Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Grandes corporações nacionais e multinacionais que operam em mercados globais altamente
competitivos precisam de ferramentas estratégicas que as ajudem a competir de forma mais
eficaz e a prosperar em economias de alta turbulência. O objetivo deste trabalho é validar,
por meio da aplicação de um estudo de multi-caso, a utilidade de um modelo de identificação
e controle de riscos – o Modelo Estruturado de Administração de Riscos em Projetos
(MEARP) para a gestão de projetos. Para alcançar a meta, realizou-se um estudo de caso
para validar o referido modelo, usando-o para controlar e eliminar projetos com riscos para
a corporação. As seis dimensões do MEARP: estratégia – processos – ferramentas – cultura
– integração – e avaliação de desempenho, conciliam o alinhamento entre os processos da
gestão de riscos em projetos e os objetivos estratégicos da corporação. Os principais
resultados indicaram que tanto num caso de aplicação do modelo, onde os padrões da gestão
de riscos ajudaram a cumprir o projeto com êxito, quanto noutro caso, onde os indicadores
do MEARP indicavam “não prosseguir”, confirmando o insucesso do projeto corporativo, as
especificidades da gestão de riscos em projetos de qualquer natureza são essenciais serem
identificadas e respeitadas, em particular, para corporações que estejam baseadas em países
emergentes.
Palavras-chaves: Gestão estratégica; Administração de projetos; Administração de riscos;
Gestão de riscos corporativos.
1. Introdução
Grandes corporações nacionais e multinacionais que operam em mercados globais altamente
competitivos precisam de ferramentas estratégicas que as ajudem a competir de forma mais
eficaz e a prosperar em economias de alta turbulência. Em tais ambientes, uma administração
eficiente é melhor organizada e atua com melhores resultados sob os princípios da
administração por projetos.
O objetivo básico deste artigo é apresentar os resultados decorrentes da aplicação de um
modelo estruturado para gestão de riscos de projetos e a partir daí inferir as principais lições
aprendidas. Iremos apresentar primeiramente a estrutura básica do modelo em suas
proposições fundamentais e lógica de funcionamento. Posteriormente, um estudo de caso será
demonstrado com o objetivo de evidenciar os principais resultados advindos da aplicação
desse modelo, o que confirma a necessidade de um estruturado para gestão de riscos de
projetos em países emergentes, como é o caso do Brasil, podendo ser de grande valia para
organizações que atuem em condições similares.
2. Estrutura básica do modelo proposto
O modelo tem como objeto a avaliação e manipulação de riscos, isto é, eventos que poderão
afetar os objetivos do projeto de forma negativa ou positiva. Os riscos podem ser estimados,
identificados, avaliados qualitativa e quantitativamente, monitorados e controlados. As
incertezas extrapolam a capacidade de gerenciamento do modelo, ou seja, o modelo
circunscreve-se à manipulação de riscos, não de incertezas. As incertezas, porém, poderão ou
não ser abordadas em função de sua natureza imprevisível, bem como da capacidade de
identificá-las.
!*,+-(./!0#12 DE""*F+--GH2
@4 8
S
<8 Processos 4 8
U =
PQ ? hq @ 8 _4
Processos 7
A : po :< _4
P N V SW ^ 9 h <b
8 @=
<9 >4 7@
Competências A <
Competências O P = < 8
mn
X Z
=
9 dg [\ a
J 8 lf ef :
<= : 4
NO M O 7 3 8A 4 [\
Aplicações
cd <8
<8
jk 8
TU @4
@ 8; ~
KL K < Aplicações =: 7
A= <
79: ci 9
Cultura 4 ^9
IJ PS <Z 7 86 rts!uvuxw!yEs!z${|w!} ]
YZ Z
R 4
<= 9
Cultura 3 45 X `7 8
diretamente implicados no projeto, o que se revela um paradoxo, uma vez que pôde se
constatar que o aumento dos conhecimentos em gestão de riscos e de projetos não foi
acompanhado de uma percepção de maior neutralidade em relação aos riscos, como postula o
modelo de maturidade RMMM.
Na camada ferramentas ou aplicações observou-se que os fatores críticos de sucesso mais
significativos estavam associados a um criterioso processo decisório, que se baseou em uma
consistente matriz de escolha. Não obstante terem sido amplamente discutidos e analisados, as
dificuldades não se localizaram no planejamento da escolha, mas sim no efetivo processo de
implantação da ferramenta que teve problemas de escopo, prazo, custo e muitas resistências às
mudanças. Posteriormente, tais questões foram resolvidas, porém não sem um pesado ônus
para o projeto e para a equipe, a qual terminou por expor muitos conflitos de bastidores que
deveriam ser evitados em benefício dos objetivos maiores do projeto. A avaliação que se faz é
que se deva insistir muito no processo de planejamento, além disso “apertar” os mecanismos
de controle no processo de execução para evitar problemas clássicos e repetitivos de
desempenho.
A camada cultura é um dos aspectos mais complexos do modelo e merece ser muito mais
trabalhado no futuro, porquanto mudar paradigmas implica modificar comportamentos,
diminuir resistências ao processo de mudanças e influenciar os interesses das partes
interessadas em benefício da realização dos objetivos do projeto. Porém é um aspecto que
deve estar muito mais vinculado ao gerenciamento das mudanças, fatores motivacionais,
avaliação de desempenho, dentre outros. Tratar de forma isolada como ocorreu não
contribuirá para se atingir os resultados esperados para essa camada.
Com relação à camada desempenho, a questão dos indicadores de forma mais ampla não foi
aprofundada, porque referida camada, segundo os postulados do RMMM, se desenvolverá à
medida que a organização for alcançando níveis de maturidade mais elevados e isso realmente
se verificou. Embora tenham sido realizados vários Kaizens de riscos para se tratar do
estabelecimento de indicadores, este não foi implantado de forma como o planejado, sendo
postergados para desenvolvimentos futuros, apesar de que idéia e o conceito tenham sido
amplamente discutidos e aceitos.
A avaliação, de um modo geral em relação à validação do modelo pela empresa do Caso D, é
positiva; porém, várias questões se demonstraram contraditórias e merecem um
aprofundamento e maior discussão. É preciso considerar, ainda, as restrições e vetores de
prazo, recursos limitados e amplitude do projeto.
O Caso D pode revelar novas lacunas e deficiências e confirmar alguns pressupostos da teoria.
Algumas suposições do modelo proposto tiveram um desenvolvimento diferente do que fora
previsto conforme já foi mencionado. Acredita-se que algumas considerações adicionais
poderiam contribuir para que a empresa - tendo agora implantado efetivamente um modelo
para gestão de seus riscos - possa alcançar níveis de maturidade que lhe sejam mais
confortáveis e adequados às suas necessidades, uma vez que, como já se disse
exaustivamente, a empresa realmente precisava implantar um modelo de riscos para
minimizar suas perdas e melhorar os seus processos de gestão dos riscos para seus projetos de
desenvolvimento de novos produtos e tecnologias (equivalentes a 40% de suas atividades
totais).
6. Lições aprendidas e desafios futuros
Os principais desafios e as ações necessárias à sua evolução, em termos do alcance de níveis
superiores de maturidade e aumento da eficiência do modelo adotado, podem ser assim
definidos:
− Delinear com maior detalhe os vínculos entre seus processos estratégicos e a gestão de seus
projetos reforçando o grau de alinhamento estratégico;
− Monitorar mais adequadamente as diretrizes estratégicas ao nível dos projetos;
− Acompanhar a estabilidade e a eficiência dos processos de gestão dos riscos com
ferramentas adequadas (Six Sigma);
− Estender os processos de riscos para às atividades de apoio (back office);
− Implantar um programa de educação continuada para poder manter e aprimorar os
conhecimentos de seus profissionais em gerenciamento de riscos;
− Fomentar replicação dos conhecimentos através da formação de multiplicadores de
conhecimentos;
− Continuar a utilizar os Kaizens como ferramentas de promoção e integração dos
profissionais em gestão de riscos e de projetos;
− Mapear, integrar e expandir os processos atuais de gestão de riscos para todas as áreas,
inclusive as de apoio;
− Motivar os profissionais ao aprofundamento de suas qualificações demonstrando os
resultados positivos obtidos;
− Propor o aprimoramento da ferramenta de riscos estabelecida através da modificação de
suas deficiências;
− Criar de fato uma cultura de riscos mais consciente, pois esse desafio não foi atingido e
será muito importante à empresa se ela realmente deseja atingir níveis de maturidade mais
elevados e ter ganhos com esse processo;
− Criar e aprofundar um sistema de avaliação de desempenho, conforme sugerido no plano
estratégico, vinculando isso a processos de avaliação com base no desempenho. Existem
exemplos na literatura de casos, onde os gerentes que estimassem corretamente a provisão
de contingência e não a utilizassem, poderiam ter parte da mesma revertida em seu favor,
como remuneração com base no desempenho.
Conclusão
Enfim, verificou-se, mediante a apresentação de estudo de caso, o qual validou o modelo, que
sua implantação possibilitou à empresa sair da fase de inexistência de qualquer abordagem
para a gestão dos riscos para um estágio de uma abordagem estruturada para tratamento da
gestão dos riscos com processo robustos devidamente implantados, competências mínimas
desenvolvidas através de um programa amplo de treinamento em gestão de riscos e gestão de
projetos para todas as partes envolvidas. Após a inserção de ferramentas de gestão de riscos
integradas aos demais processos de negócios, restam como grandes desafios o fortalecimento
de uma cultura de riscos mais consciente e um sistema de avaliação de desempenho que ainda
precisa ser criado.
Referências
BOSLER JUNIOR, C. W. ET ALII. (2000). RMMM: Desenvolvimento do nível de maturidade em
gerenciamento de risco (Colaboração do Programa de Pesquisa e desenvolvimento em Gerenciamento de
Risco). Disponível em: <http://www.Risksig.com\articles\>. Acesso em: 10 jan. 2005.
BOSLER JUNIOR, C. W. Risk management the corporate “board game. New Hampshire, Services &
Technology Group, 2003.
HALL, D.; HULETT, D. Projeto de riscos universais. Newtown Square: PMI, 2002. (Relatório final sobre
riscos universais em projetos, relatório do grupo de riscos do PMI mundial).
HULETT, D. T. Key characteristics of a mature risk management process. New York: International Institute