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Capítulo 7

Dimensionamento de malha de terra para subestação


7.1. – Dados necessários: Os dados necessários para elaboração do projeto da malha de terra para
subestações são: Resistividade aparente do solo; Resistividade da primeira camada do solo 1 obtida
através do processo de estratificação do solo; Resistividade superficial s, que é definida pelo material
de acabamento da área ocupada pela malha. Se o acabamento for pedra britada  s = 3000 ohms.m;
concreto  s = 5000 ohms.m; e asfalto  s = 10000 ohms.m.; Máxima corrente de curto circuito,
fase terra I(A), obtida a partir do cálculo de curto circuito. Deve ser adotado o valor mais crítico desta
corrente, quer seja na baixa quer seja na alta tensão. Deve-se considerar ainda, um fator de segurança
que previna o crescimento dessa corrente de curto, devido ao aumento da geração e a interligação de
sistemas nos casos de cabos guardas das linhas e de contrapesos das torres, quando interligados com a
malha, deverão ser consideradas as reduções que esses elementos proporcionam à corrente de curto
circuito que circulará pela malha; o tempo de duração do curto é dado normalmente pela curva tempo
versus corrente dos relés, mais o tempo do disjuntor. Determinado este valor, obtém-se na tabela 7.1,
que será usado para cálculo da bitola do condutor da malha; Resistência dos cabos pára raios e resis-
tência das torres considerando o contrapeso: deve-se conhecer separadamente a resistência das torres e
dos cabos de pára raios, num raio de mais ou menos 2 km. em torno da subestação.
Tabela 7.1 - Valores para cálculo de malha de aterramento.
Duração Seção mínima (fator G(mm2/kA)) Tensões admissíveis
Ciclos Cobre - IEEE-80 VDE* Passo Toque D** Tensão
Seg. 60 Hz. JS+ JP++ Weld Al Aço Volts Volts Volts Volts
0,008 0,5 0,72 0,86 0,62 1,36 2,17 24215 6852 1,65 4153
0,100 6,0 1,84 2,21 1,59 3,46 5,51 7000 1980 1,25 1584
0.133 8,0 2,04 2,43 1,75 3,82 6,08 6070 1714 1,20 1428
0,500 30,0 3,29 4,31 3,04 6,73 10,71 3134 885 1,00 885
1,000 60,0 5,07 6,08 4,31 9,52 15,15 2216 626 1,00 626
1,500 90,0 6,21 7,45 5,34 11,66 18,56 1809 511 1,00 511
2,000 120,0 7,17 8,60 6,16 13,47 21,43 1567 443 1,00 443
4,000 240,0 10,13 12,16 8,61 19,05 30,30 1108 313 1,00 313
10,000 600,0 16,02 19,23 13,78 30,12 47,91 700 197 1,00 197
30,000 1800,0 25,34 32,94 23,81 52,16 82,99 405 114 1,00 114
*Válidas somente para juntas aparafusadas; ** Fator de decremento;
+ - Juntas soldáveis; ++ Juntas aparafusadas, Valores tensões s = 3000 ohms.m.
Quando isso não for possível adota-se um valor entre 3 a 10 ohms, adotando-se um valor menor, quan-
do a concentração de torres em torno da subestação for grande; A área da malha; é área total a ser ocu-
pada pela malha. Quando essa
área for irregular, procede-se a
divisão em sub-áreas e determi-
na-se uma área equivalente co-
mo mostra a figura 7.1; corrente
mínima de acionamento do relé
de terra I(pick-up) dos relés de
terra: correntes não suficiente-
mente intensa para atuarem os
relés de terra podem fluir por
Figura 7.1. - Métodos de regularizar áreas de malhas. longos períodos para a terra.
Essas correntes não devem oferecer perigo às pessoas que se encontram na subestação e para isso é
necessário que:
R  1,5 s .9.L t
I ( pick  up )  C 7.1
R C .KmKi1
onde RC é a resistência do corpo humano, em ohms, adota-se para efeito de cálculo um valor igual
1000 ohms, considerando a situação do corpo humano submetido a potencial: Lt comprimento total dos
condutores da malha em metros; Km e Ki constantes que serão definidas oportunamente; 1 resistivida-
de da primeira camada do solo e s a resistividade superficial.

7.2. - Roteiro de cálculo: O cálculo visa basicamente, determinar um espaçamento mínimo entre os
condutores, que forneça potenciais de toque, passo, etc., dentro dos valores permissíveis. Esse proces-
so é iterativo e para tanto, é necessário que se admita um valor inicial de espaçamento, visando uma
solução econômica.

7.2.1 - Determinação dos espaçamentos entre condutores: Faz-se inicialmente uma hipótese de
configuração da rede e conhecendo-se as dimensões da malha, adota-se como valor prático, espaça-
mento da ordem de 10% dos comprimentos dos lados, para subestações de dimensões até 60 metros.
Adota-se esse espaçamento, calculam-se o número de condutores
em casa direção da rede.

7.2.2. - Determinação do número de condutores: Denomina-


remos cabos condutores principais, aqueles que são colocados na
direção correspondente à largura da malha e cabos condutores de
junção, aqueles que são colocados na direção correspondente ao
comprimento da rede. Seja a configuração da malha da figura
7.2. Assim de acordo com a figura 7.2, o número de condutores
principais perpendiculares a Lb e paralelos a La, será dado por: Figura 7.2. Área regular da malha
Lb
Nb  1 onde Nb é um número inteiro. 7.2
lb
e o número de condutores de junção perpendiculares a La e paralelos a Lb, será dado por:

La
Na  1 onde Na é um número inteiro. 7.3
la

7.2.3. - Cálculo do comprimento dos condutores: O comprimento total dos condutores é:

Lt = Lrede = LbNa + LaNb + Z 7.4

Se existirem sub-malhas, o comprimento dos condutores que a formam deverá ser computado também
na variável Z, assim como as hastes verticais utilizadas.

7.2.4. - Bitola mínima do condutor: Há vários métodos para determinar a seção do condutor de terra,
sendo que uma delas, a mais simples é feita com base nos dados da tabela 7.1, observando o tempo de
duração da falha, o tipo de junção a ser utilizada, o material do condutor, determina-se o valor de G,
conhecendo-se o valor da corrente de curto, determina-se a bitola mínima necessária. O valor adotado
no projeto, dependerá das bitolas padronizadas pela empresa, desde que seja maiores que a bitola mí-
nima necessária. O condutor será dimensionado teoricamente da seguinte forma.
Efetuando um balanço energético em um segmento do condutor, de acordo com a figura 7.3,
temos que quantidade de calor gerado é igual a energia elétrica gerada no condutor pela passagem da
corrente e ainda sabemos que, dQ = mcdT e dW = RI2dt, onde m é a massa do condutor, c calor especí-
fico do material do condutor, dT diferencial da tempe-
ratura, R resistência do condutor, I corrente que circu-
la pelo condutor e dt o diferencial tempo. Sabemos
ainda que m = LS; Fr a relação da resistividade do
condutor a corrente alternada pela resistividade a cor-
rente contínua; CC = 20[1 + (20-T)]; e  é a massa
específica, 20 a resistividade elétrica do condutor a
Figura 7.3 - Modelo do condutor 20o em cc,  é o coeficiente térmico de resistividade,
S a área da seção transversal do condutor, L o com-
primento do condutor, levando as informações na equação do balanço de energia, temos:

L
LScdT  I 2 Fr  20 1  T  20dt 7.5
S
Que rescrevendo a equação 7.5, temos:

S 2 cdT
 I 2 dt 7.6
Fr  20 1  T  2 

Que após a integração a equação 7.6 pode ser escrita como:

I 2 tFr  20 
S 7.7
 
 T 
kcLn 1  
 1
 20  Ti 
  

Onde T = Tf - Ti, Tf [e a temperatura final atingida pelo condutor com presença da corrente de falta;
Ti é a temperatura inicial do condutor, k é a constante relativa ao sistema de unidades conforme especi-
ficado na tabela 7.2; o valor de Fr para os condutores de cobre, e freqüência de 60 Hz, adota-se como
sendo igual a 1,05. Também especificamos as variáveis empregadas na equação 7.7 conforme o mate-
rial empregado na tabela 7.3.

Tabela 7.2 - Unidades da variáveis empregada na equação 7.7


Grandeza Sistema SI Imperial
I A A
 g/cm3 Lb/pol3
S mm2 pol2
o o
T C F
2
20 ohms.mm /m ohms.circmil/pé
 (o C)-1 (o F)-1
T seg. seg.
K 4,1868 16,12x109
o
C Cal/g C Btu/lbo F
Devemos observar, entretanto que o "IEEE Std. 80 - Guide for safety in substation grouding"
de um lado estabelece critérios vagos para bitola mínima a ser adotada por razões mecânicas, e por
outro lado estabelece um valor de duração do curto circuito.
Para análise do comportamento dos condutores para aterramento submetido a surtos de corrente
vamos considerar dois casos; o primeiro causado por surtos por curto circuito e o segundo em surtos
provenientes por descargas atmosféricas.
Com relação ao primeiro, um fator essencial para o dimensionamento dos cabos de aterramento
é a duração da falha, como indica a tabela 7.1. Levando-se em consideração que os tempos de respos-
tas da proteção dinâmica dos atuais disjuntores estão na faixa de 0,05 a 0,1 seg., e que os tempos de
resposta da proteção estática são de no máximo 0,5 Seg., consideramos uma prática a adoção de um
tempo na faixa de 0,5 a 1,0 s, o que representa também uma tendência empregada pelos projetistas de
sistema de proteção. Outro fator de importância no dimensionamento de uma malha é a máxima tem-
peratura admissível para os condutores, como indicamos na tabela 7.3.

Tabela 7.3. - Constantes dos materiais empregados como condutores


Condutor C(cal/goC) (g/cm3) (oC)-1 (mm2/m) T+(oC) Obs.
Aço 0.114 7,80 0,0038 0,201000 419 Zinco**
Cobre 0,092 8,90 0,0038 0,017241 450 *
Weld 0,110 8,15 0,0038 0,043960 850 *
+ - Temperatura máxima no condutor; * - Perda de rigidez mecânica;
** - Temperatura de fusão do zinco.

No segundo tipo de surto, as correntes oriundas pela descarga atmosféricas, considerando as correntes
diretas. Medições efetuadas indicam a seguinte distribuição aproximada para a intensidade da corrente
de descarga direta dos raios; sendo que 0,1% excedem 200 000 A; 0,2% excedem 100 000 A; 5,0%
excede 60 000 A e 50% excede 15 000 A. O tempo de duração do fluxo da corrente do raio é geral-
mente de dezenas a centenas de Seg. Para efeito comparativo lembramos que meio ciclo da onda em
60 Hz., equivale a 8 333 Seg.. Tipicamente a corrente do raio eleva-se ao seu máximo em dois a dez
Seg., decrescendo a metade dentro de 100 a 200 s. Se aplicarmos os valores característicos de des-
carga de um raio típico na equação 7.7, constatamos que as limitações de dimensionamento da malha
de terra para pára-raios serão unicamente por razões mecânicas, já que a elevação da temperatura é de
apenas 5oC nos casos mais desfavoráveis.
Não existe uma uniformidade de critérios para adoção de bitola mínima de condutores de ater-
ramento por razões mecânicas, mas conhecemos as citações: "A resistência mecânica será determinada
para o dimensionamento da bitola mínima a se adotar. O guia "IEEE std. 80" recomenda a adoção das
bitolas mínimas de 35 mm2 para o cobre com conexões soldadas e a NBR 5419, que trata dos "Siste-
mas de proteção contra as descargas atmosféricas" sugere condutores entre 16 mm2 a 50 mm2.

7.2.5. - Determinação das constantes de malha, passo, cerca e irregularidade: O coeficiente Ks


introduz no cálculo da diferença de potencial entre dois pontos quaisquer da superfície do solo, o efeito
do número de condutores, do espaçamento entre os condutores e da profundidade da malha. A densi-
I
dade de corrente originada pelo escoamento de uma corrente I em um condutor retilíneo é i  ,
2rl
I
fazendo i u  a densidade linear de corrente, Considerando-se uma rede de condutores paralelos en-
l
terrados horizontalmente no solo a uma profundidade z, e em um ponto "P" situado a uma distância x
da rede, como indica a figura 7.4. A densidade de corrente produzida pelo késimo condutor será:
i i
i k  u (cos  k  j sen  k )  u 2 x k  jz  7.8
2rk 2rk
A densidade devida aos condutores imagens é:
iu
i k  k  1D  x  jz
2rk2
7.9
i
i k  u 2 k  1D  x  jz 
2rk
Calculando a corrente total e fazendo r = f(x,D,z), temos:
i k  i k  u
i k  1D  x 7.10
 k  1D  x 2  z 2
Que, calculando para todos os condutores da malha, teremos:
i x 
i 1  i 1  u 
 x   z
2 2

iu Dx 
i 2  i 2  
 D  x   z
2 2

i 3  i 3  u
i 2D  x 

 2 D  x 2  z 2 

...  7.11
... 

... 

ik  ik  
iu k  1D  x 
 k  1d  x 2  z 2 



Nas condições mais críticas, o valor de x pode ser positivo ou negativo conforme a posição a ser anali-
sada, mas será não maior que a metade da distância entre os condutores horizontais, onde concluímos
que (2D + x)2 >> z2, onde podemos simplificar a equação 7.11:
i 1 
i 3  i 3  u 
 2D  x

iu 1 
i 4  i 4  
 3D  x
... 
 7.12
... 

... 
i 1 
i k  i k  u 
 (k  1)D  x 

Que por superposição a densidade total no ponto "P" é:


i  x Dx 1 1 
i u  2    ...   7.13
  x  z 2 D  x 2  z 2 2D  x (n  1)D  x 

A intensidade do campo elétrico, é numericamente igual ao gradiente do potencial:


i  x Dx 1 1 
E  i  u  2    ...   7.14
  x  z 2 D  x  2  z 2 2 D  x (n  1)D  x 
E em muitos casos o termo (D + x)2 >> z2, o que resulta:
i  x 1 1 1 
E u  2    ...  7.15
 x  z 2
D  x  2D  x (n  1)D  x 

Calculando o máximo
da equação 7.15 em
relação a x. O somató-
rio representa o efeito
dos condutores "não
a1" da malha que tem a
tendência de levar o
ponto de máximo gra-
diente a um ponto mais
Figura 7.4. - Modelo utilizado para calcular o ks próximo da superfície
sobre o condutor a1. De qualquer forma, no caso geral onde D >> z, o efeito desse termo é pequeno e o
máximo gradiente pode ser considerado x = z. desta forma rescrevendo a equação 7.15, temos:

i u  1 1 1 1 
E máz      ... 7.16
  2z D  z 2D  z n  1D  z 
Onde podemos considerar que Emáx
é o potencial de passo máximo. Se
2D >> z, e Epasso = KsKiiu. de onde
concluímos:

11 1 1 1 1  7.17
Ks      ... 
  2z D  z 2D 3D n  1D 

Onde n é o número de condutores.


Ki é um coeficiente de irregularida-
de da rede, onde trataremos sobre
este coeficiente oportunamente.

Epasso = Ks.Ki..iu. 7.18

O valor do Ks pode ser determinado


de uma forma mais simples, com o
uso da figura 7.5, figura 7.6, figura
7.7, figura 7.8.

Figura 7.5. Coeficiente Ks para profundidade de 0,4 m.


Figura 7.6. - Coeficiente Ks para profundidade de 0,6 m.
Figura 7.7. - Coeficiente Ks - para profundidade igual 0,8 m.
Figura 7.9 - Cálculo de Km

FIGURA 7.8 – COEFICIENTE Ks PARA PROFUNDIDADE 1,0 m

7.2.5.1. - Determinação do coeficiente de malha: A tensão de rede tende a ser maior nos retângulos
perimetrais da malha. A tensão de toque pode ser encontrada pela determinação do potencial x entre x
= 0, e o ponto de toque do pé na superfície do solo, acrescido do valor do potencial y existente entre o
condutor enterrado e o ponto da superfície da terra acima desse condutor. y pode ser determinado cal-
culando as densidades de corrente vetoriais, com o auxílio da figura 7.9. Desde que seja aceito que D
>> z, qualquer ponto situado sobre a linha que une a1 com sua imagem a k ; portanto esses condutores
não terão influência significativa na formação de componentes verticais do potencial sobre os pontos
iu
situados sobre a referida linha. As densidades de correntes no ponto considerado são: i i  e cor-
2y
iu i 1 1 
rente imagem é i 1  e a corrente total é i  i 1  i 1  u   e potencial é:
22z  y  2  y 2z  y 

i u z  1 1  i u  4z 2 
2 d  z 2z  y 
y   dy  Ln   7.19
2  4dz  d
2

2

Se 4dz >> d2, podemos fazer a aproximação:

i u z
y  Ln   7.20
2 d

Agora, é necessário determinar a diferença de potencial entre qualquer ponto localizado a uma distân-
cia x fora da malha e um ponto na superfície localizado verticalmente acima do condutor. Isto pode ser
feito substituindo x2 = x e x1 = 0, na equação 7.14, com a devida integração:

x 
i u  
 z 2  x 2 z 2  D  x  2   i u  2D  x 3D  x n  1D  x 
Ln   Ln  x x... 7.21
2 
2

z z D
2 2
  2  2D 3D n  1D 

O potencial de toque no ponto sobre a superfície localizado à distância x do último condutor é,


simplesmente, a soma da equação 7.21 e da componente da equação 7.20.

E toque   x   y

E toque 
i u
Ln 
 
 z 2  x 2 z 2  D  x 2  i u
 Ln

 2D  x 3D  x
x x...x
n  1D  x  7.22

2  
zD z 2  D 2     2D
 3D n  1D 

Fazendo D >> z, a equação 7.22,

i u
E toque  Ln 

 z 2  x 2 D  x 2    i  2D  x 3D  x
Ln u
x x...x
n  1D  x  7.23
2  zD D 2      2D 3D n  1D 
Para calcular a tensão de rede é suficiente, na equação 7.23, fazer a substituição x = -D/2, o que con-
duz a:

1  D2  1  3 5 7 2n  3  
E m   Ln    Ln  x x x... i u 7.24
 2   16 zd    4 6 8 2 n  2 

Onde podemos definir como Km:

1  D2  1  3 5 7 2n  3  
K m   Ln    Ln  x x x...  7.25
 2  16zd    4 6 8 2n  2  

O uso do centro geométrico não é rigorosamente correto para redes com mais de dois condutores em
paralelo, devido ao efeito dos condutores a3, a4, ... ak,...an e suas respectivas imagens que tendem a des-
locar o ponto de máximo potencial na direção do perímetro da rede. Isto é, para mais perto do condutor
a1. Por isto a equação 7.24 é aproximada dando, para redes de dimensões comuns, erros, para menos da
ordem de 5 a 10%. Para redes com mais de oito condutores em paralelo os erros podem ser maiores.
Km pode ser diretamente determinado também, por meio do gráfico da figura 7.10, que foi tra-
çado para cabo 2 AWG e uma profundidade de 0,60 metros. Caso o cabo e ou a profundidade sejam
diferentes, corrige-se o valor de Km encontrado no gráfico da figura 7.10, por meio da tabela 7.4
A equação para o cálculo da tensão
Tabela 7.4 - Fatores de correção da constante Km. de toque é:
Cabo h 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80
(m)
2 AWG +0,054 +0,029 0,000 -0,025 -0,046 Em = Km..iu. 7.26
1 AWG +0,044 +0,009 -0,021 -0,045 -0,066
1/0 AWG +0,026 -0,010 -0,039 -0,063 -0,085 Ou
2/0 AWG +0,007 -0,028 -0,057 -0,082 -0,103
3/0 AWG -0,012 -0,047 -0,076 -0,101 -0,122 I
Em  Km 7.26
4/0 AWG -0,030 -0,065 -0,095 -0,119 -0,140 L
250 MCM -0,043 -0,079 -0,108 -0,133 -0,154
300 MCM -0,057 -0,093 -0,123 -0,147 -0,168

Os tamanhos das malhas que forma o reticulado, bem como a quantidade dessas malhas fazem com
que a tensão Em não seja igual para todas, tendo como principal motivo a maior capacidade de condu-
ção de corrente que tem os condutores periféricos da rede, por sua vez devida à menor resistência mú-
tua que tem cada elemento de condutor periférico em relação aos internos. A equação 7.26 recebe um
coeficiente chamado de "coeficiente de irregularidade Ki" que leva em consideração estas distorções
do potencial Em, resultando:

I
E m  K m .K i . 7.27
L
Figura 7.10 - Coeficiente Km para condutor 2 AWG e profundidade 0,60 m. Para outros
valores de cabos e outras profundidades vide a tabela 7.4 para fazer a correção.

7.2.5.2. - O fator de irregularidade: Grande parte das informações disponíveis na literatura especia-
lizada se refere a condições mais ou menos idealizados, tais como a uniformidade da resistividade do
solo, ou a composição simétrica das redes, ou a uniformidade das malhas componentes de rede, ou
mesmo a forma retangular ou quadrada de cada malha.

Mesmo para estas condições idealizadas a corrente por unidade de comprimento pelo qual flui, pode
variar, sendo maiores nos lados que no centro da rede e maiores ainda nas esquinas. Os gradientes de
potencial são, também, afetadas por essas variações.
As instalações reais raramente são feitas nestas condições de uniformidade de resistividade do
solo e formas geométricas idealizadas. Isto não significa que este seja um problema causador da irre-
gularidade e como lidar com eles.
Será então possível aplicar um fator de correção, o qual sem ser exato, será adequado para as
aplicações práticas.
Estudos recentes, realizados em modelos reduzidos, indicam que Ki encontra-se aproximada-
mente no intervalo 1,5  Ki  2,5.

7.2.5.3. - Determinação do coeficiente de cerca: O coeficiente de cerca Kc, introduz no cálculo, o


efeito produzido pelo diâmetro do condutor, pela profundidade da malha, pelo espaçamento entre os
condutores e a distância entre a periferia da malha e qualquer ponto fora dela. A expressão do valor do
coeficiente de cerca pode ser feita com base na equação 7.22. Como Kc é um coeficiente muito traba-
lhoso para ser calculado, ele pode ser obtido por meio dos gráficos da figura 7.11, para a cerca sobre o
perímetro da rede; figura 7.12; para a cerca a 1,0 metro do perímetro da rede e a figura 7.13; para a
cerca a 2,0 m do perímetro da rede. Os gráficos são feitos para cabo 2 AWG, caso necessite utilizar
outras bitolas consulte a tabela 7.5 para fazer a correção.

Tabela 7.5. Tabela para correção do coeficiente Kc.


X(m) H(m) 2 1 1/0 2/0 3/0 4/0 250 300
AWG AWG AWG AWG AWG AWG MCM MCM
0,40 +0,039 +0.019 +0,001 -0,018 -0,036 -0,054 -0,067 -0,081
0,50 +0,017 -0,003 -0,021 -0,040 -0,058 -0,077 -0,090 -0,105
0 0,60 0,000 -0,020 -0,038 -0,056 -0,075 -0,092 -0,106 -0,120
0,70 -0,008 -0,028 -0,047 -0,065 -0,082 -0,102 -0,115 -0,130
0,80 -0,014 -0,034 -0,053 -0,072 -0,090 -0,108 -0,122 -0,137
0,40 +0,057 +0,038 +0,030 0,000 -0,017 -0,036 -0,049 -0,063
0,50 +0,027 +0,007 -0,011 -0,030 -0,049 -0,067 -0,081 -0,095
1,0 0,60 0,000 -0,019 -0,037 -0,056 -0,074 -0,091 -0,109 -0,124
0,70 -0,017 -0,038 -0,056 -0,075 -0,093 -0,112 -0,125 -0,139
0,80 -0,033 -0,053 -0,073 -0,091 -0,110 -0,128 -0,142 -0,0156
0,40 +0,061 +0,040 +0,023 +0,004 -0,014 -0,032 -0,045 -0,059
0,50 +0,029 +0,008 -0,010 -0,020 -0,047 -0,066 -0,079 -0,094
2,0 0,60 0,000 -0,020 -0,038 -0,056 -0,075 -0,092 -0,106 -0,121
0,70 -0,021 -0,041 -0,060 -0,078 -0,097 -0,115 -0,128 -0,148
0,80 -0,039 -0,059 -0,079 -0,097 -0,116 -0,133 -0,148 -0,162

7.2.5.4. - Determinação dos valores máximos permissíveis: A tensão de passo, de toque e de malha
são funções diretas da resistividade e da corrente pelo comprimento dos condutores da rede. Estes re-
sultados são bastantes similares aos formulados por Laurent. A tensão de passo permissível pode ser
calculada com base no circuito equivalente, quando ela foi definida, na seção 3.2.3.h.1, vide figura 3.1

Vp = (RC + 2Rk)Ik 7.28

A diferença do potencial paralelizada pelo corpo humano é limitada a um valor máximo entre dois
pontos na terra, separadas pela distância de um passo, a qual é admitida como sendo 1,0 metro. Se Rc =
1000 Ohms, resistência do corpo humano mão a mão ou de mão a pé, Rk o valor da resistência Ôhmica
de contato; e supondo-se pedra britada sob os pés, Rk = 3S (resistividade superficial) e Ik a máxima
corrente admissível pelo corpo humano fornecida pela equação de Dalziel.
0,116
Ik  A 7.29
t
Figura 7.11 - Coeficiente Kc sobre o perímetro da rede. Curva para cabo 2AWG.
Para bitolas diferentes, vide tabela 7.5.
t é o
tempo de eliminação da corrente. Quando a duração do curto não for conhecida, adota-se para Ik valo-
res entre 30 mA (valor possível da ocorrência da fibrilação) a 10 mA (valor limite de contração muscu-
lar). Assim teremos:
Figura 7.12. - Coeficiente Kc para a cerca a 1,0 metro do perímetro da rede. Curva
para cabo 2 AWG. Para bitolas diferentes, vide tabela 7.5.
Figura 7.13. - Coeficiente Kc para a cerca a 2,0 metro do perímetro da rede. Curvas para
cabo 2 AWG. Para bitolas diferentes vide tabela 7.5

0,116 116  0,7 s


VP  (1000  2.3 s )  volts 7.30
t t
A tensão de toque pode ser calculada conforme o circuito elétrico apresentado na sua definição apre-
senta na seção 3.2.3.h.2, vide a figura 3.2, como:
 R 
Vt   R C  k I k 7.31
 2 

A diferença de potencial, nesse caso, estando aterrada a estrutura que está sendo objeto do toque, é
aquela que ocorre entre as mãos e a terra, sendo a distância entre o corpo humano e a estrutura igual a
1,0 metro. Dentro das mesmas considerações feitas anteriormente, podemos escrever que:

 3  0,116 116  0,174 s


Vt  1000  s   7.32
 2  t t

7.2.5.5. - Cálculo do comprimento mínimo de condutores necessários: O cálculo do comprimento


mínimo de condutores para garantir as tensões de toque dentro do limite de segurança aceitável forne-
cida pela equação:

K m K ia I t
L 7.33
116  0,174 s

Devemos considerar Km e Ki para cada direção e calcular os valores de La e Lb de tal modo que: Lt 
La e Lt  Lb. Caso esta condição não seja atendida, devemos reiniciar os cálculos do projeto, adotando
outros valores de espaçamento, profundidade ou bitola do cabo, até que se verifique a condição sugeri-
da pela equação 7.33.

7.2.5.6. - Cálculo da tensão de passo na periferia da rede: É a diferença de potencial entre dois
pontos situados na periferia da malha separados por uma distância de 1,0 metro. Esta tensão pode ser
calculada por:

K s K i 1 I
Vper  7.34
Lt

Devemos considerar Ks e Ki para cada direção de modo que devemos observar:


Vper  Vp. Caso esta condição não seja atendida, devemos reiniciar os cálculos do projeto, adotando
outros valores de espaçamento, profundidade ou bitola do cabo, até que se verifique a condição sugeri-
da pela equação 7.34.

7.2.5.7. - Cálculo da tensão de malha: A tensão de malha, conforme referimos anteriormente, é um


caso especial de tensão de toque e é, a tensão a que estará submetida a uma pessoa que, estando dentro
da rede, toque com as mãos, em uma estrutura aterrada a uma distância de 1,0 metro, calculada pela
equação:

K m K i i I
Vm  7.35
Lt

Devemos considerar Km e Ki para cada direção e devemos observar que Vm  Vt Caso esta condição
não seja atendida, devemos reiniciar os cálculos do projeto, adotando outros valores de espaçamento,
profundidade ou bitola do cabo, até que se verifique a condição sugerida pela equação 7.35.

7.2.5.8. - Cálculo da corrente de choque: A corrente que passa pelo corpo humano quando aplicado
a tensão de passo e tensão de toque respectivamente;
Vpasso Vmalha
I ch  e I ch  7.36
1000  61 1000  1,51

e a condição deve ser satisfeita Ich  Ik.

7.2.5.9. - Cálculo da tensão de toque na cerca: Esse valor pode ser calculado da seguinte maneira:

K c K i 1 I
Vc  7.37
Lt

onde a resistividade a considerar será da camada que entrará em contato com os pés, no ponto conside-
rado. Kc é o coeficiente de cerca, como apresentado na seção 7.2.5.3 e a figura 7.11, figura 7.12 e figu-
ra 7.13, e devemos observar que Vc  Vt. Caso a condição não se verifique, é necessário colocação da
cerca fora do perímetro da rede ou usar esteiras de aterramento superficiais ao longo da cerca, com 1.0
metro de largura no mínimo é interligado à cerca.
Quando houver necessidade de calcular a corrente de curto circuito fase-terra e não estiver de-
 
finida a malha, pode se utilizar a equação R  a  0,443 a .
4r A
Tabela 7.6 - Equivalência da série
AWG/MCM para mm2. 7.3. - Cálculo da resistência de aterramento equivalente: O cálcu-
AWG/MC mm2 lo da resistência de aterramento equivalente e a associação dos cabos
M pára-raios, torres, pode ser feita empregado a seguinte expressão:
16 1,31
14 2,08 1
RL  n
7.38
12 3,31 1
10 5,26

j1 Z j
8 8,37
6 13,30 onde RL é a resistência de aterramento equivalente em Ohms, n nú-
4 21,20 mero de linhas que chegam a subestação e Zj é a impedância do cabo
2 33,60 pára-raios da jésima linha. O valor dessa impedância pode ser calcu-
1 42,40 lada empregando a equação:
1/0 53,50
2/0 67,40 R E Zp
3/0 85,00 Zj  7.39
N
4.0 107,00
250 127,00 onde RE é a resistência média das estruturas em Ohms e Zp é a impe-
300 152,00 dância do cabo pára-raios e N número de estruturas das linhas de
350 177,00 transmissão com a distância até cinco Km da subestação. E finalmen-
400 203,00 te calcule a resistência de aterramento da malha e com a devida asso-
500 253,00 ciação com os aterramentos dos cabos pára-raios, torres e contrapesos
600 304,00 das linhas.
700 354,00
750 380,00 7.4. - Exemplo de dimensionamento: Subestação Fictícia, com ten-
800 405,00 são de entrada 33 kvolts e tensão secundária 13,8 kvolts, com potên-
1000 506,00 cia instalada de 15 MVA. O perfil do solo estratificado: resistividade
1250 633,00 da primeira camada vale 578 Ohms.m e profundidade de 12 metros, a
1500 760,00 resistividade da segunda camada 81 ohms.m. Área da malha 30 por
2000 1013,00 45 metros. Corrente de curto circuito fase-terra 1240 A para a alta e
1100 para a baixa. Número de linhas com cabo guarda chegando à subestação: uma. Acabamento do
piso da SE brita com resistividade superficial igual 3.000 ohms.m. e tempo de atuação dos dispositivos
de proteção 0,6 seg.

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