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DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS
D enize C avichioli
Univel Centro Universitário
Coordenação do Núcleo
Tiago Francisco Buosi
de Educação a Distância
TEMA 2
Ciclo financeiro e operacional............................................................................................................ 41
2.1 Ciclo financeiro.................................................................................................................................42
2.2 Ciclo operacional..............................................................................................................................51
2.3 Investimento operacional em giro (IOG)..........................................................................................58
2.4 Saldo de tesouraria..........................................................................................................................67
EM RESUMO......................................................................................................................................... 75
TEMA 3
Introdução ao capital de giro e à avaliação financeira...................................................................... 76
3.1 Capital Circulante Líquido (CCL)......................................................................................................77
3.2 Ativo Circulante (AC), Capital Permanente Líquido (CPL) e Capital de Giro Próprio (CGP)...........85
3.3 Capital de Giro Operacional Líquido (CGOL)....................................................................................92
3.4 Avaliação financeira e de riscos....................................................................................................101
EM RESUMO....................................................................................................................................... 109
TEMA 4
Alavancagem, solvência e insolvência............................................................................................. 110
4.1 Alavancagem operacional..............................................................................................................111
4.2 Alavancagem financeira................................................................................................................120
4.3 Alavancagem total..........................................................................................................................127
4.4 Solvência e insolvência..................................................................................................................135
EM RESUMO....................................................................................................................................... 143
Indicadores de atividade | TEMA 1 9
tema
Indicadores de atividade 1
OBJETIVO
Proporcionar conhecimento básico sobre os
indicadores de atividade.
NOSSO TEMA
Os indicadores de atividade, como o próprio nome pressupõe, são medidas das
atividades empresariais, ou seja, referem-se às atividades operacionais de uma
empresa, sendo fundamentalmente constituídas por operações relacionadas
aos estoques, vendas e compras.
Matarazzo (2010) afirma que a precisão dos índices de prazos médios está re-
lacionada diretamente à uniformidade das vendas e compras, ou seja, se a em-
presa tem vendas e compras aproximadamente uniformes durante o ano, os
índices de prazos médios calculados a partir dos dados do Balanço e da De-
monstração do Resultado refletirão satisfatoriamente a realidade. Por outro
lado, segundo o autor, se houver flutuação das compras e vendas, tiverem picos
e vales ou concentração em determinadas épocas do ano, os índices de prazos
médios poderão estar distorcidos.
Matarazzo (2010) afirma que os índices de prazos médios não devem ser anali-
sados individualmente, mas sim, em conjunto. Além disso, o autor recomenda
que não deve ser misturada a análise dos índices de prazos médios com a de
índices econômico e financeiro.
Matarazzo (2010) chama a atenção para a diferença entre prazos médios e ro-
tações. O autor afirma que se a empresa mantém estoques para 90 dias, isso
significa que os estoques são renovados quatro vezes ao ano, assim como se ela
vende com um prazo médio de 60 dias, as Duplicatas a Receber renovam-se seis
vezes ao ano, ou seja, o número de vezes em que determinado item se renova,
roda ou gira é calculado dividindo-se 360 pelo prazo médio. Acompanhe na
Figura 2.
Figura 2 – Rotações
360 CMV
Rotação de Estoques ou
PMRE Estoques
360 V
Rotação de Duplicatas a Receber ou
PMRV Duplicatas a receber
360 C
Rotação de Fornecedores ou
PMPC Fornecedores
Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).
Legenda:
V = Vendas
C = Compras
12 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Sobre os índices de rotação, Matarazzo (2010) afirma que estes são úteis e de
certa forma didáticos em alguns relatórios, porém não são tão informativos
quanto os de prazos médios e dificultam a conjugação dos três índices. Ainda, o
autor afirma que alguns autores juntam indevidamente aos índices de rotação o
índice de giro do ativo, o que constitui uma total impropriedade interpretativa,
visto que o índice de giro do ativo visa dimensionar o volume de vendas rela-
tivamente ao investimento total, ao passo que os índices de rotação ora apre-
sentados informam quantas vezes ao ano se renovam as Duplicatas a Receber,
Estoques e Fornecedores.
Silva (2012) chama a atenção sobre os índices de rotação, afirmando que estes
constituem-se em categoria de elevada importância para o analista, visto que
o Balanço de uma empresa reflete sua situação patrimonial em determinado
momento, como se fosse uma fotografia que mostra algo de forma estática, mas
não reflete sua mobilidade, dinamismo, enquanto em suas operações, a empresa
compra, fabrica, estoca, vende e recebe em um processo dinâmico e contínuo.
Sobre o ciclo operacional, Assaf Neto (2012) afirma que, na consecução das
atividades operacionais, a empresa persegue sistematicamente a produção de
bens ou serviços e, consequentemente, vendas e recebimentos, buscando, as-
sim, obter determinado volume de lucros, que possam satisfazer às expectati-
vas de retorno e suas fontes de financiamento.
Compra de Materiais
Recebimento Produção
Vendas
Na Figura 3 observa-se, segundo Assaf Neto (2012), uma sequência natural das
fases operacionais da empresa, que têm início na compra de materiais que são
direta ou indiretamente utilizados na produção e desembocam na cobrança das
vendas efetuadas.
De acordo com Assaf Neto (2012), a soma dos prazos de cada uma das
fases operacionais é denominada período de maturação.
Os autores também afirmam que tais medidas são importantes para gerenciar
o capital de giro e a necessidade de investimento no Ativo, além do seu acom-
panhamento permitir uma visão expressiva do andamento das operações da
empresa, bem como seu impacto financeiro e patrimonial.
Conforme complementa Assaf Neto (2012) e como pode ser verificado na Figura
4, o ciclo financeiro é basicamente a diferença entre o número de dias do ciclo
operacional e o prazo médio de pagamento a fornecedores.
16 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Fonte: 123RF.
Matarazzo (2010) afirma que a conjugação dos três índices de prazos médios
leva à análise dos ciclos operacional e financeiro, e a partir dos ciclos operacio-
nal e financeiro podem ser construídos modelos de análise do capital de giro e
do fluxo de caixa.
Os três índices apresentados por Matarazzo (2010), que são o Prazo Médio
de Recebimento de Vendas (PMRV), Prazo Médio de Pagamento de Compras
(PMPC) e Prazo Médio de Renovação dos Estoques (PMRE) serão estudados na
sequência.
LEITURA COMPLEMENTAR
Amplie ainda mais seu conhecimento com a leitura do artigo “Análise dos
prazos médios de compra e venda e o impacto no fluxo de caixa empre-
sarial das microempresas e empresas de pequeno porte”, Iago Moscardi
Conde, Luciano Conde Abolis, William Santana Macambira e Maria Cecília
Palácio Soares.
Este artigo faz uma análise minuciosa do ciclo operacional das empresas,
avaliando possíveis mudanças nos prazos que o compõe, dando enfoque
especial para o ciclo de caixa e suas consequências. Disponível em: http://
intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/view/4790/4538.
Indicadores de atividade | TEMA 1 17
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômi-
co-financeiro. São Paulo: Atlas, 2012.
Nesse contexto, Matarazzo (2010) afirma que o correto seria tomar as vendas
dos próximos meses após o Balanço, mas como esse dado não é disponível ao
analista externo, são utilizadas as próprias vendas passadas a preço de custo,
dadas pelo Custo das Mercadorias Vendidas (CMV).
Para Silva (2012), as duas questões básicas da administração dos estoques re-
sumem-se em “quanto comprar” e “quando comprar”, uma vez que para aten-
dimento da clientela, a empresa precisa manter certo volume de mercadorias e
bens. O autor afirma que no caso das indústrias, para produzir é preciso maté-
ria-prima, materiais indiretos, componentes e embalagens, que exigem investi-
mentos em estoques.
Indicadores de atividade | TEMA 1 19
Ainda, Silva (2012) ressalta que existem duas formas principais de interpreta-
ção dos estoques, que são as seguintes:
a. Observar o montante de estoques da empresa como algo que representa
certa potencialidade de os mesmos serem transformados em dinheiro, que
é a imagem que as empresas tentam passar aos gerentes de bancos quando
desejam obter empréstimos.
b. Entender os estoques como investimento (aplicação de recursos) no Ativo
Circulante, quanto maiores sejam os estoques, mais recursos a empresa
está comprometendo com eles. Além dos custos de aquisição ou fabrica-
ção, existem outros gastos como o custo do respectivo capital aplicado,
armazenagem e seguros, por exemplo. O mundo moderno caminha em
direção a uma administração em que os estoques tenham giro rápido e,
provavelmente, a forma como os estoques vêm sendo financiados, isto é,
com prazo concedido pelo fornecedor, recursos próprios ou endividamen-
to bancário, é uma questão fundamental para o analista de empresas.
E
PMRE = CMV
360
OU
E
PMRE = 360 x
CMV
Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).
X1 X2 X3
PMRE = 74 PMRE = 114 PMRE = 112
751.206 1.039.435 1.317.514
360 x 360 x 360 x
3.621.530 3.273.530 4.218.671
Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).
Nesse contexto, no que se refere a indústrias, Assaf Neto (2012) apresenta qua-
tro indicadores, além do PMRE que é utilizado na empresa comercial, que são
o Prazo Médio de Estocagem de Matéria-Prima (PME), o Prazo Médio de Fa-
bricação (PMF), o Prazo Médio de Venda (PMV) e o Prazo de Estocagem Total
(PME Total).
O PME, segundo Assaf Neto (2012), indica o tempo médio verificado desde a
aquisição do material até sua requisição na produção, ou seja, o tempo médio
(em dias) que a matéria-prima permanece no estoque até que seja consumida
no processo de produção. A fórmula do índice pode ser visualizada na Figura 3.
Já o PMF, segundo Assaf Neto (2012), indica o tempo médio que a empresa tar-
da em fabricar o produto. A sua fórmula está disposta na Figura 4.
O PMV, que também é definido por prazo médio de estocagem dos produtos
acabados, mostra o tempo médio que o produto gasta desde a sua elaboração até
que seja vendido, ou seja, o tempo que um determinado produto fica no estoque
até ser vendido. Sua fórmula é apresentada na Figura 5.
E, por fim, considerando que muitas vezes, na prática, não é possível identificar
os vários componentes do estoque, como materiais, produtos em elaboração e
produtos acabados, sendo apresentados seus valores totais no Balanço, Assaf
Neto (2012) cita o cálculo do prazo de estocagem total (PME Total), que indica o
22 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
tempo médio que os estoques totais de uma empresa ficam armazenados até que
sejam consumidos, produzidos e vendidos. Sua fórmula é exposta na Figura 6.
O índice PMRE também pode ser calculado por meio do chamado “Método de
Exaustão”. Acompanhe o exemplo apresentado por Matarazzo (2010) na Figura 7.
De acordo com Matarazzo (2010), o prazo acumulado é o prazo real que aqui no
exemplo é obtido pela soma de 30 + 30 + 30 + 8, que dá origem a um PMRE de
98 dias.
Como pode ser observado na Figura 7, nesse método parte-se do valor de es-
toques, que no exemplo consiste em R$7.900,00 e vai se subtraindo o valor do
CMV até que seja “zerado” o estoque, momento em que se identifica o PMRE. No
exemplo em questão, no mês de março havia um estoque no valor de R$870,00
e em abril houve um CMV de R$3.200,00, o que fez com que houvesse o “zera-
mento”.
Indicadores de atividade | TEMA 1 23
Silva (2012) destaca que, pelo fato de se trabalhar com os estoques das datas de
encerramento dos balanços na fórmula de cálculo do índice, há a possibilida-
de de o resultado carregar alguma distorção, se a empresa tiver algum tipo de
sazonalidade em suas vendas. O autor reitera que o ideal seria ter os valores de
estoques mensais para o cálculo da média.
Além de tal fato, Silva (2012) assevera que a inflação também pode contribuir
para distorção dos cálculos, principalmente se não houver mecanismos de cor-
reção dos valores das demonstrações contábeis. Ainda, o autor chama a atenção
para os casos de empresas que apresentam o custo dos produtos vendidos e
dos serviços prestados em uma única rubrica, o que impossibilita o cálculo do
PMRE de forma direta.
Matarazzo (2010) defende a utilização de saldo final, afirmando que, por meio
deste, pode-se conhecer quais os prazos de recebimentos, renovação de esto-
ques e pagamentos nas datas dos balanços analisados, ao passo que o saldo
médio não permite conhecer quais os prazos efetivamente praticados nas datas
de Balanço, mas uma média entre o Balanço inicial e final, que não permite
conclusões adequadas sobre as políticas de prazos da empresa.
24 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
LEITURA COMPLEMENTAR
No intuito de aprofundar ainda mais seu conhecimento, leia o artigo “A
importância do gerenciamento de estoques no capital de giro, um estu-
do de caso”, de Rinaldo Bezerra Negromonte Filho, Renkel Aladim Araújo,
Warney Vasconcelos de Oliveira e Jurandir Soares da Silva. No estudo,
foi realizada uma pesquisa com foco no gerenciamento de estoques e sua
participação no capital de giro da empresa Feminina Bijouterias, uma em-
presa de pequeno porte localizada em Natal/RN. Disponível em: https://
repositorio.unp.br/index.php/connexio/article/view/214.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômi-
co-financeiro. São Paulo: Atlas, 2012.
Vendas V
Prazo Médio de
Duplicatas
Recebimento
a Receber
de Vendas
DR
PMRV
Existe nas empresas, segundo Silva (2012), uma real preocupação com o risco
de crédito. Segundo o autor, as vendas a prazo seguem uma política de crédito
adotada pela empresa, que seja adequada ao seu tipo de atividade e alinhada
com seus objetivos estratégicos, que tendem a ser parecidos em empresas de
ramo semelhante e varia entre os ramos.
26 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Silva (2012) ressalta, entretanto, que muitas vezes e com o intuito de conquistar
novos mercados, a empresa diminui o grau de sua exigência na análise de risco
de seus clientes, o que pode acarretar um volume maior de incobráveis e gastos
maiores com cobranças e outras funções administrativas. O autor destaca que
a flexibilidade de políticas de crédito pode exigir um rigor maior em políticas
de cobrança.
Para saber mais sobre risco de crédito, leia o artigo intitulado “Análise
de risco de crédito com o uso de regressão logística”, de Eric Bacconi
Gonçalves, Maria Aparecida Gouvêa e Daielly Melina Nassif Mantovani.
O artigo tem por objetivo aplicar a técnica de regressão logística no
desenvolvimento de um modelo de predição de credit scoring com dados
de uma instituição financeira. Disponível em: https://periodicos.ufsc.
br/index.php/contabilidade/article/view/2175-8069.2013v10n20p139.
Matarazzo (2010) cita o exemplo de uma empresa que apresenta vendas diárias
de R$10,00 e Prazo Médio de Recebimento de 30 dias, na qual ocorre o apre-
sentado na Figura 2 ao longo do tempo.
Dias
1º 2º 3º ..... 30º 31º 32º 33º
Vendas 10 10 10 ..... 10 10 10 10...
Recebimentos
0 0 0 ..... 0 10 10 10...
(Entrada em caixa)
Duplicatas a Receber 10 20 30 ..... 300 300 300 300...
Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).
DR = PMRV x Vd
DR = 30 x 10
DR = 300
OU
DR
PMRV=
Vd
300
PMRV=
10
PMRV = 30 dias
Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).
Legenda:
DR = Duplicatas a Receber
Vd = Vendas Diárias
DR
PMRV = Vd
360
OU
DR
PMRV = 360 x
V
Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).
X1 X2 X3
PMRV = 63 PMRV = 67 PMRV = 70
1.045.640 1.122.512 1.529.061
360 x 360 x 360 x
5.960.227 6.043.114 7.820.143
* Foram tomadas as Vendas Brutas menos as Devoluções e Abatimentos, ou seja,
as chamadas Vendas Realizadas, pois isso é o que gera Duplicatas a Receber.
Vendas Diárias
RecebimentoDiário
Duplicatas a Receber
Nível determinado
por PMRV x Vd
Caixa
O índice PMRV também pode ser calculado por meio do chamado “Método de
Exaustão”. Observe o exemplo apresentado por Matarazzo (2010), considerando
que a empresa tem duplicatas a receber de R$44.000,00 e os seguintes valores
de venda nos últimos meses:
a. Dezembro: R$36.000,00
b. Novembro: R$8.000,00
c. Outubro: R$2.000,00
d. Setembro: R$2.000,00
e. Agosto: R$1.500,00
f. Julho: R$1.500,00
Já, segundo o autor, se o saldo for maior do que estas vendas, então, a empresa
opera com prazo superior a 60 dias, visto que teria vendas acumuladas superio-
res aos últimos 60 dias de vendas.
Indicadores de atividade | TEMA 1 31
Silva (2012) aponta os fatores que podem distorcer o cálculo do PMRV e que
merecem atenção do analista, sendo os seguintes:
a. A s sazonalidades das vendas.
b. A data de encerramento das demonstrações financeiras, quando a empre-
sa tem características sazonais.
c. Como fatores externos à fórmula de cálculo, o analista deverá preocupar-
-se com a qualidade das duplicatas, com o volume das vendas canceladas
e com o montante de incobráveis que a empresa vem apresentando.
LEITURA COMPLEMENTAR
Conheça mais sobre o prazo médio de recebimento as vendas, para isso,
leia o artigo “Mensuração do efeito de aumentar o prazo médio de recebi-
mento no resultado das vendas: estudo intervencionista em rede de lojas”
de Rodney Wernke e Ivanir Rufatto.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômi-
co-financeiro. São Paulo: Atlas, 2012.
De forma mais simples, Silva (2012) afirma que no caso das empresas comer-
ciais, o cálculo das compras é obtido por meio da tradicional fórmula de cálcu-
lo do Custo da Mercadoria Vendida (CMV), sendo que o Custo da Mercadoria
Vendida, corresponde às compras mais a variação dos estoques, que é igual ao
estoque final menos o estoque inicial. A fórmula para cálculo das compras nas
empresas comerciais é apresentada na Figura 2.
CMV = EI + C - EF C = CMV + EF - EI
Fonte: Adaptada de Silva (2012).
De acordo com o exposto na Figura 2, o autor Silva (2012) afirma que nas em-
presas comerciais as compras equivalem ao Custo da Mercadoria Vendida mais
34 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
a variação dos estoques, que é igual ao estoque final menos o estoque inicial. O
autor ainda lista os elementos da fórmula:
a. CMV = Custo da Mercadoria Vendida
b. EI = Estoque Inicial
c. C = Compras
d. EF = Estoque Final
Assim, segundo Silva (2012), tanto o Custo do Produto Vendido (CPV) quanto
os estoques das empresas industriais são formados por diversos componentes
de custos, dos quais muitos não têm sua origem da conta de fornecedores, o que
torna a fórmula tradicional (Compras = CMV + Estoque Final – Estoque Ini-
cial) inadequada para o cálculo das compras nas empresas industriais.
Ainda sobre as compras nas empresas industriais, Silva (2012) afirma que a
forma mais simples e direta de sua obtenção é solicitá-las à empresa, mas o
analista não deve se surpreender se algumas empresas não possuírem tal infor-
mação. O autor cita que outra forma de obtenção seria desenvolver estudos por
segmentos de atuação das empresas para saber a representatividade dos custos
de mão de obra, mais outros custos de fabricação, em relação aos custos totais.
Sobre a Figura 3, Silva (2012) destaca que a distribuição de 62% e 38% não
representa um número mágico que irá proporcionar resposta com precisão no
cálculo das compras de todo e qualquer tipo de empresa industrial, sendo en-
tendida como exercício de raciocínio de uma metodologia que pode ser adapta-
da de acordo com o tipo de empresa que se pretende analisar.
O autor afirma que podem existir outras formas de estimativa definidas a par-
tir de outras relações julgadas adequadas pelo analista, como, por exemplo,
empresas que utilizam como padrão algo na ordem de 10% das vendas como
forma de estimar itens não relacionados aos fornecedores. Ainda, o autor cita
que muitos analistas dispensam ou desconhecem a necessidade de exclusão do
cálculo das compras, os itens não relacionados com a conta de fornecedores, o
que pode ocasionar a obtenção de valores bastante distorcidos.
F
PMRV = 360 x
C
Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).
Silva (2012) afirma que os valores referentes ao saldo de fornecedores são obti-
dos facilmente das demonstrações contábeis, com exceção do saldo do primeiro
período, que deve ser solicitado à empresa. O autor afirma que devem ser cal-
culados os valores das compras que, no caso das empresas comerciais, há um
cálculo mais simples que nas empresas industriais.
X1 X2 X3
PMPC = 85 PMPC = 83 PMPC = 73
708.536 639.065 688.791
360 x 360 x 360 x
3.001.587 2.766.402 3.387.266
Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).
Assim, observa-se que o maior prazo que a empresa demorou para pagar suas
compras nesses três períodos foi 85 dias, no ano de X1, sendo que em X2 esse
prazo diminuiu para 83 dias e em X3 diminuiu para 73 dias.
De acordo com Matarazzo (2010), o prazo acumulado é o prazo real que aqui no
exemplo é obtido pela soma de 30 + 30 + 21, que dá origem a um PMPC de 81 dias.
Sobre a interpretação do índice PMPC, Silva (2012) destaca que o mesmo é do tipo
“quanto maior, melhor”, desde que sejam mantidos os demais fatores e desde que
o seu volume de fornecedores não se mantenha alto, tendo como motivo o atraso
nos pagamentos.
Ainda, Assaf Neto (2012) ressalta que um PMPC alto necessariamente não aponta
sempre uma boa política, haja vista que por um lado, pode ocorrer um estímulo do
incremento dos custos, devido aos juros cobrados nos preços a prazo e, por outro
lado, retratar um aperto de liquidez da empresa.
Silva (2012) destaca as principais limitações das fórmulas utilizadas nos cálcu-
los do PMPC, que são:
a. A spectos de sazonalidades.
b. Épocas de encerramento das demonstrações contábeis.
c. Eventuais fornecedores com créditos não registrados.
d. Atrasos nos pagamentos aos fornecedores.
Indicadores de atividade | TEMA 1 39
LEITURA COMPLEMENTAR
Busque aprimorar ainda mais seu conhecimento, para isso, faça a leitura
do trabalho intitulado “Análise dos possíveis impactos da crise econômica
e financeira brasileira de 2015, nas demonstrações contábeis das indús-
trias alimentícias listadas na BM&F Bovespa”, de Larissa Vigolo.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômi-
co-financeiro. São Paulo: Atlas, 2012.
EM RESUMO
Ao longo deste Tema, você aprendeu que:
NOSSO TEMA
Os ciclos financeiro e operacional das empresas são medidos em quantidade
de dias e formados a partir do cálculo de prazos médios, que já estudamos an-
teriormente. Relacionam-se a tais ciclos o Investimento Operacional em Giro
(IOG) e o Saldo em Tesouraria (T). Portanto, este Tema proporcionará conhe-
cimento sobre os aspectos dos ciclos operacional e financeiro e também sobre
IOG e T. Além disso, como tratam-se elementos que envolvem cálculo, serão
abordados exemplos que demonstrem como são formados, bem como elemen-
tos de suas fórmulas, quando cabíveis.
42 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Matérias-
-primas Fabricação Venda Cobrança
PMF PMV PMC
PME-MP
15 20 36 76 108 (dias)
PMPF
Ciclo de Caixa: 108 - 15 = 93 dias
Entrada
Saída de Caixa
de Caixa
Assaf Neto (2012) destaca que, havendo ciclos financeiros positivos, a empresa
precisa desenvolver estratégias que minimizem sua dependência de outras fon-
tes de recursos, tais como maior giro dos estoques, redução da inadimplência,
negociar prazos de pagamento mais detalhados com fornecedores e assim por
diante.
Assaf Neto (2012) ressalta que tais estratégias não devem sacrificar
o volume de vendas da empresa, o que quer dizer que, por exemplo,
um maior giro nos estoques não deve pressupor falta de produtos para
venda, ou elevar de forma desproporcional seus custos financeiros
definidos por um prazo maior de pagamento.
44 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Ciclo de Caixa
Anterior Novo
Prazo Médio de Estocagem Total 20 dias 20 dias
Prazo Médio de Fabricação 16 16
Prazo Médio de Venda 40 32
Prazo Médio de Cobrança 32 24
108 dias 92 dias
Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (15) (15)
Ciclo de Caixa: 93 dias 77 dias
Giro de Caixa: 360/93 = 3,9 360/77 = 4,7
Necessidade Média de Investimento em Caixa: $ 9.765.000 $ 8.085.000
Fonte: Assaf Neto (2012, p. 191).
Assaf Neto (2012) enfatiza que uma gestão mais eficiente do ciclo financeiro
possibilita que a empresa reduza sua dependência por empréstimos, dimi-
nuindo suas necessidades de recursos em R$1.680.000,00 (R$9.765.000,00
- R$8.085.000). Ainda, segundo o autor, considerando uma taxa de juros de
14% ao ano, por exemplo, o novo ciclo financeiro, menos dependente de capitais
externos, promove uma economia de R$235.200,00 (14% x R$1.680.000,00).
Matarazzo (2010) afirma que os recursos financeiros que sobram e são decor-
rentes do ciclo de caixa favorável podem, alternativamente, ser usados para ex-
pandir a empresa, ou seja, em inversões em ativo permanente.
Esse tipo de decisão, conforme complementa Matarazzo (2010), pode ser to-
mada somente com extremo cuidado e seu risco está na possibilidade de ocor-
rer queda no ciclo de caixa favorável e/ou no volume de vendas, especialmente
durante a fase de inversões, pois nesses casos haveria a redução do volume de
recursos sem a chance de redução das aplicações em ativo fixo.
Ciclo financeiro e operacional | TEMA 2 45
Silva (2012) apresenta o seguinte exemplo, que também é refletido com as se-
guintes informações:
a. Prazo médio de rotação dos estoques = 34 dias.
b. Prazo médio de recebimento das vendas = à vista.
c. Prazo médio de pagamento das compras = 51 dias.
46 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Ciclo financeiro
– 17 dias
T1 T2 T3
Silva (2012) ainda afirma que o prazo médio de rotação dos estoques correspon-
de, em média, ao tempo que a mercadoria permanece na empresa após a sua
aquisição, ao passo que o prazo médio de pagamento das compras é o período,
em média, que a empresa tem para pagar as compras depois de ter recebido a
mercadoria, e o prazo médio de recebimento das vendas corresponde ao perío-
do, em média, que a empresa espera para receber suas vendas, sendo que no
exemplo da Figura 3 as vendas são à vista.
Segundo Silva (2012), o ciclo financeiro de uma empresa é o período que ela
demora para que o dinheiro volte ao caixa, ou seja, corresponde ao prazo médio
de rotação do estoque, mais o prazo médio de recebimento das vendas, menos o
prazo médio de pagamento das compras. No exemplo apresentado na Figura 3,
temos 34 dias + 0 dias – 51 dias = -17 dias.
Para esse exemplo apresentado, segundo Silva (2012), observa-se que a ativi-
dade possibilita o trabalho, durante 17 dias, com o dinheiro do fornecedor, ou
seja, recebe antes de pagar. Segundo o autor, nessas condições, o Investimento
Operacional em Giro (IOG), ao invés de ser um “investimento”, é tido como um
“financiamento” e, assim, a empresa do exemplo não necessitará de recursos
próprios para financiar sua atividade operacional, podendo inclusive ter Capital
Circulante Líquido (CCL) negativo (dentro de determinados limites) e ainda ser
financeiramente saudável.
Compra de matéria-prima
Estocagem de matéria-prima
Nesse esquema de uma empresa industrial, segundo Silva (2012), o ciclo da pro-
dução e estocagem inicia na aquisição da matéria-prima e finaliza na venda do
produto acabado, sendo que o tempo envolvido dependerá do tipo de atividade
da empresa e do grau de modernização dos seus processos e sua administração.
De acordo com o autor, adicionalmente às etapas apresentadas na Figura 2,
existem as ocorrências de pagamento das compras e recebimento das vendas.
Ciclo financeiro
558
T1 T2 T3 T4
Da Figura 5 depreende-se, segundo Silva (2012), que depois da entrada das ma-
térias-primas e componentes, a empresa efetua a transformação em produtos
acabados e, após isso, os vende. Segundo o autor, o prazo médio de rotação dos
estoques é de cerca de 523 dias, o fornecedor de matéria-prima recebe, em mé-
dia, 93 dias depois da entrega e, após efetuada a venda, os clientes demoram
aproximadamente 128 dias para pagar. Assim, segundo o autor, a empresa fi-
nancia o período que engloba desde o momento em que paga ao fornecedor (T2)
até aquele em que recebe do cliente (T4), o que corresponde a 558 dias.
Produção e
Ordem de
Estoque de
Ordem de Estocagem Pagamento Consumo de Pedido do Recolhimento Recebimento
Planejamento Produtos Venda
Compra das Compras Materiais Acabados Cliente dos Impostos da Venda
Crédito dos
Impostos Processo de
Fabricação e
Consumos
dos Demais
Recursos
Industriais
Ciclo Financeiro
Ciclo Econômico
Ciclo Operacional
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
LEITURA COMPLEMENTAR
Amplie mais seu conhecimento com a leitura do artigo “Determinantes
da necessidade de capital de giro e do ciclo financeiro das empresas bra-
sileiras listadas na B3”, de Sabrina Espinele da Silva, Marcos Antônio de
Camargos, Simone Evangelista Fonseca e Robert Aldo Iquiapaza.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômi-
co-financeiro. São Paulo: Atlas, 2012.
Figura 1 – Operacional
© trueffelpix
Fonte: 123RF.
Compra de Materiais
Recebimento Produção
Vendas
Assaf Neto (2012) destaca que a soma dos prazos de cada uma das
fases operacionais é denominada período de maturação, ou seja, é o
tempo médio que decorre desde a compra da matéria-prima até que a
mesma seja transformada em um produto final e vendida, e se recebe
seu importe pela venda. Assim, segundo o autor, quanto maior o
período de maturação, maior será o volume de recursos destinado pela
empresa para financiar sua atividade.
Por outro lado, de acordo com Assaf Neto (2012), cada uma das fases apresen-
tadas tem uma determinada duração. Dessa forma, segundo o autor, em uma
empresa industrial, a compra de matérias-primas mostra, também, o prazo de
armazenagem; a produção, evidencia o tempo de transformação desses mate-
riais em produtos terminados; a venda, demonstra o prazo de estocagem dos
produtos elaborados; e, por fim, o recebimento apresenta o prazo de cobrança
de duplicatas a receber que qualificam as vendas a prazo.
Para Assaf Neto (2012), parte dessas fases operacionais podem ser financiadas
por compras a prazo e prazos para pagamento de despesas operacionais, tais
como salários, encargos sociais, impostos sobre vendas, entre outros. Segundo
o autor, esses são os chamados passivos de funcionamento, referentes à ativi-
dade da empresa e, para a parte não financiada por estes passivos, a empresa
precisa destinar outros tipos de fundos, como recursos próprios, empréstimos
e financiamentos, descontos de duplicatas e outros, que são passivos que a em-
presa, deliberadamente, levantou no mercado com vistas a financiar suas ativi-
dades operacionais.
Prazo Médio de
Estocagem de Prazo Médio de Prazo Médio de Prazo Médio de
Matérias-Primas Fabricação (PMF) Venda (PMV) Cobrança (PMC)
(PME-MP)
15 20 33 36 76 108 (dias)
PMPF PMPD
A empresa, conforme ressalta Assaf Neto (2012), pode financiar parte do seu
ciclo operacional por meio de créditos de fornecedores e prazos diversos para
liquidação de seus custos e despesas que ocorrem em suas atividades operacio-
nais e, por meio da Figura 3, é possível observar que os fornecedores conferem
um prazo de pagamento de 15 dias e, ainda, a empresa possui um intervalo de
18 dias para liquidar suas várias despesas operacionais.
54 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Ciclo operacional
88 dias
T1 T2 T3 T4
CICLO CICLO
OPERACIONAL FINANCEIRO
20 dias 30 dias
50 dias
Matarazzo (2010) destaca que quanto maior o volume de vendas, maior será o
montante de recursos disponíveis para aplicações financeiras, de forma que se
a empresa vender R$1.000,00 por dia, terá cerca de R$30.000,00 disponíveis
para aplicações, e se vender R$5.000,00 por dia terá R$150.000,00.
A partir daí, segundo Matarazzo (2010), as empresas que podem apresentar ci-
clo financeiro favorável, tais como supermercados, drogarias, magazines, entre
outras, concentram fortemente suas forças no objetivo de ampliar o ciclo finan-
ceiro, seja negociando fortemente com os fornecedores, até o ponto de chegar
Ciclo financeiro e operacional | TEMA 2 57
a romper relações em certos casos, seja formulando estratégias para girar ra-
pidamente os estoques, mesmo que, em muitos casos, com prejuízo comercial
(visando, é claro, o lucro financeiro).
LEITURA COMPLEMENTAR
Aprofundo seu conhecimento sobre o ciclo operacional com a leitura do ar-
tigo “Utilizando o ciclo operacional para fazer o orçamento de caixa e cal-
cular a necessidade de capital de giro (NCG)”, de Marcus Vinícius Madruga
Ramos. Este artigo busca demonstrar a importância do estudo do ciclo
operacional para o administrador financeiro, ou seja, o quão fundamental
é, pois, fornecerá uma visão comparativa dos prazos de giro de estoque,
prazo médio de recebimento de duplicatas e prazo médio de pagamento
de fornecedores, além dos custos fixos mensais. Disponível em: https://
repositorio.unp.br/index.php/connexio/article/view/10.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômi-
co-financeiro. São Paulo: Atlas, 2012.
Silva (2012) afirma que a maior contribuição que o IOG fornece ao analista é a
visualização da empresa como um todo em termos de suas operações e decisões
quanto à aquisição de ativos imobilizados e quanto à maneira como a empresa
está financiando essas aplicações.
O IOG está contido no Capital Circulante Líquido (CCL), de acordo com Silva
(2012), sendo necessário, assim, que o analista perceba o IOG não só como algo
isolado, mas, também, como parte de um conceito mais amplo. O autor afirma
que ao mesmo tempo, o investimento de recursos em ativos permanentes pode
impactar a saúde financeira das empresas.
Silva (2012) complementa, ainda, que grande parte dos analistas orienta seus
trabalhos de análise para a geração de caixa operacional das empresas e deixa
de considerar as decisões de investimento e financiamento, o que faz com que
suas análises sejam incompletas, pois ocorre que uma empresa pode quebrar
mesmo sendo lucrativa e gerando caixa em suas operações.
Como já citado, segundo Silva (2012), o IOG está contido no CCL, sendo repre-
sentado por aplicações de recursos que, mesmo pertencentes ao Ativo Circu-
lante, possuem conotação de aplicações permanentes, que estão relacionadas
de forma direta com a atividade operacional da empresa, como duplicatas a
receber, estoques, adiantamento a fornecedores e despesas antecipadas.
De acordo com o autor, existe, por outro lado, algumas fontes de recursos que
estão relacionadas diretamente com as atividades da empresa e que se reno-
vam espontaneamente à medida em que suas operações se desenvolvem, como,
por exemplo, os fornecedores, salários e encargos a pagar, tributos a recolher
e adiantamentos de clientes quando habituais e inerentes ao tipo de atividade
desenvolvida pela empresa.
Circulante
- Adiantamento a fornecedores - Impostos e taxas
- Outros valores a receber
- Despesas do exercício seguinte
Realizável a Longo Prazo (RLP) Passivo não Circulante (PNC)
- Direitos realizáveis após o término do - Financiamentos
exercício - Debêntures
- Valores a receber de coligadas/ - Impostos parcelados
controladas Patrimônio Líquido (PL)
Não Circulante
- Capital
Ativo Permanente (AP) - Reservas
- Investimentos - Lucros ou prejuízos acumulados
- Imobilizado
- Diferido
ATIVO TOTAL PASSIVO TOTAL + PL
Fonte: Silva (2012, p. 450).
Silva (2012) ressalta que a nova ordenação das contas demonstrada na Figura
1, facilitará a estruturação de três conceitos básicos, conforme apresentado na
Figura 2.
Logo:
PL = Patrimônio Líquido
T = Saldo em Tesouraria
Para que fique mais claro o entendimento dos conceitos apresentados na Figura
2 e para contextualizar os elementos relacionados ao IOG, na Figura 3 apresen-
ta-se uma classificação dos direitos e obrigações da empresa.
62 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Ainda, Assaf Neto (2012) apresenta as principais contas dos grupos cíclicos e
financeiros para uma empresa do segmento de atividade não financeiro, sendo
os seguintes:
a. Ativo Financeiro (Circulante): disponibilidades, fundo fixo de caixa,
aplicações financeiras, depósitos judiciais, restituição de IR, créditos de
empresas coligadas/controladas etc.
b. Ativo Cíclico (Circulante): duplicatas a receber, provisão para deve-
dores duvidosos, adiantamento a fornecedores, estoques, adiantamento a
empregados, impostos indiretos a compensar (IPI, ICMS), despesas ope-
racionais antecipadas etc.
c. Ativo Permanente (Não Circulante): valores dos grupos imobilizado,
investimentos e diferido, e realizável a longo prazo.
d. Passivo Financeiro (Circulante): empréstimos e financiamentos ban-
cários de curto prazo, duplicatas descontadas, imposto de renda e contri-
buição social, dividendos, dívidas com coligadas e controladas etc.
e. Passivo Cíclico (Circulante): fornecedores, impostos indiretos (PIS/
COFINS, ICMS, IPI), adiantamento de clientes, provisões trabalhistas,
salários e encargos sociais, participações de empregados, despesas ope-
racionais etc.
f. Passivo Permanente (Não Circulante): contas do exigível a longo
prazo e Patrimônio Líquido.
vo, é uma fonte de recursos. Ambos decorrem de forma direta do ciclo das
operações da empresa.
• A tendência existente é de que o IOG seja uma aplicação líquida de recur-
sos que será função do tipo de atividade exercida pela empresa.
• Podem ser encontradas, no entanto, situações em que o PCC é maior que o
ACC e, portanto, ao invés do IOG ter característica de “investimento”, será
um “financiamento”.
• Para fins do uso do IOG como instrumento de análise, o autor trata o IOG
a partir da equação (IOG = ACC – PCC), representando-o com o sinal ne-
gativo quando o PCC for maior que o ACC, ou seja, quando fala-se em IOG
negativo, isso significa que ao invés de um “investimento operacional em
giro” há um “financiamento operacional do giro”.
Para Silva (2012), o que observa-se na Figura 4 é uma separação entre as contas
do Ativo e do Passivo em dois grupos: um grupo das contas que estão mais liga-
das com as atividades operacionais e outro com as contas que são de natureza
financeira, relacionadas com as funções de tesouraria.
Silva (2012) também destaca que tanto o Ativo quanto o Passivo circulantes
foram desmembrados em partes, sendo uma cíclica ou operacional e outra de
natureza financeira. O autor destaca que o CCL equivale à diferença entre o
Ativo e o Passivo circulantes, que representa R$534,4 mil, ao passo que o IOG
corresponde à diferença entre o Ativo Circulante Cíclico e o Passivo Circulante
Cíclico, representando R$7.862,2 mil.
Silva (2012) afirma, ainda, que provavelmente a análise financeira pela metodo-
logia do IOG é a que trabalha com um enfoque mais dinâmico entre os diversos
métodos, isso porque é decorrente do volume de vendas da empresa e dos pra-
zos de rotação.
Segundo o autor, quanto maiores forem as vendas, a tendência é que seja maior
a necessidade de estoques e, consequentemente, maior será o volume de dupli-
catas a receber. Ainda, de acordo com o autor, se a empresa conceder maiores
prazos de pagamento a seus clientes para aumentar as vendas, haverá dupla
pressão para elevar o volume de duplicatas a receber, isto é, aumento das ven-
das mais aumento do prazo e, da mesma forma, o crescimento das vendas au-
menta o volume de fornecedores, de salários (se aumentar o quadro de pessoas
ou em caso de horas extras), de encargos e de tributos.
Ciclo financeiro e operacional | TEMA 2 65
Para que seja compreendido o conceito de IOG, Silva (2012) apresenta quatro
grandes eventos que sintetizam as atividades básicas de empresas comerciais e
industriais. Tais eventos podem ser visualizados na Figura 6.
Eventos
LEITURA COMPLEMENTAR
Fique ainda mais por dentro do que trata o IOG com a leitura do artigo
“Análise da gestão dos investimentos em capital de giro por meio do Mo-
delo Fleuriet em uma empresa do agronegócio: um estudo de caso” de
Graciela Dias Coelho Jones e Andreia Castro de Oliveira Jacinto.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômi-
co-financeiro. São Paulo: Atlas, 2012.
Figura 2 – Cálculos
Assaf Neto (2012) ao invés de saldo de tesouraria, chama a diferença entre ativo
financeiro e passivo financeiro de saldo de disponível (SD). Segundo o autor,
uma empresa que é equilibrada apresenta caracteristicamente um Capital Cir-
culante Líquido maior do que suas necessidades permanentes de giro, promo-
vendo maior segurança financeira, que é identificada mediante um saldo de
disponível positivo.
De acordo com Assaf Neto (2012), saldo de disponível é uma medida de margem
de segurança financeira de uma empresa, a qual indica sua capacidade interna
de financiar um crescimento operacional.
Silva (2012) chama a atenção para o fato de que o T pode ser obtido pela diferen-
ça entre CPL e IOG e também pela diferença entre ACF e PCF. O autor apresenta
um resumo dos conceitos na Figura 3.
Ciclo financeiro e operacional | TEMA 2 69
O saldo em tesouraria (T), segundo Silva (2012), pode ser maior ou menor do
que zero, sendo que quando for menor, quer dizer que a empresa tem débitos
de curto prazo com instituições financeiras ou mesmo outras dívidas de curto
prazo não relacionadas a seu ciclo operacional, que é superior a seus recursos
financeiros de curto prazo.
Assaf Neto (2012) ressalta que quando no decorrer de vários exercícios segui-
dos, a empresa apresenta um crescimento da Necessidade de Investimento em
Giro (NIG) superior ao do Capital Circulante Líquido (CCL), diz-se que ela con-
vive com o denominado efeito tesoura, que é identificado por um crescente sal-
do de disponível negativo (o mesmo que saldo de tesouraria). À medida em que
as necessidades cíclicas de giro são financiadas por dívidas de curto prazo, tem-
-se um aumento na diferença entre o NIG e o CCL, o que agrava o efeito tesoura.
Silva (2012) reafirma que convencionou tratar o IOG como aplicação e o CPL
como a fonte de financiamento, que é a tendência do que ocorre em condições
normais com as empresas, no entanto, ressalta algumas considerações que pre-
cisam ser feitas:
a. Quando o IOG for negativo, tem-se que ao invés de ser um “investimento”,
estará sendo um “financiamento, isto é, ao invés de tomar recursos, o IOG
libera recursos.
b. Quando o CPL for negativo, há uma “aplicação líquida” de recursos, ao
invés de ser uma “fonte”.
c. Se o IOG e o CPL forem negativos, quer dizer que o IOG está financiando o
CPL, isto é, a empresa está financiando aplicações de caráter permanente
com recursos que decorrem de suas atividades operacionais. Em qualquer
hipótese, predomina a regra matemática considerando os sinais (negati-
vos ou positivos) nas equações, resultando em um saldo de tesouraria (T)
maior ou menor do que zero de acordo com a magnitude do CPL e do IOG.
No caso dos dois negativos, o risco financeiro da empresa está associado
às suas operações, isto é, retrair o seu nível de atividade reduzirá as entra-
das de dinheiro e os compromissos da empresa começarão a vencer, sem
que o caixa seja suficiente para realizar os pagamentos.
Segundo Silva (2012), o CPL aumenta quando a variação do Passivo Não Cir-
culante (PNC) mais o Patrimônio Líquido (PL) for superior à variação do Ativo
Não Circulante (ANC). Se acontecer o inverso, isto é, a variação do Passivo Não
Circulante mais o Patrimônio Líquido ser menor que a variação do Ativo Não
Circulante, o CPL diminui.
O Passivo Não Circulante, conforme Silva (2012), no que lhe diz respeito, cresce
em função de obtenção de novos financiamentos a longo prazo. Cabe o destaque
de que a obtenção de financiamento a longo prazo para compra de imobilizado
não melhora o CPL, pois ocorre o acréscimo tanto no PNC quanto no ANC. Na
realidade, o empréstimo a longo prazo só deve ser contraído para melhoria do
CPL quando a análise das projeções apontar que a empresa será capaz de gerar
lucro para amortizar o referido empréstimo em seu vencimento. Caso contrá-
rio, o problema estará sendo adiado. Portanto, a forma mais segura de aumen-
tar o CPL é a utilização de recursos próprios.
O Patrimônio Líquido, de acordo com Silva (2012), no que lhe diz respeito, cres-
ce em função de:
a. Aumento de capital com aporte de recursos, que é uma alternativa boa
para aumentar o CPL, demonstrando, ainda, a confiança dos acionistas no
empreendimento.
b. Geração de lucros pela empresa, que é uma alternativa essencial, devendo
a empresa, em cada período, gerar lucro que seja satisfatório para cobrir a
variação do IOG. Se a empresa possuir empréstimos de longo prazo ven-
cendo, a geração de lucro deveria ser suficiente para, ao menos, cobrir a
variação do IOG e as parcelas de tais financiamentos que venceram no
período.
Silva (2012) destaca, portanto, que as três alternativas expostas, ou seja, recur-
sos dos sócios ou acionistas, recursos de longo prazo e lucros são as principais
soluções para elevar o Passivo Não Circulante.
O Ativo Não Circulante, conforme Silva (2012), no que lhe diz respeito, cresce
em função de:
a. Aquisição, reformas ou ampliações do imobilizado, com vistas a elevar a
capacidade produtiva.
b. Compra de participações acionárias em outras empresas.
c. Aumento do ativo intangível, decorrente de gastos com fundos de comér-
cio, por exemplo.
d. Expansão do realizável a longo prazo.
Segundo Silva (2012), o crescimento do Ativo Não Circulante precisa ser finan-
ciado com recursos próprios ou com financiamento de longo prazo, sendo que
quando ocorrerem imobilizações mediante financiamento de longo prazo, é es-
sencial que os estudos de viabilidade apontem que a empresa possui potencial
de geração de lucros suficiente para amortizar tais financiamentos.
Figura 5 – Resumo
LEITURA COMPLEMENTAR
Amplie ainda mais seu conhecimento com a leitura do trabalho intitula-
do “Concentração de mercado e desempenho das indústrias brasileiras
de papel e celulose – recorrendo à Modelagem de Fleuriet para analisar o
Paradigma ECD” de Flaviano Costa e Paulo Mello Garcias.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômi-
co-financeiro. São Paulo: Atlas, 2012.
EM RESUMO
Ao longo deste Tema, você aprendeu que:
tema
Introdução ao capital de giro e à
avaliação financeira
3
OBJETIVO
Compreender os conceitos básicos de capital de giro e
avaliação financeira.
NOSSO TEMA
O estudo do Capital de Giro permite avaliar a estrutura financeira de uma em-
presa, bem como formular estratégias que visem a maximizar os resultados
empresariais. Neste Tema será possível obter o conhecimento do Capital Cir-
culante Líquido, que é o principal indicador de Capital de Giro, além de outros
conceitos, tais como o Ativo Circulante (AC), Capital Permanente Líquido (CPL),
Capital de Giro Próprio (CGP) e Capital de Giro Operacional Líquido (CGOL).
Também estudaremos sobre a avaliação financeira, que envolve esses e outros
conceitos. Portanto, o propósito deste Tema é o de proporcionar conhecimento
sobre os aspectos do Capital de Giro, bem como de seus cálculos, quando cabí-
veis.
Introdução ao capital de giro e à avaliação financeira | TEMA 3 77
Dessa forma, segundo Assaf Neto (2012), o conceito de Capital Circulante Lí-
quido (CCL) pode ser claramente identificado como o excedente das aplicações
a curto prazo (em Ativo Circulante) em relação às captações de recursos proces-
sadas também a curto prazo (Passivo Circulante).
O CCL, de acordo com Silva (2012), corresponde à diferença entre o Ativo Circu-
lante (AC) menos o Passivo Circulante (PC), como pode ser observado, a seguir:
CCL = AC – PC
78 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
A Figura 2, logo a seguir, apresenta o que Assaf Neto (2012) chama de balanço
composto em massas patrimoniais, no qual observa-se, segundo o autor, que o
montante extraído do Ativo Circulante e constatado como CCL é o mesmo, con-
siderando-se qualquer uma das identidades de cálculo enunciadas.
ATIVO PASSIVO
Capital Circulante CIRCULANTE CIRCULANTE
Líquido - CGL (AC) (PC)
CCL = AC - PC
CCL EXIGÍVEL A
LONGO PRAZO
CCL = (ELP + PL) – (AP + RLP) (ELP)
REALIZÁVEL A
Passivo Não Ativo Não LONGO PRAZO
Circulante Circulante (RLP)
PATRIMÔNIO
ATIVO LÍQUIDO
PERMANENTE (PL)
(AP)
Assaf Neto (2012) ressalta que, o nível de CCL da Figura 2 é positivo, isto é, as
exigibilidades de curto prazo financiam apenas parte do Ativo Circulante. De
outra forma, segundo o autor, o montante de recursos de longo prazo, ou seja,
não circulantes, verificado no Passivo Permanente da empresa é mais elevado
do que o montante aplicado no mesmo prazo, o que demonstra, como mencio-
nado, que existem recursos permanentes de financiamento aplicados no Ativo
Circulante, de tal forma que promove a folga financeira da empresa.
Assaf Neto (2012) afirma ainda que, na prática, podem ser visualizadas outras
estruturas financeiras, como a existência de CCL nulo, que é apresentado na
Figura 3.
80 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
AC PC
CCL NULO
• AC = PC RLP
ELP
• (ELP + PL) = (AP + RPL)
AP
PL
Nessa situação de CCL = 0, como confirma Assaf Neto (2012), não há folga fi-
nanceira, sendo que as necessidades de investimentos circulantes financiadas
por fontes de recursos têm a mesma maturidade.
Assaf Neto (2012) também cita a existência de CCL negativo, como está exposto
na Figura 4.
AC PC
CCL NEGATIVO
• AC < PC Excesso de
• (ELP + PL) < (AP + RLP) RLP Recursos de
terceiros a
ELP curto prazo
AP
PL
Além disso, Silva (2012) também afirma que o CCL mantém relação direta com
o conceito de liquidez corrente, visto que o Índice de Liquidez Corrente (ILC) é
calculado pela divisão do Ativo Circulante (AC) pelo Passivo Circulante (PC),
conforme exposto na representação, a seguir:
𝐴𝐶
𝐼𝐿𝐶 =
𝑃𝐶
𝑅$33.900,00
𝐼𝐿𝐶 = = 1,009
𝑅$33.600,00
Sobre a representação do ILC, Silva (2012) menciona que sempre que o CCL for
positivo, o ILC será superior a 1 e, no caso, o CCL positivo de R$300,00 corres-
ponde ao excesso de ativos circulantes sobre as dívidas de curto prazo, ao passo
que o ILC de 1,009 representa que para cada R$1,00 de dívida de curto prazo, a
empresa tem um pouco mais do que isto de ativos circulantes (0,009), contudo,
não chega a um centavo a mais.
© rawpixel
Fonte: 123RF.
Assim, pode-se observar que, com relação ao CCL, uma situação “ideal” é a de
que o Patrimônio Líquido seja maior do que o Ativo Permanente e que o CCL
seja positivo, de forma que expresse uma folga financeira.
LEITURA COMPLEMENTAR
Amplie ainda mais seu conhecimento sobre os assuntos que tratamos nes-
te Tópico, com a leitura do artigo “Cálculo do Capital de Giro”, de Pâmela
Marcelino Araújo e Eurípedes Bastos Siqueira. Este artigo tem por finalidade
apresentar alguns aspectos importantes da administração financeira, bem
como do cálculo do Capital de Giro, a fim de demonstrar a importância da
necessidade e a relevância da administração do Capital de Giro, identificando
a diferença entre Capital de Giro próprio e de terceiros e, por fim, sendo de-
senvolvida a metodologia de cálculo do Capital de Giro. Tratam-se, portanto,
de assuntos relevantes para a manutenção do capital da empresa, com o in-
tuito de sobreviver em meio a esse mercado competitivo e garantir que essa
sobrevivência gere resultados satisfatórios para o empresário. Disponível
em: http://www.portalcatalao.com/painel_clientes/cesuc/painel/arquivos/
upload/temp/5dc19cbd2b58666dea24307ace0241b4.pdf.
84 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, P. M.; SIQUEIRA, E. B. Cálculo do capital de giro. Revista CEPPG
– CESUC – Centro de Ensino Superior de Catalão, ano XV, n. 26, 2012.
Observe, a seguir, os dados que serão utilizados, como exemplo, neste Tópico
para podermos colocar em prática os conceitos aqui estudados. Acompanhe a
Figura 1.
Figura 2 – Disponibilidades
© Andriy Popov
Fonte: 123RF.
© Andriy Popov
Fonte: 123RF.
Figura 4 – Estoques
© Andrii Torianyk
Fonte: 123RF.
De acordo com Silva (2012), tendo como base que o Balanço é uma igualdade
matemática, na qual as aplicações são iguais às fontes, tem-se, portanto, a se-
guinte representação:
Pelo entendimento de Silva (2012, p. 431), o CPL “[...] decorre dos itens de ca-
ráter permanente do ativo e do passivo e que tendem a representar as decisões
estratégicas da empresa quanto aos investimentos e financiamentos”. O autor
cita que as decisões de investimento, financiamento e distribuição de dividen-
dos são consideradas por alguns autores como as funções básicas de finanças,
de modo que sua combinação ótima leva à maximização do valor da empresa.
Segundo Silva (2012), o CPL, como fonte de recurso, está ligado com as decisões
financeiras básicas, ou seja:
Além disso, segundo Assaf Neto (2012), o CGP indica os recursos próprios da
instituição que estão financiando as operações ativas, sendo um parâmetro de
segurança do banco que mostra o seu nível de folga financeira financiada com
Patrimônio Líquido.
Assaf Neto (2012, p. 305) complementa ainda que “Na apuração desse índice,
admite-se o patrimônio líquido como o funding das aplicações em Ativo Perma-
nente e Realizável a Longo Prazo, identificando-se seus eventuais excessos nas
contas circulantes da instituição”.
LEITURA COMPLEMENTAR
Conheça ainda mais sobre Capital de Giro com a leitura do artigo “Aplica-
bilidade da análise dinâmica do capital de giro como instrumento de avalia-
ção da gestão financeira em cooperativas agropecuárias”, de Régio Marcio
Toesca Gimenes e Fátima Maria Pegorini Gimenes. Este artigo tem como
objetivo investigar a origem dos recursos que financiaram as necessidades
líquidas de Capital de Giro de uma amostra de 64 cooperativas agrope-
cuárias localizadas em oito estados brasileiros, no período 1999 a 2004.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/rec/a/XdwhLrx8fs7SHptfnrrJhqG/
abstract/?lang=pt.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômi-
co-financeiro. São Paulo: Atlas, 2012.
Silva (2012, p. 394) afirma que “[...] no cálculo do CGOL não são
computadas as fontes obtidas por meio de empréstimos bancários de
curto prazo ou desconto de duplicatas. Também não são computadas
as aplicações financeiras, por não decorrerem de uma exigência
operacional”.
Silva (2012) complementa ainda que a empresa em análise, por tratar-se de uma
empresa que atua no segmento de brinquedos, possui atividade sazonal e, as-
sim sendo, admite que a parte sazonal da CGOL seja de R$400,00 (em seu nível
94 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Empréstimo de curto
prazo: $365,8
PL: $611,2
+
PNC: $0,0
Ativos não circulantes: $199
No que se refere à Figura 3, de acordo com Silva (2012), a base do gráfico cor-
responde ao volume de recursos aplicados em Ativos Não Circulantes que apre-
sentam o valor de R$199 mil. Na sequência, segundo o autor, consta a parte
permanente do CGOL que equivale a R$378 mil. Ainda, o autor afirma que na
parte superior é exposta a parte sazonal do CGOL, que chega no valor máximo
de R$400 mil e no nível mais alto de aplicação de recursos, totalizam R$977
mil, que são compostos por R$199 mil + R$378 mil + R$400 mil.
Com base nas premissas mencionadas, Silva (2012) faz as seguintes análises
para os dois cenários:
Política Conservadora
CP LP Aplicação
Taxas 8% 12% 4%
Valores 0,00 778,00 -300,00 478,00
0,00 95,36 -12,00 81,36
Fonte: Silva (2012, p. 398).
O autor Silva (2012) também destaca que a preferência do gestor financeiro por
risco vai influenciar de forma decisiva na opção por uma das estruturas de fi-
98 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Silva (2012) destaca que o custo de cada uma das políticas dependerá de fatores,
tais como as diferenças entre as taxas de captação de curto e de longo prazos,
bem como da taxa de aplicação dos excedentes, e as proporções em termos de
CGOL (fixo e sazonal) também podem intervir no resultado.
Política Conservadora
CP LP Aplicação
Taxas 30% 12% 4%
Valores 0,00 778,00 -300,00 478,00
0,00 93,36 -12,00 81,36
Fonte: Silva (2012, p. 400).
Para complementar, Silva (2012) afirma que sobre esse cenário hipotético, com
taxas de juros de empréstimos de curto prazo muito mais caras do que as li-
nhas de longo prazo, financiar o CGOL em sua totalidade com recursos de cur-
to prazo, torna-se muito mais caro. Segundo o autor, a alternativa da política
mediamente agressiva seria a melhor sob a ótica de custo e ainda ressalta que
os comentários realizados sobre o cenário anterior são aplicáveis também para
este, destacando que, admite-se para fins do exemplo, a utilização de qualquer
uma das políticas em qualquer um dos dois cenários não interferirá no rating
de crédito da empresa.
100 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
LEITURA COMPLEMENTAR
Amplie ainda mais seu conhecimento sobre Capital de Giro, mas agora
verificando se há diferença com relação às empresas abertas que parti-
ciparam do Refis e que apresentavam Capital de Giro Líquido diferente
daquelas que não participaram do programa. Para isso, leia o artigo “Um
estudo sobre a relação entre adesão das companhias abertas ao Refis e o
seu capital de giro líquido”, de Liliane Cristina Segura, Henrique Formigoni
e Marta Cristina Pelucio Grecco. Disponível em: https://asaa.anpcont.org.
br/index.php/asaa/article/view/112/75.
REFERÊNCIAS
SEGURA, L. C.; FORMIGONI, H.; GRECCO, M. C. P. Um estudo sobre a relação
entre adesão das companhias abertas ao rRefis e o seu capital de giro líquido.
ASAA Journal Advances in Scientific and Applied Accounting, v. 5,
n. 3, 2012.
Assaf Neto (2012) ainda menciona que o conceito de Capital Circulante Líquido
(CCL) mostra o volume de recursos de longo prazo destinado a financiar o giro,
ao passo que a Necessidade de Investimento em Giro (NIG) evidencia o volume
de capital permanente necessário para o financiamento de Capital de Giro, sen-
do esse volume definido pelo nível de atividade da empresa (produção e vendas)
e prazos operacionais.
Assaf Neto (2012) afirma que um confronto entre o CCL e a NIG é fundamental
para a avaliação do equilíbrio financeiro da empresa, isto é, para a maturidade
de seus investimentos e financiamentos, sendo que, de forma efetiva, a empre-
sa exibe segurança financeira somente na seguinte situação: CCL > NIG, pois,
assim, mostra recursos em excesso diante de necessidades permanentes do Ca-
pital de Giro. O autor afirma que se ocorrer o contrário, ou seja: NIG > CCL,
há sinais de que a empresa convive com dificuldades financeiras, ao financiar
ativos cíclicos, que possuem natureza de longo prazo, com recursos de curto
prazo (não-cíclicos).
102 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Após a identificação da NIG, de acordo com Assaf Neto (2012), pode ser calcula-
da a Necessidade Total de Financiamento Permanente (NTFP) de uma empre-
sa, isto é, o volume de recursos de longo prazo essencial para financiamento de
sua atividade, que é obtido pela seguinte fórmula:
Assaf Neto (2012) cita que a NTFP é o volume mínimo de Passivo Permanen-
te que a empresa precisa manter, com vistas a lastrear seus investimentos em
giro e fixo, e estabelecer seu equilíbrio financeiro, sendo que quando o Passivo
Permanente for maior do que a NTFP, a diferença encontra-se constatada nos
ativos financeiros, incrementando o Saldo de Disponível, isto é:
Passivo Financeiro
Ativo Financeiro $2.200
$3.500
Passivo Cíclico
Ativo Cíclico $5.300
$7.600
Ativo Financeiro
$1.500 Passivo Financeiro
$3.500
Ativo Cíclico
$6.000 Passivo Cíclico
$5.200
Ativo Permanente
(Não Cíclico) Passivo Permanente
$10.000 $8.800
Além disso, Assaf Neto (2012) cita que o Capital Circulante Líquido é negativo
(-R$1.200,00), o que aponta que existem recursos de curto prazo que financiam
ativos de prazos mais longos. O autor complementa que, como fato agravador
da situação, existe ainda uma Necessidade de Investimento em Giro positiva
(NIG = R$6.000,00 - R$5.200,00 = R$800,00), que está financiada com re-
cursos não cíclicos (passivo financeiro). Da mesma maneira, segundo o autor, a
Necessidade Total de Financiamento Permanente (R$10.800,00) ultrapassa os
passivos permanentes (R$8.800,00), o que reforça a avaliação do desequilíbrio
de prazos entre ativos e passivos.
Sendo assim, Assaf Neto (2012) afirma que a situação demonstrada na Figura
2 deve preocupar o analista no que se refere principalmente à sobrevivência
financeira da empresa, sendo que a dependência pela renovação dos passivos
financeiros é acentuada, manifestando maior risco e dúvidas sobre a continui-
dade dos negócios.
Na Figura 3, segundo Assaf Neto (2012), são apresentadas duas estruturas pa-
trimoniais em equilíbrio financeiro, que são classificadas como baixo risco. O
autor afirma que as empresas exibem folga financeira que possibilita o financia-
mento de incrementos nas necessidades de capital de giro até o limite do Saldo
de Disponível e que o crescimento da NIG não deve superar o SD mantido pela
empresa, impedindo a desestabilização de sua estrutura financeira.
Assaf Neto (2012) afirma que alguns segmentos empresariais conseguem manter
uma NIG negativa, como, por exemplo, certos tipos de comércio varejista, sen-
do que, nessa situação, as empresas compram a prazo, giram rapidamente seus
estoques e recebem suas vendas antes de precisarem pagar pelas compras aos
fornecedores, determinando um Passivo Cíclico maior do que o Ativo Cíclico.
Já a Figura 4 demonstra, segundo Assaf Neto (2012), uma estrutura cujo Capital
Circulante Líquido é insuficiente para o financiamento de toda a sua Necessidade
de Investimento em Giro, e a empresa, nessa situação, busca mais habitualmente
ao mercado financeiro para tomar recursos fundamentais ao seu giro, eviden-
ciando maior dependência dos empréstimos de curto prazo. Essa situação, se-
gundo o autor, tende a ser agravada à medida em que a NIG continuar crescendo
mais do que proporcionalmente ao CCL.
106 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
• CCL > 0
• NIG > 0
• CCL < NIG
• SD < 0
Fonte: Assaf Neto (2012, p. 203).
Agora, podemos observar, segundo Assaf Neto (2012), que a Figura 5 apresenta
estruturas financeiras de mais alto risco de insolvência, que em desequilíbrio,
caracteristicamente, apresentam CCL negativo, apontando uma insuficiência
de recursos para financiar aplicações de longo prazo. O autor complementa,
ainda, que essas empresas se mostram descapitalizadas, exprimindo uma pés-
sima situação financeira.
Introdução ao capital de giro e à avaliação financeira | TEMA 3 107
Além disso, Assaf Neto (2012) menciona que os recursos para financiar a NIG
são, normalmente, identificados de fontes de terceiros (empréstimos e financia-
mentos a longo prazo), de saldos financeiros de disponível ou de recursos pró-
prios, ou seja, por meio de aumentos de capital ou de um processo de autofinan-
ciamento, que é processado mediante fluxos de caixa gerados pelas operações,
como pode observado na Figura 6.
Lucro Líquido
(-) Dividendos
(+) Despesas Não Desembolsáveis (Depreciação)
(=) Fluxo de Caixa Decorrente das Operações
Fonte: Assaf Neto (2012, p. 204).
108 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
LEITURA COMPLEMENTAR
Para compreender como é feita uma análise financeira, leia o artigo “Ava-
liação financeira das cooperativas de crédito rural do Estado de Minas Ge-
rais”, de Valéria Gama Fully Bressan, Marcelo José Braga e Aureliano Angel
Bressan. Este artigo apresenta uma análise financeira das cooperativas
de crédito agrícola em Minas Gerais, entre 1998 e 2001. Disponível em:
https://ageconsearch.umn.edu/record/43567/.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômi-
co-financeiro. São Paulo: Atlas, 2012.
EM RESUMO
Ao longo deste Tema, você aprendeu que:
• alguns conceitos do Capital de Giro são o Ativo Circulante (AC), que correspon-
de basicamente às disponibilidades, duplicatas a receber e estoques; Capital
Permanente Líquido (CPL), que é a diferença entre os grupos não circulantes;
e Capital de Giro Próprio (CGP), que é a parcela do Ativo Circulante financiada
com recursos próprios;
tema
Alavancagem, solvência e
insolvência
4
OBJETIVO
Compreender e identificar os tipos de
intraempreendedorismo.
NOSSO TEMA
O estudo de alavancagem possibilita verificar a possibilidade de uma empresa
manter uma estrutura de gastos fixos, aumentar o seu faturamento e, conse-
quentemente, sua lucratividade. Além disso, o estudo da solvência permite o
conhecimento de alguns modelos utilizados para medir o risco de empresas.
Neste Tema, será possível obtermos o conhecimento a respeito da Alavanca-
gem Operacional, Alavancagem Financeira, Alavancagem Total ou Combina-
da, e Solvência e Insolvência. Assim, com o aprendizado destas temáticas será
possível alcançar o entendimento sobre os aspectos principais relacionados aos
índices de solvência e insolvência, bem como sobre os elementos importantes
relacionados à alavancagem com seus respectivos cálculos, quando cabíveis.
Alavancagem, solvência e insolvência | TEMA 4 111
Com base nessa Demonstração, Silva (2012) observa que cada um dos seis ca-
beleireiros tem um salário fixo, o que totaliza R$2.100,00, que será pago aos
profissionais, independentemente de produção, daí são chamados de custos fi-
xos, pois são custos que estão relacionados ao período e não variam conforme o
volume de produção, o que faz com que ao final de cada mês os cabeleireiros re-
cebam esse valor não importando a quantidade de cabelos que tenham cortado.
Para complementar, de acordo com Silva (2012), vamos considerar que o Salão
Tesoura Feliz esteja localizado em um determinado espaço e que sua capacida-
de máxima seja de 6 cadeiras, para um volume também máximo de 1.500 cor-
tes mensais, logo, se o movimento crescer e se estabilizar entre 1.500 e 3.000
cortes, haverá a necessidade de outra loja com área igual; se o número de cortes
ficar entre 3.000 e 4.500 cortes, será necessária uma terceira loja, e assim por
diante.
Alavancagem, solvência e insolvência | TEMA 4 113
4.800 Intervalo 3
3.200 Intervalo 2
1.600
Intervalo 1
Também, com base no exemplo, Silva (2012) observa que a comissão paga aos
cabeleireiros é equivalente a 40% da receita, de tal modo que se, por exemplo,
durante o mês nenhum cabelo for cortado, a comissão será zero, o que caracte-
riza os custos variáveis, ou seja, aqueles custos que variam conforme o volume
de produção.
21.000
18.000
15.000
12.000
Variáveis
9.000
6.000 6.400
3.000 4.800
Quantidade
Fonte: Silva (2012, p. 546).
Com base no exemplo citado, Silva (2012) complementa que a margem de con-
tribuição total é de R$9.600,00 e a margem de contribuição unitária, que é a
diferença entre o preço de um corte de cabelo e a comissão (custo variável) paga
ao cabeleireiro, corresponde a R$12,00, que é resultado do seguinte cálculo:
R$20,00 do corte menos R$8,00 da comissão.
Alavancagem, solvência e insolvência | TEMA 4 115
Com base no exemplo do salão de beleza Tesoura Feliz, segundo Silva (2012),
tem-se um ponto de equilíbrio contábil em quantidade de 600 cortes (R$7.200
/ (R$20,00 - R$8,00), visto que os custos fixos somam R$7.200,00, o preço de
cada corte é R$20,00 e o custo variável de cada corte é R$8,00, o que dá ori-
gem, portanto, a uma margem de contribuição de R$12,00.
De acordo com Silva (2012), a divisão dos custos fixos pela margem de
contribuição fornece a quantidade de cortes de cabelos que representa
o ponto de equilíbrio (aqui no exemplo, 600 cortes).
De acordo com Silva (2012), para uma produção mensal de 800 cortes, o salão
de beleza Tesoura Feliz tem um lucro de R$2.400, como pode ser averiguado na
Figura 1. O autor propõe a elevação da produção para 1.000 cortes, de modo que
seja verificado o Grau de Alavancagem Operacional (GAO):
(R$4.800,00 − R$2.400,00)
Δ% lucro = = 100%
R$2.400,00
(1.000 – 800)
Δ% quantidade = = 25%
800
Δ% Lucro 100%
𝐺𝐴𝑂 = = = 4,00
Δ% Quantidade 25%
Continuando, Silva (2012) supõe que a produção seja de 1.200 cortes, e calcula
o GAO tomando como base as 800 unidades:
Cálculo do GAO:
(R$7.200,00 − R$2.400,00)
Δ% lucro = = 200%
R$2.400,00
(1.200 – 800)
Δ% quantidade = = 50%
800
Δ% Lucro 200%
𝐺𝐴𝑂 = = = 4,00
Δ% Quantidade 50%
Uma outra forma de calcular o GAO que também podemos utilizar é por meio
da seguinte fórmula:
𝑀𝐶𝑇
𝐺𝐴𝑂 =
𝐿𝐴𝐽𝐼𝑅
Alavancagem, solvência e insolvência | TEMA 4 117
Onde:
MCT = Margem de Contribuição Total
LAJIR= Lucro Operacional
R$9.600,00
𝐺𝐴𝑂 = = 4,00
R$2.400,00
De acordo com Silva (2012), o GAO pode também ser calculado por quantidade,
para isso, utilizamos a seguinte fórmula para obter o resultado:
(P – V)
𝐺𝐴𝑂 = 𝑄 𝑥
[Q x (P – V) − F]
Onde:
Q = Quantidade
P = Preço de Venda
V = Custos Variáveis
F = Custos Fixos
Tomando como exemplo o salão Tesoura Feliz para uma base de 800 cortes e a
fórmula representada acima, Silva (2012) apresenta o seguinte cálculo:
(R$20,00 – R$8,00)
𝐺𝐴𝑂 = 800 𝑥 = 4,00
[800 x (R$20,00 – R$8,00) − R$7.200,00]
Silva (2012) ainda complementa, informando que o GAO pode ser calculado
também a partir da receita total, dos custos variáveis totais e dos custos fixos,
conforme fórmula, a seguir:
[R – (V x Q)]
𝐺𝐴𝑂 =
[R – (V x Q) – F]
Onde:
R = Receita
Q = Quantidade
P = Preço de Venda
V = Custos Variáveis
F = Custos Fixos
118 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
(16.000,00 – 6.400,00)
𝐺𝐴𝑂 = = 4,00
(16.000,00 – 6.400,00 – 7.200,00)
Agora, por meio da Figura 5, Silva (2012) evidencia o impacto na receita, nos
diversos custos e no lucro, se aumentado o número de cortes de cabelo de 800
para 1.000, que é a situação 1, e na situação 2, a qual apresenta uma queda de
800 para 600 cortes mensais.
LEITURA COMPLEMENTAR
Amplie ainda mais seu conhecimento com a leitura do artigo “Grau de
alavancagem operacional e alisamento de resultados contábeis”, de Silvia
Consoni, Ivan Oliveira de Vieira Mendes e Rodrigo Oliveira Soares. Neste
artigo, você poderá identificar se há relação entre o grau de alavancagem
operacional e alisamento de resultados contábeis em empresas brasileiras
de capital aberto. Disponível em: https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/
article/view/241.
Alavancagem, solvência e insolvência | TEMA 4 119
REFERÊNCIAS
BRUNI, A. L. A administração de custos, preços e lucros. São Paulo:
Atlas, 2012.
Ainda, de acordo com Matarazzo (2010), a empresa que usa recursos de tercei-
ros tem em seus custos financeiros os encargos decorrentes dessa opção, o que
representa uma substituição aos encargos que teria com os proprietários pela
remuneração do capital de risco. Segundo o autor, a capacidade que a empresa
possui de administrar os recursos, sejam eles próprios ou de terceiros, e com
isso maximizar os lucros por ação, corresponde à administração da Alavanca-
gem Financeira.
vos totais iguais a R$200,00, financiados em uma situação original com a tota-
lidade de recursos próprios, sendo que seu lucro operacional próprio, desconsi-
derando despesas financeiras, é de R$100,00.
Ativo $ Passivo $
Circulante 60,00 Dívidas 0,00
Permanente 140,00 PL 200,00
Soma 200,00 Soma 200,00
Descrição $
Lucro operacional próprio 100,00
(-) Despesas financeiras -
Lucro antes do IR 100,00
(-) IR (30,00)
Lucro líquido 70,00
Figura 4 – Cálculos
Descrição $
Lucro líquido (a) 70,00
Investimentos (b) 200,00
ROI (a/b) 35%
Lucro líquido (a) 70,00
PL (c) 200,00
ROE (a/c) 35%
Para Bruni (2012) o entendimento é de que, apesar de o lucro líquido ter apre-
sentado, em termos absolutos, uma redução substancial, é relevante analisar
seus efeitos de forma relativa, sobre o ROI e o ROE. Para isso, acompanhe a
Figura 6.
124 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Figura 7 – Exemplo
Silva (2012) observa que, na base relativa ao cenário mais provável da Figura
6, com faturamento previsto de R$200.000,00, o LAJIR é de R$84.500,00 e
o lucro líquido corresponde a R$47.850,00. Segundo o autor, caso as vendas
cresçam 20% e atinjam R$240.000,00 conforme o cenário otimista, o LAJIR
corresponderá a R$108.500,00 (crescimento de 28,4%), ao passo que o lucro
líquido será de R$63.690,00 (crescimento de 33,1%). O autor afirma que o Grau
de Alavancagem Financeira (GAF) é obtido por meio da divisão da variação
percentual do lucro líquido sobre a variação percentual do LAJIR, conforme a
equação apresentada, a seguir.
33,1%
𝐺𝐴𝐹 = = 1,17
28,4%
De acordo com Silva (2012), se por outro lado, ocorrer uma redução de 20%
nas vendas, o lucro líquido também terá redução de 33,1%, mantendo o mesmo
GAF.
Silva (2012) também explica que o GAF pode ser calculado pela divisão do LA-
JIR pelo LAIR (Lucro Antes do Imposto de Renda), conforme fórmula apresen-
tada abaixo:
LAJIR
𝐺𝐴𝐹 =
LAIR
Para finalizar, Assaf Neto (2012) complementa que a expressão mostra a alte-
ração percentual no lucro líquido (disponível aos acionistas) determinada por
uma alteração no lucro operacional. O autor cita o exemplo de que se o GAF for
igual a 1,5, aponta que para cada 1% de aumento no resultado operacional tem-
-se como efeito um acréscimo de 1,5% no lucro líquido.
126 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
LEITURA COMPLEMENTAR
No intuito de procurar caracterizar as estruturas de capital e a alavancagem
financeira, mediante cálculo do Endividamento, da Dependência Financeira
e do Grau de Alavancagem Financeira (GAF), o artigo “Estrutura de ca-
pital e alavancagem financeira de empresas da agroindústria canavieira:
um estudo multicaso para o Centro-Oeste”, de Helder Henrique Martins,
Thiago Henrique Moreira Goes, Pery Francisco Assis Shikida, Régio Marcio
Toesca Gimenes e Carlos Alberto Piacenti, tem por objetivo analisar gru-
pos empresariais da agroindústria canavieira do Centro-Oeste brasileiro, a
fim de obter resultados satisfatórios. Para conhecer mais sobre este caso,
acesse o material. Disponível em: https://seer.uscs.edu.br/index.php/revis-
ta_gestao/article/view/2430.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômi-
co-financeiro. São Paulo: Atlas, 2012.
Bruni (2012) afirma que, conforme o próprio nome mostra, o GAC resulta da
combinação, isto é, da multiplicação dos graus de Alavancagem Operacional
e Financeira, de forma a expressar a consequência sobre as variações do lucro
operacional em função das distintas estruturas de gastos fixos, de ativos e de
passivos, podendo ser representada pela seguinte equação: GAC = GAO x GAF.
Figura 1 – Exemplo
Para podermos ter uma maior compreensão da Alavancagem Total, vamos ob-
servar atentamente a Figura 2.
Sendo assim, Silva (2012) afirma que a Figura 2 mostra três cenários, sendo o
mais provável, o pessimista e o otimista e que há um desvio de 20% dos cená-
rios otimista e pessimista em relação ao cenário mais provável. Segundo o au-
tor, com o faturamento estimado em R$200.000,00 a empresa almeja um lucro
líquido de R$47.850,00, enquanto que se o faturamento for superior em 20%,
isto é, atingir R$240.000,00, o lucro será de R$63.690,00.
Além disso, Silva (2012) chama a atenção para o fato de que o crescimento do
lucro (de R$47.850,00 para R$63.690,00) foi de 33,1%, que é proporcionalmen-
te superior ao crescimento do faturamento, surgindo o Grau de Alavancagem
Total (GAT), cuja fórmula pode ser observada como segue:
33,1%
𝐺𝐴𝑇 = = 1,66
20,0%
Logo, de acordo com Costa et al. (2011), sempre que a variação percentual no lu-
cro líquido decorrente de uma dada variação percentual nas vendas for superior
à variação percentual nessas últimas, existirá Alavancagem Total.
Costa et al. (2011) afirmam que quanto maior for o quociente do GAT,
maior será o grau de Alavancagem Total. Os autores afirmam que isso
quer dizer que se o GAT for maior do que 1, há Alavancagem Total.
Conforme Silva (2012), para um nível de atividade (no caso, o cenário mais pro-
vável), o GAT pode ser calculado também pela divisão da margem de contri-
buição (MC) pelo lucro antes dos impostos (LAIR), como exposto na fórmula
apresentada, a seguir:
𝑀𝐶
𝐺𝐴𝑇 =
𝐿𝐴𝐼𝑅
Onde:
MC = Margem de Contribuição
LAIR = Lucro Antes do Imposto de Renda
Complementa, ainda, Silva (2012), afirmando que por meio da fórmula anterior
e do exemplo apresentado, tem-se:
𝑅$120.000,00
𝐺𝐴𝑇 = = 1,66
𝑅$72.500,00
Padoveze e Francischetti (2018) ressaltam que há, portanto, dois graus de Ala-
vancagem Operacional e dois graus de Alavancagem Financeira, cuja combina-
ção possibilita quatro combinações de alavancagem e, portanto, quatro diferen-
tes graus de alavancagem combinada.
LEITURA COMPLEMENTAR
Conheça um modelo para a decisão sobre financiamento, por meio do le-
vantamento de um parâmetro em termos de taxa de juros máxima admis-
sível voltado à necessidade de captação de recursos para financiamento de
novos projetos e alavancagem financeira das empresas. Para isso, leia o
artigo “Tomada de decisões: taxa de juros do ponto de indiferença”, de Car-
los Eduardo Francischetti, Mário Sacomano Neto, Antonio Carlos Giuliani e
Clovis Luís Padoveze. Disponível em: https://www.gestaoesociedade.org/
gestaoesociedade/article/view/563/546.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômi-
co-financeiro. São Paulo: Atlas, 2012.
©tumsasedgars
Fonte: 123RF.
Para a consecução de tais objetivos, segundo Assaf Neto (2012), é usada a téc-
nica estatística de análise discriminante, que extrai um comportamento típico
das variáveis relacionadas previamente. Em outras palavras, segundo o autor,
essa técnica identifica características básicas de um universo de variáveis em
processo de análise, classificando-o, por consequência, em categorias de de-
sempenho semelhantes.
Nesse sentido, Assaf Neto (2012) cita o exemplo de que na análise de balanços,
existe, normalmente, grande interesse na classificação das empresas como sol-
ventes e insolventes e, por meio de vários indicadores econômico-financeiros
das empresas, e da aplicação da análise discriminante, é possível que se conhe-
çam as características típicas de cada grupo empresarial e, por conseguinte,
serão obtidos os fatores de previsão de solvência e insolvência.
136 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Em que:
Segundo Silva (2012), os coeficientes X1... X n são obtidos via processo estatístico
e são valores fixos, enquanto os índices (a1... an) variam conforme a empresa, já
o Z é a variável dependente que resulta dos índices e de seus respectivos pesos.
Além disso, Silva (2012) afirma que, nas pesquisas que realizaram usando a
metodologia estatística chamada de análise discriminante, desenvolveram os
modelos de classificação de empresas, chegando a algumas conclusões interes-
santes:
a. Que os índices mais eficazes para avaliar uma empresa comercial foram
diferentes dos que tiveram melhores resultados para avaliar indústrias,
por exemplo.
b. Ao ser avaliada a saúde financeira de uma empresa com horizonte para
dois ou três anos pela frente, os indicadores mais relevantes são diferen-
tes dos que devem ser utilizados quando se pretende fazer uma análise de
curtíssimo prazo, isto é, para o próximo ano.
A partir desses dois fatores, Silva (2012) afirma que obtiveram quatro modelos
básicos, sendo dois para empresas comerciais e dois para empresas industriais,
havendo tanto para a indústria, quanto para o comércio, modelos para previsão
para o próximo exercício e para os dois próximos, isto é:
• Z1i = modelo para avaliação de empresas industriais, para o próximo ano.
• Z2i = modelo para avaliação de empresas industriais, para os próximos
dois anos.
• Z1c = modelo para avaliação de empresas comerciais, para o próximo ano.
• Z2c = modelo para avaliação de empresas comerciais, para os próximos
dois anos.
Sendo assim, Silva (2012) apresenta um exemplo para cada um dos modelos,
que serão expostos, a seguir.
138 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Silva (2012) salienta que, para qualquer um dos quatro modelos é preciso pro-
ceder da seguinte maneira:
a. Conseguir as demonstrações financeiras da empresa e padronizá-las.
b. Calcular o valor da função Z (Z1i, Z2i, Z1c ou Z2c) que se deseja.
c. Comparar o valor obtido com a escala exibida na Figura 2 para se ter uma
classificação do risco da empresa.
140 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
0
z -1,4 1,4 2,95 5,00
Risco Risco de Risco Risco Risco
Elevado Atenção Médio Modesto Mínimo
P(S) 0,20 0,80 0,95 0,99
0,5
Fonte: Silva (2012, p. 356).
Onde:
Z = valor da função Z (Z1i, Z2i, Z1c e Z2c) a ser obtido.
P(S) = probabilidade de solvência da empresa.
Pelo entendimento de Silva (2012), como regra genérica, quando o valor de Z for
maior do que zero, a empresa será classificada como solvente, e quando menor,
será classificada como detentora de potencial para insolvência. Segundo o au-
tor, de acordo com a nota (valor de Z) na tabela de classificação, a empresa está
concernente à probabilidade de solvência.
Nesse sentido, Silva (2012) apresenta números nas Figuras 3 e 4, que são refe-
rentes a uma empresa denominada Cia. Industrial A, e que serão usados para
fazer uma aplicação prática de Z1i.
Alavancagem, solvência e insolvência | TEMA 4 141
Portanto, segundo Silva (2012), o valor da função Z1i para a Cia. Industrial A
corresponde a – 2,645, o que equivale a uma classificação de risco elevado para
o próximo exercício, de 20X4. Em termos práticos, segundo o autor, o resultado
foi que esta empresa solicitou concordata cerca de seis meses depois da publi-
cação dessas demonstrações financeiras.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para entender como é feita a avaliação, mediante à utilização de técnicas de
Análise Discriminante Linear, Regressão Logística, Árvores de Classifica-
ção e Redes Neurais Artificiais, além de observar quais indicadores foram
os mais significantes para a análise de insolvência, leia o artigo “Avaliação
do desempenho de técnicas de classificação aplicadas à previsão de insol-
vência de empresas de capital aberto brasileiras”, de Romulo Alves Soares
e Silvia Maria Dias Pedro Rebouças. Disponível em: http://revistaadmma-
de.estacio.br/index.php/admmade/article/view/1307.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-fi-
nanceiro. São Paulo: Atlas, 2012.
EM RESUMO
Ao longo deste Tema, você aprendeu que: