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Empreendedorismo

ASPECTOS LEGAIS
ESTRUTURA DE
CAPITALIZAÇÃO
PLANO FINANCEIRO (PARTE II)
APRESENTAÇÃO

Prezado(a) aluno(a), chegamos à última


parte da nossa disciplina. Espero que o
seu aprendizado seja coroado de êxito
com este módulo! Mãos à obra e bons
estudos!

N este módulo finalizaremos o nosso estudo sobre o tema Plano Financeiro.


Apresentaremos parâmetros de planejamento e de acompanhamento do desempenho
econômico-financeiro de um empreendimento.
Para uma boa gestão do negócio faz-se necessária a perfeita compreensão deste conte-
údo a ser estudado, favorecendo assim a interpretação precisa dos resultados da organi-
zação. Lembre-se sempre: informações precisas são essenciais aos acertos nas decisões
tomadas pelo empreendedor!

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Entender a composição do conjunto demonstrativo de resultados empresariais;
• Estruturar procedimentos para avaliação de resultados empresariais;
• Interpretar os indicadores de viabilidade econômico-financeira de um empreendimento.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Transposição Pedagógica Infraestrutura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Cristiana Chaves de Oliveira Coordenação


Produção de Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Design Multimídia
Assessoria ao Professor,
Coordenação AUTORIA
Assessoria ao Aluno e Tutoria
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação Prof. José Manoel Granados Negrão
Design Multimídia 2017
Gabrielle Nunes Paixão
Alan J. Galego Bernini

BELO HORIZONTE - 2017


ASPECTOS LEGAIS – ESTRUTURA
DE CAPITALIZAÇÃO – PLANO
FINANCEIRO (PARTE II)
Demonstrativos de Resultados – DR
Os demonstrativos de resultados são resumos ordenados das operações financeiras de
receitas e despesas da empresa durante um período específico, onde se indica o resultado
de lucro ou prejuízo.

Comumente, a demonstração do resultado cobre o período de um ano, e é tipicamente


encerrado em 31 de dezembro do ano calendário, ou em data diferente caso seja consi-
derado o ano fiscal.

Também é comum o preparo de demonstrações mensais, para uso da administração nas


suas tomadas de decisões, quer seja em correções de rumos, no caso de ocorrências
de desvios dos resultados obtidos e comparados às metas traçadas na fase de
planejamento, quer seja em aprimoramentos, no caso de se verificar possibilida-
des de reduções de custos e outros ganhos pertinentes ao negócio.

O demonstrativo mensal também tem o objetivo de fornecer


informações do negócio aos acionistas das empre-
sas de capital aberto, e nas exigências fiscais das
empresas.

Os custos envolvidos têm significativa influência


sobre o resultado empresarial, sendo fundamental
o seu perfeito detalhamento. Isto permitirá
ainda o estudo das correlações entre o
nível das atividades, o volume produ-
zido e os custos e as receitas obtidas
em um determinado período, dando
ao gestor o panorama do desempenho
produtivo e a saúde financeira da empresa.

RECEITA TOTAL DE VENDAS


A receita total de vendas é o valor bruto recebido por uma empresa, devido à venda de
determinada quantidade de produtos ou serviços, em um determinado período.

Exemplos:

VENDAS MENSAIS

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL

Produto 1 12.350 12.350 12.350 12.350 12.350 12.350 12.350 14.710 14.710 14.710 14.710 14.710 14.710

Produto 2 7.880 7.880 7.880 7.880 7.880 10.035 10.035 10.035 10.035 10.035 10.035 10.035 10.035

Serviço 1 9.444 9.444 9.444 9.444 9.444 12.730 12.730 12.730 12.730 12.730 12.730 12.730 12.730

Total Vendas 30.674 30.674 30.674 30.674 30.674 35.115 35.115 37.745 37.745 37.745 37.745 37.745 37.745

Aspectos Legais – Estrutura de Capitalização – Plano Financeiro (Parte II) 129


VENDAS ANUAIS

2005 2006 2007 2008 2009


Produto 1 330.000 360.000 390.000 430.000 473.000
Produto 2 15.000 18.500 25.000 28.000
Produto 3 5.500 15.000 24.000
Serviço 1 3.000 6.400 10.000 16.000
Serviço 2 4.300 5.900 7.100
Total 333.000 378.000 424.700 485.900 548.100

CUSTOS VARIÁVEIS
São aqueles custos cujos valores variam proporcionalmente às vendas realizadas, ou ao
volume de produção da empresa, dentro de um determinado período. Podem ser facilmen-
te apropriados, com certa precisão, aos departamentos da empresa.

O controle de realização dos seus valores é de responsabilidade dos gestores dos depar-
tamentos. Os maiores componentes desses custos geralmente são:

a. gastos com matérias-primas e/ou com mercadorias vendidas;


b. impostos sobre vendas;
c. gastos com vendas.

MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO
É o valor resultante da receita total de vendas menos os custos variáveis. A margem de
contribuição representa o quanto à empresa tem para pagar as despesas fixas e gerar o
lucro líquido.

A margem de contribuição pode ser expressa também em percentagem (%), por exemplo:
Preço de Venda = R$ 20,00 (100%) - Custo das Mercadorias Vendidas = R$ 12,00 (60%)
- Despesas Variáveis = R$ 2,00 (10%) = Margem de Contribuição = R$ 6,00 (30%).

O resultado dessa operação de cálculo também pode ser denominado de margem bruta,
sendo um dos melhores indicadores de produtividade. Se compararmos duas empresas
de mesma atividade, aquela que tiver maior margem bruta será a mais produtiva, seja por
eficiência nos processos, ganho de escala, estrutura de custos, etc.

Em resumo: MB (Margem Bruta) = RT (Recita Total) – CV (Custos Variáveis).

130 Aspectos Legais – Estrutura de Capitalização – Plano Financeiro (Parte II)


CUSTOS FIXOS TOTAIS
São aqueles custos que se mantêm invariáveis, independentemente da variação da quan-
tidade das vendas realizadas, ou do volume de produção da empresa, dentro de um deter-
minado período. É o caso, por exemplo, do aluguel. Este será cobrado pelo mesmo valor
qualquer que seja o nível de produção, inclusive no caso de não se produzir nada.

Deduzindo-se os custos fixos e os custos variáveis do valor da receita total de vendas,


obtém-se a margem líquida, que é um indicativo de lucratividade. Se compararmos duas
empresas de mesma atividade, aquela que tem maior margem líquida é a que apresenta
melhor rentabilidade no negócio, incluindo-se aí aspectos de ordem operacional e finan-
ceira. Em resumo: ML (Margem Líquida) = RT (Recita Total) – CV (Custos Variáveis) – CF
(Custos Fixos).

LUCRO
LUCRO BRUTO

É o resultado positivo entre a receita e o custo de produção, incluindo-se os gastos com


insumos, energia, remuneração dos empregados, e outras despesas. Lucro Bruto = Total
das Vendas (receitas) – Custos/despesas.

LUCRO LÍQUIDO

Equivale ao lucro bruto menos as deduções de imposto de renda e de outras taxas que a
empresa tenha que pagar. Lucro Líquido = Lucro Bruto – impostos e taxas.

Aspectos Legais – Estrutura de Capitalização – Plano Financeiro (Parte II) 131


LUCRO OPERACIONAL

O lucro operacional é igual às receitas totais das operações menos os respectivos custos
totais. Lucro Operacional = RT – CT.

Como exemplo de um resumo de Demonstração de Resultados, apresentamos a seguinte


planilha:

DESCRIÇÃO \ ANOS ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4

RECEITA DE VENDAS

(-) CUSTOS VARIÁVEIS

(-) Impostos

(-) Deduções

(-) Custo de Matérias-primas

(-) Mão-de-Obra direta +


Encargos Sociais

(=) MARGEM DE
CONTRIBUIÇÃO

(-) CUSTOS FIXOS

PRODUÇÃO – INDIRETOS

ADMINISTRATIVOS

COMERCIAIS

OUTROS CUSTOS FIXOS

FOLHA DE PAGAMENTO +
ENCARGOS SOCIAIS

RESULTADO OPERACIONAL

Receitas Financeiras

Juros de Financiamentos

RESULTADO ANTES IR

(-) IMPOSTO DE RENDA

LUCRO LÍQUIDO

Obs.:
No caso de empresas de serviços, substituir “Matérias-primas” por “Custo dos Serviços
Vendidos”;

a. A mesma planilha poderá ser utilizada para periodicidade mensal, substituindo as


denominações “Ano 1”, “Ano 2”, etc., por “Mês 1”, “Mês 2”, etc.

132 Aspectos Legais – Estrutura de Capitalização – Plano Financeiro (Parte II)


FLUXO DE CAIXA
O fluxo de caixa tem por objetivo principal fornecer um resumo das
entradas e das saídas dos recursos financeiros da empresa relativos
às atividades operacionais, de investimento e de financiamento, em
um determinado período de tempo – diário, semanal e mensal. É
uma ferramenta de controle financeiro fundamental que funciona
como “pulmão da empresa”, e pode servir para:

• Planejar e controlar as entradas e saídas de caixa no perío-


do de tempo pré-estabelecido;
• Auxiliar o empresário a verificar se os recursos financeiros
são suficientes para gerir o negócio em um determinado
período, ou se há a necessidade de aporte financeiro;
• Planejar os melhores prazos de pagamentos e recebimentos;
• Avaliar se o recebimento das vendas é suficiente para cobrir os
gastos assumidos;
• Verificar a melhor data para o pagamento de reposição do estoque;
• Saber se é ou não possível conceder prazos de pagamentos aos clientes;
• Planejar compras à vista;
• Planejar políticas de marketing e promoções;
• Avaliar a capacidade de pagamentos antes de assumir novos compromissos.

SAIBA MAIS
Para saber mais sobre a temática fluxo de caixa acesse o arquivo planilha típica de fluxo de
caixa diário, disponível no ambiente complementos do conteúdo.
Boa leitura!

Indicadores de viabilidade
Os Indicadores de Viabilidade propõem uma análise de investimentos de
um novo negócio com o objetivo de avaliar os riscos desse negócio e
sua rentabilidade.

Quanto mais confiáveis e realistas forem os dados levantados em


todas as etapas do Planejamento, mais real será a análise de sua
viabilidade. Assim o empreendedor poderá decidir por implantar
ou não o negócio.

PONTO DE EQUILÍBRIO – PE

Ponto de equilíbrio é o valor ou a quantidade que a empresa


precisa vender para cobrir o custo das mercadorias vendidas, as
despesas variáveis e as despesas fixas. Em outras palavras, signi-
fica o equilíbrio entre a receita total com a soma dos custos e despe-
sas relativos aos produtos vendidos. No ponto de equilíbrio, a empresa
não terá lucro nem prejuízo.

Fórmula: PE = Custo Fixo/Receita – Custo Variável, ou: PE = CF/R – CV.

Aspectos Legais – Estrutura de Capitalização – Plano Financeiro (Parte II) 133


De forma gráfica, podemos representar o ponto de equilíbrio da seguinte forma:

Receita
Custo Total
Lucro
R$

Pe R$
Custo Variável

Prejuízo

Custo Fixo

Pe Qtde.

Conforme se pode observar na figura acima, o Ponto de Equilíbrio é o ponto onde a linha
da Receita cruza com a linha do custo total. Para se calcular o Ponto de Equilíbrio, neces-
sário se faz é o conhecimento do conceito que estudamos anteriormente sobre Margem
de Contribuição.

É a diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas variá-


veis por unidade de produto. Significa que em cada unidade vendida, a empresa lucrará
determinado valor. Multiplicado pelo total vendido, teremos a contribuição marginal total
do produto para a empresa.

RECAPITULANDO
Recapitulando, Margem de Contribuição, nada mais é do que os resultados positivos, obtidos
através da Receita, menos os Custos Variáveis, e que deverá ser igual aos Custos Fixos para
que se chegue ao Ponto de Equilíbrio.

Então, o Ponto de Equilíbrio pode ser calculado tanto em valores monetários como em
quantidade a ser vendida:
a. Ponto de Equilíbrio em valores monetários:

Valor total das despesas fixas, dividido pela % da margem de contribuição.

Exemplo:
• Valor total das despesas fixas = R$ 5.000,00;
• % margem de contribuição = 30%;
• Ponto de Equilíbrio: R$ 5.000,00 / 30% = R$ 16.666,67.

b. Ponto de Equilíbrio em quantidades:

Valor total das despesas fixas, dividido pelo valor da margem de contribuição.

Exemplo:
• Valor das despesas fixas = R$ 5.000,00;
• Valor da margem de contribuição = R$ 6,00;
• Ponto de Equilíbrio em quantidade: R$ 5.000,00 / R$ 6,00 = 833 unidades.

134 Aspectos Legais – Estrutura de Capitalização – Plano Financeiro (Parte II)


LUCRATIVIDADE

As empresas necessitam gerar lucros para sobreviver e crescer. O empreendedor, quan-


do aplica os seus recursos financeiros em qualquer negócio, tem expectativa de obter
retorno o mais rapidamente possível e com segurança. E para que isto aconteça é preciso
que a empresa apresente não somente resultados positivos quantitativos, mas também
resultados positivos qualitativos.

Nesse contexto, a Lucratividade sobressai como elemento chave do negócio. Lucratividade


é a relação do valor do lucro com o montante de vendas, ou seja, divide-se o valor do lucro
pelo volume de vendas. Lucratividade = (Lucro Líquido/Vendas) x 100%.

Para as micro e pequenas empresas a Lucratividade varia entre 5% a 10% para indústria
e comércio. No caso de prestadoras de serviços ficam em torno de 15% a 20%. Para
análise correta da lucratividade, as considerações são as seguintes:

• Quanto maior, melhor para a empresa;


• Deverá ser comparada com média do setor em que a empresa atua;
• Deverá atender a expectativa do empreendedor.

Normalmente os lucros gerados por uma empresa revelam três situações distintas:

• Podem estar gerando recursos insuficientes para manter a empresa;


• Podem estar gerando recursos mínimos para manter a sua sobrevivência;
• Podem estar gerando recursos para empresa sobreviver e crescer.

Uma empresa que esteja gerando recursos para sobreviver e crescer deve observar o seguinte:

• Normalmente tem fluxo de caixa positivo;


• Obtém ganho financeiro;
• Investe recursos na atualização do seu imobilizado; procura manter seus funcioná-
rios treinados e atualizados;
• Investe recursos constantemente em marketing;
• Gera recursos para manter o capital de giro e proporcionar o retorno desejado pelos
investidores.

RENTABILIDADE (%)

Rentabilidade é uma medida do retorno de um investimento. Indica o percentual de remu-


neração do c apital investido na empresa. Lembre-se: Investimento é todo o capital aplica-
do na empresa, seja o capital social inicial mais os aumentos (aporte) de capital adicional,
mais os lucros reinvestidos na empresa.

Aspectos Legais – Estrutura de Capitalização – Plano Financeiro (Parte II) 135


Pode-se dizer que a rentabilidade é a quantidade de dinheiro que o investidor ganha
para cada quantia investida. Calcula-se dividindo o Lucro Líquido obtido pelo valor do
Investimento Inicial. A rentabilidade esperada para micro e pequenas empresas é de 2%
a 4% ao mês sobre o investimento.

• Exemplo: Lucro Líquido mensal: R$ 2.000,00;


• Investimento total: R$ 80.000,00;
• Taxa de rentabilidade: 2,5 % ao mês.

PAYBACK
O Payback é o método mais simples de avaliação de investimento e é definido
como sendo o número de meses ou anos, dependendo da escala utilizada,
necessários para que o desembolso correspondente ao Investimento Inicial
seja recuperado. Um investimento significa uma saída imediata de dinheiro.
Em contrapartida se espera receber fluxos de caixa que visem recuperar
essa saída. O Payback calcula quanto tempo isso irá demorar.

De forma simplificada, considerando um fluxo de caixa mensal constante,


o prazo de retorno do investimento realizado é calculado da seguinte forma:
Investimento, dividido pelo Lucro Líquido, por exemplo:

• Investimento total: R$ 80.000,00;


• Lucro Líquido mensal: R$ 2.000,00;
• Prazo de retorno: 40 meses.

Considerando agora um fluxo de caixa variável, com periodicidade anual, teremos a


necessidade de usar uma planilha, por exemplo:

• Investimento total: 124.748,00;


• Período de análise: 8 anos

ANO SALDO A RECUPERAR FLUXO DE CAIXA2

0 (124.748,00) 0
1 (100.148,00) 24.600,00
2 (63.248,00) 36.900,00
3 (19.848,00) 43.400,00
4 29.352,00 49.200,00
5 78.552,00 49.200,00
6 127.652,00 49.100,00
7 176.752,00 49.100,00
8 225.852,00 49.100,00
PAYBACK = + / - 3 ANOS E 6 MESES

VALOR PRESENTE LÍQUIDO – VPL

O dinheiro possui seu valor alterado conforme o momento em que estamos utilizando-o.
Para se ter uma análise mais precisa sobre se o projeto deve ser feito ou não, precisamos
conhecer uma relação entre o poder do dinheiro no presente com o poder do dinheiro no
futuro.

136 Aspectos Legais – Estrutura de Capitalização – Plano Financeiro (Parte II)


Esta relação é conhecida como valor do dinheiro no tempo, e esse valor varia em função
da taxa de juros (também chamada de taxa de desconto, custo de oportunidade ou custo
de capital) aplicada às operações financeiras. O valor desembolsado ou recebido na data
atual, data base ou ainda data zero, como é comumente conhecida, é conhecido como
Valor Presente.

Cn

C1
C2
C4
C3

0 1 2 3 4 ... n

C0

Então, o valor presente líquido é o valor dos fluxos financeiros trazidos à data zero. Como
exemplo, consideremos valores de fluxo de caixa, ao longo de um período de tempo,
trazidos à data zero, sendo visualizados da seguinte forma:

450
300 300 250
0 1 2 3 4 5 6 7

350 100 100

1000

Através da figura acima podemos visualizar algumas operações. Existem fluxos de caixa
positivos e negativos a diferentes datas distintas. Vamos considerar que o fluxo de caixa
seja o comportamento de consumo e ganhos de uma determinada pessoa. Como saber
se ela está gastando mais ou arrecadando mais?

O VPL nada mais é do que uma aplicação de juros compostos. A fórmula geral de juros
compostos é: VF = VP x (1+i)n onde:

• VF = Valor futuro
• VP = Valor Presente
• i = Taxa de Juros
• n = Nº de Períodos

Aspectos Legais – Estrutura de Capitalização – Plano Financeiro (Parte II) 137


Para responder à pergunta acima devemos trazer todos os fluxos financeiros para uma
data comum (data zero). Considerando uma taxa de juros arbitrária de 2% ao período e
utilizando a fórmula podemos resumir da seguinte forma:

VF n VP Saldo
1000 0 -1000 -1000
300 1 294,11 -705,89
300 2 288,35 -417,54
350 3 -329,81 -747,35
450 4 415,73 -331,62
100 5 -90,57 -422,19
100 6 -88,79 -510,98
250 7 217,64 -293,34

Podemos ver que a soma dessas operações (todas trazidas à data zero) fez com que o
saldo desse um valor negativo. A soma de todos esses fluxos trazidos a uma data comum
é chamada de Valor Presente Líquido. O Valor Presente Líquido nesse caso é de -293,34,
ou seja, a pessoa que efetuou essas operações gasta mais do que arrecada, ainda que as
operações tenham sido feitas em épocas distintas.

A Fórmula Geral então para o cálculo do VPL então seria:

VPL= Valor 1 + Valor 2 + Valor 3 + Valor 4 + ...= + Valor n


(1+i1)1 + (1+i2)2 + (1+i3)3 + (1+i4)4 + + (1+in)n

OU = VPL = Co + ∑ ___Cn___
n=1 (1+ i)ⁿ
Onde:

• C0 é o fluxo de caixa feito na data zero. (Que no caso acima era de -1000)
• Cn é o fluxo de caixa feito no período n
• n é o número do período em que foi feito determinado fluxo
• i é a taxa de juros corrente ao período n

Embora o VPL seja considerado uma técnica sofisticada de análise de orçamentos de


capital, esse processo é limitado quando aplicado a situações reais. Suas principais limi-
tações são:

• Não se importa com o tempo de duração do projeto seja ele de um, de mil ou de
infinitos períodos. Seu enfoque é apenas no valor presente do montante resultante
dos descontos dos pagamentos futuros;
• Não é muito indicado em ambientes de risco. Alguns autores defendem que o VPL
pode ser trabalhado com risco, para tanto basta embutir na taxa de juros um prêmio
para esse risco, mas avaliar esse prêmio torna-se impraticável uma vez que o VPL
não considera o tempo da aplicação.

Usando o VPL para tomar decisões do tipo “aceitar-rejeitar”, adota-se o seguinte critério:
se o VPL for maior que zero, aceita-se o projeto; se o VPL for menor que zero, rejeita-se
o projeto. Se o VPL for maior que zero, a empresa obterá um retorno maior do que seu
custo de capital. Com isto, estaria aumentando o valor de mercado da empresa e, conse-
qüentemente, a riqueza dos seus proprietários.

138 Aspectos Legais – Estrutura de Capitalização – Plano Financeiro (Parte II)


TAXA INTERNA DE RETORNO - TIR

A Taxa Interna de Retorno – TIR – é possivelmente a técnica sofisticada


mais utilizada para a avaliação de alternativas de investimentos. A TIR é
definida como a taxa de desconto que iguala o valor presente das entradas
de caixa ao investimento inicial referente a um projeto.

A TIR, em outras palavras, é a taxa de desconto que faz com que o VPL de
uma oportunidade de investimento iguale-se a zero (já que o valor presente
das entradas de caixa é igual ao investimento inicial).

O uso da TIR deve servir para comparações com a com a taxa mínima de atratividade
definida pelo investidor. Esta taxa mínima de atratividade é a taxa correspondente à
melhor remuneração que poderia ser obtida com o emprego do capital em um investimen-
to alternativo. Em resumo:

• Se a taxa de retorno for maior que a taxa de juros do mercado, é rentável fazer o
investimento;
• Se a taxa de retorno for menor que a taxa de juros do mercado, não é rentável fazer
o investimento;
• Quando a taxa de retorno se equivale à taxa de juros do mercado, o investimento é
indiferente, pois a rentabilidade é nula.

Matematicamente, a TIR é obtida resolvendo-se a equação anterior de VPL, definindo o


VPL como zero, e considerando a taxa i como sendo a TIR:

$0 = Co + ∑ ___Cn___
n=1 (1+ TIR)ⁿ

Os cálculos de VPL e da TIR podem ser feitos manualmente, mas para torná-los
mais eficientes pode-se recorrer a uma calculadora financeira sofisticada do tipo
HP-12C, ou a Texas BA-35. Com essas calculadoras você simplesmente insere os
fluxos de caixa, juntamente com o custo de capital, para achar o VPL, ou apenas os
fluxos de caixa para o cálculo da TIR.

Os empreendedores/investidores dispõem de diversos


métodos para a análise de um investimento. Cada um
destes enfoca uma variável diferente:

• Payback - voltado para a variável tempo


• VPL voltado para o valor dos fluxos de caixas obti-
dos à data base
• TIR - voltada para a variável taxa Calculadoras HP-12C E BA-35

Aspectos Legais – Estrutura de Capitalização – Plano Financeiro (Parte II) 139


Síntese
Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final da nossa disciplina! Neste módulo você estudou
a composição do conteúdo do Demonstrativo de Resultados de um empreendimento e
como analisá-lo perante o planejamento previamente estruturado do negócio. Também
abordamos as técnicas de avaliação financeira de um empreendimento a ser feito para a
tomada de decisão de sua realização ou da não realização.

Lembre-se: o resultado esperado deve sempre contemplar o aumento do valor de mercado


da empresa e, consequentemente, a riqueza dos seus proprietários!

Esperamos que a disciplina Empreendedorismo e Plano de Negócio tenha contribuído de


forma relevante à sua formação acadêmica, e que lhe proporcione condicionamentos para
a sua evolução como empreendedor de sucesso na sua vida profissional.

Referências
ACADEMIA NACIONAL DE POLÍCIA. Inteligência Policial, 3 edição – Brasília – 2006.

ADESG Revista SEGURANÇA E DESENVOLVIMENTO. nº 221 – Rio de Janeiro – 1996.


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abertura e gerenciamento de um negócio próspero. São Paulo: Negócios, 2002.
DEGEN, R. J. O empreendedor – fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo:
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DEGEN, Ronaldo J. Empreendedor: empreender como opção de carreira. Editora Pearson
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DOLABELA, Fernando. O segredo de Luísa. São Paulo: Cultura, 1999.
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DRUCKER, Peter. Inovação e espírito empreendedor. Editora Thomson Learning. São
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DEP - DIPLOMACIA ESTRATÉGIA POLÍTICA. Ano 1, nº 1 – Projeto Raúl Prebisch –
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Finanças de empresas & Orçamento Empresarial. Disponível em: <www.financasnaweb.
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