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UNIVERSIDADE ALBERTO CHIPANDE

Educação à Distância

Falar da Normalização contabilística em Moçambique e sua evolução


histórica

Estudante
Timóteo Pedro Herculano José Muatiua

Curso: Administração e Políticas


Públicas
Disciplina: Contabilidade
Financeira
Ano de Frequência: 2º Ano

Docente:

Quelimane, Agosto de 2023

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ÍNDICE
Introdução ................................................................................................................................... 3

NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA EM MOÇAMBIQUE E SUA EVOLUÇÃO


HISTÓRICA ............................................................................................................................... 4

Evolução histórica da contabilística .................................................................................................... 4


A Contabilidade na antiguidade clássica e oriental ............................................................................. 5
A Contabilidade na idade média ......................................................................................................... 7
O renascimento italiano e a invenção das partidas dobradas .............................................................. 7
NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA EM MOÇAMBIQUE .............................................. 9

A organização contabilística Moçambicana ........................................................................................ 9


a) Primeira fase do exercício profissional – Ministério do Plano e Finanças ............................ 10
b) Segunda fase do exercício profissional – Ordem dos Contabilistas e Auditores de
Moçambique (OCAM). ................................................................................................................. 10
Conclusão ................................................................................................................................. 12

Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 13

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Introdução
O presente trabalho, referente ao tema da Normalização Contabilística, tem por objetivo
primordial abordar algumas considerações sobre a evolução da contabilidade e dos normativos
contabilísticos em Moçambique.
O tema proposto, não tem tido quanto é do meu conhecimento grande adesão por parte dos
contabilistas e professores de contabilidade em Moçambique. Quiça por não constituir o dia-a-
dia das empresas, aliás os contabilistas tem a mania de que só tratam das contas. Contudo
qualquer ciência tem a sua epistemologia, o que não é exceição a ciência contábil.
Segundo o Professor António Lopes de Sá (1996) (Citado por Cravo), a escrituração
contabilística nasceu com a conta, no paleolítico superior, há mais de 20. 000 Anos, mesmo
antes de o homem saber escrever e calcular.
A evolução do homem acompanha a evolução da contabilidade. A partir do momento em que
o Homem começou a acumular bens, logo existiu a necessidade de controla-los e regista-los.
Para Saraiva (2015) a história da contabilidade é portanto tão antiga quanto a história da
civilização, estando ligada às primeiras manifestações humanas da necessidade social de
proteção da posse, perpetuação e interpretação dos factos ocorridos com o objecto material de
que o Homem sempre dispôs para poder alcançar os fins a que se proponha.

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NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA EM MOÇAMBIQUE E SUA EVOLUÇÃO
HISTÓRICA

Evolução histórica da contabilística


A história da contabilidade faz parte da história da nossa era; de várias formas, a própria
contabilidade conta essa história, pois os registros contabilísticos fazem parte da matéria-prima
dos historiadores. Registos contabilísticos datam de milhares de anos e foram encontrados em
várias partes do mundo. A principal e a mais característica manifestação da contabilidade é tão
antiga quanto a civilização do homem, sendo uma consequência da evolução humana, sobretudo
no campo económico (Souza, M.A., Mezzomo, 2012).
Para Sá (1997) citado por (Souza, M.A., Mezzomo, 2012) a Contabilidade nasceu com a
civilização e jamais deixará de existir em decorrência dela; talvez, por isso, quase sempre seus
progressos coincidiram com aqueles que caracterizam os da evolução do homem.
Não se sabe ao certo quem inventou a contabilidade, porém sabe-se que ela é um produto do
renascimento italiano (Hendrjksen & Breda, 1999). Apesar disso, vários registos contabilísticos
datam da antiguidade clássica, ou seja, historiadores de contabilidade documentam existência
de evidencias que corroboram com essa hipótese.
Por exemplo, os agricultores egípcios nas margens do Rio Nilo, pagavam aos colectores de
impostos com cereais e linhaça pelo uso da água da irrigação e recibos eram dados desenhando-
se recipientes de cereais em suas casas. Arqueólogos apontaram utilização de fichas na
Mesopotâmia com similar objectivo. Sistemas contabilísticos sofisticados parecem ter existido
na China em 2000 a.C.
De acordo com Alexander (2002), tentando explicar porque o método das partidas dobradas foi
sistematizado na Itália, o historiador da contabilidade A.C. Litleton, descreveu 7 (sete)
elementos que permitiram a sua criação:
1. Propriedade privada: A separação entre propriedades, porque a contabilidade
preocupa-se com os registos de factos patrimoniais de propriedades privadas.
2. Capital: Aumento e acumulo do capital, pois de outra forma, o comércio não seria
importante e o credito poderia não existir.
3. Comércio: A troca de bens entre comunidades de diferentes regiões, que possibilitou a
sistematização dos registos contabilísticos.
4. Credito: o uso presente de recursos futuros, porque se não, não existiria a necessidade
de registar transações completadas no presente.

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5. Escrita: um mecanismo para manter um registo permanente e uma linguagem comum,
dado os limites da memória humana.
6. Moeda: “denominador comum” para trocas comerciais.
7. Aritmética: Uma forma de computar detalhes monetários de uma transação ou acordo.
Como se pode perceber com a lista apresenta por A.C. Litelon, muitos destes factores não
existiam na antiguidade, mas até a idade média estes factores não eram encontrados
simultaneamente de forma suficientemente forte para forçar a inovação das partidas dobradas.
A escrita, por exemplo é um produto da antiguidade, tão antiga quanto a própria civilização,
mas a aritmética, a sistemática manipulação de números e símbolos, não constitui uma
ferramenta da antiguidade como tal. Além disso, o persistente uso da numeração romana para
transações financeiras, depois de ser introduzida a numeração árabe, parece ter impedido a
criação anterior das partidas dobradas.
A falta dos antecedentes listados acima tornava difícil a invenção das partidas dobradas e, por
essa via, dificultava a manutenção de registos contabilísticos, tornando o trabalho do
contabilista extraordinariamente difícil.
Com matérias de escrita dispendiosos, numeração difícil, sistemas monetários inconsistentes,
uma determinada transação tinha que ser extremamente importante para justificar o seu registo
contabilístico.

A Contabilidade na antiguidade clássica e oriental


De uma forma geral, todos os povos contribuíram para o desenvolvimento da contabilidade.
Neste tópico, iremos realizar uma visita sobre algumas das importantes contribuições de alguns
povos para a contabilidade.
1. Civilização chinesa
Já há muito tempo, a escrita chinesa tinha sido inventada com o sistema de caracteres que ainda
hoje é utilizado na China. Sabe-se no entanto, que cerca de 800 a.C. existiam, na China, notas
de banco. Também utilizavam moeda metálica, títulos de crédito, dando assim origem ao
aparecimento de entidades intermediárias que desempenhavam as funções de banqueiros do
nosso tempo.
Como foi dito, nas unidades precedentes, um dos elementos para o desenvolvimento da
contabilidade é o credito (Alexander, 2002; Hendrjksen & Breda, 1999), assim estas entidades,
seguramente tiveram um grande contributo no desenvolvimento da contabilidade.
Por outro lado, o elevado grau de desenvolvimento económico-industrial desta civilização
aponta no sentido de que este não teria podido processar-se sem a utilização de uma boa forma
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de contabilidade adequada, mas como advoga infelizmente nada se encontrou que nos possa
elucidar sobre o funcionamento desta contabilidade (Gonçalves, 2010).
2. Civilização hindu
Na velha Índia, a profissão de comerciante era tido como muito honrosa, nesta civilização, tem-
se o registo de uma legislação com algum avanço em matérias económicas. Uma dessas obras
é a Arthasastra, de autoria de Kautiliya, um sábio oriental, que viveu a dois mil e trezentos anos,
na qual constam diversos conceitos e definições relacionados com a Contabilidade, como
definições e classificações de lucros, custos, receitas e capital, bem como uma distinção entre
despesas ordinárias (constantes) e despesas extraordinárias (variáveis) (Gonçalves, 2010).
3. Civilização suméria, babilónica e assíria
Os sumérios, a mais antiga civilização da Humanidade (4000 a.C.) habitavam a Mesopotâmia.
São devidas a este povo duas importantes criações: (1) a escrita cuneiforme (de 3500 a. C.),
complexa, conhecida apenas pelos sacerdotes e por uma classe especial de escribas, e (2) as
cidades-estados. O equivalente mesopotâmico do contabilista contemporâneo era o escriba.
Seus deveres eram semelhantes, mas ainda mais extensos.
Como escreve Sá (1998), existe um generalizado consenso entre os peritos da arqueologia de
que foram as imensas riquezas da Suméria – muito particularmente as de Uruk – que forneceram
subsídios para as bases de um desenvolvimento da escrita contabilística. Sengundo o autor, esta
civilização já registava apuramentos de custos, orçamentos, revisões de contas, controlos de
gestão de produtividade e já se adoptava o razão, produziam-se balanços de qualidade,
possuíam-se orçamentos evoluídos de receita e despesa pública e calculavam-se custos.
4. Civilização egípcia
Segundo Gonçalves (2010), no Egipto dos Faraós já se praticava uma Contabilidade com
minuciosidade, exactidão e regularidade, necessária para assegurar a administração da
monarquia e das obras de irrigação do Rio Nilo. A documentação era já arquivada
cronologicamente e com base na oposição receitas-despesas, isto é, entradas e saídas.
5. Civilização grega
Os banqueiros gregos, que eram na sua maioria sacerdotes, praticavam a contabilidade que
consistia em controlar os saldos iniciais e finais, os recebimentos e os pagamentos. De acordo
com Kam (1990) citado por Gonçalves (2010) na Grécia “O Estado realizava um inventário
anual nos templos, e os contabilistas preparavam as demonstrações financeiras apropriadas, as
quais indicavam as principais fontes de receitas (juros e rendas dos empréstimos) e a origem
das despesas (principalmente sacrifícios, entretimentos e pagamento de salários)”.

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6. Civilização romana
O império romano, um dos mais fortes que a humanidade conheceu, e que dominou maior parte
do mundo antigo, tornou-se o maior centro político-económico da época, tendo assim, forte
influência sobre a sociedade ocidental. Os intercâmbios comerciais eram realizados por todo o
Império, e entre este e o mundo bárbaro para lá das suas fronteiras, o que permitiu um solido
desenvolvimento da contabilidade.
O desenvolvimento da Contabilidade foi paralelo ao da administração pública e das empresas
agrícolas: era já usada uma série de livros de registo que constituía um sistema ordenado,
devendo-se, assim, aos romanos a primeira grande contribuição para o desenvolvimento da
Contabilidade, o que pode ser comprovado pela existência de alguns conceitos contabilísticos.
De acordo com Amorim (1968) citado por (Gonçalves, 2010) alguns destes livros são:
 Commentarius (ou Libellus): este livro servia apenas para registar, preliminarmente, o
facto contabilístico exatamente como havia sido constatado ou ocorrido.
 Adversaria (ou Ephemeris): livro para o qual se passava o movimento do Commentarius
e que segundo alguns autores correspondia a uma espécie de diário.
 Codex accepti et expensi: uma espécie de caixa. Era considerado o livro fundamental.
 Tabulae Rationum (ou Codex Rationum) – espécie de razão, “o Codex Rationum era
conservado e podia, na falta de testemunhas, utilizar- se como meio de prova”.
 Calendarium – aqui se registavam os capitais cedidos, os nomes dos devedores, a
quantia em dívida, os juros mensais, os dias em que se venciam, etc.
O Commentarius, o Adversaria, o Codex Accepti et Expensi, o Tabulae Rationum e o
Calendarium tanto eram usados na Contabilidade privada como na pública. Os livros exclusivos
da administração pública eram: Breviarium e Rationarium. O primeiro regista as receitas
auferidas pelo governo e o segundo que descrevia como eram aplicados os recursos do governo.

A Contabilidade na idade média


Os mil anos entre a queda do Império Romano e a publicação da Summa de Luca Pacioli são
amplamente vistos como um período de estagnação da contabilidade, e as práticas medievais
fora da Itália são frequentemente ignoradas em resumos históricos.

O renascimento italiano e a invenção das partidas dobradas


Os renascentistas inovadores italianos (séculos XIV a XVI) são amplamente reconhecidos
como os pais da contabilidade moderna. Eles elevaram o comércio e buscaram ativamente
novos e métodos melhores para determinar seus lucros. Embora os algarismos arábicos tenham
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sido introduzidos muito antes, foi durante esse período que os italianos se tornaram os primeiros
a usá-los regularmente no rastreamento de contas comerciais - uma melhoria em relação aos
numerais romanos cuja importância não pode ser exagerada.
Luca Pacioli era homem do renascimento, com conhecimento de literatura, arte, matemática,
negócios e ciências, numa época em que poucos conseguiam ler. Nascido em 1445 em Borgo
San Sepulcro, na Toscana, Frei Luca Bartolomes Pacioli adquiriu um conhecimento
surpreendente de diversos assuntos técnicos - religião, negócios, ciência militar, matemática,
medicina, arte, música, direito e linguagem. Ele aceitou a crença popular no inter-
relacionamento dessas disciplinas amplamente variadas e na importância especial daqueles,
como matemática e contabilidade, que exibem harmonia e equilíbrio.
Por volta de 1482, depois de concluir seu terceiro tratado sobre matemática, Pacioli, que como
muitos de seu tempo buscava preferência como professor, tornou-se frade franciscano. Ele
viajou por toda a Itália dando palestras sobre matemática e, em 1486, completou sua formação
universitária com o equivalente a um doutorado.
Pacioli nunca alegou ter inventado contabilidade de dupla entrada. Trinta e seis anos antes de
seu monumental tratado sobre o assunto, Benedetto Cotrugli escreveu Delia Mercatura e do
Mercante Perfetto, que incluiu um breve capítulo descrevendo muitas das características da
dupla entrada. Embora este trabalho não tenha sido publicado há mais de um século, Pacioli
estava familiarizado com o manuscrito e creditou a Cotrugli a origem do método da dupla
entrada (Alexander, 2002).
Pacioli tinha cerca de 50 anos em 1494 - apenas dois anos depois de Colombo ter descoberto a
América - quando retornou a Veneza para a publicação de seu quinto livro, Summa de
Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalita (Tudo sobre Aritmética, Geometria e
Proporção). Foi escrito como um resumo e um guia para o conhecimento matemático existente,
e a contabilidade era apenas um dos cinco tópicos abordados.
Os 36 capítulos curtos de Summa sobre contabilidade, intitulados "De Computis et Scripturis"
("De considerações e escritos"), foram acrescentados, "para que os súditos do mais gracioso
duque de Urbino possam ter instruções completas na condução dos negócios, "e para", dar ao
comerciante sem demora informações sobre seus ativos e passivos.
O livro de Pacioli era, de seus três livros, o mais parecido com o equivalente moderno. As
colunas de dinheiro e data eram quase idênticas às dos livros modernos, com entradas
consistindo de breves parágrafos, débitos no lado esquerdo de uma página dupla (deve dare) e
créditos no lado direito (deve avere).

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O contabilista regista "dinheiro na mão" como um débito na primeira página do livro, assim
como foi inserido primeiro no diário. Como lançamentos de razão são feitos, duas linhas
diagonais são sorteadas em cada entrada de diário, uma da esquerda para a direita quando o
débito é lançado e a outra da direita para a esquerda quando o crédito é lançado.
Os primeiros 16 capítulos de "De Computis" descrevem este sistema básico de livros e contas,
enquanto os 20 restantes são dedicados a questões de contabilidade especializadas de
comerciantes. Estes incluem depósitos e saques bancários, compras intermediadas, saques,
transações de permuta, negociação de joint venture, desembolsos de despesas e fechamento e
balanceamento de livros.
O balancete (summa summarium) é o fim do ciclo contabilística de Pacioli. Os valores de débito
do livro antigo estão listados no lado esquerdo do balanço e os créditos à direita. Se os dois
totais forem iguais, o ledger antigo será considerado equilibrado. Se não, diz Pacioli, "isso
indicaria um erro em seu livro, erro esse que você terá que procurar diligentemente com a
indústria e a inteligência que Deus lhe deu".

NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA EM MOÇAMBIQUE


A organização contabilística Moçambicana
A prática profissional do contabilista em Moçambique associa-se a herança colonial. Durante
o período colonial, maior parte dos contabilistas eram portugueses, apenas alguns
moçambicanos trabalhavam, como escriturários e guarda-livros nos departamentos de
Contabilidade. Depois da independência muitos trabalhadores, incluindo contabilistas
habilitados tiveram que abandonar o país, causando severamente o colapso para a profissão
(Macuácua, 2003).
Após a independência em 1975, apesar do governo adotar o socialismo, o sistema de
contabilidade moçambicano, era baseado no sistema português, o qual era significativamente
diferente do sistema de contabilidade socialista. A manutenção deste sistema deveu-se ao fato
de: a educação em contabilidade nas escolas comerciais e institutos permanecer como o regime
colonial português instituiu. O sistema tributário, também permanecera como era durante o
período colonial, os ministros do novo governo nas áreas de Economia e Finanças teriam sido
educados no sistema de contabilidade português (Macuácua, 2003). Com isto fundamenta-se, a
herança que Moçambique teve de Portugal a nível da prática da profissão contabilística.
Durante vários anos após a independência, o país não teve nenhum instituto, associação ou uma
entidade governamental para proceder, autorizar e regulamentar o exercício da profissão.
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Com efeito, de acordo com Juaniha (2016), o exercício da profissão contabilística em
Moçambique pode ser divido em duas fases.

Fase 1: Ministerio do Plano e Fase 2: Ordem de Contabilista e


Finanças 1984 – 2010 Auditoria

Sendo, a primeira fase correspondente ao memento em que a autorização do exercício da


atividade profissional da contabilidade estava a cargo do Ministério do Plano e Finanças e a
segunda, com a criação do primeiro organismo profissional, a cargo da Ordem dos Contabilistas
e Auditores de Moçambique (OCAM).
a) Primeira fase do exercício profissional – Ministério do Plano e Finanças
Desde a independência, até antes da criação da OCAM em 2012, o registo do profissional
contabilista era da responsabilidade do Ministério do Plano e Finanças. Assim, para os
indivíduos que pretendessem exercer a profissão, para sua autorização, era necessário
apresentar: (i) Certificado comprovante da conclusão de um dos níveis de formação em
contabilidade; (ii) Carta de referência de dois profissionais contábeis; e (iii) Um atestado de
registo criminal que comprova que o requerente não tinha sido condenado em nenhum momento
da sua vida a pena de prisão de dois ou mais anos. Como se percebe a exigência regulamentar
da profissão nesse período era frágil em decorrência da inexistência de organismos profissionais
apropriados para a regulamentação, examinação, formação continuada e o registro de
profissionais.
b) Segunda fase do exercício profissional – Ordem dos Contabilistas e Auditores de
Moçambique (OCAM).
A segunda fase do exercício profissional é marcada pela aprovação da Lei no 8/2012 de 8 de
fevereiro, que cria o primeiro organismo regulador da profissão (OCAM). De acordo com o
artigo 5, da referida Lei, a OCAM tem como objetivos:
 A definição das regras de acesso e exercício das profissões de contabilidade e de
auditoria, a atribuição e certificação das categorias profissionais de Contabilista
Certificado e de Auditor Certificado, por meio da emissão das respectivas Cédulas
Profissionais;
 A superintendência de todos os aspectos relativos ao acesso e exercício das profissões
de contabilidade e de auditoria, de modo a garantir a sua independência técnica e
funcional, a defesa da dignidade e prestígio dos seus membros, bem como dos seus

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direitos e prerrogativas, a afirmação da função social da profissão e a promoção e
respeito pelos respetivos princípios deontológicos:
 A representação dos interesses profissionais de todos aqueles que exerçam ou venham
a exercer em Moçambique atividades de profissionais de contabilidade e de auditoria;
 O exercício da jurisdição disciplinar relativamente a todos os seus membros;
 A promoção dos mais elevados padrões técnicos e níveis de desempenho dos membros.
Analisando o artigo 5, referente aos objetivos da OCAM, especialmente nos termos
sublinhados, pode se perceber que as regras de acesso e exercício da profissão contabilística, a
garantia da sua independência técnica e funcional, dignidade e prestígios dos seus membros e
a promoção de elevados padrões técnicos e níveis de desempenho dos membros devem estar
alinhados com as práticas internacionais, especialmente com os preceitos da estrutura
conceitual do IASB e das normas atuais de contabilidade em Moçambique são embasadas. Este
órgão vem fortalecer o exercício da profissão na medida em que supervisiona os critérios de
acesso, as competências profissionais.

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Conclusão
Poderemos considerar, em termos gerais, que a Normalização Contabilística consiste no
estabelecimento de um sistema de princípios, normas, políticas e práticas contabilísticas que
tratem uniformemente as mesmas situações independentemente da entidade económica em que
se verifiquem.
Esta normalização tem como instrumentos principais a emissão de normas e o estabelecimento
de planos de contas, estes últimos em especial a nível de país, podendo ser genéricos ou
sectoriais.
Em virtude da crescente importância das demonstrações financeiras para os investidores
externos, credores e o público em geral existe um generalizado interesse pelos princípios
contabilísticos e pelo conhecimento das políticas e práticas contabilísticas. A exigência da
existência de uma linguagem comum a nível contabilístico tem levado ao desenvolvimento de
regras e princípios de aplicação generalizada.
As normas de contabilidade têm sido desenvolvidas quer a nível internacional, quer a nível
nacional. As normas internacionais pretendem ter como campo de aplicação mundial ou a nível
de regiões, como por exemplo a Comunidade Europeia. São de destacar neste contexto o
trabalho e as normas já emitidas, do “International Accounting Standards Comitee” (IASC). De
acordo com os objectivos estabelecidos o IASC trabalha para o aperfeiçoamento e
harmonização do “reporting” financeiro, basicamente através do desenvolvimento e publicação
de normas (Standards) Internacionas de contabilidade. Estas normas tratam de aspectos que são
importantes internacionalmente nas contas sujeitas à publicação. Estas normas são
desenvolvidas mediante um processo de consulta internacional que envolve os profissionais da
contabilidade, representados pelas suas organizações, a comunidade empresarial, as
organizações intergovernamentais e os órgãos nacionais responsáveis pela normalização
contabilística. Este processo contribui para que as Normas Internacionais atinjam elevados
níveis de qualidade.

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Referências Bibliográficas

Dias, J. C., & Rito, S. (2009). MANUAL DO CURSO: O RECONHECIMENTO, A


MENSURAÇÃO E A DIVULGAÇÃO DOS INVESTIMENTOS FINANCEIROS NO SNC
(Formação à). Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas.

Gonçalves, M. (2010). Em busca das origens e evoluções da Contabilidade. Revista Mineira de


Contabilidade, 3(39), 23–30.

JUANIHA, A. M. (2016). DESAFIOS DE IMPLEMENTAÇÃO DAS NORMAS


INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE NA EDUCAÇÃO CONTÁBIL EM
MOÇAMBIQUE. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ.

Macuácua, Â. (2003). Mozambican Economic Development: The Need for a Strenghthedned


Accounting Infraestruture. United States of America: eBookstand.

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