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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

GABRIEL DI BERTI ROCHA LIMA


RENAN PONCE LEITE

PROJETO DE MALHA DE ATERRAMENTO

CUIABÁ-MT
2021
GABRIEL DI BERTI ROCHA LIMA
RENAN PONCE LEITE

PROJETO DE MALHA DE ATERRAMENTO

Projeto submetido a docente Marina Timo de Sá do


departamento de engenharia elétrica da
Universidade Federal de Mato Grosso, como parte
dos requisitos necessários para obtenção da
aprovação na disciplina de Aterramentos de
Sistemas Elétricos.

CUIABÁ-MT
2021
RESUMO

O projeto aqui descrito apresenta os passos a serem seguidos para projetar uma
malha de aterramento de uma subestação, com uma área de 3000m 2, utilizando o
Método de Wenner e a estratificação do solo em duas camadas, buscou-se a
adequação do projeto seguindo as normas regulamentadoras, e também se buscou
garantir a segurança da região e dos eventuais trabalhadores que atuariam na
subestação, além disso o documento apresenta uma estimativa de materiais
utilizados, e seus respectivos valores e também uma estimativa do valor total do
projeto, levando em consideração a contratação de uma empreiteira para a execução
da obra.

Palavras-chave: Dimensionamento de malha, Subestação, Método de Wenner,


Estratificação do solo em duas camadas.
SUMÁRIO
1. MEMORIAL DESCRITIVO DE CÁLCULO ........................................................................ 5
2. DIMENSIONAMENTO DA MALHA ............................................................................... 10
2.1. ESTRATIFICAÇÃO DO SOLO EM DUAS CAMADAS .............................................. 11
2.2. RESISTIVIDADE APARENTE .................................................................................. 13
2.3. CÁLCULO DA BITOLA MÍNIMA DOS CONDUTORES DA MALHA TERRA............. 14
2.4. CÁLCULO DA BITOLA MÍNIMA DO CABO DE LIGAÇÃO ....................................... 14
2.5. VALORES DOS PONTENCIAIS MÁXIMOS ADMISSÍVEIS ...................................... 15
2.6. PROJETO INICIAL PARA O ESPAÇAMENTO ......................................................... 15
2.7. CÁLCULO DA RESISTÊNCIA DA MALHA: .............................................................. 16
2.8. CÁLCULO DO POTENCIAL DE MALHA DURANTE O DEFEITO: ........................... 16
2.9. ESTIMATIVA DO MÍNIMO COMPRIMENTO DO CONDUTOR: ............................... 17
2.10. MODIFICAÇÃO DO PROJETO DE MALHA: ............................................................ 18
2.11. CÁLCULO DO POTENCIAL DE PASSO NA PERIFERIA DA MALHA:..................... 18
3. LISTA DE MATERIAIS.................................................................................................. 19
4. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 20
5

1. MEMORIAL DESCRITIVO DE CÁLCULO

A malha de aterramento é utilizada geralmente nas instalações de grande porte,


como subestações e usinas. A malha servirá como um referencial para que a
instalação elétrica descarregue correntes de curto circuito, surtos elétricos ou até
mesmo descargas elétricas ao solo. Para que isso ocorra, é necessário a realização
de uma série de procedimentos.

Figura 1 - Fluxograma Malha de Aterramento


6

Desta maneira, tem-se as seguintes etapas:

1. Dados do campo: Após as medições no local e considerando a resistividade


superficial do solo, onde geralmente se considera a resistividade da brita
molhada 𝜌𝑠 = 3000𝛺 ⋅ 𝑚.

Corrente de curto-circuito máxima Imáxima = 3I0.

Pré-definir o tempo de defeito para a máxima corrente de curto-circuito fase-


terra (tdefeito) e a área da malha pretendida.

2. Estratificação do Solo: Após as medições feitas no local e utilizando o método


simplificado da estratificação do solo em duas camadas, obtém-se o modelo do
solo estratificado.

3. Resistividade Aparente (𝑝𝑎): O coeficiente de penetração (α) indica o grau de


escoamento das correntes pelo aterramento no solo equivalente. É dado por:
𝑟
𝛼=
𝑑𝑒𝑞

Neste caso, “deq” vem da estratificação do solo e como todo sistema é


transformado em um anel de “Endrenyi”, cujo raio “r” é a metade da maior
dimensão do aterramento. O cálculo de “r” para configuração de malha:
𝐴
𝑟=
𝐷

Onde:
A – Área abrangida pelo aterramento;
D – Maior dimensão do aterramento (diagonal de uma malha de aterramento de
subestação).

A relação da resistividade da última camada com a resistividade da primeira


camada equivalente nos proporciona o Coeficiente de Divergência (𝛽):
𝜌𝑛+1
𝛽=
𝜌𝑒𝑞
Com o valor de (𝛼) e (𝛽) obtidos, determinamos a resistividade aparente do
aterramento. Utilizando as curvas desenvolvidas por “Endrenyi”, na qual é
o eixo das abscissas e é a curva correspondente, obtemos o valor de N:
7

𝜌𝑎
𝑁=
𝜌𝑒𝑞

Rearranjando a Equação acima temos:

𝜌𝑎 = 𝑁 ⋅ 𝜌𝑒𝑞

4. Dimensionamento dos Condutores: O dimensionamento térmico utiliza a


fórmula de “Onderdonk”, válida somente para cabos de cobre. Para os
condutores de malha terra:

1 𝜃𝑚 − 𝜃𝑎
𝐼 = 226,53 𝑆𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒√ . 𝑙𝑛 ( + 1)
𝑡𝑑𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜 234 + 𝜃𝑎

Sendo:
𝜃𝑎: temperatura ambiente;
𝜃𝑚: temperatura máxima que o condutor suporta;
I= 60%. Iccf-t
Já para os condutores de ligação, que utilizam cobre, o cálculo é dado pela
mesma equação:

1 𝜃𝑚 − 𝜃𝑎
𝐼 = 226,53 𝑆𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜√ . 𝑙𝑛 ( + 1)
𝑡𝑑𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜 234 + 𝜃𝑎

5. Cálculo dos Potenciais: O cálculo é realizado levando considerando os


potenciais máximos que um indivíduo suporta sem que sofra danos. Isto é, esse
ponto é reservado para o cálculo do 𝑉𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚á𝑥 e 𝑉𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 𝑚á𝑥 :
116 + 0,174𝜌𝑠 0,116
𝑉𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚á𝑥 = = [1000 + 1,5. 𝐶𝑠 (ℎ𝑠 , 𝐾)𝜌𝑠 ]
√𝑡 √𝑡
116 + 0,696𝜌𝑠 0,116
𝑉𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 𝑚á𝑥 = = [1000 + 6. 𝐶𝑠 (ℎ𝑠 , 𝐾)𝜌𝑠 ]
√𝑡 √𝑡

6. Projeto Inicial: As dimensões da malha são pré-determinadas. Sendo assim, no


projeto inicial da malha especifica-se o espaçamento entre os condutores e se
serão combinados, com a malha e haste de aterramento. O espaçamento típico
adotado está entre 5% e 10% dos respectivos lados da malha. Entretanto,
neste trabalho consideraremos as submalhas com ea ≅ eb.
8

Figura 2 - Modelo de malha de aterramento

O número de condutores iniciais fixados ao longo dos lados da malha.:

𝑎 𝑏
𝑁𝑎 = 𝑒 + 1 e 𝑁𝑏 = 𝑒 + 1
𝑎 𝑏

O comprimento total dos condutores que formam a malha é dado através da


equação:

𝐿𝑐𝑎𝑏𝑜 = 𝑎𝑁𝑏 + 𝑏𝑁𝑎

Quando não são utilizadas hastes de aterramento, a equação acima


determina o comprimento total de condutores da malha (𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ). Levando em
consideração a utilização de hastes de aterramento na malha, é preciso
acrescentar ao cálculo o comprimento das hastes, de acordo com a equação:

𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐿𝑐𝑎𝑏𝑜 + 𝐿ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒𝑠

Sendo,

𝐿𝑐𝑎𝑏𝑜 = 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎

𝐿ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒𝑠 = 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑎𝑠 ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒𝑠 𝑐𝑟𝑎𝑣𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑛𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎

7. Resistência de Aterramento da Malha: A resistência de aterramento da malha


pode ser calculada pela fórmula de Sverak, que leva em consideração a
profundidade (h) em que a malha é construída.

1 1 1
𝑅𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = 𝑝𝑎 + 1+
𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 √20𝐴𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 20
1 + ℎ√𝐴
[ ( 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 )]
9

Realizadas as etapas seguindo o fluxograma, tem-se as fases de


verificação. Ou seja, verificar se a malha de aterramento estará de acordo com
aquilo que é suportado pelo corpo humano. Caso, não atinja as exigências, o
projeto deve ser ajustado e calculado novamente.
Assim, deve-se primeiro verificar se:
𝐼𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 . 𝑅𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 > 𝑉𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚á𝑥
e se:
𝐿𝑚𝑖𝑛 > 𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

8. Potencial da malha: O Potencial de Toque Máximo encontrado na submalha da


malha de terra, quando do máximo defeito fase-terra, é dado por:
𝑝𝑎. Km. Ki. Imalha
𝑉𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 =
𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
Sendo,

𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠

𝐼𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = 𝑝𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎

𝜌𝑎 = 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎

𝐾𝑖 = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑟𝑟𝑒𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 0,656 + 0,172𝑁

𝐾𝑚 =coeficiente que relaciona a profundidade da malha, diâmetro do condutor e o


espaçamento entre os condutores.

Sendo 𝐾𝑚 :

1 𝑒² (𝑒 + 2ℎ)² ℎ 𝐾𝑖𝑖 8
𝐾𝑚 = {ln [ + − ]+ ln ( )}
2𝜋 16ℎ𝑑 8𝑒𝑑 4𝑑 𝐾ℎ 𝜋(2𝑁 − 1)

No qual,

𝑑 = 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎

𝑒 = 𝑒𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜𝑠 𝑎𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑑𝑜 𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎

ℎ = 𝑝𝑟𝑜𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎

𝐾𝑖𝑖 = 1, para as malhas com hastes cravadas ao longo do perímetro ou nos cantos
das malhas ou em ambos.
10

1
𝐾𝑖𝑖 = 2 , para as malhas sem hastes cravadas ou com poucas hastes não
(2𝑁)𝑁

localizadas nos cantos e no perímetro da malha.

𝑁 = √𝑁𝑎 ∗ 𝑁𝑏


𝐾ℎ = √1 + ℎ , correção de profundidade.
0

Logo após, deve-se verificar:

𝑉𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 𝑚𝑎𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = 𝑅𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 ∗ 𝐼𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎


𝑉𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 𝑚𝑎𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 ≤ 𝑉𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚𝑎𝑥𝑖𝑚𝑜

2. DIMENSIONAMENTO DA MALHA

Para o projeto da malha tem-se os seguintes parâmetros:

VARIÁVEL VALOR DESCRIÇÃO


Iccf-t máxima 3,5 kA Corrente de falta fase-terra
I Malha 1,4 kA Corrente de malha
Tempo que o condutor deve suportar os efeitos térmicos e
tdefeito 0,4 s
tempo de atuação do dispositivo de proteção
ρs 3000 Ω.m Resistividade superficial da camada de brita
hs 30 cm Profundidade da camada de brita
Convencional=
ϴm Tipo de Emendas dos cabos da malha e de ligação
450°C
ϴa 30° C Temperatura Ambiente
A 60mx50m Área da Malha (LxC)

Foi considerada para a malha, hastes com comprimento de 3m, profundidade


da malha 1m.

As resistividades medidas em campo pelo método de Wenner foram anotadas


na tabela abaixo.
11

Dados de Campo
Resistividade
Espaçamento [m] calculada [Ω.m]

1 653

2 639

4 563

6 457

8 360

12 237

16 181

20 151

32 138

2.1. ESTRATIFICAÇÃO DO SOLO EM DUAS CAMADAS

Método simplificado para estratificação do solo em duas camadas:

Curva ρ x a
700

600

500
RESISTIVIDADE (Ω.M)

400

300

200

100

0
0 5 10 15 20 25 30 35
ESPAÇAMENTO (M)

Figura 3 - Curva ρ x a

Fazendo ρ x a obtém-se uma curva descendente. E então o prolongamento da


curva ρ x a até cortar o eixo das ordenadas obtendo os valores de 𝜌1 =
653(Ω. 𝑚) 𝑒 𝜌2 = 138(Ω. 𝑚)
12

Com os valores de resistividade calcula-se K:


ρ2 138
ρ2 − ρ1 ρ1 − 1 653 − 1
𝑘= = = = −0,65107
ρ2 + ρ1 ρ2 + 1 138 + 1
ρ1 653

Da figura 3 obtém-se o valor de M

Figura 4 - Curva M versus K

𝑀(𝑎=ℎ) = 0,785

Então,
𝜌(𝑎=ℎ) = 𝜌1 . 𝑀(𝑎=ℎ) = 653.0,785 = 512,6 Ω. m

Levando o valor de 𝜌(𝑎=ℎ) à curva ρ x a, obtém-se h = 5

Assim, o solo estratificado em duas camadas é apresentado na figura 5:

Figura 5 - Solo Estratificado em duas camadas


13

2.2. RESISTIVIDADE APARENTE

MALHA
60mx50m

Figura 6 - Dimensões da malha de Aterramento

𝜌1 = 𝜌𝑒𝑞 = 653 Ω. m; 𝜌2 = 𝜌𝑛+1 = 512,6 Ω. m; ℎ = 𝑑𝑒𝑞 = 5𝑚

Determinação de 𝜌𝑎 , vista pela malha:


𝐴 60.0
𝑟= = = 38,41𝑚
𝐷 √602 + 502
Coeficiente de penetração:
𝑟 38,41
𝛼= = = 7,68
𝑑𝑒𝑞 5

Coeficiente de divergência:
𝜌𝑛+1 512,6
𝛽= = = 0,78
𝜌𝑒𝑞 653

Tendo os parâmetros de 𝛼 e 𝛽 pode-se encontrar através de um gráfico das


curvas de Endrenyi o valor de N para assim acharmos a resistividade aparente:

Figura 7 - Curvas de Endrenyi


14

N=0,7
𝜌𝑎 = 𝑁 ∗ 𝜌𝑒𝑞 = 0,7 ∗ 653 = 457,1 𝛺

2.3. CÁLCULO DA BITOLA MÍNIMA DOS CONDUTORES DA MALHA TERRA

𝐼𝑑𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜 = 60%. 𝐼𝑐𝑐𝑚á𝑥 = 0,6.3500 = 2100

Temperatura ambiente: 𝜃𝑎 = 30°𝐶


Solda convencional: 𝜃𝑚 = 450°𝐶
𝐼𝑑𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜
𝑆𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 =
1 𝜃𝑚 − 𝜃𝑎
226,53√𝑡 𝑙𝑛(234
𝑑𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜 + 𝜃 + 1)
𝑎

2100
𝑆𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 = = 12,87𝑚𝑚²
1 450 − 30
226,53√0,4 𝑙𝑛(234 + 30 + 1)

Como é necessário que o mínimo do condutor seja ≥ 35 mm² então adota-se:

𝑆𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 = 35 𝑚𝑚2

2.4. CÁLCULO DA BITOLA MÍNIMA DO CABO DE LIGAÇÃO

É feito o mesmo procedimento da etapa anterior, mas apenas adotando


𝐼𝑑𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜 = 𝐼𝑐𝑐𝑓−𝑡 = 3500𝐴

𝜃𝑚 = 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 𝑐𝑎𝑣𝑖𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑚 𝑗𝑢𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑏𝑟𝑜𝑛𝑧𝑒 = 250°


3500
𝑆𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 = = 12,55 𝑚𝑚²
1 250 − 30
226,53√0,4 𝑙𝑛(234 + 30 + 1)

Analogamente como 𝑆𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 < 35 𝑚𝑚2 adotamos


𝑆𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 = 35 𝑚𝑚2.
15

2.5. VALORES DOS PONTENCIAIS MÁXIMOS ADMISSÍVEIS

Potencial de toque:


1 𝐾𝑛
𝐶𝑠(ℎ𝑠,𝐾) = 1+2∑
0,96 2
𝑛=1
√1 + (2𝑛 ℎ𝑠 )
[ 0,08 ]

Camada de brita: ℎ𝑠 = 30 𝑐𝑚 = 0,3 𝑚


𝜌𝑎 − 𝜌𝑠 457,1 − 3000
𝐾= = = −0,735558
𝜌𝑎 + 𝜌𝑠 457,1 + 3000

1 −0,7355581 (−0,735558)2 (−0,735558)3


𝐶𝑠(ℎ𝑠,𝐾) = 1+2 + +
0,96 2 2 2
√1 + (2 ∗ 1 0,3 ) √1 + (2 ∗ 2 0,3 ) √1 + (2 ∗ 3 0,3 )
[ ( 0,08 0,08 0,08 )]

= 0,8773

0,116
𝑉𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚á𝑥 = [1000 + 1,5𝐶𝑠(ℎ𝑠,𝐾) 𝜌𝑠 ]
√𝑡𝑑𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜
0,116
= [1000 + 1,5 ∗ 0,8773 ∗ 3000] = 907,49 𝑉
√0,4

0,116 0,116
𝑉𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 𝑚á𝑥 = [1000 + 6𝐶𝑠(ℎ𝑠,𝐾) 𝜌𝑠 ] = [1000 + 6 ∗ 0,8773 ∗ 3000]
√𝑡𝑑𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜 √0,4
= 3079,75 𝑉

2.6. PROJETO INICIAL PARA O ESPAÇAMENTO

𝑒𝑎 = 𝑒𝑏 = 6𝑚
Número de condutores ao longo dos lados ( 𝑁𝑎 e 𝑁𝑏 devem ser inteiros)
60
𝑁𝑎 = + 1 = 11
6
50
𝑁𝑏 = + 1 = 9,33 ≅ 10
6
16

Comprimento total dos cabos que formam a malha


𝐿𝑐𝑎𝑏𝑜 = 𝑁𝑎 𝑏 + 𝑁𝑏 𝑎 = 11 . 50 + 10 . 60 = 1150 𝑚

2.7. CÁLCULO DA RESISTÊNCIA DA MALHA:

Pela fórmula de Dwight:

1 1 1
𝑅𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = 𝜌𝑎 +
𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 √20𝐴𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 20
1 + ℎ√𝐴
[ ( 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 )]

1 1 1
𝑅𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = 457,1 +
1150 √20. 60 . 50
√ 20
[ (1 + 1 60 . 50)]
𝑅𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = 2,12 𝛺

A partir desse valor de resistência tem-se a verificação do potencial máximo da


malha aonde
𝑉𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚á𝑥 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 ≤ 𝑉𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚á𝑥

𝑉𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚á𝑥 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = 𝑅𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 𝐼𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = 2,21 ∗ 1400 = 2967,0 𝑉

Como não satisfaz a equação, deve-se calcular novamente os potenciais na


malha.

2.8. CÁLCULO DO POTENCIAL DE MALHA DURANTE O DEFEITO:

O potencial de malha é definido como o potencial de toque máximo que


pode existir dentro de uma submalha da malha de terra, considerando o
máximo defeito fase-terra, onde ela escoa pelas bordas da malha.

𝜌𝑎 𝐾𝑚 𝐾𝑖 𝐼𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎
𝑉𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 =
𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
Onde:
𝐾𝑖 = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑟𝑟𝑒𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 0,656 + 0,172𝑁

𝐾𝑚 = coeficiente de malha, que condensa a influência da profundidade da


malha, do diâmetro do condutor e do espaçamento entre condutores. O valor é
dado pela expressão:
17

1 𝑒² (𝑒 + 2ℎ)² ℎ 𝐾𝑖𝑖 8
𝐾𝑚 = {ln [ + − ]+ ln ( )}
2𝜋 16ℎ𝑑 8𝑒𝑑 4𝑑 𝐾ℎ 𝜋(2𝑁 − 1)

𝑒 = 𝑒𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜𝑠 𝑎𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑑𝑜 𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎


𝑑 = 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎
1
𝐾𝑖𝑖 = 2 , para malha sem hastes cravadas ou com poucas hastes não
(2𝑁)𝑁
localizadas nos cantos e perímetro da malha;

𝑁 = √𝑁𝑎 𝑁𝑏 = malha quadrada com N condutores paralelos em cada lado


𝐾ℎ = 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = √1 + ℎ
0

ℎ0 = 1 𝑚
Para o cálculo, temos como parâmetros:
𝑒 =6𝑚
ℎ = 1𝑚
𝑑(𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎) = 6,6756 ∗ 10−3 𝑚

𝑁 = √11 ∗ 10 = 10,48
1
𝐾𝑖𝑖 = 2 = 0,559
(2 ∗ 10,48)10,48

1
𝐾ℎ = √1 + = 1,41
1

𝐾𝑖 = 0,656 + 0,172 ∗ 10,48 = 2,45


1 62 (6+2 .1)2 1 0,559 8
𝐾𝑚 = 2𝜋 {ln [16 .1 .6,6756 .10−3 + 8 .6 .6,6756∗10−3 − 4∗6,6756∗10−3 ] + ln (𝜋(2∗10,48−1))}
1,41

1 0,559
𝐾𝑚 = {ln[449,33] + ln(0,127)} = 0,858
2𝜋 1,41
457,1 . 0,858 . 2,45 . 1400
𝑉𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = = 1169,75 𝑉
1150

Limite não verificado 1169,75 < 907,49

2.9. ESTIMATIVA DO MÍNIMO COMPRIMENTO DO CONDUTOR:

Por motivos de segurança é calculado o mínimo comprimento do condutor:


𝑉𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 ≤ 𝑉𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚𝑎𝑥
𝜌𝑎 𝐾𝑚 𝐾𝑖 𝐼𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎
≤ 𝑉𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚𝑎𝑥
𝐿𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜
18

𝜌𝑎 𝐾𝑚 𝐾𝑖 𝐼𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 457,1 . 0,858 . 2,45 . 1400


𝐿𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 ≥ ≥ ≥ 1482,35 m
𝑉𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚𝑎𝑥 907,49

2.10. MODIFICAÇÃO DO PROJETO DE MALHA:

Para que fique dentro do limite de segurança é colocado hastes de 3m


nos cantos e ao longo do perímetro da malha
𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐿𝑐𝑎𝑏𝑜 + 𝐿ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒𝑠 ≥ 𝐿𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜
𝐿ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒𝑠 = 3 ∗ 𝑁ℎ →
(𝐿𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 − 𝐿𝑐𝑎𝑏𝑜 ) (1482,35 − 1150 )
𝑁ℎ ≥ ≥ ≥ 111
3 3
𝑁ℎ = 111 ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒𝑠
𝐿ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒𝑠 = 3 ∗ 111 = 333 𝑚
𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐿𝑐𝑎𝑏𝑜 + 𝐿ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒𝑠 = 1150 + 333 = 1483 𝑚

Calculando o potencial considerando 𝐾𝑖𝑖 = 1

1 62 (6+2 .1)2 1 1 8
𝐾𝑚 = 2𝜋 {ln [16 .1 .6,6756 .10−3 + 8 .6 .6,6756∗10−3 − 4 .6,6756 .10−3] + 1,41 ln (𝜋(2 . )}
10,48−1)

1 1
𝐾𝑚 = {ln[449,33] + ln(0,127)} = 0,739
2𝜋 1,41
𝜌𝑎 𝐾𝑚 𝐾𝑖 𝐼𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 457,1 ∗ 0,739 ∗ 2,45 ∗ 1400
𝑉𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = = = 755,82 𝑉
𝐿𝑐𝑎𝑏𝑜 + 1,15 ∗ 𝐿ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒𝑠 1150 + 1,15 ∗ 333
Nesse caso verificou-se a condição, temos o potencial de toque da malha
calculada:
𝑉𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚á𝑥 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 < 𝑉𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚á𝑥

755,82𝑉 < 907,49 𝑉

2.11. CÁLCULO DO POTENCIAL DE PASSO NA PERIFERIA DA MALHA:


𝜌𝑎 𝐾𝑝 𝐾𝑖 𝐼𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎
𝑉𝑝𝑠𝑀 =
𝐿𝑐𝑎𝑏𝑜 + 1,15𝐿ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒𝑠
Adotando N máximo entre 𝑁𝑎 e 𝑁𝑏 e o espaçamento entre as hastes mínimo:
𝑁𝑚𝑎𝑥 = 11
𝑒 =6𝑚
ℎ = 1𝑚
19

1 1 1 (1 − 0,5𝑁−2 ) 1 1 1 (1 − 0,511−2 )
𝐾𝑝 = [ + + ]= [ + + ] = 0,257
𝜋 2ℎ 𝑒 + ℎ 𝑒 𝜋 2.1 6 + 1 6

𝐾𝑖 = 0,656 + 0,172𝑁𝑚𝑎𝑥 = 0,656 + 0,172 . 11 = 2,54


457,1 . 0,257 . 2,45 . 1400
𝑉𝑝𝑠𝑀 = = 262,85 𝑉
1150 + 1,15 . 333
Nesse caso verificou-se a condição, temos o potencial de passo da malha
calculada:
𝑉𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 𝑚á𝑥 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 ≥ 𝑉𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 𝑚á𝑥

3079,75 > 262,85 V

3. LISTA DE MATERIAIS

Abaixo a tabela dos materiais necessários para a malha de aterramento:

ITEM DESCRIÇÃO UN QUANT PREÇO TOTAL


UNITÁRIO
1 Haste de aterramento UN 115 R$ 148,70 R$ 17.100,50
cobreada 5/8" x 3m
2 Cabo de cobre nu 35𝑚𝑚2 m 1500 R$ 32,30 R$ 48.450,00
3 Brita n°2 𝑚3 30 R$161,90 R$ 4.857,00
4 Conector bronze 120 𝑚𝑚2 UN 115 R$ 42,64 R$ 4.903,60
5 Caixa de inspeção preta PVC UN 115 R$ 14,72 R$ 1.692,80
200x232mm
6 Tela de alambrado fio 16 UN 10 R$678 R$ 6.780,00
malha 70mm - galvanizada 25m
25x1,8m
7 Poste para tela de alambrado UN 150 R$ 55 R$ 8,250,00
2,5m
TOTAL R$ 92.033,90

Para a execução da obra contratou-se uma empreiteira para executar, valor estimado
de execução: R$ 37.450,00.
Valor total da obra R$ 129.483,90.
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4. CONCLUSÃO

Para a adequada realização do dimensionamento de uma malha de


aterramento é necessário seguir os procedimentos descritos nas normas
regulamentadoras. Estas são importantes para nortear os projetos de malhas em
relação a ocorrência de correntes de curto-circuito, visando que os potenciais de toque
e passo, gerado por estas correntes, não ocasionem danos aos seres vivos.

Projetar uma malha de aterramento exige atenção e conhecimento prévio, pois


são diversos os passos para atingir a conclusão do projeto. Cada uma destas etapas
apresenta parâmetros distintos que estão relacionados aos materiais, aos
equipamentos, ou às características do terreno.

O dimensionamento da malha de aterramento teve como fatores


condicionantes garantir que a corrente elétrica em situações de falta e em condições
normais de operação, possa seguir a terra sem exceder a capacidade operacional dos
equipamentos e garantir o fornecimento do serviço. Além disso, deve assegurar que
os profissionais e pessoas na vizinhança não corram risco de vida, em caso de surto
na rede.

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