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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO


Curso de Licenciatura em Gestão de Recursos Humanos

A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE DE GESTÃO COMO


INSTRUMENTO DE APOIO À TOMADA DE DECISÃO NAS EMPRESAS DE
RECRUTAMENTO DE PESSOAL

Beatrino Aurélio Injaraco: 81221044

Nampula, Março, 2023.


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO


Curso de Licenciatura em Gestão de Recursos Humanos

A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE DE GESTÃO COMO INSTRUMENTO DE


APOIO À TOMADA DE DECISÃO NAS EMPRESAS DE RECRUTAMENTO DE
PESSOAL

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em
Gestão de Recursos Humanos

Tutor:

Beatrino Aurélio Injaraco: 81221044

Nampula, Março, 2023


Índice

Introdução...................................................................................................................................4

História e evolução da Contabilidade ao longo do tempo..........................................................5

Factos que motivaram o surgimento da Contabilidade de Gestão..............................................7

Contabilidade de Gestão e Tomada de Decisões........................................................................8

Considerações finais...................................................................................................................9

Referências bibliográficas.........................................................................................................10
Introdução

Conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke (2006, p. 48): “A Contabilidade é, objetivamente, um


sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e
análises de natureza económica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade
objeto de contabilização”.

Assim a Contabilidade que era vista apenas como um sistema de informações tributárias, que
servia somente como uma obrigação da empresa em apurar e recolher impostos, já é vista
também como um instrumento gerencial, que fornece informações através da análise das
demonstrações aos administradores, accionistas, investidores e demais stakeholders.

É a Contabilidade de gestão responsável por fornecer os instrumentos que contém as


informações sobre a situação económica e financeira das entidades. E auxiliarão os
administradores nos processos de tomada de decisão.

No entanto, muitas empresas, ainda não utilizam a Contabilidade e as informações oferecidas


através de suas demonstrações contábeis, deixando assim de tomar a melhor decisão a
respeito de controle, custos, investimento e planejamento de seu negócio. Isso pode estar
ocorrendo devido a falta de conhecimento sobre a Contabilidade e as diversas demonstrações
contábeis oferecidas por ela. Ou seja, a Contabilidade de Gestão não está sendo utilizada, não
existe o gerenciamento da informação contábil no processo administrativo.

Nesse contexto, o intuito desse trabalho é mostrar a importância da Contabilidade no processo


de tomada de decisão nas empresas, demonstrando a melhor forma de analisar e avaliar as
demonstrações contábeis, para extrair informações relevantes ao gerenciamento do negócio. E
para a realização deste trabalho, utiliza-se a metodologia qualitativa-teórica/bibliográfica que
é a fundamentação teórica embasada em teses, livros, artigos.

O estudo é composto por cinco capítulos que abrangem o tema de forma delimitada e
coerente. No primeiro capítulo temos uma breve introdução da pesquisa, onde descreve-se em
linhas gerais o estado da arte do tema do estudo, metodologias do trabalho bem como o seu,
objectivo. No segundo capítulo tem-se como foco a revisão da literatura sobre a gestão
estratégica.
No terceiro capítulo, descrevemos as Conclusões tiradas do trabalho. E por fim, no último
capítulo temos referencias bibliográficas das obras por nos consultadas.

História e evolução da Contabilidade ao longo do tempo

Iudícibus (2000, p. 29) descreve que a contabilidade é tão antiga quanto a origem do homem
pensante. Historiadores remontam os primeiros sinais da existência de contas
aproximadamente a 4000 anos a.c. Entretanto, talvez antes disto o homem primitivo, ao
inventariar o número de instrumentos de caça e pesca disponíveis, ao contar seus rebanhos, ao
contar suas ânforas de bebidas, já estava praticando uma forma rudimentar de contabilidade.

Melis (como citado em SÁ, 1997, p. 13-14) divide o desenvolvimento da Contabilidade em


quatro grandes períodos assim denominados por ele:

I. Mundo Antigo: dos primórdios da história até o ano de 1202 da era cristã;

Iudícibus e Marion (2002) afirmam que o desenvolvimento da Contabilidade foi muito lento
ao longo dos séculos. Chamam a primeira etapa de fase empírica da Contabilidade, durante a
qual foram utilizados desenhos, figuras e imagens para identificar o património. Como
ciência, propriamente dita, chegou apenas no início do século XIX. “Em 1836, a Academia de
Ciências da França adotou a Contabilidade como ciência social, e assim também entenderam
grandes pensadores modernos de nossa disciplina, [...]” (Sá, 2002, p. 41-2).

Para Lopes de Sá (1997, p. 12) “a escrituração contábil nasceu antes mesmo que a escrita
comum aparecesse, ou seja, o registro da riqueza antecedeu aos demais, como comprovam os
estudos realizados sobre a questão, na antiga Suméria”. Quando se adentra na história da
contabilidade, quatro mil anos a.C., aproximadamente, em uma época em que não havia
moeda, escrita formal e até os números, observa-se o homem pastor, executando uma
contabilidade rudimentar, tentando reflectir quanto aumentou seu rebanho de um inverno para
o outro, comparando o número de pedrinhas entre os dois períodos.

II. Sistematização: de 1202, por causa da formação do processo das partidas dobradas, até o
ano de 1494;

Existem muitas hipóteses sobre o nascimento da técnica das partidas dobradas e a primeira
delas vem de tempos remotos e é apenas citada como uma primeira intenção da idéia. Schmidt
(2000) relata que em sítios arqueológicos localizados em Israel, Síria, Iraque, Turquia e Irã
foram encontradas, datadas de 8.000 a 3.000 a.C., fichas de barro, com os mais variados
formatos, incisões e perfurações, listando na maioria das vezes rebanhos de carneiro.

Melis (como citado em Sá, 1997), considera ter ocorrido o nascimento das partidas dobradas
na região de Toscana, na Itália, entre os anos 1250 e 1280 da era cristã. Schmidt (2000)
aponta dois grandes motivos que podem ter sido propulsores das partidas dobradas: o
desenvolvimento económico de alguns centros comerciais da Itália, como Veneza, Gênova e
Florença e o início da tecnologia de impressão de livros na Alemanha bem como sua rápida
dispersão pelos grandes centros comerciais da Europa, principalmente o norte da Itália.

Melis (como citado Sá, 1997, p. 36) entende que a obra de Leonardo Fibonacci é
“demarcatória de um período da História da Contabilidade não só porque é uma literatura
mercantil e de cálculos aplicados ao comércio, [...] mas também porque a atmosfera da época
já era a do aparecimento da partida dobrada”.

III. Literatura: de 1494, com a publicação da obra de Luca Pacioli, até 1840;

Segundo Schmidt (2000), alguns historiadores consideram que a Contabilidade passou por um
longo período de estagnação causado, principalmente, pela publicação do trabalho de Paciolo.
Após a publicação de La Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalitá a
Contabilidade viveu uma evolução sem precedentes, no entanto, um certo tempo foi
necessário para que o mundo contábil conseguisse se adaptar a essa realidade..

A partir do século XVI, período já considerado para o estudo da Contabilidade como pré-
científico, é importante ressaltar a obra do monge beneditino Ângelo Pietra, Indirizzo degli
economi, publicada em 1586, na qual percebe-se a preocupação do autor em não apenas expor
como o registro dos fatos deveria ser feito, mas também em buscar as razões dos conceitos. É
reconhecido como o precursor do Contismo que é a primeira corrente de pensamentos
contábeis. (Schmidt, 2000)

IV. Científico: de 1840, com a obra de Francesco Villa, até os dias atuais.

Na busca de estabelecer teorias, a Contabilidade passou por inúmeras etapas, da observação


passou à organização dos raciocínios, dela aos conceitos que por sua vez produziram
enunciados ou teoremas que geraram, finalmente, as teorias. As correntes científicas surgem
quando vários mestres formam suas próprias teorias, que são semelhantes entre si. Assim,
surgiu uma série de escolas do pensamento contábil, cada uma sucedendo à outra, fornecendo
cada vez mais conhecimentos que influenciaram no estabelecimento definitivo da
Contabilidade como ciência.

A primeira grande escola que se destaca nesse período é a Administrativa ou Lombarda,


denominada assim por sua localização, a Lombardia, no norte da Itália. Defende a
Contabilidade como sendo um conjunto de “[...] noções econômicas e administrativas
aplicadas à arte de escriturar os livros e registrar as contas. [...] é preciso que o contador tenha
um perfeito conhecimento da gestão da entidade e não domine apenas técnicas de registro
contábil” (Schmidt, 2000, p. 54).

Como sistema de recolha, classificação, interpretação e exposição dos dados económicos, a


contabilidade tem procurado, ao longo dos anos, acompanhar a evolução das sociedades, no
que diz respeito à satisfação de informações do foro financeiro, determinadas pela
complexidade dos negócios empresariais (Caiado, 2009).

Factos que motivaram o surgimento da Contabilidade de Gestão

Em meados do século XVIII, a Revolução Industrial em Inglaterra e as consequentes


alterações nos processos de fabrico, serviram de alavanca para a contabilidade de custos. As
operações externas desenvolvidas em pequenas oficinas artesanais foram substituídas por
processos internos que integram produção, aprovisionamento e distribuição nas grandes
fábricas (Ferreira, Caldeira, Asseiceiro, Vieira & Vicente, 2014). Os empresários começaram
a ter necessidade de informação acerca dos custos, nomeadamente mão-de-obra e utilização
de equipamentos e instalações, para a valorização dos inventários e controlo do processo
produtivo. Esta fase importante no desenvolvimento deste ramo da contabilidade foi marcada
pela necessidade que os gestores tinham de desenvolver sistema de custeio da produção,
focando-se por isso na determinação de taxas padrão que permitissem afectar o consumo dos
materiais e as horas dos trabalhadores aos produtos (Coelho, 2012).

Da necessidade de avaliar não só o desempenho de processos, mas também dos gestores na


indústria, analisando os recursos económicos utilizados, nasceu a contabilidade de custos.
Este novo vector da ciência da contabilidade, veio complementar a Contabilidade Financeira,
sendo que Caido (2009) destaca como seus principais objectivos: determinar o lucro da
empresa; auxiliar o controlo; e ajudar na tomada de decisões.
A contabilidade de custos de produção, que até à Revolução Industrial, era “bastante primitiva
e tratava primeiro de dar à gestão registos e relatórios sobre as operações do passado”
(Caiado, 2009, p.17), segundo Coelho (2012) é, nos dias de hoje, uma ferramenta de análise e
de controlo dos custos das organizações, realizando o tratamento elementar da informação
contabilística, ou seja, procedendo ao agrupamento dos custos, às classificações por funções
ou por processos.

Segundo Ferreira, Caldeira, Asseiceiro, Vieira & Vicente (2014), além da informação base, a
contabilidade de custos possibilitou os primeiros cálculos para a optimização dos recursos
utilizados e consequente redução de custos. Para os autores, esta vertente da contabilidade
começou a fornecer informação sobre os rendimentos por departamentos, centros, ou fases de
fabricação, e ainda a rendibilidade por produtos, por canais de distribuição ou mesmo por
áreas geográficas ou clientes, através do conhecimento dos custos próprios e da sua
comparação com os preços de venda.

Contabilidade de Gestão e Tomada de Decisões

Segundo Drury (2018), a contabilidade de gestão surgiu no século XVII, com a revolução
industrial (1775-1880). Nessa altura, devido ao aparecimento de grandes fábricas, deu-se
início à utilização de novas técnicas de contabilidade. Ao longo dos anos essas técnicas
foram-se ajustando às circunstâncias que foram surgindo. Inicialmente, as empresas
compravam matérias-primas outrora transformadas. Actualmente, adquirem-nas sem qualquer
alteração, aplicando-lhes as modificações necessárias para obtenção do produto final (Ferreira
et al., 2019).

A contabilidade de gestão acompanha a evolução da tecnologia nos processos de produção


(Drury, 2018). Nas últimas décadas o nível competitivo tem aumentado. Devido a essa
evolução tecnológica, os métodos de trabalho tornam-se mais práticos e eficazes, necessitando
de mão-de-obra desenvolvida, especificamente, para cada área (Drury, 2018). As mudanças
são constantes, o ambiente torna-se cada vez mais atractivo e desafiante para as organizações
e a exigência por parte dos clientes é cada vez maior.

A contabilidade de gestão tem um papel fundamental no controlo, desenvolvimento e


crescimento de uma empresa. Para tomar as melhores decisões sobre a determinação de
preços é necessária uma análise cuidada da relação entre os custos, variação nas quantidades
produzidas, vendidas e preços de venda. Trabalham-se não apenas dados históricos, mas
também dados previstos e padronizados (Drury, 2018). A contabilidade de gestão tornou-se
uma poderosa ferramenta de controlo de custos, fornecendo informações de gastos diferentes
para as diversas necessidades dos gestores (Silva, 2016).

Considerações finais

As empresas já despertaram para a necessidade de planejar, controlar e acompanhar as


actividades operacionais. A contabilidade é uma ferramenta fundamental para auxiliar em
todo esse processo, pois uma organização que não possua um sistema contábil que possa lhe
fornecer as informações necessárias, possivelmente não terá, de maneira transparente,
comprovação de que está seguindo na direcção desejada.

A informação correta e oportuna é factor decisivo para as empresas manterem-se competitivas


perante as constantes mudanças no cenário económico mundial. E a contabilidade quando
utilizada como geradora de informações, ocupa papel fundamental nas empresas, auxiliando
os gestores na tomada de decisão.

Podemos concluir então, que as organizações precisam de um controle contínuo sobre todas
as suas operações. Tanto as empresas de grande, como de médio e pequeno porte, pois uma
organização, independente de tamanho ou ramo de actividade, necessita de controles para
orientar o processo de gestão. Portanto, o conhecimento da Contabilidade, de seus
instrumentos contábeis e as diversas formas de analisá-los e extrair as informações para
auxiliar nesses controles, passa a ser um diferencial competitivo, orientando o processo
decisório, de acordo com a missão e a visão estabelecida, para a optimização do resultado
económico.
Referências bibliográficas

Caiado, A. C. (2009). Contabilidade Analítica e de Gestão. Lisboa: Áreas Editora.

Coelho, M. M. (2012). Contabilidade Analítica e de Gestão. Vila Nova de Famalicão:


Edições Almedina.

Crepaldi, S. A. (2002). Contabilidade gerencial: teoria e prática. (2ª. ed.). São Paulo: Atlas.

Drury, C. (2018). Management and cost accounting. (10ª ed.). Cengage Learning EMEA.

Ferreira, D., Caldeira, C., Asseiceiro, J., Vieira, J., & Vicente, C. (2019). Contabilidade de
gestão estratégica de custos e de resultados (2ª ed.). Rei dos Livros.

Ferreira, D., Caldeira, C., Asseiceiro, J., Vieira, J., & Vicente, C. (2014). Contabilidade de
Gestão - Estratégia de Custos e de Resultados. Rei dos Livros.

Iudícubus, S. de. (2000). Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas.

Silva, M. L. (2016). Mapeamento de técnicas de controlo de gestão nas 500 maiores


empresas Portuguesas: aplicação de Target Costing. Dissertação de mestrado. Lisboa:
Instituto Superior de Economia e Gestão.

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