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PROPOSTA DE TOMBAMENTO

Complexo Ferroviário de Capitão de Campos


diretrizes e apontamentos
ESTUDO REALIZADO POR:

CAMILA FERREIRA
ARQUITETURA & URBANISMO
CAU: nºA164033-0
(86) 999843495
O município de Capitão de
1. LOCALIZAÇÃO: Campos está localizado no
Norte do Estado do Piauí. A
1 Estado do Piauí;
principal via de acesso para o
2 Município de Teresina; N município hoje é a BR 343, en-
3 Município de Capitão de Campos.
tretanto durante as décadas de
50 e 60, a cidade experimentou
3 o auge do transporte ferroviário.
N Por geograficamente ser o
1 meio do caminho entre Teresina
e Parnaíba, Capitão de Campos
2
é um ponto estratégico para in-
ARQUITETA E URBANISTA
terposto comercial e turístico.
O Complexo Ferroviário de
Capitão de Campos conta com
um acervo arquitetônico único e
diferente das estações dispostas
no estado do Piauí, o município
tem uma composição de 6 im-
FIGURA 01. MAPA DO BRASIL. FONTE : IBGE, 2014.
óveis, dispostos na margem da
antiga linha de ferro. Atual-
mente todos encontram-se em
FIGURA 02. MAPA DO PIAUÍ. FONTE : IBGE, 2014. estado de degradação.
Devido à presença da BR 343
1. LOCALIZAÇÃO: na malha urbana de Capitão de
1 BR - 343; Campos, a cidade acabou se
desenvolvendo às margens da
2 Riacho Sambito;
BR, o que propiciou o abando
N
3 Linha Férrea desativada. do Complexo Ferroviário, que
ficava justamente na face
3 oposta à rodovia federal.
Com a desativação da antiga
estrada de ferro, as casas do
Complexo Ferroviário foram
1 ocupadas irregularmente para
uso residencial, menos o prédio
da Estação, que está em
2
desuso.
A importância da Estação foi
notória para o município, tanto
que dá nome à um dos bairros
da Cidade. O bairro Estação
tem como marco o antigo Com-
plexo Ferroviário e está em con-
FIGURA 03. MAPA DE CAPITÃO DE CAMPOS. FONTE :GOOGLE MAPS, 2014. stante crescimento.
Redesenho: Camila Ferreira
1. LOCALIZAÇÃO:
N

3
2

FIGURA 04. MAPA DE CAPITÃO DE CAMPOS. FONTE :GOOGLE MAPS, 2014.


Redesenho: Camila Ferreira As edificações encontram-se atualmente em uma área
afastada do centro da cidade, sendo, portanto, um fator
que permitiu que as construções fossem esquecidas. É in-
1 Linha Férrea desativada;
teressante observar que utilizando de um planejamento
2 Casas do Complexo Ferroviário; adequado, a cidade pode usufruir desse espaço e permitir
que esse seja um vetor de crescimento do município.
3 Estação Ferroviária;
Cada edificação tem um caráter histórico e cultural que
pode muito agregar ao desenvolvimento da cidade.
O município de Capitão de
2. HISTÓRICO: Campos teve origem na fazenda
de Jovita de Sousa Barros. Exist-
iam na localidade as casas de
Sedoste Manoel de Araújo e de
Manoel Lopes, além da sede da
fazenda. No ano de 1935,
vindo de Piripiri, Acelino Res-
ende instalou-se como comerci-
ante na região. Devido à chega-
da da rodovia à localidade, no
ano de 1943, Acelino ampliou
seus negócios que fizeram com
que o vilarejo, na época, fosse
ficando cada vez mais povoado.
Acelino, tendo em vista o
grande progresso da locali-
dade, pretendeu a criação do
município que levaria o nome
de Capitão de Campos, antes
povoado ligado à microrregião
de Campo Maior.
FIGURA 05. Imagens históricas do município. FONTE: Acervo de Eudemir Ribeiro
Colagem: Camila Ferreira
A Estrada de Ferro Central do
2. HISTÓRICO: Piauí teve início em 1922 ligan-
do o porto de Luiz Correa à es-
tação de Cocal. No ano de
1937, a linha chega à Piripiri e
no ano de 1950 é inaugurada a
Estação em Capitão de
Campos, como prova a in-
scrição datada na edificação ex-
istente.
Até o ano de 1966, os trens
que passavam pelo trecho eram
apenas cargueiros, a partir de
então foi que foram liberados os
traslados de trens de passagei-
ros.
Os trens de passageiros servi-
ram à estrada até pelo menos
1979, quando foi desativada
devido o sucesso sistema de
transportes rodoviários e o des-
fasamento dos trens.
FIGURA 06. Imagens históricas do município. FONTE: Acervo de Eudemir Ribeiro
Colagem: Camila Ferreira
3. LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO:
Como pode ser ob-
servado, as edifi-
cações do Complexo
Ferroviário, em espe-
cial o prédio sede da
Estação, encontram-se
bem deterioradas. É
possível perceber as
marcas de uso nas
fachadas, em especial
pelas alterações já
feitas pelos ocupantes.
É necessário um tra-
balho de recuperação
e restauro urgente,
para que não haja
mais danos no pat-
rimônio arquitetônico.

FIGURA 07. Imagens do ano de 2012. FONTE: Acervo de Eudemir Ribeiro


Colagem: Camila Ferreira
4. LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO:
DISPOSIÇÃO DAS EDIFICAÇÕES

N
1

S
DE
3
N
R NA
E
S ÉF
JO
A
RU

1 Casas Ocupadas;

2 Linha Férrea;

3 Estação Ferroviária.

FIGURA 08. Levantamento IPHAN, ano de 2008.


Redesenho: Camila Ferreira
4. LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO:
PLANTA BAIXA E FACHADA: CASAS

N
DISPENSA WC
Área: 5.00m² Área: 2.00m²

COZINHA
Área: 12.00m²
QUARTO 01
Área: 12.00m²

SALA
Área: 19.00m²
projeção do telhado

QUARTO 02
Área: 12.00m²

Entrada FACHADA
PLANTA BAIXA
FIGURA 09. Levantamento IPHAN, ano de 2008.
Redesenho: Camila Ferreira
4. LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO:
PLANTA BAIXA: ESTAÇÃO

N
ESCRITÓRIO
Área: 10.00m²

SAGÃO 02 QUARTO
WC Área: 18.00m² Área: 20.00m²
Área: 1.50m²
SAGÃO 01
Área: 5.00m²

Entrada
DEPÓSITO
Área: 2.00m²

FIGURA 10. Levantamento IPHAN, ano de 2008.


Redesenho: Camila Ferreira
4. LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO:

FACHADA: ESTAÇÃO

FIGURA 11. Levantamento IPHAN, ano de 2008.


Redesenho: Camila Ferreira
5. PROPOSTA DE TOMBAMENTO:
justificativa + embasamento legal

Dado o estado de conservação alarmante do Complexo, faz-se


necessário uma diretriz de tombamento, para conservação das car-
acterísticas arquitetônicas das edificações, a fim de proteger a
história e cultura desses bens para o município.
Dessa maneira, tendo em vista a pouca preservação e con-
servação das edificações, justifica-se que o tombamento venha para
resguardar e acautelar os bens, a nível municipal. Observa-se
também que se tratam de exemplares únicos da Arquitetura Industrial
no Brasil, já que no Piauí, Capitão de Campos é uma das poucas
cidades que ainda guarda tal acervo.
Buscando embasamento legal, no Decreto Lei nº 25, que organiza
a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, deve-se dar
ênfase aos artigos 17 e 18, que pontuam que as coisas tombadas
não podem sofrer nenhuma alteração, apenas mediante aprovação
do órgão responsável. Assim, ao passar pelo livro do tombo, o Com-
plexo Ferroviário de Capitão de Campo estaria resguardado de alter-
ações indevidas, como também receberia, por parte da prefeitura
FIGURA 12. Imagens do ano de 2012.
uma reserva financeira para pequenas reformas e ajustes, já que o FONTE: Acervo de Eudemir Ribeiro. Colagem: Camila Ferreira

espaço se tornaria de interesse e bem comum da população.


5. PROPOSTA DE TOMBAMENTO:
diretrizes + sugestões

Para que o processo de tombamento ocorra de maneira


que atenda os interesses de forma mútua, elencou-se algu-
mas diretrizes para elaboração de tal parecer:
1. Criação de uma comissão Patrimonial Municipal;
2. Desenvolvimento de estudos para realização do
dossiê de tombamento;
3. Desenvolvimento de um relatório urbanístico que
aponte vetores que levam a cidade a se desenvolver em
torno no patrimônio histórico e arquitetônico que é o Com-
plexo Ferroviário;
4. Estudo dos demais bens patrimoniais municipais:
apanhado geral.

FIGURA 12. Imagens do ano de 2012.


FONTE: Acervo de Eudemir Ribeiro. Colagem: Camila Ferreira
6. PROPOSTA DE REQUALIFICAÇÃO:
tombamento como incentivo para revitalização

N Observando que o tombamento não deve ser


apenas um dispositivo jurídico a ser utilizado para
1
acautelar bens de interesse cultural, acredita-se
que seja possível através desse mecanismo incenti-
var a preservação e conservação, não só dos
prédios que ainda se encontram em estado de uso,
mas do entorno dos mesmos. A julgar que o traça-
3
do ainda existente da antiga linha férrea, também
2
é importante.
A rigor do Decreto Lei nº 25, de 1937, o entorno
das coisas tombadas também deve ser resguarda-
do. Dessa maneira, a intenção do tombamento é
criar uma regulamentação para que o espaço
FIGURA 13. MAPA DE CAPITÃO DE CAMPOS. FONTE :GOOGLE MAPS, 2014.
Redesenho: Camila Ferreira possa ser reformado/restaurado sem avariar as ed-
ificações de suas características originais. Além de
1 Linha Férrea desativada; propor atividades de intenção cultural para área,
2 Casas do Complexo Ferroviário; com um projeto que obedeça diretrizes arquitetôni-
cas, urbanísticas e paisagísticas.
3 Estação Ferroviária;
6. PROPOSTA DE REQUALIFICAÇÃO:
tombamento como incentivo para revitalização

1
Proposta de poligonal de tombamento.

Por consideramos que não se trata apenas de um


bem isolado, e sim de um complexo, propõem-se
3 também a existência de uma Poligonal de Tomba-
2 mento, onde não só os bens em isolados seriam
protegidos, como todo o entorno das edificações,
a fim de dentro dessa poligonal serem realizados
os trabalhos de requalificação.
Por fim, o estudo conclui que os bens são de total
FIGURA 13. MAPA DE CAPITÃO DE CAMPOS. FONTE :GOOGLE MAPS, 2014. interesse para as gerações futuras, como fazem
Redesenho: Camila Ferreira
parte do conjunto arquitetônico do município, o
que por se só já justifica o pedido de tombamento
1 Linha Férrea desativada;
e requalificação.
2 Casas do Complexo Ferroviário;

3 Estação Ferroviária;
7. REFERÊNCIAS:
- BRASIL. Lei Nº 25, de 30 de Novembro de 1937. Organiza a proteção do patrimô-
nio histórico e artístico nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/c-
civil_03/decretolei/Del0025.htm> Acesso em: 08 abr. 2017.
______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso
em: 10 abr. 2017.
DNIT. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA E TRANSPORTES. DNIT –
Ferroviário. Brasília, 2007. Disponível em: < http://www.dnit.gov.br/ >. Acesso em:
07 abr.2017.
FERREIRA. Camila de Sousa. Arquivo pessoal. 2017.
IPHAN – Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Dossiê de
Tombamento do Conjunto Ferroviário de Teresina. Teresina: IPHAN- Instituto do Pat-
rimônio Artístico e Nacional / Superintendência Regional do IPHAN no Piauí, 2008.
KÜHL, Beatriz Mugayar. Preservação do patrimônio arquitetônico da industrialização:
problemas teóricos de restauro. Cotia(SP): Ateliê/Fapesp, 2008.
_____ . Preservação do patrimônio arquitetônico da industrialização: problemas teóri-
cos de restauro. Cotia(SP): Ateliê/Fapesp, 2009.
MELO, Josemir Camilo de. Modernização e mudanças: o trem inglês nos canaviais do
Nordeste (1852-1902). Tese de Doutorado. Recife: UFPE, 2000.

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