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7.2. - Roteiro de cálculo: O cálculo visa basicamente, determinar um espaçamento mínimo entre os
condutores, que forneça potenciais de toque, passo, etc., dentro dos valores permissíveis. Esse proces-
so é iterativo e para tanto, é necessário que se admita um valor inicial de espaçamento, visando uma
solução econômica.
7.2.1 - Determinação dos espaçamentos entre condutores: Faz-se inicialmente uma hipótese de
configuração da rede e conhecendo-se as dimensões da malha, adota-se como valor prático, espaça-
mento da ordem de 10% dos comprimentos dos lados, para subestações de dimensões até 60 metros.
Adota-se esse espaçamento, calculam-se o número de condutores
em casa direção da rede.
La
Na 1 onde Na é um número inteiro. 7.3
la
Se existirem sub-malhas, o comprimento dos condutores que a formam deverá ser computado também
na variável Z, assim como as hastes verticais utilizadas.
7.2.4. - Bitola mínima do condutor: Há vários métodos para determinar a seção do condutor de terra,
sendo que uma delas, a mais simples é feita com base nos dados da tabela 7.1, observando o tempo de
duração da falha, o tipo de junção a ser utilizada, o material do condutor, determina-se o valor de G,
conhecendo-se o valor da corrente de curto, determina-se a bitola mínima necessária. O valor adotado
no projeto, dependerá das bitolas padronizadas pela empresa, desde que seja maiores que a bitola mí-
nima necessária. O condutor será dimensionado teoricamente da seguinte forma.
Efetuando um balanço energético em um segmento do condutor, de acordo com a figura 7.3,
temos que quantidade de calor gerado é igual a energia elétrica gerada no condutor pela passagem da
corrente e ainda sabemos que, dQ = mcdT e dW = RI2dt, onde m é a massa do condutor, c calor especí-
fico do material do condutor, dT diferencial da tempe-
ratura, R resistência do condutor, I corrente que circu-
la pelo condutor e dt o diferencial tempo. Sabemos
ainda que m = LS; Fr a relação da resistividade do
condutor a corrente alternada pela resistividade a cor-
rente contínua; CC = 20[1 + (20-T)]; e é a massa
específica, 20 a resistividade elétrica do condutor a
Figura 7.3 - Modelo do condutor 20o em cc, é o coeficiente térmico de resistividade,
S a área da seção transversal do condutor, L o com-
primento do condutor, levando as informações na equação do balanço de energia, temos:
L
LScdT I 2 Fr 20 1 T 20dt 7.5
S
Que rescrevendo a equação 7.5, temos:
S 2 cdT
I 2 dt 7.6
Fr 20 1 T 2
I 2 tFr 20
S 7.7
T
kcLn 1
1
20 Ti
Onde T = Tf - Ti, Tf [e a temperatura final atingida pelo condutor com presença da corrente de falta;
Ti é a temperatura inicial do condutor, k é a constante relativa ao sistema de unidades conforme especi-
ficado na tabela 7.2; o valor de Fr para os condutores de cobre, e freqüência de 60 Hz, adota-se como
sendo igual a 1,05. Também especificamos as variáveis empregadas na equação 7.7 conforme o mate-
rial empregado na tabela 7.3.
No segundo tipo de surto, as correntes oriundas pela descarga atmosféricas, considerando as correntes
diretas. Medições efetuadas indicam a seguinte distribuição aproximada para a intensidade da corrente
de descarga direta dos raios; sendo que 0,1% excedem 200 000 A; 0,2% excedem 100 000 A; 5,0%
excede 60 000 A e 50% excede 15 000 A. O tempo de duração do fluxo da corrente do raio é geral-
mente de dezenas a centenas de Seg. Para efeito comparativo lembramos que meio ciclo da onda em
60 Hz., equivale a 8 333 Seg.. Tipicamente a corrente do raio eleva-se ao seu máximo em dois a dez
Seg., decrescendo a metade dentro de 100 a 200 s. Se aplicarmos os valores característicos de des-
carga de um raio típico na equação 7.7, constatamos que as limitações de dimensionamento da malha
de terra para pára-raios serão unicamente por razões mecânicas, já que a elevação da temperatura é de
apenas 5oC nos casos mais desfavoráveis.
Não existe uma uniformidade de critérios para adoção de bitola mínima de condutores de ater-
ramento por razões mecânicas, mas conhecemos as citações: "A resistência mecânica será determinada
para o dimensionamento da bitola mínima a se adotar. O guia "IEEE std. 80" recomenda a adoção das
bitolas mínimas de 35 mm2 para o cobre com conexões soldadas e a NBR 5419, que trata dos "Siste-
mas de proteção contra as descargas atmosféricas" sugere condutores entre 16 mm2 a 50 mm2.
Nas condições mais críticas, o valor de x pode ser positivo ou negativo conforme a posição a ser anali-
sada, mas será não maior que a metade da distância entre os condutores horizontais, onde concluímos
que (2D + x)2 >> z2, onde podemos simplificar a equação 7.11:
i 1
i 3 i 3 u
2D x
iu 1
i 4 i 4
3D x
...
7.12
...
...
i 1
i k i k u
(k 1)D x
Calculando o máximo
da equação 7.15 em
relação a x. O somató-
rio representa o efeito
dos condutores "não
a1" da malha que tem a
tendência de levar o
ponto de máximo gra-
diente a um ponto mais
Figura 7.4. - Modelo utilizado para calcular o ks próximo da superfície
sobre o condutor a1. De qualquer forma, no caso geral onde D >> z, o efeito desse termo é pequeno e o
máximo gradiente pode ser considerado x = z. desta forma rescrevendo a equação 7.15, temos:
i u 1 1 1 1
E máz ... 7.16
2z D z 2D z n 1D z
Onde podemos considerar que Emáx
é o potencial de passo máximo. Se
2D >> z, e Epasso = KsKiiu. de onde
concluímos:
11 1 1 1 1 7.17
Ks ...
2z D z 2D 3D n 1D
7.2.5.1. - Determinação do coeficiente de malha: A tensão de rede tende a ser maior nos retângulos
perimetrais da malha. A tensão de toque pode ser encontrada pela determinação do potencial x entre x
= 0, e o ponto de toque do pé na superfície do solo, acrescido do valor do potencial y existente entre o
condutor enterrado e o ponto da superfície da terra acima desse condutor. y pode ser determinado cal-
culando as densidades de corrente vetoriais, com o auxílio da figura 7.9. Desde que seja aceito que D
>> z, qualquer ponto situado sobre a linha que une a1 com sua imagem a k ; portanto esses condutores
não terão influência significativa na formação de componentes verticais do potencial sobre os pontos
iu
situados sobre a referida linha. As densidades de correntes no ponto considerado são: i i e cor-
2y
iu i 1 1
rente imagem é i 1 e a corrente total é i i 1 i 1 u e potencial é:
22z y 2 y 2z y
i u z 1 1 i u 4z 2
2 d z 2z y
y dy Ln 7.19
2 4dz d
2
2
i u z
y Ln 7.20
2 d
Agora, é necessário determinar a diferença de potencial entre qualquer ponto localizado a uma distân-
cia x fora da malha e um ponto na superfície localizado verticalmente acima do condutor. Isto pode ser
feito substituindo x2 = x e x1 = 0, na equação 7.14, com a devida integração:
x
i u
z 2 x 2 z 2 D x 2 i u 2D x 3D x n 1D x
Ln Ln x x... 7.21
2
2
z z D
2 2
2 2D 3D n 1D
E toque x y
E toque
i u
Ln
z 2 x 2 z 2 D x 2 i u
Ln
2D x 3D x
x x...x
n 1D x 7.22
2
zD z 2 D 2 2D
3D n 1D
i u
E toque Ln
z 2 x 2 D x 2 i 2D x 3D x
Ln u
x x...x
n 1D x 7.23
2 zD D 2 2D 3D n 1D
Para calcular a tensão de rede é suficiente, na equação 7.23, fazer a substituição x = -D/2, o que con-
duz a:
1 D2 1 3 5 7 2n 3
E m Ln Ln x x x... i u 7.24
2 16 zd 4 6 8 2 n 2
1 D2 1 3 5 7 2n 3
K m Ln Ln x x x... 7.25
2 16zd 4 6 8 2n 2
O uso do centro geométrico não é rigorosamente correto para redes com mais de dois condutores em
paralelo, devido ao efeito dos condutores a3, a4, ... ak,...an e suas respectivas imagens que tendem a des-
locar o ponto de máximo potencial na direção do perímetro da rede. Isto é, para mais perto do condutor
a1. Por isto a equação 7.24 é aproximada dando, para redes de dimensões comuns, erros, para menos da
ordem de 5 a 10%. Para redes com mais de oito condutores em paralelo os erros podem ser maiores.
Km pode ser diretamente determinado também, por meio do gráfico da figura 7.10, que foi tra-
çado para cabo 2 AWG e uma profundidade de 0,60 metros. Caso o cabo e ou a profundidade sejam
diferentes, corrige-se o valor de Km encontrado no gráfico da figura 7.10, por meio da tabela 7.4
A equação para o cálculo da tensão
Tabela 7.4 - Fatores de correção da constante Km. de toque é:
Cabo h 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80
(m)
2 AWG +0,054 +0,029 0,000 -0,025 -0,046 Em = Km..iu. 7.26
1 AWG +0,044 +0,009 -0,021 -0,045 -0,066
1/0 AWG +0,026 -0,010 -0,039 -0,063 -0,085 Ou
2/0 AWG +0,007 -0,028 -0,057 -0,082 -0,103
3/0 AWG -0,012 -0,047 -0,076 -0,101 -0,122 I
Em Km 7.26
4/0 AWG -0,030 -0,065 -0,095 -0,119 -0,140 L
250 MCM -0,043 -0,079 -0,108 -0,133 -0,154
300 MCM -0,057 -0,093 -0,123 -0,147 -0,168
Os tamanhos das malhas que forma o reticulado, bem como a quantidade dessas malhas fazem com
que a tensão Em não seja igual para todas, tendo como principal motivo a maior capacidade de condu-
ção de corrente que tem os condutores periféricos da rede, por sua vez devida à menor resistência mú-
tua que tem cada elemento de condutor periférico em relação aos internos. A equação 7.26 recebe um
coeficiente chamado de "coeficiente de irregularidade Ki" que leva em consideração estas distorções
do potencial Em, resultando:
I
E m K m .K i . 7.27
L
Figura 7.10 - Coeficiente Km para condutor 2 AWG e profundidade 0,60 m. Para outros
valores de cabos e outras profundidades vide a tabela 7.4 para fazer a correção.
7.2.5.2. - O fator de irregularidade: Grande parte das informações disponíveis na literatura especia-
lizada se refere a condições mais ou menos idealizados, tais como a uniformidade da resistividade do
solo, ou a composição simétrica das redes, ou a uniformidade das malhas componentes de rede, ou
mesmo a forma retangular ou quadrada de cada malha.
Mesmo para estas condições idealizadas a corrente por unidade de comprimento pelo qual flui, pode
variar, sendo maiores nos lados que no centro da rede e maiores ainda nas esquinas. Os gradientes de
potencial são, também, afetadas por essas variações.
As instalações reais raramente são feitas nestas condições de uniformidade de resistividade do
solo e formas geométricas idealizadas. Isto não significa que este seja um problema causador da irre-
gularidade e como lidar com eles.
Será então possível aplicar um fator de correção, o qual sem ser exato, será adequado para as
aplicações práticas.
Estudos recentes, realizados em modelos reduzidos, indicam que Ki encontra-se aproximada-
mente no intervalo 1,5 Ki 2,5.
7.2.5.4. - Determinação dos valores máximos permissíveis: A tensão de passo, de toque e de malha
são funções diretas da resistividade e da corrente pelo comprimento dos condutores da rede. Estes re-
sultados são bastantes similares aos formulados por Laurent. A tensão de passo permissível pode ser
calculada com base no circuito equivalente, quando ela foi definida, na seção 3.2.3.h.1, vide figura 3.1
A diferença do potencial paralelizada pelo corpo humano é limitada a um valor máximo entre dois
pontos na terra, separadas pela distância de um passo, a qual é admitida como sendo 1,0 metro. Se Rc =
1000 Ohms, resistência do corpo humano mão a mão ou de mão a pé, Rk o valor da resistência Ôhmica
de contato; e supondo-se pedra britada sob os pés, Rk = 3S (resistividade superficial) e Ik a máxima
corrente admissível pelo corpo humano fornecida pela equação de Dalziel.
0,116
Ik A 7.29
t
Figura 7.11 - Coeficiente Kc sobre o perímetro da rede. Curva para cabo 2AWG.
Para bitolas diferentes, vide tabela 7.5.
t é o
tempo de eliminação da corrente. Quando a duração do curto não for conhecida, adota-se para Ik valo-
res entre 30 mA (valor possível da ocorrência da fibrilação) a 10 mA (valor limite de contração muscu-
lar). Assim teremos:
Figura 7.12. - Coeficiente Kc para a cerca a 1,0 metro do perímetro da rede. Curva
para cabo 2 AWG. Para bitolas diferentes, vide tabela 7.5.
Figura 7.13. - Coeficiente Kc para a cerca a 2,0 metro do perímetro da rede. Curvas para
cabo 2 AWG. Para bitolas diferentes vide tabela 7.5
A diferença de potencial, nesse caso, estando aterrada a estrutura que está sendo objeto do toque, é
aquela que ocorre entre as mãos e a terra, sendo a distância entre o corpo humano e a estrutura igual a
1,0 metro. Dentro das mesmas considerações feitas anteriormente, podemos escrever que:
K m K ia I t
L 7.33
116 0,174 s
Devemos considerar Km e Ki para cada direção e calcular os valores de La e Lb de tal modo que: Lt
La e Lt Lb. Caso esta condição não seja atendida, devemos reiniciar os cálculos do projeto, adotando
outros valores de espaçamento, profundidade ou bitola do cabo, até que se verifique a condição sugeri-
da pela equação 7.33.
7.2.5.6. - Cálculo da tensão de passo na periferia da rede: É a diferença de potencial entre dois
pontos situados na periferia da malha separados por uma distância de 1,0 metro. Esta tensão pode ser
calculada por:
K s K i 1 I
Vper 7.34
Lt
K m K i i I
Vm 7.35
Lt
Devemos considerar Km e Ki para cada direção e devemos observar que Vm Vt Caso esta condição
não seja atendida, devemos reiniciar os cálculos do projeto, adotando outros valores de espaçamento,
profundidade ou bitola do cabo, até que se verifique a condição sugerida pela equação 7.35.
7.2.5.8. - Cálculo da corrente de choque: A corrente que passa pelo corpo humano quando aplicado
a tensão de passo e tensão de toque respectivamente;
Vpasso Vmalha
I ch e I ch 7.36
1000 61 1000 1,51
7.2.5.9. - Cálculo da tensão de toque na cerca: Esse valor pode ser calculado da seguinte maneira:
K c K i 1 I
Vc 7.37
Lt
onde a resistividade a considerar será da camada que entrará em contato com os pés, no ponto conside-
rado. Kc é o coeficiente de cerca, como apresentado na seção 7.2.5.3 e a figura 7.11, figura 7.12 e figu-
ra 7.13, e devemos observar que Vc Vt. Caso a condição não se verifique, é necessário colocação da
cerca fora do perímetro da rede ou usar esteiras de aterramento superficiais ao longo da cerca, com 1.0
metro de largura no mínimo é interligado à cerca.
Quando houver necessidade de calcular a corrente de curto circuito fase-terra e não estiver de-
finida a malha, pode se utilizar a equação R a 0,443 a .
4r A
Tabela 7.6 - Equivalência da série
AWG/MCM para mm2. 7.3. - Cálculo da resistência de aterramento equivalente: O cálcu-
AWG/MC mm2 lo da resistência de aterramento equivalente e a associação dos cabos
M pára-raios, torres, pode ser feita empregado a seguinte expressão:
16 1,31
14 2,08 1
RL n
7.38
12 3,31 1
10 5,26
j1 Z j
8 8,37
6 13,30 onde RL é a resistência de aterramento equivalente em Ohms, n nú-
4 21,20 mero de linhas que chegam a subestação e Zj é a impedância do cabo
2 33,60 pára-raios da jésima linha. O valor dessa impedância pode ser calcu-
1 42,40 lada empregando a equação:
1/0 53,50
2/0 67,40 R E Zp
3/0 85,00 Zj 7.39
N
4.0 107,00
250 127,00 onde RE é a resistência média das estruturas em Ohms e Zp é a impe-
300 152,00 dância do cabo pára-raios e N número de estruturas das linhas de
350 177,00 transmissão com a distância até cinco Km da subestação. E finalmen-
400 203,00 te calcule a resistência de aterramento da malha e com a devida asso-
500 253,00 ciação com os aterramentos dos cabos pára-raios, torres e contrapesos
600 304,00 das linhas.
700 354,00
750 380,00 7.4. - Exemplo de dimensionamento: Subestação Fictícia, com ten-
800 405,00 são de entrada 33 kvolts e tensão secundária 13,8 kvolts, com potên-
1000 506,00 cia instalada de 15 MVA. O perfil do solo estratificado: resistividade
1250 633,00 da primeira camada vale 578 Ohms.m e profundidade de 12 metros, a
1500 760,00 resistividade da segunda camada 81 ohms.m. Área da malha 30 por
2000 1013,00 45 metros. Corrente de curto circuito fase-terra 1240 A para a alta e
1100 para a baixa. Número de linhas com cabo guarda chegando à subestação: uma. Acabamento do
piso da SE brita com resistividade superficial igual 3.000 ohms.m. e tempo de atuação dos dispositivos
de proteção 0,6 seg.