-mail após terminada a reunião.
sobre os custos;
Variável
Gestão dos
Listar todos os custos existentes Objetivo realizado. Importante foi explicar como
Custos
explicando/demonstrando para a identificar a origem de alguns custos que não tinham
Custeio
empresária a sua origem; sido avaliados antes pela empresária.
Variável
Reunião Etapa – 2
3 Diagnóstico e análise Verificar conhecimento, domínio, Objetivo realizado. Na verdade, verificou-se que não
facilidade e consistência das existia nenhum tipo de planilha ou qualquer outra
plataformas para utilização e gestão do plataforma que contivesse alguma informação, apenas
Fluxo de fluxo de caixa; consulta ao extrato bancário.
Caixa
DRE
Definir os principais indicadores que
devem ser analisados e
acompanhados considerando
objetivos e momento atual
ensinando a empresária como
calculá-los;
65
Gestão dos
Custos
Custeio
Variável Esta reunião contou com a participação do orientador
Avaliar a utilização das ferramentas
e foi um relato resumido da caminhada realizada até
e modelos propostos, verificar a
então no trabalho de pesquisa. A empresária relatou
Reunião Etapa – 6 percepção da empresária sobre o
Fluxo de Caixa ver grande evolução no controle e gestão da empresa,
7 Avaliação trabalho realizado, se houve melhora
percebendo como significativa e transformadora o
e em que pontos estão mais
resultado positivo apresentado pelo trabalho
perceptíveis as melhorias.
desenvolvido. Objetivo realizado.
DRE
possibilidade na prática. Houve uma fácil e rápida recepção e implantação das ferramentas
propostas, existindo apenas relativa insegurança da empresária quanto à sua capacidade de
utilização do DR.
Buscando reduzir essa insegurança, após ser demonstrado como utilizar a
ferramenta, foi incentivada a utilização da ferramenta pela empresária, com a orientação do
pesquisador, momento em que foram realizados diversos cálculos, utilizando dados de períodos
diferentes, exercício que deu segurança para a empresária.
Outro momento relevante ocorrido nessa reunião foi a constatação de que um dos
produtos vendido como um kit, apresentava resultado negativo. Ao ser atualizado os custos dos
produtos e incluído custos que antes não estavam presentes no cálculo realizado no início das
atividades da empresa, constatou-se uma elevação do valor dos custos de todos os produtos.
Assim, quando comparado o valor dos custos com o preço de venda praticado,
verificou-se que o referido kit apresentava uma pequena margem positiva e, como a empresa
custeia o valor do frete de entrega para os clientes, mesmo considerando o menor valor de frete
praticado, a operação com o produto apresentava resultado negativo.
Esse fato foi utilizado para demonstrar a importância de constante atualização e
cálculo dos custos de cada produto. Também foi apresentada três opções para a empresária
resolver a questão:
1) ajustar o preço de venda para corrigir a margem;
2) retirar o produto do seu catálogo – um pequeno kit com um mix de produtos
próprios e embalagem comprada junta a um fornecedor, ou seja, a embalagem não era de sua
fabricação;
3) realizar uma mescla entre as duas opções anteriores, fazendo um ajuste no preço
com menor impacto ao consumidor, também alterando a formação do kit, para com a soma das
duas ações corrigir a margem;
Destacou-se que essas três opções podem ser consideradas sempre quando houver
precisão de verificar e de melhorar a margem de algum produto. Outro ponto salientado foi a
necessidade de constantemente averiguar a possibilidade de redução dos custos de produção de
cada produto, com troca de fornecedores, substituição de materiais, e/ou aperfeiçoamento de
processos produtivos.
Os outros produtos não apresentaram problemas na margem, embora a empresária
entendeu que, a margem real obtida em cada produto era inferior ao imaginado, pois o valor
dos custos estava desatualizado.
Conforme informado no Quadro 14, o professor orientador participou da reunião de
69
partiu da realidade existente, construindo cada uma das ferramentas na reunião, com a
participação da empresária, demonstrando, assim, na prática como fazer, porque fazer, tirando
as dúvidas e dificuldades que foram surgindo no momento da “construção”.
6.2. Empresa B
Gestão dos
Levantar todas as informações e
Custos Objetivo realizado com envio de algumas
registros que a empresária possui
Custeio informações por wkatsapp após terminada a reunião.
sobre os custos;
Variável
Levantar todas as informações e
registros que a empresária possui
Reunião Etapa – 2 Fluxo de Caixa sobre as contas a pagar e contas a Objetivo realizado
2 Diagnóstico e análise receber e qual ferramenta utiliza e/ou
tem maior domínio;
Levantar todas as informações e
registros que a empresária possui Objetivo realizado. Na verdade, verificou-se que não
DRE sobre cálculo do resultado da empresa existia nenhum tipo de planilha ou qualquer outra
e qual ferramenta (sistema ou planilha) plataforma com essas informação.
utiliza e/ou tem maior domínio;
74
Gestão dos
Listar todos os custos existentes
Custos Objetivo realizado. Verificou-se que a empresária
explicando/demonstrando para a
Custeio realizava registros confiáveis.
empresária a sua origem;
Variável
Reunião Etapa – 2
Objetivo realizado. Na verdade, verificou-se que não
3 Diagnóstico e análise Verificar conhecimento, domínio,
existia nenhum tipo de planilha ou qualquer outra
facilidade e consistência das
plataforma que contivesse alguma informação, apenas
plataformas para utilização e gestão do
consulta ao extrato bancário e anotação em um
Fluxo de fluxo de caixa;
caderno.
Caixa
DRE
Definir os principais indicadores que
devem ser analisados e
acompanhados considerando
objetivos e momento atual
ensinando a empresária como
calculá-los;
77
Gestão dos
Custos
Custeio A avaliação realizada pela empresária na reunião foi
Variável Avaliar a utilização das ferramentas ratificada com as respostas do questionário de
e modelos propostos, verificar a avaliação. As respostas foram feitas sem a presença do
Reunião Etapa – 6 percepção da empresária sobre o pesquisador e encaminhadas dois dias após a reunião,
Fluxo de Caixa
7 Avaliação trabalho realizado, se houve melhora em que foi relatado ter ocorrido evolução no controle
e em que pontos estão mais e gestão da empresa, percebendo como positivo o
perceptíveis as melhorias. resultado apresentado pelo trabalho desenvolvido.
Objetivo realizado.
DRE
empresária na busca das informações necessárias, pois parte estava no extrato bancário, parte
na agenda, parte salvo no computador e parte no sistema.
Essa centralização das informações de forma organizada foi uma melhora na
execução dos processos administrativos e financeiros da empresa, facilitando o
acompanhamento e atualização dos dados e a busca por informações mais precisas e confiáveis.
Conforme as etapas do processo iam evoluindo, a utilização e correta configuração
do ERP ocorreu naturalmente, melhorando o processo de controle e gerenciamento das
informações, conquistando, inclusive, um ganho de tempo com a redução de algumas rotinas,
como anotações de gastos em agenda.
Porém, mesmo com o maior conhecimento e utilização do ERP, ficou definido que
o fluxo de caixa seria realizado fora do sistema, importando as informações do contas a pagar
e contas a receber do sistema, relatórios gerados automaticamente e no formato planilha.
Como as reuniões com a empresa B foram semanais, as etapas ocorreram de forma
mais natural, não ocorrendo a percepção de uma nova fase, mas de uma continuidade linear do
trabalho. Ainda assim, a apresentação do plano de ação das mudanças demonstrou ser especial,
para trazer melhor compreensão quanto às etapas seguintes, sendo o momento de “virada de
página”.
Conforme definido pelos autores Marcondes et al. (2016) a etapa seguinte é a
intervenção. Novamente cabe destacar que o processo de intervenção se inicia já na primeira
reunião ocorrida, pois a interação realizada provoca, no mínimo, um processo de reflexão, mas
é nesse momento que o conjunto de ferramentas propostas como solução é implantado.
Essa etapa também ocorreu de forma tranquila, sem resistências ou grandes
dificuldades, havendo pequena insegurança da empresária quanto à atualização do fluxo de
caixa, devido a rotina ser manual, utilizando as informações retiradas do sistema.
Para reduzir essa insegurança, foram realizadas em momentos diferentes da reunião
repetidas atualizações das informações, exercício realizado pela empresária com o pesquisador
observando e orientando. No final da reunião o processo era realizado sem nenhuma dúvida
apresentada.
Considerando as características diferenciadas que as lojas colaborativas têm se
comparadas com as lojas “tradicionais”, optou-se por realizar a apuração do resultado da
empresa B separando as duas fontes de receita: o aluguel de espaços da loja para parceiros,
sendo que, segundo o plano de negócios elaborado antes do início das atividades da empresa, é
previsto que seja a principal receita e responsável maior por gerar lucro e a receita com a venda
dos produtos dos parceiros.
80
é que o imposto gerado e pago pela empresa B é sobre o faturamento total obtido como as Notas
Fiscais de venda são emitidas pela empresa, e não pelo CNPJ do parceiro dono do produto.
Assim, a comissão recebida pela empresa B com a venda dos produtos dos parceiros, precisa
cobrir também o pagamento do imposto gerado.
Concluindo, cita-se uma das respostas da empresária sobre o entendimento de
melhora na gestão da empresa: “Fizemos juntos todas as planilhas de gestão financeira da
empresa: DR, fluxo de caixa, contas a pagar e receber, custos variáveis etc. Tudo isso me ajudou
demais na gestão do dia a dia e do longo prazo.”
Assim, os resultados são apurados em duas colunas separadas: receitas das vendas
com todos os custos e despesas variáveis em uma e receita dos aluguéis dos espaços com todos
os custos e despesas fixas. A última linha apresenta o resultado apurado em cada uma das
colunas, também o resultado total, da coluna totais conforme o Quadro 17 demonstra:
Empresa A Empresa B
Não tinha visão do fluxo de caixa previsto Não tinha visão do fluxo de caixa previsto
7.2. Intervenção
Empresa A Empresa B
Também foi implantada uma planilha eletrônica para acompanhamento do fluxo de caixa,
considerando que o sistema utilizado pela empresa apresenta o fluxo de caixa apenas de forma
gráfica, não permitindo simulações e previsões diferentes do que está realizado.
9. Considerações Finais
Essa pesquisa buscou apresentar contribuições para a teoria obtidas por meio de
uma pesquisa intervencionista realizada, utilizando o framework sugerido por Marcondes et al.
(2016), na implantação dos controles financeiros: Fluxo de caixa, Demonstrativo do Resultado,
Margem de Contribuição e gerenciamento dos custos em microempresas.
Foram estudadas duas microempresas de setores diferentes, uma do comércio e
outra da indústria, ambas com menos de dois anos de operação, ou seja, as duas empresas são
recém-criadas, existindo, em ambas as empresárias, o sonho por empreender. As duas empresas
estão sediadas na cidade de Ribeirão Preto/SP.
Acredita-se haver alcançado a resposta à questão central e os objetivos propostos
inicialmente, considerando-se que foi possível utilizar a metodologia no ambiente
organizacional e elaborar a proposta do modelo conceitual teórico-prático contingencial,
aplicado nas microempresas e com aplicabilidade, também às Pequenas Empresas.
Assim, entende-se que os resultados da pesquisa contribuem com a literatura e
geram conhecimentos úteis para os usuários das informações contábeis gerenciais, pois
apresentou-se um modelo intervencionista de pesquisa em contabilidade gerencial para
microempresas, proporcionando uma aproximação entre pesquisadores e micro e pequenas
empresas que carecem de apoio na condução e aperfeiçoamento de seus processos.
Relevante destacar que, na etapa 4, a proposta de solução foi apresentada para as
empresárias em forma de treinamento, buscando a transferência de conhecimento para o alcance
dos objetivos da pesquisa. Ao se realizar a avaliação final, revelou-se necessária a atenção ao
treinamento, pois ele é a base para a implantação das ferramentas sugeridas.
Portanto, é possível afirmar que, quanto maior for o conhecimento dos
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mesmo encontro.
Os resultados apresentados precisam ser analisados considerando as limitações
deste trabalho que estudou uma amostra de apenas duas microempresas localizadas na cidade
de Ribeirão Preto/SP, sendo uma do setor de comércio varejista e outra uma confecção de peças
femininas, em meio às dificuldades econômicas e sociais geradas pela pandemia de Covid-19.
Em relação às consequências sociais e econômicas surgidas pela pandemia de
Covid-19, embora o funcionamento normal das empresas tenha sido afetado, gerando
importante perda de receitas, a pesquisa pôde ser desenvolvida normalmente, não existindo
percepção de influência negativa nos resultados revelados.
Futuras pesquisas poderão ser conduzidas utilizando a própria amostra das
empresas participantes, podendo investigar os benefícios da intervenção em um intervalo maior
de tempo. No caso da pesquisa ser realizada em empresas com porte de faturamento superior
e/ou com melhores níveis de controles gerenciais, poderá exigir a utilização de técnicas
modernas de controle gerencial.
Finalizando, ressalta-se o alcance do objetivo pré-estabelecido para esta
dissertação, pois foi possível construir e apresentar uma proposta de modelo conceitual,
acreditando que, sua aplicação no ambiente de micro e pequenas empresas poderá ser uma
escolha viável, entre outras, podendo ser construídas com base na literatura e em futuras
pesquisas, considerando-se ser essa uma opção do autor e, certamente, ainda há que ser
ampliado e melhorado in continuum.
Espera-se que a pesquisa realizada possa ser um referencial metodológico e
conceitual em outros contextos, dada a importância da Gestão de Custos e dos controles
financeiros para as Micro e Pequenas Empresas, geradoras de empregos e representam
significativa participação na economia do País.
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Eu, ...(nome da pessoa, nacionalidade, idade, estado civil, profissão, endereço, RG),
proprietária, gestora e representante legal da empresa ...(nome da pessoa, CNPJ) estou sendo
convidado a participar de um estudo denominado Gestão de custos e implantação de controles
financeiros: uma proposta para melhoria na gestão de microempresas a partir da
abordagem intervencionista, cujos objetivos e justificativas são: descrever, por meio da
abordagem intervencionista, os processos de gestão e geração de conhecimento na implantação de
gestão dos custos e de controles financeiros em microempresas, e identificar os fatores que possibilitem
a implementação desse conhecimento nas microempresas. Considerando a relevância das
microempresas na economia brasileira como empregadoras e geradoras de renda, a sustentabilidade
econômica dessas empresas tem significativa importância para a sociedade. Assim, estudos que
busquem auxiliar na gestão de empresa, também melhorar seus resultados, apresentam importância
tanto acadêmica e quanto social. Dessa maneira, este estudo busca contribuir no desenvolvimento de
uma ferramenta com fácil aplicação por gestores de microempresas e, na possibilidade de sua
utilização por outros pesquisadores em futuros trabalhos. Espera-se, também que os resultados
práticos alcançados aproximem, ainda mais, pesquisadores e práticos, facilitando o desenvolvimento
de parcerias, e contribuam com a divulgação e estudo de pesquisas intervencionistas em
microempresas.
A minha participação voluntária neste estudo será no sentido de fornecimento de dados e
informações da empresa que forem solicitadas pelo pesquisador.
Fui alertada, compreendi e autorizo o caráter intervencionista da pesquisa a se realizar, e que este
poderá modificar a realidade atual dos processos de gestão e controle da minha empresa.
Recebi esclarecimentos que por ser uma pesquisa, e os resultados positivos ou negativos somente
serão obtidos após a sua realização.
Entendo que se trata de um projeto de pesquisa, portanto estou de acordo com os objetivos e a
publicação desse estudo, autorizando a divulgação do nome da empresa.
Também fui informada de que posso me recusar a participar do estudo, ou retirar meu
consentimento a qualquer momento, sem precisar justificar.
Enfim, tendo sido orientado quanto ao teor de todo o aqui mencionado e compreendido a natureza
e o objetivo do já referido estudo, manifesto meu livre consentimento em participar, estando totalmente
ciente de que não há nenhum valor econômico, a receber ou a pagar, por minha participação.
tendo algum lucro com a empresa. Mas, me sinto muitas vezes angustiada por não saber se a
empresa está dando resultado e não saber como calcular o lucro, o que traz uma incerteza sobre
a continuidade da empresa.
Outro problema grave é o de logística. Gerenciar os envios dentro da cidade além do
valor do frete são grandes desafios, chegando a impedir algumas vendas.
Assim, como o interesse em ter os parceiros é meu, acaba que fico responsável por
realizar essa emissão, o que me toma muito tempo para execução e controle desse fluxo
constante de mercadorias.
Outra questão é que, muito dos meus parceiros não têm CNPJ, o que impede que eles
emitam notas fiscais. E essa burocracia me consome tempo dificultando a gestão das outras
áreas da empresa.
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1) Compare sua visão sobre a gestão da empresa hoje com a forma/informações que
você tinha antes do início da pesquisa.
Hoje consigo compreender a relevância das tais planilhas, ainda me falta disciplina, mas
consegui entender a necessidade de preenchê-las.
Outra grande lição foi o cálculo correto do valor do meu produto e o entendimento de
alguns termos como ticket médio, margem de contribuição, ponto de equilíbrio, e outros.
Percebo estar mais bem preparada para realizar a gestão e acompanhamento da minha
empresa.
1) Compare sua visão sobre a gestão da empresa hoje com a forma/informações que
você tinha antes do início da pesquisa.
Hoje eu tenho informações financeiras sobre minha empresa que eu não tinha antes das
nossas reuniões. Eu não tinha uma visão sobre os números e com isso não conseguia saber o
quanto estava crescendo ou perdendo e nem planejar ações futuras.