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Na senda da atual legislação, observa-se que não há uma grande clareza acerca dos reais
limites estabelecidos por parte da atual legislação que rege as questões atinentes à publicidade
na advocacia.
Tal ocorre pelo fato de o próprio texto legislativo ser obscuro e não contemplar a velocidade
dos avanços promovidos pelas mudanças na atual forma de contratação de serviços, sendo
esta acelerada pela tamanha conectividade promovida pela digitalização das relações de
natureza profissional e comercial.
Embora haja uma breve contemplação de previsões acerca do uso da internet, bem como
orientações gerais acerca da conduta do advogado em divulgar os serviços jurídicos de modo
discreto e sóbrio, denota-se que o atual CEDOAB e o Provimento 94/2000 pecam por não
promover com clareza a liberação e regulamentação do uso de ferramentas como instagram,
google ads, facebook ads e marketing de conteúdo, sendo estes somente alguns exemplos de
ferramentas que fazem parte da rotina dos advogados brasileiros.
Na senda da análise dos dispositivos que regem a publicidade na advocacia, têm-se ainda
regulamentações acerca da utilização dos meios de divulgação, sendo os permitidos aqueles
previstos no texto dos artigos 5º e 3º do provimento e 45 e 46 do CEDOAB, abordando ainda
este último artigo quais manifestações seriam válidas no âmbito da divulgação dos serviços
advocatícios, e os vedados nos artigos 6º do provimento e 40 do CEDOAB.
No âmbito das vedações, a doutrina de MEDINA (2016) ressalta, acerca das proibições
estabelecidas pelo CEDOAB que:
Portanto, observa-se que a proibição atinente a determinados meios tem como fundamento o
quão agressivo ou comum é considerado o veículo, sendo elencados alguns dos meios
vedados, como placas chamativas e de grande dimensão, e outras informações que constem
em locais públicos, como veículos ou elevadores, os quais, supostamente, mediante um
simples ato de divulgação, seriam capazes de produtizar a advocacia, tornando-a semelhante a
um produto ou serviço qualquer, sendo permitidos tão somente as comunicações por meio
eletrônico, escrito ou que visem a identificação do advogado e do escritório, ou seja, meios
que promovem uma circulação menos exposta das informações que se pretende veicular.
Entretanto, para além do meio utilizado, há também uma preocupação sobre o conteúdo da
divulgação, sendo permitida tão somente a manifestação de cunho informativo, bem como a
prestação de informações básicas e objetivas, constando as permissões nos artigos 44 do
CEDOAB e 3º do provimento, e suas alíneas "d", "e", "f" e parágrafos 1º, 2º e 3º, segundo os
quais, em suma, o advogado pode divulgar informações acerca de mudanças de endereço ou
dados e somente para aqueles com os quais já mantém uma comunicação prévia, divulgar sua
profissão e suas especialidades em anuários, e veicular, moderadamente, informações sobre si
ou sobre a respectiva sociedade de advogados, pontuando-se a necessidade de, em conjunto
com a informação sobre os serviços que presta, haver a indicação de nome e número da OAB.
Tudo isto pode ser feito em termos de publicidade, desde que predomine a sobriedade e a
discrição, bem como o direcionamento da comunicação a pessoas que já mantinham contato
com o mesmo, sendo vedadas somente aquelas manifestações presentes nos artigos 4 e 8º do
provimento, bem como os artigos 40, inciso V, 41, 42 e 43 do CEDOAB, as quais, em linhas
gerais, estabelecem proibições a qualquer manifestação que vise a exposição de casos
próprios ou alheios, a propagação de ataques a colegas de profissão, ou a promoção de um
debate desregrado e centrado na figura do advogado, principalmente quando venha a violar a
dignidade da profissão. Ademais, os dispositivos preconizam que o advogado, em hipótese
alguma, poderá incorrer em mercantilização da profissão, ou em captação de clientes.
Pontue-se que o pressuposto do alcance dos direitos é a propagação do saber jurídico por parte
dos advogados, os quais, mediante o uso das redes sociais e de outras ferramentas, conseguem
um grande alcance não somente de clientes, mas de uma audiência disposta a adquirir
conhecimento jurídico prático, gerando um verdadeiro impacto em termos de educação
acessível e com uma linguagem descomplicada.
Além disso, inobstante a inconsistência da atual legislação acerca da matéria, é possível notar
que, em sentido contrário, o projeto do novo provimento, o qual surgiu pela premente
necessidade de avanço em relação a esta matéria, apresenta regras bem mais claras e
modernizadas acerca da temática, havendo, inclusive, um anexo próprio que regulamenta a
utilização de ferramentas tecnológicas, demonstrando, nesta senda, patente avanço quanto à
previsão deste tópico. E tudo isto, sem que tal progresso regulatório pudesse significar um
abalo à honorabilidade da profissão do advogado.
De modo geral, observa-se que o novo projeto traz uma abordagem ainda centrada no caráter
informativo da publicidade, permanecendo ainda as vedações relativas à divulgação dos
serviços jurídicos em meios como rádio e televisão e mantendo, também, a proibição da
divulgação, por parte do advogado, de informações
Como novidade, o projeto estabelece ainda em seu artigo 11, em paralelo aos avanços citados,
o Comitê Regulador do Marketing Jurídico, que tem por principal função .Ademais,
importante pontuar que o artigo 12 do mesmo projeto reflete uma nova postura fiscalizatória,
inobstante a abertura normativa, sendo as seccionais responsáveis pela aplicação de multas e
notificações àqueles advogados que violarem os termos do possível novo provimento
mediante atos de mercantilização.
2. 2 Análise concreta de processos instaurados contra startups no Brasil pela
divulgação de serviços jurídicos mediante anúncios e observação de
decisões provenientes do Tribunal de Ética e Disciplina acerca da mesma
matéria
Deste modo, mister destacar, de início, a peculiar situação das startups lawtechs que possuem
atuação mormente no ramo do direito do consumidor no Brasil, e têm seus quadros formados
por advogados, sejam eles parceiros ou integrantes da lawtech.
Nesta senda, observa-se, em particular, a instauração de ação civil pública que tramita perante
o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), a qual tem por número 5013015-
15.2019.4.02.5101, por parte da OAB do Rio de Janeiro, face à startup liberfly, atuante no
Brasil na seara dos direitos consumeristas de passageiros prejudicados por companhias aéreas.
Em suma, o objeto da referida ação é a retirada de anúncios que, consoante a OAB-RJ seriam
violadores das normas de publicidade na advocacia, o que de fato ocorreu, mediante a
concessão de tutela provisória de urgência, tendo sido exarado entendimento de que a startup
teria incorrido em violação dos artigos 5º e 7º do CEDOAB, os quais, em linhas gerais, tratam
da impossibilidade de captação de clientela e da vedação à mercantilização da advocacia.
Entretanto, mister elucidar e pontuar, por oportuno, o fato de que, inobstante a referência aos
dispositivos supracitados, para fins de conhecimento pleno das possibilidades que o
consumidor lesado tem para ver satisfeita sua pretensão, é fundamental que haja o
esclarecimento das possibilidades de utilização das vias judicial e extrajudicial, podendo ser a
divulgação das referidas informações nada mais do que a concretização do caráter informativo
da publicidade, insculpido no artigo 39 do CEDOAB.
Em cenário ainda mais próximo à realidade cearense, tem-se também a startup lawtech
Resolvvi, também composta por advogados parceiros e integrantes do quadro societário da
empresa, sendo a mesma, também, alvo de procedimento disciplinar em questões atinentes à
divulgação de serviços jurídicos, que tramita, atualmente, perante a OAB Ceará.
De modo a elucidar o posicionamento da startup supracitada acerca das limitações que afetam
a atividade de advogados, seja na seara das sociedades, em caráter autônomo, ou por meio de
startups, procedeu-se à aplicação de entrevista com o advogado e fundador da lawtech
cearense, Jesus Hernandez Nóbrega. Vejamos:
2-Na sua opinião, como a publicidade elencada na atual legislação (Código de Ética da
OAB e Provimento 94/2000) impacta a divulgação e o exercício do serviço proposto pela
startup?
O Brasil possui 1,2 milhões de advogados, sendo assim o terceiro país com mais advogados
do mundo. Atrás apenas da Índia e Estados Unidos, que possuem populações maiores,
tornando o Brasil com o maior número de advogados per capita do mundo. Deste 1,2 milhões
de advogados, temos aproximadamente 50% com até 40 anos, no total de 603 mil de “jovens
advogados”.
Apesar deste número imenso de advogados, é perceptível que as duas normas tratadas não
facilitam que o advogado busque por clientes e que em diversos pontos o texto genérico,
acaba por deixar o jovem advogado inseguro dos limites das regras da OAB e impedir o
mesmo de tentar buscar clientes, caráter genérico este que ocorre, por exemplo, no artigo 28
do Código de Ética, o qual menciona os termos “discrição” e “moderação” , que são
extremamente subjetivos. A partir de que ponto podemos considerar que determinada
comunicação ultrapassou a “moderação”?
4-Qual é a sua posição acerca das alegações do Conselho Federal sobre a usurpação de
clientes de outros advogados? Acredita que a atuação de lawtechs é realmente dissociada
da advocacia ou existe a possibilidade de uma atuação que favoreça o advogado?
R: Importante ressaltar que não conheço uma lawtech que funcione sem a presença de
advogados. O que vejo são startups inovando no mercado juntamente com os advogados.
Acredito fortemente que as lawtechs estão aumentando o tamanho do mercado e facilitando
tanto o acesso a mais cidadãos de seus direitos como o acesso de advogados ao mercado.
É curioso verificar que, apesar do Brasil ter o maior número de advogados per capita do
mundo, o brasileiro enfrenta problemas com o baixo nível de serviço oferecido e dificuldade
em encontrar soluções eficazes para problemas, já que o advogado é algo em realidade
distante para o Brasileiro médio.
Em uma pesquisa realizada pela Boa Vista SCPC sobre hábitos de consumo, a qual
demonstrou que 67% dos brasileiros conhecem apenas um pouco ou não conhecem nada
sobre seus direitos como consumidores. Em uma pesquisa interna realizada pelo site
“JusBrasil” 44,2% dos usuários que, a partir do “Diretório JusBrasil”, terminaram por
contratar um advogado, reportaram que acreditavam não ter condições de contratar um
profissional.
É inacreditável verificar que o país com maior número de advogados per capita do mundo
tenha uma lacuna tão grande entre o conhecimento dos direitos por parte dos consumidores e
o acesso aos advogados. Acredito fortemente que a tecnologia virá como uma forma de unir
estes dois lados, trazendo amplos benefícios para os jovens advogados e para os
consumidores.
5-Quais são suas expectativas sobre o novo provimento que trata da divulgação dos
serviços jurídicos? Há perspectiva de avanço?
R: Acredito que a tendência é termos avanços no tema da publicidade, já que estas regras no
Brasil estão defasadas se comparadas aos outros países ocidentais. Além disso, os próprios
jovens advogados já requerem avanços neste sentido, sendo aberta, inclusive, uma consulta
pública pela OAB, para consultar se o jovem advogado era favorável ou contra algumas
regras de publicidade, sendo claro o fato de que os próprios advogados anseiam por mudança,
e não deve demorar para a OAB se adequar à nova realidade do mercado.
6-Em sua opinião, quais seriam as mudanças necessárias para promover um avanço em
termos de marketing jurídico?
R: O advogado deveria ter mais liberdade tanto para realizar publicidade como propaganda. O
Brasil é um dos únicos países do mundo que tenta colocar o advogado em uma categoria
completamente diferente quanto à publicidade, causando uma anomalia no mercado, como
tratado acima, com um número gigantesco de profissionais e consumidores desamparados.
Este dilema que estamos vivendo em 2021, foi vivido em 1977 nos Estados Unidos, no caso
Bates vs State Bar of Arizona, em que a suprema corte americana entendeu inconstitucional a
vedação à publicidade por advogados, por violação à primeira emenda (liberdade de
expressão).
Verificamos também esta tendência nos países europeus como a França e a Dinamarca, onde é
lícita a publicidade com apenas algumas poucas limitações, utilizada principalmente para não
favorecer as grandes bancas ou não incentivar à concorrência desleal. Realmente creio que
teremos grandes avanços neste tema, permitindo mais liberdade para os advogados na
publicidade, trazendo mais competitividade para o mercado advocatício e mais acesso à
justiça para os consumidores.
Passada a elucidação no que tange à questão das startups afetadas pelas limitações presentes
nos atuais regulamentos, observar-se-á o tratamento da problemática atinente à divulgação de
serviços jurídicos em sede da análise das decisões provenientes do Tribunal de Ética e
Disciplina de São Paulo, da Turma de ética, responsável pela resposta a eventuais consultas,
sendo boa parte das questões não previstas nos atuais regulamentos, dirimidas mediante a
pacificação de entendimento.
Assim sendo, observa-se, por exemplo que a polêmica questão atinente à propagação de
anúncios, foco do presente subtópico e alvo de grande parcela da celeuma que diz respeito à
publicidade na advocacia, foi tratada pela Turma de Ética do referido tribunal paulista,
restando cristalina a inexistência de qualquer problemática relacionada à propagação de
conteúdos jurídicos por meio desta ferramenta, fato este que foi reconhecido nos anos de 2018
e 2019:
Entretanto, inobstante tal avanço apontado por parte da Turma de Ética do Tribunal de Ética e
Disciplina de São Paulo, denota-se que esta não tem sido a compreensão dos diversos outros
Tribunais de Ética das demais seccionais, como, por exemplo, do Tribunal de Ética e
Disciplina do Distrito Federal
Tal necessidade é fortalecida pela posição de Bebendo (2019, p. 8), o qual afirma que “A
busca da diferenciação é um elemento central das estratégias organizacionais. Abdicar da
diferenciação significa entender que todos os produtos de um mercado são iguais. Se eles são
iguais, ou commodities, eles passam a ser comprados apenas pelo seu diferencial de preço.”
Deste modo, realizando uma interpretação do texto supracitado, é possível entender, por este
viés, que a mercantilização da advocacia não estaria ligada aos receios atualmente presentes
de que isto poderia ocorrer mediante a mera divulgação dos serviços pelos meios e com o
conteúdo que atualmente são vedados, mas compreende-se, assim, que o decaimento da
profissão seria consequência da comoditização da profissão, a qual ocorre, atualmente, pela
ausência de diferenciação mercadológica entre os milhões de advogados brasileiros, o que
acaba gerando uma escolha do possível cliente tão somente pela melhor eficiência operacional
e rapidez do resultado, e pelo menor preço, fato este que sim, seria capaz de macular a
profissão pela desvalorização que já vem ocorrendo em relação ao exercício da advocacia.
Nesta senda, segundo o mesmo autor, “A percepção de que os produtos não têm diferenciação
leva a um achatamento de preços que conduz à disputa apenas pela eficiência operacional.
Esse efeito é nocivo e indesejado por qualquer empresa.” (BEBENDO, 2019, p. 8). Ou seja, a
diferenciação passa a ser uma questão de sobrevivência, para os advogados que já se
encontram no mercado, e para aqueles recém-formados que pretendem ingressar no exercício
da atividade.
Inclusive, considera-se que a diferenciação é uma das soluções mais inteligentes para a
competitividade de mercado, tendo em vista que não haveria briga por preços ou por agilidade
operacional, ainda que tais fatores sejam importantes para a decisão do cliente, mas existiria
sim um espaço para o desenvolvimento de advogados de diversas áreas, fomentando, de modo
saudável, a para a livre concorrência, sendo esta consagrada pela própria Constituição Federal
de 1988 em seu artigo 170, inciso IV.
Ademais, a necessidade surge não somente em razão das questões mercadológicas atinentes à
concorrência e à chegada ao “lugar comum”, mas também, existe um grande fator relacionado
ao novo caminho que o consumidor passou a trilhar, o qual perpassa não somente por uma
revolução tecnológica, mas por uma mudança de postura.
Neste sentido, atualmente é cristalino que não há mais lugar o simples marketing de
transação, ou seja, aquele que tem como objetivo tão somente a venda simples para a
obtenção de lucro, existindo uma visão de que o consumidor ou possível cliente seriam tão
somente uma fonte de dinheiro, ignorando seus desejos, necessidades e a função maior da
venda do produto ou do serviço, que no caso, seria a de solucionar uma dor e melhorar a vida
do cliente.
Por tal motivo, e principalmente em razão da busca do cliente por uma relação duradoura, que
agregue valor e que o coloque em um lugar de respeito é que surge a prática do marketing de
relacionamento, a qual já é implementada na atualidade por parte de alguns advogados e
sociedades de Advogados. Segundo Bebendo (2019, p. 18):
Deste modo, o novo foco do exercício da advocacia passa a ser, também, o sucesso do cliente
e o relacionamento com o mesmo, de modo que, por meio da convivência e do
relacionamento com o cliente, o advogado é capaz de entregar uma solução personalizada
para o cliente, visando a satisfação do mesmo não somente com a obtenção do direito, mas
também, com a prestação do serviço e o atendimento atencioso de excelência. Inclusive, tal
postura só tem ganhos para cliente e advogado, sendo o primeiro tratado com a atenção que
merece, e o último, capaz de criar uma rede de advogados de sua marca pessoal e de seu
escritório, fato que impulsiona até mesmo indicações por meio do boca a boca.
2.3.1 Estratégias lícitas e válidas de Marketing para a advocacia
Esta estratégia atende perfeitamente aos ditames do artigo 39 do CEDOAB, o qual preconiza
que “A publicidade profissional do advogado tem caráter meramente informativo e deve
primar pela discrição e sobriedade, não podendo configurar captação de clientela ou
mercantilização da profissão.”
Ao contrário do que se pensa, esta modalidade de marketing não é nova, mas surgiu em
meados de 1895, sendo um dos marcos a criação, por parte da fabricante de tratores John
Deere, de um guia com dicas exclusivas que ajudariam seus clientes a produzir e vender mais,
e por consequência, consumir mais de seus produtos, e tudo isto sem ofertar diretamente o
serviço, mas tão somente estimulando o consumidor por meio da informação
(REZ, 2016). Desde então, a estratégia vem sendo adotada por diversas empresas dos mais
variados segmentos de produtos e serviços.
Em linhas gerais, o marketing de conteúdo visa, em primeiro lugar, e antes que haja a oferta
de qualquer produto e serviço, levar o consumidor a identificar o problema e a necessidade,
por meio de informações ricas sobre o assunto, e neste meio tempo, descobrir possíveis
soluções, para ao final, considerar qual caminho irá tomar para efetivamente solucionar seu
problema.
Além disso, para que o conteúdo surta efeito, é preciso que o advogado tenha a habilidade de
se expressar, de modo simples e didático, aplicando recursos como, por exemplo, o
storytelling, para elucidar quais seriam as soluções aplicáveis ao contexto daquele que o
procura, bem como quais direitos possui e como poderia satisfazer a pretensão que possui de
modo simples. A aplicação prática do marketing de conteúdo em perfis de advogados que
conseguiram alcançar excelentes resultados com a prática pode ser observada a seguir:
Observada as imagem supracitada, é possível perceber um elemento comum de facilitação da
compreensão de termos jurídicos que seriam inacessíveis para a população comum, que
desconhece leis, o que é feito principalmente por meio de uma linguagem facilitada, aliada à
utilização de elementos visuais, de modo a estabelecer o foco principal de que o cliente
entenda rapidamente seus direitos, ao passo que passa a tomar como referência e autoridade
no assunto aquele advogado que divulgou o conteúdo.
Neste sentido, observa-se que, para que haja a efetiva aplicação do branding pessoal, é
preciso, inclusive, que o advogado seja capaz de trabalhar principalmente sua imagem
pessoal, o que envolve pontos como aparência, vestimentas, linguagem não verbal e oratória,
de modo que haja uma coerência entre todos estes pontos, a fim de solidificar e consolidar a
imagem pessoal. E isto porque todos estes pontos comunicam, de modo a gerar ou não, se for
o caso, confiança por parte do possível cliente.
E nesta senda, observa-se que um dos principais ganhos obtidos por parte do advogado, no
caso, seria a tão almejada diferenciação de mercado que levaria à construção de autoridade e
obtenção de uma carteira de clientes, tendo em vista que:
Como um prestador de serviço ou até mesmo para ingressar em uma empresa, você
precisa transmitir ou constituir atributos para agregar valor à sua marca pessoal.Ter
uma marca pessoal de valor significa ser único, diferenciado, reconhecido e
escolhido como primeira opção na sua área de atuação. (ALCÂNTARA, ano, p. 18)
Por tais razões, tem-se que uma das funções primordiais exercidas pela prática do marketing
jurídico seria, justamente, a popularização da informação e a otimização do alcance da mesma
pelos meios digitais, principalmente pelas redes sociais, uma vez que, se temos profissionais
competentes e qualificados expondo, com compromisso e dignidade, informações sobre os
direitos que estão presentes em determinada ocasião, bem como acerca da advocacia, de modo
a aproximá-la da realidade do público, também tem-se, por consequência, uma maior abertura
social para o reconhecimento do advogado como, de fato, indispensável à administração da
justiça e à concretização dos direitos do cidadão, que nesta situação, em razão da
transparência informativa, passa a possuir total segurança no possível patrono da causa.
Além disso, observa-se que uma das principais consequências da ampliação da informação
acerca dos direitos e da advocacia, seria a concretização maior do corolário constitucional do
acesso à justiça, o qual diz que, segundo o inciso XXXV do artigo 5º da Constituição Federal
de 1988, “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” e
consoante a perspectiva fortalecedora de Donizzeti (2020, p. 31):
Pontue-se, por oportuno, que para além do conhecimento do direito material em si, o qual é
um dos vieses mais importantes do acesso à justiça, observa-se que para a concretização do
referido princípio constitucional, deve ser considerada a necessidade da propagação de
informações acerca de qual procedimento o cidadão pode tomar para ver satisfeita a sua
pretensão, sem que a divulgação de tais informações por parte do advogado mediante o uso,
por exemplo, de ferramentas como o marketing de conteúdo configure o estímulo à
litigiosidade, o que de fato não o é.
Deste modo, a fim de atestar a importância da concretização real de tal instituto
supramencionado, pontua-se, por oportuno, o fato de que, inobstante o conhecimento dos
direitos que possuem, os consumidores brasileiros não procuram a efetivação da tutela
pretendida em relação aos direitos que foram efetivamente violados ou ameaçados. Segundo
dados provenientes de pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
(IDEC) e o Data Popular,“preferem reclamar a amigos e parentes 38% dos que têm problemas
com serviços de saúde pública, 37% dos que enfrentam contratempos na educação pública e
25% dos insatisfeitos com transporte público.”.
Ressalte-se, novamente, que tais constatações revelam tão somente a premente necessidade de
informação que é viabilizada pelo marketing jurídico, o qual promove, por consequência, o
acesso à justiça, e também, neste caminho, fortalece a imagem do advogado como autoridade
no assunto divulgado, bem como torna cristalina para o cidadão que o busca o seu caráter
indispensável à administração da justiça, seja para viabilizar o ingresso com uma ação, seja
para orientá-lo a buscar uma via administrativa ou, por exemplo, do Juizado Especial.