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Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X

v.21, n.3, p.01-16, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary

RESPOSTAS ADAPTATIVAS DE PEIXES A ALTERAÇÕES AMBIENTAIS DE


TEMPERATURA E DE OXIGÊNIO DISSOLVIDO

(Adaptive responses of fishes to environmental changes on temperature and


dissolved oxygen)

Thayzi Oliveira Zeni, Antonio Ostrensky, Gisela Geraldine Castilho westphal 1


1Correspondência: thayzi@yahoo.com.br

RESUMO: Cada vez mais, os ambientes aquáticos têm sofrido pressões tanto de
origem natural quanto antrópica. Por estes motivos os organismos que habitam
estes ecossistemas são forçados a se adaptar às novas condições ou poderão ser
extintos. O estudo para compreensão destas transformações ambientais pode ser
feito por meio do uso de animais indicadores, dentre os quais os peixes se
destacam. Isto porque os peixes refletem as modificações ocorridas no ambiente
aquático por meio de respostas adaptativas tão variadas quanto: (1) ajustes
fisiológicos e bioquímicos quando peixes são expostos a diferentes temperaturas e
(2) por alterações identificadas em peixes submetidos a baixas concentrações de
oxigênio dissolvido na água. Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar
de que maneira os peixes podem ser utilizados como organismos indicadores das
alterações ambientais relacionadas à temperatura e à variação de oxigênio
dissolvido e entender melhor a interação destes animais com o ambiente.
Palavras-chave: ambiente aquático; hipóxia

ABSTRACT: Aquatic environments have been suffered several kinds of


transformations both natural and mainly anthropogenic origin. The organisms
inhabiting these ecosystems are forced to adapt to new conditions or these species
will be extinct. The study to understand these environmental changes can be done
through the use of animals indicators, among which the fish stand out. The fish
reflect the changes in the aquatic environment through adaptive responses as varied
as: (1) physiological and biochemical adjustments when fish are exposed to different
temperatures and, (2) through alterations identified in fish subjected to low
concentrations of dissolved oxygen in the water. This study was carried out to
evaluate how the fish can be used as indicator organisms of environmental changes
related to variations in temperature and dissolved oxygen and to better understand
the interaction of these animals with the environment.
Key Words: aquatic environment; hypoxia

Recebido em 09/03/2015
Aprovado em 30/08/2016
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Adaptive responses of fishes to environmental changes on temperature and dissolved oxygen

INTRODUÇÃO (Mariano, 2006). Variáveis como estas


podem ocasionar estresse e reduzir a
Em qualquer meio onde existam
habilidade dos animais em manter sua
variações ambientais, as adaptações
homeostase (Mariano, op. cit.). Essas
surgem como uma alternativa para
alterações ambientais são ainda mais
assegurar a sobrevivência, a
críticas em ambientes aquáticos sobre
reprodução, o desenvolvimento, a
influência de atividades antrópicas de
distribuição geográfica e a diversificação
origem biológica (lançamento de
das espécies (Peres-Neto, 1999;
efluentes domésticos e industriais),
Randall, 2006).
física (lançamento de resíduos
Muitas das pesquisas que
radiativos ou de detritos inertes) e/ou
abordam as formas de adaptação das
química (lançamento de resíduos
espécies a ambientes impactados
industriais e de embarcações, por
antropicamente têm utilizado
exemplo) (Santana, 2008).
organismos aquáticos como modelo de
Dentre as variáveis ambientais
estudo. Isto porque, dentre as
mencionadas, a temperatura e as
consequências das alterações
concentrações de oxigênio são
ambientais, estão a alteração das
parâmetros que afetam diretamente os
variáveis determinantes da qualidade da
processos fisiológicos de todos os
água, a perda da biodiversidade
organismos aquáticos (Munday et al.,
aquática em função da desestruturação
2009).
do ambiente físico e químico e a
A temperatura de ambientes
alteração da dinâmica natural das
aquáticos pode ser alterada de maneira
comunidades biológicas (Currie e Tufts,
aguda, como por exemplo, quando
1997; Goulart e Calistto, 2003).
indústrias despejam água aquecida ou
O ambiente aquático é
resfriada em rios e lagos. Também pode
extremamente dinâmico e os
ser alterada a longo prazo, como é o
organismos que nele vivem enfrentam
caso do aquecimento global. De acordo
alterações ambientais dificilmente
com os cenários projetados pelo IPCC
enfrentadas por animais terrestres,
(2007), a temperatura média global deve
como mudanças rápidas ou extremas de
aumentar entre 2,3°C e 4,5°C até o ano
temperatura, na concentração de
de 2100 se comparada ao período pré-
oxigênio dissolvido, no pH, na
industrial.
concentração e nos tipos de íons

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Carneiro (2002) comenta que a ambientes aquáticos estão, cada vez


construção de barragens interrompe o mais, sendo submetidos a processos
fluxo natural do curso d'água, que levam à alterações dos padrões
acarretando em variações no regime locais ou regionais de temperatura e de
fluvial, transformando zonas de oxigênio dissolvido.
correntezas em ambientes lênticos. Nessa linha de pesquisa, na qual
Além dessas alterações drásticas dos organismos aquáticos são afetados por
padrões locais de circulação, isso alterações ambientais diversos grupos
também pode afetar a temperatura e, tem sido alvo de estudo, tais como:
principalmente, a concentração de microalgas (Morais e Costa, 2008;
oxigênio dissolvido em ambientes Johnson et al., 2009; Lohbeck et al.,
aquáticos. Esta falta de circulação 2012), macroinvertebrados (Johnson et
contribui para que ocorra a formação de al., 2009); anêmonas (Black et al., 1995;
termoclinas e oxiclinas. Fiorucci e Filho Choresh et al., 2001; Goldstone, 2008),
(2005) ainda comentam que a moluscos bivalves (Clegg et al., 1998;
construção de represas sobre áreas de Buckley et al., 2001; Lacoste et al, 2001;
florestas podem resultar na formação de Brown et al., 2004; Fabbri et al., 2008;
lagos com alta demanda bioquímica de Cho e Jeong, 2012), gastrópodes
oxigênio. Nessas represas, a grande (Tomanek, 2002; Tomanek e Sanford,
quantidade de fitomassa inundada, ao 2003), crustáceos (Ravaux et al., 2003;
se decompor, gera elevados déficits de Ravaux et al., 2007; Fernandes, 2010) e
oxigênio. peixes (Iwama et al., 1998; Iwama et al.,
Casagrande (2006) comenta que 1999; Iwama et al., 2004; Breau et al.,
reduções na concentração de oxigênio 2007; Johnson et al., 2009).
dissolvido em ambientes aquáticos Segundo Al-sabti e Metcalfe
podem ocorrer quando quantidades (1995), além de geralmente
significativas de matéria orgânica são apresentarem interesse econômico, o
incorporadas a eles. Essa situação uso de peixes é frequente nesse tipo de
ocorre normalmente com o lançamento estudo pois estes apresentam respostas
de esgotos domésticos e de efluentes toxicológicas similares àquelas
industriais ricos em matéria orgânica apresentadas pelos vertebrados
nos corpos d’água. superiores. Além disso, esses autores
Desta forma, seja por causas citam que os peixes indicam o potencial
naturais ou antropogênicas, os de exposição de populações humanas a

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genotóxicos químicos e também estão durante as fases de ovos e larvas


entre os maiores veículos de (Munday et al., 2009).
transferência de contaminantes para Como os peixes são organismos
humanos. ectotermos, sua temperatura corpórea
Este estudo foi realizado com o reflete a temperatura do ambiente que o
objetivo de avaliar quais são os circunda (Randall et al., 2000). Contudo,
mecanismos adaptativos dos peixes às alguns peixes conseguem reter calor em
alterações ambientais diretamente algumas partes do corpo (músculo,
relacionadas à temperaturas e ao olhos, cérebro e vísceras) (Pough et al,
oxigênio dissolvido. 2003). Esta capacidade de retenção de
calor habilita as espécies que a
DESENVOLVIMENTO
possuem de desenvolver uma natação
1- ADAPTAÇÃO DE PEIXES A rápida e contínua, com uma eficiente
VARIAÇÕES DE TEMPERATURA contração muscular. Além disso,
De acordo com Dong e Somero (2008) estabiliza o metabolismo e as funções
uma das alterações em escala global sensoriais e digestórias (Baldisserotto,
mais discutida atualmente, o 2009).
aquecimento global, afetaria Porém, mesmo nesses casos,
diretamente as espécies e as assim como naquelas espécies que não
comunidades de peixes. Assim, é de apresentam qualquer mecanismo de
suma importância entender como as retenção de calor, a temperatura da
condições ambientais variam no espaço água constitui-se no mais importante
e no tempo bem como de que maneira fator para o controle dos processos
os organismos respondem a estas fisiológicos em peixes (Brian et al.,
variações (Tewkbury et al, 2008). 2008). Os limites de tolerância à
Mudanças de temperatura de alguns temperatura para uma dada espécie,
poucos graus Celsius podem influenciar entretanto, não são fixos. A exposição a
os principais processos fisiológicos dos uma temperatura próxima da letal
peixes, tais como a taxa de crescimento, frequentemente induz a adaptação, de
a capacidade de natação e o modo que uma temperatura
desempenho reprodutivo. Estes, por sua anteriormente letal passe a ser tolerada
vez, parecem ser particularmente (Schmidt -Nielsen, 1999; Baldisserotto,
sensíveis à variação da temperatura 2009).

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Dentre as adaptações Outro tipo de ajuste que os


correlacionadas à temperatura, podem- peixes podem realizar é a reorganização
se distinguir aquelas que afetam a do metabolismo celular. Quando são
sobrevivência do animal diante de expostos a temperaturas diferentes das
índices extremos (adaptações de que estão acostumados, eles utilizam
resistência) e aquelas que afetam as vias metabólicas diferentes (Randall et
capacidades fisiológicas diante de al., 2000). De acordo com Baldisserotto
temperaturas não extremas (adaptações (2009), podem ocorrer mudanças na
de capacidade) (Hochachka e Somero, síntese de enzimas, na concentração de
2002). substrato e/ou produtos das rotas
metabólicas e de moduladores de
1.1 Ajustes fisiológicos e reações enzimáticas. Pode ocorrer
bioquímicos dos peixes frente a altas também a substituição de uma forma
temperaturas molecular com mesma especificidade
Quando ocorrem aumentos enzimática (isoenzima) por outra,
abruptos de temperatura em ambientes dependendo da temperatura, visto que
aquáticos, os peixes geralmente elevam existe uma isoenzima específica para
suas frequências cardíaca e respiratória, cada temperatura. Avrora (1984)
devido ao aumento de seu metabolismo comenta que o processo de condução
(Baldisserotto, 2009). A carpa comum nervosa é extremamente sensível a
(Cyprinus carpio) é um exemplo desta alterações de temperatura e que a
situação, pois em ambientes cuja composição dos ácidos graxos de
temperatura esteja entre 6 e 15˚C acima gangliosídeos cerebrais correlaciona-se
da faixa de conforto, ela é capaz de com a temperatura ambiental. De
aumentar o volume de sangue acordo com Prosser (1967) os
bombeado pelo coração e elevar sua processos de adaptação térmica em
frequência cardíaca. Isso ocorre devido peixes estão relacionados às alterações
há um aumento na taxa de funcionais do sistema nervoso. As
despolarização das células marca-passo funções sinápticas são extremamente
do coração (Baldisserotto, 2009). Esse sensíveis a alterações de temperatura,
aumento na frequência cardíaca é de modo que a sinapse é considerada a
essencial para compensar o aumento principal área adaptativa do sistema
das taxas metabólicas em geral. nervoso.

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Estudos realizados por Roots al., 2003). Exemplares de enguia


(1968 citado por Breer e Rahmann, americana (Anguilla rostrata), em águas
1976) com exemplares de goldfish abaixo de 8˚C, param de se alimentar e
(Carassius auratus) sugerem que se enterram na lama. A maioria das
ocorram modificações nos fosfolipídios espécies de peixe, entretanto, não se
de membrana quando os animais são enterra quando apresentam torpor ao
expostos a temperaturas fora da faixa frio, apenas ficam imóveis para reduzir o
de conforto. Essas modificações gasto energético (Baldisserotto, 2009).
permitiriam a manutenção da fluidez e Algumas alterações no
da permeabilidade das membranas, metabolismo celular podem fazer com
melhorando o funcionamento do sistema que as substâncias de reserva mudem.
nervoso destes animais. Hochachka e Com uma redução de temperatura, por
Somero (1973) também verificaram que exemplo, pode ocorrer um aumento nas
a composição fosfolipídica das reservas de glicogênio e uma
membranas celulares em tecidos diminuição dos triacilgliceróis no fígado
nervosos de animais que vivem em de trutas arco-iris (Oncorhynchus
baixas temperaturas é mais insaturada mykiss). Neste caso, os lipídeos são
do que daqueles que vivem em altas usados para fornecer energia e o
temperaturas. Essas mudanças, assim glicogênio é armazenado (Baldisserotto,
como as mencionadas por Roots (1968 2009).
citado por Breer e Rahmann, 1976), são Schimidt-Nielsel (1999) explica
importantes para manter a viscosidade que os organismos que habitam regiões
das membranas celulares. temperadas e polares podem
desenvolver tal tolerância ao frio a ponto
1.2 Adaptações dos peixes frente a de conseguirem sobreviver ao
baixas temperaturas congelamento prolongado e impedirem
Quando a temperatura da água a formação de gelo em seu corpo. A
decai, os peixes imediatamente tendem maioria das espécies, entretanto, podem
a reduzir as suas taxas metabólicas, ser tolerantes ao congelamento, mas
permitindo uma economia de reservas morrem se houver formação de gelo em
corporais em ambientes desfavoráveis, seu sangue ou tecidos.
fator este importante, pois em baixas Pode-se considerar, portanto, que
temperaturas a disponibilidade de a ameaça à vida nas baixas
alimento pode ser reduzida (Pough et temperaturas não é apenas o frio, mas

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também a impossibilidade de evitar a Wohrmann (1996) comenta que


formação de gelo nos tecidos. Como as exemplares de 37 espécies antárticas,
células e os corpos dos animais são representantes das famílias
compostos por grande quantidade de Nototheniidae, Artedidraconidae,
água, o gelo pode ser letal porque sua Bathydraconidae, Channichthyidae,
formação perturba o equilíbrio entre os Muraenolepididae. Liparididae,
fluidos externos e internos das células, o Zoarcidae e Myctophidae,
que resulta em encolhimento celular e apresentavam proteínas
dano irreversível aos tecidos afetados anticongelantes, sendo que a
(Verde et al., 2011). Para que isso não concentração destas varia de acordo
ocorra, algumas espécies produzem com a temperatura do ambiente.
glicoproteínas anticongelantes (GA) Outro exemplo de adaptação a
(Verde et al., 2011). Estas proteínas são baixas temperaturas, que pode ser
uma família de polímeros produzida no observado em teleósteos da família
tecido pancreático e na porção anterior Channichthyidae (icefish), é a perda do
do estômago. O sangue e fluídos gene codificador da hemoglobina (Verde
tissulares dos peixes possuem estes et al., 2006).
componentes anticongelantes, os quais Embora o oxigênio possa ser
impedem a adição de moléculas da transportado livremente na sua forma
água á matriz de cristais de gelo e, dissolvida, grande parte dos animais faz
portanto o seu desenvolvimento. De uso de um ou mais tipos de proteínas
acordo com Verde et al. (2006) peixes carreadoras para transportar o oxigênio
que habitam os dois polos possuem até os tecidos. Quando comparadas às
estas glicoproteínas e estas espécies temperadas e tropicais, os
constituiriam um clássico exemplo de nototenióides, peixes da região
adaptação independente. Antártica, possuem reduzida
Segundo Prisco et al. (1998), a concentração de hemoglobinas. Peixes
primeira glicoproteína anticongelante foi da família Channichthyidae, por sua vez,
descoberta no peixe antártico não apresentam hemoglobina. Todas as
Pseudopleuronectes americanus. De espécies de icefish (peixes-do-gelo) não
acordo com os autores, foram possuem hemoglobinas e muitas
descobertas três tipos adicionais de também não produzem mioglobinas. Em
GA´s, sendo diferenciadas pelas exemplares destas espécies, o
estruturas secundárias e terciárias. transporte de oxigênio aos tecidos

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ocorre por meio de um gás fisicamente algumas espécies se adaptaram


dissolvido no plasma (Verde et al., evolutivamente a viver em condições de
2011). hipóxia. A carpa Cyprinus carpio, por
exemplo, é capaz de sobreviver até seis
2 ADAPTAÇÃO DOS PEIXES A meses em águas com baixa
AMBIENTES DE HIPÓXIA temperatura e ausência de oxigênio
Dentre os gases dissolvidos na dissolvido, respirando diretamente o
água, o oxigênio é um dos mais oxigênio atmosférico. O peixe dourado
importantes na dinâmica e na (Carassius auratus) e o peixe sapo
caracterização dos ecossistemas (Opsanus tau) também suportam
aquáticos (Esteves, 1998). condições de anóxia (Heath, 1995).
As principais fontes de oxigênio Porém, como regra geral, uma
da água são a atmosfera e a adequada concentração de oxigênio
fotossíntese. Por outro lado, as perdas dissolvido nos ambientes aquáticos é
de oxigênio são causadas pela vital para a sobrevivência e para o
decomposição da matéria orgânica, crescimento dos peixes. Mas não
perdas para a atmosfera, respiração de apenas as condições de hipóxia podem
organismos aquáticos e pelo aumento ser prejudiciais, mas também as de
da temperatura ambiente (Baldisserotto, hiperóxia, uma vez que ambas podem
2009). Conforme a temperatura da água provocar alterações na estrutura de
aumenta, a disponibilidade de oxigênio lipídeos, proteínas e no próprio DNA dos
diminui, pois a solubilidade (lei de peixes (Liepelt et al., 1995).
Henry) e o percentual de saturação do A primeira reação do peixe,
oxigênio caem. Além disso, a elevada quando exposto a situação de hipóxia
atividade biológica em altas tende a ser a mudança de ambiente,
temperaturas tende a reduzir procurando águas com maior
drasticamente a concentração de concentração de oxigênio dissolvido
oxigênio, especialmente em corpos (Baldisserotto, 2009). Porém,
d´água de pequenas dimensões. dependendo do grau de hipóxia e da
Consequentemente, em altas sua duração, os organismos podem
temperaturas os peixes necessitam de desenvolver estratégias que impliquem
mais oxigênio, embora este tenda a se em mudanças teciduais, fisiológicas e
encontrar menos disponível no ambiente comportamentais para enfrentar essa
(Powers et al., 1978). Por esta razão condição ambiental (Heath, 1995).

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filamentos branquiais que, por sua vez,


2.1 Adaptações cardiorrespiratórias à estão ligados aos arcos branquiais. Em
hipóxia cada filamento existe um vaso
Para animais aquáticos, a baixa sanguíneo para entrada de sangue na
concentração de oxigênio disponível na brânquia e outro para saída. As
água faz com que os órgãos brânquias localizadas na cavidade
respiratórios apresentem adaptações opercular entre a faringe e o opérculo,
para aumentar a eficiência das trocas são banhadas por um fluxo contínuo de
gasosas (Baldisserotto, 2009). Estas água que entra pela boca e sai pela
adaptações incluem o aumento da fenda opercular. Nas lamelas o sangue
velocidade de fluxo de água e circula nos capilares em sentido oposto
estreitamento do espaço entre as ao movimento da água que passa na
lamelas branquiais. cavidade opercular – mecanismo de
Além disso, os peixes se contracorrente. Este mecanismo permite
adaptam aumentando a superficial o aumento do contato entre o sangue
branquial para atender a demanda por cada vez mais oxigenado e a água
oxigênio. A maior ventilação branquial é corrente, cuja pressão parcial do
conseguida pela elevação da frequência oxigênio é sempre superior à do
respiratória e por um aumento do sangue. Assim a mantém-se o gradiente
volume corrente. Em peixes que que assegura a difusão até valores
habitam regiões de águas hipóxicas, há próximos da saturação, aumentando a
maior área branquial do que em peixes eficiência da hematose branquial.
de áreas normóxicas, obtidas por longos A diminuição da pressão parcial
filamentos e lamelas branquiais de oxigênio na água também pode
(Baldisserotto, 2009). provocar uma braquicardia, ou seja,
Uma importante adaptação uma diminuição do fluxo de sangue
evolutiva dos peixes foi o sistema de pelas brânquias e, consequentemente,
trocas gasosas a partir de em fluxo maior contato das lamelas com o
contracorrente entre a água e o sangue sangue, o que favorece a difusão do
nas lamelas branquiais. Como explica oxigênio (Baldisserotto, 2009). A
Schmidt-Nielsen (1999) as brânquias braquicardia diminui a velocidade de
dos peixes são constituídas por lamelas passagem do sangue nas brânquias,
em elevado número e muito aumentando o seu tempo de passagem
vascularizadas que estão associadas a

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pelas lamelas, favorecendo a difusão do de uma forma em geral (Baldisserotto,


oxigênio da água para o sangue. 2009).
A hipóxia também pode ativar a
liberação de catecolaminas, 2.2 Demais adaptações dos peixes à
promovendo a dilatação das arteríolas hipóxia
aferentes e constrição das eferentes. Peixes que habitam locais onde
Nesta situação todas as lamelas ocorre a hipóxia devido a existência de
passariam a receber sangue, cheias periódicas podem realizar
aumentando a área disponível para as diapausa, bem como fazer uso de
trocas gasosas (Randall et al., 2000). estruturas acessórias para respiração
Os peixes também podem (Helfan et al., 2009).
apresentar um aumento de eritrócitos Na diapausa os ovos são
circulantes, assim como um aumento da depositados em áreas úmidas durante
afinidade da hemoglobina pelo oxigênio. os períodos chuvosos, onde
O que facilita a captação do oxigênio da permanecem por um ano. Durante este
água é a diminuição dos níveis de GTP período, os ovos são expostos ao
e ATP intraeritrocitário (Baldiserotto, período de seca, ficando em repouso
2009). (diapausa) até que a área seja
A carpa comum, por exemplo, novamente inundada, quando então
apresenta sangue com alta afinidade ocorre a eclosão das larvas.
pela hemoglobina, fato este que Hrbek e Larson (1999),
aumenta a eficiência da captação de analisando o mecanismo de diapausa
oxigênio na água. Entretanto, essa em rivulideos, verificaram que o
afinidade dificulta a liberação do desenvolvimento destes peixes pode
oxigênio para os tecidos, o que acaba facilitar sua evolução paralela em
implicando em redução do nível de habitats temporários, favorecendo a
atividade desses organismos (Randal, origem múltipla de ciclos de vida anual,
2000). por meio de seleção natural imposta por
Durante a hipóxia aguda pode forças ecológicas. Estes peixes
ocorrer a hiperventilação, com redução depositam seus ovos em épocas
de gás carbônico sanguíneo, alcalose chuvosas, sendo encontrados na fase
respiratória e aumento da afinidade da adulta em poucas épocas do ano e
hemoglobina pelo oxigênio em peixes, atingindo a maturidade sexual
rapidamente (Volcan, 2009).

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A segunda característica é a ar entra pela boca e é enviado a uma


utilização de estruturas acessórias para câmara anterior do órgão respiratório
a respiração, permitindo a captação do por meio do ducto pneumático, onde fica
oxigênio disponível no meio (Helfan et armazenado. Após a expulsão do ar da
al., 2009). câmara posterior e saída deste pelo
O pirarucu (Arapaima gigas), por opérculo, o fluxo de ar da câmara
exemplo, complementa a respiração anterior segue para a posterior, onde
branquial por meio da captação de ocorre a troca gasosa (Cahcon e
oxigênio via bexiga natatória, a qual se Luchiari, 2011).
comunica com o tubo digestivo O tambaqui (Colossoma
(Crampton, 1999). Na bexiga natatória macropomum) quando exposto a águas
existe uma região altamente hipóxicas, projeta o lábio inferior para
vascularizada (rete miriabile), que capturar o oxigênio presente na lâmina
quando em contato com a luz da bexiga d´água (Alves et al., 1999). Com a
preenchida por ar atmosférico, realiza retomada das condições normais de
as trocas gasosas. Segundo Crampton oxigênio dissolvido na água, essa
(op. cit.), a captação de ar atmosférico é adaptação morfológica tende a regredir
realizada pelo animal ao subir até a (Val e Val, 1995).
superfície da água e abrir a boca, O poraquê, por sua vez, possui a
realizando, nesse momento, a cavidade oral muito vascularizada,
respiração suplementar à respiração possuindo múltiplas dobras e papilas
branquial. Desta forma, o pirarucu é um que aumentam a superfície respiratória
animal de respiração aérea obrigatória. (Weber et al., 1978).
A utilização da respiração aérea, Outro exemplo de estrutura
no caso do peixe jeju (Hoplerythrinus acessória é observada na Pirambóia
unitaeniatus), também se dá através da (Lepidosiren paradoxa), que possui a
bexiga natatória, entretanto ela é bexiga natatória transformada em
facultativa (Cruz-Hofling et al., 1980). pulmões pareados. Tal bexiga contém
Tanto o pirarucu quanto o jeju inúmeras paredes muito finas e
ventilam seus órgãos respiratórios ricamente vascularizadas, nas quais o
usando a força de uma bomba bucal de sangue circula e captura o oxigênio do
forma semelhante a outros peixes, ar atmosférico (Phelps et al., 1978).
porém com fluxo de ar bidirecional em Os bagres (Hoplosternum
algumas regiões do trato respiratório. O littorale), por sua vez respiram oxigênio

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atmosférico por meio de uma secção do elevação de frequências cardíaca e


intestino de paredes delgadas altamente respiratória, além da ocorrência de
vascularizadas, localizada logo em modificações das características de
seguida ao estômago. As paredes desta suas membranas fosfolipidicas. Em
secção são aglandulares não ciliadas e ambientes temperados e frios, podem
apresentam vasos sanguíneos grandes alterar seu metabolismo celular, assim
na parte externa e densas camadas como produzir glicoproteínas
capilares no interior (Garlick et al., anticongelantes e perder o gene
1978). codificador da hemoglobina.
Exemplares de carpa do gênero Em ambientes hipóxicos, por sua
Carassius sp. parecem ser as que mais vez, os peixes sofrem inúmeras
suportam condições de hipóxia e adaptações cardiorrespiratórias,
anóxia, sendo capazes de sobreviver podendo ocorrer o fenômeno de
por meses em lagos congelados da diapausa e o surgimento de estruturas
Europa e Ásia (Simões, 2008). Quando acessórias para a respiração.
os níveis de oxigênio caem, a carpa Ou seja, à medida que as
regula a glicólise evitando uma alto- pressões seletivas se aplicam sobre os
poluição pelo incremento dos níveis de peixes estes demonstram possuir
lactato, que é convertido em etanol e grande capacidade adaptativa. Como os
liberado pelas brânquias (Johnston e ecossistemas aquáticos estão em
Bernard, 1983). Com isso, ela está apta constante mudança, tais respostas
a manter a produção de energia na adaptativas dos peixes frente às
ausência de oxigênio enquanto houver alterações ambientais acabam sendo
glicogênio presente no fígado (Nilsson, um fator-chave para sua sobrevivência
1990). como indivíduos e como espécie.

CONCLUSÃO REFERÊNCIAS
Este estudo permitiu observar
que os peixes respondem às alterações AL-SABTI, K.; METCALFE, C.D. Fish
micronuclei for assessing genotoxicity in
ambientais relacionadas às variações de water. Mutation Research, v. 343, p.
temperatura e oxigênio das mais 121-135, 1995.
diversas formas. Em ambientes tropicais ALVES, M. I. M.; SOUZA, P. C. G.;
SILVA, P. R. R. et al. Estratégia
são capazes de regular seus processos respiratória do tambaqui, Colossoma
fisiológicos e bioquímicos por meio de macropomum (Cuvier, 1818), em
condições de hipóxia. Revista

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